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A AUTONOMIA DA VONTADE DO DEPENDENTE QUIMICO NA INTERNAÇÃO COMPULSORIA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI 
 
JANAINA FERREIRA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A AUTONOMIA DA VONTADE DO DEPENDENTE QUÍMICO 
NA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA 
2018 
 
JANAINA FERREIRA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A AUTONOMIA DA VONTADE DO DEPENDENTE QUÍMICO 
NA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso – 
apresentado ao Centro Universitário 
UNINOVAFAPI, como – requisito 
necessário à obtenção do título de 
Bacharel em Direito, sobre A Autonomia da 
Vontade do Dependente Químico na 
Internação Compulsória. 
ORIENTADORA: Profa. Msc. Gillian 
Santana de Carvalho Mendes. 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu Deus, aos meus pais, motivo pelo 
qual eu nunca desisti, e aos meus amigos 
que sempre acreditaram em mim e que 
certamente marcaram minha vida. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À Deus, pois até aqui o Senhor tem me sustentado com a sua infinita graça. 
Aos meus pais, José Fernandes e Mª de Fátima, por terem me dado a vida e 
sobretudo por zelarem pelo meu bem-estar acima dos seus próprios interesses. 
Aos meus irmãos, Francisca e Dhone, pelo carinho e dedicação. 
À minha avó Mª Gomes pelo carinho e apoio. 
À minha tia Tônia e meus sobrinhos pelo amor e carinho sempre. 
Aos meus pastores, Gerson Ferreira, Samuel Alves, Ev. Eudenis Lemos e sua 
esposa Daniela Lemos, como também, todos os irmãos da congregação Ebenézer e 
aos meus conterrâneos e irmãos em Cristo, da congregação de Olho D’ água do 
Manoel Luiz- MA, ao irmão Francisco e sua família, ao irmão Moisés e sua família, e 
ao irmão Miguel e sua família, pelas intercessões à Deus em meu favor, pelo carinho 
e admiração. 
À minha amiga irmã e parceira nos trabalhos, Thaynnara Cristina, por me 
proporcionar momentos de muita alegria, bem como pelo seu apoio e incentivo. 
À minha leal amiga, Laís pelo seu carinho, atenção e incentivo. 
Ao meu querido amigo Jânio César pela confiança e carinho. 
Aos meus amigos Fábio Chinelate, Samuel Moura, Luanná Diniz, Ingrid Mayara 
e Mª da Conceição pelos conselhos, críticas e por sempre acreditarem que seria 
possível. 
 À minha Orientadora Profa. Msc. Gillian Santana de Carvalho Mendes, pela 
dedicação e ensinamentos, bem como pelo carinho e apoio. 
Ao Centro Universitário Uninovafapi, em especial à coordenação do curso de 
Direito, na pessoa da Coordenadora Joana, que sempre buscou proporcionar aos 
alunos os melhores meios de ensino para nosso crescimento intelectual. 
Aos professores que deram sua parcela de contribuição ao longo desses 5 anos, 
em especial, Lira pelo carinho, Cléa Mara pela dedicação e generosidade, Marília por 
sempre acreditar no melhor de cada um de nós e a professora Terezinha pela 
dedicação, sinceridade e exigência que nos fez despertar para não nos acomodarmos 
e que realmente valeu a pena. 
A todos os outros que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação. 
Muito obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; 
eu vim para que tenham vida e a tenham plenamente. 
João 10:10 
 
 
 
A AUTONOMIA DA VONTADE DO DEPENDENTE QUÍMICO, NA INTERNAÇÃO 
COMPULSÓRIA. 
 
AUTONOMY OF WILL OF THE CHEMICAL DEPENDENT, ON COMPULSORY HO
SPITALIZATION. 
 
 JANAINA FERREIRA DA SILVA1 
 
RESUMO 
O presente artigo trata da análise da autonomia da vontade do dependente 
químico na internação compulsória, analisando o instituto da capacidade civil na 
pessoa do dependente químico, traz ainda as consequências da dependência química 
e como podem ensejar na perda da capacidade plena. A partir da observação acerca 
da resistência que se tem em relação a concessão da Internação Compulsória, 
verificou-se a necessidade da produção deste trabalho. Para tanto, elencou-se os 
dispositivos legais que legitimam essa modalidade de tratamento juntamente com 
entendimentos doutrinários e jurisprudenciais acerca do assunto, demonstrando a 
importância da internação compulsória nas situações em que as alternativas de 
tratamento de forma voluntária não se mostram eficazes. Por fim, foi analisada em 
quais situações a internação compulsória poderá ser aplicada de forma eficaz para a 
recuperação do dependente. Conclui-se, portanto, que entre direito à vida e direito à 
liberdade, a legislação permite que o juiz, em análise firmada na assessoria médico-
pericial, possibilite ou imponha a internação. 
PALAVRAS-CHAVES: Dependência química. Capacidade civil. Tratamento. 
Internação compulsória. 
ABSTRACT 
This article deals with the analysis of the independence of independence in 
compulsory hospitalization, analyzing the institute of civil capacity in the person of the 
chemical dependent, also bearing the consequences of the abandonment of supply 
 
1 Graduanda do 9º período do Curso de Direito do Centro Universitário Uninovafapi. E-mail: 
mana_ja18@hotmail.com. 
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/autonomy
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/of
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/will
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/of
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/the
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/chemical
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/dependent
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/on
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/compulsory
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/hospitalization
https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/hospitalization
8 
 
and capacity. From the perspective on the working relation with the granting of 
internalisation, the existence of this work was verified. Therefore, the legal provisions 
that legitimize this modality of treatment with doctrinal and jurisprudential doctrines on 
the subject are listed, demonstrating the importance of compulsory hospitalization in 
situations in which treatment alternatives are not voluntarily guaranteed. Finally, the 
existence of an internal subsidy routine will be analyzed. It is concluded, therefore, that 
the right to life and the right to liberty come into existence, a law that allows the judge, 
in an analysis established in the medical evaluation, to permit or impose 
hospitalization. 
KEYWORDS: Chemical dependency. civil Capacity. Treatment. Compulsory 
hospitalization. 
1 INTRODUÇÃO 
A internação compulsória (IC) é uma modalidade de tratamento para dependente 
químico com transtorno mental. É uma medida excepcional, visto que é contra a 
vontade do paciente, inclusive só é possível através de ordem judicial mediante laudo 
médico indicando tal modalidade de tratamento, além de outros critérios que devem 
ser levado em consideração na hora do médico indicar o tratamento. 
A IC pode ser considerada como única forma de tratamento para o indivíduo que 
se encontra dentro desses critérios que a lei preconiza. O estudo é de suma 
importância para esclarecer o tema, pois diante do contexto atual o Estado não 
disponibiliza de meios alternativos mais eficazes que alcance a necessidade desses 
indivíduos, a não ser os meios preventivos, porém não vem ao caso, tendo em vista 
que o presente estudo aborda a necessidade da internação compulsória dos que já 
se encontram em situação de dependência, não mais tendo discernimento dos seus 
atos e com isso colocando em risco a vida de outras pessoas, inclusive a sua própria 
vida. 
Dentro desse contexto o dependente químico nãogoza mais de capacidade 
plena considerando as consequências advindas da droga, o que tornou a IC um 
escape como também um fio de esperança para um pai que vê seu filho entregue à 
droga. 
Assim, a privação da liberdade do paciente na internação compulsória é um dos 
motivos que alguns doutrinadores e profissionais da área da saúde questionam a 
9 
 
