Buscar

RUMINANTES- ANE KAROLINE DE LARA

Prévia do material em texto

1 
 
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE 
CURSO DE AGRONOMIA 
 
 
 
ANE KAROLINE DE LARA 
 
 
 
 
A RUMINAÇÃO COMO PROCESSO DIGESTÓRIO DAS ESPÉCIES 
RUMINANTES. 
 
Estudo dirigido referente ao primeiro bimestre 
da disciplina de Anatomia e Fisiologia Animal 
do Curso de Agronomia da Universidade Tuiuti 
do Paraná. 
 Prof. Msc. Vinicius Ferreira Caron 
 
 
CURITIBA 
 Outubro- 2020 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1.0 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 
2.0 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 4 
2.1 CONCEITOS GERAIS SOBRE A RUMINAÇÃO .................................................. 5 
2.2 ANATOMIA .......................................................................................................... 7 
2.3 FISIOLOGIA .......................................................................................................... 8 
3.0 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1.0 INTRODUÇÃO 
 
 A dieta do animal segue como o fator influenciador de maior importância para 
o funcionamento ruminal. As caraterísticas físicas e químicas dos alimentos podem 
modificar e determinar o modo de deterioração e a eficácia ruminal, como exemplo o 
volume e tamanho das partículas que interferem diretamente na taxa de passagem do 
rúmen, a presença, população e crescimento microbiano. Dentro do organismo 
acontece um grande número de processo químico, físico e fermentativo que estão 
relacionados e sob controle do sistema nervoso e hormonal do ruminante. 
 A maioria dos nutrientes ingeridos, estão numa forma muito complexa e 
insolúvel para serem absorvidos pelo sangue e linfa, sem mudanças digestivas 
prévias, a maioria devem sofrer trabalhosas alterações antes da absorção. 
 Pequenos ruminantes têm um rúmen menor, omaso mais desenvolvido e 
intestino grosso maior se comparado a ruminantes de grande porte, o que faz com 
que a permanência de conteúdo ruminal seja reduzida e a taxa de passagem seja 
maior em ovinos e caprinos. O comportamento alimentar dos ruminantes pode 
também ser interferido por fatores como idade, peso, estado fisiológico e nível de 
exigência de produção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2.0 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 O ato de pastar dos ruminantes, permite o animal forragear e comer comida 
rapidamente, e então armazena para a digestão posterior, sua ingestão de água, ócio, 
defecação, micção, locomoção e ruminação são essenciais para seu bem-estar. A 
microbiota ruminal e seu funcionamento espelham a alimentação, a idade, as 
condições geográficas e a saúde do animal (PERS-KAMCZYC et al., 2011). 
 Com características individuais de cada ruminante, suas variações de dieta e o 
ambiente em que vivem, seu tempo de ruminação age como um dado eficiente. O 
tempo de ruminação é um indicativo utilizado como um meio de monitoração de 
sanidade, estado nutricional e conforto. Leves modificações no funcionamento ruminal 
são habilitadas de fornecer informações de doenças e lesões subclínicas, o que 
permite ações profiláticas. 
 O rúmen funciona como um combinado de reservatório e câmara fermentativa 
dos alimentos ingeridos. Os alimentos que chegam ao rúmen pela deglutição são 
degradados por processos fermentativos realizados pelos microrganismos que vivem 
dentro do órgão: bactérias, protozoários e fungos. A digestão ou fermentação é 
garantida por enzimas produzidas por estes microrganismos, enzimas estas que não 
são secretadas, mas ficam na parede celular. Tanto o rúmen quanto o retículo e 
também o omaso, fornecem condições ideais para a colonização e crescimento destes 
microrganismos, que são os maiores responsáveis pelos processos digestivos dos 
ruminantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2.1 CONCEITOS GERAIS SOBRE A RUMINAÇÃO 
 
