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Composição dos Alimentos Aula 1: Introdução ao Guia Alimentar Apresentação A disciplina Composição dos Alimentos, como o próprio nome diz, aborda importantes conceitos acerca da composição química dos alimentos e sobre a relevância dos nutrientes para a saúde humana. Nesta primeira aula, estudaremos os conceitos básicos da ciência da Nutrição, apresentando as Leis da Alimentação, os grupos de alimentos (energéticos, construtores e reguladores), os conceitos sobre alimentos funcionais, e os aspectos relevantes, para as recomendações, que constam no Guia Alimentar para a População Brasileira, que foi recentemente publicado, pelo Ministério da Saúde. Além disso, também serão estudadas as de�nições e classi�cações dos alimentos, ressaltando as suas propriedades físico-químicas, seus estados físicos e a natureza de cada grupo, que será visto posteriormente. Objetivos Listar as leis da alimentação; Analisar as diretrizes do novo Guia Alimentar para a População Brasileira; Reconhecer a importância do conhecimento da composição dos alimentos pelos pro�ssionais de nutrição. Leis da alimentação A ciência da Nutrição estuda, dentre outros assuntos, os alimentos e a relação das pessoas com eles. Sendo assim, é fundamental compreender a composição dos alimentos: as características, em sua forma in natura; as necessidades; as recomendações; e as transformações sofridas quando manipulados e processados. Um dos pilares da ciência da Nutrição são as Leis da Alimentação. Criadas e difundidas desde a década de 1930, elas foram fundamentadas a partir da obra Alimentação do Médico e Nutrólogo, Pedro Escudero, em 1934. Nela, a alimentação e a nutrição foram associadas entre si, por meio de suas relações com fatores econômicos e sociais (BEZERRA, 2012). Mesmo com o passar dos anos, as Leis da Alimentação ainda são referências atuais quando se trata da alimentação. Você as encontra a seguir. Fonte: Shutterstock Quadro 1 – Leis da alimentação e seus princípios. LEI DA QUANTIDADE A quantidade de alimentos ingerida deve ser suficiente para suprir as necessidades energéticas do organismo. LEI DA QUALIDADE A alimentação deve incluir todos os nutrientes necessários, o que se obtém com a inclusão de todos os grupos alimentares. LEI DA HARMONIA As quantidades dos alimentos devem ser harmônicas, ou seja, devem respeitar uma proporcionalidade. LEI DA ADEQUAÇÃO A alimentação deve ser individualizada, levando em consideração as características sociais, econômicas e culturais dos indivíduos, além dos estados fisiológicos e patológicos. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Com base nos princípios das Leis da Alimentação descritos pelo médico, Pedro Escudero, entende-se que a alimentação deva ser quantitativamente su�ciente; qualitativamente completa; harmoniosa em seus componentes; e adequada tanto a sua �nalidade, quanto ao organismo a que se destina, contribuindo para o estado geral de saúde do indivíduo. Grupos de alimentos Os alimentos fornecem a energia e as substâncias necessárias ao desenvolvimento e sobrevivência dos seres vivos. Quando consumidos, auxiliam no crescimento, na reparação dos tecidos, na produção de energia e no equilíbrio das diversas funções orgânicas do indivíduo. Eles são agrupados de acordo com a sua natureza química, a sua forma de atuação no organismo, as suas propriedades físico-químicas e os estados da matéria. Considerando os nutrientes presentes na composição dos alimentos, eles podem ser energéticos, construtores ou reguladores. Clique nos botões para ver as informações. Fornecem energia aos indivíduos. Eles são ricos em carboidratos (cereais – arroz, milho, trigo; pães; massas; bolos; tubérculos – batata, inhame, cará; açúcares, mel, melado) e em lipídeos (óleo vegetal, margarina, banha de porco). Alimentos energéticos Fornecem substratos para a construção dos tecidos e dos órgãos do nosso corpo (pele e músculos). São ricos em proteínas, como as carnes (de boi, de porco, de aves, de peixes); os ovos; os leites e seus derivados; e as leguminosas (feijões, lentilha, ervilha). Alimentos construtores Fornecem substâncias essenciais ao bom funcionamento do corpo, auxiliando no crescimento e no desenvolvimento do organismo, bem como na prevenção e na redução do risco de doenças. São ricos em vitaminas e minerais, como as frutas e as hortaliças (legumes e verduras). Alimentos reguladores Guia Alimentar para a População Brasileira O Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014) é um documento elaborado pelo Ministério da Saúde, que tem por objetivo ajudar a população na escolha dos alimentos, que devem ser consumidos. O intuito é obter os nutrientes necessários e a quantidade de energia ideal para uma vida saudável, respeitando a individualidade de cada um. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014), os alimentos podem ser classi�cados como alimentos in natura (todos os alimentos de origem animal, vegetal ou mineral, sem sofrer qualquer tipo de processamento), processados (alimentos que tenham sofrido algum processo tecnológico para a sua conservação, como os sucos de frutas, os embutidos e os produtos enlatados) e ultraprocessados (alimentos que tenham sido totalmente modi�cados por meio de processos tecnológicos, como biscoitos tipo snacks e sucos em pó). Saiba mais O consumo em excesso dos alimentos processados e ultraprocessados, pela população brasileira, provocou grandes incidências de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como a diabetes, as doenças cardiovasculares, a obesidade, o câncer, entre outras. Por isso, ressalta-se a importância de estimular o consumo dos alimentos in natura, em detrimento ao consumo dos processados e ultraprocessados. Cinco Princípios Clique no botão acima. Cinco Princípios javascript:void(0); Alimentação é mais que ingestão de nutrientes. Alimentação diz respeito a ingestão de nutrientes; como também aos alimentos que contêm e fornecem os nutrientes; a como os alimentos são combinados entre si e preparados; a características do modo de comer; e as dimensões culturais e sociais das práticas alimentares. Todos esses aspectos in�uenciam a saúde e o bem-estar. Recomendações sobre alimentação devem estar em sintonia com o seu tempo. Recomendações feitas por guias alimentares devem levar em conta o cenário da evolução da alimentação e das condições de saúde da população. Alimentação adequada e saudável deriva de um sistema alimentar socialmente e, ambientalmente, sustentável. Recomendações sobre alimentação devem levar em conta o impacto das formas de produção e distribuição dos alimentos sobre a justiça social e a integridade do meio ambiente. Diferentes saberes geram o conhecimento para a formulação de guias alimentares. Em face das várias dimensões da alimentação e da complexa relação entre essas dimensões, a saúde e o bem-estar das pessoas, o conhecimento necessário para elaborar as recomendações sobre a alimentação é gerado por diferentes saberes. Os guias alimentares ampliam a autonomia das escolhas alimentares. O acesso a informações con�áveis sobre as características e determinantes da alimentação adequada e saudável, contribui para que as pessoas, as famílias e as comunidades, ampliem a autonomia para fazer escolhas alimentares e para que exijam o cumprimento do direito humano à alimentação adequada e saudável. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Alimentos funcionais Os alimentos funcionais fazem parte de uma nova concepção de alimentos, sendo o Japão, o país pioneiro na elaboração da regulamentação especí�ca para esse grupo. Eles podem ser entendidos como aqueles que, além das propriedades nutricionais básicas, apresentam propriedades bené�cas, auxiliando na redução do risco das DCNT. Segundo Dolinsky (2009), os alimentos funcionais se caracterizam por oferecer vários benefícios a saúde de quem os consome com regularidade, além de possuir um valor nutritivo inerente a sua composição químicabásica. Esses alimentos podem ser classi�cados quanto a sua origem (animal ou vegetal) ou quanto aos benefícios que podem oferecer ao nosso organismo. Fonte: Shutterstock As substâncias biologicamente ativas encontradas nos alimentos funcionais podem ser classi�cadas como: probióticos, prebióticos e simbióticos, alimentos sulfurados e nitrogenados, pigmentos e vitaminas, compostos fenólicos, ácidos graxos polisaturados e �bras (MORAES; COLLA, 2006). Atenção Embora confundido com os Nutracêuticos, os Alimentos Funcionais podem ser de�nidos como alimentos semelhantes, em aparência, ao alimento convencional, consumido como parte da dieta usual, capaz de produzir efeitos metabólicos ou �siológicos demonstráveis, úteis na manutenção de uma boa saúde física e mental, podendo auxiliar na redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis, além de suas funções nutricionais básicas (COZZOLINO, 2012). Já os Nutracêuticos são produtos que têm constituintes bioativos, extraídos de alimentos, porém comercializados na forma de produtos farmacêuticos, como cápsulas, soluções, géis, pós e granulados. Essa variedade de produtos não pode ser verdadeiramente classi�cada como alimentos, sendo assim foi criado um termo híbrido de “nutrientes” e “farmacêuticos”, pela Foundation for Innovation in Medicine dos Estados Unidos, em 1989/90. Quadro 2 – Componentes bioativos, suas características e fontes alimentares. Clique no botão acima. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Quadro 2 – Componentes bioativos, suas características e fontes alimentares. GRUPOS DE ALIMENTOS CARACTERÍSTICAS PROBIÓTICOS, PREBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS Probióticos: micro-organismos que contribuem para o controle da microbiota intestinal, o que traz benefícios imunológicos, melhoria nos níveis plasmáticos de lipídeos, dentre outros. Geralmente os iogurtes e leites fermentados são os alimentos mais comuns a serem suplementados com probióticos. Prebióticos: oligossacarídeos não digeríveis, porém fermentáveis, cuja função é mudar a atividade e a composição da microbiota intestinal, com a perspectiva de promover a saúde do hospedeiro. A inulina e os FOS (fruto-oligossacarídeos) são exemplos de �bras que atuam dessa forma, estando presente em alimentos como a chicória, alho, banana, alcachofra, etc. Simbióticos: produtos que têm a combinação de probióticos e prebióticos. FIBRAS DIETÉTICAS São carboidratos não digeríveis pelas nossas enzimas. Podem ser classi�cadas em �bras solúveis e insolúveis, de acordo com a sua capacidade de absorção e dissolução em meio aquoso. As �bras solúveis, como a pectina e as gomas tendem a formar géis quando em contato com água, o que favorece a saciedade, além de auxiliar na redução dos níveis de triglicerídeos, glicose e colesterol. Além disso, elas parecem ter ação na redução da absorção de ácidos biliares, exercendo atividade hipocolesterolêmica. Essas �bras, por serem fermentáveis, serão utilizadas pelas bactérias intestinais e consequentemente, acabam aumentando a produção de gases. Já as �bras insolúveis permanecem intactas em todo o trato gastrointestinal. São elas: lignina, celulose e hemicelulose. Elas incrementam o bolo fecal, estimulam a peristalse e contribuem para o aumento da excreção dos ácidos biliares, o que também tem efeito hipocolesterolêmico. As �bras dietéticas estão presentes em alimentos de origem vegetal, como leguminosas, frutas, verduras e legumes, assim como cereais integrais. INULINAS E FOS São �bras solúveis e fermentáveis, as quais não sofrem ação das nossas enzimas digestivas. No entanto, chegam ao nosso intestino grosso e atuam como substrato para geração de energia pelas bactérias colônicas. A fermentação realizada por bactérias anaeróbicas do cólon, leva à formação de gases, ácido lático e ácidos graxos de cadeia curta, o que reduz o pH do lúmen e estimula a proliferação das células epiteliais do cólon, que passam sempre por uma renovação. A inulina e o FOS (fruto-oligossacarídeos) estão presentes em vegetais, como a chicória, alcachofra, aspargos, banana-verde, etc. COMPOSTOS SULFURADOS E NÃO SULFURADOS Compostos orgânicos usados na proteção contra a carcinogênese e mutagênese, sendo ativadores de enzimas na detoxi�cação do fígado. Estão presentes em frutas e hortaliças como os vegetais crucíferos: repolho, brócolis, rabanete, palmito e alcaparras. ANTIOXIDANTES São �toquímicos, vitaminas e minerais que atuam atrasando ou inibindo o início ou a propagação das reações de oxidação em cadeia, as quais levam ao dano celular. Estão presentes em frutas, verduras e legumes, destacando-se alguns minerais (cobre, manganês, zinco, selênio e ferro), vitaminas (A, e C), carotenoides (betacarotenos, licopeno, luteína), �avonoides (quercetina, genisteína) e taninos (catequinas). COMPOSTOS FENÓLICOS São inúmeras substâncias, com diferentes níveis de complexidade, sendo classi�cados em diferentes grupos. Englobam alguns pigmentos como as antocianinas e antoxantinas, as iso�avonas e outras substâncias de efeitos antioxidante e sistêmico. Presentes em alimentos dos mais variados, de preferência frescos, como frutas, verduras e legumes, e em produtos a base de soja (iso�avonas). De�nições e classi�cação dos alimentos Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, os alimentos, de uma forma geral, podem ser classi�cados em naturais, processados e ultraprocessados. Esta classi�cação será abordada com mais detalhes na aula nove. No entanto, também pode se classi�car os alimentos de acordo com a sua composição química, estrutura física e origem, como veremos a seguir. ÁCIDOS GRAXOS POLINSATURADOS Os principais ácidos graxos da família ômega-3 são o alfa-linolênico, o eicosapentanoico (EPA) e o docosa-hexanoico (DHA). Os ácidos graxos da família ômega-6 mais importantes são o linoleico e o araquidônico. Os ácidos graxos da série ômega-3 são precursores de prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos, com atividade anti-in�amatória, anticoagulante e vasodilatadora. Os da série ômega-6 são componentes de membrana celular, in�uenciando a viscosidade sanguínea, a permeabilidade dos vasos, também atuando na reação in�amatória e nas funções plaquetárias. Os ácidos graxos polinsaturados são encontrados em peixes de água fria (salmão, atum, sardinha, bacalhau, arenque, cavala), nos óleos vegetais, nas sementes de linhaça e nas oleaginosas. A legislação brasileira não conceitua alimentos funcionais, mas de�ne as alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde para um grupo de alimentos que já têm ação comprovada cienti�camente. Segundo a Resolução nº 18, de 30 de abril de 1999, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) (BRASIL, 1999), a alegação de propriedade funcional é aquela relativa ao papel metabólico ou �siológico, que o nutriente, ou não nutriente, tem no crescimento, no desenvolvimento, na manutenção e em outras funções normais do organismo humano. Já a alegação de propriedade de saúde é aquela que a�rma, sugere ou implica a existência da associação entre o alimento, ou ingrediente, com a doença ou condição relacionada à saúde. Portanto, a regulamentação dessas alegações tem como objetivo garantir que as informações sobre as propriedades e os benefícios dos alimentos, e seus constituintes, sejam fundamentadas em evidências cientí�cas adequadas, e sejam realizadas em um contexto que contribua para uma alimentação mais equilibrada e saudável, evitando o uso dessas informações com foco apenas em questões comerciais (BRASIL, 2013). Propriedades físico-química dos alimentos Clique no botão acima. Propriedades físico-química dos alimentos Quase nenhum alimento é constituído por um único nutriente. A maioria dos alimentos consiste em misturas complexas, compostos majoritariamente por carboidratos, proteínas e lipídeos, estando as vitaminas e os minerais presentes em menor quantidade (ORDÓÑEZ, 2005). Além disso, encontramos também os compostos bioativos em alguns grupos de alimentos, como os alimentosfuncionais, já discutidos anteriormente. A composição química de um alimento é descrita, geralmente, em porcentagem de carboidratos, proteínas, lipídeos, cinzas (minerais) e água. É o que se chama de composição centesimal dos alimentos. Esta composição pode ser obtida por meio das tabelas de composição de alimentos, como a TACO (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos), que será utilizada como referência. Visite a tabela no endereço: cfn.org.br Grande parte dos constituintes dos alimentos é quimicamente ativa. Alguns grupos, que reagem quimicamente, não têm disponibilidade de reação ou interação devido a barreiras físicas. As interações em alimentos são controladas pelas características químicas destes grupos: localização no tecido (animal ou vegetal) e condições do meio, como temperatura, pH, força iônica e tipos de íons, atividade água, potencial de oxidação/redução e viscosidade dos �uidos (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). Todos os fatores citados anteriormente sofrem alterações durante o período de pré-colheita ou pós-abate, bem como durante a estocagem das matérias-primas, como consequência do processamento. As interações físicas entre os diferentes constituintes dos alimentos costumam ocasionar mudanças em seus atributos físicos e sensoriais (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). As interações físico-químicas entre os componentes dos alimentos são responsáveis pela formação de dispersões, como as emulsões e espumas, e pelas propriedades de diversos produtos. Elas afetam a qualidade sensorial de atributos de processamento dos alimentos, como propriedades de �uxo e resistência ao corte. Portanto, percebe-se a necessidade de se compreender as interações, químicas e físico-químicas, entre os componentes dos alimentos, uma vez que elas exercem papel fundamental no desenvolvimento das propriedades, sensoriais e nutricionais, desejáveis e indesejáveis, nos alimentos, sobre diferentes condições de processamento e/ou armazenamento. Natureza dos alimentos Os alimentos encontrados na natureza são de origem animal (carnes, leites, ovos e seus derivados), vegetal (cereais, leguminosas, frutas e hortaliças) e mineral (água e o sal marinho). citado javascript:void(0); minerais ervilha, ue tange de tos, o, uilíbrio Atividade 1. Descreva os princípios das Leis da Alimentação, que por se complementarem, constituem o pilar da ciência da nutrição. 2. (MS, 2014) Qual das alternativas abaixo não corresponde aos 5 princípios descritos no Guia Alimentar para a População Brasileira? a) Alimentação corresponde apenas à ingestão de nutrientes. b) As recomendações sobre alimentação devem estar em sintonia com seu tempo. c) Alimentação adequada e saudável deriva de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável. d) Diferentes saberes geram o conhecimento para a formulação de guias alimentares. e) Guias alimentares ampliam a autonomia nas escolhas alimentares. 