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A importância da Leitura

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12
A importância da leitura na educação infantil
RESUMO
O presente trabalho buscou compreender e mostrar importância da leitura na educação infantil, como professores podem utilizar práticas pedagógicas para incentivar a sua prática desde o início do processo educacional. Para alcançar tal objetivo, buscou-se, por meio de levantamento de caráter bibliográfico, compreender como acontece o desenvolvimento infantil e quais as características que envolvem as práticas de leitura nessa etapa da educação. A Literatura infantil tem papel fundamental na formação e desenvolvimento da criança, pois, proporciona a ela oportunidades de desenvolver a imaginação de forma significativa, ao mesmo tempo em que oferece a compreensão da realidade, mas para que para isso aconteça é necessário que desde os primeiros anos de vida a criança seja levada a ter contato com a leitura, visto que ouvir histórias já é uma forma de realizá-la. No entanto, muitas crianças só têm acesso ao mundo da leitura através de seus professores, assim quando esse contato não é estimulado em casa cabe a eles proporcionarem essa oportunidade em sala de aula. A aprendizagem de leitura não é uma tarefa fácil. Cabe ao professor eleger estratégias diversificadas, pois nenhuma criança é igual à outra, cada uma tem seu tempo de aprender, tem o seu momento certo. O professor deve considerar os conhecimentos que a criança já possui, desta forma a aprendizagem será mais bem desenvolvida. Por fim, justifica-se que o desenvolvimento da leitura deve ocorrer com a participação do professor, utilizando as melhores estratégias para não prejudicar o desenvolvimento de seus alunos, contando com a participação ativa da família, estimulando o hábito da leitura.
Palavras-chave: Educação Infantil; Ensino-aprendizagem; Leitura, Literatura Infantil.
	ABSTRACT
The present work sought to understand and show importance of reading in early childhood education, how teachers can use pedagogical practices to encourage their practice from the beginning of the educational process. To achieve this objective, we sought, through a survey of a bibliographic character, to understand how child development happens and what characteristics involve the practices of reading at this stage of education. Children’s literature plays a fundamental role in the formation and development of the child, because it provides opportunities to develop the imagination significantly, while offering the understanding of reality, but for this it is necessary that since the first years of life the child is led to have contact with reading, since listening to stories is already a way to accomplish it. However, many children only have access to the world of reading through their teachers, so when this contact is not stimulated at home it is up to them to provide this opportunity in the classroom. Reading learning is not an easy task. It is up to the teacher to elect diversified strategies, because no child is equal to the other, each has his time to learn, has his/her time. The teacher should consider the knowledge that the child already has, in this way learning will be better developed. Finally, it is justified that the development of reading should occur with the participation of the teacher, using the best strategies not to impair the development of their students, relying on the active participation of the family, stimulating the habit of Reading.
Keywords: Early Childhood Education; Teaching-learning; Reading, Children's Literature.
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais. 
MEC – Ministério da Educação e Cultura. 
Sumário
INTRODUÇÃO	11
 1.	DESENVOLVIMENTO 	13
 1.1. A leitura e suas práticas.............................................................................................. 13
 1.2.	 Iniciando a leitura	14
 1.3. O papel da escola na leitura e aprendizagem	16
 1.4. Os tipos de leitrores	18
 2. OS PROCESSOS DE APROPRIAÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA ................ 22
 2.1.	As importância de ler para as crianças 	22
 2.2.	Os benefícios da leitura	27
 2.3.	A leitura e sua função.....................................................................................................30
 3. O PROFESSOR COMO INCENTIVADOR DA LEITURA........ .............................33
 4. A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.........................................................36
 5.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	45
 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	47
 INTRODUÇÃO
 Este estudo representa o esforço de adquirir conhecimento sobre a importância da leitura, sua função e seu apoderamento de informações complementares. Ler concerne, portanto, em apropriar-se de forma consentida do conhecimento do outro de maneira que possa produzir sua própria concepção do assunto tratado. Numa visão pedagógica, a leitura contribui para que o aluno possa desenvolver suas habilidades cognitivas. 
Muitas são as necessidades de superar a dificuldade de se manter um olhar crítico e produzir análise sobre a importância da leitura desde os primórdios da civilização. O ensino da leitura requer habilidades e competências que os anos de vida escolar tende a contribuir com o aluno no desenvolvimento educacional. O professor, neste caso entra como interventor no ato de motivar e levar o estudante ao hábito do ler e, de preferência com prazer. 
Para a realização deste trabalho, recorreu-se à pesquisa de literaturas voltadas para a temática em estudo, sendo base para o mesmo o levantamento bibliográfico que se voltou para autores, estudiosos e teóricos que abordaram o tema leitura e educação infantil, buscando justificar as relações das crianças com o livro, os benefícios deste para a educação infantil e maneiras eficazes de propiciar o contato da criança com a leitura de forma a ensinar, formar leitores e se divertir.
O objetivo deste estudo é de identificar a importância da leitura, com ênfase na Educação Infantil, de forma que esta contribua no diálogo entre a teoria e a prática. O contexto mostra o quanto o hábito de ler ajuda na formação psicológica, cognitiva e psicomotora daquele que a pratica. A leitura por sua vez proporciona a criança viajar pelo mundo do faz de conta, pois o universo infantil é cheio de ludicidade e por meio desta prática professor e alunos se integram para que o processo de ensino e aprendizagem aconteça satisfatoriamente.
A leitura é algo muito importante na vida das pessoas, pois ela amplia a visão de mundo e o indivíduo consegue interpretar as diversas mensagens existentes nele. No desenvolvimento da criança, a leitura tem um papel imprescindível, embora não seja muito valorizada por alguns professores no processo de ensino e aprendizado. Ela propícia e colabora de forma ativa para o desenvolvimento cognitivo, pois, através dos livros, das histórias e dos desenhos, a criança se desenvolve e se apropria da linguagem, a qual, segundo as ideias de Vygotsky (OLIVEIRA, 1997), ajuda a direcionar o pensamento. Contribui, também, para o desenvolvimento psicológico, através de exercícios que exigem criatividade, raciocínio, imaginação e relativização da história com a realidade.
Para Aguiar (2001), a leitura estimula a observação e traz conhecimentos diferenciados sobre os mais diversos assuntos. As situações cotidianas, os mais complexos ou simples questionamentos e interesses das crianças, tudo isso pode e deve ser relativizado com a leitura. Numa história há os mais variados temas e estes podem ser interessantes e instrutivos, podendo figurar a linguagem da criança e ensinar de forma lúdica. Com isso, o interesse e o gosto pela leitura podem despertar, pois “literatura infantil é tudo que escrevemos para a criança e que ela lê com utilidade e prazer”. (AGUIAR, 2001, p.17).
1. DESENVOLVIMENTO 
1.1. A Leitura e suas práticas
Para que o gosto e o compromisso com a leitura aconteçam, a escola precisa mobilizar seus alunos internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requeresforço e, para isso deve fazê-los compreender que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que conquistado plenamente, dará autonomia e independência.  A formação de um indivíduo letrado só acontecerá se ambientes favoráveis à aquisição de leituras estiver a seu alcance. Se a escola não estiver atendendo a essa proposta, caberá a mesma a criação e ampliação de seu espaço físico e dos subsídios que auxiliam tais práticas.
 Sendo assim, se faz necessário que a escola disponha de bons livros literários de diversos gêneros capazes de atender a todos os seguimentos de ensino da instituição; organizar momentos de leituras em que o professor também leia; planejar atividades diárias garantindo que as de leitura tenham a mesma importância que as outras; possibilitar aos alunos a escolha de suas leituras e o empréstimo de livros na escola; criar nas dependências da escola um espaço destinado somente à leitura.
Durante as práticas diárias de leitura em sala de aula o professor deve usar estratégias como a leitura de forma silenciosa, individual, coletiva e em grupo, deixando claras as diferentes modalidades de leitura e os procedimentos que elas requerem do leitor.
