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Inventário e Partilha pdf

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UNIVERSIDADE FUMEC 
 IZABELLA DIEGUES LETRO RIBEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DIREITO DAS SUCESSÕES 
 Inventário e Partilha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Belo Horizonte – MG 
 2019 
 
 
 
 
Introdução 
O Direito das Sucessões é o ramo do Direito formado pelo conjunto de normas que 
disciplinam a transmissão do patrimônio de uma pessoa que faleceu aos seus 
sucessores. O termo “patrimônio” não abrange somente bens, ele abarca também alguns 
direitos e algumas obrigações (com exceção daquelas que somente poderiam ser 
prestadas pelo próprio falecido, quando em vida. Encontra-se normatizado no Capítulo VI, 
por intermédio dos artigos 610 à 673 do CPC. 
O instituto do inventário e da partilha são instrumentos antigos, que sempre foram 
utilizados pela sociedade, como meio de inventariar e partilhar os bens deixados pelo de 
cujus. Com a morte tem-se o fim da personalidade e tem início a sucessão e ocorre a 
transmissão aos herdeiros dos bens. A transmissão acontece no momento do falecimento, 
mas mesmo assim é necessário fazer o inventário e a partilha para a regularização. 
 
Em termos gerais podemos entender por Inventário a listagem dos bens, direitos, dívidas 
e identificação dos herdeiros do falecido. Assim, ao final do inventário se dará a partilha 
que é a individualização da propriedade dos bens. 
 
Inventário 
Do ponto de vista do Direito Sucessório, o inventário pode ser conceituado como uma 
descrição detalhada do patrimônio do autor da herança, atividade está destinada à 
posterior partilha ou adjudicação dos bens. Sob o prisma processual, o inventário pode 
ser entendido como uma sequência ordenada de atos tendentes a um fim específico. 
A palavra “inventário” deriva do latim inventarium, de invenire, que significa achar, 
encontrar, sendo empregada no sentido de relacionar, descrever, enumerar, catalogar o 
que “for encontrado”, pertencente ao morto, para ser atribuído aos seus sucessores. 
Ocorre a abertura da sucessão com a morte. No inventário, apura-se o patrimônio do de 
cujus, cobram-se as dívidas ativas e pagam-se as passivas. Também avaliam-se os bens 
e pagam-se os legados e o imposto causa mortis. Após, procede-se à partilha. Inventário, 
pois, no sentido restrito, é o rol de todos os haveres e responsabilidades patrimoniais de 
um indivíduo; na acepção ampla e comum no foro, ou seja, no sentido sucessório, é o 
processo no qual se descrevem e avaliam os bens de pessoa falecida, e partilham entre 
os seus sucessores o que sobra, depois de pagos os impostos, as despesas judiciais e as 
dívidas passivas reconhecidas pelos herdeiros. 
Em resumo, inventário é o processo judicial tendente à relação, descrição, avaliação e 
liquidação de todos os bens pertencentes ao de cujus ao tempo de sua morte, para 
distribuí-los entre seus sucessores. 
Espécies de inventário 
Existem duas espécies previstas no CPC, judicial e extrajudicial. Será judicial quando 
houver testamento ou interessado incapaz. Poderá ser extrajudicial quando todos os 
herdeiros forem capazes. 
O CPC trouxe uma a inovação, que tornou a escritura pública um documento hábil para 
qualquer ato de registro, bem como para levantamento de quantia depositada em 
instituição financeira, porém, o tabelião só lavrará a escritura pública que se tornará 
documento hábil à partilha, se todos os herdeiros estiverem representados por advogado 
ou defensor público, devendo estes assinarem o ato notarial. 
Inventário negativo 
O inventário negativo não é previsto na legislação. Entretanto tem sido admitido pelos 
juízes em situações excepcionais, em que há necessidade de comprovar a inexistência de 
bens a inventariar. Essa modalidade torna-se necessária em alguns casos, especialmente 
para evitar imposição de certas sanções com que o Código Civil pune algumas infrações. 
Nos casos em que o passivo deixado pelo de cujos é maior que o ativo, esse inventário é 
de extrema importância, pois será através dele que os herdeiros comprovarão aos 
credores que não lhes foi deixado bem algum, já que apenas respondem pelas dividas até 
o limite das forças da herança. 
É admissível inventário negativo por escritura pública, como dispõe o art. 28 da 
Resolução n.35 do CNJ. 
Processo de inventário 
• Abertura Inventário 
• Nomeação inventariante 
• Prestação das primeiras declarações 
• Citação dos interessados 
• Avaliação dos bens 
• Cálculo e pagamento dos impostos 
• Ultimas declarações 
• Partilha e sua homologação 
Abertura do inventário 
Somente se pode falar em inventário a partir do momento em que este é formalizado, seja 
pela via extrajudicial, seja por meio do procedimento judicial adequado. 
A abertura do inventário deve ser requerida no prazo de sessenta dias, a contar do 
falecimento do de cujus, e estar encerrado dentro dos doze meses subsequentes. O art. 
1.796 do Código Civil prevê apenas o prazo de abertura. Dispõe o art. 611 do Código de 
Processo Civil de 2015: 
“O processo de inventário e partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a 
contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, 
podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte”. 
