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Estudos Linguísticos: Abordagens e Correntes

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Montes Claros/MG - 2014
Diocles Igor Castro Pires Alves
Liliane Pereira Barbosa
Linguística
1ª EDIÇÃO ATUALIZADA
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
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DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
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EDITORA UNIMONTES
Conselho Consultivo
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César Henrique de Queiroz Porto
Duarte Nuno Pessoa Vieira
Fernando Lolas Stepke
Fernando Verdú Pascoal
Hercílio Mertelli Júnior
Humberto Guido
José Geraldo de Freitas Drumond
Luis Jobim
Maisa Tavares de Souza Leite
Manuel Sarmento
Maria Geralda Almeida
Rita de Cássia Silva Dionísio
Sílvio Fernando Guimarães Carvalho
Siomara Aparecida Silva 
CONSELHO EDITORIAL
Ângela Cristina Borges
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Betânia Maria Araújo Passos
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo
César Henrique de Queiroz Porto
Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Jânio Marques Dias
Luciana Mendes Oliveira
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
Maria Nadurce da Silva
Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
Zilmar Santos Cardoso
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
Káthia Silva Gomes
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camila Pereira Guimarães
Camilla Maria Silva Rodrigues
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
Sanzio Mendonça Henriiques
Wendell Brito Mineiro
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Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso rocha
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Mariléia de Souza
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa Lafetá de Melo Franco
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
rogério othon Teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Ângela Cristina Borges
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
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Chefe do Departamento de História/Unimontes
Francisco oliveira Silva
Jânio Marques Dias
Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares
Cléa Márcia Pereira Câmara
Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
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Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
Carlos Caixeta de Queiroz
Ministro da Educação
José Henrique Paim Fernandes
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Narcio rodrigues da Silveira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos reis Canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício rodrigues Neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques Dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autores
Diocles Igor Castro Pires Alves
Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Materna. Atualmente é professor 
do Departamento de Comunicação e Letras da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes.
Liliane Pereira Barbosa
Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Atualmente é 
professora do Departamento de Comunicação e Letras da Universidade Estadual de Montes 
Claros - Unimontes.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Linguística pré-saussuriana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Na antiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
Movimentos linguísticos do século XX: polo formalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2.2 Polo formalista. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2.3 Estruturalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
2.4 Gerativismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
Movimentos linguísticos do século XX: polo pragmático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.2 Polo pragmático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.3 Funcionalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.4 Teoria dos atos de fala. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
3.5 Pragmática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
3.6 Linguística textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
3.7 Análise da conversação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
3.8 Análise do discurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
3.9 Sociolinguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
3.10 Neurolinguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
3.11 Psicolinguística. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . .41
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
9
Letras Português - Linguística
Apresentação
Olá! Neste semestre ocorre a segunda disciplina de estudos linguísticos do curso, intitulada 
Linguística, e nosso propósito, agora, a partir dos conhecimentos básicos adquiridos na discipli-
na anterior, é suscitar discussão a respeito dos movimentos linguísticos que corroboraram para o 
delineamento do objeto língua/linguagem.
Para tanto, refletiremos sobre as abordagens sócio-históricas da linguagem e seus efeitos no 
modo de o homem compreendê-la, enfocando as correntes linguísticas propostas a partir do sé-
culo XX, e confrontaremos as diversas tomadas de posicionamento de estudiosos/ pesquisadores 
da língua, ao longo da história.
É interessante já ressaltar que, assim como a língua traz em si germes de mudança, visto que 
ela é dinâmica, também o modo de entendê-la e/ou de investigá-la é dado a mudanças. Dessa 
forma, várias foram as perspectivas através das quais se tentou explicar e analisar o fenômeno da 
linguagem, ainda que elas instaurem uma relação de confronto, de reforço e/ou de complemen-
tação. Obviamente, cada prisma investigativo é, inevitavelmente, marcado por fatores históricos, 
culturais, ideológicos, sociais, entre outros, que acabam orientando o olhar do sujeito na ativida-
de analítica.
Ora, saber em que consistem tais correntes e identificar as possíveis variações entre elas tor-
nam-se imprescindíveis para aqueles que se interessam pelos estudos linguísticos. Acreditamos 
que o quadro configurado por tais movimentos linguísticos nos permite compreender a língua 
de uma maneira mais engajada, coerente e aprofundada. Portanto, mais adequada à demanda 
educacional da atualidade.
A nossa proposta, então, é apresentar os movimentos linguísticos, buscando levar o leitor a 
perceber o objeto língua/linguagem de maneira crítica e global, compreendendo-o não só por 
um viés, mas pela multiplicidade de ângulos que lhe é peculiar.
Por fim, pretendemos cooperar para a sua formação, profissionais e futuros profissionais 
da educação, elucidando conceitos, teorias e reflexões que estejam focados no objeto língua/
linguagem. Desejamos que tais estudos possam, de fato, auxiliá-los nos trabalhos a serem em-
preendidos na prática docente.
Objetivamos:
•	 Realizar um levantamento crítico das ideias que dominaram e/ou dominam a ciência Lin-
guística;
•	 Confrontar as circunstâncias sócio-históricas com a emergência de uma determinada cor-
rente linguística;
•	 Discutir os efeitos de uma dada corrente linguística para a compreensão da atividade comu-
nicativa;
•	 Elucidar questões epistemológicas relacionadas aos movimentos linguísticos do século XX.
O texto está estruturado a partir do desenvolvimento das unidades e subunidades. Você de-
verá perceber que as questões para discussão e reflexão que acompanham os textos são muito 
importantes, bem como as sugestões para ir ao ambiente de aprendizagem, ao fórum, acessar 
bibliotecas virtuais na web, etc. As sugestões, informações, atividades e dicas estão localizadas 
nos textos, aparecendo com os seguintes ícones:
DICA, ATIVIDADE E GLOSSÁRIO
A leitura dos textos também é importante, pois eles indicam os possíveis desenvolvimentos 
e ampliações para o estudo e a discussão, além de, em determinadas ocasiões, serem os textos 
a que nos remeteremos durante nossa abordagem neste caderno. São recursos que podem ser 
explorados por você de maneira eficaz, pois buscam promover atividades de observação e de 
investigação que permitam desenvolver habilidades próprias da análise linguística e exercitar a 
leitura e a interpretação de fenômenos linguísticos e culturais. Ao planejar este material, consi-
deramos que você se familiarizaria, paulatinamente, com a visão e os procedimentos próprios da 
disciplina.
Agora é com você. Explore tudo, abra espaços para a interação comunicativa com os colegas, 
para o questionamento, para a leitura crítica dos textos, bem como para as atividades e leituras.
Boa viagem ao mundo da Linguística!
10
UAB/Unimontes - 3º Período
11
Letras Português - Linguística
UNIDADE 1 
Linguística pré-saussuriana
1.1 Introdução
A curiosidade faz parte da natureza humana; é intrínseca ao homem. E, em relação à lin-
guagem, não é diferente. Assim, questões como “por que falamos”?”, “como e para que falamos?”, 
“como a língua é estruturada?”, “por que se fala de maneiras diferentes uma mesma língua?”, etc. 
são de interesse daqueles que se sentem atraídos pelo funcionamento da lingua(gem).
A partir de questionamentos como esses, elaboramos este Caderno Didático, cujo objetivo 
principal é oferecer uma visão panorâmica dos movimentos linguísticos a partir do século XX. 
Porém, para tanto, torna-se necessário, antes de tudo, colocar as investigações linguísticas no seu 
contexto histórico, a fim de que saibamos quais motivos e intuições do passado serviram de ba-
ses a teorias e orientações atuais e possamos formular uma série de propostas satisfatórias a res-
peito do que seja linguagem.
Em razão disso, nosso enfoque, nesta primeira Unidade, são as investigações linguísticas no 
Ocidente, de Platão às propostas do século XIX. Faremos referência a poucas investigações lin-
guísticas ocorridas no Oriente, apenas àquelas que interferiram no pensamento ocidental.
Esta primeira unidade, Linguística Pré-Saussuriana, foi dividida nas seguintes subunidades:
•	 Na Antiguidade
•	 Na Índia
•	 Na Grécia Antiga
•	 No Período Alexandrino
•	 Em Roma 
•	 Da Idade Média ao século XVI
•	 Do século XVII ao século XIX
Mergulhemos nesse assunto tão instigante!
1.2 Na antiguidade
1.2.1 Na Índia
Os hindus são povos da civilização oriental; por razões religiosas, foram os primeiros povos 
levados a estudar sua língua - o sânscrito. Preocuparam-se com os textos sagrados, reunidos nos 
Vedas, pois não queriam que sofressem alteração alguma no momento de serem cantados ou 
recitados durante os rituais religiosos. Acreditavam que essas alterações constituíam sacrilégios.
Depois, os gramáticos – dos quais o mais célebre é Panini (século IV a.C) - dedicaram-se ao 
estudo do valor e do empréstimo das palavras do sânscrito e fizeram descrições fonéticas que 
são consideradas modelo no gênero. Por muito tempo esquecidas, foram elas descobertas pelos 
sábios ocidentais nos fins do século XVIII e constituíram, como veremos ainda nesta unidade, o 
ponto de partida indispensável à criação da gramática comparada.