eficácia dessa modalidade de tratamento, sugerindo para isso alternativas que 
preservam a liberdade do paciente. 
Diante disso, buscou-se reunir através de coleta de dados em fontes 
bibliográficas com base no ordenamento jurídico que legitima a IC e que esclarece em 
quais situações a mesma se torna extremamente necessária. 
2 DA CAPACIDADE CIVIL 
Para ser um agente capaz é necessário ter personalidade jurídica, logo, todo 
aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade, mas 
a lei salvaguarda os direitos do nascituro desde a concepção, conforme elenca o art. 
2° do Código Civil (BRASIL, 2002). De acordo com Gagliano (2017), personalidade 
jurídica é, a aptidão genérica para titularizar direitos e adquirir obrigações, adquirida a 
personalidade, a pessoa passa a ser um sujeito de direito, podendo assim, praticar 
atos e negócios jurídicos. 
É um avanço para a sociedade jurídica, o reconhecimento dos direitos e deveres 
da pessoa a partir da aquisição de sua personalidade civil. O art. 1° do Código Civil 
reconhece os atributos da personalidade com o sentido de universalidade ao 
prescrever que, “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil” (BRASIL, 
2002). Para Gonçalves (2014), esse conceito comporta a seguinte subdivisão: 
capacidade de direito e capacidade de fato. 
- Capacidade de direito ou de gozo, é o mesmo que personalidade, está atrelada à 
ideia de aptidão, de atributo para o exercício de direitos civis, sendo reconhecido a 
toda pessoa titular de personalidade, sem distinção, logo, todos que nascem com vida 
adquirem esta. 
- Capacidade de fato é a capacidade de praticar atos pessoalmente e contrair 
obrigações por si mesmo na esfera cível. Para ser apto a exercer todos os atos da 
vida civil plenamente, não basta ter apenas uma das capacidades, se faz necessário 
ser detentor tanto da capacidade de direito, como a de fato, resultando então, na 
chamada capacidade plena. 
Uma pessoa física pode adquirir a capacidade de fato ao longo de sua vida, tanto 
como pode perdê-la. O Código Civil (2002) em seu artigo 5º, traz como regra geral, as 
formas como se adquire a capacidade de fato. A mesma pode ser cessada por 
intervenção judicial, desde que comprovado que determinada pessoa se encaixe em 
pelo menos um dos itens do artigo 4º do Código Civil (2002). A falta de alguns 
requisitos materiais, como maioridade, saúde, desenvolvimento mental e outros mais, 
10 
 
faz com que essas pessoas tenham seus direitos de exercício dos atos civis, 
condicionados a participação de outra pessoa, para que os represente ou assiste, à 
depender do grau de incapacidade. 
 A incapacidade é o reconhecimento da inexistência, numa pessoa, daqueles 
requisitos que a lei acha indispensáveis para que ela exerça os seus direitos direta e 
pessoalmente. É nesse sentido que apregoa a doutrina Venosa, (2016, p.129): 
O homem maior de 18 anos entre nós, na plenitude de sua capacidade 
mental, tem ambas as capacidades, a de direito e a de fato, pode ser sujeito 
de direito, podendo praticar pessoalmente atos da vida civil; já o alienado 
mental, interdito por decisão judicial, não deixa de ter personalidade, como 
ser humano que é, possuindo capacidade jurídica, podendo figurar como 
sujeito de direito, porém necessita de que alguém, por ele, exercite a 
capacidade de fato que não possui, por lhe faltar o devido discernimento. 
Seus atos da vida civil são praticados por curador. 
 
Quem possui apenas a capacidade de direito ou por algum motivo perdeu ou 
teve sua capacidade limitada, e não tem discernimento suficiente para responder 
pelos seus atos, necessita ser representado ou assistido por terceiros, em razão disso 
é chamado de “incapaz”. O Código Civil, mostra quem são os incapazes, 
relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os 
exercer; 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
sua vontade; 
IV - os pródigos. (BRASIL,2002). 
O rol dos relativamente incapazes pelo Código Civil (2002), resultou na 
possibilidade jurídica de interdição parcial dos que forem constatados seu 
discernimento reduzido, como por exemplo, os dependentes químicos que mediante 
a progressão do uso de substâncias psicoativas sofrem transtornos físicos como 
também mentais, inclusive tem sua capacidade de discernir comprometida, o que será 
detalhado mais à frente. Considera-se, mediante a isso, os dependentes químicos 
como integrantes no conceito de pessoas com deficiência, cuja Lei 13.146 (2015) no 
seu art. 2º, dispõe: 
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de 
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em 
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e 
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
(BRASIL, 2015). 
 
Ademais, o Código Civil, em seu art. 1.767, diz, que estão sujeitos à curatela, 
“aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
11 
 