Caso haja retardamento por motivo justo, o juiz poderá dilatar esses prazos. O 
inventariante somente será punido pelo atraso, com a remoção do cargo, a pedido de 
algum interessado e se demonstrada a sua culpa, pois não há remoção ex officio. 
O requerimento de abertura do inventário, feito fora do prazo legal, não implica, no 
entanto, indeferimento do pedido, pois os dispositivos legais que estabelecem o aludido 
prazo são desprovidos de qualquer sanção. Mas cada Estado pode instituir multa, como 
pena pela não observância desse prazo. Proclama a Súmula 542 do Supremo Tribunal 
Federal: 
“Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado membro, como sanção pelo 
retardamento do início ou da ultimação do inventário”. 
Dispõe ainda o art. 615, caput, do Código de Processo Civil de 2015: 
“O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na 
administração do espólio, no prazo estabelecido no art. 611”. 
Parágrafo único: “o requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor da 
herança”. 
Deve ser juntada, também, procuração outorgada ao advogado, com poderes para prestar 
compromisso de inventariante. Incumbe, assim, prioritariamente, a quem estiver na posse 
e administração do espólio requerer o inventário e a partilha, no prazo de sessenta dias. 
Instaurado o processo, segue o inventário até final partilha, não podendo ser extinto por 
abandono ou inércia do inventariante. Nesse caso deve o juiz determinar o regular 
prosseguimento do feito, se necessário com remoção do inventariante e sua substituição 
por outro interessado na herança ou por inventariante dativo. Só se extingue o inventário 
se ficar comprovada a inexistência de bens a inventariar, uma vez que nessa hipótese a 
ação perderá seu objeto. 
Será distribuído por dependência o inventário do cônjuge que vier a falecer antes da 
partilha do consorte premorto. As duas heranças serão inventariadas e partilhadas em 
conjunto, com a nomeação de um só inventariante, desde que comuns os herdeiros, 
conforme disposto no art. 672 do CPC: 
“É lícita a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas diversas 
quando houver: 
I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; 
II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros; 
III - dependência de uma das partilhas em relação à outra. 
Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver 
outros bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse 
das partes ou à celeridade processual.” 
Inventariança 
Ao despachar a inicial deabertura de inventário pelo rito tradicional e solene o juiz 
nomeará o inventariante, a quem caberá a administração e a representação ativa e 
passiva da herança até que se ultime a partilha. A nomeação é feita segundo a ordem 
preferencial estabelecida no art. 617, salvo casos especiais. 
O inventariante é o representante oficial do espólio, como descrito no art. 75, VII, do CPC. 
Só podem exercer esse cargo pessoas capazes, que não tenham, de algum modo, 
interesses contrários aos do espólio. Herdeiro menor não pode, assim, ser inventariante. 
Eventualmente, à falta de outros interessa dos na herança, pode ser investido no cargo, 
como dativo, o representante legal do incapaz. Com efeito, o espólio é representado em 
juízo, ativa e passivamente, pelo inventariante (sucedendo o administrador provisório, 
que, como o próprio nome infere, é um sujeito com uma função potencialmente 
temporária), cabendo-lhe a zelosa administração dos bens e a prudente condução do 
inventário. 
 Em primeiro lugar, de acordo com a ordem, figuram o cônjuge ou companheiro 
sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste. 
Admite-se a preferência do cônjuge supérstite ainda que a união tenha se realizado no 
regime da separação convencional de bens, em que não existe meação, uma vez que 
poderá ele ser herdeiro em concorrência com os descendentes, como prevê o art. 1.829, 
I, do Código Civil. 
O múnus ou encargo é pessoal, sendo incabível a nomeação de ambos os cônjuges, ao 
mesmo tempo, como inventariantes. Se não houver cônjuge, mas companheiro, este 
desfrutará da mesma preferência, inclusive em face da Constituição Federal (art. 226, § 
3o). A demonstração dessa condição pode ser feita nos autos do inventário com a juntada 
de documentos, a comprovação da existência de filho comum, o convívio no mesmo 
endereço etc. 
 
Na falta ou impedimento do cônjuge ou companheiro supérstite, será nomeado o herdeiro 
que se achar na posse e administração dos bens do espólio (CPC/2015, art. 617, II). Se 
nenhum preencher esse requisito, atribuirse-á a inventariança a qualquer herdeiro, 
legítimo ou testamentário, a critério do juiz. 
Quando concorrem pessoas mencionadas no mesmo inciso, o juiz optará por uma delas, 
de acordo com o seu prudente arbítrio. Em seguida, consta o herdeiro menor, por seu 
representante legal. Em quinto lugar figura o testamenteiro, se lhe foram atribuídas a 
posse e a administração dos bens, nos termos do art. 1.977 do Código Civil 
(testamenteiro universal), bem como se toda a herança estiver distribuída em legados. A 
posse e a administração da herança cabem, preferencialmente, ao cônjuge e aos 
herdeiros necessários. Só podem ser conferidas ao testamenteiro, pelo testador, se 
aqueles não existirem, não quiserem ou não puderem exerce-las. O testamenteiro só 
prefere aos colaterais. Em sexto lugar aparece “o cessionário do herdeiro ou do legatário”. 
Vem, em seguida, o inventariante judicial, que é figura em desuso, “se houver”, ou seja, 
se tal cargo estiver previsto na lei de organização judiciária local. Não o havendo, o juiz 
nomeará pessoa estranha idônea (inventariante dativo), que desempenhará todas as 
funções inerentes à inventariança, mas não poderá representar ativa e passivamente a 
herança. 
