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Arlete Ribeiro Nepomuceno
Liliane Pereira Barbosa
LETRAS INGLÊS
Arlete Ribeiro Nepomuceno
LETRAS INGLÊSLETRAS INGLÊS
período
º1
Introdução
à Linguística
Montes Claros/MG - 2013
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Liliane Pereira Barbosa
2ª edição atualizada por 
Arlete Ribeiro Nepomuceno
introdução à 
Linguística
2ª EDIÇÃO
2013
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
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Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.
Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.
Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.
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REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
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REVISÃO TÉCNICA
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Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
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Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes dumont Macedo
Autoras
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP 
– e doutoranda em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. 
Professora do Departamento de Comunicação e Letras da Universidade Estadual de Montes 
Claros – Unimontes.
Liliane Pereira Barbosa
Mestre e doutoranda em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. 
Professora do Departamento de Comunicação e Letras da Universidade Estadual de Montes 
Claros – Unimontes.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Compreensão da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 O que é linguagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 A importância da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.4 Concepções de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
1.5 Noções e tipos de gramática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.6 Aquisição da linguagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
Linguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.2 O que é linguística e o que é e semiótica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.3 Linguística versus gramática tradicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.4 Objeto de estudo, objetivo e método investigativo da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . .21
2.5 Linguística e componentes da gramática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
História ocidental da linguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Na antiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3 No período alexandrino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.4 Na idade média . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
3.5 Da renascença ao fim do século XVIII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.6 A linguística no século XIX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.7 A linguística no século XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 36
3.8 Estruturalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
3.9 Guinada pragmática: linguagem e ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . .57
Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
Anexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65
9
Letras Inglês - Introdução à Linguística
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a), 
Neste semestre, temos uma disciplina intitulada Introdução à Linguística. Nessa disciplina, 
vamos abordar uma atividade humana extremamente utilizada: a linguagem. Já reparou quan-
to nos interagimos, comunicamos e expressamos o pensamento em nosso dia a dia? Pois é. 
Especificamente, vamos nos restringir à linguagem verbal humana, ou seja, a língua falada e 
escrita, e, também, às suas concepções. Veremos não só a história das investigações linguísti-
cas do séc. IV a.C ao século XX, mas também algo interessante: o fato de o ser humano sempre 
ter se preocupado em tentar explicar nossa linguagem verbal. Nesse percurso, você descobri-
rá que, no Ocidente, isso retoma as ideias dos filósofos gregos. Ou seja, essas investigações 
linguísticas pautavam-se na Filosofia, cujas intenções eram elaborar as leis do raciocínio, mas, 
para isso, era necessário entenderem alguns aspectos associados à relação linguagem, pensa-
mento e realidade. Apenas no século XX, teremos uma ciência que investigará a linguagem 
verbal humana como seu objeto de estudo, com métodos próprios de investigação. Ciência 
que será denominada Linguística.
Dessa ciência, veremos seu conceito, métodos investigativos, objeto de estudo, modali-
dades, ramificações... Ah, veremos noções de variação linguística (as maneiras diferentes de se 
usar uma língua em contextos diferenciados).
E, além de a Linguística ser uma ciência que trata apenas da linguagem verbal humana, 
temos uma outra ciência que vai tratar de todos os sistemas de comunicação, de todos os tipos 
de linguagem (verbal e não verbal), como mímicas, linguagem corporal, palavras, etc. – a Se-
miologia. Assim, essa disciplina Introdução à Linguística procura desenvolver um olhar linguís-
tico que possibilite ao acadêmico, através de conceitos e registros linguísticos mais relevantes, 
uma compreensão da teoria linguística desde os seus primórdios (na Antiguidade, na Idade 
Média, no Renascimento até o século XVIII), perpassando pelo século XIX (período histórico-
-comparativo) até o século XX (Estruturalismo, Gerativismo, Linguística do Texto, Funcionalis-
mo, Análise dos Discurso, entre outros).
Sabendo-se que o conhecimento científico estimula a atitude crítica e contribui para o 
exercício da cidadania, consideramos que forneceremos elementos que colaborarão em sua 
formação cidadã e profissional. Nesse contexto, a disciplina tem como objetivos:
• Entender a linguagem verbal como o objeto de estudo da ciência Linguística;
• Considerar a linguagem como atividade humana passível de ser descrita e explicada;
• Distinguir Gramática Normativa de Linguística;
• Diferenciar as teorias de aquisição da linguagem;
• Conhecer, analisar e operar com alguns conceitos básicos das teorias linguísticas conside-
rando, também, as ramificações dessa ciência;
• Analisar a língua como um todo constituído de variedades;
• Compreender a visão panorâmica dos estudos linguísticos (evolução) no decorrer de sua 
história;
• Perceber os diferentes olhares sobre a linguagem verbal, não priorizando um em detri-
mento de outro;
• Refletir sobre as teorias linguísticas e o ensino de língua.
Com tudo isso, você vai perceber que a Linguística é muito importante no ensino de lín-
gua, materna e/ou estrangeira. Evidenciamos, nessa disciplina, que o conhecimento linguístico 
habilita o educador e o pesquisador de línguas a compreender a sua função e, sobretudo, a 
orientar, convenientemente, a análise dos problemas pedagógicos surgidos durante suas au-
las. Assim, você, acadêmico de Letras, deverá ter em mente que essa disciplina é muito impor-
tante para sua formação humanístico-artístico-científica, pois, por meio dela, poderá compre-
ender não só a linguagem verbal humana, mas também o processo educativo.
A leitura dos textos também é importante, pois eles indicam os possíveis desenvolvimen-
tos e ampliações para o estudo e a discussão, além de, em determinadas ocasiões, serem os 
textos a que nos remeteremos durante nossa abordagem nesse caderno. São recursos que po-
dem ser explorados por você de maneira eficaz, pois buscam promover atividades de obser-
vação e de investigação que permitam desenvolver habilidades próprias da análise linguística 
e exercitar a leitura e a interpretação de fenômenos linguísticos e culturais. Ao planejar esse 
10
UAB/Unimontes - 1º Período
material, consideramos que você se familiarizaria, paulatinamente, com a visão e os procedi-
mentos próprios da disciplina.
Agora é com você. Explore tudo, abra espaços para a interação comunicativa com os co-
legas, para o questionamento, para a leitura crítica dos textos, bem como para as atividades e 
leituras.
Boa viagem ao mundo da Linguística! Bom estudo!
As autoras. 
11
Letras Inglês - Introdução à Linguística
UNidAde 1
Compreensão da linguagem
1.1 Introdução
O objetivo principal da Unidade 1 é que você conheça as questões básicas e discuta-as para 
ampliar seu conhecimento linguístico: o que é linguagem, sua importância, suas concepções, no-
ções de gramática e seus tipos, além das propostas de como se dá a aquisição da linguagem pelo 
ser humano.
1.2 O que é linguagem
O homem sempre procurou dominar o mundo e, através do conhecimento, ele é capaz de 
realizar esse seu intento, ao conseguir explicar o que existe no mundo. A linguagem é uma das 
coisas que ele almeja explicar (os registros sobre esse assunto remontam ao século IV a. C), já 
que se serve dela para expressar seu pensamento, se comunicar e interagir com outrem. Mas o 
que seria linguagem? Meu caro aluno, linguagem, em um sentido mais amplo e segundo uma 
dada concepção, equivale a todo e qualquer sistema de comunicação, seja verbal (comunicação 
que se dá através da palavra, oral ou escrita), seja não verbal (comunicação que se dá através de 
outros meios que não seja a palavra, por exemplo, linguagem dos surdos, linguagem corporal, 
mímica, pintura, dança, gestos, código morse, etc.).
Nesse sentido, teríamos de considerar, também, a linguagem dos outros animais (das abe-
lhas, dos golfinhos, dos macacos,...), mas não é o intento dessa disciplina. Utilizamos, nessa disci-
plina, o termo linguagem para nos referirmos à linguagem humana. De uma maneira mais restri-
ta ainda, essa disciplina terá como foco a linguagem verbal humana.
1.3 A importância da linguagem
Mas qual a importância de se compreender, estudar a linguagem? Como a linguagem está 
em todo lugar, em toda parte e como participa das atividades do ser humano, podemos apontar 
alguns motivos que justificam a aquisição desse tipo de conhecimento (LANGACKER, 1972):
• Busca de respostas a questões que envolvam língua e ortografia, língua oficial de um país, 
ensino de língua materna e estrangeira, língua universal, etc.;
• Significação intelectual com reflexo em outras ciências que também busquem conhecer a 
linguagem (por exemplo, Filosofia – trata da visão do homem sobre o mundo, que se traduz 
PARA SABeR MAiS
Linguagem, sendo 
considerada como 
qualquer sistema de 
comunicação, envolve-
rá a linguagem humana 
e a dos outros animais. 
Porém, de maneira 
mais restrita,como 
faz a Linguística, fará 
referência à lingua-
gem verbal (palavra) 
humana.
◄ Figura 1: linguagem 
não verbal e verbal 
(respectivamente) 
Fonte: CEREJA e MAGA-
LHÃES. Gramática: texto, 
reflexão e uso. São Paulo: 
Atual, 2004
12
UAB/Unimontes - 1º Período
a partir da linguagem; Psicologia – destaca os fatos cognitivos que interferem na aquisição 
da linguagem; Antropologia – dedica-se, primeiramente, às implicações da escrita no que se 
refere à evolução cultural e ao crescimento dos sistemas sociais, etc.);
• Aplicação prática desse conhecimento (não apenas no ensino, mas também na linguagem 
computacional, por exemplo);
• Formação intelectual e cultural do indivíduo.
Como o indivíduo concebe a linguagem também é importante; portanto, um conhecimento 
apurado dos enfoques linguísticos se torna imprescindível para ampliar o ponto de vista do inte-
ressado.
