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ARTIGOS DIVERSOS SOBRE HÁBITOS DE LEITURA

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Dia do leitor: desafios da leitura no Brasil
Conheça projetos de incentivo a leitura
07/01/2020
Em 07 de janeiro de 1928 era fundado o jornal cearense "O Povo". Idealizado pelo poeta Demócrito Rocha, o periódico tornou-se símbolo do combate à corrupção e ajudou a divulgar o movimento modernista no Nordeste. Para homenagear o fundador e revelar a importância do jornal, o dia 07 de janeiro passou a celebrar o Dia do Leitor no Brasil. 
O hábito de leitura no Brasil cresceu desde que o jornal foi criado. Uma pesquisa, publicada em 2016 pelo Instituto Pró-livro, revelou que 56% dos brasileiros com mais de cinco anos podem ser considerados como leitores regulares, ou seja, aqueles que leram ao menos um livro (inteiro ou em partes) nos últimos três meses. 
Os dados ainda revelam que o brasileiro lê em média 2,43 livros por ano e que 30% da população nunca comprou um livro. Tais números mostram que o Brasil precisa avançar muito para chegar ao nível dos países desenvolvidos, que leem em média 7 livros por ano. Para mudar a realidade, alguns projetos criaram projetos para incentivar a leitura no país. 
Desafios da leitura 
Em 2018, uma pesquisa reveladora sobre o quadro de leitores no Brasil foi lançada pelo Banco Mundial. Ela indicou que os estudantes brasileiros vão demorar mais de 260 anos para atingir a qualidade de leitura dos países desenvolvidos. Uma das maiores barreiras para a leitura é a falta de tempo. Conforme o Instituto Pró-Leitura, 43% dos entrevistados responderam que este é um dos principais motivos para não fazer leituras regulares e apenas 5% disseram que não gostam de ler. 
A pesquisa também indica que a dificuldade para ler diminuiu desde 2007 (eram 48% dos entrevistados com dificuldades em 2007 e 33% em 2015) e a falta de paciência foi o maior problema apresentado para não lerem (11% disseram não ter paciência para ler em 2007. Em 2015, foram 24%). 
Ao analisar os dados, percebe-se que um dos maiores obstáculos para a leitura no Brasil é a falta de motivação da população. Por isso é tão necessário mostrar para os adultos a importância do hábito para o crescimento pessoal e para a construção cognitiva das crianças. 
Projetos de incentivo à leitura
O Brasil precisará caminhar muito até que se atinja um índice ideal de leitores regulares. Alguns projetos foram criados nos últimos anos com objetivo de incentivar a leitura entre crianças e jovens. A Rede Sesc de Bibliotecas, por exemplo, pretende trabalhar o conceito de leitura elástica em 2020. A proposta visa aproximar livros e plataformas digitais no intuito de despertar a atenção dos jovens. A rede ainda possui uma biblioteca móvel, que leva parte de seu acervo diversas áreas do território nacional. 
Já o "Conta para Mim", projeto desenvolvido pelo Ministério da Educação, pretende incentivar a leitura em ambiente familiar. Para tal vai oferecer oficinas de literancia e disponibilizar material para download para que os pais possam conhecer mais sobre estratégias e técnicas de leitura. 
https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/noticias/dia-do-leitor-desafios-da-leitura-no-brasil
https://brasilescola.uol.com.br/educacao/habito-leitura.htm
Hábito de Leitura
Não é todo mundo que gosta de ler, mas a leitura é um forte instrumento para se manter informado das atualidades. Na idade escolar é comum professores passarem livros literários, como obrigatórios, uma exigência que consta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil.
Embora exigidas pela lei, as literaturas podem variar de acordo com o interesse dos professores e dos objetivos da instituição. Mas o mais comum é estarem voltadas para a literatura nacional, como forma de dar a oportunidade dos alunos conhecerem nossos escritores e, quem sabe, tornarem-se um deles.
Com o ingresso no ensino médio esse hábito deve fazer parte da rotina do estudante, a fim de se manter a par dos fatos do cotidiano, principais acontecimentos do mundo, pois as redações estão sempre voltadas para os mesmos, fazendo abordagens políticas voltadas para o meio ambiente, ecologia, guerras da atualidade, crise econômica, diversidade cultural, globalização, dentre vários outros.