Dispõe, com efeito, o art. 75, § 1o, do estatuto processual civil que, nesse caso, todos os 
herdeiros e sucessores do falecido participarão, como autores ou réus, nas ações em que 
o espólio for parte. 
O inventariante não tem direito à remuneração pelos encargos da herança, a não ser se 
for dativo. 
Depois de nomeado, o inventariante será intimado e prestará, dentro de cinco dias, o 
compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo (CPC, art. 617, parágrafo único). 
Objetivando, porém, simplificar o processamento de inventários sob o rito de arrolamento, 
o estatuto processual, em boa hora, eliminou a necessidade de o inventariante assinar 
termo de compromisso, estando ele investido no cargo apenas com a nomeação. Certas 
situações incompatibilizam a pessoa para o exercício do cargo, como a posição de credor 
ou de devedor do espólio, de titular de interesse contrário a este, de excluído do rol de 
herdeiros etc. 
O papel do inventariante é similar ao do depositário, representará o espólio ativa e 
passivamente, em juízo ou fora dele, incube ao inventariante ainda administrar o espólio, 
velando-lei os bens com a mesma diligencia como se fossem seus. 
Além das tarefas próprias da função de administrador e representante do espólio o art. 
618 do CPC, nos traz outras atribuições: 
Incumbe ao inventariante: 
I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, observando-se, 
quanto ao dativo, o disposto no art. 75, § 1o; 
II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se seus 
fossem; 
III - prestar as primeiras e as últimas declarações pessoalmente ou por procurador com 
poderes especiais; 
IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos 
ao espólio; 
V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver; 
VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído; 
VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar; 
VIII - requerer a declaração de insolvência. 
Art. 619. Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do 
juiz: 
I - alienar bens de qualquer espécie; 
II - transigir em juízo ou fora dele; 
III - pagar dívidas do espólio; 
IV - fazer as despesas necessárias para a conservação e o melhoramento dos bens do 
espólio. 
Prestações das primeiras declarações 
Segundo o art. 620. Dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou o 
compromisso, o inventariante fará as primeiras declarações, das quais se lavrará termo 
circunstanciado, assinado pelo juiz, pelo escrivão e pelo inventariante, no qual serão 
exarados: 
I – o nome, o estado, a idade e o domicílio do autor da herança, o dia e o lugar em que 
faleceu e se deixou testamento; 
II – o nome, o estado, a idade, o endereço eletrônico e a residência dos herdeiros e, 
havendo cônjuge ou companheiro supérstite, além dos respectivos dados pessoais, o 
regime de bens do casamento ou da união estável; 
III – a qualidade dos herdeiros e o grau de parentesco com o inventariado; 
IV – a relação completa e individualizada de todos os bens do espólio, inclusive aqueles 
que devem ser conferidos à colação, e dos bens alheios que nele forem encontrados, 
descrevendo-se: 
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se encontram, 
extensão da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos, números das 
matrículas e ônus que os gravam; 
b) os móveis, com os sinais característicos; 
c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos; 
d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-se-
lhes especificadamente a qualidade, o peso e a importância; 
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de sociedade, 
mencionando-se-lhes o número, o valor e a data; 
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a origem da 
obrigação e os nomes dos credores e dos devedores; 
g) direitos e ações; 
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio. 
§ 1o O juiz determinará que se proceda: 
I – ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era empresário individual; 
II – à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não 
anônima. 
§ 2o As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada por procurador com 
poderes especiais, à qual o termo se reportará. 
Como se verifica, o diploma processual é bastante explícito e detalhado quanto às 
declarações exigidas e sobre o seu conteúdo, objetivando, assim, uma perfeita 
individualização e caracterização dos bens, bem como a correta e completa indicação dos 
herdeiros,demais sucessores, credores e devedores. 
Citação dos interessados 
 Reduzidas a termo as primeiras declarações, com observância do disposto no art. 620 do 
CPC, o juiz mandará citar os interessados no inventário e partilha, quais sejam, o cônjuge, 
o companheiro, os herdeiros e os legatários e intimar a Fazenda Pública, o Ministério 
Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se houver testamento 
(CPC/2015, art. 626). Serão citados por mandado, “conforme o disposto nos arts. 224 a 
230, somente as pessoas domiciliadas na comarca por onde corre o inventário ou que aí 
forem encontradas, e por edital, com o prazo de vinte a sessenta dias, os residentes 
foram dela”, no Brasil e no estrangeiro (CPC/2015, art. 626, § 1o). A carta precatória é, 
portanto, substituída pelo edital. Será dispensada a citação se os interessados já 
estiverem representados nos autos ou se comparecerem espontaneamente, uma vez que 
tal fato supre a citação, como acontece no processo comum. Dispõe o art. 671 do estatuto 
processual de 2015 que o juiz nomeará curador especial ao ausente, se o não tiver, e ao 
incapaz, se concorrer na partilha com o seu representante, desde que exista colisão de 
interesses. A Fazenda Pública a ser citada é a Fazenda Estadual, por seu interesse no 
recolhimento do imposto de transmissão causa mortis. Será, todavia, também citada a 
Fazenda Municipal, se houver renúncia translativa onerosa, ou partilha com quinhões 
diferenciados, com reposição em dinheiro, devido à incidência do imposto de transmissão 
inter vivos. Em regra, é dispensada a citação do cônjuge do herdeiro, assim como é 
considerada suficiente a outorga unilateral de procuração pelo herdeiro, tendo em vista 
ser o objeto do inventário o recebimento de bens por sucessão mortis causa, máxime se o 
regime de bens no casamento exclui a comunicação da herança. A participação do 
cônjuge é facultativa, por lhe faltar título hereditário. 
