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SUA_PETICAO_S5

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Seção 1 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO 
TRABALHISTA 
 
 
 
 
 
 
 
Caro aluno, bem-vindo à seção 5! Na seção 3 você fez as vezes de advogado do J 
Albano Machado e apresentou Recurso Ordinário. Já na seção 4 você atuou como 
advogado da Sra. Maria José Pereira, apresentando Recurso Ordinário. Não se pode 
esquecer que esta atuação para as duas partes da relação processual se deu apenas 
fins para didáticos, não podendo ocorrer na prática, sob pena de violação dos preceitos 
éticos que regem a advocacia. 
Nesta seção você atuará como advogado do trabalhador Albano. No dia 
11/12/2017 houve publicação concedendo-lhe vista do Recurso Ordinário interposto 
pela reclamada. 
Diante da mencionada intimação, adote a medida processual adequada à defesa 
dos interesses do seu cliente. 
Abaixo a reprodução do Recurso Ordinário interposto: 
 
Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) do Trabalho da 2ª Vara do Trabalho de 
Goiânia/GO 
 
Processo n. 0010001-10.2017.518.0002 
 
 
Seção 1 
DIREITO TRABALHISTA 
Sua causa! 
 
 
Maria José Pereira, já qualificada nos autos em epígrafe, doravante 
simplesmente denominada recorrente, por seu advogado que esta subscreve, nos 
autos da reclamação trabalhista que é movida por Albano Machado, também já 
qualificado no presente feito, ora denominada recorrido, vem interpor Recurso 
Ordinário para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, com fulcro no 
art. 895, “a”, da CLT. 
Satisfeitos os mandamentos legais, requer seja o apelo recebido e enviado à 
apreciação do Tribunal Regional. 
Requer, por fim, a remessa das razões anexas ao Egrégio Tribunal Regional do 
Trabalho da 3ª Região. 
 
Termos em que pede juntada de ferimento. 
 
Data, assinatura. 
 
 
 
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO 
PELA RECORRENTA MARIA JOSÉ PEREIRA 
 
Colendo Tribunal 
 I – Tempestividade 
 
 A reclamada foi intimada da sentença por meio de publicação oficial ocorrida 
no dia 21/11/2017, segunda-feira. 
 
Dessa forma, o prazo para interposição do Recurso Ordinário se iniciou em 
21/11/2017, terça-feira, e finda em 01/12/2017, vez que pela nova redação do art. 
795, da CLT, os prazos devem ser contados em dias úteis. 
Assim, o presente Recurso Ordinário é tempestivo. 
 
 
 II – Depósito Recursal e Custas Processuais 
 
No caso em tela foi deferida assistência judiciária gratuita, o que torna 
desnecessário o recolhimento das custas processuais, nos termos do art. 790-A, da 
CLT. 
Também não é necessário o depósito recursal, pois o art. 899, §10º, da CLT, 
dispõe que são “isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as 
entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial”. 
 
 
III – Mérito 
 
III. 1 – Feriados laborados em dobro 
A decisão de primeiro grau julgou procedente o pedido de pagamento em 
dobro dos feriados, invocando a Súmula 444, do TST. Veja-se trecho da sentença: 
 
O pleito do reclamante de pagamento de domingos e feriados em dobro 
merece ser acolhido parcialmente. 
A Súmula 444, do Colendo TST, dirime esta questão: 
Súmula nº 444 do TST 
JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. 
VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 - 
 
republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST-PA-
504.280/2012.2 - DEJT divulgado em 26.11.2012 
É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta 
e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo 
coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a 
remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem 
direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima 
primeira e décima segunda horas. 
Como se infere, há previsão expressa de que o feriado deve ser pago em dobro. 
Isto porque o trabalhador, mesmo no regime 12x36, tem direito à folga neste 
dia, além daquelas 36 horas de descanso que são inerentes ao sistema em 
questão. Uma vez ocorrido o labor em dia de feriado, sem qualquer 
compensação, é devido seu pagamento em dobro. 
 
