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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO Antonio Marcos dos Santos Leite - RA: 3619101306 ÉTICA NA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Relatório técnico apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina Projeto Integrador de Modelagem e Sistemas Físicos, no Curso de Engenharia de Produção, na Universidade Nove de Julho. Prof. M.e Francisco Sinderlan São Paulo 2020 2 RESUMO Este trabalho apresenta estudos de caso nos quais a atuação do profissional de Engenharia não priorizou a conduta ética necessária a atividade com consequências desastrosas para a sociedade. Palavras-chave: ética, moral, Engenharia. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4 2. OBJETIVO...................................................................................................................... 5 3. REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 6 3.1. O conceito de ética ................................................................................................... 6 3.2. Ética e moral .............................................................................................................. 7 3.3. A Ética aplicada à Engenharia.................................................................................. 7 3.3.1. Princípios éticos no Código de Ética do Engenheiro ......................................... 8 3.3.2. Deveres éticos no Código de Ética do Engenheiro ............................................. 9 3.3.3. Das condutas vedadas ao Engenheiro .............................................................. 11 3.4. A Engenharia de Produção ..................................................................................... 12 3.4.1. Competências do Engenheiro de Produção .......................................................... 14 4. METODOLOGIA ........................................................................................................... 15 5. SITUAÇÕES ONDE A ÉTICA PROFISSIONAL NÃO FOI PRIORIDADE ..................... 16 6. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 11 4 1. INTRODUÇÃO Para reconhecer a importância da ética para a sociedade, inicialmente devemos compreender o seu conceito: é um ramo da filosofia dedicado ao estudo dos assuntos morais, a conduta, de um indivíduo ou de um grupo. Considerando um ponto de vista menos filosófico e mais prático, podemos compreender um pouco melhor esse conceito examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos referimos ao comportamento de alguns profissionais como, por exemplo, um advogado, um empresário, um jornalista, um médico, um político e até mesmo um professor. Para estes casos, é bastante comum ouvir expressões como: ética médica, ética jornalística, ética empresarial etc. e num sentido mais amplo ética profissional. A ética profissional vem a ser o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. A ética às vezes é confundida com lei, já que com certa frequência, a lei tem como base princípios éticos, no entanto os conceitos são distintos: nenhum indivíduo pode ser obrigado a cumprir normas éticas, nem pelo Estado, nem por outros indivíduos, tampouco pode sofrer qualquer punição pela desobediência a estas normas. No entanto, quando consideramos as normas legais, a obediência deve ser compulsória, havendo ou não a concordância do indivíduo, estando o indivíduo sujeito a sanções no caso de desobediência. Além disso, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela ética. 5 2. OBJETIVO O objetivo geral do presente trabalho é apresentar o conceito de ética e enfatizar a importância da ética profissional na Engenharia de Produção. Os objetivos específicos são apresentar estudos de casos ocorridos em diferentes ramos da Engenharia onde a ética profissional não foi priorizada e assim reforçar a necessidade da conduta ética do Engenheiro de Produção. 