discernimento para os atos da vida civil” (BRASIL, 2002). O inciso Ill do mesmo artigo 
menciona os ébrios habituais e os viciados em tóxico. Não há, portanto, revogação de 
tais artigos pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, mas sim um entendimento que 
corrobora com o mesmo. 
Diante disso, percebe-se, que a autonomia da vontade do dependente químico, 
é comprometida, mediante os efeitos que as substâncias utilizadas causam, como 
consequência poderá sofrer interdição judicial ou a curatela, institutos que têm o 
objetivo de declarar a incapacidade total ou parcial, a depender do caso concreto. 
A interdição é ordenada para o interesse do interditado, visando que seja bem 
cuidado. Contudo, o magistrado não decide apenas com base no seu entendimento, 
mas sim com o auxílio de especialistas como médicos, psiquiatras e psicólogos, para 
assessorá-lo profissionalmente, no sentido de apurar a efetiva existência da causa de 
interdição. 
No tocante ao dependente químico, é interessante ressaltar que caso seja 
comprovada a sua dependência química e como consequência a sua incapacidade e 
periculosidade em relação a terceiros, entende-se que este perde sua capacidade 
plena de decidir sobre seus atos, especialmente quando o que se deseja preservar é 
a saúde e a segurança não somente deste mas também de toda sociedade. 
3 DEPENDÊNCIA QUÍMICA: TRANSTORNO PISQUIÁTRICO 
 A dependência química é uma doença crônica, progressiva e primária, pois 
outras doenças aparecem em sua decorrência. Ela é considerada um transtorno 
mental caracterizado por um grupo de sinais e sintomas decorrentes do uso de drogas. 
Esses sinais e sintomas são: compulsão pelo uso da droga; sintomas de abstinência, 
necessidade de doses crescentes para atingir o mesmo efeito; falta de controle sobre 
a quantidade do uso; abandono de outras atividades e manutenção do uso, mesmo 
tendo prejuízos evidentes causados pela droga. “Três desses sintomas já são 
suficientes para se diagnosticar a dependência química”, ressalta o médico psiquiatra 
e cooperado da Unimed Cuiabá Mario Vinícios Silva Martello. (Movimento Saúde 
Unimed Cuiabá. 2016) 
É o que afirma também a Organização Mundial de Saúde, quando diz que é: 
[...] um estado psíquico e físico que sempre incluem uma compulsãode modo 
contínuo ou periódico, podendo causar várias doenças crônicas físico-
psíquicas, com sérios distúrbios de comportamento. Pode também, ser 
resultado de fatores biológicos, genéticos, psicossociais, ambientais e 
culturais, considerada hoje como uma epidemia social, pois atinge toda gama 
12 
 
da sociedade, desde a classe social mais elevada a mais baixa. 
(Associação Panorama da Sobriedade, 2016). 
 
Nesse sentido, a dependência química pode ser entendida como uma alteração 
neurobiológica provocada pela ação direta e prolongada de uma droga. Cada droga 
tem um mecanismo de ação particular, porém todas elas atuam direta ou 
indiretamente, ativando uma mesma região do cérebro: o sistema de recompensa 
cerebral, o qual é formado por circuitos neuronais responsáveis pelas ações 
reforçadas tanto positivas quanto negativas. 
Segundo Laranjeira (2014), é na área de recompensa que as drogas interferem. 
Através de curto circuito, elas provocam uma ilusão química de prazer que induz a 
pessoa a usar a droga compulsivamente. Com a repetição do consumo, a pessoa 
perde o interesse pelas fontes naturais de prazer e só interessa aquele prazer imediato 
propiciado pela droga, mesmo que isso comprometa e ameace a vida do usuário. Nem 
sempre isso é entendido por quem está do outro lado, em relação ao comportamento 
do dependente, no entanto, é claro o efeito negativo da droga em todo organismo do 
indivíduo. 
As drogas de abuso aumentam a liberação de dopamina no núcleo accubens 
(região central do sistema de recompensa e importante para os efeitos das drogas de 
abuso.) em razão disso, muitas pessoas querem usar, porque querem ter uma 
sensação de bem estar, de alegria, já outras pessoas usam, quando estão tristes, 
deprimidas ou ansiosas e querem aliviar a sensação ruim. Esse efeito potencializador, 
ora de prazer ora aliviando sensações ruins, certamente aumenta as chances de 
reutilização da droga. (FORMIGONI, 2014). 
O indivíduo ao deixar de consumir a droga tem uma sensação de ressaca, o qual 
é considerado um dos principais motivos de impedimento para abandoná-las. E 
quanto mais se usa, mais cresce a chance de dependência e com isso, compromete 
sua saúde, principalmente a psicológica, uma das mais afetadas, pois altera sua 
maneira de viver, como por exemplo, sua interação no meio social. (SIGNIFICADOS, 
2014). 
 De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), as 
substâncias causadoras de dependência são: álcool, tabaco, cocaína e derivados 
como o crack e a pasta-base, maconha, alucinógenos, solventes e inalantes, a 
exemplo da cola de sapateiro e acetona, estimulantes como anfetaminas e cafeína, 
opióides, sedativos e hipnóticos. (Movimento Saúde Unimed Cuiabá, 2016). 
13 
 
Essa é uma realidade vivenciada pelos usuários compulsivos, em que os 
indivíduos caem com frequência numa espiral em que o ato de usar novamente se 
alterna cada vez mais rapidamente, a dependência se relaciona a problemas 
pessoais, familiares e sociais bastante graves, o que na verdade potencializa o anseio 
pela sensação de prazer momentâneo que o efeito lhe proporciona. 
Uma das drogas com uma proporção maior de uso intenso e de aumento da 
fissura é o crack, pois o mesmo atinge uma área do cérebro (Núcleo accubens), a qual 
é ativada quando os instintos de sobrevivência e reprodução são satisfeitos, pode-se 
comparar quando a pessoa tem satisfação sexual ou quando bebe água, é a parte 
mais afetada nos quadros de dependência. O crack causa uma sensação de prazer 
que excede as demais drogas já experimentadas, pois atinge uma região do cérebro 
onde inclui importantes centros de memória (Hipocampo e Amígdala), que faz o 
indivíduo lembrar o que ele fez que o levou àquela sensação. Com isso diversos 
estímulos são associados a essas memórias que podem ativar o desejo de voltar a 
sentir a mesma sensação prazerosa. 
Assim, uma vez dependente, sua capacidade de julgamento fica prejudicada, 
tornando-se ele mais propenso a seguir os estímulos de urgência que levam ao uso 
da droga, o que pode ser irreversível. (CRUZ; VARGENS; RAMÔA, 2014, pag 88-89). 
Diante do exposto é importante ressaltar a vulnerabilidade, como também a 
incapacidade, ainda que relativa, do indivíduo de ter discernimento e auto controle dos 
seus sentidos, enquanto dependente, mediante um efeito devastador que a droga lhe 
causa, tanto psicológico, físico como mental. Por essa razão e outras, conforme o 
exposto acima, ele não consegue por si só, controlar o desejo pela droga, o que faz 
com que o mesmo, perca todo tipo de pudor à moral, bons costumes, ética, e qualquer 
tipo de respeito por si e pelo próximo, o que o torna inegavelmente, vítima de seus 
próprios atos e ao mesmo tempo uma ameaça para o seu próximo, principalmente 
para família se for o caso de conviver juntos. Pois para alimentar seu vício ele ameaça 
a família, vende até o último item que estiver ao seu alcance, além disso, quando não 
tem dinheiro compra droga fiado e quando não paga os fornecedores no prazo, são 
coagidos à pagarem de qualquer jeito, muitas das vezes até com sua própria vida. 
4 DO TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO DO DEPENDENTE QUÍMICO 
A lei Federal nº 10.216/01, garante os direitos, das pessoas com transtorno 
mental, inclusive os dependentes químicos. Em geral, essa lei assegura às pessoas 
14 
 