A descoberta do sânscrito, no século XVIII, possibilitou aos estudiosos ocidentais reconhe-
cer a estrutura interna das palavras, depreendendo suas unidades mínimas. Porém, cumpre res-
12
UAB/Unimontes - 3º Período
saltar que os estudos hindus eram puramente estáticos, relativos apenas ao sânscrito, efetuados 
por homens totalmente destituídos de senso histórico, os quais se limitavam a classificar os fatos, 
sem procurar a explicação para eles.
1.2.2 Na Grécia antiga
Os primeiros questionamentos no mundo ocidental feitos sobre a lingua(gem) tentavam 
determinar se ela era fonte de conhecimento ou a lingua(gem) era, simplesmente, um meio de 
comunicação convencionado pelo homem.
E foi Platão (século V a. C.), o primeiro estudioso da lingua(gem), em seu livro Crátilo, quemescreveu sobre essas indagações: Qual seria a origem das palavras? Elas provinham da natureza 
ou da convenção?
Nesse diálogo Crátilo, três personagens debatiam a questão: Crátilo (a língua espelha exa-
tamente o mundo), Hermógenes (a língua é arbitrária) e Sócrates (conciliador das duas propos-
tas anteriores). Estabeleceu-se, com isso, que a relação das palavras com as coisas não era direta, 
mas indireta, entretanto, faltava ainda determinar a natureza delas.
Aristóteles, um seguidor de Platão, propôs três etapas para a descrição da relação palavras e 
coisas: “os signos escritos representam os signos falados; os signos falados representam impres-
sões na alma, e as impressões na alma são a aparência das coisas reais“ (WEEDWOOD, 2002, p. 
27). Os estudiosos estoicos acrescentaram à sua pesquisa mais uma etapa entre a fala e a impres-
são, o conceito (lógos), como sendo uma noção que pode ser expressa por meio da língua.
Também surgiu o léxis, que não tinha que obrigatoriamente ter significados. Com as pesqui-
sas se aprofundando, os enunciados foram sendo estudados cada vez mais em partes menores.
Platão foi o primeiro a classificar essas partes, numa perspectiva funcional (sintática) e se-
mântica, e não formal. Ele delimitou a ónoma (nome) correspondente ao sujeito, e a rhema (pala-
vra, frase), ao predicado (verbo mais adjetivo).
Posteriormente, Aristóteles e os estoicos identificaram mais algumas classes, porém pelo as-
pecto formal, como partes do discurso: o sýndesmo (conjunção), unidade não possuidora de caso 
e que une o texto, e o arthron (artigo), unidade possuidora de caso, que distingue os nomes em 
número e gênero.
DICA
A Panini é creditada a 
descoberta dos concei-
tos de fonemas, mor-
femas e raiz, conceitos 
apenas entendidos 
por alguns linguistas 
ocidentais no século 
XVIII:
 Fonema - unidade 
estrutural da língua 
falada, a sua mudança 
em uma palavra con-
duz a um significado 
diferente;
 Morfema - menor 
unidade estrutural 
da língua que tem 
significado e raiz - 
forma mais simples 
de uma palavra, que 
transmite a maior 
parte das informações 
sobre o significado. Na 
descrição da gramática 
sânscrita, cuja visão era 
normativa, Panini tam-
bém utilizou conceitos 
de transformações e re-
cursividade (conceitos 
utilizados por Chomsky 
no século XX). 
GLoSSárIo
Lógos: palavra ou 
enunciado visto como 
uma entidade signi-
ficativa dirigida pelo 
pensamento racional.
Léxis: palavra vista 
como forma.
Fonte: WEEDWOOD, 
Bárbara. História con-
cisa da linguística. São 
Paulo: Parábola, 2002.
Figura 1: Resquícios de 
arquitetura da Grécia 
Antiga
Fonte: Disponível em 
http://www.saberweb.
com.br. Acesso em 20 de 
nov. de 2008.
►
13
Letras Português - Linguística
Com os sucessivos estudos e pesquisas, essas classes foram ainda mais refinadas: metoché 
(particípio), parte do discurso que recebe artigos, casos (nominais) e flexões de tempo (verbais); 
antonomasía ou antonymia (pronome), usada em substituição ao nome; próthesis (preposição) e 
epírrhema (advérbio).
Todas as definições dessas nomenclaturas gramaticais propostas pelos gregos foram pauta-
das nos aspectos de significado do enunciado (caráter semântico).
Após essa fase da “nomenclatura”, o estudioso Apolônio Díscolo (séc. II d. C.) fez um estudo 
mais profundo da sintaxe grega e propôs diferentes níveis de linguagem: as mesmas regras de or-
ganização aplicam-se “às unidades sonoras mínimas, às sílabas, às palavras e, de fato, aos enuncia-
dos completos” (WEEDWOOD, 2002, p. 32). As suas ideias tiveram uma participação indireta nos 
autores pré-modernos ocidentais em razão de o grego ter sido ignorado pelo Ocidente entre os sé-
culos VI e XV, e o acesso a seus estudos ter se dado por meio de traduções ou adaptações ao latim.
E uma das ideias gramaticais gregas filtrada pelos romanos nesse período é a da “teoria da 
frase autossuficiente”, cujo problema de interpretação/tradução fez com se limitassem a estudar 
a frase isoladamente. E essa ideia distorcida permanece até os dias de hoje, quando nas gramáti-
cas tradicionais a sintaxe é estudada em frases soltas.
1.2.3 No período Alexandrino
Os alexandrinos (séc. III a. C.) desenvolveram ainda 
mais as contribuições oferecidas pelos estoicos. Os estu-
dos alexandrinos constituíram a base para as análises lin-
guísticas dos romanos que, mais tarde, chegaram à Euro-
pa.
Na região da Alexandria, era prática a publicação 
de comentários sobre textos e tratados de gramática, vi-
sando minimizar as possíveis dificuldades de leitura que 
poderiam prejudicar a compreensão dos antigos poetas 
gregos.
Assim, as gramáticas escritas pelos filósofos tinham 
como propósito estabelecer e explicar a língua dos auto-
res clássicos, com o desejo de preservar o grego das pos-
síveis imperfeições, desvios dos iletrados.
Entretanto, esse posicionamento desencadeou duas inadequações, no que diz respeito aos es-
tudos linguísticos: a cultura grega valorizou a escrita em detrimento da fala e avaliou a língua dos 
escritores do século V a. C. como mais adequada e mais elaborada do que a fala coloquial. Dessa 
forma, para os alexandrinos, apenas as pessoas ditas cultas usavam adequadamente a língua.
Dionísio da Trácia (séc. II-I a. C.), o primeiro autor a descrever explicitamente a língua grega, des-
tacou-se entre os alexandrinos. Na sua obra Téchne Grammatiké (A arte da gramática), propôs oito 
classes gramaticais: nome, verbo, particípio, artigo, pronome, preposição, advérbio e conjunção.
Esse estudioso recorreu ao critério formal (flexão) para elencar essa categorização. Daí resul-
tou a cisão entre a gramática e a Filosofia. Salienta-se que sua obra inspirou a produção e organi-
zação das gramáticas latinas até o século XIII, as quais, por sua vez, influenciaram as gramáticas 
de várias línguas modernas da Europa.
1.2.4 Em Roma
Em Roma, os estudos gramaticais se basearam, em grande parte, na adequação da termi-
nologia grega à língua latina. Destacou-se o gramático Terêncio Varrão (séc. I a. C.), em cuja obra, 
intitulada de Língua Latina, se pode identificar uma teoria gramatical dialogada com os autores 
gregos que o precederam. Apesar de aceitar as irregularidades da língua, o referido autor pro-
pôs uma teoria normativa. Varrão inovou quanto à distinção entre palavras variáveis e invariáveis; 
além disso, ainda apresentou um estudo sobre flexão do nome, as vozes e os tempos verbais.
Outro autor que merece destaque é Prisciano, séc. V e VI d. C., por ter apresentado, em sua 
obra Institutiones Grammaticae, classes gramaticais (verbo, particípio, pronome, advérbio, pre-
posição, interjeição e conjunção) seguidas até hoje pelos gramáticos tradicionais. Em sua obra, 
◄ Figura 2: Dionísio de 
Trácia (séc. II-I a. C.)
Fonte: Disponível em 
http://viatgeixarxa.blogs-
pot.com. Acesso em 20 de 
nov. 2008
DICA
A noção de lógos 
como um todo que 
se compõe de partes, 
iniciada por Platão, foi 
completada especifica-
mente por Aristóteles, 
adquirindo um novo 
significado quando pas-
sa “a nomear o discurso 
que expressa os juízos” 
(NEVES, 1987, p. 62).
DICA
A partir das contribui-
ções aristotélicas, os 
estoicos (séc. III a. C) 
propuseram uma orga-
nização da gramática 
vista como a sistema-
tização da língua. Eles 
ofereceram obras que 
tratavam da fonética, 
morfologia e sintaxe. 
No entanto, continua-
vam a analisar a língua 
sob o prisma da sua 
relação com o pensa-
mento, com a lógica.
14
UAB/Unimontes - 3º Período
considerada um marco linguístico na transição da Antiguidade para a Idade Média, Prisciano 
abordou primeiramente a fonética, depois a morfologia e, por último, a sintaxe.
