Buscar

ALEGAÇÕES FINAIS (1)

Prévia do material em texto

Centro Universitário Cesmac
Curso de Direito
Alícia Giordanna de Souza Barbosa
Camilla Bernardo Couto Santos
Isabela Dandara Litrenta Mendonça
 ALEGAÇÕES FINAIS
Maceió- Alagoas
2020
AO JUÍZO Vara Criminal da Comarca de ____, Estado de ___
Processo de nº ____
 José Pereira, qualificado nos autos da ação penal, em epígrafe, que lhe move o Ministério Público, por infração ao artigo 157 ,§2º , incisos I e II, por seu advogado que esta subscreve, vem a presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 403 do Código de Processo Penal, apresentar seus MEMORIAIS ESCRITOS, expondo, para ao final, requerer o que se segue:
Dos Fatos
 O presente processo, diz respeito a suposta prática do crime de roubo, com concurso de duas ou mais pessoas, segundo consta na exordial, no dia 28-03-2015, por volta das 17 horas e 40 minutos o ora imputado, em conjunto com duas outras pessoas, invadiram a agência do Banco Maceió e anunciaram o assalto, onde estavam presentes o vigia, Manoel e a bancária, Maria José.
 O vigia Manoel foi ouvido durante as fases do Inquérito Policial e fez retrato falado dos ladrões, porém faleceu antes de ser ouvido em juízo. 
 Já a bancária Maria José, afirmou que não consegue reconhecer o réu, pois não lembra da cara dos ladrões e pelo fato do ato não ter demorado nem cinco minutos. Ademais mencionou também não ter ocorrido violência e não ter visto nenhuma arma, além do mais, relatou que o sistema de vigilância estava com defeito e não houve filmagem do suposto crime e que Manoel era meio distraído. 
 Por conseguinte, o policial Pedro Domingos prestou depoimento em juízo, afirmando que o réu negou sua participação no roubo, que nenhuma arma foi apreendida em poder do indiciado e que sua prisão ocorreu apenas por conta de um retrato falado realizado por Manoel, além disso, nenhum dos outros supostos autores foram identificados.
 Na fase de requerimento de diligências, foi juntada a folha de antecedentes penais do réu, na qual consta o Inquérito em curso pela prática de crime contra o patrimônio.
Do Mérito
Como será demonstrado, os motivos alegados pela acusação não se sustentam. Vejamos:
 Segundo o policial Pedro Domingos, o indiciado foi preso apenas por conta do depoimento do vigia e da realização do retrato falado feito pelo mesmo, ainda em fase de inquérito policial, o que não há de se admitir, como podemos observar na jurisprudência a seguir:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL PENAL. ART. 155 DO CPP. PRONÚNCIA FUNDADA EM ELEMENTOS EXCLUSIVAMENTE EXTRAJUDICIAIS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Força argumentativa das convicções dos magistrados. Provas submetidas ao contraditório e à ampla defesa. No Estado Democrático de Direito, o mínimo flerte com decisões despóticas não é tolerado e a liberdade do cidadão só pode ser restringida após a superação do princípio da presunção de inocência, medida que se dá por meio de procedimento realizado sob o crivo do devido processo legal. 2. Art. 155 do CPP. Prova produzida extrajudicialmente. Elemento cognitivo destituído do devido processo legal, princípio garantidor das liberdades públicas e limitador do arbítrio estatal. 3. Art. 483, III, do CPP. Sistema da íntima convicção dos jurados. Sob o pálio de se dar máxima efetividade ao referido princípio, não se pode desprezar a prova judicial colhida na fase processual do sumário do Tribunal do Júri. 3.1. O juízo discricionário do Conselho de Sentença, uma das últimas etapas do referido procedimento, não apequena ou desmerece os elementos probatórios produzidos em âmbito processual, muito menos os equipara a prova inquisitorial. 