O parágrafo acima se justifica pelo fato de, muitas vezes, não se ter uma noção ampla de um 
dado assunto linguístico, atendo-se apenas à noção da gramática tradicional. Em razão disso, en-
focaremos, agora, na seção Concepções de linguagem, três abordagens distintas de linguagem 
verbal humana, propostas por Travaglia (1996).
1.4 Concepções de linguagem
Para a primeira concepção (TRAVAGLIA, 1996, p. 21-23), a linguagem será considerada como 
expressão do pensamento, a qual propõe que “as pessoas não se expressam bem porque não 
pensam”; sendo construída na mente, e a fala ou a escrita sua tradução. Sob essa concepção, a 
linguagem é constituída de regras a serem seguidas para a estruturação lógica do pensamento e 
da linguagem – concepção filosófica.
Essas regras estariam descritas no que conhecemos por gramática tradicional com o intuito 
de serem seguidas pelos indivíduos para falarem e escreverem corretamente. O texto, aqui, não 
será constituído considerando o “para quem, o que, onde, como, quando e para que” se fala/es-
creve.
A segunda concepção define linguagem como instrumento de comunicação, ou seja, a lin-
guagem será vista como recurso para se transmitir uma mensagem de um emissor para um re-
ceptor; um fato social, convencionado por um grupo social para que a comunicação se concre-
tize. Essa é a primeira concepção a da linguagem proposta pela Linguística (representada pelos 
estruturalistas, que almejam descrever o funcionamento da língua, e os gerativistas, que tentam 
descrever e explicar esse funcionamento).
Pensando em um circuito de fala, segundo essa concepção, o falante tem em mente uma 
mensagem a transmitir a um ouvinte. Para isso, ele organiza seu pensamento, transmite a mensa-
gem (codificação) através das ondas acústicas que são recebidas pelo ouvinte, o qual decodifica 
a mensagem.
Na terceira concepção, a linguagem constitui um processo de interação humana, comuni-
cativa. Para os adeptos dessa concepção, a linguagem não apenas expressa o pensamento ou 
transmite informações, mas também age, atua sobre o ouvinte/leitor, considerando uma dada 
situação comunicativa e um dado contexto sócio-histórico e ideológico. Dessa forma, o sentido 
amplo do diálogo é que caracteriza a linguagem; como exemplo, a anedota:
BOX 1
Anedota
O visitante vai passando pelo corredor do hospital, quando vê o amigo saindo disparado, 
cheio de tubos, da sala de cirurgia:
• Aonde é que você vai, rapaz?
• Tá louco, bicho, vou cair fora!
• Mas qual é, rapaz?! Uma simples operação de apendicite! Você tira isso de letra.
• E o paciente:
• Era o que a enfermeira estava dizendo lá dentro: “Uma operaçãozinha de nada, rapaz! Co-
ragem! Você tira isso de letra! Vai fundo, homem!”
• Então, por que você está fugindo?
• Porque ela estava dizendo isso pro médico que ia me operar!
(Apud Luiz Carlos Travagla. Gramática e interação - Uma proposta para o ensino de gramática 
no 1º e no 2º graus. São Paulo: Cortez, 1986. p. 91).
 
Fonte: CEREJA e MAGALHÃES. Gramática: texto, reflexão e uso. São Paulo: Atual, 2004
13
Letras Inglês - Introdução à Linguística
1.5 Noções e tipos de gramática
Assim, como temos várias concepções de linguagem, também temos várias noções de gra-
máticas: normativa, descritiva e internalizada. O que isso quer dizer? Quer dizer que há mais de 
um conceito de gramática, há mais de um tipo de gramática? Por exemplo, não é só aquele livro 
(quantas regras ele contém!) que estudamos na escola desde pequenos?
É isso mesmo. É importante ter isso sempre em mente, pois o termo “gramática” significa 
apenas conjunto de regras de uma língua.
Porém, quando se considera a linguagem como uma expressão do pensamento, adota-se a 
visão de que a gramática contém regras para serem seguidas (prescreve o que deve e o que não 
deve ser usado na língua) – chamaremos esse tipo de gramática tradicional (GT) ou normativa 
(visão tradicional da língua baseada na norma culta da língua – modelo a ser seguido – e nas no-
ções de certo/errado).
Essa noção de gramática, desenvolvida pelos filósofos gregos, representa uma tradição que 
tinha por interesse entender aspectos associados à linguagem, pensamento e realidade. De base 
filosófica, essa tradição foi iniciada por Aristóteles que se voltou para a relação linguagem e lógi-
ca almejando elaborar as leis do raciocínio e predominou até o século XIX (MARTELOTTA, 2008). 
Ela determina uma maneira correta de usar a língua, impondo um dialeto padrão ideal – utiliza-
do pelos grupos sociais dominantes – para o sistema de escrita que serve de modelo para a fala.
Temos, também, a gramática que descreve as regras seguidas naturalmente pelos falantes, 
sem imposição alguma, ou seja, registra qualquer variedade da língua, qualquer uso da língua 
– chamaremos esse tipo de gramática de descritiva (visão científica baseada nas noções de ade-
quado/inadequado, desenvolvida no século XX a partir da Linguística estruturalista). Essa gramá-
tica considera que uma língua é constituída de diversas formas de uso, por exemplo: a Língua 
Portuguesa é constituída do falar mineiro, paulista, baiano, gaúcho, gírias, etc. O mesmo valendo 
para o espanhol.
Mas, se considera linguagem uma predisposição biológica do ser humano, cuja gramática 
equivale ao conjunto de regras da língua dominado pelo indivíduo a partir de sua internalização, 
temos a gramática internalizada (visão científica, desenvolvida no século XX a partir do gerativis-
mo, baseada na proposição de que a criança em fase de aquisição de uma língua, à medida que 
é a ela exposta, internaliza suas regras). Essa gramática não existe em forma de manual, grafado 
concretamente, pois está arquivada em nossa mente; na verdade, constitui o objeto de estudo 
das demais gramáticas, que tentam descrever e explicá-la.
Essas noções diferentes de linguagem e gramática podem conduzir-nos a um questiona-
mento: Como elas se relacionam com o ensino de língua? Esse é um questionamento pertinente, 
mais ainda se você pensar que a adoção de uma ou outra concepção pode repercutir de maneira 
diferente no ensino.
Um ensino segundo as duas primeiras concepções de linguagem é descontextualizado, ou 
seja, a análise linguística se baseia apenas no âmbito da palavra, do sintagma ou da frase, apesar 
de a abordagem da primeira concepção ser normativa (dita regras da língua que devem ser se-
guidas pelos falantes) e da segunda descritiva/explicativa (descreve as regras da língua usadas 
pelos falantes e tenta explicá-las).
Além disso, a primeira concepção, quando propõe uma forma linguística como padrão a 
ser seguido – gramática normativa –, reflete isso no ensino que adotará essa visão parcial da lín-
gua ao tratar apenas esse modelo padronizado como correto, abandonando as demais formas 
existentes. Por outro lado, a gramática descritiva não privilegia uma variedade de língua, mas as 
variedades nela existentes, o que conduzirá a um ensino mais abrangente, considerando essas 
variedades linguísticas sem preconceitos; inclusive a variedade do modelo padrão.
Mas, nem por isso, devemos descartar totalmente a gramática normativa e seu ensino, pois 
ela sintetizaas reflexões e análises de gerações de estudiosos que teceram investigações sobre a 
linguagem humana. Nessa medida, salientamos que é preciso desconsiderá-la como uma doutri-
na sagrada infalível que todos devem seguir, cuja desobediência é crime contra a língua (BAGNO, 
2001).
Já a linguagem, quando vista como processo de interação, é analisada de maneira contextu-
alizada, ou seja, considerando as condições internas e externas do uso da linguagem, por exem-
plo: fatores sociais (idade, sexo, classe social, escolaridade, profissão, etc.), interação entre as pes-
soas, intenções comunicativas, informações implícitas, entre outras. Desse modo, essa interação 
é privilegiada no ensino (de língua estrangeira ou materna) quando se adota essa concepção.
ATiVidAde 
A anedota retrata duas 
situações de comuni-
cação. Quais são elas? 
A enfermeira disse ao 
médico a mesma coisa 
que o visitante disse 
ao amigo paciente? 
O sentido desses dois 
enunciados é o mes-
mo? Qual concepção 
de linguagem podemos 
usar para analisá-la? 
Justifique suas respos-
tas e apresente a sua 
opinião no fórum de 
discussão.
GLOSSÁRiO
Gramática tradicional: 
conhecido livro que 
contém as regras que 
devemos seguir para 
falar e escrever corre-
tamente, geralmente 
ensinadas no ensino 
básico: regras fonoló-
gicas, morfológicas, 
sintáticas, semânticas, 
ortográficas, etc.
14
UAB/Unimontes - 1º Período
1.6 Aquisição da linguagem
Ao se discutir linguagem, não há como não se pensar em como o ser humano adquire sua 
linguagem verbal. Você já parou para pensar em como as crianças (de dois a quatro anos, por 
exemplo) aprendem a língua a que são expostas sem ninguém as ensinar? Quais os mecanismos 
que precisam ser acionados? Os cientistas possuem propostas interessantes que tentam explicar 
como se dá a aquisição e desenvolvimento da linguagem e o porquê da maneira como ocorre.
Descreveremos, na seção As teorias de aquisição, a abordagem de Santos (in: FIORIN, 2002, 
p. 216-226) de aquisição da linguagem.
Segundo essa autora, a linguagem não é caótica, aleatória, por isso nos transmite uma visão 
geral das teorias que abordam essa questão.
1.6.1 As teorias de aquisição
Há dois grandes blocos de teoria sobre a aquisição 
da linguagem: empiristas e racionalistas.