1.2.5 Da idade média ao século XVI
No início da Idade Média, as gramáticas 
foram pouco originais, meramente didáticas, 
e objetivaram apenasensinar o latim. A partir 
do séc. XII, sob forte influência do pensamen-
to aristotélico, ganhou destaque São Tomás de 
Aquino com a filosofia escolástica. Nesse con-
texto, surgiu a chamada Gramática Especulati-
va (Alta Idade Média), que se caracterizou pela 
incorporação à filosofia escolástica da descrição 
gramatical do latim, anteriormente proposta por 
Prisciano. Os gramáticos especulativos buscaram 
dar validade universal às regras da gramática 
latina, isto é, buscaram sustentar a tese de que 
a gramática é essencialmente a mesma para to-
das as línguas e, ainda, criaram uma variedade 
de termos técnicos (taxionomia) para formalizar 
suas teorias. O problema dessa gramática foi seu 
excesso de teoria, cujos dados eram formulados 
pelos próprios gramáticos especulativos e não 
retirados de textos clássicos.
Um pouco mais adiante na história, tive-
mos a nossa gramática da Língua Portuguesa 
que se originou em Portugal e, portanto, se-
guiu os parâmetros latinos. A primeira obra foi a Gramática da Linguagem Portuguesa, cujo autor 
é Fernão de Oliveira. Essa obra se restringiu aos estudos sobre ortografia, acento, etimologia e 
analogia, sendo que essa última se pautava nas flexões, sobretudo, de gênero e número.
Outro gramático da Língua Portuguesa, João de Barros (1557, p. 1), sempre sob os moldes 
da gramática latina, dividiu sua obra em quatro partes: ortografia, prosódia, etimologia e sintaxe. 
Segundo ele, a gramática é “um modo certo e justo de falar e escrever, colhido do uso e autorida-
de dos barões doutos”.
Opondo-se aos gramáticos especulativos da Idade Média, os renascentistas estudaram o 
latim e o grego, bem como as línguas vernáculas, com base na literatura, na língua escrita das 
classes cultas, mais do que na lógica. Defendiam o estudo da língua através da literatura e não do 
aristotelismo escolástico.
1.2.6 Do século XVII ao século XIX
No séc. XVII, houve uma retomada da postura logicista, ao redor da abadia francesa de Port
-Royal. Destacaram-se, nesse período, os estudiosos Antoine Arnauld e Claude Lancelot, sobretu-
do, pelo lançamento da Grammaire Générale et Raisonée (1660), reapresentando os pressupostos 
da gramática especulativa. As propostas desses estudiosos consistiam na existência de uma es-
trutura universal do pensamento (em referência aos precursores logicistas), portanto, de univer-
sais linguísticos, e na adoção das tradicionais nove classes gramaticais, nesse caso, incluindo o 
artigo, antes excluído por Prisciano, e a interjeição.
Em vários pontos, os estudos de Port-Royal se aproximaram da visão aristotélica sobre a lin-
guagem, sobretudo quanto ao fato de defender que a função das línguas consiste em comunicar 
o pensamento. Esses autores avançaram particularmente quando procuraram identificar a unida-
de linguística subjacente às diferentes línguas e construir esse universalismo com base na razão.
No fim do séc. XVIII e início do séc. XIX, alguns estudiosos da linguagem contestaram os es-
tudos baseados na gramática greco-latina, ou seja, na língua vista como objeto reflexo do pensa-
mento e da lógica e não como objeto de uma ciência independente.
GLoSSárIo
Gramática especu-
lativa: gramática que 
procura encontrar as 
razões filosóficas das 
regras gramaticais. O 
termo especulativo não 
deve ser compreendido 
no seu sentido moder-
no, mas num sentido 
particular, derivado 
da concepção de que 
a língua é como um 
espelho que reflete a 
realidade subjacente 
aos fenômenos do 
mundo físico (LYONS, 
p.15, 1979).
Filosofia escolástica: 
corrente filosófica que 
dominou o pensamen-
to cristão entre os séc. 
XI e XIV em que se ten-
tava conciliar fé e razão, 
acreditando que não 
eram contraditórias por 
serem ambas de Deus. 
São Tomás de Aquino 
fez uma releitura da 
obra de Aristóteles 
numa perspectiva 
cristã e dividiu em 
dois o conhecimento 
humano: o conheci-
mento sobrenatural 
seria o ensinado pela 
fé e o conhecimento 
natural viria à luz da ra-
zão (como os teoremas 
matemáticos).
Fonte: Disponível em 
http://mundoestranho.
abril.com.br. Acesso em 
20 de nov. 2008
Figura 3: Lingoagem 
Portuguesa, de Fernão 
de Oliveyra.
Fonte: Disponível em 
http://www.vivercidades.
org.br/publique222/me-
dia/gramatica_primeira.
jpg. Acesso em 20 de Nov. 
2008
.
►
15
Letras Português - Linguística
Iniciada pelo movimento de ruptura com esse passado, o século XIX viu esboçar uma nova 
etapa nos estudos linguísticos, pois viu surgir o estudo científico da língua no mundo ocidental. 
Tal afirmativa será verdadeira, se dermos ao termo científico o sentido que ele geralmente tem 
hoje; foi no século XIX que os fatos da língua começaram a ser investigados com cuidado e obje-
tividade e, depois, explicados por hipóteses indutivas.
O ponto de partida dessa nova fase de investigações linguísticas foi a redescoberta do sâns-
crito pelos sábios ocidentais (século XVIII): o conhecimento dessa língua – além de possibilitar 
facilmente, pelo menos em certos casos, a análise da palavra em seus elementos constituintes 
– dava acesso à obra dos gramáticos hindus, tesouro de observações preciosas, particularmente 
instrutivas no tocante à classificação dos fonemas e à teoria da raiz da formação das palavras. Aí 
podemos reconhecer as sementes das futuras pesquisas estruturalistas nos domínios da ciência 
da linguagem.
E o estabelecimento do parentesco do sânscrito com o latim, o grego e as línguas germâ-
nicas, pelo inglês William Jones, constituiu o primeiro impulso ao desenvolvimento do estudo 
comparativo e histórico das línguas.
Jones declarou que o sânscrito mostrava, em relação ao latim e ao grego, tanto nas raízes 
dos verbos como nas formas gramaticais, uma afinidade tão grande que não seria possível consi-
derá-la casual: tão forte, em verdade, que nenhum linguista poderia examiná-la sem crer que se 
tinham originado de uma fonte comum que talvez não mais exista.
Outro grande nome desse período foi Bopp, que publicou em 1816 o seu Sistema de conju-
gação do sânscrito em comparação com o grego, latim, persa e germânico, reunindo as provas 
indiscutíveis do parentesco de tais línguas e fundando, ao mesmo tempo, a gramática compara-
da das línguas indo-europeias.
Partindo, geralmente, do sânscrito, Bopp segmentou as palavras e mostrou sua variedade 
de combinações, expôs suas transformações sofridas e esforçou-se por buscar-lhes a origem. 
Seu objetivo básico era chegar à origem, não por especulações filosóficas, mas pela comparação 
dessas formas em seu arranjo histórico. Vê-se, assim, que o seu método foi o indutivo. Com isso, 
Bopp compreendeu que as relações entre as línguas de uma mesma família podiam converter-se 
em matéria de uma ciência autônoma e, ainda mais, que o estudo do desenvolvimento histórico 
de uma língua e seu parentesco com outras não podia ser feito pela mera coincidência de al-
guns termos isolados, mas pela observação metódica da constituição gramatical da(s) língua(s) 
em questão.
Jacob Grimm, outro nome a ser acrescentado aos dos promotores da gramática comparada, 
dedicou-se ao estudo dos dialetos germânicos e publicou pesquisas pormenorizadas sobre a his-
tória fonética dos falares germânicos.
Grimm observou, por exemplo, que as línguas germânicas tinham frequentemente:
•	 t onde outras línguas indo-europeias (o latim ou o grego, por exemplo) tinham p;
•	 p onde outras línguas tinham b;
•	 th onde outras línguas tinham t; e
•	 t onde outras línguas tinham d.
Tal descoberta, denominada mutação consonântica, foi importante, pois constituiu o pri-
meiro modelo das leis fonéticas, que traduziu a regularidade das transformações fonéticas da lin-
guagem.
Assim, a gramática passou a ser estudada como um conjunto de fatos e fundamentada em 
uma visão empírica; não atrelada a uma base lógica.
Nessa nova dinâmicainstalada, surgiram muitos estudos sob o fulcro da gramática históri-
co-comparativa que alavancaram a investigação da língua, agora entendida como objeto cien-
tífico. Porém, apesar de prevalecer nessa época a abordagem histórico-comparativa, alguns 
linguistas defendiam a ideia de que, paralelamente ao estudo evolutivo da língua, deveria se es-
tabelecer um estudo descritivo da língua.
Assim, Saussure (2001), com a obra Cours de Linguistique Générale, impôs uma visão me-
nos estática e diacrônica (histórica), portanto, mais sincrônica da língua. Surgiu, então, a Escola 
Estruturalista, focada no estudo descritivo do sistema linguístico, a qual abordaremos na próxima 
Unidade 2. A partir daí, os estudos linguísticos afastaram-se da trilha aberta por Aristóteles.
