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Império Napoleônico

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ASCENSÃO E QUEDA DO IMPÉRIO NAPOLEÔNICO 
Em 1799, com um golpe militar, Napoleão Bonaparte tomou o poder na 
França. Logo em seguida foi instituído o Consulado, e ele se tornou primeiro-
cônsul. Em 1802, foi proclamado cônsul vitalício e, dois anos depois imperador. 
Nos quinze anos em que permaneceu no poder, Napoleão construiu um dos 
maiores mito da história. Admirador de antigos generais e grandes 
estrategistas, como Júlio César e Aníbal, foi em Alexandre, o Grande, que se 
espelhou ao acalentar o desejo de transformar a França na maior potência 
mundial. E não mediu esforços para alcançar seu objetivo. Governando de 
forma ditatorial, arrastou grande parte da Europa à guerra. Em 1810, já 
controlava quase toda a porção ocidental do continente, faltando apenas a 
Inglaterra. Com suas conquistas, vários governos absolutistas foram extintos e 
os ideais da Revolução Francesa se disseminaram. No plano interno, Napoleão 
conseguiu restabelecer a estabilidade politica e criou uma infraestrutura capaz 
de impulsionar os negócios burgueses da França. 
1. O CONSULADO:
Passados dez anos do inicio da Revolução, a França estava longe da 
estabilidade política, econômica e social desejada. De um lado, a ordem era 
perturbada por pressões populares, que exigiam medidas capazes de acabar 
com a pobreza e a miséria em que vivia grande parte da população do campo e 
das cidades. De outro, a burguesia, camada social que havia liderado a 
revolução, via seus negócios sucumbirem em função das constantes crises 
econômicas e políticas e cobravam mudanças no governo. Para completar o 
cenário, vários países europeus conspiravam e guerreavam para pôr fim ao 
regime revolucionário na França. Em meio a esse caos, desponta vitorioso no 
campo de batalha um jovem general chamado Napoleão. Napoleão Bonaparte 
nasceu na Córsega, em 1769, um ano depois de a ilha ter passado ao domínio 
da França. Estou na Academia Militar francesa e conseguiu projeção após a 
Revolução de 1789. Promovido a general em 1795, aos 26 anos de idade, 
comandou o exercito francês que conquistou a península Itálica e o Egito em 
1796 e 1797. 
 
 
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Com o respeito e a fama adquiridos nos combates, naquele momento 
Napoleão representava a alternativa política ideal para solucionar os problemas 
franceses. Era visto como herói pela população e considerado líder pela 
burguesia. Respaldado por tanta popularidade, comandou em 1799 um golpe 
de Estado contra o Diretório e tomou o poder. Como ainda vigorava o 
calendário revolucionário, o episódio ficou conhecido como Golpe de 18 
Brumário. Um depois de Napoleão assumir o poder, entrou em vigor uma nova 
Constituição e foi criado o Consulado, órgão que substituía o Diretório no 
governo da França, constituído por três cônsules. Napoleão tornou-se 
primeiro-cônsul e virtual ditador da França. 
Apoiado pela maior parte da população e investido de amplos poderes, 
Napoleão procurou restabelecer ordem interna, reorganizar a administração 
pública e reduzir a inflação. Com isso, a economia voltou a crescer. Normalizou 
também as relações com a Igreja, rompidas desde 1790. Outra medida 
importante de seu governo foi à criação do Código Civil (ou Código Napoleão), 
reunindo princípios do Direito romano, das ordens reais e da legislação civil e 
criminal vigente durante a revolução. No plano externo, Napoleão conseguiu 
estabelecer a paz por meio de vitórias militares espetaculares e de hábeis 
negociações diplomáticas, neutralizando os adversários da França. Nessa 
esfera, um dos pontos altos do governo foi o acordo de paz assinado em 1802 
com a Inglaterra, que pôs fim a anos de conflitos, o que aumentou ainda mais 
seu prestigio. Em 1804, Napoleão, que dois antes tinha se tornado cônsul 
vitalício, foi autorizado, por meio de plebiscito, assumir o título de imperador. 
 
2. O IMPÉRIO: 
 
A paz firmada com a Inglaterra durou pouco. Em 1803, a Inglaterra aliou-
se à Rússia e à Áustria para combater a França. Dois anos depois, Napoleão 
organizou uma grande expedição para invadir o território britânico, mas as 
forças navais francesas foram derrotadas na batalha de Trafalgar. Em terra, 
porém, o exército francês venceu as forças russas e austríacas em Austertz 
(1806). As guerras napoleônicas geram numerosas mudanças no mapa da 
Europa, como o fim do Sacro Império-Germânico, que existia desde o século X. 
Em seu lugar, Napoleão instituiu a Confederação de Reno. Em geral, nas 
 