Para os primeiros, o conhecimento, assim como a 
aquisição da linguagem, se dá através da experiência. 
Um dado estímulo conduzirá a uma dada resposta que 
deverá ser reforçada para que haja aprendizagem. A es-
trutura linguística não está no ser humano e nem é por 
ele construída, mas está fora do homem, está no exterior.
No entanto, para os racionalistas, juntamente com 
as experiências, as crianças fazem uso de uma predis-
posição biológica do ser humano – uma capacidade 
inata. Ou seja, há algum mecanismo no cérebro huma-
no responsável pelo aprendizado da linguagem que é 
ativado com as experiências, exposições a uma dada 
língua.
1.6.1.1 Teorias empiristas
a. Proposta behaviorista
A proposta behaviorista pauta-se no associacionismo. 
Segundo ela, o aprendizado dos comportamentos (lin-
guísticos e não linguísticos) se dá por meio de estímu-
los, reforços e privações (SKINNER, 1957).
Para Skinner, pode-se predizer e controlar o com-
portamento verbal: E (estímulo) ÷ R (resposta) ÷ Re 
(reforço).
Ou seja, um estímulo externo provoca uma res-
posta externa ao organismo. Caso haja um reforço 
positivo dessa resposta, haverá aprendizagem (manu-
tenção do comportamento). Caso seja reforçada nega-
tivamente, elimina-se o comportamento. Se não há re-
forço, o comportamento tende a desaparecer.
Por exemplo, caso uma criança veja sua mãe segu-
rando uma mamadeira (estímulo) e produza a palavra 
papá (resposta) e a mãe deseje que esse comporta-
mento verbal seja aprendido, ela irá reforçá-lo, positivamente, até que haja a aprendizagem.
Essa proposta considera apenas os fatos da língua que são observados (método indutivo), 
sua parte externa, desconsiderando a existência de um componente organizador da língua 
GLOSSÁRiO
dialeto: Variedade de 
uma língua, perten-
cente a um grupo de 
falantes.
Figura 2: Crianças 
fazem uso de uma 
predisposição 
biológica do ser 
humano
Fonte: ORLANDI, Eni 
Pulcinelli. O que é Lin-
guística. São Paulo: Ed. 
Brasiliense, 2003. p. 43
►
Figura 3: Burrhus 
Frederic Skinner, 
psicólogo.
Fonte: Revista Linguagem 
em (Dis)curso, v. 4, n. 2, 
jan./jun. 2004. Disponível 
em http://linguagem.uni-
sul.br/paginas/ensino/pos/
linguagem/0402/0906.
jpg . Acesso em 17 de jun. 
2013.
►
15
Letras Inglês - Introdução à Linguística
que trabalha junto com os dados na estruturação de uma língua específica. A Burrhus Frederic 
Skinner foi um psicólogo que baseou suas teorias na análise das condutas observáveis. Dividiu 
o processo de aprendizagem em respostas operantes e estímulos de reforço.
Quadro 1: Paradigma behaviorista
Fonte: Revista Linguagem em (Dis)curso, v. 4, n. 2, jan./jun. 2004. Disponível em http://linguagem.unisul.br/paginas/
ensino/pos/linguagem/0402/0906.jpg . Acesso em 17 jun. 2013. 
b. Proposta conexionista
Baseado em uma inspiração neuronial, o conexionismo parte do princípio de que o cérebro 
consiste em um grande número de neurônios (processadores) que estão interligados formando 
uma complexa rede neural.
Propõe, diferentemente do behaviorismo, que há um mecanismo cerebral genético respon-
sável pela aprendizagem, ou seja, o indivíduo aprende a partir de redes neurais estabelecidas 
com base em experiências.
A aprendizagem centra-se na relação entre os dados de entrada (input) e saída (output) ad-
mitindo analogias e generalizações.
Para que haja aprendizagem, deve haver mudanças nas conexões neurais. Isso se dará por-
que os estímulos (input) ativam neurônios. O reforço fortalece essa conexão criando uma rede, 
de modo que, quando esse estímulo se repetir, toda a rede será ativada. Quanto maior a frequên-
cia de estímulos, mais forte se torna essa conexão; as redes aprendem alterando a força das co-
nexões neurais. A partir daí, como já houve aprendizagem, é só gerar os dados de saída. Abaixo 
segue um esquema de representação dessa relação input > output para a aprendizagem.
1.6.1.2 Teorias racionalistas
Apesar de haver consenso entre os teóricos dessa corrente de que a linguagem é uma ca-
pacidade inata do ser humano, há divergências em relação à sua natureza. Uma corrente assume 
que o aprendizado da linguagem está localizado em um módulo independente, ou seja, nossos 
outros aprendizados estão em outro módulo de aprendizagem (inatistas); e a outra, parte da 
ideia de que o aprendizado da linguagem e os outros aprendizados estão localizados no mesmo 
módulo (construtivistas).
a. Proposta inatista
Os inatistas propõem que o ser humano é dotado de uma gramática inata – os quais têm 
como representante Noam Chomsky. Eles partem da ideia de que há uma parte do cérebro res-
ponsável pela aprendizagem da linguagem independente das nossas outras aprendizagens. Afir-
mam isso em razão de em casos de afasias, por exemplo, áreas diferentes do cérebro atingidas 
afetarem aspectos diferentes da linguagem; por outro lado, há casos de pessoas com problemas 
mentais que não necessariamente apresentam problemas linguísticos.
GLOSSÁRiO
Behaviorismo: restri-
ção da psicologia ao 
estudo objetivo dos 
estímulos e reações ve-
rificadas no físico, com 
desprezo total dos fatos 
anímicos; condutismo 
(FERREIRA, 1999).
Método indutivo: 
consiste, na Linguística, 
em recolher um corpus 
de enunciados e tirar, 
por segmentação e 
substituição, classes 
(ou listas) de elementos 
e regras que permitem 
dar conta de todas as 
frases (DUBOIS et al, 
2001).
PARA SABeR MAiS
Pesquise sobre a teoria 
behaviorista de Skinner. 
Para melhor compre-
ender essa proposta de 
aquisição da lingua-
gem, acesse o endereço 
eletrônico sugerido: 
http://www.behavioris-
mo.psc.br
diCA
Assista ao filme “O enig-
ma de Kaspar Hauser” 
(Alemanha, 1974) – 
Drama que retrata a 
trajetória do misterioso 
jovem Kaspar Hauser 
queé deixado em uma 
praça, após passar 
toda a vida trancado 
em uma torre (supõe-
-se que tivesse origem 
nobre e que havia sido 
escondido por proble-
mas de sucessão ou 
bastardia). Aos poucos, 
ele tenta se integrar à 
sociedade e entender 
sua complexidade. 
Observe as dificuldades 
que o jovem Kaspar 
Hauser enfrenta para se 
integrar à sociedade.
16
UAB/Unimontes - 1º Período
Quadro 2: Paradigma conexionista.
Fonte: Fonte: Fonte: Revista Linguagem em (Dis)curso, v. 4, n. 2, jan./jun. 2004. Disponível em http://linguagem.unisul.br/
paginas/ensino/pos/linguagem/0402/0906.jpg . Acesso em 17 jun. 2013. 
Quadro 3: Paradigma racionalista.
Fonte: Revista Linguagem em (Dis)curso, v. 4, n. 2, jan./jun. 2004. Disponível em http://linguagem.unisul.br/paginas/
ensino/pos/linguagem/0402/0906.jpg . Acesso em 17 jun. 2013. 
Figura 4: Esquema de 
uma rede neural.
Fonte: Revista Linguagem 
em (Dis)curso, v. 4, n. 2, 
jan./jun. 2004. 
Disponível em http://
linguagem.unisul.br/
paginas/ensino/pos/lin-
guagem/0402/0906.jpg . 
Acesso em 17 jun. 2013. 
►
PARA SABeR MAiS
Avram Noam Chomsky 
é professor e linguista 
norte-americano. Sua 
teoria propõe que o 
processo de aquisição 
de uma língua é inato 
aos seres humanos e 
é provocado tão logo 
a “criança” comece a 
aprender as leis básicas 
de uma língua. Seu 
método de investi-
gação é dedutivo, 
uma vez que propõe 
princípios cujas verda-
des serão verificadas, 
posteriormente,nos 
dados da língua.
GLOSSÁRiO
Gramática Universal 
(GU): gramática inata 
ao ser humano que 
contém, segundo o 
modelo da teoria ina-
tista de Noam Chomsky 
de 1965, as regras de 
todas as línguas. Pelo 
modelo de 1981, a GU 
é constituída apenas de 
princípios (leis univer-
sais), os quais todas as 
línguas possuem.
diCA
Assista ao filme “Nell” 
(EUA, 1994) – 
Sinopse: Uma jovem 
(Jodie Foster) é encon-
trada em uma casa na 
floresta, onde vivia com 
sua mãe eremita, mas o 
médico (Liam Neeson) 
que a encontra após a 
morte da mãe constata 
que ela se expressa em 
um dialeto próprio, 
evidenciando que até 
aquele momento ela 
não havia tido contado 
com outras pessoas. 
Intrigado com a des-
coberta e ao mesmo 
tempo encantado com 
a inocência e a pureza 
da moça, ele tenta 
ajudá-la a se integrar na 
sociedade.
17
Letras Inglês - Introdução à Linguística
Chomsky, inicialmente, propõe-nos um modelo de aquisição da 
linguagem (1965), porém o ajusta, posteriormente (1981), em razão do 
excesso de regras do primeiro modelo.
O modelo de 1965 propõe que a criança nasce com uma Gramá-
tica Universal (GU) inata, que contém as regras de todas as línguas. 
Quando a criança entra em contato com as sentenças de uma língua 
específica (experiência), seleciona as regras dessa língua particular e 
desativa as demais, construindo a gramática da língua a que é exposta.
