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Durabilidade e proteção de concreto armado

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2 Téchne 150 | seTembro de 2009
artigo
Envie artigo para: techne@pini.com.br. 
O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço). 
Fotos devem ser encaminhadas 
separadamente em JPG
Durabilidade e proteção 
do concreto armado
O primeiro indício do uso do con-creto armado no mundo ocorreu 
em 1850 na França por Jean-Louis 
Lambot. Isso significa que o concreto 
armado é um material ou sistema es-
trutural relativamente “jovem”, com 
menos de 200 anos de existência, 
porém, a maioria das pessoas que o 
utilizam não tem consciência disso.
A origem do concreto armado foi 
totalmente intuitiva e empírica. Nesse 
contexto, é compreensível que não se 
tenha pensado cuidadosamente na du-
rabilidade dos materiais envolvidos.
Contudo, pode-se dizer que a 
união desses dois materiais (aço + 
concreto) contou com um pouco de 
sorte para alcançar a grande aplica-
ção que tem nos dias atuais. Isso por-
que, felizmente, os coeficientes de 
expansão térmica dos dois materiais 
são similares e porque o aço dentro 
do concreto encontra-se em um meio 
altamente alcalino devido à forma-
ção de cal, e esse meio com pH acima 
de 12 faz com que o aço não corroa. A 
menos que haja a presença de íons 
despassivantes ou redução do pH de-
vido ao ataque por CO2, por exem-
plo. Pode-se dizer que foi sorte, por-
que essa teoria não era conhecida 
quando Lambot resolveu confeccio-
nar os seus barcos.
Marcelo Henrique Farias de Medeiros 
Prof. Dr. do Departamento de Construção 
Civil, Universidade Federal do Paraná
medeiros.ufpr@gmail.com
Paulo Helene
Prof. Dr. do Departamento de 
Engenharia Civil, Escola Politécnica, 
Universidade de São Paulo
Proteção de superfície no contexto da 
durabilidade do concreto armado
Pensar em durabilidade do concre-
to é algo extremamente novo. Há pou-
cas décadas, esse assunto não era consi-
derado um ponto de grande importân-
cia. Existia uma impressão geral (tanto 
do meio técnico quanto do usuá rio) 
que o concreto armado tinha durabili-
dade tão extrema que esse não era um 
ponto a se preocupar.
Infelizmente a experiência mostrou 
o contrário, e há alguns anos a durabili-
dade do concreto tem sido um dos as-
suntos mais estudados na área de mate-
riais de construção civil. Isso é reflexo 
do impacto econômico que os serviços 
de reparo e manutenção de edificações 
têm tomado em diversos países, como 
muito bem ilustrado na tabela 1.
Dentro do tema durabilidade do 
concreto armado, existem várias linhas 
de pesquisa, passando pela dosagem ra-
cional do concreto, uso de adições po-
zolânicas, escória de alto forno, fibras, 
polímeros, entre outros. Contudo, todas 
essas aplicações são inerentes ao uso em 
estruturas novas (dosagem do concreto 
a ser empregado em uma edificação a ser 
construída). Nesse contexto, a proteção 
superficial do concreto figura como uma 
alternativa que pode ser usada em estru-
turas novas e em estruturas antigas (tra-
balhos de manutenção). Essa versatilida-
de é uma das principais vantagens dessa 
ferramenta de elevação da durabilidade 
do concreto armado. Porém, é impor-
tante ter em mente que nenhuma solu-
ção é composta só por vantagens. No 
caso da proteção superficial, é de suma 
importância ter em mente que a durabi-
lidade do sistema de proteção é muito 
inferior à do concreto que está sendo 
protegido. Isso significa que para manter 
o grau de proteção do sistema é necessá-
rio que ele seja renovado de tempos em 
tempos, e esse período varia bastante em 
função da qualidade e do tipo do produ-
to de proteção empregado.
Tipos de sistemas de proteção 
de superfície
Os materiais de proteção superfi-
cial para concreto podem ser classifi-
cados em formadores de película, hi-
Tabela 1 – GasTOs cOm rEParO E manuTEnçãO Em alGuns PaísEs (uEDa, TakEwaka, 2007).