 O estômago de um ruminante consiste de diversos compartimentos, 
sendo eles o retículo, omaso, obaso e o rúmen que funciona como um grande tanque 
de fermentação onde o alimento que foi misturado com saliva, sofre uma fermentação 
intensa, encontrando nesse compartimento grande número de bactérias e 
protozoários causando a degradação da celulose e a tornam disponível a digestão 
complementar. Coletivamente, estes órgãos ocupam quase 3/4 da cavidade 
abdominal, enchendo virtualmente todo o lado esquerdo e estendendo 
significativamente ao lado direito. Os mecanismos de ruminação são: regurgitação, 
remastigação, reinsalivação e deglutição, motilidade gástrica intestinal e defecação. 
Fatores secretórios: atividades das glândulas digestivas. Fatores químicos: enzimas 
ou substâncias químicas, produzidas pela mucosa gástrica como as bactérias, 
protozoários e fungos que estão presentes no estômago e intestino. 
Na primeira etapa, o alimento é mastigado e enviado para o rúmen e o retículo, 
onde são armazenados passando ao barrete, reduzindo o tamanho das partículas e 
tornando para a boca sendo insalivados e mastigados. Na segunda etapa, o bolo 
alimentar regurgitado retorna à boca através de contrações similares às que provocam 
o vômito, sendo novamente mastigado e posteriormente deglutido em direção ao 
omaso e abomaso. Depois da ser deglutido pela 2º vez, na 3º etapa o alimento 
liquidificado, passa ao omaso onde é “prensado” pelas lâminas existentes na sua 
mucosa, perdendo assim boa parte do excesso de água, passando, a seguir, ao 
abomaso. Na 4º etapa onde o alimento chega ao abomaso, ocorre o processo de 
digestão química do suco gástrico, o bolo alimentar passa ao intestino, onde continua 
o processo químico, iniciado no omaso, sofrendo ação de outras secreções do sistema 
digestivo (suco pancreático, bile e suco intestinal). 
Esse processo funciona também em duas etapas, onde as bactérias da flora 
dividem-se em dois grupos principais: 
Bactérias celulolíticas: Que digerem os volumosos (capim, feno, silagem). 
Bactérias amilolíticas: Que digerem os concentrados (ração, milho, farelos etc.). 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Estruturas anatômicas envolvidas na ruminação 
 
 
Os animais ruminantes possuem algumas modificações em seu trato 
digestivo decorrente da evolução, sendo elas e por principal a dieta com alto teor 
de fibra. A fibra faz parte e representa uma fração dos carboidratos da digestão 
lenta ou indigestível do alimento que ocupa espaço no trato gastrintestinal, sendo 
fundamental para a manutenção das condições ótimas do rúmen, pois altera as 
proporções de ácidos graxos voláteis, estimula a mastigação e mantém o pH em 
níveis adequados para a atividade microbiana. A ingestão das fibras em 
transformação de energia metabolizável está inteiramente ligada com o alimente 
que o ruminante come, que ao longe do trato digestório passa por processo de 
fermentação, a fibra presente já contém por si energia, que é liberada em forma 
de gases energéticos e calor. 
A energia é indispensável para sustentar todos os processos do corpo, 
incluído respiração, circulação, atividade dos músculos, entre outras funções. A 
energia obtida pelos animais é obtida dos alimentos por processos digestivos e 
metabólicos, sendo os bovinos considerados energicamente ineficientes, devido a 
perdas que ocorrem em cada um dos diversos estágios de assimilação dos 
nutrientes (MARCONDES et al., 2010) 
A segunda perda de energia ocorre com o metabolismo da energia 
digestível devido a perda de energia através da urina e gases de fermentação. A 
perda dos gases é em decorrência da fermentação ruminal dos alimentos pelos 
microrganismos. O processo de digestão e fermentação, realizados pela 
7 
 
microbiota ruminal é responsável pela produção de ácidos graxos de cadeia curta, 
importante fontede energia. A perda de energia pela urina inclui os compostos 
absorvidos e não utilizados, ou seja, os produtos finais dos processos metabólicos 
e os produtos finais de origem endócrina. 
O restante da energia absorvida é direcionado parte para o metabolismo 
basal do animal, que basicamente, seria responsável pela manutenção da 
temperatura corporal e renovação de macromoléculas e outra parte para a 
produção animal, utilizada para crescimento ou produção. 
 