Como dito anteriormente, em virtude de o primeiro modelo propor um excesso de regras, 
em 1981, propõe-se que toda criança nasce com os Princípios (leis invariantes), que se aplicam 
a todas as línguas, e com os Parâmetros (leis particulares), que variam de língua para língua. A 
criança, nesse modelo, apenas irá escolher o parâmetro, a partir do input que experienciar.
Por exemplo, há o princípio de que todas as línguas têm a posição do sujeito; a criança, en-
tão, terá apenas de escolher, com base nos dados, qual parâmetro acionará: “o sujeito deve sem-
pre ser representado por uma palavra ou o sujeito pode ser omitido”. Crianças expostas ao inglês 
acionarão o primeiro parâmetro; porém, crianças expostas ao português acionarão o segundo 
parâmetro.
É claro que nem todas as questões que geram essa proposta foram respondidas, mas muitas 
reflexões são realizadas. Ainda há muito a se investigar.
b. Proposta construtivista
Para os teóricos construtivistas, o desenvolvimento da linguagem se dá da mesma manei-
ra que para as demais operações mentais. Isso se deve ao fato de elas pertencerem ao mesmo 
módulo de aprendizagem, conforme vimos na seção Teorias racionalistas. Além disso, propõem 
que a criança constrói sua linguagem e desdobram a teoria em duas propostas: cognitivistas e 
interacionistas.
c. Proposta cognitivista
Desenvolvida a partir dos estudos de Piaget, a proposta cognitivista propõe que a criança 
constrói seu conhecimento com base nas suas experiências com o mundo físico, o meio em que 
vive. Esses teóricos determinam estágios para o desenvolvimento cognitivo, que são universais 
(invariáveis), isto é, todas as crianças passam por eles, numa mesma ordem e numa dada faixa 
etária, conforme esquema a seguir. 
Em cada estágio, a criança desenvolve capacidades necessárias para o estágio seguinte, 
evoluindo-se.
Nessa proposta, quando a criança fala consigo mesma – discurso egocêntrico – não há 
intenção de comunicação com um dado interlocutor, ou seja, é uma fala sem função social. 
Discurso que, segundo os cognitivistas, desaparece por volta dos 7 (sete) anos, quando seu 
discurso passa a ser socializado.
Essa proposta possui alguns problemas, segundo Santos (2002), principalmen-
te, quanto ao fato de propor estágios invariáveis: há estudos que apontam a ocor-
rência de variações no processo de aquisição da linguagem e até mesmo de crian-
ças que não passam por determinados estágios.
Propostas, inicialmente, por Vygotsky, as investigações interacionistas apon-
tam para a importância do interlocutor no desenvolvimento da linguagem, uma 
vez que consideram que a fala tem função social. Pensando dessa maneira, o adul-
to será aquele que facilita o processo de aquisição da linguagem e cria situações 
comunicativas.
Os interacionistas propõem os seguintes estágios de desenvolvimento de 
operações mentais:
▲
Figura 5: Avram Noam 
Chomsky
Fonte: Elojocojo. Dispo-
nível em www.elojocojo.
org/test2/wp-content/
uploads/2009/06/noam-
-chomski2.png. Acesso em 
17 jun. 2013. 
PARA SABeR MAiS
Jean Piaget foi biólogo 
e psicólogo com enor-
me produção na área 
de Educação, já que 
Psicologia e Educação 
andam juntas. Afinal, 
para compreender os 
processos de ensino 
e aprendizagem no 
indivíduo, é necessário 
acompanhar o meio 
em que está inserido e 
as influências que ele 
exerce. No início do 
século XX, com uma 
teoria até então revolu-
cionária, Piaget identifi-
cou que a constituição 
do conhecimento do 
sujeito não dependia 
apenas da ação do 
meio ou de sua herança 
genética, mas também 
de sua própria ação.
Figura 6: Jean Piaget
Fonte. Sitio Piaget.infoedu. 
Disponível em http://
piaget.infoedu.zip.net/
images/JeanPiaget.jpg. 
Acesso em 09 jun. 2013
▼
18
UAB/Unimontes - 1º Período
Esses estágios, como propostos pelos cognitivistas, também são invariáveis e 
gerais. Assim, é importante abordar que o discurso egocêntrico, aqui, é visto de ma-
neira diferente dos cognitivistas, pois para os interacionistas, esse discurso, que ten-
de a se interiorizar quando a criança cresce, tem função social e a criança o usa para 
resolver problemas.
Essa proposta possui um aspecto interessante quanto à linguagem. Segundo 
ela, há, inicialmente, uma dissociação entre fala e pensamento (um período do pen-
samento sem fala, e outro de fala sem pensamento) e, posteriormente, apenas por 
volta dos dois anos, fala e pensamento se unem, para que o pensamento possa 
ser verbalizado.
Quantas propostas! Sabe por quê? Porque essa capacidade humana de aqui-
sição da linguagem é notável, desafiadora, instigante! Por isso tantas pessoas inte-
ressadas em tentar explicá-la, o que gera propostas diferentes, como vimos. Fica uma pergunta: 
qual delas é a melhor? Na verdade, não temos uma melhor do que a outra, quando algumas ex-
plicam melhor um dado processo linguístico, falham em relação a outros... Mas muitas questões 
ainda estão sem resposta, a ciência caminha...
Referências
BAGNO, Marcos. Português ou brasileiro? - um convite à pesquisa. São Paulo: Parábola, 2001.
DUBOIS, Jean et al. dicionário de Linguística. 8 ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
FERREIRA, Aurélio Buarquede Holanda. Novo Aurélio Século XXi: o dicionário da língua portu-
guesa. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1999. FIORIN, Luiz José et al. Introdução à Linguística. 
São Paulo: Ed. Contexto, 2002.
LANGACKER, Roland W. A linguagem e sua estrutura. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1972.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. O que é Linguística. São Paulo: Ed. Brasiliense, 2003. REVISTA LINGUA-
GEM EM (DIS) CURSO. v. 4, n. 2, jan./jun. 2004.
SANTOS, Raquel. A aquisição da linguagem. In: FIORIN, Luiz José et al. introdução à Linguísti-
ca. v. 1. São Paulo: Ed. Contexto, 2002.
SKINNER, B. F. Verbal behavior. New York: Appleton – Century Crofts, 1957.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática 
no 1º e 2º graus. 6. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001. http://www.behaviorismo.psc.br http:/
en.wikipedia.org
▲
Figura 7: Vygotsky.
Fonte: Wikipédia. 
Disponível em http://
damylen.files.wordpress.
com/2012/10/vygotsky.
jpg?w=770
http://en.wikipedia.org. 
Acesso em 17 jun. 2013. 
PARA SABeR MAiS
A teoria de Vygotsky é 
uma “teoria sócio-histó-
rico-cultural do desen-
volvimento das funções 
mentais superiores”. 
Segundo esse psicó-
logo bielo-russo, para 
o desenvolvimento da 
criança, principalmen-
te, na primeira infância, 
o que se reveste de 
importância primordial 
são as interações com 
os adultos, portadores 
de todas as mensagens 
da cultura.
19
Letras Inglês - Introdução à Linguística
UNidAde 2
Linguística
2.1 Introdução 
O objetivo principal é que continue a conhecer as questões básicas de linguagem e discuti-
-las, ampliando seus conhecimentos. Agora, lidaremos com as noções de Linguística (objeto de 
estudo, objetivos, método e componentes gramaticais de investigação), Semiologia e as diferen-
ças entre essas duas ciências. Também, distinguiremos Gramática Tradicional de Linguística, algo 
importante de se estabelecer nesse segundo momento de estudo.
2.2 O que é linguística e o que é e 
semiótica
Até então, discutimos Linguística, especificamente, linguagem e noções de gramá-
tica; mas, para que continuemos, fazem-se necessárias a delimitação da Linguística e a 
ênfase a seus pressupostos básicos.
O que é Linguística? Bem, a resposta a essa pergunta não é muito tranquila se você 
responder que é uma ciência que investiga a linguagem.
Por que não é uma resposta tranquila? Pelo simples fato de termos linguagem ver-
bal (pautada na palavra) e linguagem não verbal (pautada em outros sistemas de comu-
nicação que não o da palavra) – conforme visto na Unidade 1, subunidade “O que é lin-
guagem”.
A resposta a essa indagação é que a Linguística é uma ciência que investiga a lin-
guagem verbal humana – apenas um dos tipos de linguagem que podemos usar em um 
ato de comunicação.
Essa resposta poderia nos conduzir a um outro questionamento: Há uma ciência que 
trataria da linguagem não verbal?
Bem, na verdade, temos uma outra ciência de amplitude maior que estuda qualquer 
sistema de comunicação, tanto a linguagem verbal quanto a não verbal. Segundo Ferdi-
nand Saussure, denomina-se Semiologia; segundo Sanders Pierce, Semiótica.
Pelo fato de a Linguística tratar apenas da linguagem verbal, em razão de ser o siste-
ma de comunicação mais bem desenvolvido e de maior uso, podemos considerar que a Linguís-
tica está inserida na Semiologia/Semiótica.
2.3 Linguística versus gramática 
tradicional 
Pelo que já foi abordado, podemos considerar que Linguística e Gramática Tradicional (GT) 
são sinônimas?
Esse seria um questionamento possível de ser formulado por iniciantes nessa área a um do-
cente em razão do peso da tradição da gramática tradicional.
▲
Figura 8: Ferdinand 
Saussure.
Fonte: Wikipédia. 
Disponível em http://
damylen.files.wordpress.
com/2012/10/vygotsky.
jpg?w=770
http://en.wikipedia.org. 
Acesso em 17 jun. 2013. 