3. Por que é importante que o pro�ssional de nutrição conheça a composição dos alimentos? Notas Referências BEZERRA, J. A. B. Educação alimentar e a constituição de trabalhadores fortes, robustos e produtivos: análise da produção cientí�ca em nutrição no Brasil, 1934-1941. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 157-179, 2012. BRASIL. Anvisa. Resolução n° 18, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e ou de saúde alegadas em rotulagem de alimentos, constante do anexo desta portaria. Brasília/DF, 1999. BRASIL. Anvisa. Guia para Comprovação da Segurança de Alimentos e Ingredientes. Gerência de Produtos Especiais. Gerência Geral de Alimentos. Brasília/DF, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. COZZOLINO, S. M. F. Nutracêuticos: o que signi�ca? Abeso – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade, fevereiro de 2012. DAMODARAN, S; PARKIN, K. L.; FENNEMA, O; R. Química de alimentos de Fennema. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. DOLINSKY, M. Nutrição Funcional. São Paulo: Roca, 2008. FIGUEREDO, R. C. R; RIBEIRO, F. A. L.; SABADINI, E. Science offoams – application in �re�ghting. Quim. Nova; v. 22, n.1, p.126- 130, 1999. FRANGE, R. C. C.; GARCIA, M. T. J. Desenvolvimento de emulsões óleo de oliva/água: avaliação da estabilidade física. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl.; v. 30,n. 3, p. 263-271, 2009. LUZ, J. A. M.; PERES, A. E. C. Metodologia para estimação de parâmetros físico-químicos de espumas. Rev. Esc. Minas, Ouro Preto, v. 54, n. 4, p. 267-272, 2001. MORAES, F. P.; COLLA, L. M. Functional foods and nutraceuticals: de�nition, legislation and healthy bene�ts. Revista Eletrônica de Farmácia, v. 3, n. 2, p. 109-122, 2006. ORDÓÑEZ, J. A Tecnologia de Alimentos. Componentes dos alimentos e processos. v. 1. Porto Alegre: Artmed, 2005. Próxima aula Os macronutrientes que fazem parte da composição dos alimentos; Os micronutrientes importantes em alimentos; Cálculo do valor nutricional dos alimentos, por meio de tabelas de composição dos alimentos. Explore mais Leia os textos: Nutracêuticos: aspectos sobre segurança, controle de qualidade e legislação. <//www.rbfarma.org.br/�les/pag_45a49_180_nutraceuticos.pdf> Probióticos, prebióticos e simbióticos. <//www.revista-�.com/materias/177.pdf> Assista aos vídeos publicados pelo Ministério da Saúde sobre o Guia Alimentar para a População Brasileira e suas repercussões internacionais comentadas pelo Prof. Dr. Carlos Monteiro, um dos coordenadores do processo de elaboração técnica do guia. Lançamento do novo Guia Alimentar para a População Brasileira. <https://www.youtube.com/watch?v=71HAM-ZfTqE> Prof. Carlos Monteiro fala da repercussã o internacional do Guia Alimentar para a População Brasileira. <https://www.youtube.com/watch?v=z6zhip2kIco> Assista ao vídeo do Food Research Center <https://www.youtube.com/watch?time_continue=122&v=I75svzcogKc> que apresenta a aplicabilidade dos compostos bioativos na saúde humana. http://www.rbfarma.org.br/files/pag_45a49_180_nutraceuticos.pdf http://www.revista-fi.com/materias/177.pdf https://www.youtube.com/watch?v=71HAM-ZfTqE https://www.youtube.com/watch?v=z6zhip2kIco https://www.youtube.com/watch?time_continue=122&v=I75svzcogKc Composição dos Alimentos Aula 2: Os Macronutrientes e os Micronutrientes em alimentos Apresentação Os macronutrientes são as proteínas, carboidratos e lipídeos que participam da composição dos alimentos in natura, processados e ultraprocessados, cujas funções são diversas, tanto no aspecto físico-químico e sensorial dos alimentos, bem como na saúde humana. Mais requeridos na alimentação, eles que fornecem a energia necessária para o bom funcionamento do organismo, por meio das calorias liberadas durante a sua metabolização. Já os micronutrientes compreendem os nutrientes requeridos em pequenas concentrações. Eles exercem funções importantes no organismo, participando ativamente do metabolismo. Nesse grupo de micronutrientes encontram-se as vitaminas (hidrossolúveis e lipossolúveis) e os minerais. Eles são essenciais para a manutenção da saúde em todos os estágios �siológicos, o organismo precisa dos micronutrientes para se desenvolver adequadamente, realizar as suas funções �siológicas, preservar a saúde e prevenir doenças. Nessa aula, além de um panorama geral sobre os Macro e micronutrientes, serão abordadas as de�nições, classi�cações e funções deles. Objetivos Calcular as calorias dos alimentos; Discutir sobre a importância �siológica dos macro e micronutrientes em alimentos; Identi�car as principais fontes dos nutrientes. Fonte: Shutterstock Macronutrientes As proteínas, os carboidratos e os lipídeos, que participam da composição dos alimentos in natura, processados e ultraprocessados, são classi�cados como macronutrientes. Elesfornecem a energia necessária para o bom funcionamento do organismo, por meio das calorias liberadas durante a sua metabolização. Cada macronutriente possui um valor calórico correspondente. Na metabolização de carboidratos e proteínas há uma liberação de 4Kcal/g, enquanto, para os lipídeos, esse valor sobe para 9Kcal/g. A partir desses valores, é possível estimar o conteúdo calórico dos alimentos consumidos. Uma ferramenta essencial para o cálculo do valor nutricional e calórico é a tabela de composição dos alimentos. Nela encontram-se as informações acerca de cada nutriente, presente nos diferentes tipos de alimentos. Então, vamos entender esse cálculo? As tabelas de composição dos alimentos nos fornecem os valores referente a 100g deles. Com isso, para saber o valor calórico de um alimento, primeiro é preciso conhecer a sua composição em nutrientes, ou seja, qual a quantidade de cada macronutriente; e para quanto desse alimento pretende-se calcular as calorias, pois, as vezes, a quantidade do alimento ultrapassa o valor centesimal (100g). Veja o exemplo a seguir: Exemplo Clique no botão acima. Considerando que em 100g de banana prata temos 26g de carboidratos, 1,3g de proteínas e 0,1g de lipídeos, de acordo com dados da TACO, o cálculo das colorias para 80g de banana (1 unidade média) é: 100g de banana ----- 26g de carboidratos 80g ----- X X = (80 x 26) / 100 = 20,8g de carboidratos 100g de banana ----- 1,3g de proteína 80g ----- X X = (80 x 1,3) / 100 = 1,04g de proteínas 100g de banana ----- 0,1g de lipídeos 80g ----- X X = (80 x 0,1) / 100 = 0,08g de lipídeos Sabendo que os valores calóricos correspondentes para cada nutriente são de: 4Kcal/g para carboidratos e proteínas, e 9Kcal/g para lipídeos, cada nutriente contribui para o valor calórico total do alimento da seguinte forma: 1g de carboidrato ----- 4Kcal 1g de proteína --------- 4kcal 1g de lipídeos ----------- 9Kcal 20,8g de carboidrato x 4Kcal/g = 83,2 Kcal 1,04g de proteína x 4Kcal/g = 4,16 Kcal 0,08g de lipídeos x 9Kcal/g = 0,72 Kcal Assim, analisando a composição do alimento e a quantidade em que os nutrientes aparecem, somam-se os valores energéticos de cada um dos nutrientes, para obter o valor calórico total do alimento. Valor calórico total de 80g de banana = 83,2 + 4,16 + 0,72 = 88,08 Kcal Fonte: Shutterstock Proteínas "As proteínas desempenham um papel central nos sistemas biológicos, contribuindo para inúmeras funções, devido, essencialmente, a sua composição química." DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010. Entre os papéis desempenhados pelas proteínas podemos citar: 1 Enzimas (que atuam em nossa digestão e metabolismo). 2 Componentes estruturais dos tecidos (colágeno, elastina, queratina etc.). 3 Moléculas contráteis (miosina, actina e tubulina). 4 Moléculas transportadoras (hemoglobina, albumina, transferrina). 5 Moléculas sinalizadoras do sistema imune (anticorpos). 6 Hormônios (insulina, hormônio do crescimento) e outros. Conforme apresentado na primeira aula, as proteínas estão presentes nos alimentos classi�cados como construtores, justamente por terem a função de componentes estruturais do organismo. Química das proteínas A proteína é um polímero altamente complexo composto por unidades monoméricas chamadas aminoácidos, que se unem por meio de ligações amida substituídas. Ela é formada 20 aminoácidos diferentes. Dentro do organismo, se apenas um aminoácido estiver incorreto na sequência, é provável que se altere a atividade biológica da proteína. Recomendações e fontes alimentares Clique no botão acima. As proteínas de origem animal são as consideradas completas, sendo referência em termos de composição de aminoácidos. As fontes alimentares são (COZOLLINO, 2007): O leite e seus derivados; As carnes, incluindo os peixes, as aves e os ovos. Esses alimentos têm proteína de alto valor biológico, ou seja, contém todos os aminoácidos essenciais para o organismo humano. "Alimentos de origem vegetal também são fontes de Independente das limitações nutricionais de cereais e leguminosas, esses alimentos, quando fazem parte de uma dieta equilibrada, que contempla um cardápio variado, podem se complementar em termos de aminoácidos essenciais. Por exemplo, a mistura do arroz com o feijão, típica do hábito alimentar do brasileiro. Ela possui complementariedade de proteínas vegetais, formando uma proteína com todos os aminoácidos essenciais e, portanto, equivalente à proteína de origem animal. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2007), a recomendação do consumo de proteínas é de 0,8g por quilo de peso corpóreo, isso para a manutenção da saúde em indivíduos normais. Para praticantes de atividade física, esses valores podem aumentar para até 1,4g por quilo, ao dia. Considerando o gasto energético e o valor energético total (VET) para cada indivíduo, recomenda-se a ingestão de 10% a 15% do VET em proteínas. No entanto, sabe-se que a média de consumo do brasileiro é bem superior ao recomendado. proteínas, em especial os cereais e as leguminosas. Nesse grupo, as proteínas são consideradas parcialmente completas. As leguminosas são as mais adequadas, contendo de 10% a 30% de proteínas, com eventuais aminoácidos limitantes, como a metionina e cisteína. Os cereais têm um teor menor de proteína, com valores variando de 6% a 15%, tendo a lisina como aminoácido limitante." (COZZOLINO, 2007) Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Fonte: Shutterstock Carboidratos Os carboidratos compreendem o grupo de moléculas mais abundante na natureza. A principal função deles é fornecer energia para o metabolismo de vegetais e animais. Diferentes moléculas desempenham essa e outras funções que serão apresentadas neste capítulo. Química dos carboidratos Carboidratos são moléculas complexas de grupos funcionais dos aldeídos ou das cetonas. O termo sacarídeo é derivado do grego sakcharon que signi�ca açúcar. Os carboidratos são também chamados de hidratos de carbono, com a fórmula geral (CH2O)n apresentada pela maioria dessas moléculas. De acordo com o número de ligações glicosídicas, eles são divididos em três classes principais: Monossacarídeos. Dissacarídeos. Polissacarídeos. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Saiba mais Um dos açúcares mais utilizados na alimentação é a sacarose, que é um dissacarídeo formado por glicose e frutose. Eles são encontrados em frutas e vegetais, principalmente, na cana-de-açúcar, beterraba e no mel. A glicose pode ser obtida pela hidrólise do amido, sendo menos doce e menos solúvel em água. Além do milho, a cevada é outro cereal do qual se obtém açúcares, como a maltose, que é produzida pela germinação natural da cevada. Ela é um dissacarídeo formado por duas moléculas de glicose. "Outro dissacarídeo é a lactose, principal carboidrato encontrado no leite e nos seus derivados. A lactose, formada por glicose e uma molécula de galactose, é menos solúvel que os outros açúcares, sendo menos doce que a glicose." PHILIPPI, 2014. "Dentre os oligossacarídeos, um grupo que merece destaque é o dos derivados da sacarose, que contêm galactose em sua composição: a ra�nose e a estaquiose, presentes em sementes de leguminosas. Esses carboidratos não são hidrolisados, nem absorvidos pelo nosso organismo e, dessa forma, podem ser utilizados como substrato para as bactérias colônicas. Os micro- organismos conseguem fermentar os oligossacarídeos, produzindo grandes quantidades de hidrogênio e gás carbônico (CO2), o que contribui para o aparecimento de desconforto gastrointestinal como a �atulência." COULATE, 2004. Os polissacarídeos compreendem os alimentos de origem vegetal. Nas plantas, essas moléculas exercem duas funções importantes: estrutural e de reserva energética. Mas cabe ressaltar que os carboidratos de alto peso molecular também exercem funções importantes em tecidos animais, como o glicogênio, que reserva energia nas células do tecido hepático e muscular; e como aestrutura de esqueleto dos artrópodes e crustáceos. A quitina é o principal carboidrato de estrutura de tecidos animais. O amido é a molécula de polissacarídeo que tem como função a reserva energética em tecidos vegetais. Essa molécula é formada por dois polímeros de glicose: amilose, essencialmente linear, e a amilopectina, de estrutura rami�cada. O amido, presente em grânulos nas células vegetais, é insolúvel em água fria. Quando a temperatura aumenta, ele tende a formar um gel e por isso é importante na formação de determinadas preparações, como o mingau e o arroz. Ele é usado, frequentemente, como um agente espessante em molhos e recheios de tortas. Na pani�cação, ou em produtos assados, o amido tem um importante papel na formação das massas. Recomendações e fontes alimentares Clique no botão acima. A recomendação nutricional (RDA) de carboidratos, estabelecida pelo Institute of Medicine (IOM, 2005), é a de 130g/dia para adultos e crianças, com base na quantidade mínima de glicose utilizada pelo cérebro. A ingestão de carboidratos, no entanto, excede esse valor, para atender as necessidades de energia do organismo, quando são consumidas quantidades aceitáveis de lipídeos e de proteínas. Sendo assim, o consumo médio de carboidratos é de 200 a 330g/dia, para homens, e, de 180 a 230g/dia, para mulheres. São fontes de carboidratos: Cereais e leguminosas, ricos em amido. Bebidas açucaradas. Doces. Bolos. Produtos de confeitaria e pani�cação. Frutas e mel, ricos em açúcares simples. Os demais produtos são fonte de carboidratos mais simples, como a sacarose, xarope de glicose e/ou frutose; amplamente distribuída em bebidas açucaradas como refrigerantes, sucos e chás industrializados. A sacarose, conhecida como o açúcar simples, de mesa, é basicamente derivada da cana-de-açúcar e da beterraba. Geralmente ela é utilizada nos produtos de confeitaria e pani�cação, como caldas, doces em pasta, compotas, geleias, pães, bolos e tortas. A lactose, principal carboidrato do leite e seus derivados, apresenta-se nestes produtos gerando texturas diferenciadas, como no caso do leite condensado e do doce de leite. Uma vez que ela possui amplo poder de cristalização, dependendo do seu aquecimento, ela pode levar a formação de texturas “arenosas”. Fonte: Shutterstock Fibras: características, fontes alimentares e efeitos sobre a saúde Fibras dietéticas, ou alimentares, são carboidratos não digeríveis presentes nos alimentos de origem vegetal. Didaticamente, as �bras são classi�cadas como: �bras solúveis, ou facilmente fermentáveis no cólon, como a pectina; e insolúveis, como a celulose, que aumenta o volume do bolo fecal, mas com limitada fermentação no cólon. "Parte da fermentação dos componentes da �bra alimentar ocorre no intestino grosso. Ela produz impacto sobre a velocidade do trânsito intestinal, sobre o pH do cólon, e sobre a produção de subprodutos com importante função �siológica." BERNAUD; RODRIGUES, 2013. As �bras solúveis são assim chamadas por absorver água, formando géis viscosos. Não são digeridas no intestino delgado e são facilmente fermentadas pela micro�ora do intestino grosso. São solúveis as pectinas, as gomas, a inulina e algumas hemiceluloses. "Entretanto, as �bras insolúveis não são solúveis em água, não formam géis e sua fermentação é limitada. São insolúveis a lignina, a celulose e algumas hemiceluloses. A maioria dos alimentos que contêm �bras é constituída de um terço de �bras solúveis e dois terços de insolúveis." BERNAUD; RODRIGUES, 2013. O consumo de �bras está diretamente associado a redução de doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, diabetes melittus e câncer de cólon. Segundo Bernaud e Rodrigues (2013), uma ingestão de �bras de pelo menos 30g/dia, bem como a variedade de alimentos, que são fontes de �bras (frutas, verduras, grãos integrais e farelos), são essenciais para que os benefícios apontados sejam atingidos. Fonte: Shutterstock Lipídeos Os lipídeos são altamente energéticos e estão presentes em alimentos como os óleos vegetais, as gorduras animais e as oleaginosas (nozes, castanhas, etc.), e algumas frutas, como abacate e o açaí. Eles compreendem um amplo grupo de compostos químicos, que são solúveis em solventes orgânicos. A classi�cação dos lipídeos se dá através do seu estado físico conforme a temperatura do ambiente: óleos, quando em estado líquido, e gorduras, quando em estado sólido. Eles também podem ser classi�cados como polares e apolares. Os lipídeos desempenham um papel importante na qualidade dos alimentos, contribuindo para a textura, para o sabor, para o valor nutricional e para a densidade calórica de preparações. Logo, é de suma importância conhecer as suas propriedades químicas e físicas, para evitar uma possível perda de nutrientes. Química dos lipídeos Os lipídeos são basicamente formados pelos ácidos graxos, moléculas de cadeia alifática (linear) e de um grupo ácido carboxílico. A maioria dos ácidos graxos encontrados na natureza apresenta entre 14 e 24 carbonos em sua estrutura. É possível encontrar ácidos graxos de cadeia curta no leite, ou produzidos por microrganismos da microbiota intestinal do homem. Os ácidos graxos costumam ser classi�cados como saturados (formados por ligações simples) e insaturados (formados por ligações duplas). Mais de 99% dos ácidos graxos encontrados em plantas e animais são esteri�cados com o glicerol, formando monoacilglicerol, diacilglicerol e triacilglicerol. Desses, o triacilglicerol é a forma estrutural mais comum em alimentos. Cabe ressaltar que as propriedades físicas de gorduras e óleos comestíveis dependem de sua estrutura molecular, suas interações e da organização das moléculas do triacilglicerol que eles contêm. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Recomendações e fontes alimentares Clique no botão acima. Há uma faixa estimada de distribuição aceitável para esse macronutriente, que varia entre 15% e 30% do valor energético total (IOM, 2005). A recomendação da FAO/OMS é que a ingestão diária de ácidos graxos saturados não ultrapasse 10% do VET, e que façamos a ingestão entre 6% e 11% do VET de ácidos graxos polinsaturados (w-3 e w-6) (SANTOS et al., 2013). Os ácidos graxos saturados estão presentes na composição de alimentos de origem animal, na gordura do coco e na do dendê. Já os ácidos graxos insaturados, você encontra em óleos vegetais, de linhaça, bem como em peixes de águas frias e profundas, que se alimentam do �toplâncton e conseguem produzir ácidos graxos essenciais, como o EPA (ácido escosapentanoico) e o DHA (ácido docosahexanoico). Fonte: Shutterstock Vitaminas As vitaminas compreendem um grupo diverso de moléculas orgânicas com diferentes funções no organismo humano. São elas (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010): 1 Coenzimas ou precursores. 2 Componentes do sistema de defesa antioxidante. 3 Fatores envolvidos na regulação genética e outras funções especí�cas. Esse micronutriente é constituinte minoritário em alimentos. "Em termos de estrutura, as vitaminas não têm um padrão e as suas funções biológicas não contribuem para a sua de�nição ou classi�cação. De modo geral, sabemos que essas substâncias estão presentes, em pequenas concentrações, em materiais biológicos, sendo essenciais para o funcionamento de processos bioquímicos e �siológicos humanos." COULATE, 2004. No entanto, didaticamente, esse grupo de micronutriente é dividido em vitaminas hidrossolúveis e vitaminas lipossolúveis. Essa classi�cação está diretamente relacionada à capacidade desses compostos de serem solubilizados em ambientes aquosos ou lipídicos. Vitaminas hidrossolúveis Segundo Champe, Harvey e Ferrier (2009), existem nove vitaminas classi�cadas como hidrossolúveis: ácido fólico, cobalamina, ácido ascórbico, piridoxina, tiamina, niacina, ribo�avina, biotina e ácido pantotênico. Elas se reagrupam em vitaminas do complexo B (ácido fólico, ácido pantotênico, cobalamina, piridoxina, tiamina,niacina, ribo�avina e biotina) e da vitamina C. As vitaminas do complexo B estão diretamente relacionadas ao metabolismo dos macronutrientes, por participarem ativamente das reações que ocorrem nas diferentes vias metabólicas de carboidrato, proteína e lipídeos. Já a vitamina C, em sua forma ativa de ácido ascórbico ou ascorbato, é o principal agente redutor em diversas reações químicas que ocorrem no nosso organismo. Recomendações e fontes alimentares Clique no botão acima. Para Mahan e Escott-Stump (2010), as vitaminas hidrossolúveis tendem a ser absorvidas pela difusão simples, quando ingeridas em grandes quantidades, e por processos mediados por carreador (acelerador de transporte), quando ingeridas em pequenas concentrações. Elas são distribuídas nas fases aquosas das células e são cofatores, ou cossubstratos, essenciais das enzimas envolvidas em vários aspectos do metabolismo. A maioria delas não são armazenadas em quantidades apreciáveis, fazendo do seu consumo regular uma necessidade. Tabela 1. Vitaminas hidrossolúveis e as suas fontes alimentares. Vitaminas hidrossolúveis Fontes alimentares TIAMINA (B1) Cereal, pão, carnes, arroz, levedura, milho, nozes. RIBOFLAVINA (B2) Grãos, leite, carnes, ovo, queijo, ervilhas. NIACINA (B3) Carnes, leite, ovo, peixe, legumes, batatas. PIRIDOXINA (B6) Carnes, arroz integral, peixe, manteiga, soja. ÁCIDO FÓLICO (B9) Levedo, fígado, hortaliças, grãos de cereais integrais. ÁCIDO PANTOTÊNICO Carnes, legumes, grãos de cereais integrais. BIOTINA Fígado, gema de ovo, levedo de cerveja, cogumelos. COBALAMINA (B12) Fígado, carnes, ovo, leite e derivados. VITAMINA C Frutas cítricas, vegetais frescos. Cabe ressaltar que a vitamina B12 só é obtida a partir de alimentos de origem animal. Sendo assim, indivíduos com alimentação restrita, sem o consumo desse tipo de alimento, precisam recorrer a suplementação. Vitaminas lipossolúveis As vitaminas lipossolúveis compreendem o grupo de moléculas orgânicas que têm solubilidade em meio lipídico. São as vitaminas A, D, E K. Todas elas apresentam características químicas semelhantes aos ácidos graxos, componentes estruturais das moléculas lipídicas estudadas no capítulo anterior. Esse grupo de vitaminas tende a ser absorvido passivamente pelo organismo e são transportados com os lipídeos dietéticos, por meio de lipoproteínas. Elas normalmente são encontradas nas porções lipídicas da célula como membranas e gotículas de lipídeos. "Por serem relativamente apolares, essas vitaminas dependem de solubilização micelar para a sua absorção, a partir do ambiente aquoso do lúmen intestinal. A absorção, portanto, depende de todos os componentes lipídicos envolvidos na formação da micela, bem como do estímulo das funções pancreáticas e biliares, promovidas pela ingestão do alimento." MOURÃO et al., 2005. Recomendações e fontes alimentares Clique no botão acima. A melhor fonte de vitamina A para o lactente é o leite materno. Outras fontes principais de provitamina A são as folhas de cor verde-escura (como o caruru), os frutos amarelo-alaranjados (como a manga e o mamão), as raízes de cor alaranjada (como a cenoura) e os óleos vegetais (óleo de dendê, pequi e pupunha). "Os óleos de fígado de peixe são fontes concentradas de vitamina A pré-formada. Os derivados do leite, como queijo e manteiga, além dos ovos, são considerados fontes moderadas dessa vitamina. Sabe-se que, no entanto, que a melhor fonte de vitamina A, na natureza, é o fígado de alguns peixes, como o linguado, o bacalhau e o arenque." (BRASIL, 2007) "O padrão de distribuição do calciferol (vitamina D) nos alimentos é bastante similar ao do retinol (vitamina A). São fontes importantes de vitamina D o óleo de fígado de peixes, tecido muscular de salmão, arenque e cavala. Ainda encontramos vitamina D em leite e derivados gordurosos, bem como na gema dos ovos, mas não em tecido vegetal. Já a vitamina E, representada pelos tocoferóis, está basicamente concentrada em tecidos vegetais, apresentando-se nos óleos vegetais." (COULATE, 2004) "A �loquinona (vitamina K1) é um composto de origem vegetal, que ocorre em quantidades elevadas nas folhas de vegetais como espinafre, couve, couve-�or, tomate e alguns óleos vegetais. Já as menaquinonas (vitamina K2) são produtos da síntese bacteriana, principalmente da microbiota intestinal." (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010) Fonte: Shutterstock Minerais Para Mahan e Escott-Stump (2010), os minerais representam de 4% a 5% do peso corporal dos humanos. Aproximadamente 50% desse peso são de cálcio, os outros 25% são de fósforo, sendo, basicamente, componentes estruturais de ossos e dentes. Os 25% restantes correspondem ao magnésio, ao sódio, ao potássio, ao cloro, ao enxofre, ao ferro, ao zinco, ao iodo, ao selênio, ao manganês, ao �úor, ao molibdênio, ao cobre, ao cromo, ao cobalto e ao boro. Tradicionalmente os minerais são divididos em macrominerais, quando requeridos em maiores quantidades (> 100mg/dia), e em microminerais, ou elementos-traço, quando a necessidade é menor que 15mg/dia. Eles são nutrientes essenciais para a saúde humana, pois estão envolvidos em diversos mecanismos metabólicos, assim como as vitaminas. "No organismo, os minerais estão combinados de um modo mais complexo e alguns podem ser mais bem absorvidos na forma quelada (ligados as moléculas orgânicas), quando apropriadamente ligados a um aminoácido, em uma ligação covalente. O que não é absorvido é excretado pelas fezes." MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010; ADITIVOS & INGREDIENTES, 2008. Recomendações e fontes alimentares Clique no botão acima. Os alimentos naturais, de origem animal e vegetal, são as principais fontes de minerais para o organismo. Neles, o mineral se apresenta na forma de um complexo orgânico natural, que já pode ser utilizado pelo organismo. Como os minerais não são sintetizados por organismos vivos, é necessário consumir alimentos que sejam fonte deles, como legumes, frutas, verduras e leguminosas. "Entretanto, os alimentos nem sempre são su�cientes em qualidade, e quantidade, para satisfazer a necessidade do organismo. Nesse caso, é preciso recorrer aos suplementos minerais." (ADITIVOS & INGREDIENTES, 2008) Atividades 1. Qual a quantidade de calorias presente em 60g de arroz, sabendo que, em 100g de arroz, segunda a TACO, temos 77,5g de carboidratos, 7,3g de proteínas e 1,9g de lipídeos? a) 186,0 Kcal. b) 213,78 Kcal. c) 310,0 Kcal. d) 346,8 Kcal. e) 468,2 Kcal. 2. Quais as diferenças em relação as recomendações de micronutrientes e macronutrientes para a nossa alimentação? 3. Aprendemos que os micronutrientes são aqueles que, apesar de essenciais, são necessários em menores quantidades para organismo. Das alternativas abaixo, qual representa um micronutriente? a) Carboidratos. b) Proteínas. c) Açúcares. d) Lipídeo. e) Ferro. Notas Referências BENASSI, V. T.; WATANABE, E.; LOBO, A. R. Produtos de pani�cação com conteúdo calórico reduzido. B. Ceppa, Curitiba, v. 19, n. 2, p. 225-242, 2001. BERNAUD, F. S. R.; RODRIGUES, T. C. Fibra alimentar: ingestão adequada e efeitos sobre a saúde do metabolismo. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., v. 57, n. 6, 2013. BUTTRISS, J. L.; STOKES, C. S. Dietary �bre and health: an overview. NutrBulletin.; v. 33, n. 1, p.186-200, 2008. CHAMPE, P. C.; HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica ilustrada. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. COULATE, T. P. Alimentos: a química de seus componentes. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de nutrientes. 