GLoSSárIo
Universais linguís-
ticos: similaridades 
existentes em todas as 
línguas do mundo.
 (DUBOIS et al, 2001).
DICA
O linguista Wilhelm von 
Humboldt, além de rea-
lizar investigações his-
tórico-comparativas, é 
reconhecido como sen-
do o primeiro linguista 
europeu a identificar 
a linguagem humana 
como um sistema 
governado por regras, e 
não simplesmente uma 
coleção de palavras e 
frases acompanhadas 
de significados (língua 
como atividade dinâmi-
ca e mental). Essa ideia 
é uma das bases da 
teoria da Linguagem de 
Noam Chomsky.
Fonte: Disponível em 
http://pt.wikipedia.org. 
Acesso em 20 de nov. 
2008
16
UAB/Unimontes - 3º Período
Referências
ARNAULD e LANCELOT. Gramática de Port-royal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
BARROS, João de. Grammatica da lingua portuguesa. Organizada por José Pedro Machado, 3. 
ed. Rio de Janeiro: s/d, 1557.
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. 8. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
LYONS, John. Linguagem e linguística: uma introdução. Rio de janeiro: LTC, 1979.
NEVES, Maria Helena Moura. A vertente grega da gramática tradicional. São Paulo: Hucitec, 
1987.
SAUSSURE, Ferdinand. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2001.
WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da linguística. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 
2002.
Sites:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%ADstica_hist%C3%B3ricocomparativa Acesso em: 20 de 
nov. de 2008.
http://purl.pt Acesso em: 20 de nov. de 2008.
http://viatgeixarxa.blogspot.com Acesso em: 20 de nov. de 2008.
http://www.saberweb.com.br Acesso em: 20 de nov. de 2008.
http://mundoestranho.abril.com.br Acesso em: 20 de nov. de 2008.
DICA
No período histórico-
comparativo, as investi-
gações linguísticas pau-
tavam-se na história 
das línguas (diacrôni-
cas), ou seja, analisa-
vam as relações entre 
os termos sucessivos 
que se substituem uns 
aos outros no tempo e 
os comparavam entre 
as línguas.
Além disso, na última 
parte do século XIX, 
alguns jovens linguis-
tas, os Neogramáticos, 
decidiram que dispu-
nham de evidência 
suficiente para declarar 
que a mudança foné-
tica é invariavelmente 
regular – isto é, que 
um determinado som, 
em um determinado 
ambiente numa deter-
minada língua sempre 
muda da mesma forma 
(leis fonéticas regulares 
- fixas). Para as mudan-
ças sonoras que cons-
tituíam exceções às 
leis fonéticas regulares 
(analogias), propuse-
ram que se davam em 
razão de associações 
estabelecidas pelo ho-
mem entre formas dis-
tintas que interfeririam 
no desenvolvimento 
natural do sistema so-
noro, contrariando uma 
lei fonética regular.
Fonte: Disponível em 
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Lingu%C3%ADs-
tica_hist%C3%B3rico-
comparativa. Acesso 
em 20 de nov. 2008
17
Letras Português - Linguística
UNIDADE 2 
Movimentos linguísticos do século 
XX: polo formalista
2.1 Introdução
Na segunda unidade deste Caderno Didático, continuaremos a discussão sobre a lingua-
gem, porém na visão da Linguística Moderna, ciência que investiga a linguagem verbal humana/
língua, e seus efeitos para a compreensão da prática comunicativa.
Como, no século XX, houve dois grandes polos de propostas de investigação linguística: o 
polo formalista, que analisa a linguagem verbal/língua em si mesma, desvinculada de fatores 
não linguísticos, e o polo pragmático, que considera as condições de uso da linguagem verbal 
em situações reais de uso, nesta Unidade 2, abordaremos, especificamente, os movimentos lin-
guísticos entendidos como Estruturalismo e Gerativismo, os quais constituem o polo formalista 
de investigações da linguagem. Evidenciaremos tanto em que consistem suas propostas, como 
os pontos divergentes/convergentes e os posicionamentos tomados.
Essa segunda unidade foi estruturada a partir das seguintes subunidades:
•	 Polo formalista
•	 Estruturalismo
•	 Estruturalismo europeu
•	 Estruturalismo funcionalista
•	 Estruturalismo norte-americano
•	 Gerativismo
2.2 Polo formalista
A Linguística do século XIX, em suas pesquisas de ordem eminen-
temente histórico-comparativa, deixou um importante legado teórico, 
sobretudo por intermédio dos neogramáticos e dos linguistas como, 
por exemplo, Humboldt. Entretanto, a partir do século XX, a denomina-
mos de Linguística Moderna, período que é normalmente identificado 
com o aparecimento do Cours de Linguistique Générale de Saussure, cuja 
obra privilegia o aspecto formal da linguagem.
O polo formalista de investigações da linguagem é constituído pe-
los movimentos linguísticos Estruturalismo e Gerativismo, os quais têm 
em comum a tendência em analisar a língua como um objeto autôno-
mo, desvinculado do processo comunicativo e sociointeracional, ou 
seja, estudam a língua sob o ponto de vista abstrato (psíquico), fora do 
contexto de uso. Os expoentes deste polo são os estruturalistas Saus-
sure, Hjelmslev, Jakobson, Troubetzkoy, Bloomfield, Sapir e o gerativista 
Chomsky.
Apresentada essa questão, passemos ao Estruturalismo.
DICA
A ciência que investi-
ga os signos em geral 
(linguagem verbal e 
não verbal) é denomi-
nada de Semiologia 
(segundo Saussure) ou 
Semiótica (segundo 
Sanders Pierce).
Daí a Linguística ser 
parte dessa ciência 
mais abrangente, 
já que se propõe a 
investigar apenas a 
linguagem verbal oral 
ou escrita.
Figura 4: Ferdinand 
Saussure
Fonte: Disponível em 
http://en.wikipedia.org. 
Acesso em 27 de nov. 2008
▼
18
UAB/Unimontes - 3º Período
2.3 Estruturalismo
2.3.1 Estruturalismo Europeu
A publicação do Cours de Linguistique Générale, de Ferdinand Saussure (2001), marcou o iní-
cio da corrente linguística do Estruturalismo. São três as noções básicas que caracterizaram o Es-
truturalismo: sistema, estrutura e função.
A noção de sistema deve-se a Saussure, pois, para ele, a linguagem verbal é constituída de 
língua e fala, em que a língua é um sistema, ou seja, um conjunto de unidades que obedecem a 
certos princípios de funcionamento, constituindo um todo coerente.
Considerando a linguagem verbal como um fenômeno unitário, no qual os elementos se in-
ter-relacionam, Saussure estabeleceu, do ponto de vista metodológico, dicotomias básicas: lín-
gua-fala, sincronia-diacronia, sintagma-paradigma, significado-significante (PIETROFORTE in FIO-
RIN, 2002). A partir de agora, vamos observar algumas delas:
Língua versus fala
Segundo Saussure, (2001) a língua (langue) é ao mesmo tempo um sistema de valores que se 
opõem uns aos outros e um conjunto de convenções necessárias adotadas por uma comunidade 
linguística para se comunicar. Ela está depositada como produto social na mente de cada falante de 
uma comunidade, que não pode criá-la, nem modificá-la; é, pois, de natureza homogênea.
A fala (parole) é a realização, por parte do indivíduo, das possibilidades que lhe são ofereci-
das pela língua. É, pois, um ato individual e momentâneo em que interferem muitos fatores ex-
tralinguísticos e se fazem sentir a vontade e a liberdade individuais, portanto, heterogênea.Fonte: SAUSSURE, 2001.
Mesmo que tenha reconhecido a interdependência entre língua e fala, Saussure considerou 
como objeto da Linguística a língua – por seu caráter homogêneo – procurando não só entendê
-la, mas também descrevê-la do ponto de vista de sua estrutura interna.
Segundo Alkimim, 
“É Saussure quem define a língua, por oposição à fala como o objeto central 
da Linguística. Na visão do autor, a língua é o sistema subjacente à atividade 
da fala, mais concretamente, é o sistema invariante que pode ser abstraído das 
múltiplas variações observáveis da fala. Da fala se ocupará a estilística ou, mais 
amplamente, a Linguística Externa. A Linguística, propriamente dita, terá como 
tarefa descrever o sistema formal, a língua. Inaugura-se, assim, a chamada abor-
dagem imanente da língua, que, em termos saussurianos, significa afastar ‘tudo 
o que lhe seja estranho ao organismo, ao seu sistema” (ALKIMIM, 2001, p. 23).
Sincronia versus diacronia
Para Saussure (2001, p. 96), “é sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático 
da nossa ciência”, ou seja, esse ponto de vista vê a língua como uma estrutura cujos elementos 
constitutivos se opõem; “diacrônico tudo o que diz respeito às evoluções”, ou seja, analisa as mu-
danças que ocorrem nas línguas através do tempo. “Do mesmo modo, sincronia e diacronia de-
signarão, respectivamente, um estado de língua e uma fase de evolução.”