Se houver comunicação dos bens herdados, tratará de relação não hereditária, mas 
concernente ao regime de bens no casamento. 
Haverá, no entanto, necessidade de citação do cônjuge, ou de sua representação no 
processo, em caso de disposição de bens, tais como renúncia, partilha diferenciada e 
quaisquer atos que dependam de outorga uxória. 
Avaliação dos bens 
Os bens terão seus valores avaliados de forma individual, esse ato poderá ser feito pelo 
inventariante ou pelo conjunto de herdeiros, cabe ressaltar que o avaliador do judiciário 
poderá ser acionado, já o da fazenda pública deverá ser intimado para se manifestar. 
Houve a alteração do prazo de manifestação de 10 (dez) para 15 (quinze) dias para as 
partes se manifestarem em relação a avaliação. 
A avaliação se justifica sempre que haja discordância entre os herdeiros ou em caso de 
partilha diferenciada envolvendo incapazes. O seu escopo principal é alcançar, na partilha 
a igualdade dos quinhões. Para efeito de partilha, deve ser renovada se, pelo decurso do 
tempo, tiver corrido grande alteração de valores atribuídos inicialmente aos bens. 
Ultimas declarações do inventariante 
Aceito o laudo, ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito, lavrar-se-á em 
seguida o termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar, aditar 
ou complementar as primeiras (CPC/2015, art. 636). 
É a oportunidade para a descrição de bens que foram esquecidos ou omitidos por alguma 
falha ou até mesmo desconhecimento, para retificar as primeiras declarações e fornecer 
elementos que possam facilitar a parti lha dos bens. As últimas declarações devem ser 
prestadas, ainda que para apenas informar que nada há a acrescentar ou corrigir. As 
partes serão ouvidas sobre as últimas declarações no prazo comum de quinze dias (CPC/
2015, art. 637), podendo arguir a sonegação de bens, pelo inventariante, somente após a 
declaração por ele feita de não existirem outros a inventariar (CPC, art. 621), ou por 
algum herdeiro, depois de declarar que não os possui (CC, art. 1.996). Por essa razão, é 
recomendável que o inventariante, ad cautelam, 
proteste por trazer ao inventário, a qualquer tempo, declaração da existência de outros 
bens eventualmente omitidos sem sua culpa, ou qualquer outro esclarecimento destinado 
a possibilitar e facilitar a atribuição dos bens inventariados 
Liquidação dos impostos 
Após a manifestação das partes sobre as últimas declarações, procede 
se ao cálculo do imposto causa mortis (CPC/2015, art. 637), sobre o qual serão ouvidas 
todas as partes, inclusive o representante do Ministério Público, se houver interesse de 
menores ou incapazes, e a Fazenda Pública. 
Homologado por sentença, são expedidas guias para o pagamento, encerando-se o 
inventário. 
 O imposto causa mortis tem incidência específica sobre a herança. Segundo proclama a 
Súmula 112 do Supremo Tribunal Federal, “o imposto de transmissão causa mortis é 
devido pela alíquota vigente ao tem po da abertura da sucessão”. Por outro lado, o 
aludido imposto, calculado sobre o valor encontrado na avaliação, deve ser corrigido 
monetariamente55 
. 
Se a Fazenda do Estado e todos os interessados concordarem com o cálculo do imposto, 
não há necessidade de ser feito outro pelo contador do juízo, ainda que haja herdeiro 
menor. 
 Incide o imposto de transmissão inter vivos sobre o valor dos imóveis que, na partilha, 
forem atribuídos ao cônjuge supérstite, a qualquer herdei ro, legatário ou cessionário, 
acima da respectiva meação ou quinhão. 
Pagamento das dívidas 
É importante ressaltar que a herança deixada responde pelo pagamento das dívidas do 
de cujus, mas os herdeiros não respondem por encargos superiores às forças da herança, 
vide arts. 1.997 e 1.792 do Código Civil (Lei nº 10.406/02). Nesse sentido, o procedimento 
judicial de inventário prevê uma fase específica para o pagamento das dívidas do espólio 
que estejam habilitadas antes da partilha. Ressalte-se que a habilitação de credores em 
inventário independe de vencimento da dívida. Entende-se que para cobrança dos 
créditos da Fazenda Pública não é preciso habilitação, tendo em vista que goza de 
preferência, nos termos do disposto nos arts. 187 e 189 do CTN (Lei nº 5.172/66) com a 
redação dada pela LC 118/05. 
Após a partilha dos bens, cada herdeiro responderá pelas dívidas do espólio que não 
forem habilitadas, na proporção da herança que lhe coube nos termos do art. 1.997 do 
Código Civil. Note-se que a habilitação no inventário é um dos caminhos de que dispõe os 
credores, podendo optarem por outras vias, como a ações de cobrança, ou o processo de 
execução, conforme o título que fundam seu crédito, em tais casos abre-se a 
possibilidade de garantia mediante a penhora nos autos do processo de inventário e 
partilha. 