Leitura amplia o conhecimento, o vocabulário
e a capacidade de argumentação
O aluno que não se instrui com essas informações terá grandes dificuldades em enfrentar o vestibular, pois seu conhecimento se estreita apenas aos conteúdos escolares, perdendo uma visão mais ampla, mais crítica acerca dos problemas sociais, mundiais.
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A leitura proporciona um aumento da capacidade de escrita, de argumentação, além de trazer um enriquecimento relevante no vocabulário do leitor, em sua forma de se expressar.
Existem várias espécies literárias para serem exploradas, como romances, históricos, atualidades, auto-ajuda, literatura nacional e internacional, ficção, suspense, dentre vários outros. Além desses, jornais e revistas de circulação nacional também são importantes, pois abre o conhecimento para os fatos da atualidade, tanto no âmbito nacional como internacional.
Procure estabelecer um horário de leitura, todos os dias, descubra qual o melhor para você se dedicar a essa atividade e siga com determinação. Algumas pessoas preferem ler pela manhã, outras no final da tarde, mas uma boa opção é tirar uma hora antes de dormir para isso. Além de relaxar, aos poucos o sono vai chegando, o que lhe proporcionará uma boa noite de sono.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola
https://brasilescola.uol.com.br/educacao/habito-leitura.htm
Brasil perde 4,6 milhões de leitores em quatro anos
Dados fazem parte da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil
 
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Publicado em 11/09/2020 - 16:53 Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil  - Rio de Janeiro
O Brasil perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. De 2015 para 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. Já os não leitores, ou seja, brasileiros com mais de 5 anos que não leram nenhum livro, nem mesmo em parte, nos últimos três meses, representam 48% da população, o equivalente a cerca de 93 milhões de um total de 193 milhões de brasileiros.
As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior - passando de 82% em 2015 para 68% em 2019 -, e entre os mais ricos. Na classe A, o percentual de leitores passou de 76% para 67%.
O brasileiro lê, em média,  cinco livros por ano, sendo aproximadamente 2,4 livros lidos apenas em parte e, 2,5, inteiros. A Bíblia é apontada como o tipo de livro mais lido pelos entrevistados e também como o mais marcante.
Esta é a 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró Livro em parceria com o Itaú Cultural.
Foram feitas 8.076 entrevistas em 208 municípios entre outubro de 2019 e janeiro de 2020. A coleta de dados foi encomendada ao Ibope Inteligência. A pesquisa foi feita antes da pandemia do novo coronavírus, não refletindo, portanto, os impactos da emergência sanitária na leitura no país. 
Internet e redes sociais 
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Zoara Failla, a internet e as redes sociais são razões para a queda no percentual de leitores, sobretudo entre as camadas mais ricas e com ensino superior.
“[Essas pessoas] estão usando o seu tempo livre, não para a leitura de literatura, para a leitura pelo prazer, mas estão usando o tempo livre nas redes sociais”, diz.
“A gente nota que a principal dificuldade apontada é tempo para leitura e o tempo que sobra está sendo usado nas redes sociais”, completa.
O estudo mostra que 82% dos leitores gostariam de ter lido mais. Quase a metade (47%) diz que não o fez por falta de tempo. Entre os não leitores, 34% alegaram falta de tempo e 28% disseram que não leram porque não gostam. Esse percentual é 5% entre os leitores. 
A internet e o WhatsApp ganharam espaço entre as atividadespreferidas no tempo livre entre todos os entrevistados, leitores e não leitores. Em 2015, ao todo, 47% disseram usar a internet no tempo livre. Esse percentual aumentou para 66% em 2019. Já o uso do WhatsApp passou de 43% para 62%. 
Dificuldades de leitura 
A pesquisa mostra ainda uma série de dificuldades de leitura. Entre os entrevistados, 4% disseram não saber ler, outros 19% disseram ler muito devagar; 13%, não ter concentração suficiente para ler; e, 9% não compreender a maior parte do que leem.
Há ainda entraves para acesso aos livros. “O Brasil está vivendo uma crise na economia, vemos dificuldade para o acesso, para a compra [de livros]. As pessoas estão frequentando menos bibliotecas”, diz Zoara.
