Buscar

trabalhista 04

Prévia do material em texto

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA – GO.
Processo n° 0010001-10.2015.5.18.0002
ALBANO MACHADO, já qualificada nos autos, em que contende com MARIA JOSÉ PEREIRA, também qualificado nos autos, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado ao final assinado, com fulcro nos artigos. 893, II e 895, I, ambos da CLT, interpor:
RECURSO ORDINÁRIO
Solicitando o recebimento do presente recurso, bem como intimação da Recorrida para apresentar contrarrazões ao Recurso Ordinário, nos termos do art. 900 da CLT, e a posterior remessa dos autos ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da ...Região.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Goiânia – GO, 28 de Novembro de 2017.
ADVOGADO/OAB n°...
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ... REGIÃO 
Recorrente: Maria José Pereira
Recorrido: Albano Machado
Processo: 0010001-10.2017.518.0002
 
1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
1.1 DO CABIMENTO DO RECURSO ORDIN Á RIO 
Prevê o art. 895 da CLT o cabimento de recurso ordinário contra as decisões definitivas ou terminativas de processos decididos nas Varas do Trabalho ou nos Tribunais Regionais do Trabalho, em razão de competência originária. 
Trata-se de decisão terminativa, cabendo o recurso ordinário, pois segundo o referido artigo, é legalmente previsto para combater esse tipo de decisão, sendo, portanto, adequada a sua interposição, já que a r. sentença não merece ser mantida, razão pela qual a Requerente postula pela sua reforma parcial. 
1.2. DO INTERESSE PROCESSUAL
Visto que objetiva atacar parcialmente a decisão recorrida, tem interesse processual.
1.3. DA LEGITIMIDADE
Tendo em vista que o Recorrente é parte parcialmente vencida da decisão, é parte legitima para recorrer.
1.4. DA TEMPESTIVIDADE
A r. sentença foi publicada em 21/11/2017, iniciando o prazo para interpor recurso ordinário no dia 22/11/2017 e tendo como marco final o dia 01/12/2017.
Assim sendo, é tempestivo o presente Recurso.
1.5. DO DÉPOSITO RECURSAL E DAS CUSTAS PROCESSUAIS
Garante o artigo 98 da Lei 13.105/15 que a ‘pessoa natural ou jurídica brasileira ou estrangeira com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça na forma da lei.
Tem-se que a falta de capacidade do empregador para efetuar o pagamento do depósito recursal não significa que lhe possa ser vedado o direito ao recurso (art. 5°, IV, CF) com a imposição da deserção.
Não obstante ser uma norma constitucional (art. 5°, XXXV) o exercício do direito de ação pressupõe a observância de alguns pressupostos (interesse, legitimidade e possibilidade jurídica do pedido), os quais são exigíveis por legislação infraconstitucional. Como desdobramento do direito de ação, o recurso possui pressupostos (dentre eles, o preparo). Porém, com base no art. 5°, LXXXIV, da CF, a concessão do benefício da gratuidade de justiça quando o empregador declarar, sob as penas da lei, que não possuir recursos para o pagamento das custas processuais, assim sendo, admite-se prova iuris tantum.
Sendo assim, é inadmissível a negativa de benefício da justiça gratuita, incluída a isenção do pagamento das custas processuais e do depósito recursal, diante da literalidade do artigo 98, §1°, inciso VIII do CPC.
Em face do deferimento dos benefícios da assistência judiciaria gratuita em favor da Reclamada, consequentemente implica-se a desnecessidade de recolhimento de custas e do depósito recursal, sob pena de violação do direito constitucional de ampla defesa e contraditório.
2. DO DIREITO
2.1. DOS FERIADOS LABORADOS EM DOBRO
A sentença julgou procedente o pedido de pagamento em dobro dos feriados, invocando a Sumula n°444, do TST.
Embora a Sumula invocada na decisão de primeiro grau tenha previsão de pagamento dos feriados laborados no regime 12x36, observa-se que ela não tem efeito vinculante, ou seja, a diretriz adotada na referida Sumula não é a ideal.
No caso em apreço, prever o pagamento do feriado em dobro é desconsiderar a essência do regime 12x36, uma vez que a empregadora será obrigada a conceder folga ao obreiro, não sendo praticado o sistema de 12 horas de trabalho por 36 de descanso.