6 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1. O conceito de ética Segundo a ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA (2020), a ética, também chamada filosofia moral, é a disciplina preocupada com o que é moralmente bom e ruim e com o que é moralmente certo e errado. O termo também é aplicado a qualquer sistema ou teoria de valores ou princípios morais. Como devemos viver? Devemos procurar a felicidade ou o conhecimento, a virtude ou a criação de objetos bonitos? Se escolhermos a felicidade, será nossa ou a felicidade de todos? E quais são as perguntas mais específicas que enfrentamos: é correto ser desonesto por uma boa causa? Podemos justificar viver em opulência enquanto outras pessoas no mundo passam fome? A guerra é justificada nos casos em que é provável que pessoas inocentes sejam mortas? É errado clonar um ser humano ou destruir embriões humanos em pesquisas médicas? Quais são as nossas obrigações, se houver, com as gerações de seres humanos que virão depois de nós e com os animais não humanos com quem compartilhamos o planeta? A ética lida com essas questões em todos os níveis. Seu assunto consiste nas questões fundamentais da tomada de decisão prática, e suas principais preocupações incluem a natureza do valor final e os padrões pelos quais as ações humanas podem ser julgadas certas ou erradas. Os termos ética e moralidade estão intimamente relacionados. Agora é comum se referir a julgamentos éticos ou a princípios éticos nos quais antes teria sido mais preciso falar de julgamentos ou princípios morais. Essas aplicações são uma extensão do significado da ética. No uso anterior, o termo se referia não à própria moralidade, mas ao campo de estudo, ou ramo de investigação, que tem a moralidade como objeto. Nesse sentido, a ética é equivalente à filosofia moral. Embora a ética sempre tenha sido vista como um ramo da filosofia, sua natureza prática abrangente a vincula a muitas outras áreas de estudo, incluindo Antropologia, Biologia, Economia, História, Política, Sociologia e Teologia. No entanto, a ética permanece distinta de tais disciplinas, porque não é uma questão de conhecimento factual da maneira que são as ciências e outros ramos da investigação. Em vez disso, tem a ver com determinar a natureza das teorias normativas e aplicar esses conjuntos de princípios a problemas morais práticos. 7 3.2. Ética e moral Ética (do grego ethos, caráter) e moral (do latim moris, costumes) são temas relacionados e informalmente não há problema em utilizá-las como sinônimos, mas filosoficamente falando existem diferenças (TESTEZLAF, 2016). A moral se fundamenta na obediência a hábitos, costumes, regras ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e a ética busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver; a busca do melhor estilo de vida, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano. TESTEZLAF (2016) diz que a moral é fruto do padrão cultural vigente e incorpora as regras eleitas como necessárias ao convívio entre os membros dessa sociedade. O que é imoral agora, necessariamente não o será no futuro (por exemplo: relação homoafetiva). O que é moral em outros países pode não ser no Brasil, por exemplo, a poligamia. Sintetizando: a moral fornece as normas para conduta do homem na sociedade. 3.3. A Ética aplicada à Engenharia A ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. A profissão realiza-se pelo cumprimento responsável e competente dos compromissosprofissionais, munindo-se de técnicas adequadas, assegurando os resultados propostos e a qualidade satisfatória nos serviços e produtos e observando a segurança nos seus procedimentos. A ética na Engenharia estuda as questões relacionadas com a conduta moral e as relações das pessoas e organizações envolvidas no desenvolvimento tecnológico (TESTEZLAF, 2016). Regula os relacionamentos entre: o Engenheiro e a sociedade; o Engenheiro e outros profissionais; o Engenheiro e meio ambiente; o empregado e o empregador; e o Engenheiro e seus clientes. 8 Especificamente considerando a Engenharia, temos o seguinte pensamento de MARTIN & SCHINZINGER (1988): “A Engenharia é a profissão mais numerosa, e afeta a maior parte de nós em muitas áreas das nossas vidas. A competência da mão de um cirurgião afeta um paciente de cada vez; [mas] o juízo/parecer de um engenheiro pode influenciar milhares de vidas de uma só vez”. A ética aplicada à Engenharia é primordial para o incremento a capacidade dos Engenheiros, gestores, cidadãos e no sentido de responsabilidade, o profissional de engenharia está constantemente exposto a dilemas morais devido à concorrência excessiva do mundo competitivo, pressões indevidas, ignorância de gestores. Para consolidar as normas éticas para o exercício da profissão da Engenharia foi estabelecido em 1971 o Código de Ética Profissional (CONFEA, 2019) o qual acompanha o cotidiano dos profissionais da Engenharia, da Agronomia e das Geociências e atende uma determinação expressa na letra "n" do Art. 27 da Lei nº 5.194/1966 (BRASIL, 1966). O Código de Ética Profissional recebeu sua última atualização em 2002, por meio da Resolução nº 1.002. A partir desse compilado de princípios éticos, o CONFEA propaga a Ética profissional como caminho para alcançar a excelência das profissões, bem como a valorização do Código como principal instrumento para orientar a conduta dos profissionais. 