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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI JANAINA FERREIRA DA SILVA A AUTONOMIA DA VONTADE DO DEPENDENTE QUÍMICO NA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA TERESINA 2018 JANAINA FERREIRA DA SILVA A AUTONOMIA DA VONTADE DO DEPENDENTE QUÍMICO NA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA Trabalho de Conclusão de Curso – apresentado ao Centro Universitário UNINOVAFAPI, como – requisito necessário à obtenção do título de Bacharel em Direito, sobre A Autonomia da Vontade do Dependente Químico na Internação Compulsória. ORIENTADORA: Profa. Msc. Gillian Santana de Carvalho Mendes. TERESINA 2018 Ao meu Deus, aos meus pais, motivo pelo qual eu nunca desisti, e aos meus amigos que sempre acreditaram em mim e que certamente marcaram minha vida. AGRADECIMENTOS À Deus, pois até aqui o Senhor tem me sustentado com a sua infinita graça. Aos meus pais, José Fernandes e Mª de Fátima, por terem me dado a vida e sobretudo por zelarem pelo meu bem-estar acima dos seus próprios interesses. Aos meus irmãos, Francisca e Dhone, pelo carinho e dedicação. À minha avó Mª Gomes pelo carinho e apoio. À minha tia Tônia e meus sobrinhos pelo amor e carinho sempre. Aos meus pastores, Gerson Ferreira, Samuel Alves, Ev. Eudenis Lemos e sua esposa Daniela Lemos, como também, todos os irmãos da congregação Ebenézer e aos meus conterrâneos e irmãos em Cristo, da congregação de Olho D’ água do Manoel Luiz- MA, ao irmão Francisco e sua família, ao irmão Moisés e sua família, e ao irmão Miguel e sua família, pelas intercessões à Deus em meu favor, pelo carinho e admiração. À minha amiga irmã e parceira nos trabalhos, Thaynnara Cristina, por me proporcionar momentos de muita alegria, bem como pelo seu apoio e incentivo. À minha leal amiga, Laís pelo seu carinho, atenção e incentivo. Ao meu querido amigo Jânio César pela confiança e carinho. Aos meus amigos Fábio Chinelate, Samuel Moura, Luanná Diniz, Ingrid Mayara e Mª da Conceição pelos conselhos, críticas e por sempre acreditarem que seria possível. À minha Orientadora Profa. Msc. Gillian Santana de Carvalho Mendes, pela dedicação e ensinamentos, bem como pelo carinho e apoio. Ao Centro Universitário Uninovafapi, em especial à coordenação do curso de Direito, na pessoa da Coordenadora Joana, que sempre buscou proporcionar aos alunos os melhores meios de ensino para nosso crescimento intelectual. Aos professores que deram sua parcela de contribuição ao longo desses 5 anos, em especial, Lira pelo carinho, Cléa Mara pela dedicação e generosidade, Marília por sempre acreditar no melhor de cada um de nós e a professora Terezinha pela dedicação, sinceridade e exigência que nos fez despertar para não nos acomodarmos e que realmente valeu a pena. A todos os outros que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação. Muito obrigada! O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham plenamente. João 10:10 A AUTONOMIA DA VONTADE DO DEPENDENTE QUÍMICO, NA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. AUTONOMY OF WILL OF THE CHEMICAL DEPENDENT, ON COMPULSORY HO SPITALIZATION. JANAINA FERREIRA DA SILVA1 RESUMO O presente artigo trata da análise da autonomia da vontade do dependente químico na internação compulsória, analisando o instituto da capacidade civil na pessoa do dependente químico, traz ainda as consequências da dependência química e como podem ensejar na perda da capacidade plena. A partir da observação acerca da resistência que se tem em relação a concessão da Internação Compulsória, verificou-se a necessidade da produção deste trabalho. Para tanto, elencou-se os dispositivos legais que legitimam essa modalidade de tratamento juntamente com entendimentos doutrinários e jurisprudenciais acerca do assunto, demonstrando a importância da internação compulsória nas situações em que as alternativas de tratamento de forma voluntária não se mostram eficazes. Por fim, foi analisada em quais situações a internação compulsória poderá ser aplicada de forma eficaz para a recuperação do dependente. Conclui-se, portanto, que entre direito à vida e direito à liberdade, a legislação permite que o juiz, em análise firmada na assessoria médico- pericial, possibilite ou imponha a internação. PALAVRAS-CHAVES: Dependência química. Capacidade civil. Tratamento. Internação compulsória. ABSTRACT This article deals with the analysis of the independence of independence in compulsory hospitalization, analyzing the institute of civil capacity in the person of the chemical dependent, also bearing the consequences of the abandonment of supply 1 Graduanda do 9º período do Curso de Direito do Centro Universitário Uninovafapi. E-mail: mana_ja18@hotmail.com. https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/autonomy https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/of https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/will https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/of https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/the https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/chemical https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/dependent https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/on https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/compulsory https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/hospitalization https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles-portugues/hospitalization 8 and capacity. From the perspective on the working relation with the granting of internalisation, the existence of this work was verified. Therefore, the legal provisions that legitimize this modality of treatment with doctrinal and jurisprudential doctrines on the subject are listed, demonstrating the importance of compulsory hospitalization in situations in which treatment alternatives are not voluntarily guaranteed. Finally, the existence of an internal subsidy routine will be analyzed. It is concluded, therefore, that the right to life and the right to liberty come into existence, a law that allows the judge, in an analysis established in the medical evaluation, to permit or impose hospitalization. KEYWORDS: Chemical dependency. civil Capacity. Treatment. Compulsory hospitalization. 