Com a devida vênia, a decisão merece reforma. 
É cristalino que a Súmula n. 444, do TST, preveja o pagamento dos feriados 
laborados no regime 12x36. 
Todavia, em que pese o entendimento consolidado, esta não é a melhor diretriz 
quando se analise o trabalho no mencionado sistema. Ele foi criado para permitir a 
alternância de trabalhadores de modo contínuo em situações como a do enfermo, 
que merece cuidado vinte e quatro horas por dia. Ao dispor que o feriado deve ser 
pago em dobro, o Colendo Tribunal Superior do Trabalho estabelece que aquele dia 
deveria ser de folga. Neste contexto, indaga-se: quem iria cuidar do enfermo? 
Por óbvio que a sistemática própria do regime 12x36 já compensa, 
automaticamente, o trabalho exercido em dia de feriado, da mesma maneira que 
ocorre com o labor aos domingos. 
Não há razão plausível para se permitir a compensação aos domingos e negá-
la em casos de feriados, como feito pela decisão atacada. 
Diante do exposto, requer seja dado provimento ao Recurso Ordinário, a fim 
de julgar improcedente o pedido de pagamento dos feriados em dobro. 
 
 
 
III. 2 – Intervalo intrajornada 
 
A sentença também deferiu ao trabalhador o pagamento de uma hora por dia 
decorrente da supressão o intervalo intrajornada, acrescida de 50%, a partir de 
02/06/2015 até o término do contrato de trabalho, com os reflexos legais. 
Mais uma vez a decisão merece reparo. 
Como salientado na peça contestatória, é óbvio que o reclamante não ficava 
trabalhando ininterruptamente durante 12 horas. Embora o enfermo, vítima de 
acidente vascular cerebral, demandasse cuidados especiais, resta evidente que o 
trabalhador tinha meios de usufruir da pausa intervalar de uma hora. Isto poderia ser 
feito, por exemplo, quando o enfermo estava assistindo televisão. 
Além disso, em vários outros momentos do turno de trabalho, o reclamante 
também poderia descansar, haja vista a precária condição de saúde do marido da 
reclamada. 
Dessa forma, resta claro que o laborista cumpria diariamente o intervalo para 
refeição de descanso, razão pela qual requer o provimento do Recurso Ordinário para 
julgar improcedente o pleito. 
 
 
III. 4 – Indenização por danos morais 
 
A decisão de primeiro grau condenou a reclamada ao pagamento de 
indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00 pelo fato de ter sido 
aposto na CTPS do trabalhador que a rescisão do contrato de trabalho se deu por 
justa causa. 
Data maxima venia, equivocada a sentença. 
 
O art. 29, parágrafo 2º, “c”, da CLT, que determina que a anotação da rescisão 
do contrato de trabalho deve constar na CTPS. Foi exatamente o que foi feito pela 
recorrente. O fato de fazer menção à modalidade de dispensa, isto é por justa causa, 
não constitui ilegalidade, pois o citado dispositivo legal não faz qualquer ressalva 
quanto à impossibilidade de se apor no documento a modalidade da rescisão do 
pacto laboral. 
Ademais, ainda que se entenda pela irregularidade da anotação, o que se 
admite somente em atenção ao princípio da eventualidade, não há dever de 
indenizar. 
No caso em tela, o reclamante não demonstrou a existência de qualquer 
constrangimento ou a dificuldade gerada pela anotação na busca de novo emprego. 
Não há nenhuma prova nos autos neste sentido, como exigem os arts. 818, da CLT e 
373, inciso I, CPC, aplicado subsidiariamente ao Direito Processual do Trabalho. 
Portanto, os requisitos ensejadores da responsabilidade civil insculpidos nos 
arts. 186 e 927 do Código Civil não se encontram presentes. A ausência de dano é 
patente, eis que como explicitado, o trabalhador não sofreu qualquer prejuízo efetivo 
com a anotação da dispensa por justa causa em sua CTPS. Além disso, a simples 
anotação não gera constrangimento ou ofensa a direito da personalidade passível de 
indenização por danos morais. 
Diantedo exposto, requer seja dado provimento ao Recurso Ordinário, a fim 
de julgar improcedente o pedido de indenização por danos morais. 
 