3.3.1. Princípios éticos no Código de Ética do Engenheiro No Art. 8º do Código de Ética Profissional (CONFEA, 2019) está expressa que a prática da profissão do Engenheiro é fundada nos seguintes princípios éticos aos quais o profissional deve pautar sua conduta: I) A profissão é bem social da humanidade e o profissional é o agente capaz de exercê-la, tendo como objetivos maiores a preservação e o desenvolvimento harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores (objetivo da 9 profissão). II) A profissão é bem cultural da humanidade construído permanentemente pelos conhecimentos técnicos e científicos e pela criação artística, manifestando-se pela prática tecnológica, colocado a serviço da melhoria da qualidade de vida do homem (natureza da profissão). III) A profissão é alto título de honra e sua prática exige conduta honesta, digna e cidadã (honradez da profissão). IV) A profissão realiza-se pelo cumprimento responsável e competente dos compromissos profissionais, munindo-se de técnicas adequadas, assegurando os resultados propostos e a qualidade satisfatória nos serviços e produtos e observando a segurança nos seus procedimentos (eficácia profissional). V) A profissão é praticada através do relacionamento honesto, justo e com espírito progressista dos profissionais para com os gestores, ordenadores, destinatários, beneficiários e colaboradores de seus serviços, com igualdade de tratamento entre os profissionais e com lealdade na competição (relacionamento profissional). VI) A profissão é exercida com base nos preceitos do desenvolvimento sustentável na intervenção sobre os ambientes natural e construído, e na incolumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores (intervenção profissional sobre o meio). VII) A profissão é de livre exercício aos qualificados, sendo a segurança de sua prática de interesse coletivo (liberdade e segurança profissionais). 3.3.2. Deveres éticos no Código de Ética do Engenheiro No Art. 9º do Código de Ética Profissional (CONFEA, 2019) estão relacionados os deveres éticos na prática da profissão do Engenheiro: I) ante o ser humano e a seus valores: a) oferecer seu saber para o bem da humanidade; b) harmonizar os interesses pessoais aos coletivos; c) contribuir para a preservação da incolumidade pública; d) divulgar os conhecimentos científicos, artísticos e tecnológicos inerentes à profissão; II) ante a profissão: 10 a) identificar-se e dedicar-se com zelo à profissão; b) conservar e desenvolver a cultura da profissão; c) preservar o bom conceito e o apreço social da profissão; d) desempenhar sua profissão ou função nos limites de suas atribuições e de sua capacidade pessoal de realização; e) empenhar-se junto aos organismos profissionais para a consolidação da cidadania e da solidariedade profissional, e da coibição das transgressões éticas; III) nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores: a) dispensar tratamento justo a terceiros, observando o princípio da eqüidade; b) resguardar o sigilo profissional quando do interesse de seu cliente ou empregador, salvo em havendo a obrigação legal da divulgação ou da informação; c) fornecer informação certa, precisa e objetiva em publicidade e propaganda pessoal; d) atuar com imparcialidade e impessoalidade em atos arbitrais e periciais; e) considerar o direito de escolha do destinatário dos serviços, ofertano-lhe, sempre que possível, alternativas viáveis e adequadas às demandas em suas propostas; f) alertar sobre os riscos e responsabilidades relativos às prescrições técnicas e às conseqüências presumíveis de sua inobservância; g) adequar sua forma de expressão técnica às necessidades do cliente e às normas vigentes aplicáveis; IV) nas relações com os demais profissionais: a) atuar com lealdade no mercado de trabalho, observando o princípio da igualdade de condições; b) manter-se informado sobre as normas que regulamentam o exercício da profissão; c) preservar e defender os direitos profisionais; V) ante o meio: a) orientar o exercício das atividades profissionais pelos preceitos do desenvolvimento sustentável; b) atender, quando da elaboração de projetos, execução de obras ou criação de novos produtos, aos princípios e recomendações de conservação de energia e de 11 minimização dos impactos ambientais; c) considerar em todos os planos, projetos e serviços as diretrizes e disposições concernentes à preservação e ao desenvolvimento dos patrimônios sócio-cultural e ambiental. 