Na escola, além das técnicas didáticas dos professores com práticas de leitura, é importante ressaltar que um aspecto muito relevante na formação de um bom leitor é a importância da família nesse processo.  
Diante desse quadro, é cada vez mais essencial que o professor esteja sempre presente, auxiliando-a, para que essa aprendizagem seja eficaz e traga bons resultados, para esse futuro leitor, garantindo que ele aprenda a apreciar e a reconhecer a necessidade de aprender a ler, na sociedade atual, utilizando estratégias diversificadas e fazendo uso de vários gêneros textuais.
1.2. Iniciando a leitura
Um leitor não nasce pronto: faz-se leitor. Para tanto, essa atividade deve ser incluída, desde o berço, para que se converta em um hábito. É muito importante e fundamental para as crianças que aprendam a buscar conhecimento, diante da leitura.
As crianças devem ouvir histórias desde muito cedo. O ideal seria que a leitura fizesse parte da rotina da criança, pelo menos uma hora ao dia, que poderia ser na hora de dormir ou depois do almoço, mas longe de qualquer barulho ou distração.
Não é necessário esperar que uma criança aprenda a ler convencionalmente para que possa ter contato com os livros, pois existem livros para todas as fases da vida, por exemplo: livros apenas com ilustrações, para que possamos indicar o nome de cada figura e com o bebê fazendo a repetição, livros com as palavras embaixo das figuras, para que se possa ler além da imagem. De acordo com Calais (2013, p. 1),
O principal papel dos livros na infância é ampliar os nossos horizontes. É servir de combustível para a criatividade – que na infância, vamos combinar, não é pouca – é, acima de tudo, estimular o pensamento, ou melhor, a liberdade de pensamento. O livro tem que ser o nosso campo de pouso e decolagem para novas aventuras, novas descobertas. Crianças que têm a sua capacidade criativa estimulada e são instigadas a pensar são mais felizes, se relacionam melhor, conseguem abstrair melhor os dilemas impostos pela vida como as perdas, a ausência, os desafios, a falta de amor, por exemplo. 
Como se pode observar, os livros deveriam estar presentes no dia a dia das crianças, assim como os seus brinquedos, pois é uma janela grande para a formação, em todos os sentidos. As crianças têm facilidade em converter as palavras em ideias, imagens ou, então, no que nunca viram e conseguem mergulhar na situação emocional de um personagem, conseguem até mesmo chorar ou de se divertir, por meio dos livros.
Para incentivar os pequenos a ler, é necessário deixar livros ao seu alcance, facilitando o contato direto. Isso faz muita diferença, bem como fazer em seu quarto um cantinho da leitura.
Ler em voz alta e folhear para um bebe faz com que ele imite, naturalmente. Os livros precisam ser lidos, folheados, usados não como se fossem um objeto sagrado, que ninguém pode pôr a mão, pois poderá rasgá-lo.
A leitura em voz alta para crianças pequenas, nas quais elas escutam, olham, perguntam e respondem, são um meio para que entendam as funções e a estrutura da linguagem escrita, e podem vir a ser, também, uma ponte entre a linguagem oral e a linguagem escrita (TEBEROSKY; COLOMER, 2003, p. 20).
Fazer com que a criança conte à história que você acabou de contar incentiva sua memorização, assim como propor a ela que conte para outras pessoas.
Levar as crianças à biblioteca é muito importante, faz com que elas entendam que existem vários tipos de livros. Propor situações em que as crianças sejam presenteadas com livros de contos, gibis e outros podem permitir à criança a compreensão de que ganhar livros também é importante. Do mesmo modo, incentivar leituras compartilhadas e o intercâmbio entre os livros.
A leitura de cartazes na rua ou a leitura e escrita doméstica fazem parte, também, das práticas de leitura, ainda que não sejam dirigidas às crianças. As famílias de baixo nível social e cultural podem considerar esses tipos de leitura práticas alternativas à leitura de histórias. (TEBEROSKY; COLOMER, 2003, p.21)
Trabalhar o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante, que começa desde muito cedo, em casa, tendo continuidade na escola e na vida toda.
Crianças que ainda não sabem ler ou que sabem ler e têm o contato com a literatura, principalmente se for com o acompanhamento e estimulações dos pais aprendem melhor, adquirem uma sensível melhora na pronúncia das palavras, pois é por meio da leitura que as crianças desenvolvem criatividades, imaginações, adquirem um conhecimento mais rico, amplia seus conhecimentos e possuem um vocabulário adequado.
1.3. O Papel da escola na leitura e aprendizagem
A escola tem um papel importante, no ensino da leitura e escrita, é lá que há o aprimoramento, onde as crianças aprendem desde cedo a importância que tem a leitura na vida toda. Como se ressaltou, muitas crianças não têm o hábito de ler em casa, não são incentivadas a isso por seus pais e pessoas do seu convívio. Muitas vezes, por eles mesmos não terem esse hábito, acabam não incentivando seus filhos. Como já se enfatizou, neste trabalho, o papel da escola, nesses casos, é fundamental, pois, muitas vezes, é ela quem introduz a criança no mundo letrado.
Quando uma pessoa lê, está adicionando conhecimento, construindo ideias, analisando e criticando o que a incomoda. Tais práticas fazem com que a pessoa se torne mais crítica e questionadora, no ambiente em que vive e na sociedade.
Segundo Molina (1992, p. 53), “Um aluno pode aprender e armazenar um enorme número de fatos ao longo de seus estudos, mas isto de pouco lhe servirá, se ele não for capaz de utilizar criticamente tais conhecimentos”. 
Como ressalta o autor, é de suma importância o modo como a criança lê, pois para a formação de um leitor competente é necessário que ele leia criticamente, para que, na sociedade letrada, seja capaz de reivindicar seus direitos e saber validar suas opiniões.
Quando se lê, pode-se lançar mão de tipos de estratégias para facilitar a compreensão do texto lido. Essas estratégias podem ser internalizadas, com o passar do tempo. Quanto maior o tempo de leitura, mais o leitor tornam-se competente, utilizando-se de estratégias variadas e mais adquire conhecimento a partir dessas vivências de leitura. De acordo com Barbosa (1994, p. 115),
Uma situação de leitura representa um equilíbrio específico e momentâneo entre o leitor, seus objetivos do momento e o texto escrito. Não existe, portanto, componentes fixos e imutáveis na leitura, nem uma só maneira de ler que é a melhor em todos os casos. Existe, isto sim, uma variedade de leituras multiformes, adaptadas a intencionalidades diversas, cada uma representando a melhor resposta a uma determinada situação de leitura. Para satisfazer sua curiosidade, responder às questões que a vida lhe coloca, concretizar projetos, informar-separa decidir, usufruir do prazer estético ou vaguear pelo imaginário, o leitor deve mobilizar dispositivos eficazes, adaptados às suas intencionalidades.
Como se pode observar, para Barbosa, não há uma maneira de ler. Há maneiras, que são decorrentes dos objetivos e necessidades do leitor, a cada momento de leitura.
Os leitores começam a utilizar várias estratégias de leitura, para dessa forma, facilitar a compreensão e interpretação dos textos lidos. Conforme Solé, as estratégias de leituras devem seguir as seguintes ações, que são:
Seleção - Ao ler um texto qualquer, a mente da pessoa seleciona o que lhe interessa: nem tudo que esta escrita é igualmente útil. Escolhem-se alguns aspectos, chamados relevantes, e ignoram outros que são irrelevantes para o entendimento do texto. Quando se lê um livro e “pulam-se” certos trechos desinteressantes, faz-se uma seleção. Isto é, presta-se atenção aos aspectos que interessam, ou seja, aqueles sem os quais seria impossível compreender o texto. “Ao ler, fazemos isso o tempo todo: nosso cérebro sabe, por exemplo, que não precisa se deter na letra que vem após o “q”, pois certamente será “u”... (p. 67 Brasil, Secretaria do Ensino Fundamental).