2.2 ANATOMIA 
 
 A anatomia compreende boca, faringe, esôfago, pré-estômagos (rúmen, 
retículo, omaso), abomaso (estômago verdadeiro ou glandular), intestino delgado, 
intestino grosso, reto e ânus. Os órgãos acessórios são: dentes, língua, glândulas 
salivares, fígado e pâncreas. Pela presença dos pré-estômagos são classificados 
como poligástricos ou ruminantes, animais que têm capacidade de ruminar, 
consistindo na regurgitação dos alimentos ingeridos, na remastigação e em nova 
deglutição. 
 A língua é o principal órgão prensor, conduzindo o alimento até a 
boca. Ruminantes não têm dentes caninos nem incisivos superiores. A função dos 
incisivos inferiores se realiza pela lâmina dental constituída de tecido conjuntivo 
fibroso, recoberto por epitélio intensamente cornificado. A dentição dos ruminantes é 
de 32 dentes. 
 O rúmen é o maior dos quatro pré-estômagos. Localiza e preenche quase todo 
o lado esquerdo da cavidade abdominal. Ele é dividido em quatro áreas ou sacos por 
estruturas musculares chamadas de pilares ruminais. Há um saco dorsal, um ventral 
e dois sacos posteriores. Os pilares movem o alimento pelo rúmen em sentido 
rotatório, misturando o conteúdo sólido com o conteúdo líquido. O órgão se movimenta 
continuamente, a um ritmo de um a três movimentos por minuto, proporcionando uma 
divisão física (conhecida pelo nome de estratificação da digesta) e mistura das 
forragens e outras partículas ingeridas aos líquidos. 
http://www.gestaonocampo.com.br/biblioteca/sistema-digestivo-dos-ruminantes/
8 
 
 O retículo ocupa uma posição cranial e não completamente separado do 
rúmen, suas funções e motilidades estão muito ligadas às do rúmen. A abertura do 
esôfago na cárdia é comum ao retículo e ao rúmen. As paredes internas do retículo 
estão revestidas por uma membrana mucosa, disposta por diversas pregas em forma 
de favos de mel. 
O omaso situa-se do lado direito do retículo-rúmen, apresenta um formato 
esférico. Contêm em seu interior muitas lâminas musculares, que lhe conferiram o 
nome popular de folhoso. Na mucosa destas lâminas formam-se papilas, mais curtas 
e menos numerosas, se comparadas com as do rúmen. Suas principais funções estão 
ligadas a absorção de água, de minerais, de ácidos graxos voláteis e redução de 
partículas alimentares. 
O obaso corresponde ao quarto estômago dos ruminantes, este estômago é 
parecido com o estômago de não ruminantes, possui uma mucosa mais úmida do que 
os outros pré-estômagos, com pregas longas e altas. É localizada ventralmente ao 
omaso, do lado direito do rúmen. 
Os intestinos são divididos em duas porções com subdivisões: 
 Intestino Delgado: duodeno (porção ativa de digestão e absorção), jejuno 
(porção para absorção) e íleo (porção para absorção e reabsorção); 
 Intestino Grosso: ceco (saco cego), colo (parte mais volumosa do intestino 
grosso) e reto (termina no ânus). 
 
2.2 FISIOLOGIA 
 
Rúmen 
 O rúmen funciona como um combinado de reservatório e câmara fermentativa 
dos alimentos ingeridos. Os alimentos que chegam ao rúmen pela deglutição são 
digeridos ou degradados por processos fermentativos realizados pelos 
microrganismos que vivem dentro do órgão: bactérias, protozoários e fungos. A 
digestão ou fermentação é garantida por enzimas produzidas por estes 
9 
 