Em atenção ao princípio da eventualidade, caso se entenda que a hipótese é 
de reparação civil, o valor arbitrado (R$ 10.000,00) deve ser drasticamente reduzido. 
A quantia da indenização por danos morais violou o princípio da 
proporcionalidade e razoabilidade, assim como os arts. 884, 885, 886, 944, 945, do 
Código Civil. 
 
Cabe ao julgador a fixação do quantum indenizável em casos dessa natureza, 
sendo que a indenização do dano moral não pode se converter em fonte de abuso e 
enriquecimento ilícito. Para arbitrá-la cabe ao magistrado utilizar-se de parâmetros e 
critérios razoáveis, considerando tanto a situação econômica do ofensor, quanto à da 
vítima. 
Ressalta-se que a condição econômica da recorrente não permite o pagamento 
de indenização no valor fixado, principalmente, por se tratar de empregadora 
doméstica, cujo marido está em idade avançada e em precária condição de saúde. 
Exige-se, por isso mesmo, muita prudência e cautela da parte dos Julgadores 
no trato desse delicado tema, evitando-se, assim, indenização desproporcional ao 
suposto dano acarretado, levando ao enriquecimento sem causa do recorrido, 
violando diretamente os artigos 884, 885 e 886 do Código Civil, que assim dispõem: 
 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será 
obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores 
monetários. 
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem 
a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição 
se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. 
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que 
justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir. 
Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao 
lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido. 
 
Da mesma forma, tanto o parágrafo único do artigo 944, quanto o artigo 945, 
do CC/2002, determinam que se houver excessiva desproporção entre a gravidade da 
culpa e o dano, deverá o julgador, para a fixação do quantum, utilizar o princípio da 
razoabilidade e da proporcionalidade. 
A reparação civil também deve levar em conta a extensão do dano, o que não 
foi considerado no caso vertente, em clara afronta ao art. 944 do Código Civil: 
 
 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa 
e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. 
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a 
sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em 
confronto com a do autor do dano. 
 
Com efeito, a utilização de elementos meramente subjetivos, não apuráveis no 
caso concreto, para fixação da pena pode possibilitar a condenação em indenizações 
completamente diferentes para situações substancialmente iguais. 
 Nítida a violação ao artigo 5º, V, da Constituição da República/88, haja vista 
que as decisões não obedeceram ao princípio da proporcionalidade. 
Neste aspecto, pelo princípio da eventualidade, cabe enfatizar a orientação 
fixada pelo Código Civil, eis que nos artigos 944 a 946 são estabelecidos critérios para 
a fixação do valor pecuniário nas reparações civis. A indenização deverá ser analisada 
tendo em vista, exclusivamente, a repercussão do dano na vítima e a sua 
mensurabilidade em pecúnia. 
Por todo o exposto, incontroverso que a fixação de indenização por danos 
morais no valor de R$10.000,00 é extremamente exorbitante, devendo ser reduzida 
a patamares razoáveis e proporcionais. Nesse sentido é o entendimento do Colendo 
Tribunal Superior do Trabalho: 
 
RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. BANCÁRIO. 
TRANSPORTE DE NUMERÁRIO. DESVIO DE FUNÇÃO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. 
A fixação do valor da indenização por dano moral deve se pautar na 
razoabilidade e proporcionalidade, pelo que se deve evitar um valor 
exorbitante ou irrisório, a ponto de levar a uma situação de enriquecimento 
sem causa ou a de não cumprir a função inibitória. Observadas as 
circunstâncias do caso concreto, o valor da reparação deve ser reduzido de R$ 
100.000,00 (cem mil reais) para R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), por traduzir 
prudência e proporcionalidade ao dano sofrido, pois não consagra a 
 
impunidade do empregador ante a reiteração da conduta ilícita e serve de 
desestímulo a práticas que possam retirar do trabalhador a sua dignidade, 
ofendendo-lhe a honra e a imagem. Recurso de revista conhecido e provido. 
(RR - 651-44.2012.5.05.0035, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data 
de Julgamento: 21/05/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 30/05/2014). 
 