3.2. Assentir com entendimento contrário implica considerar suficiente a existência de prova inquisitorial para submeter o réu ao Tribunal do Júri sem que se precisasse, em última análise, de nenhum elemento de prova a ser produzido judicialmente. Ou seja, significa inverter a ordem de relevância das fases da persecução penal, conferindo maior juridicidade a um procedimento administrativo realizado sem as garantias do devido processo legal em detrimento do processo penal, o qual é regido por princípios democráticos e por garantias fundamentais. 3.3. Opção legislativa. Procedimento escalonado. Diante da possibilidade da perda de um dos bens mais caros ao cidadão - a liberdade -, o Código de Processo Penal submeteu o início dos trabalhos do Tribunal do Júri a uma cognição judicial antecedente. Perfunctória, é verdade, mas munida de estrutura mínima a proteger o cidadão do arbítrio e do uso do aparelho repressor do Estado para satisfação da sanha popular por vingança cega, desproporcional e injusta. 4. Impossibilidade de se admitir a pronúncia de acusado com base em indícios derivados do inquérito policial. Precedentes. 5. Agravo regimental improvido.
 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.740.921 - GO (2018/0113754-7)
 Logo, o depoimento feito por Manoel não seria válido, visto que não foi realizado em juízo, além disso, Maria José já teria afirmado que ele era uma pessoa muito distraída e que por conta do nervosismo poderia ter se confundido.
 No entanto, a bancária não reconheceu o indiciado e os outros participantes, pois tudo aconteceu muito rápido, além de ter dito que não ocorreu nenhum tipo de violência para com ambos.
 O policial afirmou com precisão que não foi encontrada qualquer arma em poder do suposto réu e que não foram localizados os outros supostos autores.
 Ademais, pelo fato de o sistema de vigilância estar com defeito, não houve qualquer filmagem que poderia servir como prova para indiciar o suspeito, não podendo assim, basear-se em um depoimento que ocorreu fora do juízo.
 Tendo em vista a falta de provas contundentes, não podendo reconhecer a autoria de José Pereira, deverá ser aplicado o princípio “In dubio pro reu”, ou seja, na dúvida deverá beneficiar o réu. Devendo a decisão a ser tomada baseada no artigo 386, II, V e VII, do Código de Processo Penal, onde verifica-se a sentença absolutória por falta de provas.
 Caso este não seja o entendimento de Vossa Excelência, subsidiariamente, que se reconheça a desclassificação do roubo para o furto, considerando que não houve violência ou grave ameaça, requisitos estes, essenciais para tipificação do crime de roubo.
Ou também, poderá existir a possibilidade de a pena restar no mínimo legal, já que não há razão de agravantes e causas de aumento de pena. O suposto réu não tem qualquer condenação transitada em julgado, como mostra as suas folhas de antecedentes criminais juntadas aos autos, então não deve haver nenhuma determinação de sanção, de acordo com a súmula 444, do STJ.
Considerações Finais
 A acusação não logrou provar o que imputara na denúncia e as provas produzidas impõe a prolação de uma sentença absolutória.
	 É imprescindível para uma para uma condenação criminal, um juízo de certeza. Meras suposições não bastam para levar a uma sentença penal condenatória. Entretanto, se Vossa Excelência entender de forma diversa, a condenação não pode ser nos termos que entende o Ministério Público, devendo ser considerados os argumentos acima expendidos.
Dos Pedidos
	 Por tudo o que foi exposto e provado, a defesa requer:
	 A absolvição do réu, tendo em vista por falta de provas, devendo a decisão a ser tomada baseada no artigo 386, II, V e VII, do Código de Processo Penal.
	 Caso Vossa Excelência entenda de forma diversa, afastando a absolvição apontada, quanto ao mérito, postula-se a desclassificação do crime de roubo para o crime de furto.
	 Apenas pela eventualidade, em caso de afastamento da tese meritória, subsidiariamente requer a possibilidade de a pena restar no mínimo legal, já que não há razão de agravantes e causas de aumento de pena.
Nestes termos
Pede deferimento.
Local e data.
 
Advogado

Continue navegando