País Gastos com construções novas Gastos com manutenção e reparo Gastos totais com construção
França 85,6 bilhões de euros (52%) 79,6 bilhões de euros (48%) 165,2 bilhões de euros (100%)
Alemanha 99,7 bilhões de euros (50%) 99,0 bilhões de euros (50%) 198,7 bilhões de euros (100%)
Itália 58,6 bilhões de euros (43%) 76,8 bilhões de euros (57%) 135,4 bilhões de euros (100%)
Reino Unido 60,7 bilhões de pounds (50%) 61,2 bilhões de pounds (50%) 121,9 bilhões de pounds (100%)
Observação: Todos os dados se referem ao ano de 2004, exceto no caso da Itália que se refere ao ano de 2002.
 3
drofugantes de superfície (de poro 
aberto) e bloqueadores de poros, como 
representado na figura 1.
(a) Formadores de película: podem 
ser divididos em tintas e vernizes. Tinta 
é uma composição líquida pigmentada 
que se converte em uma película sólida 
após sua aplicação em uma camada 
delgada. As tintas são formuladas a par-
tir de quatro componentes básicos, 
sendo eles resinas, solventes, pigmentos 
e aditivos. Já os vernizes são constituí-
dos apenas por resinas, solventes e adi-
tivos. Pela ausência de pigmentos, não 
apresentam cor e geralmente têm dura-
bilidade inferior à das tintas.
(b) Bloqueadores de poros: são 
produtos compostos por silicatos, que 
penetram nos poros superficiais e rea-
gem com a portlandita formando um 
produto semelhante ao C-S-H. O sili-
cato de sódio é o produto mais usado 
para esse fim.
De acordo com Thompson et al. 
(1997), a reação apresentada na equa-
ção 1 representa o que acontece quan-
do a solução de silicato de sódio pene-
tra nos poros do concreto.
Na2SiO3 + yH2O + xCa(OH)2 → xCaO 
. SiO2 . yH2O + 2NaOH equação 1
Desse modo, esse tratamento 
forma uma camada menos porosa na 
superfície da peça de concreto alteran-
do a sua penetração de água. Além 
disso, esse sistema de proteção não al-
tera a aparência da superfície do con-
creto, sendo uma opção a ser conside-
rada nos casos em que alguma exigên-
cia arquitetônica proíbe a mudança 
estética da superfície do concreto. 
(c) Hidrofugantes de superfície: 
entre os procedimentos para proteger 
superfícies de concreto, as impregna-
ções hidrófugas são as que menos in-
terferem no aspecto das mesmas. Seu 
principal efeito consiste em impedir 
ou dificultar a absorção de água do 
concreto. Na prática, atualmente se 
utilizam silanos, siloxanos oligoméri-
cos e misturas desses dois compostos.
Os silanos são hidrorrepelentes 
incolores conhecidos quimicamente 
como alquiltrialcoxisilano. Possuem 
pequena estrutura molecular (diâ-
metro de 1,0 x 10-6 a 1,5 x 10-6 mm), 
permitindo-lhe penetrar eficiente-
mente mesmo em substratos pouco 
permeáveis. São vendidos em con-
centração relativamente alta (de um 
modo geral 20%) e reagem quimica-
mente com materiais à base de sílica 
ou alumina. Por ter estrutura mole-
cular tão reduzida, são muito voláteis 
(Batista, 1998).
Os siloxanos são hidrorrepelentes 
incolores, quimicamente conhecidos 
como alquilalcoxisiloxanos. Possuem 
estrutura molecular relativamente 
grande em relação aos silanos (diâme-
tro de 1,5 x 10-6 a 7,5 x 10-6 mm) e, por 
isso, têm menor poder de penetração. 
Porém, seu poder de penetração é sufi-
ciente para estabelecer uma excelente e 
durável condição de hidrorrepelência, 
pela reação química com materiais 
que contenham sílica ou alumina (Ba-
tista, 1998).