microrganismos, enzimas estas que não são secretadas, mas ficam aderidas a parede 
celular. Tanto o rúmen quanto o retículo (e também o omaso), fornecem condições 
ideais para a colonização e crescimento destes microrganismos, que são os maiores 
responsáveis pelos processos digestivos dos ruminantes. A atividade motora do 
rúmen e dos outros pré-estômagos é controlada pelo nervo vago (ramo dorsal, que 
inerva o saco dorsal do rúmen e o ramo ventral, que inerva o saco ventral do rúmen, 
o retículo, o omaso e o abomaso), ligado ao sistema nervoso autônomo. 
Retículo 
 Semelhante ao rúmen, o órgão não secreta nenhuma enzima. Apresenta um 
movimento constante, em sintonia com a do rúmen. Do retículo, o alimento passa para 
o rúmen (alimento ainda não totalmente degradado/fermentado) ou para o omaso e 
após para o trato digestivo posterior (abomaso e intestinos). O retículo é o principal 
órgão que participa do processo de ruminação, já que é o responsável pela contração 
que leva a regurgitação. 
Omaso 
 É um órgão selecionador, ele definiria se a digesta (alimento sendo digerido) 
que vem do retículo-rúmen está apta ou não para prosseguir para o abomaso. O 
material semilíquido do retículo entra no omaso pelo orifício retículo-omasal. 
Contrações omasais frequentes e fortes comprimem e trituram a digesta e de 60 a 
70% da água é absorvida. O material de consistência mais sólida passa para o 
abomaso. 
Obaso 
 O abomaso secreta um ácido forte (HCl) e também outras enzimas digestivas. 
Contudo o material que entra no estômago de ruminantes é feito principalmente de 
partículas alimentares não fermentadas, subprodutos da fermentação microbiana e 
micróbios que crescem no rúmen. Digere também alimentos não fermentados no 
rúmen, bem como proteína bacteriana produzida no rúmen. 
 
10 
 
Intestinos 
 O rúmen cheio desloca as alças intestinais para a direita da linha média. A 
digestão enzimática, que se iniciou no abomaso com a quimosina ou a pepsina, é 
completada no intestino delgado com a participação das enzimas pancreáticas como 
tripsina, quimiotripsina, amilase pancreática, lipase e de outras enzimas intestinais. É 
no intestino delgado (duodeno e jejuno) onde ocorrerá a maior parte da digestão e 
absorção dos nutrientes (proteínas, lipídeos, minerais e vitaminas), ao passo que a 
maior parte dos carboidratos já foi fermentada no rúmen. 
 No intestino grosso, o processo de decomposição, síntese e conversão são 
mediadas por enzimas bacterianas. É justamente neste órgão que a maior parte da 
água ingerida será absorvida, existe no intestino grosso, uma população microbiana 
semelhante à do rúmen, mas bem menor em número. Estes microrganismos 
fermentam o pouco substrato que lá chega, da mesma forma que os do rúmen, 
produzindo ácidos graxos voláteis e proteínas microbianas. Ocorre também certa 
digestão da celulose, pelas enzimas destes mesmos microrganismos. As vitaminas B 
e K, assim como no rúmen, também são sintetizadas neste órgão. Existe absorção 
destes nutrientes produzidos no intestino grosso, mas ela é bastante limitada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
3.0 REFÊRENCIAS 
 
MARCONDES, M.I.; CHIZZOTTI, M.L.; VALADARES FILHO, S.C.; GIONBELLI, M. P.; 
PAULINO, P.V.R.; PAULINO, M.F. Exigências nutricionais de energia para 
bovinos de corte. In: Exigências nutricionais de zebuínos puros e cruzados BR-
CORTE. 2 ed. Viçosa: Valadares Filho, S.C., Marcondes, M.I.; Chizzotti, M.L.; Paulino, 
P.V.R. 2010. p. 85-1. 2010. 
Conheça a anatomia e fisiologia do sistema digestivo dos bovinos Disponível em: 
<https://rehagro.com.br/blog/sistema-digestivo-dos-bovinos/>. Acesso em: 30 de 
setembro de 2020. 
 
VALADARES FILHO, S.C.; PINA, D.S. Fermentação ruminal. Nutrição de 
ruminantes, v.2, p.161-189, 2006. 
Partição de energia e sua determinação na nutrição de bovinos de corte. 
Disponível em: 
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/120153/1/Nutricao-Animal-
CAPITULO-02.pdf>. Acesso em 29 set. 2020.

Continue navegando