3.3.3. Das condutas vedadas ao Engenheiro Em seu Art. 10 o Código de Ética Profissional (CONFEA, 2019) relaciona explicitamente as condutas vedadas ao profissional da Engenharia no exercício da profissão. I) ante o ser humano e a seus valores: a) descumprir voluntária e injustificadamente com os deveres do ofício; b) usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função de forma abusiva, para fins discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais; c) prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que possa resultar em dano às pessoas ou a seus bens patrimoniais; II) ante a profissão: a) aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não tenha efetiva qualificação; b) utilizar indevida ou abusivamente do privilégio de exclusividade de direito profissional; c) omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética profissional; III) nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores: a) formular proposta de salários inferiores ao mínimo profissional legal; b) apresentar proposta de honorários com valores vis ou extorsivos ou desrespeitando tabelas de honorários mínimos aplicáveis; c) usar de artifícios ou expedientes enganosos para a obtenção de vantagens indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos; d) usar de artifícios ou expedientes enganososque impeçam o legítimo acesso dos colaboradores às devidas promoções ou ao desenvolvimento profissional; e) descuidar com as medidas de segurança e saúde do trabalho sob sua coordenação; 12 f) suspender serviços contratados, de forma injustificada e sem prévia comunicação; g) impor ritmo de trabalho excessivo ou exercer pressão psicológica ou assédio moral sobre os colaboradores; IV) nas relações com os demais profissionais: a) intervir em trabalho de outro profissional sem a devida autorização de seu titular, salvo no exercício do dever legal; b) referir-se preconceituosamente a outro profissional ou profissão; c) agir discriminatoriamente em detrimento de outro profissional ou profissão; d) atentar contra a liberdade do exercício da profissão ou contra os direitos de outro profissional; V) ante o meio: a) prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que possa resultar em dano ao ambiente natural, à saúde humana ou ao patrimônio cultural. 3.4. A Engenharia de Produção A Engenharia de Produção trata do planejamento, projeto, implantação, controle e otimização de sistemas produtivos, buscando uma integração de pessoas, informações, materiais e equipamentos a fim de produzir um serviço ou produto de modo econômico, consistente com os valores sociais vigentes e a preservação dos recursos naturais e do ambiente. Deste modo, a Engenharia de Produção pode ser exercida em praticamente todas as atividades produtivas humanas, embora sua aplicação se faça particularmente necessária na produção industrial de bens e na prestação de serviços complexos (BATALHA, 2008; BORCHARDT, 2009). Ela constitui o elo entre a tecnologia propriamente dita e o planejamento e gerência de sistemas produtivos, fundamentando-se nas ciências matemáticas, físicas e sociais, bem como em princípios e métodos de engenharia para especificar, prever, avaliar e melhorar os resultados obtidos por tais sistemas. O Engenheiro de Produção é, portanto, um profissional que, além de conhecimentos específicos de tecnologia, tem uma formação especial voltada para o projeto e a gerência de sistemas produtivos, atuando na interface das partes tecnológica e gerencial da Engenharia. 