Arrolamento 
O arrolamento se divide em sumário e comum: 
O arrolamento sumário constitui forma simplificada de inventário partilha, permitida 
quando todos os herdeiros são capazes e convierem em fazer partilha amigável dos bens 
deixados pelo falecido, qualquer que seja o seu valor. 
Dispõe o art. 659, caput, do Código de Processo Civil de 2015 que “a partilha amigável, 
celebrada entre partes capazes, nos termos da lei, será homologada de plano pelo juiz, 
com observância dos arts. 660 a 663”. Os interessados, escolhendo essa espécie de 
procedimento, apresentarão a partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do 
inventário, ou escrito particular (CC/2002, art. 2.015, correspondente ao art. 1.773 do 
Código revogado), que será simplesmente homologada, de plano, pelo juiz, provada a 
quitação dos impostos. 
Basta que os interessados, portanto, elejam essa espécie de procedi mento, constituindo 
procurador e apresentando para homologação a partilha amigável, por instrumento 
público ou particular. Pode ser utilizado também para homologar pedido de adjudicação, 
quando houver herdeiro único, como prevê o § 1o do art. 659 do diploma processual de 
2015. A participação na herança de herdeiros incapazes constitui empeçoà adoção do 
mencionado procedimento simplificado, assim como a existência de interessado ausente, 
que deva ser citado e não seja localizado. É nulo o processo de arrolamento se não 
requerido por todos os interessados, que, além do mais, devem ser capazes. 
O arrolamento será comum quando o valor dos bens não exceder a 1.000 (mil) salários 
mínimos (CPC/2015, art. 664). Tal modalidade constitui também forma simplificada de 
inventário de bens, porém específico para os de pequeno valor, até o limite de valor 
mencionado. Difere do arrolamento sumário porque neste é condição básica a 
concordância de partes capazes, enquanto no comum basta o reduzido valor da herança, 
sendo obrigatória a sua adoção, ainda que não representados todos os herdeiros e 
mesmo que haja ausentes ou incapazes, ou testamento. Nestes casos, haverá 
intervenção do Ministério Público. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10594492/artigo-1997-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607771/artigo-1792-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10567093/artigo-187-da-lei-n-5172-de-25-de-outubro-de-1966
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10566861/artigo-189-da-lei-n-5172-de-25-de-outubro-de-1966
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984008/c%C3%B3digo-tribut%C3%A1rio-nacional-lei-5172-66
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028352/c%C3%B3digo-tribut%C3%A1rio-nacional-lei-5172-66
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/96895/lei-complementar-118-05
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10594492/artigo-1997-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
Sonegados 
 Segundo Carlos Maximiliano “sonegado é tudo aquilo que deveria entrar em partilha, 
porém foi ciente e conscientemente omitido na descrição de bens pelo inventariante, não 
restituído pelo mesmo ou por sucessor universal, ou doado a herdeiro e não trazido à 
colação pelo beneficiado com a liberdade”. A falta propositada, aduz, “constitui ato de má-
fé, por isto, a lei a fulmina com especial penalidade” 
Basta, para caracterizar a infração, a fraude incidente sobre um único objeto, não se 
exigindo que abranja vários bens. 
Dispõe o art. 1.992 do Código Civil: 
“O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando 
estejam em seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na 
colação, a que os deva levar, ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre 
eles lhe caiba”. 
 Acrescenta o art. 1.993: 
 “Além da pena cominada no artigo antecedente, se o sonegador for o próprio 
inventariante, remover-se-á, em se provando a sonegação, ou negando ele a existência 
dos bens, quando indicados”. 
As disposições concernentes aos sonegados colimam dupla finalidade: assegurar aos 
herdeiros a integridade dos seus direitos sobre o acervo sucessório, e, aos credores, o 
direito de se pagarem com o produto da venda de bens do espólio. 
A sonegação de bens no inventário constitui infração que pode ser praticada pelo 
inventariante, quando omite, intencionalmente, bens ou valores, ao prestar as primeiras e 
as últimas declarações, afirmando não existirem outros por inventariar, ou pelo herdeiro 
que não indica bens em seu poder, ou sabidamente de terceiros, ou ainda omite os 
doados pelo de cujus e sujeitos à colação (CC, art. 1.992). 
Além dessas pessoas, o testamenteiro sujeita-se igualmente a incorrer na pena de 
sonegados se exercer também a inventariança. 
Partilha 
Terminado o inventário, partilham-se os bens entre os herdeiros e cessionários, 
separando-se a meação do cônjuge supérstite. Segundo o magistério de Carlos 
Maximiliano, “partilha é a divisão do espólio entre os sucessores do falecido. Também a 
definem como operação jurídica por meio da qual se confere uma quota exclusiva e 
concreta aos que possuem em comum uma sucessão e na mesma têm apenas uma 
quota ideal” 
Em resumo, após a conclusão da fase de inventário prossegue-se com a fase da partilha, 
que é a fase processual pela qual a herança passa do estado de comunhão indivisível 
decorrente da morte, ao estado de quotas completamente separadas, ou ao estado de 
comunhão divisível ou indivisível, conforme estipular a sentença. Porém, para haver a 
partilha é necessário observar alguns requisitos, como a máxima igualdade possível 
quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos bens; a prevenção de litígios futuros; a 
máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso. 