Diante do exposto, caso não seja o pleito julgado improcedente, requer seja o 
valor da indenização por danos morais drasticamente reduzido. 
 
 
II. 4 – Honorários Advocatícios 
 
Como já salientado no início da peça recursal, foi deferido à recorrente os 
benefícios da assistência judiciária gratuita. Todavia, foi determinado o pagamento 
de honorários advocatícios. 
Não resta dúvida de que a condenação ao pagamento de honorários 
advocatícios contraria a ordem legal processual, eis que a Lei n. 13.467/17, cuja 
vigência se inicia em 11/11/2017, não pode ser aplicada para casos ajuizados 
anteriormente a tal data. Entendimento diverso, como o consignado na sentença, 
implica em violação ao princípio da segurança jurídica, o que não pode ser tolerado. 
Quando o Código de Processo Civil de 2015 entrou em vigor houve controvérsia 
semelhante, pois as regras referentes aos honorários advocatícios passaram por 
significativas mudanças. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o seguinte 
entendimento a respeito do tema: 
 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NATUREZA JURÍDICA. LEI NOVA. MARCO 
TEMPORAL PARA A APLICAÇÃO DO CPC/2015. PROLAÇÃO DA SENTENÇA. (…) 7. 
Os honorários advocatícios repercutem na esfera substantiva dos advogados, 
constituindo direito de natureza alimentar. 8. O Superior Tribunal de Justiça 
propugna que, em homenagem à natureza processual material e com o escopo 
 
de preservar-se o direito adquirido, AS NORMAS SOBRE HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS NÃO SÃO ALCANÇADAS PELA LEI NOVA. 9. A sentença, como ato 
processual que qualifica o nascedouro do direito à percepção dos honorários 
advocatícios, deve ser considerada o marco temporal para a aplicação das 
regras fixadas pelo CPC/2015. 10. Quando o capítulo acessório da sentença 
referente aos honorários sucumbenciais for publicado em consonância com o 
CPC/1973, serão aplicadas as regras do antigo diploma processual até a 
ocorrência do trânsito em julgado. Por outro lado, nos casos de sentença 
proferida a partir do dia 18.3.2016, as normas do novo CPC regularão a 
situação concreta. 11. No caso concreto, a sentença fixou os honorários em 
consonância com o CPC/1973. Dessa forma, não obstante o fato de esta Corte 
Superior reformar o acórdão recorrido após a vigência do novo CPC, incidem, 
quanto aos honorários, as regras do diploma processual anterior. (STJ, 4ª 
Turma, Recurso Especial Nº 1.465.535 – SP (2011/0293641-3, Rel. Ministro Luis 
Felipe Salomão, Publicação DJ Eletrônico: 07/10/2016). 
 
Ademais, o art. 791-A, da CLT, padece de vício de constitucionalidade, como já 
arguido em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade (n. 5766). Ora, não é 
razoável que o Poder Judiciário reconheça que a parte não tem condição de arcar 
com os custos do processo sem prejuízo do seu próprio sustento e, ainda assim, 
determinar o pagamento de honorários advocatícios. 
Ora, se a recorrente é pobre no sentido legal, sendo dispensada do pagamento 
das custas processuais e até mesmo do depósito recursal, por óbvio que não há 
qualquer razoabilidade ou lógica na condenaçãoao pagamento de honorários 
advocatícios. 
Dessa forma, requer seja dado provimento ao Recurso Ordinário, julgando-se 
improcedente o pagamento de honorários advocatícios. 
 
 
 
 
 
 
IV– Pedido 
 
Diante do exposto, requer seja dado provimento ao Recurso Ordinário, nos 
termos da fundamentação supra. 
 
Termos em que pede juntada deferimento. 
 
Local, 01º de dezembro de 2017. 
 
Nome e assinatura do advogado. 
 
 
 
 
 
Vamos rememorar os aspectos processuais que são necessários serem 
observados para que o operador do direito maneje, corretamente, a peça processual a 
ser apresentada. 
 