1 INTRODUÇÃO A internação compulsória (IC) é uma modalidade de tratamento para dependente químico com transtorno mental. É uma medida excepcional, visto que é contra a vontade do paciente, inclusive só é possível através de ordem judicial mediante laudo médico indicando tal modalidade de tratamento, além de outros critérios que devem ser levado em consideração na hora do médico indicar o tratamento. A IC pode ser considerada como única forma de tratamento para o indivíduo que se encontra dentro desses critérios que a lei preconiza. O estudo é de suma importância para esclarecer o tema, pois diante do contexto atual o Estado não disponibiliza de meios alternativos mais eficazes que alcance a necessidade desses indivíduos, a não ser os meios preventivos, porém não vem ao caso, tendo em vista que o presente estudo aborda a necessidade da internação compulsória dos que já se encontram em situação de dependência, não mais tendo discernimento dos seus atos e com isso colocando em risco a vida de outras pessoas, inclusive a sua própria vida. Dentro desse contexto o dependente químico nãogoza mais de capacidade plena considerando as consequências advindas da droga, o que tornou a IC um escape como também um fio de esperança para um pai que vê seu filho entregue à droga. Assim, a privação da liberdade do paciente na internação compulsória é um dos motivos que alguns doutrinadores e profissionais da área da saúde questionam a 9 eficácia dessa modalidade de tratamento, sugerindo para isso alternativas que preservam a liberdade do paciente. Diante disso, buscou-se reunir através de coleta de dados em fontes bibliográficas com base no ordenamento jurídico que legitima a IC e que esclarece em quais situações a mesma se torna extremamente necessária. 2 DA CAPACIDADE CIVIL Para ser um agente capaz é necessário ter personalidade jurídica, logo, todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade, mas a lei salvaguarda os direitos do nascituro desde a concepção, conforme elenca o art. 2° do Código Civil (BRASIL, 2002). De acordo com Gagliano (2017), personalidade jurídica é, a aptidão genérica para titularizar direitos e adquirir obrigações, adquirida a personalidade, a pessoa passa a ser um sujeito de direito, podendo assim, praticar atos e negócios jurídicos. É um avanço para a sociedade jurídica, o reconhecimento dos direitos e deveres da pessoa a partir da aquisição de sua personalidade civil. O art. 1° do Código Civil reconhece os atributos da personalidade com o sentido de universalidade ao prescrever que, “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil” (BRASIL, 2002). Para Gonçalves (2014), esse conceito comporta a seguinte subdivisão: capacidade de direito e capacidade de fato. - Capacidade de direito ou de gozo, é o mesmo que personalidade, está atrelada à ideia de aptidão, de atributo para o exercício de direitos civis, sendo reconhecido a toda pessoa titular de personalidade, sem distinção, logo, todos que nascem com vida adquirem esta. - Capacidade de fato é a capacidade de praticar atos pessoalmente e contrair obrigações por si mesmo na esfera cível. Para ser apto a exercer todos os atos da vida civil plenamente, não basta ter apenas uma das capacidades, se faz necessário ser detentor tanto da capacidade de direito, como a de fato, resultando então, na chamada capacidade plena. Uma pessoa física pode adquirir a capacidade de fato ao longo de sua vida, tanto como pode perdê-la. O Código Civil (2002) em seu artigo 5º, traz como regra geral, as formas como se adquire a capacidade de fato. A mesma pode ser cessada por intervenção judicial, desde que comprovado que determinada pessoa se encaixe em pelo menos um dos itens do artigo 4º do Código Civil (2002). A falta de alguns requisitos materiais, como maioridade, saúde, desenvolvimento mental e outros mais, 10 faz com que essas pessoas tenham seus direitos de exercício dos atos civis, condicionados a participação de outra pessoa, para que os represente ou assiste, à depender do grau de incapacidade. A incapacidade é o reconhecimento da inexistência, numa pessoa, daqueles requisitos que a lei acha indispensáveis para que ela exerça os seus direitos direta e pessoalmente. É nesse sentido que apregoa a doutrina Venosa, (2016, p.129): O homem maior de 18 anos entre nós, na plenitude de sua capacidade mental, tem ambas as capacidades, a de direito e a de fato, pode ser sujeito de direito, podendo praticar pessoalmente atos da vida civil; já o alienado mental, interdito por decisão judicial, não deixa de ter personalidade, como ser humano que é, possuindo capacidade jurídica, podendo figurar como sujeito de direito, porém necessita de que alguém, por ele, exercite a capacidade de fato que não possui, por lhe faltar o devido discernimento. Seus atos da vida civil são praticados por curador. Quem possui apenas a capacidade de direito ou por algum motivo perdeu ou teve sua capacidade limitada, e não tem discernimento suficiente para responder pelos seus atos, necessita ser representado ou assistido por terceiros, em razão disso é chamado de “incapaz”. O Código Civil, mostra quem são os incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer; I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. (BRASIL,2002). O rol dos relativamente incapazes pelo Código Civil (2002), resultou na possibilidade jurídica de interdição parcial dos que forem constatados seu discernimento reduzido, como por exemplo, os dependentes químicos que mediante a progressão do uso de substâncias psicoativas sofrem transtornos físicos como também mentais, inclusive tem sua capacidade de discernir comprometida, o que será detalhado mais à frente. Considera-se, mediante a isso, os dependentes químicos como integrantes no conceito de pessoas com deficiência, cuja Lei 13.146 (2015) no seu art. 2º, dispõe: Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015). Ademais, o Código Civil, em seu art. 1.767, diz, que estão sujeitos à curatela, “aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 11 discernimento para os atos da vida civil” (BRASIL, 2002). O inciso Ill do mesmo artigo menciona os ébrios habituais e os viciados em tóxico. Não há, portanto, revogação de tais artigos pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, mas sim um entendimento que corrobora com o mesmo. Diante disso, percebe-se, que a autonomia da vontade do dependente químico, é comprometida, mediante os efeitos que as substâncias utilizadas causam, como consequência poderá sofrer interdição judicial ou a curatela, institutos que têm o objetivo de declarar a incapacidade total ou parcial, a depender do caso concreto. A interdição é ordenada para o interesse do interditado, visando que seja bem cuidado. Contudo, o magistrado não decide apenas com base no seu entendimento, mas sim com o auxílio de especialistas como médicos, psiquiatras e psicólogos, para assessorá-lo profissionalmente, no sentido de apurar a efetiva existência da causa de interdição. No tocante ao dependente químico, é interessante ressaltar que caso seja comprovada a sua dependência química e como consequência a sua incapacidade e periculosidade em relação a terceiros, entende-se que este perde sua capacidade plena de decidir sobre seus atos, especialmente quando o que se deseja preservar é a saúde e a segurança não somente deste mas também de toda sociedade. 