Antecipação – São hipóteses que o leitor levanta, antecipando informações com base nas “pistas” que vai percebendo durante a leitura. Essa estratégia ocorre, por exemplo, quando no inicio da leitura de um conto de fadas espera-se que apareçam personagens e lugares característicos desse tipo de texto madrastos ruins, princesas e príncipes lindos e bons, fadas, bruxas, castelos, reinos, florestas encantadas. Além disso, o leitor espera encontrar palavras ou expressões iniciais e finais que marcam o conto de fadas: “Era uma vez”, “viveram felizes para sempre”, “uma linda e boa princesa”, “uma bruxa malvada”. Durante a leitura, comprova-se se as antecipações estavam corretas ou não. Se aparecerem que o leitor, que precisara voltar e analisar o que foi lido.
Inferência – São complementos que o leitor fornece ao texto a partir de seus conhecimentos prévios. “Permitem captar o que está dito no texto de forma explícita. A inferência é aquilo que lemos, mas não está escrito. São adivinhações baseadas tanto em pistas dadas pelo próprio texto como em conhecimentos que o leitor possui. Às vezes essas inferências se confirmam, e às vezes não, de qualquer forma, não são adivinhações aleatórias. Além do significado, inferimos também palavras, silabas e letras. Boa parte do conteúdo de aparição ou propriedade do texto.” (p 67, Brasil, Secretaria do Ensino Fundamental).
Auto-regulação – É a parte que o leitor faz entre o que supõe (seleção, antecipação, inferência) e as respostas que vai obtendo através do texto. Trata-se de avalias as antecipações e as inferências, confirmando-as ou refutando-as, com a finalidade de garantir a compreensão.
Autocorreção – Quando as expectativas levantadas pelas estratégias de antecipação não são confirmadas, há um momento de dúvida. O leitor, então, repensa a hipótese anteriormente levantada, constroem outras e retoma as partes anteriores do texto para fazer as devidas correções. É o caso do leitor, por exemplo, que volta para corrigir a palavra que leu errado.
Através dos passos citados anteriormente, foi possível analisar quais são as principais estratégias que um leitor segue quando está realizando sua leitura, sendo desenvolvidas no passar dos anos.
1.4. Os Tipos de leitores
Na sociedade, atualmente pode-se verificar a existência de vários tipos de leitores, do não leitor ao leitor diletante. O não leitor, praticamente, é aquela pessoa totalmente distante dos livros, não teve o privilégio de ter o contato quando criança e, também não se dedica a essa prática.
O leitor apressado é aquele que é muito ocupado e não tem muitas horas para se dedicar à leitura.
Lê para se informar dos acontecimentos recentes e para se atualizar em assuntos diversos, como política, religião, pedagogia, psicologia, espiritismo. Tem pouco tempo para ler, fazendo leituras rápidas de noticias de jornal, artigos de revistas, crônicas. (ROLLA apud AGUIAR, 2004, p. 23).
O superficial é aquele que lê o que está por perto, não é crítico ao escolher o que vai ler e não conhece muitos escritores, não toma a leitura como algo crucial e de grande importância em sua vida, lê apenas por ler.
Existe também o leitor compulsivo, que lê todo tipo de livro, diferentes gêneros textuais a todo o momento, a qualquer hora do dia. Geralmente, é visto com um livro na mão, alguns têm até a sua própria biblioteca em casa.
Leitor técnico é aquele que realizada uma leitura voltada para algo mais profundo, como uma pesquisa. Segundo Rolla apud Aguiar (2004, p. 24), “O leitor técnico não considera a leitura que realiza uma atividade prazerosa, é um trabalho cansativo, que faz por obrigação”.
Leitor escolar é o que se designa ao professor, que lê apenas para fazer indicações e sugestões para seus alunos.
Essa se reveste de obrigatoriedade, com a finalidade única de desenvolver seu trabalho docente, que consiste na análise e comentário das obras solicitadas, cujo assunto não diz respeito aos seus interesses, nem ao seu gosto literário, principalmente quando se trata de literatura infanto-juvenil. (ROLLA apud AGUIAR, 2004, p. 24).
O leitor profissional tem um olhar crítico, está sempre participando de roda de leitores e leva a leitura muito a sério.
Diletante é aquele leitor que lê apenas porque gosta, lê porque sente prazer pela leitura, fascina-se por qualquer gênero textual. “Seus critérios de escolha são aleatórios, ao sabor do momento e do gosto, não possuindo bagagem teórica para avaliar as leituras que realiza” (ROLLA apud AGUIAR, 2004, p. 24).
Cabe ressaltar que, pertença a qualquer tipo de leitor, as pessoas lêem aquilo que as interessa. Quando são obrigadas a ler algo que não querem, a leitura se torna algo desagradável e não produtiva, mas quando a pessoa se interessa por aquilo que está lendo, este ato se torna gratificante, quase sempre gerando prazer, as pessoas aprendem muito com a leitura, independente da forma como ela é realizada.
Com a leitura, as pessoas se tornam mais sábias, começam a ter um linguajar diferenciado, um gosto mais apurado por aquilo que lê, tornam-se mais críticas e sabem impor-se em situações difíceis, pois se tornam pessoas informadas, com argumentos.
O indivíduo busca, no ato de ler, a satisfação de uma necessidade de caráter informativo ou recreativo, que é condicionada por uma série de fatores, sendo um dos mais importantes a idade e a escolaridade do leitor, além do sexo e no nível socioeconômico. (AGUIAR, 2004, p. 25)
No entanto, o leitor competente procura o tipo de texto que o interessa, visando sempre sanar suas próprias expectativas. Buscar ser um leitor adequado e competente requer alguns atributos, pré-definidos por Aguiar (2004, p. 24). São eles:
- selecionar obras de acordo com seus interesses e necessidades;
- conhecer os lugares onde livros e outros materiais de leitura se encontram;
- Freqüentar espaços mediadores de leitura;
- Identificar os livros e outros materiais nas estantes;
- localizar dados na obra;
- seguir as orientações de leituras oferecidas pelo autor;
- ser capaz de dialogar com os novos textos (postura crítica);
- trocar impressões e informações com outros leitores;
- integrar-se a grupos de leitores
- conhecer e posicionar-se diante da crítica dos livros ou outros materiais escolhidos para a leitura;
- ser receptivo a novos textos;
- ampliar seu horizonte de expectativas com leituras desafiadoras;
- dar-se conta do seu crescimento como leitor e ser humano através da leitura. 
Para que se possam tornar grandes leitores, nada melhor e mais prazeroso do que a prática, para se aperfeiçoar na leitura e na fala, é importante se ter o habito de ler, pois a prática leva as pessoas aprenderem e se desenvolverem mais e com um maior prazer.
2. OS PROCESSOS DE APROPRIAÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA
2.1. A importância de ler para as criançasDiante do contexto atual com tantos avanços percebemos a importância da linguagem na vida de todos os seres humanos, desde a mais tenra idade, na visão de Vygotsky, a principal função da linguagem se constitui no intercâmbio social.
 O linguista francês Louis Hjelmslev apud Lessa (2014), ao falar sobre a linguagem, diz ser ela ferramenta, espelho, lugar. Ferramenta por ser veículo de comunicação; espelho por refletir e traduzir o ser humano que se revela pela linguagem que utiliza; lugar porque reflete a pessoa no meio físico-social onde vive. 
Assim é por meio da linguagem que a criança se comunica e interage com o mundo ao seu redor constituindo-se e desenvolvendo-se. Sabemos que a criança é constituída de múltiplas linguagens, mas focaremos essa discussão mais especificamente ao trabalho de leitura na educação infantil. 
Para Fonseca (2012), na Educação Infantil os momentos de leitura não devem ser restritos apenas à literatura. As crianças são muito observadoras, formulam boas perguntas, relacionam o conhecimento que já possuem com novas informações, levantam hipóteses, fazem comparações e são muito capazes de compreender as leituras de textos informativos.
 Pesquisas do mundo todo mostram que a criança que lê e tem contato com a literatura desde cedo, é beneficiada em diversos sentidos: ela aprende melhor, pronuncia melhor as palavras e se comunica melhor de forma geral. Por meio da leitura, a criança desenvolve a imaginação, a criatividade, ajuda a compreender o mundo da oralidade e da escrita, além de adquirir cultura, conhecimentos e valores. 