Já os bens insuscetíveis de divisão cômoda que não couberem na parte do cônjuge ou 
companheiro supérstite ou no quinhão de um só herdeiro serão licitados entre os 
interessados ou vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, salvo se houver 
acordo para que sejam adjudicados a todos. 
A partilha pode ser amigável ou judicial. A primeira resulta de acordo entre interessados 
capazes, enquanto a judicial é aquela realizada no pro cesso de inventário, por 
deliberação do juiz, quando não há acordo entre os herdeiros ou sempre que um deles 
seja menor ou incapaz. Dispõe o art. 2.015 do Código Civil: “Se os herdeiros forem 
capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do 
inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz”. Essa partilha é negócio jurídico 
plurilateral e resulta da vontade concordante de todos os herdeiros, que manifestam seu 
propósito de dividir o espólio da maneira constante do instrumento. Trata-se de negócio 
solene, que só vale se efetivado após a morte do autor da herança, visto não ser eficaz 
contrato que tenha por objeto herança de pessoa viva (CC, art. 426). A lei faculta a 
realização dessa modalidade de partilha por três modos diferentes: a) escritura pública; b) 
termo nos autos do inventário; e c) o instrumento particular, ao depois homologado pelo 
juiz. 
Os herdeiros só podem valer-se da solução extrajudicial se forem maiores e capazes, 
uma vez que todo negócio jurídico implica a capacidade das partes. Se algum for incapaz, 
ainda que relativamente, não pode fazê-lo, mesmo que assistido por seu representante 
legal. A lei exige que a partilha, então, se processe judicialmente, para que a atribuição de 
quinhões seja acompanhada e conferida pelo Ministério Público e fiscalizada pelo juiz. 
Colação 
Colação é o ato pelo qual os herdeiros descendentes que concorrem à sucessão do 
ascendente comum declaram no inventário as doações que dele em vida receberam, sob 
pena de sonegados, para que sejam conferidas e igualadas as respectivas legítimas (CC, 
arts. 2.002 e 2.003). É dever imposto ao herdeiro, pois a doação de ascendentes a 
descendentes “importa adiantamento do que lhes cabe por herança” (CC, art. 544). 
Pode-se afirmar que predomina nos diversos países o entendimento de que a colação 
procura manter, dentro do possível, a igualdade entre os herdeiros legitimados. É, 
portanto, a igualdade das quotas hereditárias legítimas, dentro da regulamentação de 
cada Estado, a base conceitual do instituto da colação. Mencione-se como exemplo, 
valendo por todos, o conceito de Washington de barros Monteiro: “A colação vem a ser a 
restituição ao acervo hereditário dos valores recebidos pelos herdeiros, a título de doação, 
para subsequente inclusão na partilha, a fim de que esta se realize com igualdade”’. 
Sobre sua finalidade, estabelece o art. 2.003 do vigente Código Civil: 
“Art. 2.003. A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste Código, as 
legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários 
que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados. 
Parágrafo único. Se, computados os valores das doações feitas em adiantamento de 
legítima, não houver no acervo bens suficientes para igualar aslegítimas dos 
descendentes e do cônjuge, os bens assim doados serão conferidos em espécie, ou, 
quando deles já não disponha o donatário, pelo seu valor ao tempo da liberalidade”. 
Sobre os bens sujeitos a colação estabelece o art. 2.004 do vi-gente Código Civil: 
“Art. 2.004. O valor de colação dos bens doados será aquele, certo ou estimativo, que 
lhes atribuir o ato de liberalidade. 
§ 1.o Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver estimação feita naquela 
época, os bens serão conferidos na partilha pelo que então se calcular valessem ao 
tempo da liberalidade. 
§ 2.o Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o das benfeitorias 
acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo também à conta deste 
os rendimentos ou lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem”. 
“Art. 2.007. São sujeitas à redução as doações em que se apurar excesso quanto ao que 
o doador poderia dispor, no momento da liberalidade. § 1.o O excesso será apurado com 
base no valor que os bens doados tinham, no momento da liberalidade. 
§ 2.o A redução da liberalidade far-se-á pela restituição ao monte do ex-cesso assim 
apurado; a restituição será em espécie, ou, se não mais existir o bem em poder do 
donatário, em dinheiro, segundo o seu valor ao tempo da abertura da sucessão, 
observadas, no que forem aplicáveis, as regras deste Código sobre a redução das 
disposições testamentárias. § 3.o Sujeita-se a redução, nos termos do parágrafo 
antecedente, a parte da doação feita a herdeiros necessários que exceder a legítima e 
mais a quota disponível. 
§ 4.o Sendo várias as doações a herdeiros necessários, feitas em diferentes datas, serão 
elas reduzidas a partir da última, até a eliminação do excesso” 
Quanto a dispensa da colação: 
“Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador deter-minar saiam da 
parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da 
doação. 
Parágrafo único. Presume-se imputada na parte disponível a liberalidade feita a 
descendente que, ao tempo do ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de 
herdeiro necessário”. 
