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SISTEMA DE ENSINO NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União Livro Eletrônico 2 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Apresentação .................................................................................................................3 Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União ........................................4 1. Direito Administrativo Disciplinar ................................................................................4 1.1. Conceito ....................................................................................................................4 1.2. Fontes ......................................................................................................................5 1.3. Princípios .................................................................................................................8 2. Regime Disciplinar da Lei n. 8.112 ...............................................................................9 2.1. Introdução ...............................................................................................................9 2.2. Deveres ................................................................................................................. 10 2.3. Proibições ............................................................................................................. 12 2.4. Acumulação .......................................................................................................... 19 2.5. Responsabilidades .................................................................................................22 2.6. Penalidades ...........................................................................................................25 3. Processo Administrativo no Âmbito da União ...........................................................35 3.1. Disposições Gerais .................................................................................................35 3.2. Sindicância ............................................................................................................38 3.3. Afastamento Preventivo........................................................................................39 3.4. Processo Administrativo Disciplinar ..................................................................... 40 3.5. Revisão do Processo .............................................................................................57 3.6. Processo Administrativo Sumário ........................................................................ 60 Questões de Concurso ..................................................................................................65 Gabarito .......................................................................................................................75 Gabarito Comentado .....................................................................................................76 https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO ApresentAção Olá, tudo bem? Espero que sim! Na aula de hoje, estudaremos o Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores Públi- cos da União. Para isso, faremos uso das disposições da Lei n. 8.112. No entanto, é importante destacar que não são todos os artigos da norma em questão que são exigidos neste ponto da matéria, mas sim apenas aqueles especificamente relacionados com os diversos tipos de processos destinados a apurar a responsabilidade funcional dos agentes públicos. Nesta aula, nosso estudo será dividido em três partes: a) Inicialmente, conheceremos as principais características do Direito Administrativo Disci- plinar, ramo do direito que fundamenta a existência dos processos administrativos disciplinares. b) Após, conheceremos o regime disciplinar dos servidores da União, ou seja, os deveres, as proibições e as demais regras que, quando não observadas, serão objeto de investigação. c) Por fim, veremos os processos administrativos que são utilizados como forma de in- vestigar e de aplicar sanções aos servidores públicos da União. Grande abraço e boa aula! Diogo https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR DOS SERVIDORES DA UNIÃO 1. Direito ADministrAtivo DisciplinAr 1.1. conceito O conceito do Direito Administrativo Disciplinar não envolve maiores dificuldades. Assim como ocorre com outros ramos do direito, a parte “disciplinar” está ligada à aplicação de sanções administrativas em caso de cometimento de infrações ou irregularidades por parte daqueles que são regidos por determinada norma. E como o Direito Administrativo rege, principalmente, os agentes públicos, são estes os atingidos pelas regras do direito disciplinar. Vejamos alguns conceitos acerca do tema, de acordo com importantes autores. Para Hely Lopes Meirelles, o conceito abrange um conjunto de regras e princípios: O Direito Administrativo Disciplinar se configura por interposição de um conjunto de regras e prin- cípios que se atraem, adquirem conexão e que gravitam em torno de um núcleo fundamental co- mum, consistente na necessidade e no interesse de se aperfeiçoar progressivamente o serviço público no âmbito interno da Administração Pública. Isaías Dantas Freitas, por sua vez, apresenta a seguinte definição: Ramo do Direito Administrativo que tende regular as relações disciplinares entre o Estado-Admi- nistração e seu corpo funcional, ou seja, tem em vista a normatização dos deveres dos servidores, suas proibições, a apuração das faltas cometidas pelos mesmos, bem como o bom emprego da respectiva sanção disciplinar, objetivando, desse modo, permitir o bom funcionamento da máquina administrativa em acordo com os preceitos legais que norteiam a Administração Pública. Com base nestes dois conceitos, podemos afirmar que o Direito Administrativo Disciplinar se trata de um conjunto de princípios e procedimentos utilizados pela Administração Pública com a finalidade de apurar as infrações cometidas pelos seus agentes e, em caso de compro- vação, para fundamentar a aplicação de sanções administrativas. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 1.2. Fontes Quando estudamos o Direito Administrativo, verificamos que ele é formado, basicamente, por meio de quatro fontes, sendo elas as leis, a jurisprudência, a doutrina e os costumes. A lei é a fonte primária do Direito Administrativo e, por isso mesmo, a mais importante de- las. Em virtude de estarmos em um Estado democrático de Direito, toda manifestação de von- tade da administração pública deve estar amparada por uma Lei que a autorize ou determine. Devemos ficar atentos que o vocábulo “lei”, enquanto fonte, abrange não apenas a lei em sentido estrito, mas também todas as normas aptas a inovar no ordenamento jurídico, tais como a Constituição, as Leis delegadas, as Leis complementares e as Emendas Consti- tucionais. Compreende, ainda, os regulamentos administrativos, os estatutos funcionais, os regimentos internos, as instruções e os tratados internacionais firmados pela República Fe- derativa do Brasil. A doutrina é o conjunto de teorias e teses criadas pelos estudiosos da matéria. Como o Di- reito Administrativo não é codificado, diversos são os autores que buscam estudar a matéria e, a partir disso, desenvolver suas teorias. A doutrina influenciana produção das leis e das decisões administrativas e judiciais. Ao contrário do que ocorre com a jurisprudência, que tende a se nacionalizar-se, a doutrina tende a possuir um caráter universal, uma vez que os autores que discorrem sobre os assuntos do Direito Administrativo não são exclusivos de um determinado país. Trata-se a doutrina de uma fonte secundária do Direito Administrativo. A