o direito de um tratamento digno e que respeite sua cidadania, é o que diz em seu art. 
2º: 
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: 
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às 
suas necessidades; 
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de 
beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na 
família, no trabalho e na comunidade; 
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; 
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; 
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a 
necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; 
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; 
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de 
seu tratamento; 
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos 
possíveis; 
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde 
mental. (BRASIL, 2001). 
Em sequência e de forma complementar, foi instituído o Sistema Nacional de 
Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; é regulado pela Lei 11.343/06 que prescreve 
medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e 
dependentes de drogas. 
Há ainda a Portaria n. 3088, de 23 de dezembro de 2011, que instituiu a Rede 
de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com 
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS. 
Segundo esta portaria (nº 3088,23/12/2011) a rede de atenção psicossocial é 
formada pela Atenção Básica em Saúde; Atenção Psicossocial Especializada; 
Atenção de Urgência e Emergência; Atenção Residencial de Caráter Transitório; 
Atenção Hospitalar; Estratégias de Desintitucionalização; Reabilitação Psicossocial. 
(Anexo 1). 
A Portaria 3088/11 estabelece os CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSad, CAPSad 
III e CAPS i, serviços comunitários ambulatoriais, que tomam para si a 
responsabilidade de cuidar de pessoas com sofrimento mental e dependentes de 
drogas, especialmente os severos e persistentes, em seu território de abrangência. 
Os CAPS constituem um papel fundamental, pois seguem um plano estratégico 
na articulação da rede de saúde, desenvolvem projetos terapêuticos e comunitários, 
adotam uma política de tratamento não medicamentoso, com base no 
acompanhamento individualizado de cada paciente, buscando trabalhar em conjunto 
com a família e promovendo o emponderamento para que o mesmo possaenfrentar 
15 
 
seus problemas e conseguir sair do mundo das drogas. (CRUZ; FERREIRA, 2014, p. 
22-23). 
 Assim, o SUS trabalha com a lógica do CAPS, ou seja, não se prioriza a 
internação, mas a reinserção social e o tratamento em meio aberto, sendo a 
internação utilizada como último recurso, em casos excepcionais e apenas para 
desintoxicação. 
Não obstante, esse modelo de tratamento ambulatorial mostra-se adequado 
para uma parcela considerável de indivíduos, aqueles que livremente escolhem 
participar de todo esse acompanhamento que a rede SUS oferece, no entanto existem 
casos em que tais recursos se mostram insuficientes, é o caso, portanto, daqueles 
que não querem se tratar por livre espontânea vontade, mas que em virtude de todos 
os transtornos que causam a si próprio como também para todos que estão ao seu 
redor, a família se vê obrigada a buscar uma solução. A única solução que o Estado 
oferece para o paciente que não aceita o tratamento voluntariamente são as 
internações, que mediante o estado do paciente, o médico indica a que mais se 
adequa ao caso. 
A Lei 10.216 traz em seu dispositivo que “a internação, em qualquer de suas 
modalidades, só será indicada quando os recursos extra hospitalares se mostrarem 
insuficientes” (BRASIL, 2001). Ou seja, a internação é a exceção, em regra, o paciente 
deve passar primeiramente pelo tratamento que o CAPS oferece. Somente 
excepcionalmente a internação deve ser indicada, esse caráter de excepcionalidade 
fica evidenciado na Portaria GM 2.391/02, que regulamenta o controle dessas 
internações. 
Assim, conforme o art. 6º parágrafo único da Lei 10.216, são três os tipos de 
internações psiquiátricas: 
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação 
psiquiátrica: 
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário; 
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário 
e a pedido de terceiro; e 
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. (BRASIL, 
2001). 
- Internação Voluntária é aquela em que o próprio paciente solicita ou 
consente, inclusive tem o direito e liberdade de a qualquer momento pedir a sua 
suspensão. 
16 
 
- Internação Involuntária, ocorre a pedido de terceiro, em razão de não 
haver o consentimento do paciente. A mesma deverá ser comunicada ao Ministério 
Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, 
devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta. Somente 
poderá ocorrer se autorizada por médico devidamente registrado no Conselho 
Regional de Medicina do Estado onde o estabelecimento estiver localizado como 
determina o artigo 8º, caput (BRASIL, 2001). 
-Internação Compulsória, aquela determinada pela justiça. Conforme a Lei 
10.216, a internação compulsória deve ser aplicada à pessoas com transtorno mental. 
5 DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA 
Conforme a Lei 10.216/2001, a internação compulsória é alcançada por 
determinação da autoridade judicial, realizada através do relatório médico. É um dos 
meios que se busca para tratar pacientes com dependência química que desenvolve 
transtorno mental e em decorrência disso oferece riscos para si e para a sociedade, 
conforme já relatado anteriormente sobre as consequências. 
É o que explica o psiquiatra Requião (GAZETA DO POVO, 2018): 
“São casos de dependência química, com alteração grave de 
comportamento, quadros psicóticos, principalmente esquizofrenia. Muitas 
vezes, a família recorre à Justiça pela total incapacidade de controlar o 
paciente e seus hábitos. O internamento compulsório visa a proteger a 
sociedade dos atos que o indivíduo não tem controle, principalmente em 
casos de agressão”, explica o psiquiatra Dagoberto Requião, professor do 
curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)." 
 
É importante ressaltar que a IC é concedida em decorrência de falha dos meios 
de tratamento alternativos e com um laudo médico que prescreva tal tipo de 
tratamento. Com isso, a internação compulsória deve ser tratada como exceção da 
exceção. (BASILIO, 2017). 
A internação, sendo compulsória, fica a critério do juiz, assim tanto a entrada do 
paciente no serviço quanto sua saída dependem de autorização judicial. 
Além da Lei 10.216/01, existe ainda o decreto 891/1938 que, em tese, autoriza 
o Estado a pedir uma ordem judicial para a internação obrigatória de ébrios e 
toxicômanos em caráter de interesse de saúde pública. 
O interessado poderá acionar o órgão competente, a exemplo, Defensoria 
Pública, caso se enquadre na qualidade de hipossuficiente nos termos da lei, para 
requerer a IC, caso o Juiz defira o pedido, na decisão ele já menciona o local da 
17 
 