Nessa perspectiva, o estruturalismo proposto por Saussure não apenas apontou as diferen-
ças entre essas duas formas de investigação, mas, sobretudo, priorizou o estudo sincrônico. Ou 
seja, para Saussure, o linguista deve estudar, principalmente, o sistema da língua, observando 
como se configuram as relações internas entre seus elementos em um determinado momento 
19
Letras Português - Linguística
do tempo. Esse tipo de estudo é possível porque os falantes não possuem informações acerca 
da história de sua língua e não precisam ter informações etimológicas a respeito dos termos que 
utilizam no dia a dia: para os falantes, a realidade da língua é seu estado sincrônico.
Paradigma versus sintagma
As relações entre os elementos linguísticos, segundo Saussure, podem ocorrer em dois do-
mínios distintos, mas que se completam. Essas relações dependem de uma seleção (escolhe-se 
um elemento em detrimento de outros que poderiam ocupar um mesmo ponto do enunciado) 
desses elementos e, ao mesmo tempo, de uma combinação entre os elementos selecionados. 
Dessa maneira, podemos dizer que a linguagem possui dois eixos: um eixo paradigmático (sele-
ção) e um eixo sintagmático (combinação).
Nesse exemplo, temos, na vertical, o eixo paradigmático (com as palavras que poderíamos 
selecionar para ocupar as posições indicadas) e, na horizontal, o eixo sintagmático (com as com-
binações estabelecidas entre as palavras selecionadas):
ei
xo
 p
ar
ad
ig
m
át
ic
o
Eixo sintagmático
-------------------------------------------------------------→
Eu Amo José.
Maria machucou o joelho.
Mamãe Fez um bolo.
Significante versus significado
Saussure (2001) definiu como objeto de estudo do Estruturalismo a língua - um conjunto de 
signos linguísticos convencionado por uma dada sociedade. E foi nessa última dicotomia que se 
estudou o conceito de signo linguístico.
O signo linguístico, uma entidade abstrata e psíquica, é constituído de significante e signifi-
cado, mas a que essas palavras equivalem?
Se o signo linguístico é uma unidade abstrata, as partes que o compõem também o são, 
mas a que correspondem?
O significante é a imagem acústica de um signo, isto é, som psíquico (mentalizado) e não 
som articulado (aspecto físico). Para identificá-lo, pense em uma palavra. Esses sons combinados 
que mentalizou correspondem ao significante desse signo linguístico.
E o significado? O significado é a imagem conceitual de um signo linguístico, isto é, é a ima-
gem da coisa, arquivada em nossa memória; seu todo significativo.
Por exemplo:
Significante = /’kaza/ 
Significado = 
Com base nisso, podemos questionar: um signo é uma palavra?
Como o signo linguístico é uma entidade constituída de significante e significado, não ape-
nas as palavras são tidas como signo linguístico, mas também os morfemas (unidades mínimas 
significativas recorrentes de uma língua).
Saussure (2001) também propôs dois princípios para os signos linguísticos: a sua arbitrarie-
dade e a linearidade do significante. O que querem dizer?
Saussure (2001) afirmou que o signo linguístico é arbitrário, ou seja, não há relação necessá-
ria (natural) entre o seu significante e o seu significado, pois é convencionado por um grupo so-
cial, não cabendo a um indivíduo alterá-lo. Isso é comprovado pela diversidade das línguas (em 
português, temos o significante casa e, em inglês, house para o significado moradia), isto é, em 
sociedades diferentes, as convenções linguísticas dos grupos sociais são, também, diferentes.
GLoSSárIo
Glossemática: designa 
a teoria linguística 
proposta por Hjelmslev 
que considera a língua 
como fim em si e não 
como meio. Essa teoria, 
em razão de seguir os 
pressupostos básicos 
de Saussure, perten-
ce ao Estruturalismo 
europeu. 
Forma: segundo Hjel-
mslev, equivale à estru-
tura da língua, oriunda 
do sistema de signos 
linguísticos, a qual se 
exprime pelas rela-
ções que as unidades 
linguísticas mantêm 
entre si no plano de 
expressão (significante) 
e no plano de conteúdo 
(significado). 
Substância: para esse 
estudioso, corresponde 
à realidade fônica ou 
semântica (massa não 
estruturada) da língua.
20
UAB/Unimontes - 3º Período
Propôs, além disso, que o significante é linear, uma vez que os sons (psíquicos) ocorrem um 
após o outro, sucessivamente, em forma de linha.
Entre outros, esses são pressupostos linguísticos do pensamento saussuriano, os quais figu-
ram como alicerce da linguística estrutural.
A propensão a analisar a língua do ponto de vista de uma unidade encerrada em si mes-
ma, como uma estrutura sui generis, também esteve presente no Grupo Copenhague que teve 
Hjelmslev à frente. Assim considerada, a língua apresenta um caráter abstrato e estático, já que é 
dissociada do ato comunicativo.
A Escola de Copenhague focalizou o aspecto formal das línguas, deixando sua função num 
plano secundário. Ou seja, essa escola adotou a concepção saussuriana de língua como um siste-
ma autônomo e, através de Hjelmslev, desenvolveu uma teoria chamada de Glossemática, apro-
fundando principalmente os conceitos de forma e substância (expressão e conteúdo).
Hjelmslev, partindo do princípio de que a língua é uma estrutura, isto é, uma entidade de 
dependências internas, construiu uma teoria que se realiza numa rede abstrata de inter-relações. 
O expediente de análise utilizado é o da comutação aplicável tanto ao plano da expressão (subs-
tância fônica) como ao plano do conteúdo (substância semântica), admitindo-se que há o mes-
mo tipo de relações operando nesses dois planos. As unidades são isoláveis pela comutação, mas 
são definidas formalmente, isto é, por meio de relações combinatórias. Nesse ponto, o tratamen-
to é puramente dedutivo.
Sabe-se que, durante a primeira metade do século XX, privilegiando diferentes aspectos das 
ideias de Saussure, surgiram na Europa, não apenas a Escola de Copenhague, mas também a Es-
cola de Genebra e a Escola de Londres, as quais não se limitaram ao estudo meramente formal, 
adotando a visão de que a língua devia ser vista como um sistema funcional, no sentido que é 
utilizada para um determinado fim: a comunicação; ao contrário da Escola de Copenhague.
2.3.2 Estruturalismo funcionalista
O conceito de funcionalismo surgiu no Círculo Linguístico de Praga, um dos grupos mais 
importantes para as investigações da Linguística teórica e o desenvolvimento da filologia das lín-
guas eslavas.Assim, podemos afirmar que a abordagem da Escola de Praga foi caracterizada como um Es-
truturalismo Funcional, pois alguns linguistas europeus, a partir dos pressupostos saussurianos, 
desenvolveram uma concepção de comunicação mais rica que Saussure, ao proporem o aspecto 
funcional da sentença.
A visão funcional da Escola de Praga esteve na definição de língua, vista como “um siste-
ma de meios apropriados a um fim e um sistema de sistemas” (ILARI, 1992, p. 24-25), já que, a 
cada função, corresponde um subsistema. Diferentemente do que se postulou nas concepções 
estruturalistas em geral, para eles, todos os subsistemas dizem respeito à mesma unidade, a fra-
se. Distinguem-se níveis sintáticos de organização da frase, abrigando-se neles a semântica e a 
pragmática.
As ideias básicas do Círculo envolveram campos diversos de interesse linguístico: problemas 
gerais das línguas, questões ligadas à poética e ao estudo sociolinguístico, e o estudo de particu-
laridades das línguas eslavas. Caracterizando-se por enfatizar sobremaneira o estudo das funções 
da linguagem, os estudiosos de Praga vão abordar a função da linguagem no ato de comunica-
ção e o papel desta na sociedade, a função da linguagem na literatura e o problema dos diferen-
tes aspectos e níveis de linguagem, do ponto de vista funcional.
Coube a Jakobson, juntamente com Trubetzkoy e Karcevsky, a criação de uma nova disci-
plina, a Fonologia, diferenciando-a cientificamente da Fonética. Conforme afirmou Trubetzkoy, “a 
Fonética é a ciência da face material dos sons da linguagem humana. [...] A Fonologia tem por 
objeto o som que preenche uma determinada função na língua” (CARVALHO, 2000, p. 118).
Assim, enquanto esta tem como objeto o som ideal (som da língua), abstrato, acima das di-
ferenças individuais de pronúncia e capaz de distinguir significados (fonema), aquela deve es-
tudar o som real (som da fala), aquele que é efetivamente pronunciado pelo falante (fone), sem 
qualquer valor significativo. Sem dúvida, foi na Fonologia que a noção de contraste funcional 
causou seu primeiro grande impacto. Contudo, o funcionalismo da Escola de Praga foi aplicado a 
diversos outros aspectos do estudo linguístico.
Por exemplo, foi o psicólogo Karl Buhler quem discutiu aprofundadamente a teoria funcio-
nal e propôs três funções gerais desempenhadas pela linguagem, a partir da concepção de que 
DICA
Escola Linguística de 
Praga é a designação 
que se dá a um grupo 
de estudiosos que 
começou a atuar antes 
de 1930, para os quais 
a linguagem, acima 
de tudo, possibilita ao 
homem a reação e a 
referência à realidade 
extralinguística. As fra-
ses são vistas como uni-
dades comunicativas 
que veiculam informa-
ções, ao mesmo tempo 
em que estabelecem 
ligação com a situação 
de fala e com o próprio 
texto linguístico. Nesse 
sentido, o que se ana-
lisa são as frases efe-
tivamente realizadas, 
para cuja interpretação 
atribui-se especial 
atenção ao contexto, 
tanto verbal como 
não-verbal. Concebe-se 
que, mesmo no nível 
do enunciado, podem 
encontrar-se regula-
ridades que admitem 
tentativas de organiza-
ção e descrição (NEVES, 
2001, p. 17).