13 Por este caráter de interface, existe muita confusão, mesmo entre profissionais da área, no que se refere à diferença entre Engenharia de Produção e a Administração de Empresas. Tal conflito de conceituação pode ser esclarecido quando se observa o enfoque principal destas duas ciências: enquanto a Administração centra-se, principalmente, na gestão dos processos administrativos, processos de negócio e na organização estrutural da empresa, a engenharia de produção concentra-se na gestão dos processos produtivos. Corroborando com esta visão, CUNHA (2002), apresenta um diagrama que situa diversos cursos de Engenharia e a Administração relativamente à sua abrangência de conteúdos. Tais conteúdos estão divididos em três temas principais, quais sejam: Gestão do Negócio: onde são abordados temas relacionados com estratégia empresarial, empreendedorismo, gestão financeira, entre outros que se relacionam com a inserção de uma organização em um mercado; Gestão da Produção: onde se situam temas relacionados com a melhor utilização dos recursos de produção de modo a fabricar e entregar produtos ou prestar serviços em maior quantidade e qualidade, em um menor custo e tempo; Sistemas Técnicos: relacionam-se com o conhecimento clássico da Engenharia, que está centrado, primordialmente, na transformação de energia de uma forma em outra (energia elétrica em movimento, e.g). Pode- se dizer que é a aplicação científica prática dos conhecimentos das áreas de Física, Química e Matemática. CUNHA (2002) mostra, ainda, que existem dois tipos de cursos de Engenharia de Produção no país: os ditos plenos e os com habilitação específica em um ramo clássico da engenharia. O curso de Engenharia de Produção, que concentram quase toda a sua carga horária profissionalizante no estudo da gestão da produção, e o curso de graduação em Engenharia de Produção Mecânica, tipo dividem essa carga entre estudo da gestão da produção e dos sistemas técnicos. A respeito da existência destes dois tipos de cursos, pode-se afirmar que no bojo da comunidade da Engenharia de Produção no país, ainda não há um consenso a respeito de qual tipo de curso deve ser estimulado ou incentivado. Alguns pesquisadores afirmam que a Engenharia de Produção tem o seu corpo técnico 14 inserido em um dos ramos clássicos da engenharia, enquanto outros afirmam que a Engenharia de Produção possui, por si só, um caráter técnico nas suas áreas de atuação. 3.4.1. Competências do Engenheiro de Produção 1. Ser capaz de dimensionar e integrar recursos físicos, humanos e financeiros a fim de produzir, com eficiência e ao menor custo, considerando a possibilidade de melhorias contínuas 2. Ser capaz de utilizar ferramental matemático e estatístico para modelar sistemas de produção e auxiliar na tomada de decisões 3. Ser capaz de projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas, produtos e processos, levando em consideração os limites e as características das comunidades envolvidas 4. Ser capaz de prever e analisar demandas, selecionar tecnologias e know- how, projetando produtos ou melhorando suas características e funcionalidade 5. Ser capaz de incorporar conceitos e técnicas da qualidade em todo o sistema produtivo, tanto nos seus aspectos tecnológicos quanto organizacionais, aprimorando produtos e processos, e produzindo normas e procedimentos de controle e auditoria 6. Ser capaz de prever a evolução dos cenários produtivos, percebendo a interação entre as organizações e os seus impactos sobre a competitividade 7. Ser capaz de acompanhar os avanços tecnológicos, organizando-os e colocando-os a serviço da demanda das empresas e da sociedade 8. Ser capaz de compreender a relação dos sistemas de produção com o meio ambiente, tanto no que se refere a utilização de recursos escassos quanto à disposição final de resíduos e rejeitos, atentando para a exigência de sustentabilidade 9. Ser capaz de utilizar indicadores de desempenho, sistemas de custeio, bem como avaliar a viabilidade econômica e financeira de projetos 10. Ser capaz de gerenciar e otimizar o fluxo de informação nas empresas utilizando tecnologias adequadas 15 4. METODOLOGIA O levantamento bibliográfico foi de fundamental importância para uma reflexão crítica, de forma a correlacionar a ética, tanto no sentido amplo quanto no sentido estrito, com a atuação do Engenheiro de Produção. O método aplicado no estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e documental. O material consultado era composto por monografias, dissertações de mestrado, artigos publicados em periódicos, normas e leis, o qual foi especificado nas referências bibliográficas ao final do trabalho. 