 
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regiões dominadas por Napoleão acabaram se formando governos fiéis ao 
imperador. Assim, sua área de influencia se tornava cada vez maior. 
A Grã-Bretanha, por sua vez, continuava sendo o principal oponente da 
França. Com uma poderosa marinha e uma economia desenvolvida, resistia 
aos ataques de Napoleão. Tentando minar as forças do maior adversário, em 
1806, Napoleão impôs o Bloqueio Continental, que decretava o fechamento 
dos portos europeus ao comércio inglês. Com essa medida, ele esperava 
abalar a economia da Grã-Bretanha para derrotá-la militarmente. Como 
consequência, o mercado para a burguesia francesa também seria ampliado. 
Com o objetivo de fazer cumprir o bloqueio, Napoleão pôs em pratica 
uma política de intervenções e anexações. Em 1807, ordenou a intervenção 
militar na península Ibérica, começando pela Espanha, em cujo trono colocou 
seu irmão José Bonaparte. Os espanhóis resistiram à imposição do novo rei e 
pegaram em armas contra os franceses, mas as forças napoleônicas 
conseguiram derrotar os espanhóis a um custo altíssimo, enfrentando uma 
oposição clandestina com táticas de guerrilha. No mesmo ano, Napoleão 
decidiu invadir Portugal, aliado da Inglaterra que havia se recusado a aceitar o 
bloqueio. O país foi ocupado sem dificuldades, mas a família real portuguesa 
fugiu para a América escoltada por navios britânicos. Além das repercussões 
na Europa, a invasão napoleônica na península Ibérica teria importantes 
consequências na América colonial. A queda do rei espanhol acabou sendo o 
estopim das lutas que conduziriam à independência das colônias da Espanha. 
 
3. O DECLINIO: 
 
Em 1810, apesar dos problemas na península Ibérica, os franceses 
eram senhores de boa parte da Europa ocidental. A partir dessa época, porém, 
uma sucessão de obstáculos acabaria levando ao esgotamento do império 
Napoleônico. Na própria França, o prestigio de Napoleão estava abalado em 
algumas camadas sociais em consequência do despotismo do regime e da 
continuidade das guerras. Não só as baixas eram grandes, mas também 
milhares de jovens tentavam escapar do serviço militar. Quanto mais 
intensificavam as manifestações de oposição, mais o governo recorria à 
censura aos jornais e aos livros e à repressão policial. Essas medidas 
 
 
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aumentavam o descontentamento da maioria dos franceses. No plano externo, 
a França não conseguia vencer a resistência dos britânicos, que 
frequentemente encabeçaram coligações formadas com outros países 
adversários, como a Áustria e a Prússia, para derrotar o imperador. 
 O Bloqueio Continental era também cada vez mais desrespeitado. 
Prova disso é que, em 1810, o czar (imperador) russo rompeu o acordo com a 
França e promoveu uma aproximação com a Inglaterra; em represália, 
Napoleão e suas tropas invadiram a Rússia em1812. A pesar de terem tomado 
Moscou, os franceses não conseguiram a vitória. Logo na chegada, depararam 
com a cidade deserta e em chamas, não conseguiram abrigo para descansar 
nem alimentos para repor as forças das tropas e dos cavalos famintos. 
Também não encontraram os inimigos. 
Nesse episódio, Napoleão foi pego de surpresa, pois o exército russo 
havia recorrido à hábil estratégia conhecida como terra arrasada, destruição 
intencional do local pouco antes da invasão para dificultar a obtenção de 
suprimentos e a retirada do contingente militar para impedir confrontos abertos 
com os invasores. A manobra representou um desastrepara o exército francês. 
Sem saída, as tropas napoleônicas deixaram a cidade sob rigoroso inverno e, 
desgastadas, foram aniquiladas pelos ataques realizados à retaguarda, pelo 
frio e pela fome. A derrota fortaleceu a Inglaterra e seus aliados. Arruinado, 
Napoleão teve de renunciar, em1814, ao trono francês e foi exilado na ilha de 
Elba. Os vitoriosos ocuparam a França, restabeleceram a monarquia dos 
Bourbon e conduziram ao trono Luís XVIII, irmão do rei guilhotinado em 1793. 
Ao mesmo tempo, os países vitoriosos decidiram se reunir e traçar os destinos 
da Europa, organizando-se no Congresso de Viena. 
 
4. NAPOLEÃO VOLTA AO PODER: 
 
 
O restabelecimento da monarquia dos Bourbon na França foi seguido do 
retorno dos nobres que haviam fugido do país no início da Revolução. Ao 
voltar, os exilados tentaram recuperar os antigos direitos e reaver seus bens, o 
que gerou grande insatisfação popular. Percebendo que o momento era 
propício para intervir mais uma vez no cenário político, Napoleão fugiu de Elba 
e, em março de 1815, retomou o poder. 
 
 
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O novo governo durou apenas cem dias. Napoleão foi definitivamente 
vencido pelo general britânico Wellington na Batalha de Waterloo, na Bélgica, 
em junho de 1815. Dessa vez, os britânicos o enviaram para um local mais 
distante: a ilha de Santa Helena, em pleno oceano Atlântico, onde morreu em 
maio de 1821. 
 
5. A RESTAURAÇÃO: 
 
Após a primeira derrota de Napoleão, as nações vencedoras e seus 
aliados se reuniram no Congresso de Viena, na Áustria, com o objetivo de 
decidir os destinos da Europa, refazer o mapa do continente e restabelecer os 
governos anteriores à Revolução. O congresso, porém, foi temporariamente 
suspenso durante os cem dias de governo de Napoleão. 
Depois de retomados os encontros, a Rússia, a Áustria e a Prússia 
criaram a Santa Aliança, uma força militar formada pelos exércitos 
monárquicos para garantir a ordem no continente e também nas colônias 
europeias. Na verdade, tratava-se de uma tentativa de voltar à situação anterior 
a 1789. Apesar de o cenário recomposto pelo Congresso de Viena ter recebido 
o nome de restauração, já não era o mesmo dos tempos de Antigo Regime: os 
governantes, por exemplo, foram obrigados a adotar Constituições. De todo 
modo, a “nova ordem” ignorava os anseios propagados pelas revoluções 
burguesas e, justamente por essa razão, não conseguiria durar muito tempo. 
No decorrer do século XIX, uma nova onda de revoluções iria varrer aa Europa, 
derrubando governantes de vários países.

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