21
Letras Português - Linguística
a linguagem é um sistema de sinais que funciona como um instrumento por meio do qual os 
indivíduos se comunicam: (i) função cognitiva, consiste no emprego da linguagem, objetivando 
a transmissão de informação factual; (ii) função expressiva, relaciona-se à disposição de ânimo 
(vontade) ou atitude do locutor (ou escritor); (iii) função conativa (ou instrumental), voltada para 
o uso calcado em influenciar a pessoa a quem se dirige a fala ou quais as estratégias linguísticas 
a serem empreendidas para provocar determinado efeito de sentido.
Essas funções foram repensadas por Jakobson, que ampliou o quadro para seis funções: 
emotiva, conativa, referencial, fática, metalinguística e poética, apresentando um inter-relaciona-
mento entre as funções da linguagem e os elementos de comunicação. Essa sua proposta tor-
nou-se o mais divulgado esquema do processo de comunicação linguística.
Outra colaboração importante da Escola de Praga foi, sob seu ponto de vista funcional, dis-
tinguir Gramática e Estilística, destacando-se, neste aspecto, Vilem Mathesius, que desenvolveu 
o estudo da perspectiva oracional funcional, mostrando maneiras diferentes pelas quais uma lín-
gua é capaz de manifestar suas funções: por meio de uma estruturação dada pelo padrão grama-
tical (estrutura formal) ou de uma estruturação portadora de informação do enunciado.
Nesse período, temos, ainda, André Martinet (1970), linguista que, com interesse em uma 
linguística mais prática e fácil de ser compreendida, formulou a dupla articulação da linguagem. 
Segundo ele, toda língua natural possui dos níveis de oposição - a uma primeira articulação, re-
presentada por unidades significativas (morfemas), acrescenta-se uma segunda articulação, de 
unidades distintivas (fonemas).
2.3.3 Estruturalismo norte-americano
A partir do Estruturalismo europeu, a lin-
guística norte-americana foi dominada por 
uma tendência formalista que se enraizou 
com Leonard Bloomfield e se mantém até hoje 
com a linguística gerativa. A teoria da lingua-
gem de Bloomfield, dominante nos Estados 
Unidos até aproximadamente 1950, é apre-
sentada de maneira independente, apesar de 
estar ancorada nos pressupostos linguísticos 
básicos do pensamento de Saussure. Isso se 
dá em razão de, ao lado de algumas diferen-
ças, muitos serem os pontos em comum – ou 
pelo menos convergentes –, de modo que nos 
permitem conceber a teoria distribucionalista 
como uma vertente do estruturalismo.
Essa teoria constitui-se por um esquema 
de processos que conduzem à descoberta da 
gramática de uma língua ou, então, uma téc-
nica experimental de coleta de dados brutos. 
Seu critério básico é a distribuição ou soma de contextos em que uma unidade pode aparecer 
em contraste com aqueles em que não aparece. Tem natureza mecanicista porque se restringe 
à liberdade de ocorrências das partes do enunciado comparando-as umas com as outras quanto 
ao seu contexto linguístico, sem levar em conta o sentido. As formas se identificam exclusiva-
mente por sua posição.
Bloomfield não adotou a distinção entre forma e substância em concordância com o sentido 
da Glossemática, pois, para ele, há formas (= sequências de fonemas; expressão) e significação (= 
conteúdo): toda forma exprime um conteúdo.
Segundo Bloomfield (1933), a língua, como forma de comportamento, é uma entidade autô-
noma, que pode ser descrita por si mesma através de técnicas aplicáveis mecanicamente; isto é, 
para se estudar uma língua, faz-se necessário a constituição de um corpus - reunião de um con-
junto, o mais variado possível, de enunciados efetivamente emitidos por usuários de uma deter-
minada língua em uma determinada época; a elaboração de um inventário, a partir desse corpus, 
que permita determinar as unidades elementares em cada nível de análise, assim como as clas-
ses que agrupam tais unidades; a verificação das leis de combinação de elementos de diferentes 
classes; e a exclusão do significado dos enunciados que compõem o corpus.
GLoSSárIo
Teoria distribuciona-
lista: teoria que propõe 
que os enunciados de 
uma língua são cons-
tituídos de elementos 
que se acham em posi-
ções particulares com 
relação aos outros.
◄ Figura 5: Leonard 
Bloomfield (1887- 1949)
Fonte: Disponível em 
http://www.glottopedia.
de/images/thumb/e/e6/
Bloomfield.jpg/180px
-Bloomfield.jpg. Acesso 
em 27 de nov.2008
22
UAB/Unimontes - 3º Período
Desse modo, Bloomfield (1933) adotou explicitamente uma abordagem behaviorista do 
estudo da língua, eliminando, em nome da objetividade científica, toda referência a categorias 
mentais ou conceituais. Assim, esse teórico preferiu evitar consideraçõessemânticas em sua aná-
lise linguística; em outras palavras, o estruturalismo bloomfieldiano desconsiderou a semântica 
sob a inspiração do behaviorismo.
Ao lado de Bloomfield, e em posição diferente, esteve Sapir ( 1971), para quem a língua é 
uma forma auto-suficiente que fornece ao pensamento e à cultura seus canais expressivos, adap-
tando ambos a ela. Segundo ele, se a forma linguística é pré-racional e nasce da intuição, então 
os fatos linguísticos devem ser interpretados e complementados com referência a fatos psíqui-
cos, ou seja, fundamentam-se no sistema psicológico.
Assim, temos, por um lado, o mecanismo de Bloomfield, que se apoia na psicologia behavio-
rista, a qual vê o comportamento humano como explicável e, portanto, previsível, a partir das si-
tuações em que aparece; e, por outro, o mentalismo de Sapir, que vê na variedade do comporta-
mento linguístico o efeito da ação de fatores psicológicos (vontade, emoção, reflexão, percepção, 
etc.), ou seja, a fala deveria ser explicada como um efeito dos pensamentos (intenções, crenças, 
sentimentos) do sujeito falante.
Dessa maneira, os estudos de Sapir (1971) romperam os limites do estruturalismo saussuria-
no, adotando o postulado de que os resultados de análise de uma língua devem ser confronta-
dos com os resultados da análise estrutural de toda cultura material e espiritual do povo que fala 
tal língua.
Segundo Weedwood (2002, p. 129-130), nesse período, havia centenas de línguas indígenas 
americanas - o equivalente a aproximadamente mil línguas – apresentadas sob a forma de mate-
rial linguístico oral ainda não descrito, faladas por somente uma parcela de seus falantes e, caso 
não fossem registradas, poderiam se extinguir; o que representava um grande problema para os 
administradores e etnólogos da época. Em razão disso, muitos estudiosos estavam mais preocu-
pados com a descrição dos princípios metodológicos para análise dessas línguas pouco familia-
res do que com a construção de uma teoria geral da estrutura da linguagem. Além disso, temiam 
que a descrição das línguas indígenas ficasse distorcida se fossem analisadas à luz das análises 
propostas para as línguas indo-europeias mais familiares.
Vale ressaltar que tanto a teoria Sapir-Worf como a bloomfieldiana, no tocante à análise dis-
tribucionalista, inserem-se nessa situação linguística específica dos Estados Unidos naquele iní-
cio de século.
Assim, nesse contexto específico, a ideia antropológica presente nos estudos de Sapir-
Whorf e a psicologia comportamental que influenciou as ideias de Bloomfield são férteis, mar-
cando o estruturalismo norte-americano e diferenciando-o do estruturalismo europeu. Pode-se 
dizer que, enquanto Sapir foi o pioneiro, Bloomfield foi o consolidador da linguística naquele 
país, criando uma teoria mais bem definida do que os linguistas anteriores.
2.4 Gerativismo
As ideias de Saussure (2001) tiveram grande repercussão e marcaram uma nova fase da his-
tória da Linguística. Entretanto, já na segunda metade do século XX, iniciou-se nos Estados Uni-
dos uma reação ao estruturalismo tradicional, visto como essencialmente limitado à análise de 
dados observáveis e de objetivos quase sempre taxionômicos. Essa reação ganhou força e foi en-
cabeçada por Chomsky com a publicação da obra intitulada Syntactic Structures (1957).
Chomsky se posicionou contra o Estruturalismo em razão de a gramática estrutural se pau-
tar na fragmentação dos enunciados, restringindo-se à estrutura superficial, a um corpus, logo, 
desconsiderando a capacidade do falante de produzir sentenças.
Syntactic Structures (1957) é a obra em que Chomsky descreve a base da chamada gramá-
tica gerativo-transformacional, cujo objetivo foi explicar a capacidade criadora que permite ao 
falante nativo produzir (ou gerar) e compreender um número infinito de frases a partir de um 
conjunto finito, a maioria das quais nunca ouviu ou emitiu antes (fato já observado por Hum-
boldt, no século XIX).