20
UAB/Unimontes - 1º Período
Mas, a resposta do professor seria “não”. Por quê? Porque a Gramática Tradi-
cional (retomar subunidade Noções e tipos de gramática) corresponde a um ma-
nual que descreve as regras da língua que devem ser seguidas pelos seus usuá-
rios, tanto para fala quanto para escrita – em razão de não diferenciar essas duas 
modalidades, mas considerar a escrita modelo.
Essa gramática difundiu falsos conceitos e até preconceitos a respeito da lin-
guagem. Que falsos conceitos seriam esses?
• A difusão de que há uma variedade da língua melhor do que a outra (privilegia-
-se o falar do grupo social de prestígio em detrimento dos demais grupos);
• A consideração de que a língua escrita é o modelo para a língua falada (segun-
do essa gramática, a fala deve espelhar a escrita);
• O fato de propor que há línguas mais lógicas, mais ricas e melhores que outras 
(línguas clássicas);
• A noção de que há línguas mais evoluídas que outras, consideradas primitivas...
• Além de preconceitos inúmeros, vejamos apenas dois:
• O indivíduo que não usa as regras que a gramática tradicional prescreve fala/escreve errado;
• O indivíduo que não segue a GT é inferior em relação a quem a segue...
Essas falsas noções são desmistificadas pela Linguística. Segundo Petter (in FIORIN, 2002), 
a Linguística, ciência que investiga a linguagem verbal humana, de qualquer língua indistin-
tamente, não está interessada em propor regras Linguísticas para os indivíduos seguirem, em 
que muitas em nada correspondem ao uso. A Linguística, em suas pesquisas, busca descrever/
explicar as regras utilizadas naturalmente pelos falantes de uma língua (gramática descritiva) e 
revela-nos outros resultados. Em primeiro lugar, não há uma variedade da língua melhor que a 
outra, há diferentes maneiras de se expressar em uma mesma língua; a língua escrita, também, 
não pode ser modelo para a fala, em razão de a fala preceder a escrita e de suas organizações 
e usos serem diferentes; não se tem línguas mais evoluídas que outras, pois as línguas pos-
suem os recursos necessários para que seus falantes estabeleçam comunicação; também, não 
há fala/escrita erradas apenas pelo fato de não seguirem a GT nem seu usuário é inferior. Em 
razão disso, na verdade, deve-se pensar em noções de adequações de uso da língua a contex-
tos – situações comunicativas variadas.
Por exemplo, imagine-se escrevendo um convite para uma festa junina seguindo as regras 
da gramática normativa. O convite ficaria descaracterizado. Nesse contexto, seria inadequado 
aplicar as regras da GT, pois o adequado seria escrever aproximando-o de uma linguagem cai-
pira, ou seja, desobedecendo a regras impostas. Vejamos os exemplos que se seguem:
▲
Figura 9: Charles 
SandersPier
Fonte: Wikimedia. Dispo-
nível em http://upload.
wikimedia.org/wikipedia/
commons/4/42/Charles-
-Sanders-Peirce.jpg . 
Acesso em 17 jun. 2013. 
Figura 10: Modelo de 
convite de festa junina. 
Fonte: Blog Cantinho 
do Educador. Dispo-
nível em http://www.
ensinar-aprender.com.
br/2011/06/16-modelos-
-de-convite-para-festa-
-junina.html. Acesso em 
17 de jun. 2013.
►
21
Letras Inglês - Introdução à Linguística
Esses dois modelos de textos estão para o que se propõe, aos seus receptores e contexto 
comunicativo, apesar de apenas o modelo de memorando seguir as regras impostas pela gramá-
tica. Memorando nº 24/ED Normativa-modelo tido por ela como correto.
2.4 Objeto de estudo, objetivo 
e método investigativo da 
linguagem 
Como toda ciência, qual é o objeto, objetivo e método investigativo da Linguística?
O objeto de estudo da Linguística é a linguagem verbal humana (oral ou escrita), a qual ob-
serva com a finalidade de descrever e explicar os princípios fundamentais que a regem, através 
da análise de sua estrutura e funcionamento.
Em vista disso, a Linguística definiu seu método de investigação: em uma dada pesquisa, o 
estudioso baseia suas descobertas na observação dos fatos linguísticos (dados da realidade), os 
quais devem ser analisados por meio de uma teoria e de experimentações adequadas (MARTE-
LOTTA, 2008).
2.5 Linguística e componentes da 
gramática
Em razão de a Linguísticaalmejar descrever/explicar as regras utilizadas naturalmente pelos 
falantes de uma língua, suas investigações, geralmente, por questão de restrição, equacionamen-
to da complexidade da língua, pautam-se em um ou outro aspecto linguístico. O que isso quer 
dizer, professor?
Quer dizer que, em uma investigação, pode-se observar a linguagem verbal sob aspectos 
diferentes. Isso porque a gramática de uma língua é constituída de níveis: fonético/fonológico, 
morfológico, sintático e semântico. Daí a Linguística ser constituída de partes para enfocar cada 
um dos componentes de uma gramática: Fonética e Fonologia, Morfologia, Sintaxe e Semântica, 
os quais serão descritos nas próximas subunidades, além de abordar outros domínios (como a 
Lexicologia, por exemplo).
Mas vale lembrar as palavras de Nida (1970): nenhuma parte de uma língua pode ser descrita 
adequadamente sem referência a todas as outras partes. Ou seja, seus componentes gramaticais 
articulam-se, pois são interdependentes.
ATiVidAde
Você já refletiu sobre 
o fato de que nem 
sempre você segue as 
regras que a GT impõe? 
Analise uma regra sin-
tática da GT (colocação 
dos pronomes átonos, 
uso do pronome você, 
concordância/regência 
verbal, por exemplo) e 
compare-a com o uso 
que você faz da língua.
◄ Figura 11: Modelo de 
memorando.
Fonte: Redação Oficial. 
Disponível em http://
www.planalto.gov.br/
ccivil_03/manual/manual.
htm. Acesso em 17 de jun. 
2013.
ATiVidAde 
Você fez a reflexão e 
análise solicitadas? 
Agora, faça uma pes-
quisa on-line e verifi-
que o que a Linguística 
aborda sobre o assunto 
escolhido e comente-o. 
No fórum de discussão.
22
UAB/Unimontes - 1º Período
2.5.1 Fonética
A Fonética é o ramo da Linguística que trata dos sons da fala (parte física e fisiológica do sis-
tema sonoro), denominados de fone, cujas finalidades são: descrever o caminho percorrido pela 
corrente de ar na produção dos sons articulados de uma língua, como esses sons são produzidos, 
sua propagação no espaço e percepção do ouvinte em relação ao som articulado emitido pelo 
falante. Em decorrência de investigar os sons isoladamente, a Fonética mostra-nos as variações 
sonoras que uma língua pode apresentar. Por exemplo:
2.5.2 Fonologia
A Fonologia é o ramo da Linguística, interdependente da Fonética, que trata dos sons da 
língua (fonema), parte psíquica do sistema sonoro e se preocupa com a funcionalidade e organi-
zação desses sons em sistemas. Chamamos os sons da língua de funcionais. Por quê? Porque têm 
capacidade de, a partir de sons diferentes, gerarem significados distintos.
A partir da técnica do par mínimo, que equivale a um par de palavras que apresenta apenas 
uma diferença sonora em cada uma de suas palavras (essa diferença sonora deve estar na mesma 
posição do contexto e, a tonicidade das palavras deve ser a mesma), podemos analisar se os sons 
distintos que aparecerem nesse par mínimo são funcionais ou não, ou seja, se geram significados 
diferentes ou não. Por exemplo: o par mínimo “mesada” e “melada” nos 
permite afirmar que os sons [1] e [z] são fonemas (sons funcionais) em razão de gerarem significa-
dos diferentes entre as palavras. As finalidades da Fonologia são: distinguir significações através 
de sons diferentes, descrever as combinações de fonemas possíveis em uma dada língua e inven-
tariar o sistema fonológico – os sons que têm funcionalidade (vogais, consoantes e semivogais).
2.5.3 Morfologia
A Morfologia é o ramo da Linguística que trata das formas das palavras. Mas o que seria 
a forma de uma palavra? Bem... Seria seu aspecto, com a abstração de seu sentido e função 
(MONTEIRO, 2002). Ou melhor, a morfologia lida com a análise da estrutura interna das pala-
vras, enfocando os morfemas, sua distribuição, variantes e classificação, conforme seu ambien-
te e ordem de ocorrência, além dos processos de formação de palavras e categorias gramati-
cais (LAROCA, 2005).
Possui um objeto mínimo de análise: as unidades mínimas significativas (morfemas) e um 
objeto máximo, a palavra.
2.5.4 Sintaxe
Como mais um ramo da Linguística, a Sintaxe volta-se para a análise das relações entre as 
palavras e das relações entre as orações que compõem um dado período. Os processos sequen-
cial (coordenação) e sintagmático (subordinação) são apenas alguns aspectos que aqui são trata-
dos, além da correlação, entre outros.
2.5.5 Semântica
Segundo Perini (2004), a Semântica – outro ramo da Linguística – é responsável por anali-
sar o significado das formas Linguísticas, cuja interpretação é depreendida somente da estrutu-
ra formal da língua, ou seja, está ligada à sua estrutura morfossintática, o que desconsidera os 
GLOSSÁRiO
Fone: Sinônimo de som 
da fala, corresponde à 
parte física e fisiológica 
do sistema sonoro, ou 
seja, é a realização dos 
sons de uma língua.
Fonema: Sinônimo de 
som da língua (unida-
de mínima distintiva), 
corresponde à parte 
psíquica (abstrata) do 
sistema sonoro. Esses 
sons são chamados de 
funcionais porque, a 
partir de pares míni-
mos, geram significa-
dos distintos.
23
Letras Inglês - Introdução à Linguística
fatores ligados ao contexto comunicativo, conhecimento prévio, intenções do falante, etc. Esse 
tipo de análise semântica preocupa-se com o significado literal das palavras através de regras 
semânticas.