Obviamente, também dentro da parte disponível, pode o próprio doador (autor da 
herança) dispensar a colação no respectivo título em que realizou a doação ou mesmo 
em testamento. Da mesma forma, o instituto não se presta a estimular a falta de cuidado 
dos pais com os filhos, motivo pelo qual, na forma do art. 2.010, não virão à colação os 
gastos ordinários do ascendente com o descendente, enquanto me-nor, na sua educação, 
estudos, sustento, vestuário, tratamento nas enfermidades, enxoval, assim como as 
despesas de casamento, ou as feitas no interesse de sua defesa em processo-crime. 
Por fim, ainda quanto a bens excluídos da colação, registre-se que as “doações 
remuneratórias de serviços feitos ao ascendente também não estão sujeitas a 
colação” (art. 2.011), o que é perfeitamente aceitável, já que não há um caráter 
necessário de liberalidade pura. 
Regras relativas à partilha 
Deve ser observada, na partilha, a maior igualdade possível. Nesse sentido, dispõe o art. 
2.017 do Código Civil: “No partilhar os bens, observar-se-á, quanto ao seu valor, natureza 
e qualidade, a maior igualdade possível” 
A exigência legal de que se observe, na partilha, a maior igualdade possível, não obriga a 
que todos os herdeiros fiquem com uma parte ideal em cada bem, permanecendo todos 
pro indiviso. Ao contrário, deve ser evitado, tanto quanto possível, o condomínio, 
sabidamente fonte de discórdias e de demandas, constituindo mesmo 
A partilha deve consultar, também, a comodidade dos herdeiros e, tanto quanto o permitir 
a igualdade a ser observada, evitar litígios futuros. 
Para evitar demandas futuras, recomenda-se não só evitar a indivisão, como já dito, 
senão também declarar, com a possível exatidão, as confrontações dos imóveis; se 
couberem a dois ou mais coerdeiros, é indispensável, também, que se regulamente o uso 
de eventual servidão. 
Dispõe o art. 2.019 do Código Civil: “Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não 
couberem na me-ação do cônjuge sobrevivente ou no quinhão de um só herdeiro, serão 
vendidos judicialmente, partilhando-se o valor apurado, a não ser que haja acordo para 
serem adjudicados a todos. 
§ 1o Não se fará a venda judicial se o cônjuge sobrevivente ou um ou mais herdeiros 
requererem lhes seja adjudicado o bem, repondo aos outros, em dinheiro, a diferença, 
após avaliação atualizada. 
 § 2o Se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro, observar--se-á o processo 
da licitação”. 
A adjudicação ao herdeiro, ao cessionário ou ao cônjuge sobrevivente prefere, portanto, à 
venda judicial no condomínio derivado da herança. Pode ela ser requerida a qualquer 
tempo, enquanto não realizada a praça. Para essa adjudicação, torna-se desnecessário o 
assentimento dos demais herdeiros. No entanto, se mais de um a pleitear, imporse-á a 
licitação. 
A lei confere hipoteca “ao coerdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, 
sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente” (CC, art. 1.489, IV). 
Garantia dos quinhões hereditários 
Julgada a partilha, consumada estará a divisão patrimonial da herança, motivo pelo qual o 
direito de cada um dos herdeiros circunscrever-se-á aos bens do seu quinhão. 
Todavia, na forma dos arts. 2.024 e 2.025 do Código Civil, os coerdeiros continuarão 
reciprocamente obrigados a indenizar-se no caso de evicção dos bens aquinhoados, 
cessando tal obrigação pela autonomia da vontade (convenção em sentido contrário) ou 
no caso da evicção ter se dado por culpa do evicto, ou por fato posterior à partilha. Por 
fim, destaque-se a regra do art. 2.026: 
“Art. 2.026. O evicto será indenizado pelos coerdeiros na proporção de suas quotas 
hereditárias, mas, se algum deles se achar insolvente, responderão os demais na mesma 
proporção, pela parte desse, menos a quota que corresponderia ao indenizado”. 
Trata-se de uma regra que resguarda aquele (evicto) que fora privado do seu direito pelo 
reconhecimento do direito anterior de outrem (evictor). 
Nulidade da partilha 
 Transitada em julgado a sentença homologatória de partilha (amigável), admite, a 
legislação codificada, o possível reconhecimento de sua invalidade. Isso porque a partilha 
amigável tem natureza essencialmente negocial: “Art. 2.027. A partilha, uma vez feita e 
julgada, só é anulável pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios 
jurídicos”. Interessante destacar, outrossim, que foi estabelecido um prazo decadencial 
diferenciado para tal anulação da partilha (um ano), na forma do parágrafo único do 
referido dispositivo. Tal prazo já era existente no ordenamento jurídico brasileiro anterior à 
atual codificação civil, conforme se verifica do art. 1.029 do Código de Processo Civil de 
1973: 
“Art. 1.029. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzi-da a termo nos 
autos do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser 
anulada, por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz. 
Parágrafo único. O direito de propor ação anulatória de partilha amigável prescreve em 1 
(um) ano, contado este prazo: (Redação dada pela Lei n. 5.925, de 1.o-10-1973) 
I — no caso de coação, do dia em que ela cessou; (Redação dada pela Lei n. 5.925, de 
1.o-10-1973) 
II — no de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato; (Redação dada pela Lei n. 5.925, 
de 1.o-10-1973) 
III — quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. (Redação dada pela Lei n. 