2. ed. Barueri: Manole, 2007. DAMODARAN, S; PARKIN, K. L.; FENNEMA, O; R. Química de alimentos de Fennema. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. ELIA, M.; CUMMINGS, J. H. 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Elaborada por pesquisadores da Unicamp, a TACO (Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos) traz a composição nutricional da grande maioria dos alimentos consumidos pela população brasileira. Não deixe de conferir. Leia o texto Fibra alimentar: práticas alimentares e conhecimentos em diferentes regiões do globo. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Composição dos Alimentos Aula 3: Carboidratos em alimentos Apresentação Os carboidratos são os principais nutrientes utilizados como energia pelo corpo humano, considerados, por muito tempo, base da alimentação, conforme visto na primeira aula. Eles são moléculas complexas de grupos funcionais dos aldeídos, ou das cetonas, e podem ser divididos em três grandes grupos, de acordo com o número de ligações glicosídicas: monossacarídeos, dissacarídeos (oligossacarídeos) e polissacarídeos. Cada grupo especí�co de carboidratos tem características estruturais diferenciadas e de importância na composição dos alimentos, como veremos nesta aula. Objetivos Abordar as propriedades físico-químicas dos carboidratos presente nos alimentos; Conhecer o papel dos carboidratos na saúde humana e na produção dos alimentos; e suas principais fontes. Fonte: Shutterstock Monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos Os monossacarídeos constituem-se como as unidades básicas formadoras dos carboidratos e, portanto, não podem ser hidrolisados a outros menores, sendo absorvidos pelos enterócitos. Como exemplos têm a glicose, a frutose e a galactose. Já os dissacarídeos são carboidratos formados por dois monossacarídeos. Por exemplo: a sacarose (açúcar comum, de mesa), a lactose (principal carboidrato do leite) e a maltose (amplamente encontrado nos alimentos). Os oligossacarídeos são moléculas formadas por 3 a 10 monossacarídeos. Normalmente são carboidratos não digeríveis e que podem ser fermentados pelas bactérias colônicas. Os polissacarídeos são moléculas mais complexas, formadas por mais de 10 moléculas de monossacarídeos, como o amido, o glicogênio, a celulose e a quitina. Suas principais funções são a capacidade de armazenar energia e de participar da estruturação de tecidos. As propriedades físico-químicas dos carboidratos são a higroscopicidade, o estado vítreo, a cristalização, a inversão dos açúcares e o poder edulcorante. Observa-se que a capacidade de adsorção de água é uma das suas características mais importantes, e ela depende da sua estrutura, da mistura de isômeros e da sua pureza. Falaremos aqui de algumas das propriedades relevantes nos alimentos. Propriedades físico-químicas dos carboidratos Clique no botão acima. Propriedades físico-químicas dos carboidratos Higroscopicidade Para Ordóñez (2005), esta propriedade está relacionada à presença de grupos hidroxilas, que são capazes de se ligarem a água, por meio de pontes de hidrogênio. Açúcares impuros e os xaropes absorvem água em uma velocidade maior do que os açúcares puros. Isso acontece, porque as impurezas di�cultam as reações entre as moléculas de açúcar, disponibilizando as hidroxilas para interagir com as moléculas de água. A higroscopicidade dos carboidratos pode ser desejável, ou indesejável, em alimentos. Por exemplo: a manutenção da umidade de produtos de confeitaria, e pani�cação, pode ser atribuída à presença de carboidratos, que formam uma camada super�cial, limitando a perda de água e, portanto, causando um efeito desejável para o produto; produtos granulados, e em pó, devido à interação com a água podem formar aglomerados, limitando a solubilidade dos açúcares, o que se torna indesejável. Estado vítreo Ainda para Ordóñez (2005), o estado vítreo é o estado amorfo, no qual a viscosidade é tão elevada, que impede a cristalização do açúcar. Ele é pouco estável, podendo ser alcançado por congelamento, concentração rápida ou desidratação. Também se atinge esse estado quando ocorre fusão térmica de determinados açúcares cristalinos, com resfriamento brusco, impedindo que as moléculas se reorganizem e formem cristais. Os açúcares em estado vítreo são higroscópicos, o que contribui para a sua instabilidade, já que, ao reter água, aumentam a sua mobilidade e, consequentemente, a velocidade de cristalização. Um exemplo clássico de carboidratos em estado vítreo são os caramelos duros. Eles são soluções supersaturadas de sacarose, cuja cristalização é impedida pela elevada viscosidade, rigidez da massa, e pela presença de outros açúcares, como a glicose. Cristalização A cristalização dos açúcares ocorre pelo resfriamento de soluções saturadas, que gera uma reorganização das moléculas, formando-se, assim, um cristal. Os fatores que in�uenciam nessa formação dos cristais são o grau de saturação da solução original, a temperatura, a natureza da superfície do cristal, e a natureza, e concentração, das impurezas presentes na solução. Quanto mais lento é o resfriamento, maior é o tamanho dos cristais. Isso é interessante para alguns alimentos, como o leite condensado. Ele pode ter a formação de cristais de lactose, conferindo uma textura arenosa, que não é desejável do ponto de vista sensorial. Inversão dos açúcares De acordo com os estudos de Ordóñez (2005), basicamente, essa propriedade está relacionada à inversão da sacarose, que se hidrolisa por via enzimática (invertase) e procedimentos físico-químicos, como a ação de ácido clorídrico a temperatura elevada. O produto �nal é conhecido como açúcar invertido e encontra-se de forma natural no mel. Essa inversão provoca aumento do sabor doce e, sobretudo, da solubilidade do açúcar, visto que a frutose livre é mais solúvel que a sacarose. Isso é interessante, porque aumenta a concentração de açúcares em uma solução, acentuando o sabor da mesma. Poder edulcorante Os carboidratos têm como principal característica a capacidade de adoçar, sendo os mais importantes a sacarose, a frutose e os xaropes de amido. Normalmente, o poder edulcorante do açúcar não depende da sua concentração. Mensura-se a intensidade do sabor doce, mediante a determinação do patamar de percepção do sabor, ou por comparação com uma substância de referência, como a sacarose, que se destaca entre as demais, por ser mais agradável. Cabe ressaltar que a intensidade e a qualidade do sabor dependem não apenas da estrutura do açúcar, mas também da temperatura, do pH e da presença de outras substâncias que possam interferir nos receptores de sabor. (ORDÓÑEZ, 2005) Característicase propriedades dos monossacarídeos e dissacarídeos Os monossacarídeos (açúcares simples) são classi�cados de acordo com o número de átomos de carbono que eles contêm. Quando o monossacarídeo tem como grupo funcional um aldeído, ele é denominado aldose; quando o grupo funcional é uma cetona, ele é chamado de cetose. Através de ligações glicosídicas, os monossacarídeos formam estruturas maiores, como os dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. A posição do grupo hidroxila, no carbono anômero, do monossacarídeo envolvido na ligação, pode ser do tipo α (alfa) e do tipo β (beta). O carbono anômero se forma quando ocorre a ciclização dos monossacarídeos. Menos de 1% dos monossacarídeos presentes na natureza encontram-se na forma de cadeia aberta (acíclica). Eles são, predominantemente, encontrados na forma cíclica, na qual um grupo aldeído, ou cetona, reagiu com um grupo álcool da mesma molécula, tornando assimétrico o carbono carbonílico (C1 para aldose e C2 para a cetose). A formação de um carbono anômero faz a molécula apresentar con�gurações α e β. Dessa forma as enzimas são capazes de distinguir entre essas estruturas, utilizando, preferencialmente, uma delas. "Os anômeros cíclicos α e β de um monossacarídeo, quando estão em equilíbrio em uma solução, podem ser espontaneamente interconvertidos, processo chamado de mutarrotação." - CHAMPE; HARVEY; FERRIER, 2009. Saiba mais Todas as moléculas de carboidratos têm hidroxilas livres para reagir. Os monossacarídeos simples, e muitas outras moléculas de carboidratos de baixo peso molecular, também têm grupos carbonilas disponíveis para reação. As aldoses, por exemplo, são facilmente oxidáveis pela oxidação do grupo aldeído a um grupo carboxílico. Essa reação é usada para determinar a quantidade dos açúcares nos sistemas biológicos e nos alimentos. Durante a oxidação do grupo aldeído de uma aldose ao sal do grupo carboxílico, o agente oxidante é reduzido, ou seja, o açúcar reduz o agente oxidante. Por isso as aldoses e as cetoses são chamadas de açúcares redutores. As cetoses, em determinadas condições, são isomerizadas às aldoses e, por isso, também são chamadas de açúcares redutores. A glicose e a frutose são exemplos de desses açúcares. Um dos açúcares mais empregados na alimentação é a sacarose, dissacarídeo formado por glicose e frutose, encontrado em frutas, vegetais, e, principalmente, na cana-de-açúcar, na beterraba e no mel. A glicose pode ser obtida pela hidrólise do amido, sendo menos doce e menos solúvel em água. Além do milho, a cevada é o outro cereal do qual podemos obter os açúcares, como a maltose, que é produzida pela germinação natural da cevada. A maltose é um dissacarídeo formado por duas moléculas de glicose. Fonte: Shutterstock Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online