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Hidrologia: Águas subterrâneas Prof. Me. Neiriele Bruschi Montina 26.08.2020 Águas subterrâneas Do ponto de vista hidrológico, a água encontrada na zona saturada do solo é dita subterrânea zona saturada Em geral, exige menos tratamento antes do consumo do que a água superficial, em função de uma qualidade inicial melhor. Em regiões áridas e semi-áridas pode ser o único recurso disponível para consumo. Águas subterrâneas Fatores limitantes porosidade do subsolo: a presença de argila no solo diminui sua permeabilidade, não permitindo uma grande infiltração; cobertura vegetal: um solo coberto por vegetação é mais permeável do que um solo desmatado; inclinação do terreno: em declividades acentuadas a água corre mais rapidamente, diminuindo a possibilidade de infiltração; tipo de chuva: chuvas intensas saturam rapidamente o solo, ao passo que chuvas finas e demoradas têm mais tempo para se infiltrarem Percolação É a passagem de água da zona não-saturada (zona de aeração) para a zona saturada abastecimento dos aqüíferos (mantém vazão dos rios durante as estiagens); Redução do escoamento superficial: cheias, erosão Águas subterrâneas Distribuição de águas Reservatório Volume (%) Tempo médio de permanência Oceanos 94 4.000 anos Galerias e capas de gelo 2 10 – 1.000 anos Águas subterrâneas 4 2 semanas a 10.000 anos Lagos, rios, pântanos e reservatórios artificiais. < 0,01 2 semanas a 10 anos Umidade nos solos < 0,01 2 semanas a 1 ano Biosfera < 0,01 1 semana Atmosfera < 0,01 10 dias Ocorrência das águas subterrâneas No mundo Volume aprox. de 10.360.230 km3 (100 vezes mais abundante que as águas superficiais) Alguns especialistas indicam que a quantidade de água subterrânea pode chegar até 60 milhões de km3, mas a sua ocorrência em grandes profundidades pode impossibilitar seu uso Por essa razão, a quantidade passível de ser captada estaria a menos de 4.000 metros de profundidade, compreendendo cerca de 8 e 10 milhões de km3 No Brasil as reservas de água subterrânea são estimadas em 112.000 km3 (112 trilhões de m3) e a contribuição multianual média à descarga dos rios é da ordem de 2.400 km3/ano (2 % do volume) Nem todas as formações geológicas possuem características hidrodinâmicas que possibilitem a extração econômica de água subterrânea para atendimento de médias e grandes vazões pontuais As vazões já obtidas por poços variam, no Brasil, desde menos de 1 m3/h até mais de 1.000 m3/h Ocorrência das águas subterrâneas Qualidade das águas subterrâneas Durante o percurso no qual a água percola entre os poros do subsolo e das rochas, ocorre a depuração da mesma através de uma série 'de processos físico-químicos e bacteriológicos, tais como: troca iônica decaimento radioativo remoção de sólidos em suspensão neutralização de pH em meio poroso eliminação de microorganismos devido à ausência de nutrientes e oxigênio que os viabilizem Ou seja, as águas subterrâneas são filtradas e purificadas naturalmente no processo de percolação Uso das águas subterrâneas A exploração de água subterrânea está condicionada a fatores quantitativos, qualitativos e econômicos: Quantidade: intimamente ligada à condutividade hidráulica e ao coeficiente de armazenamento dos terrenos Qualidade: influenciada pela composição das rochas e condições climáticas e de renovação das águas Econômico: depende da profundidade do aqüífero e das condições de bombeamento. O que é um aquífero? Derivado do Latim, a palavra aquífero quer dizer: “ carregar água”. Unidades rochosas ou de sedimentos, porosas e permeáveis, que armazenam e transmitem volumes significativos de água subterrânea passível de ser explorada Se as formações geológicas não são aquíferas, podem ser: Aquitardo Pode armazenar água, mas transmissão lenta (não rentável) Aquicludo Armazena água, mas não a transmite (não circula) Aquífugo Impermeável, logo não armazena, nem transmite Em oposição ao termo aquífero, utiliza-se o termo AQUICLUDE para definir unidades geológicas que apesar de saturadas e com grande quantidade de água absorvida lentamente, são incapazes de transmitir um volume significativo de água Principais Aquíferos O Aquífero Guarani O Aquífero Guarani é a maior reserva subterrânea de água doce do mundo, sendo também um dos maiores em todas as categorias Volume de aproximadamente 55 mil km³ e profundidade máxima por volta de 1.800 m, com uma capacidade de recarregamento de aproximadamente 166 km³ ao ano por precipitação É dito que esta vasta reserva subterrânea pode fornecer água potável ao mundo por duzentos anos O Aquífero Guarani No Brasil, o aquífero guarani integra o território de oito estados: Mato Grosso do Sul 213 200 km² Rio Grande do Sul 157 600 km² São Paulo 155 800 km² Paraná 131 300 km² Goiás 55 000 km² Minas Gerais 51 300 km² Santa Catarina 49 200 km² Mato Grosso 26 400 km² Tipos de aquífero Tipos de aquífero Funções dos aquíferos Produção: consumo humano, industrial ou irrigação Estocagem e regularização: estocar excedentes de água que ocorrem durante as enchentes dos rios Filtro: corresponde à utilização da capacidade filtrante e de depuração bio-geoquímica do maciço natural permeável Transporte: é utilizado como um sistema de transporte de água entre zonas de recarga artificial ou natural e áreas de extração excessiva Estratégica: o gerenciamento integrado das águas subterrâneas Energética: aquecimento pelo gradiente geotermal como fonte de energia elétrica ou termal Mantenedora: mantém o fluxo de base dos rios Qual são os impactos sobre os aquíferos? Os Impactos Ambientais diferenciam em sua causa e efeito Fontes de poluição QUAIS SÃO OS IMPACTOS? Contaminação por agrotóxicos em solos