2.5.6 Lexicologia
Por fim, dentro de nossa estratégia de abordar primeiramente apenas os componentes de 
uma gramática (etapa já cumprida e encerrada na seção acima), faremos referência, agora, a um 
ramo da Linguística que se distingue da gramática propriamente dita: a Lexicologia, que analisa 
o significado individual dos itens lexicais. Mas isso não seria o que a Semântica faz? Não. Mas por 
quê?
Porque a Semântica, conforme Perini (2004), analisa o significado das palavras relacionando-
-o às funções morfossintáticas exercidas pelas palavras numa frase. A Lexicologia não, trata o sig-
nificado desvinculado da frase – os itens semânticos de uma palavra.
Mas, então, como seria isso? Vejamos a frase: “João feriu Maria”.
Numa análise à luz da Semântica, as suas regras especificam que, nessa frase, a palavra João 
é agente da ação e Maria é paciente; porém esses significados estão relacionados à função mor-
fossintática que exercem nessa frase: sujeito e objeto direto, respectivamente.
Basta uma inversão dessa frase: Maria feriu João e teremos os mesmos itens lexicais, porém 
com funções morfossintáticas diferentes, o que desencadeará significados diferentes para cada 
um. Agora, Maria é o agente e João, paciente, em razão de serem agora sujeito e objeto direto, 
respectivamente.
Porém, numa análise à luz da Lexicologia, os itens lexicais Maria, feriu e João terão sempre os 
mesmos traços semânticos, por exemplo:
Maria: nome de um ser humano, feminino, + animado, + concreto.
João: nome de um ser humano, masculino, + animado, + concreto.
Feriu: item lexical que indica ação.
Além dos componentes gramaticais e da Lexicologia, descritos em Linguística: componen-
tes da gramática, a Linguística possui outros domínios de estudos que, por causa de suas especi-
ficidades, serão vistos na Unidade 3.
Referências
FIORIN, Luiz José et al. introdução à Linguística. São Paulo: Ed. Contexto, 2002.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 19 ed. Rio de Janeiro: UGV, 2000.
LAROCA, Maria Nazaré de Carvalho. Manual de morfologia do português. Campinas: Ed. Pon-
tes, 2005.
MARTELOTTA, Mário Eduardo et al. Manual de Linguística. São Paulo: Ed. Contexto, 2008.
MONTEIRO, José Lemos. Morfologia portuguesa. 4 ed. Campinas: Pontes, 2002.
NIDA, Eugène A. Morfology: the descriptive analysis of words. 2 ed. Ann Arbor, The University of 
Michigan Press, 1970.
PERINI, Mário Alberto. Gramática descritiva do português. 4 ed. São Paulo: Ed. Ática, 2004.
PETTER, Margarida. Linguagem língua, fala. In: FIORIN, Luiz José et al. Introdução à Linguística. 
v. 1. São Paulo: Ed. Contexto, 2002. http://en.wikipedia.org 
GLOSSÁRiO
Morfema: Unidade 
mínima significativa 
– objeto mínimode 
análise da Morfologia.
Sintagma: Numa 
noção saussuriana, esse 
termo nomeia a relação 
entre dois elementos 
consecutivos, estando 
um elemento subordi-
nado (dependente) a 
um outro (principal).
Sequência: Termo 
utilizado para nomear 
a relação de coordena-
ção entre elementos 
consecutivos.
Correlação: Constru-
ção sintática de duas 
partes relacionadas 
de tal maneira que a 
enunciação da primeira 
prepara a enunciação 
da segunda (GARCIA, 
2000).
25
Letras Inglês - Introdução à Linguística
UNidAde 3
História ocidental da linguística 
3.1 Introdução
Esta é a terceira unidade desse Cader-
no Didático cujo objetivo principal é oferecer 
uma visão panorâmica da história da Linguís-
tica. Para tanto, torna-se necessário, antes de 
tudo, colocá-la no seu contexto histórico, a 
fim de que saibamos quais os motivos e intui-
ções do passado serviram de bases a teorias e 
orientações atuais e possamos formular uma 
série de propostas satisfatórias a respeito do 
que seja linguagem.
Um exame, mesmo superficial da histó-
ria da Linguística, demonstra que, se, por um 
lado, ela se desenvolveu metodologicamente 
à sombra de outras disciplinas, por outro lado, 
procurar a natureza subjacente das línguas 
sempre esteve no centro das preocupações 
dos linguistas.
Salientamos que nosso enfoque são as 
investigações Linguísticas no Ocidente, de 
Platão às propostas do século XX. Faremos 
referência a poucas investigações Linguísticas 
ocorridas no Oriente, apenas àquelas que in-
terferiram no pensamento ocidental.
Essa terceira unidade, História ocidental 
da Linguística (século IV a.C ao século XX) foi 
organizada com as seguintes subunidades:
3.2 Na antiguidade
3.2.1 Na Índia
Segundo Leroy (1971, p. 16), os hindus – 
povos da civilização oriental –, por razões re-
ligiosas, foram os primeiros povos levados a 
estudar sua língua. Preocuparam-se com os tex-
tos sagrados, reunidos no Veda, pois não que-
riam que sofressem alteração alguma no mo-
mento de serem cantados ou recitados durante 
os sacrilégios. Depois, os gramáticos – dos quais 
o mais célebre é Panini (século IV a.C) – dedica-
ram-se ao estudo do valor e do empréstimo das 
palavras e fizeram de sua língua, com precisão 
e minúcias admiráveis, descrições fonéticas que 
são consideradas modelo no gênero. Por muito 
tempo esquecidas, foram elas descobertas pe-
los sábios ocidentais nos fins do século XVIII e 
constituíram, como veremos ainda nessa unida-
de, o ponto de partida indispensável à criação 
da gramática comparada.
Na esteira de Laroca (2005, p.12), a desco-
berta do sânscrito possibilitou aos estudiosos 
reconhecer a estrutura interna das palavras, 
depreendendo unidades mínimas como raí-
zes e afixos. Ademais, cumpre ressaltar que os 
estudos hindus eram puramente estáticos, re-
lativos apenas ao sânscrito, efetuados por ho-
mens totalmente desprovidos de senso histó-
rico, pois se limitavam a classificar os fatos sem 
procurar-lhes a explicação.
3.2.2 Na Grécia antiga
Se, por um lado, os gregos – civilização 
ocidental – não deixaram de sua língua ne-
nhuma descrição comparável à dos hindus, 
por outro, estudaram sua própria língua com 
muita atenção, não só no plano estético (os 
procedimentos de estilo), mas também no 
plano filosófico (adequação da linguagem 
ao pensamento). Nessa medida, esse último 
ponto de vista (sobre o qual falaremos nessa 
seção) interessa-nos particularmente, pois tais 
PARA SABeR MAiS 
Dizem os historia-
dores que existiu, há 
uns 15.000 ou 20.000 
anos, uma civilização 
muito desenvolvida no 
vale do Rio Sarasvati 
e, posteriormente, no 
vale do Rio Hindus 
(Índia). Ali é o berço da 
tradição dos Vedas com 
seus rituais, mantras e 
diálogos entre mestres 
e discípulos sobre o 
conhecimento do Ser 
Absoluto. A mais antiga 
evidência que se possui 
do sânscrito (língua sa-
grada da Índia) é o Rig 
Veda. Dessa língua Rig 
Veda há um desenvol-
vimento até o sânscrito 
clássico, conhecido e 
usado hoje sem sofrer 
qualquer mudança. 
Isso devido a gramáti-
cos como Panini, que 
escreveu um tratado 
da língua sânscrita 
chamado Ashtadhyayi, 
constituído de oito 
capítulos, cada um divi-
dido em quatro partes. 
Infelizmente, mesmo 
na Índia, o sânscrito 
é raramente usado 
como um meio diário 
de comunicação. No 
entanto, alguns grupos 
têm tentado reviver o 
sânscrito como uma 
língua falada.
26
UAB/Unimontes - 1º Período
especulações dos antigos constituem, em boa 
parte, o ponto de partida do pensamento lin-
guístico moderno tanto nos seus desacertos 
como nos rumos de seus êxitos, conforme ve-
remos ao longo dessa unidade.
As primeiras discussões dos filósofos gre-
gos sobre a linguagem centravam-se no pro-
blema da relação entre o pensamento e a pa-
lavra, isto é, discutiam se o que regia a língua 
era a natureza ou a convenção. Essa oposição 
da natureza e da convenção era um lugar-co-
mum da especulação filosófica. Dizer que uma 
determinada instituição era natural equivalia a 
dizer que tinha sua origem em princípios eter-
nos e imutáveis fora do próprio homem, e era 
por isso inviolável; convencional equivalia a 
dizer que era o mero resultado do costume e 
da tradição, isto é, de algum acordo tácito, ou 
contrato social, entre os membros da comu-
nidade – contrato que, por ter sido feito pelos 
homens, podia ser violado por eles mesmos.
A palavra gramática, no sentido amplo de 
sistematização dos fatos de uma 
língua (MELO, 1972, p. 7), come-
çou a ser empregada no mundo 
ocidental a partir de Aristóteles:
il faut se rappeller que les 
premières observations sur le 
langage furente faites par les so-
phistes à l’occasion de la critique 
d’Homère. Ce n’est qu’après Aris-
tóteles que la grammaire se cons-
titua en science independante 
(HARDY, 1984, p.10).
Tradução: ”É preciso lem-
brar-se de que as primeiras observações so-
bre a linguagem foram feitas pelos sofistas no 
momento em que criticaram Homero. Somen-
te após Aristóteles, a gramática constituiu-se 
como uma ciência independente”.