3 DEPENDÊNCIA QUÍMICA: TRANSTORNO PISQUIÁTRICO A dependência química é uma doença crônica, progressiva e primária, pois outras doenças aparecem em sua decorrência. Ela é considerada um transtorno mental caracterizado por um grupo de sinais e sintomas decorrentes do uso de drogas. Esses sinais e sintomas são: compulsão pelo uso da droga; sintomas de abstinência, necessidade de doses crescentes para atingir o mesmo efeito; falta de controle sobre a quantidade do uso; abandono de outras atividades e manutenção do uso, mesmo tendo prejuízos evidentes causados pela droga. “Três desses sintomas já são suficientes para se diagnosticar a dependência química”, ressalta o médico psiquiatra e cooperado da Unimed Cuiabá Mario Vinícios Silva Martello. (Movimento Saúde Unimed Cuiabá. 2016) É o que afirma também a Organização Mundial de Saúde, quando diz que é: [...] um estado psíquico e físico que sempre incluem uma compulsãode modo contínuo ou periódico, podendo causar várias doenças crônicas físico- psíquicas, com sérios distúrbios de comportamento. Pode também, ser resultado de fatores biológicos, genéticos, psicossociais, ambientais e culturais, considerada hoje como uma epidemia social, pois atinge toda gama 12 da sociedade, desde a classe social mais elevada a mais baixa. (Associação Panorama da Sobriedade, 2016). Nesse sentido, a dependência química pode ser entendida como uma alteração neurobiológica provocada pela ação direta e prolongada de uma droga. Cada droga tem um mecanismo de ação particular, porém todas elas atuam direta ou indiretamente, ativando uma mesma região do cérebro: o sistema de recompensa cerebral, o qual é formado por circuitos neuronais responsáveis pelas ações reforçadas tanto positivas quanto negativas. Segundo Laranjeira (2014), é na área de recompensa que as drogas interferem. Através de curto circuito, elas provocam uma ilusão química de prazer que induz a pessoa a usar a droga compulsivamente. Com a repetição do consumo, a pessoa perde o interesse pelas fontes naturais de prazer e só interessa aquele prazer imediato propiciado pela droga, mesmo que isso comprometa e ameace a vida do usuário. Nem sempre isso é entendido por quem está do outro lado, em relação ao comportamento do dependente, no entanto, é claro o efeito negativo da droga em todo organismo do indivíduo. As drogas de abuso aumentam a liberação de dopamina no núcleo accubens (região central do sistema de recompensa e importante para os efeitos das drogas de abuso.) em razão disso, muitas pessoas querem usar, porque querem ter uma sensação de bem estar, de alegria, já outras pessoas usam, quando estão tristes, deprimidas ou ansiosas e querem aliviar a sensação ruim. Esse efeito potencializador, ora de prazer ora aliviando sensações ruins, certamente aumenta as chances de reutilização da droga. (FORMIGONI, 2014). O indivíduo ao deixar de consumir a droga tem uma sensação de ressaca, o qual é considerado um dos principais motivos de impedimento para abandoná-las. E quanto mais se usa, mais cresce a chance de dependência e com isso, compromete sua saúde, principalmente a psicológica, uma das mais afetadas, pois altera sua maneira de viver, como por exemplo, sua interação no meio social. (SIGNIFICADOS, 2014). De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), as substâncias causadoras de dependência são: álcool, tabaco, cocaína e derivados como o crack e a pasta-base, maconha, alucinógenos, solventes e inalantes, a exemplo da cola de sapateiro e acetona, estimulantes como anfetaminas e cafeína, opióides, sedativos e hipnóticos. (Movimento Saúde Unimed Cuiabá, 2016). 13 Essa é uma realidade vivenciada pelos usuários compulsivos, em que os indivíduos caem com frequência numa espiral em que o ato de usar novamente se alterna cada vez mais rapidamente, a dependência se relaciona a problemas pessoais, familiares e sociais bastante graves, o que na verdade potencializa o anseio pela sensação de prazer momentâneo que o efeito lhe proporciona. Uma das drogas com uma proporção maior de uso intenso e de aumento da fissura é o crack, pois o mesmo atinge uma área do cérebro (Núcleo accubens), a qual é ativada quando os instintos de sobrevivência e reprodução são satisfeitos, pode-se comparar quando a pessoa tem satisfação sexual ou quando bebe água, é a parte mais afetada nos quadros de dependência. O crack causa uma sensação de prazer que excede as demais drogas já experimentadas, pois atinge uma região do cérebro onde inclui importantes centros de memória (Hipocampo e Amígdala), que faz o indivíduo lembrar o que ele fez que o levou àquela sensação. Com isso diversos estímulos são associados a essas memórias que podem ativar o desejo de voltar a sentir a mesma sensação prazerosa. Assim, uma vez dependente, sua capacidade de julgamento fica prejudicada, tornando-se ele mais propenso a seguir os estímulos de urgência que levam ao uso da droga, o que pode ser irreversível. (CRUZ; VARGENS; RAMÔA, 2014, pag 88-89). Diante do exposto é importante ressaltar a vulnerabilidade, como também a incapacidade, ainda que relativa, do indivíduo de ter discernimento e auto controle dos seus sentidos, enquanto dependente, mediante um efeito devastador que a droga lhe causa, tanto psicológico, físico como mental. Por essa razão e outras, conforme o exposto acima, ele não consegue por si só, controlar o desejo pela droga, o que faz com que o mesmo, perca todo tipo de pudor à moral, bons costumes, ética, e qualquer tipo de respeito por si e pelo próximo, o que o torna inegavelmente, vítima de seus próprios atos e ao mesmo tempo uma ameaça para o seu próximo, principalmente para família se for o caso de conviver juntos. Pois para alimentar