5.925, de 1.o-10-1973)”. Não se podia deixar de observar, contudo, a técnica da 
legislação processual, que utilizou a expressão “prescreve” para um prazo visivelmente 
decadencial, uma vez que se trata de postulação de natureza constitutiva negativa7 
. 
O CPC/2015 corrigiu essa distorção, a teor do seu art. 657, parágrafo único, que, mais 
adequadamente, refere que o direito à anulação extinguir-se-ia no prazo de um ano, 
evitando, comisso, a menção indevida à prescrição. Se não, vejamos: 
“Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos 
do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada 
por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz, observado o disposto no § 4.o 
do art. 966. Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 
(um) ano, contado esse prazo: 
I — no caso de coação, do dia em que ela cessou; 
II — no caso de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato; 
III — quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade”. 
Não sendo hipótese de partilha amigável, mas sim judicialmente estabelecida por 
sentença, esta, como provimento jurisdicional definitivo, pode ser objeto de ação 
rescisória, conforme estabelece o art. 658 do Código de Processo Civil de 2015. 
Sobrepartilha 
Trata-se, em verdade, de uma partilha fracionada e posterior, como decorrência de 
situações fáticas específicas que impossibilitaram a sua realização oportuna. 
Sobre o tema, estabelecem os arts. 2.021 e 2.022 do Código Civil: 
“Art. 2.021. Quando parte da herança consistir em bens remotos do lugar do inventário, 
litigiosos, ou de liquidação morosa ou difícil, poderá proceder--se, no prazo legal, à 
partilha dos outros, reservando-se aqueles para uma ou mais sobrepartilhas, sob a 
guarda e a administração do mesmo ou diverso inventariante, e consentimento da maioria 
dos herdeiros. Art. 2.022. Ficam sujeitos a sobrepartilha os bens sonegados e quaisquer 
outros bens da herança de que se tiver ciência após a partilha”. 
Na mesma linha, preveem os arts. 669 e 670 do Código de Processo Civil: “Art. 669. São 
sujeitos à sobrepartilha os bens: 
I — sonegados; 
II — da herança descobertos após a partilha; 
III — litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa; 
IV — situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário. 
Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reserva-dos à 
sobrepartilha sob a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a 
consentimento da maioria dos herdeiros. 
Art. 670. Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha. 
Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança”. 
Como nos diz CARLOS ROBERTO GONÇALVES: “A existência de bens nas situações 
descritas pode comprometer o bom andamento e finalização da partilha. Procede-se, 
então, no prazo legal, à parti-lha dos outros bens, reservando-se aqueles para uma ou 
mais partilhas, adiando-se a divisão dos bens que, por diversos motivos, apresentam 
liquidação complicada, ficando estes sob a guarda e administração do mesmo ou diverso 
inventariante, conforme o aprazamento da maioria dos herdeiros”. 
Preservam-se, com isso, de um lado, os interesses dos herdeiros, e, de outro, o princípio 
da duração razoável do processo. 
CONCLUSÂO 
O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou um conhecimento abrangente e 
detalhado de todas as fases procedimentais do Inventário e Partilha. O inventário se 
apresenta como meio de formalização da transmissão dos bens aos herdeiros, por meio 
de um procedimento que visa demonstrar os herdeiros, o acervo patrimonial, assim como 
a apuração e pagamento dos tributos para a promoção da partilha dos bens. Igualmente, 
existem diversas modalidades de inventário, sobre estas modalidades discorremos no 
segundo capítulo expondo de forma breve o inventário negativo, o judicial, os 
arrolamentos e o inventário extrajudicial. 
Verifica-se que o formal de partilha é um documento de natureza pública, cuja finalidade é 
regular os direitos e deveres decorrentes de relações jurídicas entre pessoas, como no 
inventário e partilha, por exemplo. É, portanto, um documento que homologa a partilha de 
bens do inventário, reconhecendo o direito dos sucessores e/ou herdeiros. Também pode 
ser chamado de carta de sentença ou certidão de partilha. 
Existem requisitos para o registro do formal de partilha, tais como a apresentação dos 
documentos do de cujus, herdeiros e sucessores, comprovação do recolhimento dos 
tributos devidos, como o ITCD, por exemplo. 
Com o advento da Lei n. 11.441/2007, o inventário e a partilha, que até então só 
aconteciam por via judicial, passaram a ser realizados administrativamente ou 
extrajudicialmente, desde que atendidos os critérios estabelecidos em lei, como a 
maioridade e capacidade de todos os envolvidos, concordância entre as partes, ausência 
de testamento do falecido e presença de um advogado. 
Por fim, percebe-se a importância de tais institutos dentro do bojo do Direito Sucessório, 
instrumento que possibilita a correta transferência de bens e valores de falecidos aos 
seus familiares e cônjuges. 
Bibliografia 
Curso de Direito Civil Brasileiro Direito das sucessões - 6º volume — Maria Helena 
Diniz - 20ª edição -2006; 
Novo curso de Direito Civil - Direito das sucessões - Pablo Stolze Gagliano - 7º volume, 
5ª edição - 2018; 
Direito Civil Brasileiro, Direito das Sucessões - 7º volume, - Carlos Roberto Gonçalves 
12ª edição -2018; 
Direito Civil - Curso Completo - César Fiuza - 17ª edição -2014.

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