jurisprudência é o conjunto de decisões dos tribunais sobre determinada matéria. São fontes secundárias, uma vez que não podem contrariar as leis, e possuem a característica da nacionalização, uma vez que suas decisões são tomadas apenas pelos tribunais que com- põem o Poder Judiciário de um determinado ordenamento jurídico. A jurisprudência possui um caráter mais prático do que a lei, uma vez que se aplica, na imensa maioria das vezes, a casos concretos que são levados à análise do Poder Judiciário. Situação interessante ocorre com as Súmulas Vinculantes, que são expedidas pelo STF nas situações em que haja controvérsia entre órgãos judiciários ou entre esses e a adminis- tração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Com a edição das Súmulas, objetiva-se a pacificação do entendimento, evitando-se que novas questões sejam suscitadas sobre o mesmo assunto. E como as Súmulas Vinculantes inovam no ordenamento jurídico, são consideradas, ain- da que classificadas como jurisprudência, como fontes primárias do Direito Administrativo. Desta forma, pode-se afirmar que a jurisprudência, em regra, é fonte secundária do Direito Administrativo, devendo obediência às disposições legais. Em caráter de exceção, encon- tram-se as Súmulas Vinculantes, que, por inovarem no ordenamento, são consideradas, tal como as leis, fontes primárias deste ramo do direito. Os costumes são as práticas reiteradas de um determinado comportamento, que, embora não esteja expresso em uma norma, são observadas por toda a administração. Deve-se ter um grande cuidado para diferenciarmos os costumes sociais dos costumes administrativos. Os costumes sociais são regras não escritas e observadas de maneira uniforme pelo grupo social, tal como ocorre, por exemplo, com a formação de filas. Neste caso, não são os costumes sociais fontes secundárias do Direito Administrativo, sendo, quando muito, fontes indiretas. Os costumes administrativos são as práticas reiteradas de diversos comportamentos, por parte dos agentes administrativos, com a convicção da necessidade de sua obrigatoriedade. Para que um costume seja classificado como administrativo, dois são os requisitos que devem ser observados: a) a repetição de um comportamento da administração pública; b) a convicção da necessidade de sua obrigatoriedade. Obs.: � Os costumes administrativos, quando houver lacuna na lei, são classificados como fontes secundárias. Além das quatro tradicionais fontes do Direito Administrativo, é possível identificar como fonte específica do Direito Administrativo Disciplinar o estatuto e o código de ética. O estatuto pode ser definido como a lei que elenca todos os direitos, obrigações, deveres, responsabilidades e proibições que os agentes públicos de determinada categoria devem ob- servar em sua vida funcional. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO É com base no estatuto que Administração Pública consegue verificar se houve ou não algum tipo de infração funcional. Em caso positivo, tem ela o dever de aplicar as sanções previstas em lei. Para realizar as investigações necessárias acerca do cometimento de infrações, deve a administração seguir os procedimentos estabelecidos no estatuto da categoria. No âmbito federal, o estatuto dos servidores está expresso na Lei n. 8.112, sendo que os principais procedimentos estabelecidos na lei (para a apuração das infrações) são, como ve- remos adiante, a sindicância e o procedimento administrativo disciplinar. O código de ética trata-se, assim como o estatuto, de uma norma destinada a regulamen- tar as condutas de determinada classe de agentes. No entanto, ao contrário do que ocorre com o estatuto, o código de ética não possui, por si só, o poder de aplicar sanções disciplinares para as irregularidades graves cometidas. Se tomarmos como exemplo o âmbito federal, observamos que a única sanção passível de aplicação, por parte das comissões de ética, é a censura, que possui hierarquia inferior, inclusive, à advertência. Assim, o código de ética pode ser definido como uma fonte secundária do Direito Admi- nistrativo Disciplinar. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 1.3. princípios Como o próprio nome sugere, os princípios possuem a característica de “início”, “base”, “pedra fundamental”. É por meio deles que todo o ordenamento jurídico se estrutura, gerando, para a Administração, uma série de prerrogativas e sujeições que devem ser observadas para garantir o bem-estar da coletividade. Durante muito tempo, o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) era de que a força dos princípios era meramente integradora, de forma que o seu uso estaria restrito às situações onde não fosse possível a resolução do conflito com a legislação vigente. Com o passar dos anos, os princípios adquiriram força de norma jurídica, de forma que, atualmente, possuem imperatividade e impõem condutas a serem seguidas pelos seus desti- natários. Nos dias atuais, a doutrina majoritária possui o entendimento de que, os princípios, por serem normas gerais e dotadas de altíssimo grau de abstração, possuem hierarquia su- perior, até mesmo, às demais normas jurídicas. Na visão do STF, violar um princípio, por exemplo, é muito pior do que violar uma lei, haja vista que, ao infringir um princípio, se está desobedecendo a todo o ordenamento ju- rídico vigente. Além dos princípios que regem o Direito Administrativo, é possível identificar, no âmbito do Direito Administrativo Disciplinar, os seguintes princípios: a) Princípios do contraditório e da ampla defesa: De acordo com o contraditório, o acusa- do tem a garantia de defesa em todos os processos que sejam instaurados contra ele. Trata- -se do direito de contradizer as acusações que são a ele atribuídas. A ampla defesa, por sua vez, garante que todos os meios de prova lícitos possam ser usa- dos pelo acusado para fazer valer a sua defesa. Ambos os princípios são verdadeiras garantias conferidas ao acusado no curso dos pro- cessos sancionatórios. b) Princípio da presunção de inocência: Trata-se de um princípio basilar não só do Direito Administrativo Disciplinar, mas sim de todos os demais ramos do direito em que tenhamos a possibilidade de aplicação de penalidades. A presunção de inocência encontra previsão no texto da Constituição Federal: https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal con- denatória; Ainda que o princípio seja oriundo do processo penal, o entendimento atual é de que tra- ta-se de princípio aplicado em todos os processos relacionados com a aplicação de sanções, ainda que na esfera administrativa. De acordo com este princípio, o acusado será considerado inocente até que a comissãoque está conduzindo o procedimento comprove, efetivamente, a sua culpa. c) Princípio do formalismo moderado: De acordo com este princípio, ainda que a Adminis- tração Pública, para aplicar uma sanção ao agente, deva instaurar um procedimento, não pode este procedimento ser extremamente formal ao ponto de inviabilizar a sua própria finalidade. Em outros termos, o Poder Público tem o dever de instaurar o procedimento previsto em lei antes da aplicação das sanções (até mesmo porque é com o procedimento formal que o acusado passa a conhecer aquilo que contra ele está sendo formulado, podendo usufruir das garantias do contraditório e da ampla defesa). No entanto, o formalismo do procedimento não pode ser excessivo ao ponto de prejudicar a aplicação da sanção administrativa dentro de um regular período de tempo. 