Segundo a pesquisa, 5% dos leitores e 1% dos não leitores disseram não ter lido mais porque os livros são caros; e, 7% dos leitores e 2% dos não leitores não leram porque não há bibliotecas por perto.   
Incentivos
Um dos fatores que influencia a leitura, de acordo com o estudo, é o incentivo de outras pessoas. Um a cada três entrevistados, o equivalente a 34%, disse que alguém os estimulou a gostar de ler.
Os professores aparecem em primeiro lugar, apontados por 11%. Em segundo lugar está a mãe ou responsável do sexo feminino, apontado por 8%, e, em seguida, está o pai, responsável do sexo masculino ou algum outro parente apontado por 4%.
“É fundamental investir na formação desse mediador. O professor, mediador de leitura, o bibliotecário que também assuma de alguma forma esse papel. A gente viu a importância desse mediador quando é assumido por uma família, mas que é uma família de classe alta, de nível superior. E as crianças que vêm de famílias mais vulneráveis? Eu acho que a escola tem que suprir esse papel”, avalia Zoara. 
Edição: Lílian Beraldo
https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-09/brasil-perde-46-milhoes-de-leitores-em-quatro-anos#:~:text=Publicado%20em%2011%2F09%2F2020,Retratos%20da%20Leitura%20no%20Brasil.&text=Foram%20feitas%208.076%20entrevistas%20em,2019%20e%20janeiro%20de%202020
Desafios da formação de leitores na escola
A experiência mostra que não basta oferecer mais livros aos alunos, afirma Denise Guilherme, formadora do programa Ler e Escrever, da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo. Neste artigo, ela lembra que é preciso escolher bons livros literários, garantir a diversidade de gêneros e levar em conta as preferências das crianças e dos adolescentes
POR:
Denise Guilherme
01 de Novembro | 2013
1. Formação depende da qualidade das obras e das vivências com a leitura
Nos últimos anos parece haver consenso entre os professores do Ensino Fundamental sobre a necessidade de trabalhar com textos literários nas aulas de Língua Portuguesa. Talvez por isso, muitos educadores tenham dedicado parte significativa do tempo didático às atividades de leitura em voz alta, empréstimo de livros na biblioteca, contações de histórias, rodas de leitura entre outras estratégias para garantir que todos os alunos tenham contato com a literatura e, consequentemente, possam desenvolver o hábito de ler. Entretanto, embora tenhamos notado um maior interesse por parte dos alunos em relação aos livros e um aumento na quantidade de obras que circulam na escola e nas famílias, essas mudanças ainda não correspondem a uma significativa melhoria na compreensão leitora e tampouco a avanços em relação à qualidade dos textos escritos pelos alunos.
A experiência tem nos mostrado que não basta colocarmos os livros à disposição de crianças e jovens pra que eles compreendam a importância desse capital cultural e sejam seduzidos pela leitura. Essas iniciativas, que têm sustentado muitos projetos, não obtêm os efeitos desejados, pois se preocupam prioritariamente com a ampliação do acesso, mas não atentam para dois aspectos também importantes quando se deseja formar leitores: a qualidade dos livros oferecidos e a qualidade das interações que se estabelecem entre a língua e a linguagem por meio deles nas diferentes situações de leitura.
Para gostar de ler, é preciso ler bem. E para ler bem, é necessário ter diante de si bons materiais de leitura e situações que favoreçam um trabalho ativo de construção do sentido do texto. Isso exige oferecer livros variados e de qualidade, selecionados por educadores que planejem atividades que possibilitem, entre outras coisas: compreender o que está escrito e também o que não está, identificando elementos explícitos e implícitos; estabelecer relações entre a obra lida e outras já conhecidas; descobrir os inúmeros sentidos que podem ser atribuídos a ela; justificar e validar a sua leitura com base em elementos encontrados no próprio texto e em seu contexto. Ou seja, formar leitores requer um investimento significativo na construção de uma comunidade que compartilha seus textos, troca impressões acerca de obras lidas e constrói um percurso leitor próprio, inicialmente mediado pelo professor e, posteriormente, com autonomia.