seu vício ele ameaça a família, vende até o último item que estiver ao seu alcance, além disso, quando não tem dinheiro compra droga fiado e quando não paga os fornecedores no prazo, são coagidos à pagarem de qualquer jeito, muitas das vezes até com sua própria vida. 4 DO TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO DO DEPENDENTE QUÍMICO A lei Federal nº 10.216/01, garante os direitos, das pessoas com transtorno mental, inclusive os dependentes químicos. Em geral, essa lei assegura às pessoas 14 o direito de um tratamento digno e que respeite sua cidadania, é o que diz em seu art. 2º: Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades; II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento; VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. (BRASIL, 2001). Em sequência e de forma complementar, foi instituído o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; é regulado pela Lei 11.343/06 que prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas. Há ainda a Portaria n. 3088, de 23 de dezembro de 2011, que instituiu a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS. Segundo esta portaria (nº 3088,23/12/2011) a rede de atenção psicossocial é formada pela Atenção Básica em Saúde; Atenção Psicossocial Especializada; Atenção de Urgência e Emergência; Atenção Residencial de Caráter Transitório; Atenção Hospitalar; Estratégias de Desintitucionalização; Reabilitação Psicossocial. (Anexo 1). A Portaria 3088/11 estabelece os CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSad, CAPSad III e CAPS i, serviços comunitários ambulatoriais, que tomam para si a responsabilidade de cuidar de pessoas com sofrimento mental e dependentes de drogas, especialmente os severos e persistentes, em seu território de abrangência. Os CAPS constituem um papel fundamental, pois seguem um plano estratégico na articulação da rede de saúde, desenvolvem projetos terapêuticos e comunitários, adotam uma política de tratamento não medicamentoso, com base no acompanhamento individualizado de cada paciente, buscando trabalhar em conjunto com a família e promovendo o emponderamento para que o mesmo possaenfrentar 15 seus problemas e conseguir sair do mundo das drogas. (CRUZ; FERREIRA, 2014, p. 22-23). Assim, o SUS trabalha com a lógica do CAPS, ou seja, não se prioriza a internação, mas a reinserção social e o tratamento em meio aberto, sendo a internação utilizada como último recurso, em casos excepcionais e apenas para desintoxicação. Não obstante, esse modelo de tratamento ambulatorial mostra-se adequado para uma parcela considerável de indivíduos, aqueles que livremente escolhem participar de todo esse acompanhamento que a rede SUS oferece, no entanto existem casos em que tais recursos se mostram insuficientes, é o caso, portanto, daqueles que não querem se tratar por livre espontânea vontade, mas que em virtude de todos os transtornos que causam a si próprio como também para todos que estão ao seu redor, a família se vê obrigada a buscar uma solução. A única solução que o Estado oferece para o paciente que não aceita o tratamento voluntariamente são as internações, que mediante o estado do paciente, o médico indica a que mais se adequa ao caso. A Lei 10.216 traz em seu dispositivo que “a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra hospitalares se mostrarem insuficientes” (BRASIL, 2001). Ou seja, a internação é a exceção, em regra, o paciente deve passar primeiramente pelo tratamento que o CAPS oferece. Somente excepcionalmente a internação deve ser indicada, esse caráter de excepcionalidade fica evidenciado na Portaria GM 2.391/02, que regulamenta o controle dessas internações. Assim, conforme o art. 6º parágrafo único da Lei 10.216, são três os tipos de internações psiquiátricas: Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica: I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário; II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. (BRASIL, 2001). - Internação Voluntária é aquela em que o próprio paciente solicita ou consente, inclusive tem o direito e liberdade de a qualquer momento pedir a sua suspensão. 16 - Internação Involuntária, ocorre a pedido de terceiro, em razão de não haver o consentimento do paciente. A mesma deverá ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta. Somente poderá ocorrer se autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina do Estado onde o estabelecimento estiver localizado como determina o artigo 8º, caput (BRASIL, 2001). -Internação Compulsória, aquela determinada pela justiça. Conforme a Lei 10.216, a internação compulsória deve ser aplicada à pessoas com transtorno mental. 5 DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA Conforme a Lei 10.216/2001, a internação compulsória é alcançada por determinação da autoridade judicial, realizada através do relatório médico. É um dos meios que se busca para tratar pacientes com dependência química que desenvolve transtorno mental e em decorrência disso oferece riscos para si e para a sociedade, conforme já relatado anteriormente sobre as consequências. É o que explica o psiquiatra Requião (GAZETA DO POVO, 2018): “São casos de dependência química, com alteração grave de comportamento, quadros psicóticos, principalmente esquizofrenia. Muitas vezes, a família recorre à Justiça pela total incapacidade de controlar o paciente e seus hábitos. O internamento compulsório visa a proteger a sociedade dos atos que o indivíduo não tem controle, principalmente em casos de agressão”, explica o psiquiatra Dagoberto Requião, professor do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)." É importante ressaltar que a IC é concedida em decorrência de falha dos meios de tratamento alternativos e com um laudo médico que prescreva tal tipo de tratamento. Com isso, a internação compulsória deve ser tratada como exceção da exceção. (BASILIO, 2017). A internação, sendo compulsória, fica a critério do juiz, assim tanto a entrada do paciente no serviço quanto sua saída dependem de autorização judicial. Além da Lei 10.216/01, existe ainda o decreto 891/1938 que, em tese, autoriza o Estado a pedir uma ordem judicial para a internação obrigatória de ébrios e toxicômanos em caráter de interesse de saúde pública. O interessado poderá acionar o órgão competente, a exemplo, Defensoria Pública, caso se enquadre na qualidade de hipossuficiente nos termos da lei, para requerer a IC, caso o Juiz defira o pedido, na decisão ele já menciona o local da 17 internação com base nos documentos juntados, especificamente no laudo médico o qual deve constar segundo entendimento médico a indicação da IC. Importa ressaltar o que a jurisprudência nos traz em relação às internações compulsórias, pois se há uma avaliação antes da internação, nos casos de laudo médico, não se faz necessária à avaliação, pois resta comprovado o grave estado de saúde do paciente. APELAÇÃO CÍVEL. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA TRATAMENTO CONTRA DROGADIÇÃO. O caso. Internação compulsória de pessoa maior de idade, para tratamento contra drogadição. Com deferimento liminar e sentença de procedência. Legitimidade passiva. Os entes estatais são solidariamente responsáveis pelo atendimento do direito fundamental à saúde. Logo, não há em ilegitimidade passiva ou obrigação exclusiva de um deles. Necessidade de avaliação antes da internação. Desnecessária a avaliação da apelada pelo CAPS municipal para justificar sua internação, porquanto seu quadro de dependência química esteja suficientemente comprovado por laudo médico, juntado aos autos. Desnecessidade de obediência à ordem de atendimento em face da urgência, não ferindo os princípios da isonomia e da legalidade. Não há se falar em desobediência à ordem de atendimento, porquanto comprovado o gravo estado de saúde da paciente, a teor do artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal. Do ponto de vista constitucional, é bem de ver que a condenação dos entes estatais ao atendimento do direito fundamental à saúde não representa ofensa aos princípios da isonomia e da legalidade. Honorários advocatícios em favor do FADEP. Configurada a pretensão resistida é adequada à condenação do Município ao pagamento de honorários advocatícios. É de rigor a majoração dos honorários advocatícios fixados pela sentença em favor da Defensoria Pública. DERAM PROVIMENTO AO APELO DA PARTE AUTORA E DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO DO ESTADO. ((Apelação Cível Nº 70059289207, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em, 2014). Sobre a legitimidade para pleitear a internação de portadores de transtorno mental, o Decreto nº 24.559 de 1934 em seu artigo 11 dispõe que será feito por ordem judicial, requisição da autoridade policial, a pedido do próprio paciente ou por solicitação do cônjuge, ascendente ou descendente ou parente até o 4º grau, sendo que, na ausência destes, o pedido poderá ser feito por curador, tutor, diretor de hospital civil ou militar, diretor ou presidente de qualquer sociedade de assistência social, leiga ou religiosa, chefe de dispensário psiquiátrico.( SANTOS, 2017). AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO MOVIDA POR PARENTE. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA. REJEIÇÃO. PEDIDO DE INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DA PACIENTE PARA FIM DE TRATAMENTO MÉDICO. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. 51 REQUISITOS AUTORIZADORES TIPIFICADOS. OBRIGAÇÃO DO ENTE MUNICIPAL ACIONADO. INTERLOCUTÓRIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. I. Parente até o 4º grau detém legitimidade para agir em favor daquele que tem conduta psicótica, ainda que maior de idade e não interditado, visando a assegurar-lhe sua integridade física e psíquica, nos expressos termos do Decreto n. 24.559/1934, razãopela qual é de ser rejeitada a preliminar suscitada in casu. II. Caracterizado risco à integridade física e psíquica da interessada, que é financeiramente hipossuficiente, e a 18 responsabilidade do Município réu em prover os meios de acesso à saúde, inexiste óbice à antecipação dos efeitos da tutela para que se promova a internação compulsória e a assistência médica vindicadas, nos precisos termos do art. 300 do Código de Processo Civil. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 0032167-71.2016.8.24.0000, de Criciúma, rel. Des. João Henrique Blasi, j. 22-11-2016). Diante o exposto, fica evidente a legitimidade da aplicação da Internação Compulsória, sendo ela aplicável para casos excepcionais, e obedecendo os critérios que a lei exige para que de fato possa ser requerida. Verifica-se que nem todos pacientes podem ser avaliados da mesma maneira, entendendo que cada um possui suas peculiaridades e cada um vive uma realidade diferente. Por isso, deve- se levar em consideração o caso concreto, partindo do pressuposto de que nem todos os casos é recomendado a IC. Em razão de ser uma alternativa que requer maior cuidado na sua aplicabilidade, tendo em vista que priva o paciente da sua liberdade, há divergências entre juristas pois surge um conflito de direitos entre o direito à vida, saúde e o direito de liberdade e autonomia da vontade. Entretanto, não deve-se colocar em uma balança tais direitos para saber o que pesa mais, pois, diante do que já foi exposto, não é em qualquer caso que é recomendado, têm requisitos a serem preenchidos conforme a Lei 10.216/01, a qual regulamenta tal internação. Atualmente tem-se intensificado a judicialização dos processos de IC, segundo dados do Núcleo da Saúde da Defensoria Pública do Piauí, é bastante significativa a procura por essa modalidade de refúgio, de 10 atendimentos ao dia, pelo menos 2 se trata de pedido de IC. Ocorre que, nem sempre o pedido se efetiva em uma ação judicial, na maioria dos casos, o interessado não consegue providenciar todas as documentações exigidas para daí o pedido ser formalizado. A maior queixa na hora de reunir a documentação é em relação ao laudo circunstanciado do médico, documento indispensável para entrar com uma ação judicial. No ano de 2017 foram judicializadas 7 ações entre Internação Compulsória e a Involuntária, já no corrente ano, foram ajuizadas 4 ações. Das ações ajuizadas, apenas 2 foram deferidas, uma delas em grau de recurso. Com relação o indeferimento, o NATEM- NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO AO MAGISTRADO, no Estado do Piauí, tem dado parecer desfavorável em alguns pedidos de IC, nesse sentido preceitua: [...] o tratamento não é adequado e necessário. Internações Involuntárias por psicose e dependência química podem ser realizadas pelo SUS. Acrescenta- se que a internação por dependência química não necessita durar seis meses 19 nem apresenta importante taxa de manutenção de abstinência ao longo tempo. Assim, o juiz decide levando em consideração o parecer do NATEM, e sendo este desfavorável o pedido certamente será indeferido. Ocorre que, de acordo o parecer do NATEM, percebe-se que não fora tratado o caso de forma específica, na verdade o que se vê é uma justificativa genérica que não é razoável aplicá-la. Pois é evidente que uma vez que se procura a IC, é porque certamente o paciente resistiu as outras formas de tratamento. 