A seguir estão apresentadas as propriedades dos açúcares (mono e dissacarídeos) de interesse, em alimentos. Essas propriedades são importantes para o preparo de alimentos, bem como para avaliar os processos que podem levar às modi�cações nas estruturas dessas moléculas, durante o armazenamento, e frente a mudanças de temperaturas. "Outro dissacarídeo de interesse em alimentos é a lactose, principal carboidrato encontrado no leite e nos seus derivados. A lactose, formada por glicose e uma molécula de galactose, é menos solúvel que os outros açúcares, e de sabor menos doce que a glicose." - PHILIPPI, 2014 Propriedades dos açúcares (mono e dissacarídeos) Clique no botão acima. Propriedades dos açúcares (mono e dissacarídeos) Escurecimento não enzimático (reação de Maillard) Sob determinadas condições, os açúcares redutores produzem pigmentos marrons, que são desejáveis, ou indesejáveis, porém importantes nos alimentos. Durante o aquecimento ou armazenamento de alimentos, podem ocorrer reações químicas entre os açúcares redutores, principalmente a glicose, e os grupamentos aminas de aminoácidos. Essa reação é conhecida como reação de Maillard, também chamada de escurecimento não enzimático, pois é diferente de um escurecimento catalisado por enzimas. (DAMODARAN;PARKIN; FENNEMA, 2010) Ele ocorre em produtos de pani�cação, ou durante a fritura e grelha de alimentos, em que as aldoses, ou cetoses, são aquecidas com aminas, produzindo compostos de aroma e pigmentos que conferem sabores, aromas e coloração diferenciada, podendo ser desejáveis ou indesejáveis. Os produtos da reação de Maillard são encontrados quando açúcares redutores e aminoácidos, proteínas e/ou outros compostos, que contém nitrogênio, são aquecidos juntos. Na pani�cação, o escurecimento é desejável, como na crosta do pão, em biscoitos e em carnes grelhadas. Os compostos voláteis produzidos nessa reação, durante a pani�cação, fritura ou em grelhados, costumam proporcionar aromas agradáveis. Essa reação também é desejável em alimentos como o leite, o chocolate, o caramelo, o doce de leite, nos quais ocorre a reação dos açúcares redutores com as proteínas do leite. No café também são produzidas substâncias de interesse pela reação de Maillard, que confere sabor amargo à bebida. (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010) Caramelização O aquecimento de carboidratos, em particular, de açúcares redutores e de sacarose, na ausência de compostos nitrogenados, promove um complexo grupo de reações envolvidas na caramelização. Esse aquecimento causa desidratação da molécula de açúcar, com a formação de compostos de coloração marrom (melanoidinas). Portanto, o caramelo produzido comercialmente, é utilizado tanto como corante, quanto aromatizante. Na reação de caramelização, o carboidrato é aquecido isoladamente, ou na presença de uma base, um ácido ou um sal, todos de grau alimentício. O carboidrato mais utilizado é a sacarose, mas também podem ser utilizados nesse processo os melados, xaropes de glicose, açúcar invertido e dextroses. Características e propriedades dos oligossacarídeos Esses carboidratos, presentes principalmente nas leguminosas, não são hidrolisados, nem absorvidos pelo organismo e, dessa forma, são utilizados como substrato para as bactérias colônicas. Os principais são a ra�nose e a estaquiose. "Os microrganismos conseguem fermentar esses oligossacarídeos, produzindo grandes quantidades de hidrogênio e gás carbônico (CO2), o que contribui para o aparecimento do desconforto gastrointestinal, como a flatulência." - COULATE, 2004 Os polissacarídeos são polímeros de alto peso molecular, formados por mais de 10 monossacarídeos unidos por ligações glicosídicas. São moléculas diversas, classi�cadas de acordo com a estrutura química de suas cadeias, como lineares, ou rami�cados. Quando há mais de um tipo de resíduo de monossacarídeo presente, forma os homopolissacarídeos (resíduos iguais de monossacarídeos) ou heteropolissacarídeos (resíduos diferentes). Os polissacarídeos interessantes em alimentos são os de origem vegetal. Nas plantas, essas moléculas exercem duas funções importantes: estrutural e de reserva energética. Mas cabe ressaltar que, os carboidratos de alto peso molecular também exercem funções importantes em tecidos animais, como a reserva energética em células animais do tecido hepático e muscular, como o glicogênio; e como estrutura de esqueleto dos artrópodes e crustáceos, sendo a quitina o principal carboidrato de estrutura de tecidos animais. O amido é a molécula de polissacarídeo que tem função de reserva energética em tecidos vegetais. Essa molécula, presente em grânulos das células vegetais, é formada por dois polímeros de glicose: amilose, essencialmente linear, e a amilopectina, de estrutura rami�cada. Clique nos botões para ver as informações. Ele é insolúvel em água fria, devido à força coletiva das interações do tipo ponte de hidrogênio, que mantém unidas as cadeias de amilose e amilopectina. À medida em que a temperatura é elevada, ao ponto conhecido de temperatura inicial de gelatinização, a água começa a ser assimilada na molécula. Essas temperaturas iniciais de gelatinização variam de acordocom a origem do amido, mas geralmente �cam na faixa de 55 °C a 70 °C. Nesse processo de gelatinização, o grânulo de amido vai perdendo a sua cristalinidade, tornando-se amorfo, ou seja, os grânulos incham e se desorganizam, aumentando a viscosidade da solução. As moléculas de amilose saem dos grânulos e contribuem ainda mais para a viscosidade. Se o aquecimento é mantido, junto com a agitação do meio, a viscosidade começa a decair, devido à deformação dos grânulos. Quando esse sistema é então resfriado, a viscosidade eleva-se novamente e as interações do tipo pontes de hidrogênio são restabelecidas entre a amilose e a amilopectina, produzindo uma consistência de gel. (COULATE, 2004) Gelatinização Ao contrário do que ocorre na gelatinização, com o passar do tempo, as moléculas de amilose se associam e cristalizam de maneira e�caz, fenômeno conhecido como retrogradação. A retrogradação faz as soluções diluídas de amido perderem a viscosidade, as pastas concentradas e os géis tornam-se “borrachentas”, transpirando água. Esse fenômeno ocorre durante o armazenamento de uma série de produtos alimentícios. O amido é usado frequentemente como agente espessante de molhos e recheios de tortas. Quando essas tortas são congeladas, a amilose sofre, rapidamente, a retrogradação, formando a fase aquosa e a desagregação do gel. Em produtos de pani�cação e outros assados, o amido tem um importante papel na formação das massas. Parte do amido é hidrolisado por enzimas, naturalmente presente em farinhas, promovendo a liberação de moléculas mais simples, como a maltose e a glicose, que poderão ser utilizadas pelas leveduras, para a formação de gás carbônico e, consequente, crescimento da massa. Uma vez no forno, os grânulos de amido se gelatinizam e dão a forma do produto. Retrogradação Importância biológica Clique no botão acima. Importância biológica Os carboidratos são absorvidos e assimilados no organismo na forma de monossacarídeos. Quando absorvidos pelo intestino delgado, a glicose e outros monossacarídeos conferem rápida resposta glicêmica, ou seja, são rapidamente disponibilizados na corrente sanguínea. Os dissacarídeos e polissacarídeos são hidrolisados por enzimas presentes na boca, no suco pancreático e na borda em escova, liberando os monossacarídeos que serão absorvidos pelos enterócitos. Como a principal função biológica, os carboidratos fornecem 4kcal por grama, como visto na aula anterior. Ou seja, participam ativamente no fornecimento de moléculas de ATP, por meio das vias metabólicas de oxidação das moléculas de glicose. Aquelas moléculas que não são hidrolisadas pelas enzimas digestivas, passam intactas pelo trato gastrointestinal, e podem sofrer ação fermentativa pelas bactérias do intestino grosso, ou apenas contribuir para a composição do bolo fecal. Entretanto, as moléculas de carboidratos não são apenas fornecedoras de energia. Elas atuam como componentes estruturais de células vegetais (celulose) e animais (quitina), como já observado anteriormente. Além dessas funções, os carboidratos podem atuar como moléculas sinalizadoras de membrana celular (glicocálix); participam da estrutura de anticorpos (glicoproteínas); são componentes de tecidos conectivos, como nas cartilagens e tendões (sulfato de condroitina); dentre outras funções cicatrizantes, e de componente de tecidos epiteliais, atuando na resistência de vasos sanguíneos. Fonte: Shutterstock Fibras: características, fontes alimentares e efeitos sobre a saúde Os carboidratos que não são digeridos pelas enzimas digestivas são metabolizados pelos micro-organismos, que compõem a microbiota intestinal, principalmente, no intestino grosso, produzindo ácidos graxos de cadeia curta, os quais são absorvidos pelos colonócitos e utilizados como fonte de energia e renovação celular. "Os componentes da fibra alimentar dividem-se nos grupos: polissacarídeos não amido; oligossacarídeos; carboidratos análogos (amido resistente e maltodextrinas resistentes); lignina; compostos associados à fibra alimentar (compostos fenólicos, proteína de parede celular, oxalatos, fitatos, ceras, cutina e suberina); e fibras de origem animal (quitina, quitosana, colágeno e condroitina)." - TUNGLAND; MEYER, 2002 As �bras solúveis são assim chamadas por absorver água, formando géis viscosos. Elas não são digeridas no intestino delgado e são facilmente fermentadas pela micro�ora do intestino grosso. Como exemplo tem as pectinas, as gomas, a inulina e algumas hemiceluloses. Entretanto, as �bras insolúveis não são solúveis em água, não formam géis e sua fermentação é limitada. São insolúveis a lignina, celulose e algumas hemiceluloses. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online "As diferenças quanto a capacidade de retenção de água, da viscosidade, da fermentação, da adsorção, entre outras, são responsáveis por implicações metabólicas (efeitos sistêmicos), bem como no trato gastrointestinal (efeitos locais), que as fibras dietéticas exercem no organismo humano." - BUTTRISS; STOKES, 2008 Segundo Elia e Cummings (2007), os principais grupos de �bras que chegam ao intestino grosso são: 1 Os polissacarídeos não amiláceos. 2 Os amidos resistentes. 3 Os oligossacarídeos. Os oligossacarídeos são parcial, ou totalmente, fermentados e utilizados como fonte energética, pela micro�ora no cólon, convertidos em gases (hidrogênio, metano e dióxido de carbono) e ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), principalmente acetato, propionato e butirato. "O meio mais ácido inibe a proliferação de organismos patogênicos, bem como a formação de produtos de degradação tóxica, reduzindo a solubilidade dos ácidos biliares e facilitando a absorção de cálcio, o que interfere nos metabolismos lipídico e ósseo." - SCOTT; DUNCAN; FLINT, 2008 As recomendações atuais de ingestão de �bra alimentar na dieta variam de acordo com a idade, o sexo e o consumo energético. A tabela a seguir apresenta as principais �bras dietéticas, seus grupos, efeitos e suas fontes alimentares, conforme descrito por Bernaud e Rodrigues (2013). Tipos de �bras alimentares e suas fontes Clique no botão acima. Tipos de �bras alimentares e suas fontes Tabela 1. Tipos de �bras alimentares e suas fontes. Tipos Grupos Componentes Fontes alimentares Polissacarídeos não amido Celulose Celulose (25% da fibra de grãos e frutas e 30% em vegetais e oleaginosas) Vegetais (parede celular das plantas), farelos Hemicelulose Arabinogalactanos, β-glicanos, arabinoxilanos, glicuronoxilanos, xiloglicanos, galactomananos Aveia, cevada, vagem, abobrinha, maçã com casca, abacaxi, grãos integrais e oleaginosas Gomas e mucilagens Galactomananos, goma guar, goma locusta, goma karaya, goma tragacanto, alginatos, agar, carragenanas e psyllium Extratos de sementes: alfarroba, semente de locusta; exsudatos de plantas, algas, psyllium Pectinas Pectina Frutas, hortaliças, batatas, açúcar de beterraba Oligossacarídeos Frutanos Inulina e frutoligossacarídeos (FOS) Chicória, cebola, yacón, alho, banana, tupinambo Carboidratos análogos Amido resistente e maltodextrina resistentes Amido + produtos da degradação de amido não absorvidos no intestino humano saudável Leguminosas, sementes, batata crua e cozida, banana verde, grãos integrais, polidextrose Lignina Lignina Ligada à hemicelulose na parede celular. Única fibra estrutural não polissacarídeo – polímero de fenilpropano Camada externa de grãos de cereais e aipo Substâncias associadas aos polissacarídeos não amido Compostos fenólicos, proteína de parede celular,oxalatos, fitatos, ceras, cutina, suberina Componentes associados à fibra alimentar que confere ação antioxidante a esta fração Cereais integrais, frutas, hortaliças Fibras de origem não vegetal Quitina, quitosana, colágeno e condroitina Fungos, leveduras e invertebrados Cogumelos, leveduras, casca de camarão, frutos do mar, invertebrados A ingestão de �bras dietéticas está associada a uma redução signi�cativa dos níveis de glicose, pressão arterial e de lipídeos séricos. Segundo Bernaud e Rodrigues (2013), uma ingestão de �bras de pelo menos 30g/dia, bem como a variedade de alimentos fontes de �bras (frutas, verduras, grãos integrais e farelos), são essenciais para que os benefícios apontados sejam atingidos. Alternativas aos açúcares Dentre as principais características funcionais dos carboidratos, os mono e dissacarídeos apresentam poder edulcorante signi�cativo, e, por isso, são utilizados em diversos tipos de alimentos, para acentuar o sabor adocicado das preparações. No entanto, o consumo excessivo de açúcares simples é associado a problemas metabólicos, como diabetes e obesidade; além de maior incidência de cárie. Portanto, substâncias têm sido estudadas para atuarem como substitutos dos açúcares, reduzindo o risco das doenças citadas. A substância normalmente chamada de “açúcar” é a sacarose, o mais utilizado dos açúcares. Além de seu poder adoçante e sabor agradável, a sacarose contribui para a aparência, a textura, o sabor e a estabilidade dos produtos. Constitui substrato para as leveduras, na fermentação, atua nas reações de escurecimento não enzimático, como agente de corpo e como conservante, e diminui o ponto de congelamento. Fonte: Shutterstock Saiba mais Outros açúcares são utilizados em alimentos, como a frutose; a glicose, que tem doçura intermediária entre a sacarose e a frutose; a lactose, que apresenta uma doçura de cerca de cinco vezes menor que a sacarose, sendo o açúcar de menor doçura; e o xarope de milho (glicose), obtido por hidrólise ácida ou enzimática do amido, que é absorvido mais lentamente, causando menor elevação da glicose sanguínea e menor tendência à formação de placa bacteriana. Os edulcorantes (naturais ou sintéticos) apresentam ação adoçante, podendo substituir a sacarose. Alguns desses compostos são conhecidos como edulcorantes intensos, pois fornecem doçura acentuada, utilizados em quantidades muito pequenas. Geralmente não são nutritivos, ou pouco calóricos, e não apresentam ação cariogênica. Entre os edulcorantes não nutritivos temos (BENASSI et al., 2001).: 1 A sacarina (300 vezes mais doce que a sacarose e com sabor amargo residual). 2 O ciclamato (30 a 50 vezes mais doce que a sacarose, com sabor residual doce-azedo desagradável). 3 O acesulfame-K, (cerca de 180 a 200 vezes mais doce do que a sacarose, apresenta per�l de doçura semelhante ao da glicose). 4 A sucralose, obtida a partir do açúcar comum, cuja doçura pode variar de 400 a 800 vezes em relação à sacarose. Edulcorantes Clique no botão acima. Edulcorantes Já os edulcorantes nutritivos fornecem quantidades variadas de energia, porém reduzindo o valor energético dos alimentos, como é o caso do aspartame, formado por dois aminoácidos (fenilalanina e o ácido aspártico). Embora seu valor calórico seja igual ao da sacarose (4 kcal/g), ele é utilizado em quantidades mínimas, devido à sua intensa doçura (cerca de 180 vezes a da sacarose), o que proporciona diminuição no teor calórico. Pode ser consumido por diabéticos, mas não por portadores de fenilcetonúria. Podemos obter também edulcorantes derivados de extratos vegetais, a saber: esteviosídeo, extraído da Stevia reubaudiana, com doçura semelhante à sacarose e sabor residual amargo de mentol, quando em altas concentrações; e a inulina, carboidrato de reserva de plantas como a alcachofra e chicória, utilizada para a extração de um xarope de frutose e frutose livre. A redução, ou ausência de açúcares, em produtos processados causa alteração na retenção da umidade e nas características de sabor, textura, cor e aroma dos mesmos. Para compensar essas perdas, é necessário utilizar ingredientes que tenham a capacidade de aumento de volume e/ou de massa dos alimentos. Os polióis são compostos com características adoçantes, empregados na indústria alimentícia, na formulação de diversos produtos sem açúcar. Esses compostos apresentam valor calórico semelhante ao da sacarose, podem provocar ação laxativa, e diurética, quando consumidos em excesso. No entanto, essas substâncias atuam como emulsi�cantes, estabilizantes, umectantes, crioprotetores e redutores do ponto de congelamento. Como exemplo de polióis tem-se o xilitol (doçura semelhante à da sacarose, convencionada como 1,0), o sorbitol (doçura relativa de 0,6), o manitol (0,5) e o maltitol (0,85). (BENASSI et al., 2001) Um dos mais importantes pré-requisitos na utilização dos edulcorantes é a estabilidade, a temperatura em que ocorre o processamento. Os açúcares e polióis são estáveis, sendo que os açúcares redutores participam da reação de escurecimento não enzimático. Apenas o aspartame não resiste a temperaturas elevadas, ocasionando perda do poder adoçante. Entende-se que nenhum edulcorante é adequado para todas as aplicações, contudo suas limitações podem ser minimizadas mediante combinações entre eles, como acontece na indústria de alimentos (sacarina e ciclamato, por exemplo). Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividade 1. Qual das propriedades físico-quimica abaixo está associada a característica química dos polissacarídeos? a) Inversão b) Edulcorante c) Cristalização d) Gelatinização e) Caramelização 2. Ingrediente muito utilizado na indústria de alimentos para aumentar o poder edulcorante de produtos alimentícios, obtido a partir da hidrólise ácida da sacarose. Estamos falando do(a): a) açúcar de confeiteiro b) amido modificado c) açúcar invertido d) açúcar mascavo e) aspartame 3. São fontes de �bras solúveis na nossa alimentação: a) Ameixa b) Carnes c) Arroz d) Leite e) Ovos Notas Referências BENASSI, V. T.; WATANABE, E.; LOBO, A. R. Produtos de pani�cação com conteúdo calórico reduzido. B. 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