16 5. SITUAÇÕES ONDE A ÉTICA PROFISSIONAL NÃO FOI PRIORIDADE Com base em WALPOLE (2016), podemos elencar alguns episódios no qual a ética profissional foi relegada a segundo plano com resultados desastrosos: Lançamento do ônibus espacial Challenger (MOORHEAD, 1991; DALAL, 2012): Em 28 de janeiro de 1986, havia uma previsão de frente fria em Orlando, na Flórida, com temperaturas de até 18°C na manhã em que o ônibus estava programado para ser lançado. Essas temperaturas estavam muito fora da faixa de temperatura qualificada (os anéis de vedação dos reservatórios de combustível não eram eficientes a baixas temperaturas), mas as pressões em torno do lançamento priorizaram os prazos em detrimento dos protocolos de segurança. Allan J. McDonald, ex-diretor do projeto, cumpriu sua obrigação ética de informar seus superiores e a NASA que acreditava que manter o lançamento era muito perigoso, mas foi ignorado. À época,McDonald afirmou que os engenheiros têm a obrigação moral de provar que algo é seguro e não provar que algo vai falhar. Explosão da plataforma de petróleo Piper Alpha (PATÉ-CORNELL, 1993; FLIN, 2001): a Piper Alpha era uma plataforma petrolífera no Mar do Norte, a aproximadamente 190 km a nordeste de Aberdeen, na Escócia, e era operada pela Occidental Petroleum Ltd. e pela Texaco. Foi destruída por uma explosão em 6 de julho de 1988, matando 167 pessoas. Na época do desastre, a plataforma respondia por cerca de 10% da produção de petróleo e gás do Mar do Norte, e o acidente foi considerado o pior desastre petrolífero marítimo em termos de vidas perdidas e de impacto na indústria (alguns cálculos indicaram que 20% da produção anual de energia do Reino Unido foi consumido na explosão e no incêndio). Segundo a engenheira Deborah Grubbe, ex-diretora de segurança da BP e da DuPont, as exigências dos acionistas e da Administração não deveriam se sobrepor à segurança e à integridade de um projeto e os engenheiros responsáveis por um projeto não deveriam ceder às pressões do retorno do investimento e assim desastres evitáveis não ocorreriam. Segundo ela, a produção deve poder ser interrompida em nome da segurança. Se isso tivesse ocorrido, a proporção do acidente poderia ter sido menor. Após o acidente, a regulamentação da atividade offshore foi reavaliada, foram 17 estabelecidos critérios mais rigorosos no projeto e construção de plataformas, foram propostas melhorias nos sistemas de segurança e nas facilidades para evacuação, fuga e resgate. Colapso da passarela do hotel Hyatt Regency: foi um desastre que ocorreu em 17 de julho de 1981 em Kansas City, matando 114 pessoas e ferindo mais de 200 durante uma competição de dança, quando o segundo e o quarto andares desmoronaram sob o peso de foliões dançando. Foi considerado o colapso estrutural com mais mortos na história dos Estados Unidos à época. Para os engenheiros, a falta de comunicação pode ter consequências devastadoras. Os engenheiros são responsáveis pela vida do público e devem garantir que todos os protocolos de segurança sejam adotados e comunicados a todos os envolvidos no projeto, do início à conclusão dos trabalhos. Mudanças no projeto, sob a responsabilidade de empresas diferentes, fizeram com que as passarelas dificilmente conseguissem suportar o peso próprio da estrutura, muito menos somado ao peso dos espectadores. Os engenheiros empregados pela Jack D. Gillum and Associates, que assinaram os desenhos finais, foram condenados por negligência, conduta irregular e não profissional na prática da Engenharia. Também podemos extrair de WALPOLE (2016) que o que é pensado em grupo nem sempre é o certo. Mesmo que todo mundo esteja fazendo algo, se não parecer certo, provavelmente não está certo. Apesar dos acidentes mencionados serem extemporâneos e situados no Exterior, há casos ocorridos no Brasil num passado recente, nos quais os acidentes ocorreram entre outros motivos, devido a atuações questionáveis de profissionais de Engenharia, similarmente aos casos acima, como: a explosão e naufrágio da plataforma de petróleo P-36, de propriedade da estatal brasileira PETROBRAS, em 15 de março de 2001 (FIGUEIREDO, 2018). o desabamento de parte da Ciclovia Tim Maia, 21 de abril de 2016, após ser atingida por uma forte ressaca do mar carioca. Segundo o CREA-RJ o acidente se deu devido à falha de projeto (OLIVEIRA, 2016). o rompimento de barragem em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019 foi o maior acidente de trabalho no Brasil em perda de vidas humanas (a morte de 259 pessoas e o desaparecimento de outras 11 pessoas) e o segundo maior desastre industrial do século (o maior acidente industrial deste século foi o 18 desabamento de um prédio que abrigava fábricas em Bangladesh, causando 1.127 mortes). Foi um dos maiores desastres ambientais da mineração do país, depois do rompimento de barragem em Mariana (FREITAS et al, 2019). 