2. Quantidade versus qualidade das obras oferecidas
Todos os anos cerca de três mil novos títulos voltados para crianças e jovens são lançados no Brasil. Além disso, as bibliotecas e salas de leitura são abastecidas, constantemente, por obras enviadas por diferentes iniciativas públicas e privadas. Como escolher dentro desse universo as melhores obras para trabalhar com os alunos? Que critérios poderiam ajudar os professores nessa busca?
É na escola que grande parte dos alunos terá o seu primeiro contato e, em muitos casos, o único com a literatura. Daí a importância de garantir que essa aproximação seja feita por meio de livros da mais alta qualidade. Segundo escreve Eliana Passarán, no livro O papel do editor na promoção da leitura, o primeiro critério que deve guiar a escolha de um livro é o literário. Para ela, a literatura para crianças e jovens não é um gênero menor. Por isso, nas obras oferecidas a esse público, é preciso haver um trabalho reflexivo de construção do texto, da estrutura, da linguagem, revelando uma intenção estética clara.
É comum que professores, especialmente aqueles que trabalham com as séries iniciais, façam a opção de escolher textos curtos ou adaptações sofríveis de clássicos com poucas páginas, justificando-se na concepção de que seus alunos não seriam capazes de compreender obras maiores e mais complexas. Também se apoia nessa visão a prática comum de substituir, durante a leitura em voz alta, termos considerados difíceis por sinônimos conhecidos das crianças. Essas duas posturas apresentam equívocos, pois um leitor não aproveita melhor um livro porque é longo ou curto, mas sim porque "pode acompanhar a história com facilidade, porque ela responde aos seus gostos, porque é capaz de compreender seus significados e apropriar-se deles, porque, através da leitura experimenta um prazer estético, sensorial, intelectual", escreve Passarán. Além disso, o processo de compreensão leitora dos textos se dá a partir do seu todo e não de suas partes. Por isso, é possível apreender o sentido de uma história mesmo sem conhecer o significado de algumas de suas palavras. Quase sempre, o entendimento do que está sendo dito é dado pelo contexto.
Quando questionados sobre o que orienta a escolha das obras que leem para seus alunos, alguns educadores justificam sua seleção com base em critérios puramente didáticos ou moralistas, dizendo "essa história é boa porque ensina isso" ou "esse livro é ótimo, pois com eles as crianças aprendem que devem ou não se comportar de tal maneira". Bons livros literários não são escritos para ensinar alguma coisa. O leitor pode até aprender algo com eles, mas essa não deve ser a principal justificativa para a existência de uma obra. Por isso, professores e mediadores de leitura devem atentar à forma como alguns temas são tratados nos livros, evitando abordagens moralistas, didáticas, previsíveis, maniqueístas, paternalistas, simplistas ou estereotipadas que subestimam a inteligência dos leitores e lhes ofereçam uma visão limitada da experiência humana. É preciso garantir que os alunos tenhamacesso a diferentes conteúdos, abordagens e pontos de vista para que "se reafirmem ou se confrontem e procurem outros livros em busca de novas premissas e dúvidas, de outros interesses" .
Para Pasarán, bons textos apresentam vocabulário rico e fazem uso inteligente da linguagem. Interpelam, provocam, fazem pensar e não subestimam a capacidade de compreensão dos leitores. Pelo contrário: desafiam a descobrir o que se revela por trás das palavras e convidam ao assombro e ao deleite estético pelo modo como exploram temas diversos, pela forma como dizem o que dizem e pelas experiências que são capazes de provocar nos leitores. Sendo assim, é preciso também garantir a diversidade de gêneros (como poemas, contos, novelas, romances e HQs, por exemplo), pois cada uma dessas formas de expressão da linguagem literária possui seus códigos, suas marcas e conhecê-los possibilita o acesso à cultura escrita a partir de diferentes portas.
3. Professores também precisam se formar como leitores
A qualidade das aprendizagens sobre a linguagem que podem ser obtidas a partir do contato com uma obra é outro aspecto que merece ser considerado no processo de escolha de textos literários. Na obra Andar entre livros: a leitura literária na escola, Teresa Colomer diz que um bom livro se abre como um "mapa cheio de pistas para construir seu leitor, levar-lhe pela mão em direção a terrenos cada vez mais complexos e exigir-lhe que ponha em jogo maior experiência de vida e de leitura" . Daí a necessidade de avaliarmos as obras a partir da perspectiva do itinerário de aprendizagem cultural que oferecem às crianças e jovens, considerando as relações que podem ser estabelecidas entre o texto, os leitores e a mediação educativa.