A escola deve ter a missão de estimular a leitura desde cedo para que a criança se desenvolva e tome gosto pelo ato de ler. 
Quando um professor lê um conto para seus alunos, eles não aprendem apenas os conteúdos das histórias e suas características, mas também como as pessoas utilizam a leitura, os comportamentos leitores e a compartilhar práticas sociais de leitura. Muitas vezes os professores pensam que as crianças só aprendem a ler se realizarem atividades que envolvam as letras. Com certeza, há momentos em que devemos propor atividades de leitura que permitam às crianças refletir sobre o sistema de escrita, mas só isso não é suficiente! Temos de promover a entrada dos diversos textos na escola para que as crianças aprendam as competências necessárias para a leitura na vida cotidiana. (FONSECA, 2012, p.29) 
Segundo o Ministério da Educação (MEC) e outros órgãos ligados à Educação, a leitura: Desenvolve o repertório: ler é um ato valioso para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional. É uma forma de ter acesso às informações e, com elas, buscar melhorias para você e para o mundo.
· Liga o senso crítico na tomada: livros, inclusive os romances, nos ajudam a entender o mundo e nós mesmos. 
· Amplia o nosso conhecimento geral: além de ser envolvente, a leitura expande nossas referências e nossa capacidade de comunicação. 
· Aumenta o vocabulário: graças aos livros, descobrimos novas palavras e novos usos para as que já conhecemos. 
· Estimula a criatividade: ler é fundamental para soltar a imaginação. Por meio dos livros, criamos lugares, personagens, histórias. 
· Emociona e causa impacto: quem já se sentiu triste (ou feliz) ao fim de um romance sabe o poder que um bom livro tem. 
· Muda sua vida: quem lê desde cedo está muito mais preparado para os estudos, para o trabalho e para a vida. 
· Facilita à escrita: ler é um hábito que se reflete no domínio da escrita. Ou seja, quem lê mais escreve melhor.
 Diante de todos esses benefícios, estudiosos e teóricos tem voltado seus olhares para essa modalidade educacional e tem pesquisado a influência da leitura no desenvolvimento cognitivo das crianças, uma vez que ela é base essencial para as demais etapas educacionais. Por isso tem-se a preocupação em inserir as crianças desde cedo no mundo letrado para que ela possa ter uma aprendizagem significativa e prazerosa. Assim através desses teóricos a escola tem percebido a importância do seu papel e do papel do educador nesse processo de formação de leitores.
 Ler histórias para as crianças exige planejamento, como apresentar e o que abordar são pontos que segundo Fonseca (2012) o professor deve pensar “como vou preparar meus alunos para que eles possam receber essa leitura, de modo que sintam incentivados, encantados, curiosos, que queiram ouvi-la e saber mais sobre o livro, autor, ou gênero selecionado?”. Desta forma Fonseca (2012, p. 48) nos apresenta algumas sugestões do que o professor pode fazer.
 Antes da leitura: 
· Ler o título e perguntar aos alunos do que acham que o livro tratará. Isso incentiva a antecipação, um comportamento leitor bastante comum; 
· Ler a sinapse e fazer comentários ou perguntas para que as crianças antecipem a história; 
· Mostrar algumas ilustrações para que as crianças antecipem o enredo; 
· Apresentar curiosidades da vida do autor e sua obra – se possível, mostrar foto do autor; 
· Apresentar curiosidades da vida do ilustrador e sua obra – se possível, mostrar foto do ilustrador; Mencionar algumas características do gênero que será lido e estabelecer relações com outros livros desse gênero que as crianças já conhecem; 
· Retomar alguma história conhecida e explicar que vai ler outra do mesmo autor ou gênero; 
· Contar um pouco da história para deixá-los curiosos; 
· Contar um pouco da história, pois sabe que o enredo é complexo e que isso os auxiliara a acompanhar a leitura; 
· Fazer comentários sobre o que a história vai tratar e convidá-los a ouvir uma nova história sobre o assunto; 
· Comparar o estilo do autor que conhecerão com outro já conhecido por eles; 
· Contar como conheceu a história ou como encontrou o livro – se procurou na biblioteca ou livra
· Ria, se um amigo recomendou, se conheceu quando criança. 
Durante a leitura: 
· Se os ouvintes fizerem perguntas, dê atenção, responda de modo objetivo e retome a leitura para não perder “o fio da meada”. 
· Às vezes, as crianças ouvem uma parte da história, uma frase, um nome de personagem e querem comentar algo que para os outros aparentemente não se relaciona com a história. 
· Procure perguntar. “O que te fez lembrar isso agora?” Se percebe que a crianças tem pra contar é algo longo, com muito jeito e delicadeza, peça que guardem na memória por um tempo o que tem para contar e que, ao final da leitura, conte a todos. 
· Se perceber que algumas crianças se distraíram um pouco, procure fazer um comentário, criar um suspense para conquistar a atenção delas para que se voltem novamente à leitura. Algo do tipo: “E agora, o que vocês acham que vai acontecer?” 
· Não é necessário explicar palavras que você considerar difíceis. Muitas e muitas vezes elas se tornam completamente compreensíveis para as crianças no contexto da história. 
· Não mude as palavras do texto com a intenção de simplificá-las. Por meio da leitura as crianças terão acesso à literatura: a arte da palavra. Além disso, se você mudar as palavras, elas não terão a oportunidade de perceber que o que está escrito se lê sempre da mesma maneira, que as palavras do texto escrito não mudam – é o que chamamos de permanência da escrita. 
· Se notar que a história está difícil ou que as crianças não compreenderam alguma parte, faça uma breve explicação e retome a leitura. 
· Vez ou outra, no meio da leitura, é possível deixar uma pergunta no ar, do tipo: “Será que se acontecesse isso conosco teríamos a mesma reação?” Ou fazer um comentário: “Vejam só o que a personagem vai fazer agora!” Ou ainda: “Acho essa parte da história tão linda!” 
Depois da leitura: 
· Fazer comentário sobre o que leu; 
· Falar sobre o título de escrita do autor; 
· Reler algum trecho preferido, explicando porque o prefere; 
· Falar sobre uma personagem que chamou a atenção, compará-la com outras personagens de livros conhecidos por eles ou outros que o professor conhece; 
· Relacionar determinada passagem da história com um fato real; 
· Apresentar ou indicar outros livros domesmo autor.
O importante mesmo é deixar que as crianças viagem no mundo da imaginação, da poesia e do encantamento que a literatura infantil é capaz de proporcionar. Despertando nelas o prazer de ouvir histórias despertando sentimentos e emoções, proporcionando a elas o maior contato possível com esse mundo letrado.
2.2. Os benefícios da leitura 
Observa-se que são inúmeros os benefícios que a leitura nos proporciona, e com está certeza se torna de suma importância, proporcionar recursos e metodologias que possam despertar no educando, os benefícios e a relevância da leitura diante do contexto social, levando em consideração o acervo de conhecimento de cada um, ou seja, os aspectos sócios culturais que nos remete ao repertório de conhecimentos adquiridos no dia a dia.
Muitos pais encontram dificuldades para que seus filhos tenham prazer em ler. Um ponto de suma importância para as crianças da primeira fase da educação. É necessário que os pais procurem entender ou o porquê que a leitura é necessária e porque as crianças desde pequenas devem ser incentivadas a ler. 
O hábito da leitura deve-se começar em casa, com os pais reservando um tempo diário com seus filhos para que possam praticar a leitura. Nesta os pais vão ler e estimular ou despertar o gosto nas crianças para a leitura. Antes de todo esse processo é relevante ressaltar que os pais devem ter o conhecimento do que os seus filhos gostam para poder introduzir leituras através de contos, histórias, ou seja, de diversos gêneros textuais onde estarão presentes diversos conteúdos que despertarão o interesse pela leitura, em seus filhos.