internação com base nos documentos juntados, especificamente no laudo médico o 
qual deve constar segundo entendimento médico a indicação da IC. 
Importa ressaltar o que a jurisprudência nos traz em relação às internações 
compulsórias, pois se há uma avaliação antes da internação, nos casos de laudo 
médico, não se faz necessária à avaliação, pois resta comprovado o grave estado de 
saúde do paciente. 
 APELAÇÃO CÍVEL. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA TRATAMENTO 
CONTRA DROGADIÇÃO. O caso. Internação compulsória de pessoa maior 
de idade, para tratamento contra drogadição. Com deferimento liminar e 
sentença de procedência. Legitimidade passiva. Os entes estatais são 
solidariamente responsáveis pelo atendimento do direito fundamental à 
saúde. Logo, não há em ilegitimidade passiva ou obrigação exclusiva de um 
deles. Necessidade de avaliação antes da internação. Desnecessária a 
avaliação da apelada pelo CAPS municipal para justificar sua internação, 
porquanto seu quadro de dependência química esteja suficientemente 
comprovado por laudo médico, juntado aos autos. Desnecessidade de 
obediência à ordem de atendimento em face da urgência, não ferindo os 
princípios da isonomia e da legalidade. Não há se falar em desobediência à 
ordem de atendimento, porquanto comprovado o gravo estado de saúde da 
paciente, a teor do artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal. Do ponto 
de vista constitucional, é bem de ver que a condenação dos entes estatais ao 
atendimento do direito fundamental à saúde não representa ofensa aos 
princípios da isonomia e da legalidade. Honorários advocatícios em favor do 
FADEP. Configurada a pretensão resistida é adequada à condenação do 
Município ao pagamento de honorários advocatícios. É de rigor a majoração 
dos honorários advocatícios fixados pela sentença em favor da Defensoria 
Pública. DERAM PROVIMENTO AO APELO DA PARTE AUTORA E DERAM 
PARCIAL PROVIMENTO AO APELO DO ESTADO. ((Apelação Cível Nº 
70059289207, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui 
Portanova, Julgado em, 2014). 
Sobre a legitimidade para pleitear a internação de portadores de transtorno 
mental, o Decreto nº 24.559 de 1934 em seu artigo 11 dispõe que será feito por ordem 
judicial, requisição da autoridade policial, a pedido do próprio paciente ou por 
solicitação do cônjuge, ascendente ou descendente ou parente até o 4º grau, sendo 
que, na ausência destes, o pedido poderá ser feito por curador, tutor, diretor de 
hospital civil ou militar, diretor ou presidente de qualquer sociedade de assistência 
social, leiga ou religiosa, chefe de dispensário psiquiátrico.( SANTOS, 2017). 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO MOVIDA POR PARENTE. 
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA. REJEIÇÃO. PEDIDO DE 
INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DA PACIENTE PARA FIM DE 
TRATAMENTO MÉDICO. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. 51 
REQUISITOS AUTORIZADORES TIPIFICADOS. OBRIGAÇÃO DO ENTE 
MUNICIPAL ACIONADO. INTERLOCUTÓRIA MANTIDA. RECURSO 
DESPROVIDO. I. Parente até o 4º grau detém legitimidade para agir em favor 
daquele que tem conduta psicótica, ainda que maior de idade e não 
interditado, visando a assegurar-lhe sua integridade física e psíquica, nos 
expressos termos do Decreto n. 24.559/1934, razãopela qual é de ser 
rejeitada a preliminar suscitada in casu. II. Caracterizado risco à integridade 
física e psíquica da interessada, que é financeiramente hipossuficiente, e a 
18 
 
responsabilidade do Município réu em prover os meios de acesso à saúde, 
inexiste óbice à antecipação dos efeitos da tutela para que se promova a 
internação compulsória e a assistência médica vindicadas, nos precisos 
termos do art. 300 do Código de Processo Civil. (TJSC, Agravo de 
Instrumento n. 0032167-71.2016.8.24.0000, de Criciúma, rel. Des. João 
Henrique Blasi, j. 22-11-2016). 
Diante o exposto, fica evidente a legitimidade da aplicação da Internação 
Compulsória, sendo ela aplicável para casos excepcionais, e obedecendo os critérios 
que a lei exige para que de fato possa ser requerida. Verifica-se que nem todos 
pacientes podem ser avaliados da mesma maneira, entendendo que cada um possui 
suas peculiaridades e cada um vive uma realidade diferente. Por isso, deve- se levar 
em consideração o caso concreto, partindo do pressuposto de que nem todos os 
casos é recomendado a IC. Em razão de ser uma alternativa que requer maior cuidado 
na sua aplicabilidade, tendo em vista que priva o paciente da sua liberdade, há 
divergências entre juristas pois surge um conflito de direitos entre o direito à vida, 
saúde e o direito de liberdade e autonomia da vontade. 
Entretanto, não deve-se colocar em uma balança tais direitos para saber o que 
pesa mais, pois, diante do que já foi exposto, não é em qualquer caso que é 
recomendado, têm requisitos a serem preenchidos conforme a Lei 10.216/01, a qual 
regulamenta tal internação. 
Atualmente tem-se intensificado a judicialização dos processos de IC, segundo 
dados do Núcleo da Saúde da Defensoria Pública do Piauí, é bastante significativa a 
procura por essa modalidade de refúgio, de 10 atendimentos ao dia, pelo menos 2 se 
trata de pedido de IC. Ocorre que, nem sempre o pedido se efetiva em uma ação 
judicial, na maioria dos casos, o interessado não consegue providenciar todas as 
documentações exigidas para daí o pedido ser formalizado. A maior queixa na hora 
de reunir a documentação é em relação ao laudo circunstanciado do médico, 
documento indispensável para entrar com uma ação judicial. No ano de 2017 foram 
judicializadas 7 ações entre Internação Compulsória e a Involuntária, já no corrente 
ano, foram ajuizadas 4 ações. Das ações ajuizadas, apenas 2 foram deferidas, uma 
delas em grau de recurso. 
Com relação o indeferimento, o NATEM- NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO AO 
MAGISTRADO, no Estado do Piauí, tem dado parecer desfavorável em alguns 
pedidos de IC, nesse sentido preceitua: 
[...] o tratamento não é adequado e necessário. Internações Involuntárias por 
psicose e dependência química podem ser realizadas pelo SUS. Acrescenta-
se que a internação por dependência química não necessita durar seis meses 
19 
 