2. regime DisciplinAr DA lei n. 8.112 2.1. introDução Para que possamos compreender a importância dos diversos processos administrativos destinados a investigar os servidores, temos que, em um primeiro momento, conhecer o regi- me disciplinar aplicável aos respectivos agentes. A origem do regime disciplinar está intimamente ligada a alguns conceitos elementares do Direito Administrativo, mais precisamente os relacionado com os poderes hierárquico e disciplinar. De acordo com a doutrina, é por meio do poder disciplinar que a administração púbica pode punir tanto os seus agentes internos quanto os particulares que estejam ligados a ela por algum vínculo específico. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Dessa forma, existe poder disciplinar quando a administração pública aplica a penalida- de de advertência a um determinado servidor que se encontra a ela subordinado. Do mesmo modo, temos uma manifestação do poder disciplinar quando um órgão público, verificando que um licitante não cumpriu com as obrigações estipuladas em um contrato administrativo, aplica a sanção de suspensão. Em ambos os casos, tivemos uma penalidade sendo aplicada. No entanto, em apenas um desses casos a pessoa punida estava subordinada à administração. E é justamente tal característica (subordinação) a base de outro importante poder: o hie- rárquico. Por meio dele, a administração possui as prerrogativas de delegar, avocar, fiscalizar e aplicar sanções. Assim, chegamos a uma importante constatação: a) Quando a administração pune internamente os seus servidores pelas infrações por eles cometidas, estamos diante do poder disciplinar exclusivamente interno. Esse poder, justa- mente por ser apenas interno, deriva do poder hierárquico. b) Quando a administração pune o particular que mantém algum tipo de vínculo específico com o Poder Público (como uma empresa privada que tenha celebrado um contrato adminis- trativo) também estamos diante do poder disciplinar, só que agora, ao contrário do exemplo anterior, o mesmo aplica-se a terceiros e, por isso mesmo, não deriva do poder hierárquico. Tudo isso nos permite afirmar que o regime disciplinar da administração pública é decor- rência direta do poder disciplinar e indireta do poder hierárquico. Nos termos da Lei n. 8.112, o regime disciplinar dos servidores está construído em cinco capítulos: deveres, proibições, acumulação, responsabilidades e penalidades. 2.2. Deveres Art. 116. São deveres do servidor: I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II – ser leal às instituições a que servir; III – observar as normas legais e regulamentares; IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; V – atender com presteza: https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI – levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; VII – zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX – manter conduta compatível com a moralidade administrativa; X – ser assíduo e pontual ao serviço; XI – tratar com urbanidade as pessoas; XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre- sentando ampla defesa. De acordo com o estatuto federal, temos uma série de deveres para os servidores públicos regidos pela norma. Salienta-se que a lista de deveres apresentada não é taxativa, mas sim meramente exemplificativa, de forma que o servidor não pode alegar que deixou de cumprir com algu- ma obrigação por ela não estar prevista expressamente no texto da norma que rege a sua categoria funcional. A lista de deveres apresentada pelo Estatuto Federal pode ser dividida em duas diferentes vertentes: deveres pertinentes ao comportamento funcional e deveres relativos ao comporta- mento profissional. No primeiro caso, ou seja, nos deveres funcionais, estamos diante de obrigações que de- vem ser cumpridas pelos agentes que ocupam cargos públicos em razão da sua condição de servidores estatais. Caso tais pessoas não fossem servidores, não haveria o menor sentido em exigir o cumprimento destes deveres. Os deveres comportamentais, por outro lado, são aqueles que independem da condição de servidor público, sendo inerentes a todas as atividades profissionais desempenhadas pelos particulares. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO São deveres que possuem uma maior amplitude, uma vez que as pessoas deverão ob- servá-los não apenas até o momento em que possuírem algum vínculo com o Poder Público, como também nas atividades particulares ou após o término do vínculo estatal. Vejamos quais são os deveres funcionais e comportamentais apresentados pela Lei n. 8.112: Deveres funcionais Deveres comportamentais I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; V – atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, res- salvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI – levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra auto- ridade competente para apuração; VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição; XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. II – ser leal às instituições a que servir; III – observar as normas legais e regu- lamentares; IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; VII – zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; IX – manter conduta compatível com a moralidade administrativa; X – ser assíduo e pontual ao serviço; XI – tratar com urbanidade as pessoas; 2.3. proibições No tocante às proibições, temos que identificar, além da lista de possibilidades estipula- das pela Lei n. 8.112, qual a penalidade cabível quando do seu descumprimento. Desta forma, duas informações sãoessenciais para compreendermos a relação proibição x penalidade. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO a) A reincidência da conduta anteriormente penalizada com advertência implica na pena de suspensão. Como exemplo, podemos citar o servidor público que deixou de cumprir algum dever fun- cional e foi inicialmente penalizado com advertência. Caso o servidor volte a cometer a mesma infração (ainda que a penalidade inicial seja advertência), a pena, agora, será a de suspensão. b) Para efeito das proibições que serão elencadas daqui por diante, três penas são possí- veis de serem aplicadas: advertência, suspensão e demissão. Tais penalidades obedecem a uma gradação estabelecida pelo legislador, de forma que as infrações mais leves recebem advertência, as de nível intermediário (ou reincidências de advertência) recebem suspensão e as de maior gravidade são punidas com demissão. Art. 117. Ao servidor é proibido: I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da re- partição; III – recusar fé a documentos públicos; IV – opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V – promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; XIX – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. Nos primeiros incisos do artigo 117, bem como no seu inciso XIX, a Lei n. 8.112 estabelece as proibições que são consideradas menos gravosas. Todos os incisos relacionados acarre- tam para ao servidor, quando da sua ocorrência, a pena de advertência. Vejamos brevemente cada uma das situações elencadas: a) ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imedia- to: Como decorrência da hierarquia das relações internas, o servidor apenas pode ausentar- -se do serviço, no período de expediente, se tiver anuência da chefia imediata. Evita-se, com isso, que boa parte dos servidores da repartição se ausente ao mesmo tempo, situação que prejudicaria o atendimento à população. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO b) retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição: O princípio da Indisponibilidade do Interesse Público estabelece que a admi- nistração, quando no desempenho de suas atividades, deve apenas gerir o patrimônio alheio, não possuindo qualquer “disposição” sobre o mesmo. Logo, é incabível que o servidor retire qualquer documento ou objeto da repartição, ficando excepcionadas as situações em que a autoridade competente anuir previamente. c) recusar fé a documentos públicos: Não pode o servidor público recusar-se a receber qualquer tipo de documento oficial, exceto se houver suspeita de fraude ou de algum outro tipo de irregularidade. O conceito de documento oficial abarca os emanados de quaisquer órgãos ou entidades públicas. d) opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço: O servidor público federal não pode opor resistência injustificada ao andamento de documento ou processo. Da mesma forma, não pode opor-se, injustificadamente, quanto à execução de serviço. Em ambos os casos, nota-se que a oposição do servidor apenas caracteriza uma proibi- ção quando for feita de forma injustificada. Caso, em sentido oposto, o servidor verifique que um determinado processo, documento ou serviço contém algum tipo de vício, não deverá ele dar prosseguimento, devendo adotar as medidas legalmente cabíveis com o objetivo de apu- rar a irregularidade. e) promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição: Como de- corrência do princípio da Impessoalidade, a prestação de serviço público deve ser feita de forma isonômica para todos os administrados. Neste mesmo sentido, o serviço interno deve ser executado de forma imparcial, evitando que convicções pessoais atrapalhem o ambiente de trabalho. Manifestar apreço, dessa forma, é demonstrar uma elevada predileção por algum colega, pessoa ou coisa. Em sentido oposto, a manifestação de desapreço pode ser entendida como a demonstração pública de insatisfação com tais entes. Salienta-se que o objetivo da norma não é o de proibir que o servidor tenha convicções, crenças ou preferências. O que a norma quer evitar é que tais sentimentos sejam externados https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO aos demais colegas e particulares, evitando-se assim que o ambiente de trabalho seja objeto de disputas e preferências. f) cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempe- nho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado: Nesta situação, o servidor deixa de praticar uma atribuição legalmente prevista para o seu cargo, transferindo o seu exercício para um terceiro não lotado na repartição pública. g) coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político: Estabelece a Constituição Federal a liberdade de associação sindical como um direito fundamental de todos os particulares. Não pode o servidor público, como consequência, fazer uso de suas prerrogativas hierárquicas para influenciar a filiação de subordinados à sindicato ou associação. h) manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, compa- nheiro ou parente até o segundo grau civil: Os cargos e funções de confiança são de livre escolha pela autoridade superior, que pode, de forma semelhante, retirar a função ou o cargo comissionado quando entender conveniente para o serviço público. Considerando que o exercício de tais funções está pautado em uma relação de confian- ça, ao estabelecer a mencionada proibição, a intenção do legislador foi a de evitar que tais prerrogativas fossem concentradas em um mesmo núcleo familiar, dando ensejo à prática de nepotismo. Neste aspecto, merece destaque o inteiro teor da Súmula Vinculante n. 13, da lavra do STF, que apresenta a seguinte redação: Súmula Vinculante n. 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessora- mento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gra- tificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Desta forma, ainda que o texto da norma vede o exercício para parentes até o segundo grau, o entendimento majoritário, conforme se observa da Súmula do STF, é de que a proibi-ção deve ser observada até o terceiro grau. i) recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado: A exigência de que seus servidores mantenham os dados cadastrais atualizados é um dos mecanismos de controle interno da Administração Pública. Caso o servidor, intimado pelo Poder Público a atualizar seus dados cadastrais, não o faça no prazo legal, será ele penalizado até que a obrigação seja cumprida. Vejamos agora as demais infrações estabelecidas para os servidores públicos da União: XVII – cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; Como consequência para as duas proibições em questão, o servidor será suspenso, até o prazo de 90 dias, do exercício de suas atividades. Durante este tempo, ficará sem receber sua remuneração e sem contar o tempo de serviço como de efetivo exercício. Na primeira situação, o servidor comete a um colega da repartição atribuições que são estranhas ao cargo que ocupa. E como as atribuições de cada cargo são definidas por meio de lei, há uma ofensa direta ao princípio da legalidade. No segundo caso, o servidor exerce atividades particulares que são incompatíveis com o exercício do cargo público ou com o horário de trabalho. Como exemplo, cita-se o agente https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO estatal que possui jornada de trabalho das 12h às 19h e que, ainda assim, utiliza parte do pe- ríodo vespertino para divulgar, externamente à repartição, produtos que são comercializados por cônjuges e familiares. X – participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personifi- cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos seguin- tes casos: I – participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa cons- tituída para prestar serviços a seus membros; e II – gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de interesses. Como regra, o servidor público federal não pode exercer o comércio, uma vez que tal con- duta poderia implicar em conflito de interesses com as atividades desempenhadas no âmbito do serviço público. A proibição, contudo, fica restrita para os casos de gerência ou administração. Em senti- do oposto, poderá o servidor ser cotista, acionista ou comanditário de uma empresa privada, uma vez que, nestas hipóteses, o agente público não estará sendo o responsável pelas deci- sões da sociedade. Da mesma forma, caso o servidor faça uso da licença para tratar de interesses particula- res, poderá ele, durante o período em que estiver licenciado do cargo e sem o recebimento de remuneração dos cofres públicos, exercer o comércio. Para isso, deverá observar a legislação relativa ao conflito de interesses, não podendo, como consequência, desempenhar qualquer tipo de atividade que conflite com as atribuições do cargo público ou com o interesse da administração. Por fim, temos como exceção à regra da impossibilidade de exercer o comércio a partici- pação em conselhos administrativos e fiscais de empresas em que a União detenha partici- pação no capital social ou, ainda, a participação em sociedades cooperativas. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; Impede a Lei n. 8.112 que o servidor exerça a conhecida advocacia administrativa, prática na qual o agente público, por meio do tráfico de influências e fazendo uso da sua condição de servidor, trata de maneira mais benéfica as pessoas que representa. Em caráter de exceção, a norma possibilita que os servidores federais atuem como pro- curadores ou intermediários junto a repartições públicas. Para que isso ocorra, duas são as características que devem estar presentes: • A questão versar sobre benefícios previdenciários ou assistenciais; • Os benefícios forem concedidos a cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau do servidor. IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas; XV – proceder de forma desidiosa; XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; Em todas as situações elencadas nos incisos IX e XII a XVI, o resultado será a demissão do servidor público. Tais hipóteses de proibições, dessa forma, são as mais gravosas para o serviço público como um todo, violando drasticamente um ou mais princípios administrativos e acarretando, muitas vezes, a dilapidação do patrimônio público. Merece destaque, dos incisos mencionados, a prática de usura e a atuação de forma desidiosa. No que se refere à usura, esta pode ser configurada como a prática em que um servidor público empresta dinheiro para os colegas (ou até mesmo para terceiros) e exige, como con- trapartida, o recebimento de juros. Tal medida, caso fosse tolerada, poderia contaminar o ambiente de trabalho e prejudicar as relações entre os diversos servidores de uma repartição pública. A desídia, por outro lado, é o desleixo no desempenho das atividades que são atribuídas ao servidor. Como exemplo, pode-se citar os atrasos constantes no cumprimento da jornada de trabalho. 