A leitura proporciona vários benefícios que podem acrescentar na vida das crianças. Nota-se que e a escola tem uma responsabilidade cada vez maior na formação de leitores, oferecendo textos produtivos, que possam estimular no educando o hábito da leitura, não apenas visando o vestibular ou o certificado de conclusão de curso, mas com a certeza de que ela é importante para que o educando possa aprender a conviver na sociedade, de forma ativa, defendendo suas ideias, concordando ou discordando, justificando suas atitudes através de uma linha de raciocínio próprio, tornando-se assim um cidadão crítico participativo do universo social.
Pode-se começar a falar do prazer que a criança adquire com os livros e tornar-se-á um hobby que lhe acompanhará por toda a vida. Os livros são ferramentas que podem transportar as crianças para outros lugares, outras dimensões e que permitem as crianças viajarem através das palavras onde as mesmas tornam-se personagens de cada uma das historias. Neste momento é importante lembrar-se da criatividade, da imaginação e da fantasia que faz parte do universo infantil. 
 A leitura proporciona e contribui para que a criança aumente seu vocabulário, use corretamente a linguagem e reforça a escrita de forma correta, ou seja, sem problemas de ortografia.
A leitura por si só demanda uma atenção porque ela exercita o cérebro e exige habilidades da criança como a memória ou conhecimento. 
Os livros levam aas crianças a conhecerem o mundo, a colocar-se no lugar do outro, a conhecer sentimentos e opiniões de outras pessoas. Esta prática é trabalhada com a criança para que se desenvolva a empatia e para que a criança seja mais flexível no seu dia a dia.
A criança quando lê se concentra na história e nas páginas de um livro, assim a capacidade de concentração aumenta. Uma criança aumenta o seu rendimento escolar quando ela lê muito, portanto estuda melhor, e obtém melhores resultados escolares. 
Uma característica importante sobre a criança que lê é que a sua curiosidade aumenta. Ela faz mais perguntas, com a finalidade de buscar mais informações e encontrar mais respostas.
O livro, para quem adquire o hábito da leitura, será um companheiro para todas as horas. O leitor irá encontrar respostas e será nos bons e nos maus momentos 
O universo da leitura é imensamente rico no que tange aos conteúdos encontrados pelo leitor, onde a diversidade despertará a busca pelo tema preferido de cada leitor. 
Nota-se que são muitos os pesquisadores que buscam uma maior compreensão sobre a relevância da leitura, entre eles podemos citar Marcelo Motta Carneiro, que qualifica a leitura elemento essencial na construção do desenvolvimento social. O autor nos diz em sua obra “O progresso na arte de ler” que, a leitura é passo principal em direção ao progresso intelectual do cidadão.
Motta Carneiro (1984, p. 13) ainda relata que, “A leitura abre caminho para o enriquecimento intelectual, proporcionando um banho de reflexão e uma manipulação de ideias. É um instrumento insubstituível de atualização e aperfeiçoamento profissional.”
Sendo assim a leitura se torna o elemento principal no desenvolvimento da consciência crítica, o que resulta na formação de uma geração questionadora. E a escola que tem um papel principal na formação de cidadãos, possui grande responsabilidade na aquisição desses beneficio, que é o desenvolvimento do senso critico.
 Antonio Suárez de Abreu, diz que; ler, falar e escrever bem são elementos básicos para o desenvolvimento de um povo e ressalta que a leitura é um instrumento essencial, na construção de um cidadão atuante em meio a sua sociedade, ou seja, o hábito da leitura possibilita entre outros benefícios, a ampliação do vocabulário e o desenvolvimento do senso crítico, proporcionando falar e escrever melhor, oferecendo ao educando maiores habilidades para gerenciar informações.
Suárez, ainda descreve que a arte de argumentar é algo que precisa ser construído em cada um de nós, para que se possa melhorar tanto no aspecto pessoal quanto profissional, sabe-se que a prática da leitura nos remete a uma maior capacidade argumentativa considerando que argumentar é fazer-se compreender, ao expor nossas ideias de maneira clara e objetiva, é agir de forma que possibilite integrar-se no universo do outro, alcançando os nossos objetivos de forma cooperativa gerenciando as nossas informações.
 A escola é quase sempre apontada como responsável pelas dificuldades de leitura apresentada por educandos, estejam eles no ensino fundamental ou médio, e principalmente ao chegarem à universidade, aonde as deficiências derivadas pela falta do hábito da leitura, se tornam mais evidente, ou seja, é exatamente no desenvolvimento dos estudos e realização dos trabalhos propostos, que o acadêmico percebe a importância da leitura em seu cotidiano, considerando-se que a mesma e o elemento principal que proporciona despertar a reflexão e o senso crítico, gerando assim, maiores possibilidades de criação, no que se refere à produção de textos orais e escritos. 
A leitura no cotidiano escolar vem sendo motivo de estudos e pesquisa de grandes pesquisadores, que em sua maioria nos apontam as falhas nos fazendo refletir, entre outras coisas, sobre a contribuição do educador enquanto orientador na formação de cidadãos atuantes, buscando compreender o seu papel, visando à possibilidade de acréscimos positivos e estímulos para a formação de um leitor crítico.
2.3. A leitura e sua função 
A leitura serve ao propósito de levar o indivíduo a descobrir novos mundos, a interpretar a escrita de forma sistematizada e conclusa. A leitura é essencial para a inserção do ser humano na sociedade, o incentivo a leitura começa muito cedo na infância, onde a criança começa a descobrir o mundo da imaginação e descobertas. O indivíduo que não busca por compreender a escrita, se fecha e se torna prisioneiro em si. Entretanto, a leitura é libertadora, a partir do momento que a mesma passa a ser realizada de maneira reflexiva. 
Bamberger (2002, p. 32) explica que “A leitura impulsiona o uso e o treino de aptidões intelectuais e espirituais, como fantasia, o pensamento, à vontade, a simpatia, a capacidade de identificar.” Difere, naturalmente, a situação de interpretação temporária, ou seja, de identificação das letras sem assimilação. Vale destacar que o indivíduo tem habilidade de abrir janelas imaginárias,para um contato com o mundo. Sua função formal é de levar, ou receber informações, porém, vai além da imposição científica. 
É preciso entender que a função da leitura está no ser humano como o mesmo está para a leitura, ou seja, existe todo um processo de leitura da vida no mundo e do mundo na vida. Segundo Foucambert (1994, p. 30), 
Ser leitor é querer saber o que se passa na cabeça de outro, para compreender melhor o que se passa na nossa. Essa atitude, no entanto, implica a possibilidade de distanciar-se do fato, para ter dele uma visão de cima, evidenciando um aumento do poder sobre o mundo e sobre si por meio desse esforço teórico. Ao mesmo tempo, implica o sentimento de pertencer a uma comunidade de preocupações que, mais que um destinatário, nos faz textos, seja um manual de instruções, seja um romance, um texto teórico ou um poema. 
Por se tratar aqui de uma discussão teórica da importância da leitura na Educação Infantil, podemos afastar da questão da relação com a formalidade dos textos literários. Mas, precisamente nesse sentido é importante à maneira pela qual todo o ânimo humano recebe o impacto de uma determinada relação com a descoberta de novos horizontes para com a própria natureza aventureira do Homem. Contudo, necessário de complemento para que a indicação da importância da desvinculação da leitura formal para a informalidade está na leitura pelo prazer em detrimento da leitura compulsória, ou obrigatória. 
Não restam dúvidas quanto ao caráter e função da leitura formal. A reflexão sobre o ensino e estimulo da leitura no ambiente escolar é de extrema importância. O mundo contemporâneo com a escrita espalhada em todos os espaços é exemplo da importância do conhecimento. Silva (2003) destaca que a leitura faz parte de um processo continuo que muda a vida do indivíduo, é um caminho onde o arrastara a libertação e a obter um escudo contra o processo de alienação. 