nem apresenta importante taxa de manutenção de abstinência ao longo 
tempo. 
Assim, o juiz decide levando em consideração o parecer do NATEM, e sendo 
este desfavorável o pedido certamente será indeferido. 
Ocorre que, de acordo o parecer do NATEM, percebe-se que não fora tratado o 
caso de forma específica, na verdade o que se vê é uma justificativa genérica que não 
é razoável aplicá-la. Pois é evidente que uma vez que se procura a IC, é porque 
certamente o paciente resistiu as outras formas de tratamento. 
6 DO DIREITO À SAÚDE 
A saúde é um direito humano de todos e o Estado tem a obrigação de oferecer 
serviços eficazes e eficientes a toda à população, proteção aos direitos à vida e à 
saúde, sob fundamento maior da dignidade da pessoa humana. 
A Carta Magna, em diversos dispositivos, trata da proteção do direito à saúde. O 
art. 1º, III, elegeu a dignidade da pessoa humana como fundamento da República 
Federativa do Brasil. O artigo 3, IV,º constitui como objetivo da República a promoção 
do bem de todos. Por sua vez, o artigo 5º assegura a inviolabilidade do direito à vida. 
No artigo 6º, o direito à saúde é expressamente garantido dentre os direitos sociais. 
Entretanto, trata-se de uma medida coercitiva, que reflete sobre o direito de 
liberdade do indivíduo, sendo necessário, portanto, a inclusão da mesma no pólo 
passivo, a fim de que seja garantido a ele o direito de ampla defesa. 
A Constituição Federal em seu art. 196, dispõe: “A saúde é direito de todos e 
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à 
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988). 
 A dignidade da pessoa humana deve ser invocada na defesa não somente de 
direitos individuais, mas também dos direitos sociais fundamentais. 
Conforme ensina Silva (2005, p. 105), “dignidade da pessoa humana é um valor 
supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o 
direito à vida”. 
 No que tange ao sistema constitucional de direitos fundamentais, a doutrina 
aponta sua perspectiva objetiva, o que revela que os direitos fundamentais, hoje, 
representam não somente garantias negativas dos interesses individuais, mas 
também valores objetivos e fins diretivos da ação positiva do Estado. Dessa forma, 
20 
 
como direitos objetivos, os direitos fundamentais fornecem diretrizes para a aplicação 
de todo o ordenamento infraconstitucional e norteiam a atuação estatal. 
Nas palavras de Sarlet (2013, p. 393-394): 
Os direitos fundamentais implicam deveres de proteção do Estado, impondo 
aos órgãos estatais a obrigação permanente de, inclusive preventivamente, 
zelar pela proteção dos direitos fundamentais dos indivíduos, não somente 
contra os poderes públicos, mas também contra agressões por parte de 
particulares e até mesmo por parte de outros Estados. Isto não significa, 
contudo, que não se possa – a despeito da forte resistência neste sentido – 
falar em deveres de proteção de particulares, o que, contudo, diz mais de 
perto com o item dos deveres fundamentais, bem como com o tópico da 
vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. Tais deveres de 
proteção, parte dos quais expressamente previstos nas Constituições, podem 
ser também reconduzidos ao princípio do Estado de Direito, na medida em 
que o Estado é o detentor do monopólio, tanto da aplicação da força, quanto 
no âmbito da solução dos litígios entre os particulares. Por força dos deveres 
de proteção, aos órgãos estatais incumbe assegurar níveis eficientes de 
proteção para os diversos bens fundamentais, o que implica não apenas a 
vedação de omissões, mas também a proibição de uma proteção 
manifestamente insuficiente, tudo sujeito a controle por parte dos órgãos 
estatais, inclusive pelo Poder Judiciário. Assim, os deveres de proteção 
implicam deveres de atuação (prestação) do Estado e, no plano da dimensão 
subjetiva – na condição de direitos à proteção –, inserem-se no conceito de 
direitos a prestações estatais. 
Desse modo, entende-se que a dignidade humana é a base de todo o sistema 
constitucional de tutela, o dependente químico, como todo ser humano, deve ter 
assegurada a proteção de sua dignidade e de todos os direitos dela decorrentes. Além 
do mais, como portador de transtorno mental, deve ter seus direitos fundamentais 
tutelados especialmente no que se refere à sua situação de vulnerabilidade, como 
prevê a Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, que 
tem como princípio o “respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, 
inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas”. 
(CONVENÇÃO DE NOVA YORK, 2009). 
Art. 1. O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar 
o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades 
fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito 
pela sua dignidade inerente. (...) Art. 3: Os princípiosda presente Convenção 
são: a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive 
a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas; 
(Convenção de Nova York, 2009) 
 
Acrescente-se que é dever do Estado garantir o direito à saúde, conforme o art. 
196 da CF/88. Faz-se necessário, portanto, da ação dos Poderes Públicos no tocante 
à execução das tarefas e objetivos atribuídas a estes, para que haja efetivação dos 
direitos os quais são garantidos pela Carta Magna. Assim, não resta dúvidas da 
responsabilidade solidária que recai sobre os entes federados em se tratando de 
21 
 
direito fundamental o qual possui grande relevância social, como é o caso da saúde, 
cuja efetivação não pode ser prejudicada por questões de conflito de competência. 
Nesse caso, os entes federados não podem se omitirem frente a tão evidente 
responsabilidade, diante dos deveres que cabem a todos. 
A Lei Orgânica da Saúde, (Lei nº 8.08/90), estabelece, como princípio 
fundamental, a saúde do ser humano e que o Estado tem o dever de prover políticas 
econômicas e sociais para que o direito à saúde seja efetivado de maneira que seja 
assegurado a todos o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação. As ações e serviços de saúde prestados por 
órgãos e instituições públicas, constituem o Sistema Único de Saúde (SUS). 
Ademais, segundo o art 7º, o SUS é regido conforme as diretrizes previstas no 
artigo 198 da Constituição Federal de 1988, descentralização, atendimento integral, 
com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais 
e a participação da comunidade, obedecendo ainda aos seguintes princípios, 
universalidade, integralidade de assistência e igualdade de assistência à saúde, sem 
preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. 
No mesmo sentido, dispõe jurisprudência: 
DIREITO À SAÚDE. INTERNAÇÃO HOSPITALAR PSIQUIÁTRICA 
COMPULSÓRIA. PESSOA PORTADORA DE TRANSTORNO MENTAL. 
OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA DO PODER PÚBLICO DE FORNECÊ-LA. 
CONDENAÇÃO DO MUNICÍPIO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS 
PARA DEFENSORIA PÚBLICA. ADEQUAÇÃO. DESCABIMENTO DE 
REEXAME NECESSÁRIO. DETERMINAÇÃO DE JUÍZO DE RETRATAÇÃO. 
1. Quando se trata de pessoa pobre, portadora de distúrbios psiquiátricos, é 
cabível pedir aos Entes Públicos a sua internação compulsória e o 
fornecimento do tratamento de que necessita, a fim de assegurar-lhe o direito 
à saúde e à vida. 2. Os entes públicos têm o dever de fornecer gratuitamente 
o tratamento de pessoa cuja família não tem condições de custear. 3. Há 
exigência de atuação integrada do poder público como um todo, isto é, União, 
Estados e Municípios para garantir o direito à saúde. 4. É solidária a 
responsabilidade dos entes públicos. Inteligência do art. 196 da CF. [...] 
(Apelação e Reexame Necessário Nº 70053022109, Sétima Câmara Cível, 
57 Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos 
Chaves, Julgado em 28/08/2013, DJ 02/09/2013). 
7 DA NECESSIDADE DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA 
O grande desafio em relação a IC, é a banalização dessa medida mediante a 
grande demanda que vem ocorrendo, reflexos das consequências que a pessoa em 
estado de dependência química cumulado com transtorno mental, apresenta. Mesmo 
existindo divergências na aplicação dessa modalidade de tratamento, importa 
ressaltar que a mesma encontra respaldo no ordenamento jurídico, não como sendo 
22 
 