Ademais é de se salientar que a folga compensatória já existe, uma vez que o trabalho executado em dia de feriado já é automaticamente compensado pelas folgas naturais inerentes ao regime 12x36.
Assim, requer a reforma da r. Sentença para que seja afastada a condenação da recorrente ao pagamento dos feriados laborados em dobro.
2.2. DO INTERVALO INTRAJORNADA
A sentença também deferiu ao trabalhador o pagamento de uma hora por dia decorrente da supressão do intervalo intrajornada, acrescida de 50%, a partir de 02/06/2015 até o termino do contrato de trabalho.
De acordo com o demonstrado, deve-se ressalvar que o reclamante sempre usufruiu de pausa para alimentação em tempo superior a uma hora, pois também parava as atividades laborais quando o enfermo dormia, não gerando assim, direito a uma hora extra por dia em razão da inobservância do intervalo intrajornada.
Requer diante do exposto, a reforma da r. Sentença para que seja afastada a condenação da recorrente ao pagamento de uma hora por dia, acrescida de 50%.
2.3. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS (JUSTA CAUSA)
A decisão de primeiro grau condenou a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais no importe de R$10.000,00, pelo fato de ter sido aposto na CTPS do trabalhador que a rescisão do contrato de trabalho se deu por justa causa.
Destaca-se que a referida anotação da rescisão deve constar na CTPS, obedecendo a disposição do mesmo artigo, no parágrafo 2°, “c”, que não atribui qualquer ressalva quanto à disposição motivada.
Merece assim a Sentença ser reformada, uma vez que a reclamada só fez constar em sua carteira de trabalho que a rescisão do contrato de trabalho ocorreu por justa causa, não efetuando qualquer anotação desabonadora a sua conduta, tendo em vista que esta informação não irá lhe prejudicar na busca por um novo emprego, pois a reclamada apenas obedeceu ao disposto no art. 29, §2°, “c”, da CLT.
Ademais, é de se notar que não estão presentes no caso em concreto, os requisitos ensejadores da reparação civil, notadamente o dano a qualquer direito da personalidade do trabalhador, ou seja, o recorrido não demonstrou a existência de qualquer constrangimento que tenha sido causado pela aplicação da dispensa por justa causa em sua CTPS. Não alegou que foi impedido de obter um novo emprego por este fato.
Ademais, é de se notar que não estão presentes no caso em comento, os requisitos ensejadores da reparação civil, notadamente o dano a qualquer direito da personalidade do trabalhador, ou seja, o Recorrido não demonstrou a existência de qualquer constrangimento que tenha sido causado pela aplicação da informação da dispensa por justa causa em sua CTPS. Não alegou que foi impedido de obter novo emprego por este fato. 
Necessário se faz mencionar que os princípios jurídicos que são utilizados para a análise do dano e o montante fixado: a razoabilidade e a proporcionalidade. Esses princípios baseiam-se nos princípios gerais da justiça e liberdade. Assim buscam o justo equilíbrio entre o exercício do poder e a preservação dos direitos dos cidadãos, trazendo harmonia e bem estar social, evitando assim atos arbitrários. Dentro do razoável há a moderação, equilíbrio e harmonia, este princípio aufere a justiça valor máximo conferido pelo ordenamento jurídico.
Assim o interprete, ao proferir sua decisão, deve fixar um valor indenizatório de modo a reparar o atentado à reputação sofrida pelo ofendido, como também servir de desestimulo a novas agressões por parte do ofensor. Apesar dessa função punitiva da reparação por dano moral, cabe ao julgador levar em consideração o grau de potencialidade econômica do autor do fato, a fim de evitar o enriquecimento sem causa, considerando que a real intenção é o justo equilíbrio entre reparação e punição, atendendo mais a uma função educativa baseada na vida em comunidade,o respeito mútuo e construção social.