que não favorece a degradação do agentes químicos, principalmente na zona de recarga dos aqüíferos Superexploração de aquiferos, que é a exploração da água subterrânea que ultrapassa os limites de produção das reservas reguladoras ou ativas do aqüífero, iniciando um processo de rebaixamento do nível potenciométrico do mesmo Subsidência de solos – movimento para baixo ou afundamento do solo causado pela perda de suporte subjacente, que leva ao colapso das construções civis Avanço da cunha salina – avanço da água do mar em superfície , sobre a água doce salinizando o aquífero Os aquíferos costeiros fluem quase sempre para o mar, em gradiente variável Impactos Ambientais sobre os aquíferos Impactos Ambientais sobre os aquíferos Impactos Ambientais sobre os aquíferos A espessura da água subterrânea fresca que flutua no topo da água subterrânea salgada é afectada pelo equilíbrio entre recarga e descarga de águas subterrâneas Figure 13.14 Se a taxa de descarga aumentar demais (por excesso de bombeamento), a água salgada aumentará, intrusão de água salgada no poço Inverted Cone of depression Figure 13.14 No encontro subterrâneo da água doce com a água salgada forma-se uma interface denominada cunha salina. Por ser mais densa, a água salgada fica abaixo da água doce, permitindo que poços bem próximos à praia ainda captem água doce Só em casos de intensa explotação, a cunha salina pode avançar terra a dentro, salinizando os poços. Isto quase que acontece na praia de Boa Viagem, na cidade do Recife, exigindo a intervenção governamental, que proibiu a perfuração de novos poços naquela área O avanço da cunha salina pode salinizar não só os poços , mas também as estruturas de aço e concreto de edifícios próximos ao mar Impactos Ambientais sobre os aquíferos Impactos Ambientais sobre os aquíferos Gestão Sustentável das Águas Subterrâneas Uma das questões vitais que se enfrenta no início do século XXI é a de procurar encontrar uma gestão sustentável dos recursos naturais e em especial das águas subterrâneas. As atividades antrópicas podem introduzirimpactes negativos muito diversificados e significativos na composição das águas subterrâneas. Por exemplo, a extração de água subterrânea de forma não controlada nos aquíferos costeiros pode levar à sua degradação. A extração de água doce nestes sistemas pode provocar a entrada de água salgada no aquífero tornando-o, deste modo, impróprio para o fornecimento de água às populações. Poluição da água subterrânea, com diferentes origens. Gestão Sustentável das Águas Subterrâneas A rejeição de efluentes industriais e domésticos e as atividades agrícolas podem causar a degradação da qualidade da água subterrânea. Também a deposição de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários origina materiais lixiviantes altamente nocivos, que no caso de atingirem um aquífero podem contaminar de forma irreversível a qualidade das águas. Após a poluição de um aquífero, a sua recuperação é praticamente impossível, pois o tempo necessário e os custos envolvidos numa eventual recuperação são tidos como incomportáveis. Uma exploração sustentada dos recursos geológicos tem de estar enquadrada num modelo global de desenvolvimento que permita que as gerações atuais satisfaçam as suas necessidades sem pôr em risco a possibilidade de as gerações futuras virem a satisfazer as suas próprias. Aquiclude – formação ou corpo geológico que, embora contendo água no seu interior, por vezes até à saturação, não permite a sua circulação, tornando impossível a sua exploração. Aquífero – formação geológica que contém água e a pode ceder em quantidades economicamente aproveitáveis. Aquífero confinado – aquífero cujo teto e muro são constituídos por aquicludes. A superfície piezométrica situa-se acima do respectivo teto e a pressão da água é sempre superior à pressão atmosférica. Aquífero livre – aquífero que não é limitado superiormente por uma camada impermeável. O limite superior é o constituído por uma superfície de saturação onde a água está à pressão atmosférica. Aquitarde – formação geológica que contém apreciável quantidade de água mas a transmite muito lentamente, tornando impossível a sua exploração direta. Coeficiente de armazenamento – razão entre o volume de água cedido por uma coluna de aquífero de seção unitária, sob a ação de uma queda do nível piezométrico e o valor dessa queda. Condutividade hidráulica – parâmetro que expressa a permeabilidade de um meio. Cone de depressão - Rebaixamento do nível de água causada pelo movimento convergente da água no aquífero quando bombeada, resultando em um cone de depressão em torno do poço. A sua forma e dimensão dependem das características hidráulicas do aquífero e pode ser determinado a partir dos dados obtidos no teste de vazão. Nível piezométrico – é o nível a que a água de um aquífero se encontra à pressão atmosférica. Coincide com a superfície freática de um aquífero livre. Lei de Darcy – lei empírica que descreve o movimento da água subterrânea à escala macroscópica. Estabelece a relação entre o escoamento, a condutividade hidráulica e o gradiente hidráulico. Permeabilidade – Num sentido qualitativo expressa a maior ou menor facilidade com que um meio se deixa atravessar por um dado fluído. Poço artesiano – poço que intercepta um aquífero artesiano (confinado). Poço artesiano jorrante – é o poço em que a água sai espontaneamente sem necessidade de bombeamento. Porosidade – razão entre o volume de vazios, ocupados por água ou ar, de um material e o seu volume total. Transmissividade – é o produto da condutividade hidráulica horizontal pela espessura do aquífero.
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