Os sofistas (século V - IV a. C) tiveram da 
linguagem uma visão predominante utilita-
rista: eram professores de retórica e viam nas 
palavras, acima de tudo, um instrumento de 
persuasão; não lhes interessou um estudo 
aprofundado dos problemas da língua nem 
uma sistematização dos fatos linguísticos.
Já em Platão, filósofo grego, no século V 
a. C, podemos encontrar reflexões sobre a lin-
guagem, questão central na época, nos diálo-
gos conhecidos como Crátilo. Nesses diálogos, 
tomavam como parte três interlocutores – Crá-
tilo, Hermógenes e Sócrates –, representando 
cada qual um ponto de vista a respeito da de-
nominação ou designação, isto é, da relação 
existente entre o nome, a ideia e a coisa.
A indagação central estava baseada na 
existência ou não da relação de similaridade 
entre a forma (código linguístico) e o senti-
do por ela expresso. Para Crátilo, a língua é o 
espelho do mundo, o que significa que existe 
uma relação natural e, portanto, similar en-
tre os elementos da língua e os seres por eles 
representados. Para Hermógenes, a língua é 
arbitrária, isto é, convencional, pois entre o 
nome e as ideias ou as coisas designadas não 
há transparência ou similaridade. Sócrates, 
por sua vez, tem o papel de fazer a integração 
entre os dois pontos de vista.
Enquanto Aristóteles (século IV a.C.) levou 
mais longe a preocupação com a linguagem, 
embora não tenha escrito obras que tratem 
especificamente desse assunto; sua doutrina 
linguística encontra-se esparsa em vários de 
seus tratados.
Aristóteles, em seus tratados de lógica, cujo 
conjunto recebeu a denominação de Organon, 
destaca um fato eminentemente humano que é 
o exercício da linguagem, nas palavras de Neves 
(1987, p. 61). O Organon inclui vários capítulos, 
entre os quais destacamos o capítulo I (Catego-
rias) e os capítulos II, III e IV (Sobre a Interpreta-
ção). Nesse contexto, Aristóteles aborda, logo 
de início, sinônimos, homônimos e parônimos 
(Categorias, cap. I); mais além, define o nome, 
verbo,o discurso (Sobre a Interpretação, cap. II-
-IV). Na sua obra Poética (cap. XX-XXII), da qual 
restaram apenas fragmentos, esboça uma clas-
sificação das palavras, incluindo, além do nome, 
do verbo e dos artigos, conectivo, articulação e 
frase (cap. XX) e a metáfora (cap. XXII). É na obra 
Política, que é um conjunto de oito livros que 
não apresentam encadeamento lógico rigoro-
so, no Livro I, capítulo II, que vai ser explicitada 
a natureza da linguagem. Para Aristóteles, o 
animal político liga-se necessariamente à fa-
culdade humana de falar, pois sem linguagem 
não haveria sociedade política. O homem é um 
animal político mais do que as abelhas ou os ou-
tros animais gregários. A natureza não faz nada 
em vão e, entre os animais, o homem é o único 
que ela dotou de linguagem (NEVES, 1987, p. 62). 
Em outras palavras: A linguagem está no ho-
mem suscitada pela vocação de animal político 
e operada pela sua natureza, a fim de que essa 
vocação se possa cumprir. Assim sendo, a base 
para as sociedades é a possibilidade de comu-
nicação. Só a voz articulada, a palavra humana, 
tem um sentido, o qual é dado pela faculdade 
exclusivamente humana.
No campo da lógica, Aristóteles estabe-
lece as categorias, que constituem uma clas-
sificação de ideias humanas: a substância, a 
quantidade, a qualidade, a relação, o lugar, o 
tempo, a posição, o estado, atividade, a passivi-
dade (ARISTÓTELES, Categorias, cap. IV). Esses 
são, segundo ele, os dez gêneros ou ideias 
universais em que se encerram todos os seres 
PARA SABeR MAiS 
Na Antiguidade, os 
termos língua e lingua-
gem eram empregados 
indistintamente.
▲
Figura 12: Platão.
Fonte: Wikipedia. Disponí-
vel em http://en.wikipedia.
org. Acesso em 17 jun. 
2013. 
GLOSSÁRiO
Sofistas: Contempo-
râneos de Sócrates 
que chamavam a si a 
profissão de ensinar a 
sabedoria e a habilida-
de (FERREIRA, 1999).
PARA SABeR MAiS 
Para Aristóteles, a 
lógica não seria parte 
integrante da ciência e 
da filosofia, mas apenas 
um instrumento (Orga-
non) que elas utilizam 
em sua construção.
27
Letras Inglês - Introdução à Linguística
contingentes. Aristóteles apresenta assim a tota-
lidade dos predicados que se podem afirmar do 
ser (BENVENISTE, 2005, p. 71). Após isso, seus 
seguidores foram, aos poucos, estabelecendo 
as chamadas categorias gramaticais (no senti-
do de partes do discurso): nome (substantivo e 
adjetivo), verbo, etc.
Outra importante contribuição de Aristó-
teles para os estudos gramaticais foi estabele-
cer, na lógica (Categorias, cap. II), o conceito de 
sujeito e predicado, elementos fundamentais 
em todo raciocínio e na oração.
Além disso, o método que seria adotado 
pela chamada gramática tradicional foi inau-
gurado por Aristóteles: a partir dele, segundo 
Neves:
Aparece a definição das partes do discurso. Seu procedimento geral de investi-
gação, que se baseia na definição e nas classificações, aplica-se também às for-
mas de expressão e caracteriza, a partir daí, a apresentação das entidades da 
linguagem. Mais tarde, a gramática alexandrina vai estruturar-se sobre o pro-
cedimento de classificações e definições e, do mesmo modo, vai-se ver, pelo 
tempo afora assim apresentarem-se também as gramáticas ocidentais (NEVES, 
1987, p. 207).
Partindo, pois, de Aristóteles, os estoicos 
(cuja escola data do século III a.C.) começaram 
a organizar a gramática no sentido de estudo 
sistemático da língua, escrevendo obras espe-
cificamente gramaticais, em que trataram de 
Fonética, de Morfologia e de Sintaxe; deles, 
porém, só nos chegaram notícias de fragmen-
tos. Entre os estoicos que trataram de ques-
tões linguísticas, temos Crates de Malo, que 
esteve em Roma em meados do século II a.C., 
e, com suas palestras, deu o primeiro impul-
so aos estudos sistemáticos dos romanos no 
campo da língua.
Lobato (1986, p. 78) ressalta o fato de que, 
ainda que os estoicos tenham se 
dedicado ao estudo de questões 
gramaticais, eles não se interes-
saram pela língua em si mesma, o 
que coincide com o pensamento 
dos filósofos, visto que percebiam 
a língua como a expressão do pen-
samento e dos sentimentos. Essa é 
a característica compartilhada com 
os estudiosos do período anterior: 
todos desenvolveram o estudo so-
bre a língua no âmbito de pesqui-
sas filosóficas ou lógicas.
3.3 No período Alexandrino
Maior importância para a evolução dos 
estudos gramaticais tiveram os alexandrinos 
que (também a partir do século III a.C.) ocupa-
ram-se deste assunto: as alterações introduzi-
das pelos sábios alexandrinos nas doutrinas 
dos estoicos é que deram à gramática a forma 
com que, posteriormente, chegou aos roma-
nos e, através destes, à tradição europeia. A 
sistematização da gramática efetuou-se no pe-
ríodo alexandrino sob o influxo das condições 
políticas e culturais da época: a extensão do 
império criado por Alexandre motivou o sur-
gimento de uma discrepância cada vez maior 
entre a língua grega culta e a língua corrente, 
que se contaminou com barbarismos devido 
à introdução de povos diversos na comunida-
de cultural helênica; o estudo da gramática foi 
um meio de preservar a língua como expres-
são de valores da cultura que os gregos dese-
javam conservar.
Segundo Lyons (1979, p. 9), cumpre ressal-
tar o fato de que, com o estabelecimento da 
grande biblioteca da colônia grega de Alexan-
dria, no início do séc. III a. C, essa cidade tor-
nou-se o centro de intensa pesquisa literária 
e linguística. Os manuscritos dos autores anti-
gos, em particular os que traziam o texto dos 
poemas homéricos, encontravam-se bastante 
corrompidos. Comparando diferentes ma-
nuscritos das mesmas obras, os filólogos ale-
xandrinos dos séculos III e II a. C procuraram 
restaurar o texto original e escolher, entre os 
trabalhos, os genuínos e os espúrios. Porque a 
língua dos textos clássicos diferia, em muitos 
aspectos, do grego contemporâneo de Ale-
xandria, desenvolveu-se a prática de publicar 
comentários de textos e tratados de gramática 
para elucidar as várias dificuldades que pode-
riam perturbar o leitor dos antigos poetas gre-
gos. A admiração pelas grandes obras literárias 
do passado encorajou a crença de que a pró-
pria língua na qual elas tinham sido escritas 
era em si mais pura, mais correta do que a fala 
coloquial corrente de Alexandria e de outros 
centros helênicos. Assim, as gramáticas es-
critas pelos filósofos helenistas tinham dupla 
finalidade: combinavam a intenção de estabe-
lecer e explicar a língua dos autores clássicos 
▲
Figura 13: Aristóteles
Fonte: Marcosself. 
Disponível em http://
marcosself.files.wordpress.
com/2010/11/25_mvg_
cie_aristoteles12.jpg. 
Acesso em 17 jun. 2013.
28
UAB/Unimontes - 1º Período
com o desejo de preservar o grego da corrup-
ção por parte dos ignorantes e dos iletrados. 
Essa abordagem do estudo da língua cultiva-
da pelo classicismo alexandrino envolvia dois 
erros fatais de concepção, os quais figuram 
como os erros clássicos no estudo da língua.