Na hipótese de o pagamento de indenização por danos morais sejam devidos, considerando os fatos supracitados, a condição econômica da reclamada, a extensão dos danos, requer, com o devido respeito, a reforma da sentença, no sentido de que deva ser reduzido o valor atribuído à referida indenização, fixada na origem em R$ 10.000,00, para R$ 5.000,00.
2.4. DA MULTA 
  Art. 477.  Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.
2.4. DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS 
A empregadora foi condenada ao pagamento de honorários advocatícios no importe de 5% do valor da condenação apurado em sede de liquidação de sentença.
Antes, deve-se lançar mão do direito intertemporal ou seja, a reclamação trabalhista foi distribuída antes da vigência da reforma trabalhista (Lei n. 13.467/17). Cabe indagar se a lei processual passa a vigorar de forma imediata ou retroativa, ou seja, a nova lei alcança os processos em curso ou somente aqueles cujas ações tenham sido ajuizadas após a sua vigência, em novembro de 2017.
O trabalhador foi condenado ao pagamento de honorários advocatícios no importe de 5% do valor da condenação apurado em sede de liquidação de sentença. Para combater esta condenação deve-se lançar mão, primeiramente, do direito intertemporal, ou seja, mesmo a reclamação trabalhista sendo distribuída antes da vigência da reforma trabalhista (Lei n. 13.467/17) a nova regra dos honorários advocatícios prevista no art., 791-A, da CLT.
A norma processual tem efeito prospectivo e imediato, entretanto vale lembrar que as regras de direito intertemporal contem exceções importantes. São chamadas de regras de sobredireito aquelas que não criam situações jurídicas imediatas, mas regulam sua aplicação no tempo, no espaço e na interlocução das fontes do direito.
A primeira exceção ao principio da aplicação imediata da norma processual encontra-se no próprio texto constitucional, ao dispor que a lei nova “não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Em igual sentido é o art. 6°, §1°, da LINDB.
Trata-se, pois, de garantir a segurança jurídica a fim de evitar surpresas prejudiciais às partes, ou mesmo proteger as situações jurídicas já iniciadas. 
Observa-se que o CPC fez questão de declarar que as disposições revogadas do CPC/73, atinentes aos ritos sumários e especiais continuam em vigor para as ações não sentenciadas até a data do novo CPCP. Em igual sentido são as regras da CLT.
Art. 912 - Os dispositivos de caráter imperativo terão aplicação imediata às relações iniciadas, mas não consumadas, antes da vigência desta Consolidação.
Art. 915 - Não serão prejudicados os recursos interpostos com apoio em dispositivos alterados ou cujo prazo para interposição esteja em curso à data da vigência desta Consolidação.
Para solver quaisquer dúvidas importa invocar uma terceira exceção à regra geral da aplicação imediata. Trata-se do princípio do não prejuízo aos litigantes pela lei processual nova. Com efeito, a nova legislação somente se aplica às situações em curso, quando para beneficiar as partes, a exemplo da nova contagem em dias uteis prevista no artigo 775 da CLT.
Ademais, não s pode perder de vista que a condenação carece de lógica jurídica, pois a própria sentença reconhece o estado de dificuldade da reclamada, deferindo-lhe os benefícios da assistência judiciária gratuita, o que implica na desnecessidade de recolhimento de custas e do depósito recursal. Então verificada a boa-fé da empregadora, pessoa física recorrente, no qual haja comprovada sua hipossuficiência, e identificando o intuito de que seja feita plena justiça em não compactuar com o enriquecimento desmedido do empregado, não há razão para que o pagamento dos honorários advocatícios lhe seja devido.
Por consequência, a condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios no importe de 5% do valor da condenação apurado em sede de liquidação de sentença não se aplica.
3. DO PEDIDO
Diante do exposto requer o conhecimento e o provimento do presente Recurso Ordinário, para fim de reforma da r. sentença, nos moldes dos itens supramencionados.
Nestes temos em que, 
Pede deferimento.
Goiânia/GO, 28 de Novembro de 2017.
ADVOGADO/OAB n°...

Continue navegando