a mais indicada, mas sim como uma alternativa de tratamento para os casos que não 
se enquadram nos modelos de tratamento assistencial os quais o SUS oferece. 
Modelos esses que já foram tratados anteriormente como ineficazes, em virtude 
disso, cabe ao Estado, oferecer os meios necessários para a garantia do direito à 
saúde de maneira que viabilize um tratamento que atenda a necessidade da pessoa 
com tal transtorno. 
Prescreve Franco Júnior, (2007) que um dos maiores flagelos sofridos pela 
humanidade é a disseminação do uso de álcool e drogas, causando inúmeras mortes, 
inclusive de inocentes. Muitas são causas que podem levar uma pessoa à esse 
caminho, muitas vezes sem volta, como por exemplo, a aparente normalidade do uso 
corriqueiro de bebidas alcoólicas e cigarros dentro de casa e nos ambientes sociais, 
a falta de diálogo franco entre pais e filhos, a curiosidade, a necessidade de afirmação 
perante um grupo, a ganância de alguns e certamente o desequilíbrio familiar 
contribuem consideravelmente para o uso de álcool e drogas, sendo a família a que 
mais sofre, pois perdem o sono, a saúde, o patrimônio e a paz, ficando apenas com 
um fio de esperança e com isso recorrem ao poder público na expectativa de que de 
alguma forma com a intervenção judicial o dependente possa ser tratado. 
Relata ainda, que há muitas divergências em torno de qual seria a melhor forma 
de tratamento, porém é passível os entendimentos de que qualquer intervenção 
terapêutica é melhor do que a falta dela, tendo em vista que a dependência é uma 
doença crônica e que necessita de tratamento. Defende a IC como sendo uma 
alternativa excepcional visto que nem todos precisam dessa medida e que é uma 
modalidade que exige cautela na hora de indicá-la, pois deve ser analisado o grau de 
dependência do paciente. 
Nesse contexto é evidente que quando o paciente apresenta um quadro de 
transtorno mental, colocando em risco a própria saúde e de seus familiares, é 
plenamente aplicável a Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a 
proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, assegurando 
assim, ampla proteção ao doente mental, especialmente tratamento médico, e prevê, 
no art.2º.,6º, II, III, e 9º, a possibilidade de internação involuntária compulsória. 
Cumpre ainda ressaltar, a importância de se trabalhar a reinserção desse 
paciente no meio social, a Lei nº 11.343/06, instituiu o Sistema Nacional de Políticas 
Públicas sobre Drogas – Sisnad, o qual prescreve medidas para prevenção do uso 
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; 
23 
 
estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de 
drogas; define crimes e dá outras providências. 
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - SAÚDE - COMPETÊNCIA DA 
FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA - 
USUÁRIO DE DROGAS - DEPENDENTE QUÍMICO - CRACK. É de 
competência da Fazenda Pública Estadual o processamento e julgamento da 
demanda que visa a garantia de direito a saúde tendo o Estado como parte 
inserida no polo passivo da relação. Não há que se falar em burla a fila do 
SUS tendo em vista que o direito a saúde é constitucionalmente garantido a 
todos. Na medida que o usuário de drogas se aprofunda e se entrega ao vício, 
chega-se ao ponto de não mais responder por si e, a partir deste momento, 
passa a oferecer riscos não só a sua vida, mas riscos a toda a sociedade e, 
especialmente, seus familiares que envoltos pelo amor àquele indivíduo e 
pela dor de vê-lo definhar neste "maldito mundo das drogas" passam a se 
arriscar para evitar que males maiores aconteçam a pessoa amada. É dever 
do Estado (em sentido lato) prover a manutenção da saúde dos contribuintes, 
inclusive quando se está tratando de usuários e dependentes de drogas, in 
casu o "crack". Havendo demonstração de que o sujeito necessita do 
tratamento com internação compulsória, face ao laudo médico acostado, 
impõe-se a manutenção da medida sob pena de multa diária de R$ 500,00 
quinhentos reais. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJES, Classe: 
Agravo de Instrumento, 24139009344, Relator: RONALDO GONÇALVES DE 
SOUSA, Órgão julgador: TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento: 
16/07/2013, Data da Publicação no Diário: 26/07/2013) 
DIREITO À SAÚDE. INTERNAÇÃO HOSPITALAR PSIQUIÁTRICA 
COMPULSÓRIA. PESSOA MAIOR USUÁRIA DE DROGAS. OBRIGAÇÃO 
SOLIDÁRIA DO PODER PÚBLICO DE FORNECÊ-LA. 1. Tratando-se de 
pessoa usuária de drogas,agressiva e violenta, é cabível pedir aos entes 
públicos a sua internação compulsória e o fornecimento do tratamento de que 
necessita, a fim de assegurar-lhe o direito à saúde e à vida. 
Trata-se de uma modalidade de tratamento que para sua eficácia, faz-se 
necessário haver fiscalização por parte do poder público, no que tange a forma de 
tratamento utilizado nas clínicas, o tempo de internação como também as condições 
estruturais desses ambientes, até mesmo para própria segurança dos profissionais. 
Considerando a grande demanda de pacientes e tendo como prioridade a saúde, 
torna-se imprescindível a avaliação e renovação das ações utilizadas quanto ao 
tratamento. 
 O tratamento nesses termos deve respeitar os diversos níveis de gravidade e 
as formas como ocorrem em cada indivíduo, família, grupo e comunidade. É um 
desafio, pois, se faz necessário uma equipe multidisciplinar para que se possa 
trabalhar além da dependência, os outros problemas que o levaram às drogas, como 
também a reinserção desse paciente na sociedade. 
Cabe ressaltar que o Estado não dispõe de serviços públicos para o tratamento 
na modalidade compulsória, no entanto não o exime de tal responsabilidade, nesse 
caso, o mesmo deverá custear o tratamento em clínica particular. É nesse ponto, em 
que o familiar, não tendo condições financeiras procura a Defensoria Pública para 
24 
 