O programa gerativista reflete sobre os mecanismos internos envolvidos no pensamento e 
na ação humana, pois assumem que a linguagem deve ser entendida como um órgão - compo-
nente do cérebro -, cujo caráter básico é um reflexo dos genes. Interessa-lhes os aspectos inatos 
DICA
Hipótese Sapir-Worf: 
formulada pelos lin-
guistas Edward Sapir 
e Benjamin Lee Worf, 
essa hipótese pos-
tula que cada língua 
segmenta sua realidade 
e impõe tal segmen-
tação a quem a fala; 
dessa forma, pessoas 
que falam diferentes 
línguas veem o mundo 
de maneira diferente. 
Além disso, postula que 
os modelos linguísticos 
estão relacionados aos 
modelos sociocultu-
rais; assim, distinções 
gramaticais e lexicais, 
obrigatórias numa 
dada língua, correspon-
dem às distinções de 
comportamento, obri-
gatórias numa dada 
cultura (MARTELOTTA 
et al, 2008, p. 125).
23
Letras Português - Linguística
da mente/cérebro que geram o conhecimen-
to da língua, pois estão preocupados em de-
preender na análise das línguas propriedades 
comuns, universais da linguagem, que consti-
tuem a Gramática Universal (GU).
O mecanismo que essa teoria gerativa 
instala é dedutivo: parte do que é abstrato, 
isto é, de um axioma e um sistema de regras 
e chega ao concreto, ou seja, as frases exis-
tentes na língua, operando, portanto, com 
hipóteses a respeito da natureza e funciona-
mento da linguagem.
Nessa medida, parte do princípio de que 
a faculdade da linguagem é intrínseca à espé-
cie humana: o homem já nasce com ela (faz 
parte de sua natureza), ou seja, ela é interna 
ao organismo humano (não é determinada 
pelo mundo exterior, como afirmam os beha-
vioristas) e deve estar fincada na biologia do cérebro/mente da espécie, destinando-se a consti-
tuir a competência linguística de um falante, a qual será por ele utilizada.
A aquisição da linguagem, segundo os gerativistas, é um aspecto particular do desenvolvi-
mento da capacidade do ser humano de captar e dominar conhecimentos, e são as ideias e prin-
cípios inatos derivados dessa capacidade de pensar que determinam a forma de conhecimento 
adquirido de maneira restrita e organizada. E, para que os mecanismos inatos sejam ativados, 
basta haver condições adequadas (exposição aos dados linguísticos).
Esse modelo teórico propõe também que, por trás de questões exclusivamente descritivas 
sobre o funcionamento da linguagem, há uma rede complexa e seletiva de operações mentais 
que orienta o desenvolvimento linguístico. Assim, postula análises sintáticas de frases pautadas 
na diferença entre os níveis “superficial” (estrutura superficial) e “profundo” (estrutura profunda) 
do sistema gramatical e sua maior intenção é “oferecer um meio de análise dos enunciados” que 
leve “em conta este nível subjacente da estrutura” (WEEDWOOD, 2002, p. 133).
Ao gerativismo, então, atribui-se a descrição das regras que determinam a estrutura da refe-
rida competência linguística humana.
Segundo Chomsky,
[...] a teoria linguística ocupa-se de um falante ouvinte ideal numa comunida-
de de fala completamente homogênea, que conhece sua língua com perfeição 
e não é afetado por condições gramaticalmente descabidas, tais como limita-
ções e memória, distrações, mudanças de atenção ou interesse e erros (casuais 
ou característicos) na aplicação de seu conhecimento de língua ao desempe-
nho real (CHOMSKY,1965, p 3).
Ressalta-se que a abordagem gerativa calcada no aspecto biológico não contraria a relevân-
cia do fator social e interacional no processamento da linguagem, pois, como se sabe, cada ser 
utiliza a linguagem de forma particular, sob a influência do meio social em que está inserido. Po-
de-se afirmar, consequentemente, que a linguagem, ao mesmo tempo em que está relacionada 
a um órgão natural, garante, à medida que novos dados são incorporados em sua constituição, a 
singularidade do sujeito. Salienta-se,no entanto, que a abordagem gerativista foca-se no aspec-
to natural (língua interna) e não no social (língua externa) da linguagem, pois, segundo Chomsky 
(2005, p. 121), “sem estrutura inata não há efeito do ambiente externo no processo de incremen-
tação da língua (ou outro)”.
Para os gerativistas, só é possível saber uma língua, se a priori tivermos uma representação 
mental (abstrata) do procedimento gerativo.
Determina-se como língua-I esse procedimento gerativo, que se trata de uma propriedade 
do cérebro/mente. Segundo Chomsky (2005, p. 66), língua-I é “um elemento de estados transitó-
rios da faculdade da linguagem relativamente estável” e “cada expressão linguística (de) gerada” 
por ela “inclui instruções para os sistemas de desempenho nos quais a língua-I está inserida”.
Essa mudança de prisma do programa gerativista, em relação ao Estruturalismo, consiste, 
mais especificamente, em não focar o estudo da língua-E (língua externa) e, sim, da língua-I (es-
tudo da língua representada na mente/cérebro).
◄ Figura 6: Avram Noam 
Chomsky
Fonte: Disponível em 
http://www.chomsky.info 
Acesso em 27 de nov. 2008
GLoSSárIo
Taxionomia: ciência 
baseada na classifica-
ção de coisas ou aos 
princípios subjacentes 
da classificação. 
Gramática Universal 
(GU): gramática inata 
ao ser humano, que 
contém, segundo o 
modelo da teoria inatis-
ta de Noam Chomsky, 
de 1965, as regras de 
todas as línguas. Pelo 
modelo de 1981, a GU 
é constituída apenas de 
princípios (leis univer-
sais), os quais todas as 
línguas possuem.
Faculdade da lin-
guagem: capacidade 
biológica do homem 
para a linguagem (siste-
ma linguístico inato à 
espécie humana). 
Competência lin-
guística (gramatical): 
conjunto de regras lin-
guísticas internalizadas 
pelo falante de uma 
língua, após exposição 
aos dados dessa língua.
GLoSSárIo
Língua-I (internali-
zada): competência 
linguística
24
UAB/Unimontes - 3º Período
Assim, a perspectiva gerativista caracteriza-se pelo reconhecimento de estruturas inerentes 
às operações mentais, princípios inatos na aprendizagem da linguagem. Ao considerar os está-
gios da faculdade da linguagem, propõe que há o estado inicial, definido geneticamente, e que, 
ao longo do seu desenvolvimento, passa por várias etapas até chegar a um estado relativamente 
estável, propício a poucas mudanças, exceto quanto ao léxico. Isso, então, evidencia que as lín-
guas são muito semelhantes e que suas diferenças são apenas marginais. Tal posição contradiz a 
proposta empirista, que defende o papel preponderante da experiência e do controle de aspec-
tos ambientais na aprendizagem.
Ora, buscando construir uma teoria mais 
abrangente, que explique não apenas as es-
truturas superficiais, mas também as estrutu-
ras profundas da língua, Chomsky se reapro-
xima da Filosofia, pois vê a necessidade de 
estabelecer universais linguísticos, e chega 
à conclusão de que as teorias racionalistas 
são as capazes de explicar a faculdade hu-
mana da linguagem. Assim, embora partin-
do de Saussure e aproximando-se das ideias 
de Humboldt, Chomsky liga-se, também, aos 
princípios norteadores das gramáticas gerais 
e, portanto, à doutrina de Port-Royal, que, ape-
sar de baseada em Descartes, conserva, como 
já foi dito, alguma influência do pensamento 
aristotélico.
Podemos dizer que os linguistas gerativo-
transformacionalistas, conforme Silveira (1998, 
p. 139), progridem em relação à visão estrutu-
ralista, na medida em que procuram explicar 
a linguagem humana pela noção de produ-
tividade; contudo, numa visão unidisciplinar, 
propõem-se a buscar a gramática da competência linguística (conjunto finito de regras capaz de 
gerar, transformar, e supervisionar um conjunto infinito de orações) de um falante ideal, mas não 
real, permanecendo, assim, no plano abstrato por terem desprezado a língua em uso.
Apesar de suas limitações, não se pode deixar de reconhecer a apreciável contribuição me-
todológica do Estruturalismo: ampliou o conhecimento das mais diversas estruturas linguísticas, 
aperfeiçoou técnicas de coleta e de controle de dados e demonstrou como certas estruturas são 
passíveis de um estudo mais abstrato e generalizante; por sua vez, a teoria gerativa estimula as 
discussões mais amplas a respeito da natureza intrínseca da linguagem e dos traços fundamen-
tais que deverão/deveriam compor uma gramática universal. Isto é, essas duas tendências se 
completam, pois os linguistas formalistas (estruturalistas e gerativistas) limitaram os seus estu-
dos à língua em si mesma e por si mesma e excluíram as variadas implicações que são inerentes 
ao uso da língua, ou seja, aspectos como o lugar e o momento da ocorrência, o envolvimento do 
falante e do ouvinte, as suas características, as suas interpretações, o espaço de interação entre 
os interlocutores, os aspectos sociais; enfim, não contemplaram em seus estudos o homem na e 
pela linguagem.