2.4. AcumulAção Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. § 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Es- tados, dos Territórios e dos Municípios. § 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compatibilida- de de horários. § 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunera- ções forem acumuláveis na atividade. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9º, nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração devida pela participação em conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social,observado o que, a respeito, dispuser legis- lação específica. Nos termos da constituição federal de 1988, a regra é a vedação à acumulação remune- rada de dois ou mais cargos públicos. E tal regra se aplica a todos os cargos, empregos e funções da administração direta ou indireta de todos os entes federados. Assim, ainda que o texto da Lei n. 8.112 seja direcionado apenas aos servidores públicos federais, por força da norma constitucional, a vedação à acumulação é uma regra mais ampla e que não se restringe ao ente federativo regulado pelo presente estatuto. As exceções, nas estritas hipóteses constitucionais, ficam ainda condicionadas à compa- tibilidade de horário entre os dois cargos públicos ocupados, sendo elas: • Dois cargos de professor; • Um cargo de professor com outro, técnico ou científico; • Dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regula- mentadas. • Permissão de acumulação para os vereadores, desde que atendidos os requisitos legais; • Permissão para os juízes e membros do Ministério Público exercerem o magistério; Situação interessante ocorre com os detentores de cargos em comissão. Tais servidores são pessoas que, muitas vezes, não integram o quadro funcional da entidade, sendo designa- dos por indicação do titular da unidade para exercer as funções de direção, chefia ou asses- soramento. A proibição de acumular é estendida ao recebimento de proventos decorrentes da apo- sentadoria com a remuneração de outro cargo da ativa, exceto quando os dois cargos forem passíveis de acumulação na atividade. Com isso, evita-se a prática do servidor aposentar-se em um cargo público e realizar con- curso público com a finalidade de acumular as duas remunerações. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Não é considerada acumulação de cargos, empregos ou funções públicas a participação do servidor público federal nos conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer em- presas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social (parágrafo único do art. 119). Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efe- tivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. Ressalta-se, por fim, que quando o servidor público acumular licitamente dois cargos pú- blicos e investir-se em cargo de provimento em comissão, deverá afastar-se de ambos os cargos efetivos, exercendo, como regra, apenas as atribuições do cargo em comissão. Caso, no entanto, haja compatibilidade de horários para o exercício simultâneo de um cargo efetivo com o cargo em comissão, poderá ocorrer a acumulação, desde que haja, para tal, a declaração da compatibilidade de horários declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidas. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 2.5. responsAbiliDADes Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições. Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. § 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. § 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. § 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor da herança recebida. Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor, nes- sa qualidade. Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou função. De acordo com as disposições da Lei n. 8.112, três são as esferas de responsabilidade a que os servidores públicos federais estão submetidos, sendo elas: civil, administrativa e penal. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Enquadram-se no conceito de responsabilidade civil todas as ações ou omissões do ser- vidor público que, agindo em nome da administração, cause algum dano ao particular ou ao próprio Poder Público. Neste caso, considerando que vigora, em nosso ordenamento jurídico, a teoria da impu- tação (por meio do qual todas as ações do servidor, no desempenho de suas atividades, são atribuídas ao órgão ou à entidade no qual ele desempenha suas atribuições), caberá ao Poder Público, inicialmente, responder pelos danos causados. Tendo a administração indenizado o particular, verifica ela se a atuação do agente público ocorreu com dolo ou culpa. Em caso positivo, pode ajuizar uma ação regressiva contra o ser- vidor. Julgada a ação regressiva e sendo o servidor condenado a restituir os cofres públicos, será este intimado para pagar o valor devido no prazo de 30 dias. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Não o fazendo e não possuindo bens que possam garantir a execução, poderá ser defe- rido parcelamento, desde que o valor das parcelas não seja inferior a 10% da remuneração, pensão ou proventos recebidos pelo agente estatal. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade, conforme previsão do artigo 123 da Lei n. 8.112. A responsabilidade administrativa, por sua vez, resulta de ato omissivo ou comissivo praticado pelo servidor no desempenho do cargo ou função. Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição cri- minal que negue a existência do fato ou sua autoria. As três esferas de responsabilização são independentes, de forma que é perfeitamente cabível que duas ou mais delas sejam acumuladas e imputadas ao servidor. Como exemplo, podemos citar o servidor público que utiliza materiais da repartição em ati- vidades particulares e que, para evitar que o fato chegue ao conhecimento de terceiros, faz uso da extorsão e da chantagem. Neste caso, além de ser responsabilizado administrativamente pelo ato de improbidade administrativa e civilmente caso tenha lesado o erário, responderá o servidor, da mesma forma, na esfera penal, pois praticou o crime de extorsão em conexão com as demais práti- cas ilícitas. A regra da acumulação de esferas, no entanto, apresenta duas exceções, que são as si- tuações em que a absolvição na esfera penal acarreta a absolvição na esfera administrativa. Para que isso ocorra, não basta a simples absolvição penal, mas sim que esta expressa- mente negue a existência do fato ou de sua autoria. No primeiro caso, prova-se que o fato imputado ao servidor não ocorreu. No segundo, ainda que o fato tenha ocorrido, a autoria da infração comprovadamente não é do servidor. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕESDE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra auto- ridade competente para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública. Como forma de incentivar que as práticas de improbidade administrativa e de crimes con- tra a Administração Pública sejam denunciadas, a Lei n. 12.527 promoveu a inclusão do men- cionado artigo no estatuto dos servidores. Com isso, objetiva-se garantir uma maior segurança aos servidores que, em virtude de suas atribuições, tem conhecimento da prática das referidas infrações. Assim, não podem eles ser responsabilizados por terem dado ciência à autoridade su- perior do cometimento de improbidade ou crime contra a Administração. Caso os servidores desconfiem que a autoridade imediatamente superior esteja envolvida no cometimento das https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO infrações, darão ciência a autoridade diversa, evitando, com isso, que a informação não seja investigada. 2.6. penAliDADes Art. 127. São penalidades disciplinares: I – advertência; II – suspensão; III – demissão; IV – cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V – destituição de cargo em comissão; VI – destituição de função comissionada. Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais. Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. São apenas estas as penalidades que passíveis de aplicação, ou seja, trata-se de uma lis- ta taxativa. Assim, não poderá a autoridade competente inovar e criar uma nova modalidade de penalidade para ser aplicada ao servidor. Da mesma forma, antes da aplicação de toda e qualquer penalidade deve ser garantido o contraditório e a ampla defesa, sob pena de ser invalidado todo o processo de aplicação. Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave. De acordo com o estatuto federal, as seguintes condutas acarretam a aplicação da penalida- de de advertência: a) Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; b) Retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; c) Recusar fé a documentos públicos; d) Opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e) Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; f) Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; Destaca-se que um cuidado maior deve ser dado a esta conduta, uma vez que ela vai contra o nível hierárquico das punições se compararmos com uma das condutas ensejado- ras de suspensão, que é o cometimento, a outro servidor, de atribuições estranhas ao cargo que ocupa. Em um primeiro momento, pode parecer que cometer uma atividade estranha a um ser- vidor é bem menor grave do que cometer uma atribuição a uma pessoa estranha ao serviço público. No entanto, não foi esta a opção adotada pelo legislador, sendo que devemos consi- derar, para efeitos de prova, as seguintes penalidades: g) Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; h) Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; i) Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. § 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recu- sar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO § 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço. De acordo com as disposições da Lei n. 8.112, encontramos as infrações passíveis de apli- cação da penalidade de suspensão pelo critério residual. Desta forma, as violações que não forem caracterizadas como advertência ou demissão serão penalizadas com a suspensão. • Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situa- ções de emergência e transitórias; • Exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; • Reincidência das faltas punidas com advertência; • Recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade compe- tente. Neste caso, a penalidade de suspensão será de até 15 dias, cessando seus efei- tos quando o servidor cumprir a obrigação. A suspensão não pode ser aplicada por prazo superior a 90 dias. A critério da autoridade competente, dentro das situações em que for conveniente para o serviço público, a pena de suspensão poderá ser substituída por multa de 50% por dia trabalhado. Imaginemos a situação onde um servidor foi punido com suspensão. No entanto, como a repartição em questão possui poucos servidores, seria mais danoso para o serviço público se o servidor penalizado permanecesse sem trabalhar durante o prazo de cumprimento da penalidade. Ainda que a administração tenha o dever de punir, esta punição não poderá resultar em um prejuízo maior à sociedade, haja vista ser esta a titular do interesse público. Assim, como meio de penalizar o servidor e não prejudicar a população, a administração poderá converter a pena de suspensão em uma multa, situação em que o servidor permanecerá trabalhando e receberá apenas 50% do que ganharia por dia normal de trabalho. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos. No que se refere às sanções de advertência e suspensão, estas, depois de decorrido certo lapso de tempo, terão seus registros cancelados dos assentamentos funcionais do servidor que houver sofrido a penalidade, sem que tal providência gere qualquer espécie de direito retroativo. Caso um servidor tenha sido penalizadocom suspensão e esta, por conveniência do serviço público, tenha sido convertida em multa de 50% por dia de trabalho, deverá o servidor, neste período, continuar no exercício de suas atividades, oportunidade em que receberá, durante o período da punição, apenas metade da sua remuneração. Decorrido o prazo de 5 anos, caso o servidor não tenha incorrido em uma nova infração dis- ciplinar, os registros da penalidade de suspensão serão cancelados dos registros do servidor. Neste caso, não poderá ele requerer o recebimento da remuneração que deixou de ganhar quando da aplicação da penalidade, uma vez que o cancelamento desta não gera direitos retroativos. Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: I – crime contra a administração pública; II – abandono de cargo; III – inassiduidade habitual; IV – improbidade administrativa; V – incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; VI – insubordinação grave em serviço; VII – ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos; IX – revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; X – lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; XI – corrupção; XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; XIII – transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Das hipóteses elencadas, merece destaque as situações de inassiduidade habitual e de abandono de cargo. Caracteriza-se a inassiduidade habitual quando o servidor falta ao serviço, sem justifica- tiva, por 60 dias, interpoladamente, durante o período de 12 meses, que são contados da data da ocorrência da primeira falta. Estará configurado abandono de cargo quando o servidor deixar, intencionalmente, o car- go e não retornar no prazo consecutivo de 30 dias. Quanto à demissão, não existe a possibilidade desta ser excluída dos assentamentos fun- cionais dos servidores. Trata-se a demissão de um ato vinculado, de forma que, quando da sua ocorrência, não terá a administração a discricionariedade de optar pela aplicação de ou- tra penalidade, conforme se observa de importante entendimento do STJ (MS 12217): A Administração Pública, quando se depara com situações em que a conduta do inves- tigado se amolda nas hipóteses de demissão ou cassação de aposentadoria, não dispõe de discricionariedade para aplicar pena menos gravosa por tratar-se de ato vinculado. O artigo 132, XIII, da Lei n. 8.112, estabelece a lista de proibições que, quando configura- das, acarretam a demissão do servidor público: a) Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da digni- dade da função pública; https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO b) Participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; c) Atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; d) Receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; e) Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; f) Praticar usura sob qualquer de suas formas; g) Proceder de forma desidiosa; h) Utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades par- ticulares; Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão. Caso um servidor cometa, na atividade, falta punível com demissão, e sendo a infração descoberta apenas após a aposentadoria do servidor (ou quando este encontrar-se em dis- ponibilidade), a respectiva aposentadoria ou disponibilidade será cassada, sofrendo o servi- dor, como consequência, os mesmos efeitos daqueles que se encontram na ativa. Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será apli- cada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em destituição de cargo em comissão. Como anteriormente afirmado, os cargos em comissão podem ser ocupados tanto por servidores efetivos quanto por particulares sem vínculo com o Poder Público. Neste último caso, e considerando que não há um vínculo prévio entre o ocupante do cargo em comissão e a Administração Pública, será ele destituído do cargo quando a infração cometida estiver capitulada com a penalidade de suspensão ou demissão. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou des- tituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. A aplicação da penalidade de demissão poderá acarretar a impossibilidade de o agente demitido retornar ao serviço público pelo prazo de 5 anos. Em outras situações mais gravo- sas, não poderá o agente público retornar ao serviço público, independente do lapso temporal. Por fim, certas condutas ensejadoras de demissão acarretam a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário. 1) Demissão ou destituição de cargo em comissão implicando indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário. Nestas hipóteses, o objetivo do legislador foi o de assegurar que o patrimônio do agente causador do dano não seja dilapidado, possibilitando assim o ressar- cimento dos prejuízos causados ao erário. Nos termos da Lei n. 8.112, três são as situações que ensejam, cumulativamente, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário: a) improbidade administrativa; https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO b) aplicação irregular de dinheiros públicos; c) lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; d) corrupção; 2) Demissão ou destituição de cargo em comissão implicando em proibição de retornar ao serviço público federal pelo prazo de 5 anos a) valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da digni- dade da função pública; b) atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; 3) Demissão ou destituição de cargo em comissão implicando impossibilidade de retornar ao serviço público federal indefinidamente a) crime contra a administração pública; b) improbidade administrativa; c) aplicação irregular de dinheiros públicos; d) lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; e) corrupção; Art. 141. As penalidades disciplinaresserão aplicadas: I – pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de apo- sentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade; II – pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; III – pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regula- mentos, nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias; IV – pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão. A depender da penalidade que está sendo aplicada, teremos diferentes autoridades competentes para a sua aplicação. Nota-se, da relação apresentada pela Lei n. 8.112, que as autoridades estão escalonadas de acordo com a gravidade da penalidade que está sen- do aplicada: https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Demissão ou cassação da aposentadoria ou disponibilidade Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República Suspensão superior a 30 dias Autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas competentes para aplicação de demissão ou cassação de aposentadoria Advertência e suspensão até 30 dias Chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regula- mentos Destituição de cargo em comissão Autoridade que houver feito a nomeação Entretanto, pode o Presidente da República delegar, aos respectivos Ministros de Estado, a competência para a aplicação da penalidade de demissão, conforme se observado do jul- gamento do Mandado de Segurança 7.024, da lavra do STJ: Possibilidade de o Presidente da República delegar aos Ministros de Estado a competên- cia para demitir servidores de seus respectivos quadros - parágrafo único do art. 84, CF. Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; II – em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III – em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. § 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido. § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capitula- das também como crime. § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente. § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. Ainda que a administração possua o dever de punir todas as infrações de que tiver co- nhecimento, cumpre informar que as penalidades devem ser aplicadas dentro de um lapso de tempo a partir da data em que o fato se tornou conhecido. E isso em plena consonância com o princípio da segurança jurídica, uma vez que não é admitida, em nosso ordenamento, a possibilidade de haver punições imprescritíveis. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Em outras palavras, isso implica em afirmar que, mesmo que um servidor tenha cometido uma infração e esta seja do conhecimento da administração, caso a repartição competente não tome as medidas legais (aplicação da penalidade) dentro de um determinado período, não mais poderá o fazer, uma vez que a ação disciplinar estará prescrita. Neste sentido, os prazos prescricionais previstos na norma federal apenas começam a contar da data em que as condutas se tornaram conhecidas por alguma autoridade admi- nistrativa. Suponhamos que um servidor tenha cometido, em janeiro de 2013, uma infração disciplinar passível de aplicação de suspensão. No entanto, por motivos diversos, a autoridade adminis- trativa apenas tomou conhecimento da infração cometida em junho de 2015. Nesta situação, o prazo prescricional (que, no caso da suspensão, é de 2 anos) apenas terá início em junho de 2015, ou seja, na data em que o fato se tornou conhecido por parte da administração. Sendo a infração de conhecimento de alguma autoridade administrativa, esta deverá, dentro do prazo prescricional legalmente previsto, instaurar sindicância ou processo admi- nistrativo disciplinar (a depender da gravidade da infração) com a finalidade de apurar todos os fatos ocorridos. Uma vez instaurada a sindicância ou o PAD, o prazo prescricional é interrompido. Isso implica em dizer que, após o término de algum dos procedimentos, o prazo prescricional vol- ta a ser contado desde o seu início. Esta, aliás, é a principal diferença entre a suspensão e a interrupção da contagem dos prazos da norma, ou seja, o fato do prazo, após o término da sindicância ou PAD, ser contado novamente do início ou pelo número de dias restantes. A autoridade administrativa toma conhecimento, em junho de 2010, de uma infração cometida por servidor federal. Se considerarmos que esta infração deve ser penalizada com a sanção de demissão, o prazo prescricional para que a pena seja aplicada vai até junho de 2015. Caso, em janeiro de 2015, a administração instaure um PAD com a finalidade de apurar a infração cometida pelo servidor, teremos a interrupção do prazo. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Assim, se a decisão da comissão for pela absolvição do servidor, bem como que esta tenha sido tomada em maio de 2015, o prazo, após o julgamento, volta a ser contado do início, dis- pondo a administração de mais 5 anos para aplicar uma eventual penalidade ao servidor. Relaciona-se abaixo, com o objetivo de facilitar a memorização, a prescrição de cada uma das penalidades da Lei n. 8.112: Penalidade Prescrição Demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão 5 anos Suspensão 2 anos Advertência 180 dias 3. processo ADministrAtivo no Âmbito DA união Como analisado, o Direito Administrativo Disciplinar faz uso de diversos instrumentos para alcançar o seu objetivo. Dentre os instrumentos utilizados, os mais importantes, se con- siderarmos que estamos no âmbito federal, são aqueles que encontram previsão nas dispo- sições da Lei n. 8.112, que, por sua vez, é a norma que estabelece o estatuto dos servidores públicos da União. Três são os procedimentos que encontram previsão na norma federal, sendo eles a sindi- cância, o processo administrativo disciplinar e o processo administrativo sumário. Dada a relevância com que as disposições da Lei n. 8.112, quando relacionadas com es- tes três procedimentos, são exigidas em concursos públicos, todos os artigos da norma em questão serão comentados, sendo feito o uso, quando necessário, dos entendimentos juris- prudenciais e doutrinários. 3.1. Disposições gerAis Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação da autoridade a que se refere, poderáser promovida por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregula- ridade, mediante competência específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o julgamento que se seguir à apuração. Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten- ticidade. Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto. Além das normas materiais, a Lei n. 8.112 estabelece uma série de procedimentos que devem ser observados para a aplicação das penalidades nela previstas. O processo adminis- trativo disciplinar, dessa forma, pode ser conceituado, de acordo com a definição de Ladisael Bernardo e Sérgio Viana, da seguinte forma: Um instrumento formal em que a Administração Pública, tendo como suporte o jus puniendi do Estado (via Poder Disciplinar, espécie do gênero Poder Administrativo), apura a existência de infra- ções de natureza funcional praticadas por seus servidores e, caso o apuratório resulte pela autoria da prática infracional, aplica a sanção adequada e prevista em instrumento legal pertinente. Importante frisar que a autoridade competente, tendo conhecimento de alguma irregulari- dade cometida no âmbito do serviço público, tem o dever de apurar as faltas cometidas. Caso o conhecimento da autoridade tenha ocorrido por meio de denúncia, esta deverá con- ter a identificação e o endereço do denunciante, além de ser formulada por escrito e confirma- da a autenticidade. Quando a denúncia não configurar infração administrativa ou ilícito penal, será arquivada pela autoridade competente, uma vez que, neste caso, haverá falta de objeto. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Trata-se a apuração das irregularidades, dessa forma, de uma medida vinculada do Po- der Público, podendo desenvolver-se por meio de sindicância ou de processo administrativo disciplinar. Salienta-se que a apuração não precisa, necessariamente, ser feita pela autoridade que que estiver sendo lesada com a irregularidade cometida pelo servidor. Neste sentido, a Lei n. 8.112 estabelece a possibilidade de delegação, para órgãos ou entidades diversos daqueles em que a infração tenha ocorrido, das atividades de apuração. Para que isso seja possível, a delegação deve ser feita pelas autoridades máximas dos respectivos Poderes da República. No âmbito do Poder Executivo, caberá ao Presidente da República; no Legislativo, aos Presidentes das respectivas Casas (Senado Federal e Câmara de Deputados); no Judiciário, aos Presidentes dos Tribunais Federais; no âmbito do Ministério Público da União, ao Procurador Geral da República. A possibilidade de delegação, contudo, não alcança todas as fases do processo admi- nistrativo ou da sindicância, mas sim apenas as etapas destinadas à apuração das irregu- laridades. O julgamento do processo, que é a etapa posterior à apuração, continua sendo de competência da autoridade legalmente prevista, sem possibilidade de delegação. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 3.2. sinDicÂnciA Art. 145. Da sindicância poderá resultar: I – arquivamento do processo; II – aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias; III – instauração de processo disciplinar. Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da autoridade superior. A sindicância pode ser conceituada como uma investigação preliminar com o objetivo de averiguar o cometimento de infrações pelos servidores. O prazo para o encerramento da sin- dicância é de 30 dias, podendo ser prorrogado, uma única vez, por mais 30 dias. Como resultado da sindicância, poderemos ter o arquivamento do processo, a aplicação das penalidades de advertência ou de suspensão até 30 dias ou, no caso de constatação de infração com maior gravidade, a instauração de processo administrativo disciplinar. A sindicância pode ser dividida em duas modalidades, sendo elas a preparatória e a pu- nitiva. Teremos a sindicância preparatória quando a estrita finalidade da sua instauração for https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 39 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO a de servir como base para o processo administrativo disciplinar. A sindicância punitiva, por sua vez, ocorre quando o procedimento, por si só, enseja a aplicação de alguma das penali- dades previstas em lei. Nota-se, assim, que o fato que distingue as duas modalidades é um só: a punição que será aplicada. A sindicância representa o início das investigações. Por meio dela, a autoridade administrati- va cumpre uma série de diligências com o objetivo de coletar provas que comprovem se real- mente houve uma infração funcional disciplinar. Caso a sindicância, por si só, verificar que houve uma infração punível com a penalidade de advertência ou de suspensão até 30 dias, será ela classificada como punitiva, uma vez que não haverá necessidade de instauração de procedimento administrativo disciplinar. Caso, em sentido oposto, a sindicância constate que houve o cometimento de uma penalida- de mais grave que a de suspensão por 30 dias, deverá ser instaurado o PAD, classificando-se a sindicância como preparatória. 3.3. AFAstAmento preventivo Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da irregu- laridade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração. Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo. Caso entenda necessário, a autoridade instauradora do processo poderá solicitar o afas- tamento preventivo do servidor, cujo prazo será de 60 dias, prorrogados por mais 60 em caso de necessidade. Objetiva-se, com o afastamento, que o servidor não dificulte os trabalhos da comissão, que terá, com a ausência do servidor, uma maior liberdade de atuação para averi- guar documentos e eventuais provas do cometimento da irregularidade. Considerando que o afastamento é medida cautelar, tem-se que o servidor continua rece- bendo sua remuneração normalmente durante o período de afastamento. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 40 de 97www.grancursosonline.com. Diogo Surdi Processo Administrativo Disciplinar dos Servidores da União NOÇÕES DE ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 3.4. processo ADministrAtivo DisciplinAr Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade de suspen- são por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo disciplinar. Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido. Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve
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