pleitear junto ao poder judiciário o pedido da IC. Já sendo este o último recurso de que 
dispõe para minimizar a dor e oferecer ao filho a possibilidade do tratamento de que 
tanto necessita, com a finalidade de vê-lo livre do infortúnio e de reaver a condição 
normal de saúde psíquica e social. 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Tendo em vista os argumentos apresentados, constata-se que, a capacidade de 
fato do dependente químico não é absoluta e que conforme o grau de dependência e 
as circunstâncias fáticas desse dependente, sua capacidade sofre limitações, 
ensejando a possibilidade da internação compulsória. 
A capacidade de fato pode ser cessada por intervenção judicial, desde que 
obedecidos os preceitos legais, que estipulam critérios de admissão para essa 
modalidade de tratamento. 
Constatada a inviabilidade de tratamento de forma voluntária juntamente com 
indicação de internação compulsória pelo médico não há no que se falar em violação 
de direitos, tendo em vista que a saúde de um indivíduo está se deteriorando e 
consequentemente com risco de dano inverso, além do que a internação compulsória 
mostra-se, num primeiro momento, como a última e única alternativa a ser adotada 
quando o consentimento não pode ser obtido e o estado de saúde revelar risco de 
morte pra si e pra sociedade. 
A modalidade de internação compulsória não tem como objetivo principal tão 
somente a privação de liberdade do dependente, o que se almeja na verdade é o 
tratamento do indivíduo e a sua reinserção na sociedade, garantindo ao paciente o 
respeito à sua dignidade humana e a todos os seus direitos fundamentais durante o 
tratamento. 
Quando o que está em jogo é a autonomia da vontade e a saúde do paciente, 
opta-se por priorizar a saúde do ser humano. 
Desse modo verificou-se também que o Estado com seus órgãos competentes 
tem o dever de proporcionar tratamento adequado para o paciente assim como 
também atuar de forma efetiva na fiscalização dos locais de internação conforme 
prevê a Lei 10.216/01. 
Constatou-se, portanto, que o dependente químico com transtorno mental tem 
sua capacidade plena limitada, pois perde o discernimento de escolher o que seja 
melhor para sua saúde, se entregando, portanto, completamente ao vício, 
25 
 
consequência essa da dependência às drogas. Em decorrência disso é possível ser 
privado da sua “liberdade” para que verdadeiramente seja livre de forma digna. 
 
REFERÊNCIAS 
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Acesso em: 08/out./2018. 
 
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BRASIL. LEI No 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos 
das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial 
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BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de 
Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso 
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; 
estabelece normas para repressão à 55 produção não autorizada e ao tráfico ilícito de 
drogas; define crimes e dá outras providências, Brasília, DF, 23 de agosto de 2006. 
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http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/2775/MONOGRAFIA%20JA%C3%8DNE.pdf?sequence=1
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https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI43263,71043-Internacao+compulsoria+para+tratamento+de+alcoolatras+e+dependentes
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0ab08ccbe9c7fd8d0d1c2b7e58874b461cb43041f6d63fd4b486&idProcessoDoc=202
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<https://www.significados.com.br/dependencia-quimica/> Acesso em: 27/out./2018. 
 
VARELLA, Drauzio. Dependência química, 2011. Disponível em: 
<https://drauziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/dependencia-quimica/> 
Acesso em 27/out/2018. 
 
ANEXO 
Considerando a necessidade de que o SUS ofereça uma rede de serviços de 
saúde mental integrada, articulada e efetiva nos diferentes pontos de atenção 
para atender as pessoas com demandas decorrentes do consumo de álcool, 
crack e outras drogas; e 
Considerando a necessidade de ampliar e diversificar os serviços do SUS 
para a atenção às pessoas com necessidades decorrentes do consumo de 
álcool, crack e outras drogas e suas famílias, resolve: 
Art. 1º Fica instituída a Rede de Atenção Psicossocial, cuja finalidade é a 
criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas 
https://www.gazetadopovo.com.br/justica/a-acao-dos-juizes-e-os-dilemas-da-internacao-compulsoria-no-brasil%3e
https://www.gazetadopovo.com.br/justica/a-acao-dos-juizes-e-os-dilemas-da-internacao-compulsoria-no-brasil%3e
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142014000200342
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142014000200342
https://tjpi.pje.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=ed21930eea8903e7b43bc67255b4e2f8b68e017c404b0ab08ccbe9c7fd8d0d1c2b7e58874b461cb43041f6d63fd4b486&idProcessoDoc=202048
https://tjpi.pje.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=ed21930eea8903e7b43bc67255b4e2f8b68e017c404b0ab08ccbe9c7fd8d0d1c2b7e58874b461cb43041f6d63fd4b486&idProcessoDoc=202048
https://tjpi.pje.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=ed21930eea8903e7b43bc67255b4e2f8b68e017c404b0ab08ccbe9c7fd8d0d1c2b7e58874b461cb43041f6d63fd4b486&idProcessoDoc=202048
https://tjpi.pje.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=ed21930eea8903e7b43bc67255b4e2f8b68e017c404b0ab08ccbe9c7fd8d0d1c2b7e58874b461cb43041f6d63fd4b486&idProcessoDoc=202048
http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/6093/1/ROGER%20ELLWANGER%20DOS%20SANTOS.pdf
http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/6093/1/ROGER%20ELLWANGER%20DOS%20SANTOS.pdf
https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/3256/1/Monografia%20-%20Laila%20Rainho%20de%20Oliveira.pdf
https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/3256/1/Monografia%20-%20Laila%20Rainho%20de%20Oliveira.pdf
https://www.blogger.com/profile/17449158217782061932
http://www.panoramadasobriedade.com.br/2016/08/dependencia-doenca-organizacao-mundial.html
http://www.panoramadasobriedade.com.br/2016/08/dependencia-doenca-organizacao-mundial.html
https://www.significados.com.br/dependencia-quimica/
https://drauziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/dependencia-quimica/
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com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso 
de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS). 
Art. 2º Constituem-se diretrizes para o funcionamento da Rede de Atenção 
Psicossocial: 
I - respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das 
pessoas; 
II - promoção daequidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde; 
III - combate a estigmas e preconceitos; 
IV - garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado 
integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; 
V - atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas; 
VI - diversificação das estratégias de cuidado; 
VII - desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a inclusão 
social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania; 
VIII - desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos; 
IX - ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e 
controle social dos usuários e de seus familiares; 
X - organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com 
estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do 
cuidado; 
XI - promoção de estratégias de educação permanente; e 
XII - desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos 
mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras 
drogas, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular. 
(BRASIL, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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