6 DO DIREITO À SAÚDE A saúde é um direito humano de todos e o Estado tem a obrigação de oferecer serviços eficazes e eficientes a toda à população, proteção aos direitos à vida e à saúde, sob fundamento maior da dignidade da pessoa humana. A Carta Magna, em diversos dispositivos, trata da proteção do direito à saúde. O art. 1º, III, elegeu a dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil. O artigo 3, IV,º constitui como objetivo da República a promoção do bem de todos. Por sua vez, o artigo 5º assegura a inviolabilidade do direito à vida. No artigo 6º, o direito à saúde é expressamente garantido dentre os direitos sociais. Entretanto, trata-se de uma medida coercitiva, que reflete sobre o direito de liberdade do indivíduo, sendo necessário, portanto, a inclusão da mesma no pólo passivo, a fim de que seja garantido a ele o direito de ampla defesa. A Constituição Federal em seu art. 196, dispõe: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988). A dignidade da pessoa humana deve ser invocada na defesa não somente de direitos individuais, mas também dos direitos sociais fundamentais. Conforme ensina Silva (2005, p. 105), “dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida”. No que tange ao sistema constitucional de direitos fundamentais, a doutrina aponta sua perspectiva objetiva, o que revela que os direitos fundamentais, hoje, representam não somente garantias negativas dos interesses individuais, mas também valores objetivos e fins diretivos da ação positiva do Estado. Dessa forma, 20 como direitos objetivos, os direitos fundamentais fornecem diretrizes para a aplicação de todo o ordenamento infraconstitucional e norteiam a atuação estatal. Nas palavras de Sarlet (2013, p. 393-394): Os direitos fundamentais implicam deveres de proteção do Estado, impondo aos órgãos estatais a obrigação permanente de, inclusive preventivamente, zelar pela proteção dos direitos fundamentais dos indivíduos, não somente contra os poderes públicos, mas também contra agressões por parte de particulares e até mesmo por parte de outros Estados. Isto não significa, contudo, que não se possa – a despeito da forte resistência neste sentido – falar em deveres de proteção de particulares, o que, contudo, diz mais de perto com o item dos deveres fundamentais, bem como com o tópico da vinculação dos particulares aos direitos fundamentais. Tais deveres de proteção, parte dos quais expressamente previstos nas Constituições, podem ser também reconduzidos ao princípio do Estado de Direito, na medida em que o Estado é o detentor do monopólio, tanto da aplicação da força, quanto no âmbito da solução dos litígios entre os particulares. Por força dos deveres de proteção, aos órgãos estatais incumbe assegurar níveis eficientes de proteção para os diversos bens fundamentais, o que implica não apenas a vedação de omissões, mas também a proibição de uma proteção manifestamente insuficiente, tudo sujeito a controle por parte dos órgãos estatais, inclusive pelo Poder Judiciário. Assim, os deveres de proteção implicam deveres de atuação (prestação) do Estado e, no plano da dimensão subjetiva – na condição de direitos à proteção –, inserem-se no conceito de direitos a prestações estatais. Desse modo, entende-se que a dignidade humana é a base de todo o sistema constitucional de tutela, o dependente químico, como todo ser humano, deve ter assegurada a proteção de sua dignidade e de todos os direitos dela decorrentes. Além do mais, como portador de transtorno mental, deve ter seus direitos fundamentais tutelados especialmente no que se refere à sua situação de vulnerabilidade, como prevê a Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, que tem como princípio o “respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas”. (CONVENÇÃO DE NOVA YORK, 2009). Art. 1. O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. (...) Art. 3: Os princípiosda presente Convenção são: a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas; (Convenção de Nova York, 2009) Acrescente-se que é dever do Estado garantir o direito à saúde, conforme o art. 196 da CF/88. Faz-se necessário, portanto, da ação dos Poderes Públicos no tocante à execução das tarefas e objetivos atribuídas a estes, para que haja efetivação dos direitos os quais são garantidos pela Carta Magna. Assim, não resta dúvidas da responsabilidade solidária que recai sobre os entes federados em se tratando de 21 direito fundamental o qual possui grande relevância social, como é o caso da saúde, cuja efetivação não pode ser prejudicada por questões de conflito de competência. Nesse caso, os entes federados não podem se omitirem frente a tão evidente responsabilidade, diante dos deveres que cabem a todos. A Lei Orgânica da Saúde, (Lei nº 8.08/90), estabelece, como princípio fundamental, a saúde do ser humano e que o Estado tem o dever de prover políticas econômicas e sociais para que o direito à saúde seja efetivado de maneira que seja assegurado a todos o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação. As ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas, constituem o Sistema Único de Saúde (SUS). Ademais, segundo o art 7º, o SUS é regido conforme as diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal de 1988, descentralização, atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais e a participação da comunidade, obedecendo ainda aos seguintes princípios, universalidade, integralidade de assistência e igualdade de assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. No mesmo sentido, dispõe jurisprudência: DIREITO À SAÚDE. INTERNAÇÃO HOSPITALAR PSIQUIÁTRICA COMPULSÓRIA. PESSOA PORTADORA DE TRANSTORNO MENTAL. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA DO PODER PÚBLICO DE FORNECÊ-LA. CONDENAÇÃO DO MUNICÍPIO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS PARA DEFENSORIA PÚBLICA. ADEQUAÇÃO. DESCABIMENTO DE REEXAME NECESSÁRIO. DETERMINAÇÃO DE JUÍZO DE RETRATAÇÃO. 1. Quando se trata de pessoa pobre, portadora de distúrbios psiquiátricos, é cabível pedir aos Entes Públicos a sua internação compulsória e o fornecimento do tratamento de que necessita, a fim de assegurar-lhe o direito à saúde e à vida. 2. Os entes públicos têm o dever de fornecer gratuitamente o tratamento de pessoa cuja família não tem condições de custear. 