Segundo Orlandi (2009, p. 48), “os recortes e exclusões feitos por Saussure e por Chomsky 
deixam de lado a situação real de uso (a fala e o desempenho) para ficar com o que é virtual e 
abstrato (a língua e a competência)”.
Muitos linguistas, contudo, passaram a voltar sua atenção para a linguagem enquanto ativi-
dade e, portanto, para as relações entre a língua e seus usuários e para as ações que se realizam 
quando se usa a língua em determinadas situações de enunciação. Assim, pouco a pouco, vai 
ganhando terreno a linguística pragmática, a qual estuda os fatores que regem nossas escolhas 
linguísticas na interação social e os efeitos de nossas escolhas sobre as pessoas, assunto sobre o 
qual falaremos na próxima Unidade.
GLoSSárIo
Desempenho (per-
formance): uso dessas 
regras linguísticas inter-
nalizadas, resultado da 
competência linguística 
do falante e de outros 
fatores, tais como 
convenções sociais, 
atitudes, crenças, etc.
Estrutura profunda: 
segundo a gramática 
gerativa, é o primeiro 
elemento, na produção 
de uma dada frase, 
que contém todos os 
dados semânticos, isto 
é, o próprio sentido da 
mensagem (NIVETTE, 
1975, p. 43).
Estrutura superficial: 
segundo a gramática 
gerativa, é o último 
elemento no processo 
transformacional da 
frase, representado por 
um indicador sintag-
mático, ao qual, porém, 
todas as regras já se 
aplicaram (NIVETTE, 
1975, p. 43).
Figura 7: O cérebro e as 
funções orgânicas
Fonte: Disponível 
em http://www.guia.
heu.nom.br/fun%-
C3%A7oes_o_cerebro.
htm. Acesso em 27 de nov. 
2008
▼
25
Letras Português - Linguística
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http://en.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_Saussure Acesso em: 30 de nov. de 2008.
GLoSSárIo
racionalismo carte-
siano: doutrina que 
atribui à Razão humana 
a capacidade exclusi-
va de conhecer e de 
estabelecer a Verdade. 
Opõe-se ao empirismo, 
colocando a Razão 
independente da expe-
riência sensível, ou seja, 
rejeita toda interven-
ção de sentimentos, 
somente a Razão. 
Fonte: Disponivel em 
http://www.infoescola.
br. 
27
Letras Português - Linguística
UNIDADE 3 
Movimentos linguísticos do século 
XX: polo pragmático
3.1 Introdução
Mantendo nosso objeto de estudo, a linguagem verbal humana, voltaremos nosso olhar, 
nesta Unidade 3, para a segunda tendência de investigações linguísticas do século XX, o polo 
pragmático, cujas pesquisas se pautam, segundo Martelotta et al (2008, p. 88), na análise das 
“condições de uso da língua em situações reais de comunicação, ou seja, o momento em que se 
põe em evidência a chamada competência comunicativa ou pragmática, considerando agora as 
relações entre forma e função, entre os fatores gramaticais e sociais.”
Esta terceira unidade está estruturada da seguinte maneira:
•	 Polo pragmático
•	 Funcionalismo
•	 Teoria dos atos de fala
•	 Pragmática
•	 Linguística textual
•	 Análise da conversação
•	 Análise do discurso
•	 Sociolinguística
•	 Neurolinguística
•	 Psicolinguística
3.2 Polo pragmático
Conforme já dito, o polo pragmático considera as condições de uso da linguagem verbal 
em situações reais de uso e, inseridas neste polo que constitui um campo vasto, heterogêneo e 
multidisciplinar, em diálogo com outras áreas dos saberes (cada uma observando a língua em 
uso, mas de acordo com seus modelos teóricos e metodológicos), estão as seguintes escolas 
linguísticas: Funcionalismo, Teoria dos atos de fala, Pragmática, Linguística textual, Análise da 
conversação, Análise do discurso, Sociolinguística, Neurolinguística, Psicolinguística, que apre-
sentaremos a seguir.
3.3 Funcionalismo
Essa vertente tem raízes antigas. Mas, também, retoma as ideias propostas pelos estru-
turalistas funcionalistas e as desenvolve de uma maneira incrível. De um modo geral, pode-
se afirmar que o funcionalismo reflete uma oposição ao estudo da forma linguística (fono-
logia, morfologia, sintaxe e semântica), proposto pelas teorias formalistas (Estruturalismo e 
Gerativismo), ao investigar as funções que essa forma desempenha na comunicação diária 
(DILLINGER, 1991).
GLoSSárIo
Propostas formalistas: 
estudos linguísticos 
que valorizam a forma 
(estrutura interna da 
língua).
versus
Propostas pragmáti-
cas: estudos linguís-
ticos que consideram 
os fatores contextuais 
como determinantes 
dos usos linguísticos 
nas situações de comu-
nicação.
28
UAB/Unimontes - 3º Período
Para os funcionalistas, a língua é instrumento de comunicação e, por conseguinte, eles ad-
mitem que não pode ser vista como um objeto autônomo, mas como um processo/produto das 
situações comunicativas.
Assim sendo, consideram as situações enunciativas, ou seja, as intenções do falante, o ou-
vinte, as situações sócio-históricas e comunicativas, as condições de produção de sentido, etc. 
Para esses estudiosos, não se pode analisar um fato linguístico, sem se considerar o sistema em 
que ele está inserido. Dessa maneira, qualquer investigação linguística que se paute nos postu-
lados funcionalistas deve atentar-se à pluralidade das funções linguísticas e aos parâmetros de 
realização da atividade comunicativa.
Fatores comunicativos, tais como imagem dos interlocutores, contexto enunciativo, propó-
sito comunicativo, aspecto cultural e social, determinam, de acordo com os funcionalistas, a ati-
vidade comunicativa e, consequentemente, a produção de sentido. Segundo Neves (2001, p. 20), 
“o problema do falante é formular sua intenção de tal modo que tenha alguma chance de levar 
o destinatário a desejar a modificação da sua informação pragmática do mesmo modo como o 
falante pretende”.
Logo, o que se coloca em foco, para essa análise linguística, é a competência comunicati-
va, daí decorre a tentativa de compreender o percurso enunciativo de uma situação concreta de 
comunicação. Para os estudiosos dessa vertente, o sistema linguístico abrange todos os fatores 
indispensáveis para que a língua seja utilizada em uma situação concreta de uso. O locutor, inse-
rido em um determinado grupo social, fala de um determinado lugar social para um interlocutor 
também incluído em um grupo social (HALLYDAY, 1985).
O texto, portanto, deve ser entendido como fruto tanto do sistema linguístico, quanto do 
sistema social.
Para Dik (1989), investigar uma língua natural quer dizer analisar como o usuário desta lín-
gua a “exerce”, já que a capacidade linguística do ser humano seria apenas uma das muitas capa-
cidades de que pode lançar mão durante as práticas comunicativas.
Essa visão dinâmica da comunicação pontuou as pesquisas desenvolvidas no funcionalismo 
posterior ao período formalista quanto à distinção estabelecida entre tema e rema e à noção da 
“perspectiva funcional da frase”. O tema de um enunciado seria, segundo Weedwood (2002, p. 
142), a “parte que se refere ao que já é conhecido ou dado no contexto (também chamado às 
vezes, por outros teóricos, de tópico ou assunto psicológico)” e o rema, “a parte que veicula infor-
mação nova”.
Já “perspectiva funcional da frase” quer dizer que “a estrutura sintática da frase é em parte 
determinada pela função comunicativa dos vários constituintes e pelo modo como eles se rela-
cionam com o contexto enunciado” (WEEDWOOD, 2002, p. 143).
Para atingir o seu objetivo, os funcionalistas lidam, essencialmente, com dados de fala ou 
escrita retirados de contextos reais de comunicação, desconsiderando frases criadas, dissociadas 
de sua função no ato da interação comunicativa, como fazem os formalistas, que estudam a lín-
gua como um objeto descontextualizado, já que estão interessados em suas características inter-
nas – a forma de seus constituintes e as relações entre si – e não nas relações entre esses consti-
tuintes e seus significados ou funções, ou entre língua e seu meio, ou contexto de uso.
3.4 Teoria dos atos de fala
Na década de 1960, os estudos sobre as marcas linguísticas da argumentação despertaram 
também o interesse de um grupo de filósofos ingleses e americanos, o qual deu origem à Escola 
de Oxford: Austin – autor da Teoria dos Atos da Fala e principal representante –, Searle e Strawson.
Para Austin, (1990) a linguagem é uma prática social, não deve ser analisada por si mesma, 
deve-se levar em conta os fatores que interferem no seu uso, ou seja, o contexto social e cultural.
Nas palavras de Austin, 
Fazê-lo, que palavras devemos usar em determinadas situações, não esta-
mos examinando simplesmente palavras (ou seus significados, ou seja lá qual 
for), mas sobretudo a realidade sobre a qual falamos ao usar estas palavras – 
usamos uma consciência mais aguçada das palavras para aguçar nossa percep-
ção (...) dos fenômenos (AUSTIN 1990, p. 10).
GLoSSárIo
Funcionalistas: estu-
diosos que investigam 
as funções que a forma 
da língua

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