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Universidade Federal do Maranhão - Cultura e Identidade Surda

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Universidade Federal do Maranhão – UFMA
Centro de Ciências Humanas – DELER – CCH
Curso de Letras Libras – 2020.3
Disciplina Cultura e Identidade Surda
Professora Heridan Guterres 
Discente Ana Paula Soares Carvalho Prazeres
Texto: CULTURA E IDENTIDADE SURDAS: ENCRUZILHADA DE LUTAS SOCIAIS E TEÓRICAS (SANTANA, Ana Paula; BERGAMO, Alexandre)
Leitura e marcação das ideias principais. Resumo do texto em 500 palavras. Sua produção deve conter a ideia principal, objetivos, conceitos relevantes e o que você inferiu a partir do estudo realizado.
Por muito tempo, os surdos foram vistos como anormais. Ao longo da história, eles, constituíram um grupo de características próprias, que muito sofreu com a imposição da cultura ouvinte. Essa tomou decisões em relação à vida social dos Surdos, sem respeitar suas necessidades e levar em consideração suas expressões, a respeito do que, realmente, seria melhor para eles. Foi depois do reconhecimento da Língua de Sinais e das identidades surdas que os movimentos e consciências políticas e culturais começaram a ter forças. 
Ainda hoje vemos a discriminação por conta da sua linguagem, sua cultura, e isso acabam atingindo no reconhecimento dessa pessoa surda pertencente a uma comunidade linguística e cultural distinta. É preciso conhecer minimamente, e se sensibilizar, para entender o outro em sua alteridade, mediados por uma visão consciente que se instaura no respeito aos surdos, suas culturas, comunidades e especificidades. Conferir a LIBRAS como estatuto de língua não tem apenas repercussões linguísticas cognitivas, mas também sociais. Se ser anormal é caracterizado pela ausência de língua e de tudo que ela representa (comunicação, pensamento, aprendizagem etc.), a partir do momento em que se tem a língua de sinais como língua do surdo, o padrão de normalidade também muda. Ou seja, a língua de sinais legitima o surdo como “sujeito de linguagem” e é capaz de transformar a “anormalidade” em diferença (PFEIFER, 2015).
A maioria dos estudos sobre “Identidade surda” geralmente relacionam esta ao uso da língua, a naturalidade do indivíduo surdo em se expressar em sua própria língua, já que não pode ouvir e se expressar oralmente.
 O que ocorre, na verdade, é que, em contato com outro surdo que também use a língua de sinais surgem novas possibilidades interativas, de compreensão, de diálogo, de aprendizagem, que não são possíveis apenas por meio da linguagem oral. A aquisição de uma língua, e de todos os mecanismos afeitos a ela, faz com que se credite à língua de sinais a capacidade de ser a única capaz de oferecer uma identidade ao surdo. (SANTANA & BERGAMO, 2005, p.567.) 
A identidade e cultura do povo surdo também são expressas por meio de suas ações cotidianas: luzes na campainha e despertadores que vibram entre outras marcas de uma cultura visual, em vez de som. Entre os aspectos observados na produção textual de surdos usuários da Língua de Sinais Brasileira é que suas fábulas, poesias e piadas refletem sua cultura de uma maneira particular ao ver os sujeitos surdos e ouvintes por uma ótica que os ouvintes nem sempre conseguem visualizar. Surdos sinalizam sobre surdos, suas vontades, seus desejos e seu próprio mundo, diferente de uma adaptação. 
Desta forma, compreender o que é a identidade e cultura surda vai além de um simples apontamento do que seria esse sujeito surdo. Envolve alguns fatores e elementos complexos e subjetivos, sendo definida a partir do próprio individuo, uma vez que é a partir dele e do seu engajamento ou condição que se definirá a si mesmo. Porém, é a Língua de Sinais que possui “a capacidade de ser a única capaz de oferecer uma identidade ao surdo”, como aponta Santana e Bergamo (2005). 
O surdo que se identifica com a língua de sinais e com a cultura surda possui orgulho de ser e não se considera um deficiente auditivo.

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