3. Há exigência de atuação integrada do poder público como um todo, isto é, União, Estados e Municípios para garantir o direito à saúde. 4. É solidária a responsabilidade dos entes públicos. Inteligência do art. 196 da CF. [...] (Apelação e Reexame Necessário Nº 70053022109, Sétima Câmara Cível, 57 Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 28/08/2013, DJ 02/09/2013). 7 DA NECESSIDADE DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA O grande desafio em relação a IC, é a banalização dessa medida mediante a grande demanda que vem ocorrendo, reflexos das consequências que a pessoa em estado de dependência química cumulado com transtorno mental, apresenta. Mesmo existindo divergências na aplicação dessa modalidade de tratamento, importa ressaltar que a mesma encontra respaldo no ordenamento jurídico, não como sendo 22 a mais indicada, mas sim como uma alternativa de tratamento para os casos que não se enquadram nos modelos de tratamento assistencial os quais o SUS oferece. Modelos esses que já foram tratados anteriormente como ineficazes, em virtude disso, cabe ao Estado, oferecer os meios necessários para a garantia do direito à saúde de maneira que viabilize um tratamento que atenda a necessidade da pessoa com tal transtorno. Prescreve Franco Júnior, (2007) que um dos maiores flagelos sofridos pela humanidade é a disseminação do uso de álcool e drogas, causando inúmeras mortes, inclusive de inocentes. Muitas são causas que podem levar uma pessoa à esse caminho, muitas vezes sem volta, como por exemplo, a aparente normalidade do uso corriqueiro de bebidas alcoólicas e cigarros dentro de casa e nos ambientes sociais, a falta de diálogo franco entre pais e filhos, a curiosidade, a necessidade de afirmação perante um grupo, a ganância de alguns e certamente o desequilíbrio familiar contribuem consideravelmente para o uso de álcool e drogas, sendo a família a que mais sofre, pois perdem o sono, a saúde, o patrimônio e a paz, ficando apenas com um fio de esperança e com isso recorrem ao poder público na expectativa de que de alguma forma com a intervenção judicial o dependente possa ser tratado. Relata ainda, que há muitas divergências em torno de qual seria a melhor forma de tratamento, porém é passível os entendimentos de que qualquer intervenção terapêutica é melhor do que a falta dela, tendo em vista que a dependência é uma doença crônica e que necessita de tratamento. Defende a IC como sendo uma alternativa excepcional visto que nem todos precisam dessa medida e que é uma modalidade que exige cautela na hora de indicá-la, pois deve ser analisado o grau de dependência do paciente. Nesse contexto é evidente que quando o paciente apresenta um quadro de transtorno mental, colocando em risco a própria saúde e de seus familiares, é plenamente aplicável a Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, assegurando assim, ampla proteção ao doente mental, especialmente tratamento médico, e prevê, no art.2º.,6º, II, III, e 9º, a possibilidade de internação involuntária compulsória. Cumpre ainda ressaltar, a importância de se trabalhar a reinserção desse paciente no meio social, a Lei nº 11.343/06, instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad, o qual prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; 23 estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - SAÚDE - COMPETÊNCIA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA - USUÁRIO DE DROGAS - DEPENDENTE QUÍMICO - CRACK. É de competência da Fazenda Pública Estadual o processamento e julgamento da demanda que visa a garantia de direito a saúde tendo o Estado como parte inserida no polo passivo da relação. Não há que se falar em burla a fila do SUS tendo em vista que o direito a saúde é constitucionalmente garantido a todos. Na medida que o usuário de drogas se aprofunda e se entrega ao vício, chega-se ao ponto de não mais responder por si e, a partir deste momento, passa a oferecer riscos não só a sua vida, mas riscos a toda a sociedade e, especialmente, seus familiares que envoltos pelo amor àquele indivíduo e pela dor de vê-lo definhar neste "maldito mundo das drogas" passam a se arriscar para evitar que males maiores aconteçam a pessoa amada. É dever do Estado (em sentido lato) prover a manutenção da saúde dos contribuintes, inclusive quando se está tratando de usuários e dependentes de drogas, in casu o "crack". Havendo demonstração de que o sujeito necessita do tratamento com internação compulsória, face ao laudo médico acostado, impõe-se a manutenção da medida sob pena de multa diária de R$ 500,00 quinhentos reais. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJES, Classe: Agravo de Instrumento, 24139009344, Relator: RONALDO GONÇALVES DE SOUSA, Órgão julgador: TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento: 16/07/2013, Data da Publicação no Diário: 26/07/2013) DIREITO À SAÚDE. INTERNAÇÃO HOSPITALAR PSIQUIÁTRICA COMPULSÓRIA. PESSOA MAIOR USUÁRIA DE DROGAS. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA DO PODER PÚBLICO DE FORNECÊ-LA. 1. Tratando-se de pessoa usuária de drogas,agressiva e violenta, é cabível pedir aos entes públicos a sua internação compulsória e o fornecimento do tratamento de que necessita, a fim de assegurar-lhe o direito à saúde e à vida. Trata-se de uma modalidade de tratamento que para sua eficácia, faz-se necessário haver fiscalização por parte do poder público, no que tange a forma de tratamento utilizado nas clínicas, o tempo de internação como também as condições estruturais desses ambientes, até mesmo para própria segurança dos profissionais. Considerando a grande demanda de pacientes e tendo como prioridade a saúde, torna-se imprescindível a avaliação e renovação das ações utilizadas quanto ao tratamento. O tratamento nesses termos deve respeitar os diversos níveis de gravidade e as formas como ocorrem em cada indivíduo, família, grupo e comunidade. É um desafio, pois, se faz necessário uma equipe multidisciplinar para que se possa trabalhar além da dependência, os outros problemas que o levaram às drogas, como também a reinserção desse paciente na sociedade. Cabe ressaltar que o Estado não dispõe de serviços públicos para o tratamento na modalidade compulsória, no entanto não o exime de tal responsabilidade, nesse caso, o mesmo deverá custear o tratamento em clínica particular. É nesse ponto, em que o familiar, não tendo condições financeiras procura a Defensoria Pública para 24 pleitear junto ao poder judiciário o pedido da IC. Já sendo este o último recurso de que dispõe para minimizar a dor e oferecer ao filho a possibilidade do tratamento de que tanto necessita, com a finalidade de vê-lo livre do infortúnio e de reaver a condição normal de saúde psíquica e social. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista os argumentos apresentados, constata-se que, a capacidade de fato do dependente químico não é absoluta e que conforme o grau de dependência e as circunstâncias fáticas desse dependente, sua capacidade sofre limitações, ensejando a possibilidade da internação compulsória. A capacidade de fato pode ser cessada por intervenção judicial, desde que obedecidos os preceitos legais, que estipulam critérios de admissão para essa modalidade de tratamento. Constatada a inviabilidade de tratamento de forma voluntária juntamente com indicação de internação compulsória pelo médico não há no que se falar em violação de direitos, tendo em vista que a saúde de um indivíduo está se deteriorando e consequentemente com risco de dano inverso, além do que a internação compulsória mostra-se, num primeiro momento, como a última e única alternativa a ser adotada quando o consentimento não pode ser obtido e o estado de saúde revelar risco de morte pra si e pra sociedade. A modalidade de internação compulsória não tem como objetivo principal tão somente a privação de liberdade do dependente, o que se almeja na verdade é o tratamento do indivíduo e a sua reinserção na sociedade, garantindo ao paciente o respeito à sua dignidade humana e a todos os seus direitos fundamentais durante o tratamento. Quando o que está em jogo é a autonomia da vontade e a saúde do paciente, opta-se por priorizar a saúde do ser humano. Desse modo verificou-se também que o Estado com seus órgãos competentes tem o dever de proporcionar tratamento adequado para o paciente assim como também atuar de forma efetiva na fiscalização dos locais de internação conforme prevê a Lei 10.216/01. Constatou-se, portanto, que o dependente químico com transtorno mental tem sua capacidade plena limitada, pois perde o discernimento de escolher o que seja melhor para sua saúde, se entregando, portanto, completamente ao vício, 25 consequência essa da dependência às drogas. Em decorrência disso é possível ser privado da sua “liberdade” para que verdadeiramente seja livre de forma digna. REFERÊNCIAS ADVOGADOS, JF. Saiba o que é a interdição familiar. Ação de Interdição e Curatela, 2018. Disponível em:<https://advguilhermejacobi.jusbrasil.com.br/artigos/608318394/saiba- o-que-e-a-interdicao-familiar>. Acesso em 20/out/2018. BASILIO, Ana Luiza. Entenda a internação compulsória. 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ANEXO Considerando a necessidade de que o SUS ofereça uma rede de serviços de saúde mental integrada, articulada e efetiva nos diferentes pontos de atenção para atender as pessoas com demandas decorrentes do consumo de álcool, crack e outras drogas; e Considerando a necessidade de ampliar e diversificar os serviços do SUS para a atenção às pessoas com necessidades decorrentes do consumo de álcool, crack e outras drogas e suas famílias, resolve: Art. 1º Fica instituída a Rede de Atenção Psicossocial, cuja finalidade é a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas https://www.gazetadopovo.com.br/justica/a-acao-dos-juizes-e-os-dilemas-da-internacao-compulsoria-no-brasil%3e https://www.gazetadopovo.com.br/justica/a-acao-dos-juizes-e-os-dilemas-da-internacao-compulsoria-no-brasil%3e http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142014000200342 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142014000200342 https://tjpi.pje.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=ed21930eea8903e7b43bc67255b4e2f8b68e017c404b0ab08ccbe9c7fd8d0d1c2b7e58874b461cb43041f6d63fd4b486&idProcessoDoc=202048 https://tjpi.pje.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=ed21930eea8903e7b43bc67255b4e2f8b68e017c404b0ab08ccbe9c7fd8d0d1c2b7e58874b461cb43041f6d63fd4b486&idProcessoDoc=202048 https://tjpi.pje.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=ed21930eea8903e7b43bc67255b4e2f8b68e017c404b0ab08ccbe9c7fd8d0d1c2b7e58874b461cb43041f6d63fd4b486&idProcessoDoc=202048 https://tjpi.pje.jus.br/pje/ConsultaPublica/DetalheProcessoConsultaPublica/documentoSemLoginHTML.seam?ca=ed21930eea8903e7b43bc67255b4e2f8b68e017c404b0ab08ccbe9c7fd8d0d1c2b7e58874b461cb43041f6d63fd4b486&idProcessoDoc=202048 http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/6093/1/ROGER%20ELLWANGER%20DOS%20SANTOS.pdf http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/6093/1/ROGER%20ELLWANGER%20DOS%20SANTOS.pdf https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/3256/1/Monografia%20-%20Laila%20Rainho%20de%20Oliveira.pdf https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/3256/1/Monografia%20-%20Laila%20Rainho%20de%20Oliveira.pdf https://www.blogger.com/profile/17449158217782061932 http://www.panoramadasobriedade.com.br/2016/08/dependencia-doenca-organizacao-mundial.html http://www.panoramadasobriedade.com.br/2016/08/dependencia-doenca-organizacao-mundial.html https://www.significados.com.br/dependencia-quimica/ https://drauziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/dependencia-quimica/ 28 com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 2º Constituem-se diretrizes para o funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial: I - respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas; II - promoção daequidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde; III - combate a estigmas e preconceitos; IV - garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; V - atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas; VI - diversificação das estratégias de cuidado; VII - desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania; VIII - desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos; IX - ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares; X - organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado; XI - promoção de estratégias de educação permanente; e XII - desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular. (BRASIL, 2011). 29
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