Por fim, mas não menos importante, ao se discutir critérios para escolha de obras literárias, é fundamental que se ouça também a voz do leitor, identificando o que agrada a crianças e jovens, escutando o que falam sobre as obras, atentando para o modo como explicam suas interpretações e justificam suas opiniões para compreender os caminhos que podem ajudá-los a ampliar suas preferências. Faz-se necessário olhar para esses leitores sem definí-los apenas por sua idade, mas considerando principalmente suas competências e preferências leitoras.
Os critérios mencionados nesse texto não são únicos e irrefutáveis. Eles indicam apenas alguns dos caminhos possíveis na busca por um trabalho de qualidade com textos literários na escola.
Mas, como professores que não se formaram leitores poderão identificar o que é ou não um bom texto literário? Para Colomer, o gosto e o juízo de valor são inseparáveis da experiência de leitura. São aspectos que se formam através da prática. Por isso, faz-se necessário que não apenas os alunos sejam frequentadores dos espaços de leitura, como também os professores se convençam da necessidade de conhecer as obras que se dirigem ao público infantil e jovem para que possam, pouco a pouco, ampliar seus parâmetros de comparação, opinando sobre aquilo que leem e construindo seu próprio horizonte de expectativas sobre o qual poderão projetar cada nova obra descoberta.
É preciso que a escola encontre também espaço para promover entre seus profissionais a análise de bons textos, discutindo os diferentes recursos utilizados pelos autores e os efeitos de sentido que provocam nos leitores, as relações que podem ser estabelecidas entre as obras conhecidas e quais são as mais ricas para o trabalho com a língua e a linguagem. Enfim, é preciso que a vivência de uma comunidade de leitores não se restrinja apenas aos alunos, mas possa envolver toda as instâncias educativas da escola.
4. Bons textos formam bons leitores?
Para que um bom texto literário esteja a serviço do ensino da leitura na escola, é preciso promover o seu encontro com o leitor. E esse encontro, em um primeiro momento, se estabelece nas relações entre a obra em questão, o leitor e suas experiências leitoras (sua biografia leitora, os procedimentos e comportamentos leitores que possui e seu contexto social e cultural, entre outros) em um esforço que demanda tempo, frequência e situações didáticas criteriosamente planejadas para promover a construção de sentidos em torno do texto a ser lido.
É preciso, antes de tudo, lembrar que ler exige vontade, tempo, solidão, concentração e coloca em jogo habilidades específicas. E por isso, se quisermos formar leitores, faz-se necessário dedicar espaço nas aulas para a prática da leitura individual, em atividades que deem sentido às leituras escolares, promovendo o estudo e a análise das obras lidas, ajudando os alunos a estabelecer relações com seu contexto de produção e com outros livros, desenvolvendo projetos que relacionem o trabalho com leitura a projetos de escrita em torno do literário etc. Dessa forma, crianças e jovens poderão, a partir dessas aprendizagens, tornar-se, pouco a pouco, capazes de transferir os conhecimentos adquiridos a todos os textos que venham a ler posteriormente.
Embora tenhamos clareza da importância da individualidade do ato de ler, sabemos que a melhor maneira de formar leitores é o trabalho com a leitura compartilhada. De acordo com Colomer, no livro Andar entre livros: a leitura literária na escola, "compartilhar obras com outras pessoas é importante porque torna possível beneficiar-se da competência de outros para construir o sentido e obter o prazer de entender mais e melhor os livros. Também porque permite experimentar a literatura em sua dimensão socializadora, fazendo com que a pessoa se sinta parte de uma comunidade de leitores com referências e cumplicidades múltiplas."