Ora, o primeiro se refere ao fato de que a 
cultura linguística grega valorizou a escrita em 
detrimento da fala. Quando se percebia dife-
renças entre a língua falada e a escrita, havia 
uma grande tendência em considerar a segun-
da como principal (independente) e a primeira 
como derivada (dependente), o que era refor-
çado pelo interesse do povo alexandrino pela 
literatura.
Já o segundo erro era a suposição de que 
a língua dos escritores do século V a. C. era 
mais bem elaborada do que a fala coloquial; 
e, em geral, a dedução de que são as pessoas 
cultas que mantém o uso correto da língua.
Um dos sábios alexandrinos, Dionísio da 
Trácia, que viveu entre os séculos II e I a. C., é 
o autor da primeira descrição explícita da lín-
gua grega, contida num breve estudo intitula-
do Téchne Grammatiké (A Arte da Gramática). A 
grande contribuição de Dionísio para os estu-
dos gramaticais foi fixar as classes de palavras, 
que, para ele, são oito: nome, verbo, particípio, 
artigo, pronome, preposição, advérbio e con-
junção.Os estoicos haviam reconhecido ape-
nas o nome (que distribuíam, aliás, em duas 
classes, a dos nomes próprios e a dos nomes 
comuns), o verbo, a conjunção, o artigo e o 
advérbio. Em verdade, nas primeiras classifi-
cações feitas na Grécia (ou seja, na de Platão, 
de Aristóteles e dos estoicos), as palavras são 
encaradas não em si, mas como partes do dis-
curso. A fixação dessas palavras é importante 
para o desenvolvimento dos estudos gramati-
cais, pois:
É especialmente na classificação das palavras “partes do discurso” que pode-
mos apontar a construção de um sistema gramatical porque (...) é exatamen-
te nesse campo que a gramática tem condições de mostrar um tratamento 
diferente, em natureza, do tratamento filosófico (NEVES, 1987, p. 201-202).
Os filósofos classificaram as partes do 
discurso com um critério nocional, isto é, com 
base na significação. Em Dionísio, esse crité-
rio é ocasional, sendo muito mais importan-
te o critério da forma (flexão). Nesse sentido, 
as partes do discurso passam a ser encaradas 
como classes de palavras: a gramática separa-
-se da filosofia e se estabelece como disciplina 
independente.
Segundo Dionísio, a gramática é o conhe-
cimento prático do uso da língua, baseado no 
estudo dos bons escritores; utiliza, pois, o mé-
todo empírico, fundamentando-se nas obser-
vações dos fatos da língua.
A obra de Dionísio serviu de base para a 
elaboração de gramáticas latinas até o século 
XIII e, através destas, influenciou também as 
gramáticas de diversas línguas modernas da 
Europa.
3.3.1 Em Roma
Em Roma, os estudos gramaticais consis-
tiram, em grande parte, na aplicação da ter-
minologia grega à língua latina. Destaca-se, 
porém, pela originalidade, o gramático Marco 
Terêncio Varrão (séc. I a.C.), autor de um trata-
do intitulado De Língua Latina; esta é a mais an-
tiga obra gramatical romana da qual nos resta 
algo mais que fragmentos: dos vinte e cinco li-
vros que a compunham, seis chegaram até nós 
mais ou menos completos e permitem ver que 
o autor elaborou toda uma teoria gramatical, 
procurando conciliar as ideias dos estudiosos 
gregos que o precederam. Varrão aceita que 
a língua tenha irregularidades, mas, por outro 
lado, esboça uma teoria normativa. Define gra-
mática como o estudo sistemático do uso dos 
poetas, historiadores e oradores, o que é qua-
se uma cópia da definição de Dionísio; mas, ao 
classificar as palavras, mostra-se original: dis-
tingue entre palavras variáveis e invariáveis e 
as divide em cinco classes (o nome, o verbo, o 
particípio, a conjunção e o advérbio). Apresen-
ta, ainda, um estudo sobre flexão do nome, as 
vozes e os tempos do verbo. Contudo, Varrão 
teve menor influência sobre os estudos linguís-
ticos do período medieval do que os outros 
autores sem originalidade, que apenas adapta-
ram o latim às teorias de Dionísio; entre estes, 
interessa-nos o gramático Prisciano.
Desse autor, que viveu entre os séculos 
V e VI d. C., chegou-nos uma obra intitulada 
Institutiones Grammaticae, na qual transpôs 
para o latim as classes de palavras estabeleci-
das por Dionísio; excluiu o artigo, inexistente 
em latim, acrescentou a interjeição e usou ter-
mos latinos em vez dos gregos: nomem (classe 
que compreende o substantivo e o adjetivo), 
verbum, participium, pronomem, adverbium, 
PARA SABeR MAiS 
As obras de Aristóteles 
foram elaboradas para 
um auditório de discí-
pulos, sendo apresen-
tadas sob a forma de 
pequenos tratados.
GLOSSÁRiO
estoicos: seguidores 
das doutrinas dos filó-
sofos gregos Zenão de 
Cício (340-264) e seus 
seguidores Cleanto 
(séc. III a.C.), Crisipo 
(280 – 208) e os roma-
nos Epicteto (c.55 – c. 
135) e Marco Aurélio 
(121 – 180), caracte-
rizadas, sobretudo, 
pela consideração do 
problema moral, cons-
tituindo, através do 
equilíbrio e moderação 
na escolha dos prazeres 
sensíveis e espirituais, o 
ideal do sábio (FERREI-
RA, 1999).
Anomalistas: gramá-
ticos gregos que insis-
tiam na importância 
das irregularidades na 
língua grega. Para eles, 
a gramática é concebi-
da como um conjunto 
de exceções.
Analogistas: gramá-
ticos gregos que dis-
cutiam a importância 
das regularidades no 
estudo dos fenômenos 
linguísticos. Enquanto 
os analogistas afir-
mavam que a língua 
é fundamentalmente 
regular e excepcio-
nalmente irregular, os 
anomalistas defendiam 
a tese contrária.
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Letras Inglês - Introdução à Linguística
praepositio, interiectio e coniunctio (verbo, par-
ticípio, pronome, advérbio, preposição, inter-
jeição e conjunção). Aí temos a origem da no-
menclatura usada até hoje nas gramáticas das 
línguas europeias em geral. Além disso, Pris-
ciano estabeleceu a ordem seguida até hoje 
pelos gramáticos de linha tradicional: tratou 
primeiro da fonética, depois da morfologia e, 
por último, da sintaxe, da qual Dionísio não ti-
nha apresentado um estudo sistemático.
A obra de Prisciano constituiu, pois, uma 
ponte entre a Antiguidade e a Idade Média. 
Durante toda a Idade Média, destaca-se sua 
grande influência nos estudos da linguagem.
3.4 Na idade média
Seguindo a tradição greco-romana, os 
gramáticos medievais adotaram a nomencla-
tura estabelecida por Dionísio e adaptada ao 
latim por Prisciano. As gramáticas medievais 
da primeira fase foram obras meramente di-
dáticas, quase sem nenhuma originalidade, 
destinadas, sobretudo, ao ensino do latim. Já 
na segunda metade da Idade Média, caracteri-
zada pelo intenso estudo da filosofia, surgiram 
obras que procuraram aplicar a lógica às ques-
tões linguísticas buscando as razões filosóficas 
das teorias estabelecidas por Prisciano.
A partir do século XII, graças à atividade 
docente de Santo Tomás de Aquino, a influên-
cia de Aristóteles sobre o pensamento medie-
val intensificou-se e a chamada filosofia esco-
lástica chegou ao seu apogeu. Nessa época, 
prevaleceu a ideia de que Prisciano fizera um 
trabalho superficial, pois lhe faltava uma base 
filosófica. Surgiu, então, a chamada gramáti-
ca especulativa, que constituiu a integração 
da descrição gramatical do latim, realizada por 
Prisciano, à filosofia escolástica. Os gramáticos 
especulativos conservaram, pois, quase sem 
alteração, a morfologia de Prisciano, mas apre-
sentaram pensamento mais profundo, mais fi-
losófico, buscando dar validade universal às re-
gras da gramática latina, e criaram uma grande 
quantidade de termos técnicos para formalizar 
suas teorias. Assim, passa a vigorar a concepção 
de uma gramática universal subjacente e ad-
mite-se a existência dos universais linguísticos 
(princípios aplicáveis a todas as línguas); afirma-
-se que a gramática é, em essência, a mesma 
para todas as línguas e as diferenças são apenas 
variações acidentais, ideia retomada no século 
XVII pelos chamados gramáticos de Port-Royal, 
como veremos mais adiante.
Os gramáticos especulativos, porém, exa-
geram o aspecto lógico da língua, voltando-
-se mais para a teoria do que para os dados; 
por isso, e também porque na Idade Média a 
literatura pagã era mal vista – com exceção de 
algumas obras, como as de Aristóteles, já assi-
miladas pelo cristianismo – esses gramáticos 
formularam seus próprios exemplos, em vez 
de extraí-los dos textos clássicos.
Os filósofos nominalistas reforçaram ain-
da mais o espírito logístico da Alta Idade Mé-
dia, conforme Robins:
O ponto de vista nominalista, segundo o qual os universais só se encontram 
nas próprias palavras ou nomes, não tendo existência real fora da linguagem, 
tornou-se famoso com o trabalho de um de seus maiores representantes, 
Guilherme de Occam (primeira metade do século XIV) (ROBINS, 1979, p. 68).
A excessiva valorização da palavra levou 
esses pensadores a construir esquemas te-
óricos distanciados da realidade; assim, por 
exemplo, Jean Buridan (século XIV) reduziu a 
gramática a uma construção puramente teó-
rica, exemplificada por proposições que não 
se encontram na linguagem real. Buridan in-
clui seus estudos de gramática numa obra 
chamada Compendium Totius Logicae; recon-
duz, pois,

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