19 6. CONCLUSÃO A ética profissional tem valor primordial para delimitar a moral da sociedade e promover a organização. É fundamental ao definir as virtudes e atitudes necessárias ao exercício profissional. Uma profissão de grande influência e interferência direta na sociedade, como a Engenharia de Produção, deve ser aplicada de forma correta quanto a todos os princípios éticos. O profissional de Engenharia deve saber distinguir as possíveis fontes de erros e solucionar esses problemas. As situações apresentadas anteriormente mostram que o Engenheiro quando confrontado por dilemas éticos deve agir de modo a garantir a integridade da profissão, assegurando primordialmente a segurança, a saúde e o bem-estar do público. Deve executar serviços apenas em sua área de competência, deve evitar atos enganosos e agir com cada cliente como um profissional confiável, visto que a sociedade espera que as decisões tomadas por parte do Engenheiro sejam resultado de análise e reflexão, honrando o direito dos outros e não focando em compensação financeira a qualquer custo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATALHA, Mario Octavio. Introdução à engenharia de produção. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. 336 p. BRASIL. Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências, Brasília, DF, dez. 1966. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5194.htm>. Acesso em: 16 mai. 2020. BORCHARDT, Miriam; VACCARO, Guilherme Luís Roehe; AZEVEDO, Debora; PONTE JR., Jacinto. O perfil do engenheiro de produção: a visão de empresas da região metropolitana de Porto Alegre. Produção, v. 19, n. 2, p. 230-248, 2009. CONFEA - CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA. Código de Ética Profissional da Engenharia, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia. Brasília: CONFEA, 2019. 94 p. Disponível em: <http://www.confea.org.br/sites/default/files/uploads-imce/CodEtica11ed1_co m_capas_no_indd.pdf>. Acesso em: 05 maio 2020. CUNHA, Gilberto Dias da. Um panorama atual da Engenharia de Produção. Porto Alegre, 2002. 45 p. (Apostila). Disponível em: <http://www.abepro.org.br/arquivos/websites/1/PanoramaAtualEP4.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2020. DALAL, Siddharta R.; FOWLKES, Edward B.; HOADLEY, Bruce. Risk analysis of the space shuttle: pre-Challenger prediction of failure. Journal of the American Statistical Association, v. 84, n. 408, p. 945-957, mar. 2012. ETHICS. In: Encyclopædia Britannica. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc., 2020. Disponível em: <https://www.britannica.com/topic/ethics-philosophy>. Acesso em: 8 mai. 2020. FIGUEIREDO, Marcelo Gonçalves; ALVAREZ, Denise; ADAMS, Ricardo Nunes. O acidente da plataforma de petróleo P-36 revisitado 15 anos depois: da gestão de situações incidentais e acidentais aos fatores organizacionais. Cadernos de Saúde Pública, v. 34, n. 4, mar. 2018. FLIN, Rhona. Decision Making in crises: The Piper Alpha disaster. In: ROSENTHAL, Uriel; BOIN, R. Arjen; COMFORT, Louise K. Managing Crises: Threats, Dilemmas, Opportunities. 1. ed. Springfield: Charles C Thomas Publisher Ltd., 2001. p. 103-118. FREITAS, Carlos Machado de; BARCELLOS, Christovam; ASMUS, Carmen Ildes Rodrigues Fróes; SILVA, Mariano Andrade da; XAVIER, Diego Ricardo. Da Samarco em Mariana à Vale em Brumadinho: desastres em barragens de mineração e Saúde Coletiva. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, n. 5, mar. 2019. MARTIN, M. W.; SCHINZINGER, R. Ethics in engineering. 3 ed. New York: McGraw-Hill, 1996. 439 p. MOORHEAD, Gregory; FERENCE, Richard; NECK, Chris P. Group decision fiascoes continue: space shuttle Challenger and a revised groupthink framework. Human Relations, v. 44, n. 6, p. 539-550, jun. 1991. MOREIRA, José Manuel; REGO, Arménio. Ordem dos engenheiros:em busca de novas responsabilidades. Disponível em: <http://www.eben- spain.org/docs/Papeles/X/Artigo.pdf>. Acesso em: 05 maio 2020. OLIVEIRA, Nielmar de. Crea-RJ: falha de projeto é uma das causas do desabamento da Ciclovia Tim Maia [on line]. mai. 2016. 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