1) Contrarrazões 
 
O Direito Processual do Trabalho, como os demais ramos do direito, observa os 
preceitos constitucionais do contraditório e da ampla defesa. 
No Recurso Ordinário interposto, a recorrente tem o dever de explicitar as razões 
pelas quais não se conforma com a sentença prolatada. Deve lançar mão de todos os 
argumentos fáticos e jurídicos possíveis para ensejar a reforma do julgado. A ausência 
Fundamentando! 
 
de combate aos fundamentos da decisão judicial acarretam o não conhecimento do 
recurso, ou seja, ele sequer tem seu mérito analisado pelo órgão julgador. Neste 
contexto, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) editou a Súmula n. 422, cuja redação é 
a seguinte: 
 
RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO 
(redação alterada, com inserção dos itens I, II e III) - Res. 199/2015, DEJT 
divulgado em 24, 25 e 26.06.2015. Com errata publicada no DEJT divulgado em 
01.07.2015. 
I – Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as razões 
do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos 
em que proferida. 
II – O entendimento referido no item anterior não se aplica em relação à 
motivação secundária e impertinente, consubstanciada em despacho de 
admissibilidade de recurso ou em decisão monocrática. 
III – Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso ordinário da 
competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja 
motivação é inteiramente dissociada dos fundamentos da sentença. 
 
No atual momento merece destaque o disposto em seu inciso I, que prevê 
justamente que a falta de impugnação dos fundamentos da decisão faz com que o 
recurso não seja conhecido. Embora a mencionada Súmula verse sobre recurso para o 
TST, ela se aplica analogicamente aos demais recursos. 
As razões recursais, portanto, delimitam a matéria que foi devolvida ao Tribunal 
para a prolação de nova decisão. São justamente os fundamentos lançados pelo 
recorrente em seu Recurso Ordinário que devem ser combatidos pela parte contrária, 
com o intuito de que a decisão seja mantida naquilo que lhe foi favorável. 
As contrarrazões são, portanto, o exercício pleno do contraditório garantido pelo 
art. 5º, inciso LV, da CF/88, consagrando a dialeticidade processual. 
 
Elas devem ser interpostas no mesmo prazo do recurso a que se combate, 
contados de intimação específica para a prática deste ato processual, conforme 
disposto no art. 900, da CLT: 
 
Art. 900 - Interposto o recurso, será notificado o recorrido para oferecer as suas 
razões, em prazo igual ao que tiver tido o recorrente. 
 
Deve-se fazer menção particular aos Embargos de Declaratórios. Nos termos do 
art. 1.022, do Código de Processo Civil de 2015, aplicável subsidiariamente ao Direito 
Processual do Trabalho por força do art. 769, da CLT, o referido recurso é cabível em 
caso de omissão, contradição, obscuridade ou erro material. A CLT disciplina a 
interposição dos Embargos de Declaratórios no art. 897-A, esclarecendo em seu §2º 
que a parte contrária somente terá oportunidade de se manifestar sobre os 
mencionados Embargos se houver possibilidade de efeito modificativo, isto é, que ao 
sanar omissão, obscuridade, contradição ou erro material o julgador altere o conteúdo 
decisório. Veja-se todo o disposto no art. 897-A: 
 
Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão no prazo 
de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão 
subsequente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito 
modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e 
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. (Incluído 
pela Lei nº 9.957, de 2000). 
§ 1º Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de 
qualquer das partes. (Redação dada pela Lei nº 13.015, de 2014). 
§ 2º Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá 
ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que 
ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 
13.015, de 2014). 
§ 3º Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de 
outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular 
a representação da parte ou ausente a sua assinatura. 
 
 
No tocante aos pontos que devem ser tratados na peça processual, você, aluno, 
deverá utilizar os argumentos fáticos e jurídicos constantes na petição inicial e na 
própria sentença para rebater a pretensão empresarial de reforma da decisão de 
primeiro grau. 
Vamos peticionar? 
 