Nas atividades de leitura compartilhada, é preciso que os diferentes leitores explicitem aos demais os caminhos que seguem para compreender um texto, que comuniquem de que maneira utilizam uma informação oferecida pela obra e como estabelecem relações entre ela e seus conhecimentos. Ou seja, não basta dizer o que se entendeu sobre uma determinada obra. É preciso explicitar como se chegou a esse entendimento. Essa socialização das diferentes estratégias de compreensão leitora contribui, entre outras coisas, para ampliar e aprofundar a compreensão e também aumenta o repertório de procedimentos leitores dos alunos, pois descobrem os muitos caminhos que podem escolher para entender um texto. Além disso, quando apresentam seus argumentos sobre as opiniões emitidas pelos colegas, justificando-se a partir da própria obra em discussão e de suas outras leituras, os alunos podem exercitar o pensamento crítico, eliminando as incoerências e contradições de suas próprias interpretações.
5. As leituras compartilhadas devem ser frequentes e dar espaço a todos os alunos
Ao criar um ambiente propício para conversar sobre os textos lidos, é preciso observar o modo como o professor e demais educadores realizam a mediação entre as obras e os leitores. É comum nas atividades que envolvem a compreensão leitora, que o adulto se coloque como a única voz autorizada na construção do sentido do texto. Nesse caso, os comentários dos alunos se dirigem sempre a atender a expectativa que julgam que o professor tem, procurando encontrar a resposta esperada.
Dessa forma, se habituam a depender sempre da opinião autorizada do educador para compreender a obra e construir sua representação mental sobre ela. Por isso, é bom lembrar que o trabalho com leitura compartilhada também pressupõe o desejo da escuta. Em seu livro Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura, Cecília Bajour afirma que "escutar, assim como ler, tem que ver, porém, com a vontade e com a disposição para aceitar e apreciar a palavra dos outros em toda a sua complexidade, isto é, não só aquilo que esperamos, que nos tranquiliza ou coincide com nossos sentidos, mas também o que diverge de nossas interpretações ou visões de mundo."
Em uma comunidade de leitores, também é preciso dar espaço e tempo para que, pouco a pouco, todos os alunos sintam-se à vontade para participar da conversa sobre o texto, de modo que o diálogo não fique sempre concentradoapenas no professor e em alguns poucos alunos, detentores das "melhores respostas". Por outro lado, não se trata de deixar que a interpretação fique apoiada apenas no desfrute dos aspectos subjetivos do texto e limitada a dizer o que gostaram ou não gostaram, o que mudariam etc. Afinal, para além das percepções individuais, todo texto tem o seu discurso organizado para comunicar algo que existe independentemente das interpretações dos seus diferentes leitores.
As leituras compartilhadas devem ser atividades permanentes da rotina escolar. Devem ter objetivos claros e definidos e acontecer com base em textos prévia e criteriosamente selecionados para esse momento. Educadores e mediadores precisam dedicar-se a pensar sobre as perguntas que farão, o modo como apresentarão e adentrarão os livros, as possíveis pontes que poderão construir entre os leitores, o texto proposto e outros textos.
No livro Ler e brincar, tecer e cantar: literatura, escrita e educação, Yolanda Reyes afirma que é preciso lembrar que os educadores são a voz que conta, a mão que abre portas e traça caminhos entre a alma dos textos e a alma dos leitores. "Seu trabalho com literatura (...) é risco e incerteza. Seu ofício privilegiado é, basicamente, ler. E seus textos de leitura, não são apenas os livros, mas também os leitores. Não se trata de um ofício, mas de uma atividade de vida. Não figura em dicionários, nem nos textos escolares, tampouco no manual de funções, mas pode ser ensinado. E essa atitude será o texto que os alunos irão ler. Quando saírem do colégio e esquecerem datas e nomes, poderão recordar a essência dessas conversas de vida que se teciam entre as linhas. No fundo, os livros são isto: conversas sobre a vida. E é urgente, sobretudo, aprender a conversar."
Quer saber mais?
BAJOUR, Cecília. Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura. Pulo do Gato, São Paulo: 2012
COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007.
________________ & CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Porto Alegre: Artmed, 2002.
REYES, Yolanda. Ler e brincar, tecer e cantar: literatura, escrita e educação. Pulo do Gato, São Paulo: 2012.
https://novaescola.org.br/conteudo/573/desafios-da-formacao-de-leitores-na-escola

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