O horizonte e perspectivas existem em conjunto e de certa forma não sofrem segregação. O hábito de leitura estimula a capacidade criadora, multiplica o vocabulário, simplifica a compreensão do que se lê, facilita à escrita, melhora a comunicação, amplia o conhecimento, acrescenta o senso crítico e ajuda na vida profissional. O contato com a leitura deve começar desde a tenra idade quando as crianças estão mais flexíveis com a curiosidade aguçada. Assim como diz Mello (2010) a criança desde o berçário pode ter uma relação com o objeto chamado livro, que são cheios de significado. 
3. O PROFESSOR COMO INCENTIVADOR DA LEITURA 
O processo de leitura muitas das vezes se inicia em casa com pais leitores que dão exemplo aos seus filhos. No entanto, quando essa prática no tem início no seio familiar, é na escola que esse contato com os livros acontecerá, para ser mais preciso, ao ingressar na pré-escola Magnani (2001) diz que para aprender a ler e a escrever é preciso antes de tudo ser alfabetizado, processo este, que cabe diretamente a escola. A escola fica responsabilidade de incentivar, motivar ao hábito de leitura mostrar que o ato de ler e algo interessante. Segundo o PCN (1997, p.43) “[...] Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente”. 
A criança começa a ser alfabetizada na escola, por meio das inserções das letras, também se inicia um processo de grande importância e incentivo ao hábito de ler, que a criança carregará para toda sua vida. Foucambert (1994, p.17). Afirma que “A escola é um momento da formação do leitor”. Pois, antes do ensino formal, a criança pode ter contato com a leitura na forma descompromissada, ou seja, manuseando livros e textos, o que pode ser aplicada a criança com a inserção de figuras. 
Bamberger (2002, p.24) explica que, “[...] Na idade pré-escolar e nos primeiros anos de escola, contar e ler história em voz alta e falar sobre livros de gravuras é importantíssimo para o desenvolvimento do vocabulário, e mais importante ainda para a motivação da leitura”.
 O processo do ensino da leitura, por meio da formalidade escolar contribui com o conhecer, ajuda a formar indivíduos aptos a enfrentar a vida social. 
No ambiente escolar que o educando vai se apropriando do hábito de ler, através da contação de histórias, e importante que nesses primeiros anos o professor seja o mediador para que esse processo seja realizado. Ferreira (2001, p. 57) destaca que “Neste espaço que instaura a ação pedagógica do professor como alguém que promove situações capazes de revitalizar o desejo de ler”. 
O propósito do ensino formal é compreendido como necessidade de organização das ideias e interpretação da escrita de forma ampla e aberta ao mundo. Paulo Freire (1982) explica que “[...] A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente”. Neste propósito que percebemos a importância da leitura na percepção de vida, na continuidade e extensão de mundo, além dos limites territoriais da comunidade em que vivemos. 
A imaginação compreende boa parte da leitura, não só do conhecer das letras e a junção das mesmas que emerge e flui. Possível discursar que o homem, em nome de uma razão lê em busca de informações que, muitas vezes, nem o próprio indivíduo têm consciência do que procura. Como pensador livre, a fonte em que se revigora sem cessar o conhecimento humano de mundo. O que não se pode permitir é a propagação da ideia de que somente a leitura vai fazer com que o aluno passe a ter prazer ao ler. É preciso despertar este sentimento no aluno, inicialmente na criança, utilizando assim estratégias que despertem o gosto pela leitura neste público que consequentemente se tornaram leitores conscientes da importância deste ato para sua vida acadêmica e enquanto cidadão, que exercerá suas funções em uma sociedade critica e em constantes mudanças. 
Algumas considerações são necessárias quanto à questão da leitura. No contexto, ponderamos à relevância da leitura na vida, numa perspectiva de futuro. Explícito a importância de ler e saber interpretar e, para tanto, destacamos Solé (1998, p. 91), o qual diz que, 
A situação de leitura mais motivadora também são as mais reais: isto é, aquelas em que a criança lê para se libertar, para sentir o prazer de ler quando se aproxima do cantinho de biblioteca ou recorre a ela. Ou aquelas em que, com um objeto claro – resolve uma dúvida, um problema ou adquirir a informação necessária para determinado projeto – aborda um texto e pode manejá-lo à vontade, sem a pressão de uma audiência
Dentro da ética e integridade moral do professor, tem a responsabilidade social e o mesmo entra como motivador na busca incessante de promover condições do aluno aprender a conhecer a si e ao seu próximo, o seu meio e outros inseridos no mesmo mundo que o seu. Ao professor é atribuído, além da responsabilidade do ensino, o de conduzir o aluno a vontade de ler, ao hábito da leitura, ou seja, de ler por prazer. Ainda, o professor tem a necessidade de desenvolver mecanismos para que seus alunos consigam não só decodificar os escritos dos textos, mas principalmente que haja a compreensão da ideia transmitida pelo mesmo.
4. A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
Literatura Infantil no Brasil
O aparecimento da literatura infantil no Brasil foi iniciado pelo aceleramento da urbanização que ocorreu entre o fim do século XIX e o começo do século XX. Segundo Lajolo e Zilberman (2004, p. 28), depois desse momento, passa a existir um grande contingente de consumidores de bens culturais e o conhecimento passa a ser importante para o novo modelo social. Com isso, começava a se firmar no Brasil o desenvolvimento das traduções e adaptações de obras literárias para o público infantil e juvenil, e surge então, à compreensão da necessidade de uma literatura nacional própria para a criança brasileira que precisava se instruir, um público ávidopor consumir os produtos culturais dos novos tempos.
Inicialmente, essa literatura foi utilizada no campo escolar com o objetivo de ensinar conteúdos da língua portuguesa, ou seja, como um recurso especificamente didático, a qual, infelizmente, o acesso foi mais facilitado a população que possuía maior renda social. Sandroni (1998, p. 11) salienta:
Até os fins do século XIX, a literatura voltada para crianças e jovens era importada e vendida no mercado disponível apenas para a elite brasileira, constituindo-se principalmente de traduções feitas em Portugal, pois, no Brasil ainda não havia editoras e os autores brasileiros tinham seus textos impressos na Europa. 
Nessa época de valorização do saber, aparecem as primeiras manifestações de reforma pedagógica e literária que visava à formação de um novo modelo de geração brasileira. Dessa maneira, Monteiro Lobato foi, sem dúvida, um divisor de águas na literatura infantil brasileira, se destacando com a publicação de sua grande obra, como aponta Sandroni (1998, p. 13), “Com a publicação de A menina do narizinho arrebitado, em 1921, José Bento Monteiro Lobato inaugura o que se convencionou chamar de fase literária da produção brasileira destinada especialmente às crianças e jovens.”
De acordo com a autora, A menina do nariz arrebitado se tornou um marco na Literatura Infantil nacional, devido ao fato de Lobato utilizar em suas narrativas a realidade comum e familiar da criança nas histórias dos livros, além de ter rompido o vínculo com o padrão culto, introduzindo a oralidade tanto na fala das personagens como no discurso do narrador, com uma linguagem mais próxima a das crianças, o que possibilitou mais emoção durante a leitura e a escuta dessas histórias.
Monteiro Lobato incorporou temas do folclore em suas obras, influenciando diversos autores, sobretudo a partir da década de 1970, que produziram um novo modelo de literatura infantil, levantando temas e problemas da sociedade brasileira, utilizando, contudo, uma linguagem inovadora e poética, com enfoque ao humor, o imaginário, possibilitando assim, que a criança leitora se tornasse mais reflexiva e participativa. Lobato acreditava na capacidade dos pequenos leitores em adquirir consciência crítica baseada na simplicidade das palavras que eram compreendidas com facilidade pelas crianças.
Segundo Bordini, (1998), a revalorização da cultura popular foi retomada na década de 1970 e a partir desse acontecimento surgiram grandes autores que procuravam introduzir em suas obras valores conduzidos por Monteiro Lobato para o melhoramento da Literatura Infantil.
