Buscar

Papel do Conselho Nacional de Justiça na auditoria pública

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Papel do Conselho Nacional de Justiça na auditoria pública
Para reconhecer o papel do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é preciso entender alguns conceitos relacionados com a sua atuação. Um dos principais é o de accountability e sua importância para o órgão e outros a estes ligados. 
Nas palavras de Silva (2012) a accountability está relacionada, do ponto de vista da auditoria, com a obrigação e um determinado ente (público ou privado) responder por recursos à sua disposição. Assim, pode-se dizer que nesse caso a accountability está ligada com a obrigação de prestar contas ligada com a responsabilidade delegada. 
Já para Robl Filho (2013) a accountability tem um conceito mais amplo, juridicamente falando, partindo também de uma delegação de poderes, de prestar informações ou ainda justificações sobre ações ou atividades. Aqui existem dois tipos de accountability a vertical e a horizontal. A vertical ocorre da seguinte forma: 
[...] os cidadãos sancionam por meio da eleição os agentes estatais eleitos (accountability eleitoral) pela ação e pelos resultados dos representantes e a sociedade civil e a imprensa sancionam (por meio de denúncias e exposição pública) agentes estatais eleitos ou não eleitos (uma modalidade de accountability vertical não eleitoral ou accountability social (Robl Filho, 2013, p. 30). 
Tomio e Robl Filho (2013) ainda apontam que a accountability horizontal ocorre quando os agentes estatais, sejam eles individuais ou coletivos, requerem informações ou justificativas de outros agentes ou tem o poder de sancioná-los. 
A accountability ainda pode aparecer em diferençar definições e formas, como na própria relação entre o povo e Estado, das relações de poder e como este é exercido, das suas formas de controle, entre outros. Porém o foco aqui é mais ligado à questão de prestação de informações, contas e à questão da auditoria governamental, por isso, o sentido será mais ligado a esta situação. 
Especificamente em relação à questão do controle interno e, por consequência da auditoria, que está ligada com a accountability, já que esta faz parte da verificação de informações, houve no ano de 1994 por meio da Emenda Constitucional 45/2004 (BRASIL, 2004), também reconhecida como reforma do Judiciário. A emenda se deu por meio da introdução do artigo 103-B na Constituição Federal (BRASIL, 1988), tal dispositivo trata da composição do CNJ:
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009)
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009)
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
X um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Robl Filho (2013) afirma que a criação CNJ permite a accountability sobre agentes estatais que podem ser exemplificados pelos tribunais, magistrados, os serviços auxiliares e outros que atuam por delegação que é a passar a autoridade por meio de competência. 
De acordo próprio CNJ (2019) uma de suas funções é aperfeiçoar o sistema judiciário do Brasil, visando aspectos de transparência administrativa e processual. De acordo com a Emenda Constitucional nº 45, de 2004
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;
V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.
Quando relacionado à questão do Controle Interno de forma específica, ou seja, o CNJ exerce o controle interno dos membros do judiciário, mas o que isso quer dizer?
Os controles dentro da Administração Pública ocorrem porque quem atua na área devem agir de acordo com as normas legais que fixam as competências dos órgãos, de acordo com estas há a delimitação do campo de atuação. Isso quer dizer que um agente público deve agir com independência absoluta, ou seja, não pode praticar atos que não sejam autorizados por lei. 
Agentes públicos também não devem praticar atos que objetivem o interesse ou fim público, assim é necessário o controle, em sua forma ampla na Administração Pública (CASTRO, 2018). O autor ainda cita as formas pela qual o controle é exercido pelo Estado com um sistema de freios e contrapesos pela divisão e independência dos poderes da União e diferentes níveis do governo e Federação. 
Então, conforme observa-se na EC 45 (BRASIL, 2004) o CNJ acaba atuando como é um órgão de controle Interno, atua com questões administrativas e tem competêncialigada aos órgãos e juízes que estão hierarquicamente abaixo do Supremo Tribunal Federal. 
A partir do ano de 2007 foi assinado um termo entre o Tribunal de contas da Uniao e o CNJ para que pudesse existir uma ação integrada entre os dois órgãos, visando a cooperação técnica da ação de ambos. Para compreender melhor como isso ocorrerá acesse o link a seguir. https://www.cnj.jus.br/termo-de-coopera-entre-cnj-e-tcu-garante-mais-transparia-ao-judicio/
Assim foi possível compreender como o CNJ foi criado, suas importâncias, principais características e o contexto em que estes atuam. Além disto, outro ponto foi a diferença entre o conceito de controle interno e externo e como o CNJ atua no controle interno e como as ações do CNJ têm sido coordenadas para que este órgão possa atuar, por exemplo, junto a órgãos, por exemplo, como o Tribunal de Contas da União. 
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 28/10/2020
BRASIL. Emenda Constitucional No. 45, de 30 de Dezembro, de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc45.htm>. Acesso em: 28/10/2020
CASTRO, D. P. Auditoria, contabilidade interno no setor público: integração das áreas do ciclo de gestão: contabilidade orçamento e auditoria e organização dos controles internos, como suporte à governança corporativa. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
CNJ. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj/quem-somos-e-visitas/>. Acesso em: 28/10/2020
ROBL FILHO, I. N. Conselho Nacional de Justiça: estado democrático de direito e accountability. São Paulo: Editora Saraiva, 2013. 
TOMIO, F. R. DE L.; ROBL FILHO, I. N. Accountability e independência judiciais: uma análise da competência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Revista de Sociologia e Política, v. 21, n. 45, p. 29–46, mar. 2013.

Continue navegando