 
 
 
 
QUADRO SINÓPTICO DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA APLICÁVEL 
(Referidos e não referidos nas explicações anteriores) 
 
Assunto CRFB/88 CLT CPC/2015 TST STF 
Contrarrazões Art. 5º, inciso 
LV. 
Art. 893; Art. 
895; Art. 899; 
Art. 900 
Art. 1.022. Súmula n. 422; - 
Feriados laborados - - - Súmula n. 444; Lei n. 605/49 
Intervalo 
intrajornada 
- Art. 71 - Súmula n. 437 
Indenização por 
danos morais 
Art. 7º, inciso 
XXVIII 
Art. 29, Art. 
223-A; Art. 223-
B; Art. 223-C; 
Art. 223-D; Art. 
223-E; Art. 223-
F; Art. 223-G; 
- Acórdão n. 0001114-
19.2012.505.0024 
Arts. 186 e 927 do 
Código Civil 
Honorários 
advocatícios 
- Art. 791-A; - - - 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
 
 
VAMOS PETICIONAR! 
 
 Caro aluno, assim como no Recurso Ordinário, a peça processual deve ser 
endereçada para o juízo que prolatou a decisão, devendo combater os argumentos 
lançados no recurso pela reclamada. 
Indique na peça recursal as razões pelas quais a decisão de primeiro grau deve 
ser mantida no que tange aos temas tratados no Recurso Ordinário. 
Sugere-se para fins didáticos que a peça processual tenha tópico relativo à 
tempestividade, a fim de demonstrar que ela foi interposta no momento adequado. 
 
 
PRIMEIRA FASE! 
 
Questão 1 – A respeito da interposição das contrarrazões, assinale a alternativa 
correta: 
 
a) As contrarrazões servem para buscar a reforma da sentença. 
b) Quando forem interpostos Embargos de Declaração, a parte contrária sempre deve 
se manifestar sobre ele antes de seu julgamento. 
c) Os fundamentos lançados pelo recorrente em seu Recurso Ordinário não devem ser 
combatidos pela parte contrária nas contrarrazões. 
d) As contrarrazões devem ser interpostas no mesmo prazo do recurso a que se 
combate, contados de intimação específica para a prática deste ato processual. 
e) Quando forem interpostos Embargos de Declaração, a parte contrária nunca deve se 
manifestar sobre ele antes de seu julgamento. 
 
 
 
Questão 2 – Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta: 
 
I – As contrarrazões são o exercício pleno do contraditório. 
II – As razões recursais não delimitam a matéria que será devolvida ao Tribunal para 
a prolação de nova decisão. 
III – Os Embargos de Declaração somente são cabíveis no Direito Processual do 
Trabalho para sanar erro material. 
 
a) Se todas as afirmativas forem verdadeiras. 
b) Se apenas a afirmativa I for verdadeira. 
c) Se apenas as afirmativas I e II forem verdadeiras. 
d) Se apenas as afirmativas I e III forem verdadeiras. 
e) Se apenas as afirmativas II e III forem verdadeiras. 
 
Gabarito: 
 
Questão 1 – d)As contrarrazões se prestam a rebater os argumentos lançados pela parte contrária na 
recursal. Devem ser interpostas no mesmo prazo do recurso a que se combate, 
contados de intimação específica para a prática deste ato processual, conforme 
previsão do art. 900 da CLT. 
No que diz respeito aos Embargos de Declaração, a parte contrária somente se 
manifestará sobre ele caso haja possibilidade de efeito modificativo da decisão 
embargada. 
 
 
Questão 2 – b) 
 
As contrarrazões são o exercício pleno do contraditório, pois permitem que a parte 
recorrida se manifeste sobre o Recuso Ordinário apresentado. 
Por sua vez, as razões recursais delimitam a matéria que será devolvida ao Tribunal 
para a prolação de nova decisão. Somente as questões que estão contidas no Recurso 
Ordinário é que poderão ser objeto de apreciação pela instância superior. 
Nos termos do art. 1.022, do Código de Processo Civil de 2015, aplicável 
subsidiariamente ao Direito Processual do Trabalho por força do art. 769, da CLT, os 
Embargos de Declaratórios são cabíveis em caso de omissão, contradição, obscuridade 
ou erro material.

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