Com o avanço da escolarização nos anos 1980, os textos passaram a apresentar conflitos e questionamentos entre a criança e o mundo, e as ilustrações adquiriram um lugar de destaque no material, tanto quanto à escrita. O universo infantil teve, assim, uma representação atrativa e convidativa, motivando o senso crítico dos pequenos leitores. Os livros para crianças, por essa época, tiveram uma valorização crescente, e uma série de cuidados com o conteúdo, e também com os aspectos materiais e ilustrativos, tiveram de ser tomados durante sua elaboração, detalhes importantes que tiveram como objetivo facilitar o manuseio e o entendimento das crianças.
Verifica-se, portanto, a mudança ao longo dos tempos do entendimento do que é literatura infantil, havendo uma ressignificação do objeto, tornando-a um veículo de várias linguagens que possibilita à criança leitora a busca e o encontro de novas descobertas.
O livro infantil torna-se, assim, um recurso importantíssimo para o desenvolvimento de capacidades e habilidades de ordem cognitiva e socioafetiva, como a coordenação motora, a criatividade, a percepção visual, e noções de cores e de espaço, além de garantir o acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, todos estes consistindo nos principais objetivos para a Educação Infantil.
Segundo Corsino (2010, p. 187), as Concepções de infância, literatura e as mediações de leitura são as três pontas da trança que tecem o trabalho de literatura junto às crianças, não só na escola, mas nas diferentes esferas por onde circulam.
As crianças e os livros 
As crianças recebem a literatura de forma oral ou escrita em formato de papel e, às vezes, em formato de tela. Em qualquer dessas formas, a literatura constitui um instrumento de cultura de primeira ordem. A literatura na Educação Infantil se transforma em uma verdadeira “escada” que ajuda os pequenos a dominarem formas cada vez mais complexas de usos da linguagem e da narração, assim como de representação artística: personagens mais numerosos, estruturas narrativas mais densas, finais abertos, gêneros literários mais diversificados.
Isso é feito oferecendo às crianças um “corrimão” que se coloca à sua altura e ao mesmo tempo lhes desafia e lhes dá apoio para que subam cada vez mais alto.
O círculo como imagem da perfeição, as cinzas como forma de desolação, a viagem pela água como fórmula de transferência. A literatura está repleta de representações e símbolos que surgiram pelas tradições orais e que sobrevivem pela literatura desde o princípio dos tempos. Nós, humanos, os usamos para dar forma aos nossos sonhos, reconhecer nossas emoções ou adotar perspectivas alheias sobre a realidade. 
A psicanálise, por exemplo, foi a primeira a destacar a importância dos sonhos na construção da personalidade infantil.
Concretamente, Bruno Bettelheim (1980) utilizou os contos populares para ajudar terapeuticamente crianças traumatizadas por sua experiência nos campos de concentração nazistas. Disso surgiu a reivindicação dos contos populares como material literário, sabiamente decantado através dos séculos, para responder aos conflitos psicológicos das crianças. Muitas vezes, as versões originais desses contos deixam os adultos inquietos, por conta do conteúdo violento e muitas vezes cruel. As crianças, entretanto, não se impressionam.
O desejo de ler essas histórias repetidamente diz sobre o desejo de entender as marcas simbólicas que nos constituem como humanos. Trata- se de mensagens implícitas, como a que afirma que “se nos esforçarmos o suficiente, sempre poderemos sair vitoriosos”, ou motivos que permitem manejar conflitos básicos ao nos deslocarmos para fora de nós mesmos, possibilitando, por exemplo, experimentar sem culpa os sentimentos ambivalentes em relação à mãe, através da odiosa figura da madrasta.
As crianças se familiarizam com muitos desses elementos através das histórias. Isso lhes permite compartilhar um grande número de referenciais com a coletividade, entender alusões culturais de seu ambiente e experimentar o inquestionável prazer do reconhecimento desses elementos ao longo da leitura de novas obras.
Essas formas configuram o que se chamou de “o imaginário compartilhado” de uma cultura, e uma das primeiras funções da literatura infantil é dar acesso para as crianças a essa bagagem comum.
As crianças que estão imersas em um meio literariamente rico progridem muito rapidamente no domínio das diferentes possibilidades de estruturar uma narração ou o ritmo de alguns versos, nas expectativas do que se pode esperar dos diferentes tipos de personagem, no leque de figuras exóticas disponíveis. Assim, um jogo de palavras sequencial ou cumulativo, um jogo interativo de destampar para descobrir ou de tocar para ativar, a personificação ou um animal humanizado, o som oral de uma aliteração no verso ou a tipografia da escrita para representar a intensidade da voz se transformarão muito cedo em coisas familiares.
Por isso, é importante que a experiência literária das crianças seja muito variada, tanto se pensar nas atividades orais ou de tela compartilhadas com elas – jogos, brincadeiras, narrações, adivinhas, apps. – como também se prestamos atenção aos livros que colocamos ao seu alcance – livros de imagens, livros-jogo, livros ilustrados, canções, poemas, contos de humor, de aventura e um extenso material complementar.Uma segunda função da literatura para crianças é facilitar a aprendizagem dos modelos narrativos e poéticos utilizados em cada cultura.
Ao identificar as imagens ou as ações das personagens, as crianças aprendem não somente o que existe ou o que acontece ao seu redor, mas também os valores que são atribuídos a todas essas coisas: o que se considera correto ou malfeito, bonito ou feio, normal ou exótico, etc. Em todos os tempos a literatura cumpriu essa função socializadora simplesmente porque fala dos humanos, ou seja, porque nos permite ver com os olhos dos outros como as pessoas podem se sentir, como avaliam os fatos, como enfrentam os seus problemas ou ainda o que significa seguir ou transgredir as regras, em cada caso.
De fato, os primeiros livros escritos deliberadamente para crianças queriam cumprir essa função social. Eram escritos para ensinar as crianças a se comportarem, para mostrar a maneira de serem obedientes, caridosas ou asseadas. Mas o mais usual era que os livros se afastassem da verdadeira ação educativa da literatura, que opera em um nível mais profundo e implícito. Apesar do passar do tempo, é preciso enfatizar que, hoje em dia, uma grande parte dos livros continua insistindo nesse afã didático. O que mudou é que agora os valores são diferentes, e os livros querem ensinar como ser imaginativo, solidário ou cívico. Não é descabido que queiramos dar às crianças livros que reflitam situações e conflitos próprios do nosso mundo, como as novas formas familiares, a imigração ou os medos infantis. O problema é conseguir que esse mundo seja oferecido “a partir da literatura” e não “a partir da pedagogia”.
Também se pensa que, na realidade, nós, como adultos, damos muita importância ao efeito didático dos livros. É necessário compreender que os livros são apenas uma de muitas fontes de socialização que as crianças encontram em seu crescimento. E também ter clareza de que o que a história queria dizer, o que realmente diz e o sentido que a criança lhe dará são três coisas que frequentemente não coincidem.
Uma terceira função exercida pela literatura infantil é a ampliação do diálogo entre a coletividade e as crianças, para que elas saibam como é ou como se espera que seja o mundo.
As sociedades ocidentais atuais têm uma ampla produção de livros infantis, capaz de cumprir os propósitos culturais que aqui esquematizamos em três funções. As crianças têm curiosidade e prazer por essas formas de arte/ficção, e esse é o autêntico motivo que as pode transformar em leitoras. Mas, para que isso aconteça, é necessário que se realizem três condições:
• a primeira é que percebam que os adultos também consideram a literatura e os livros como coisas interessantes e prazerosas;
• a segunda é que tenham uma ajuda suficientemente sustentável para aprender a ler;
• a terceira é que a literatura que recebam mantenha a ideia de que vale a pena dedicar tempo e esforço a ela.
Por isso, convém escolher bem os livros e pensar em boas formas de acompanhar as novas gerações na viagem que a literatura lhes oferece “a partir do lar, até o mundo”. 
Hoje, como no passado, a tarefa mais importante e também mais difícil na educação de uma criança é ajudá-la a encontrar significado na vida. [...] Com respeito a esta tarefa, nada é mais importante que o impacto dos pais e outros que cuidam da criança; em segundo lugar vem nossa herança cultural, quando transmitida à criança de maneira correta. Quando as crianças são novas, é a literatura que canaliza melhor este tipo de informação. Bruno Bettelheim
Os livros colocam à disposição das crianças a experiência daquilo que podem esperar da literatura. Por isso, a escola deve lhes oferecer uma seleção mais ampla possível de livros para que possam se familiarizar com as variadas possibilidades textuais. Alguns aspectos que se deverá considerar ao avaliar os livros, além de algumas decisões que se deverá tomar para formar a coleção da nossa sala de aula. Concretamente, faremos alusão a:
• formar um conjunto variado de obras;
• formar um conjunto de livros adequados a cada idade;
• analisar a qualidade das versões e traduções;
• analisar as relações entre texto e imagem;
• analisar a qualidade do texto;
• analisar a qualidade da imagem;
• analisar a qualidade das histórias.
Os livros na Educação Infantil
A mediação do adulto começa na primeira infância, nas formas de se dirigir aos bebês e compartilhar com eles os recursos literários da tradição oral. Agradecemos a ideia dessa comparação à professora Ana Díaz-Plaja. Como canções de ninar, histórias e jogos de colo. Entretanto, pode-se constatar que cada vez mais esse repertório cultural tem perdido força nas famílias. Por outro lado, uma parte dessa nossa tradição oral tem sido transferida para as escolas infantis e os contos e livros agora são compartilhados tanto em casa quanto nas escolas. Em nenhuma outra etapa da vida o progresso leitor das crianças depende tanto de sua relação com os adultos. Por isso, além de uma boa seleção de títulos, é necessário ler para e com as crianças, pois é junto à família e à professora, no convite para a leitura compartilhada, que elas descobrem os livros. Podemos organizar a nossa mediação nos seguintes tópicos (COLOMER, 2010):
• criar um ambiente povoado de livros;
• dar espaço para a voz: narrar, cantar, recitar e ler;
• dar tempo para olhar, ler e compartilhar;
• ampliar a leitura para outras atividades;
• programar o tempo das atividades.
Criar um ambiente povoado de livros
A vista não se engane. Frequentemente, basta entrar em uma escola ou em uma sala de atividades para saber se existe uma preocupação especial com a formação leitora das crianças. O trabalho de relação constante entre crianças e livros se revela com a presença de um espaço de leitura confortável para as crianças, com estantes ou cestas para colocar os livros novos, os preferidos, ou de determinado autor ou gênero. É comum observar-se também a existência de cartazes com desenhos das crianças sobre os livros lidos, com caixas onde possam depositar suas poesias favoritas, um computador equipado com contos e poemas digitais.
As atividades de leitura devem repercutir para além da sala de atividades. As recomendações dos leitores podem ser publicadas em jornais, revistas ou páginas. Para Maria da Glória Bordini (1986), os jogos de colo relacionam-se ao corpo e à poesia.
São expressões de carinho da mãe, que, ao brincar com versos, traz ritmo e sonoridade para o corpo do bebê. Da internet para que a comunidade escolar saiba das preferências de cada grupo.
As crianças mais velhas podem ser “madrinhas” de leitura dos mais novos e ir até a turma para ler com eles, semanalmente. Os pais podem participar da biblioteca escolar e na leitura dos livros emprestados aos seus filhos semanalmente.
Existem muitas experiências nesse sentido cujos resultados não deixam margem a dúvidas sobre a conveniência de criar um ambiente comunicativo em relação aos livros (CHAMBERS, 2007; NÁJERA, 2008; REYES, 2013; 2015).
Dar tempo para olhar, ler e compartilhar
As crianças da Educação Infantil precisam viver o acesso ao texto escrito como uma atividade social compartilhada e, ao mesmo tempo, como uma atividade individual na qual possa se concentrar para entender o sentido de textos e imagens.
Conversar sobre os livros, debatê-los, expressar as emoções que suscitaram recomendá-los e se interessar pelas recomendações dos outros são atividades absolutamente imprescindíveis na prática escolar de todos os níveis educativos. Ler em grupo, discutindo depois o que foi entendido, ajuda a aprofundar o significado da história e a observar como se chegou a determinadas conclusões. Isso pode ser feito coletivamente, em pares, por meio da formulação de perguntas sobre as obras. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A Literatura Infantil sempre foi tema que chama a atenção de educadores e estudiosos da área. Porém, ainda há muito que se refletir sobre isto, de forma a contribuir para a qualidade e difusão da leitura na escola, comprazer e diversão, tendo como resultado uma aprendizagem cultural cada vez maior. 
Sem dúvida nenhuma, a Literatura ontem e hoje faz parte da educação, da condução e desenvolvimento humano. Não apenas por estar na escola, mas por estar diretamente ligada a pessoa. 
Desde criança até a vida adulta, precisa-se, primeiramente, de fantasia, de dar asas à imaginação e de aprender com experiências de outras pessoas. E a leitura proporciona tudo isso. 
A leitura é parte anterior à alfabetização. Antes de conhecer as letras, decifrar os signos e interpretar textos, a criança já observa e lê as situações. O bebê lê o rosto da mãe quando ela se aproxima dele. Ele lê o cheiro dela. Quando está maior um pouquinho ele lê os espaços e seu próprio corpo. 
Tudo isso acontece de forma natural e a escola deve aproveitar esses ensinamentos e continuar esse trabalho de leitura. 
A leitura sempre deve ser um momento de prazer, mesmo que seja de algo cientifico. E quando criança, ela deve continuar a ser estimulada a desenvolver sua imaginação enquanto, lê sozinha ou quando ouve alguém ler para ela. Nesse momento, o professor de educação infantil tem seu papel mais importante. Se ele como contador de histórias não encantar as crianças, ninguém mais o fará. Para isso, ele próprio tem que gostar da história, tem que aproveitar o momento para cativar e ganhar as crianças. 
O que se vê em algumas escolas hoje, é que apesar do grande acervo de literatura presente em suas bibliotecas e grandes projetos que as escolas participam, ainda existe aquele professor que escolhe a história aleatoriamente e conta a mesma sem antes ter lido e sem trazer nenhum chamamento para essa história, exige que os alunos fiquem estátuas enquanto ele deliberadamente faz a sua leitura. 
Fazer a leitura simplesmente por ler não desperta no aluno o prazer de ler outro livro. O educador é sujeito ativo de mudança de postura com relação a atitudes da criança. Ele é espelho e serve como modelo a ser seguido. Então, se ele na frente do aluno pega um livro e manuseia de forma incorreta, joga no chão e diz que o livro é só um livro, o aluno irá dar a mesma importância reparada no professor. 
Algumas escolas desenvolvem projetos de leitura e contação de histórias. Esses projetos variam de escola para escola, pois, as mesmas têm autonomia para sua aplicação. 
Outros professores se fazem valer de instrumentos que irão valorizar a história e chamar a atenção dos alunos. O uso de fantoches, cenários, bonecos e outros instrumentos que podem ser utilizados e transformados em personagens, ou até mesmo uma roupa diferente da habitual, chamam a atenção da criança e faz com que ela deseje que a leitura se estenda ou que aconteçam todos os dias. 
Com atitudes simples é possível continuar despertando nas crianças o prazer da leitura, o interesse pelo algo novo que muitas vezes um livro proporciona a quem o lê. Se em casa a responsabilidade da educação é dos pais, na escola a responsabilidade de formar leitores desde muito cedo, cabe sempre aos professores e educadores.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR. Vera Teixeira de. Conceito de leitura. São Paulo: UNESP, Pró-Reitoria de Graduação, 2004.
BAMBERGER. Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2002
BARBOSA. José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 1994.
BARROS. Cristiane Maria et al. Leitura na educação infantil: a questão dos objetivos de ensino. 2007. 29 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Centro de Educação UFPE, Pernambuco, 2007.
BETTELHEIM. Bruno. Psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
BORDINI. Maria da Glória. Poesia infantil. Sã o Paulo: Ática, 1986.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1997. p 36.
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