Desse modo, os silanos, siloxanos e 
substâncias similares penetram nos 
poros do concreto e formam uma ca-
mada hidrófuga que dificulta a pene-
tração de água na forma líquida (que 
pode ingressar contaminada com clo-
retos), mas permite que o vapor de água 
entre e saia do concreto deixando que o 
mesmo “respire” (Broomfield, 1997).
Efeitos dos sistemas de proteção 
sobre o concreto armado
Na absorção de água 
Um dos principais efeitos de um 
sistema de proteção superficial para 
concreto armado é a restrição ao in-
gresso de água no material. O concreto 
é um material naturalmente hidrófilo, 
ou seja, tem elevada afinidade com a 
água. O resultado disso é que quando a 
água entra em contato com a superfície 
do concreto, esta é absorvida quase ins-
tantaneamente, dependendo do teor de 
umidade do concreto. A proteção de 
superfície muda essa condição,seja pela 
transformação do comportamento hi-
drófilo para hidrófugo, seja pelo tam-
ponamento dos poros da camada mais 
externa ou pelo isolamento da superfí-
cie do concreto do meio externo.
O efeito dos diferentes grupos de 
tratamento de superfície foi recente-
mente estudado e a figura 2 mostra 
uma visão geral da capacidade de re-
dução desses sistemas de proteção su-
perficial na absorção de água por capi-
laridade. Nessa ilustração, fica notória 
Figura 1 – Grupos de tratamentos de 
superfície para concreto: (a) formadores 
de película (b) bloqueadores de poros (c) 
hidrofugantes de superfície
(a) Formadores de película 
(b) Bloqueadores de poros 
(c) Hidrofugantes de superfície
(a) (b) (c)
Fonte: adaptado de Bentur et al., 1997
Figura 1 – Grupos 
de tratamentos de 
superfície para concreto
Figura 2 – Absorção de água por sucção capilar (kg/m2) para concreto de referência 
e concreto protegido
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
8.0
0 5 10 15 20 25 30 Dias
Fonte: Medeiros 2008
Referência
Acrílico (A)
Acrílico (B)
Poliuretano
Hidrofugante (1)
Hidrofugante (2)
Silicato
Absorção de água por sucção capilar 
para concreto de referência e concreto protegido
Ab
so
rç
ão
 (k
g/
m
²)
(a) Formadores de película 
(b) Bloqueadores de poros 
(c) Hidrofugantes de superfície
(a) (b) (c)
Fonte: adaptado de Bentur et al., 1997
Figura 1 – Grupos 
de tratamentos de 
superfície para concreto
 4 Téchne 150 | seTembro de 2009
a r T i G O
Na termodinâmica da corrosão
A termodinâmica do processo de 
corrosão está diretamente relaciona-
da com o tempo para que haja a des-
passivação das armaduras, ou seja, o 
início do processo de corrosão, muito 
conhecido como o período de inicia-
ção. O tempo desde a execução de 
uma edificação até o final do período 
de iniciação é o tempo de vida útil de 
serviço de uma estrutura.
Estudos de corrosão acelerada 
foram recentemente desenvolvidos 
em laboratório para investigar a in-
fluên cia dos sistemas de proteção de 
superfície na elevação do tempo para 
que haja o início da corrosão de arma-
duras no concreto armado. A figura 4 
mostra o resultado desse trabalho e 
demonstra que a despassivação das 
armaduras é muito influenciada pela 
proteção de superfície. Isso porque o 
monitoramento do potencial de cor-
rosão em corpos de prova de concreto 
armado indicaram despassivação do 
aço (início da corrosão) após 280 dias 
de exposição à solução com 5% de 
NaCl, enquanto o mesmo não ocor-
reu em nenhum dos casos de concreto 
com proteção superficial aplicada.
É importante esclarecer que os va-
lores de potencial de corrosão estão 
relacionados com a probabilidade de o 
fenômeno da corrosão estar ocorren-
do, não significando maior ou menor 
velocidade de corrosão, assunto que 
será tratado no item que segue.
Efeito na cinética da corrosão
Cinética da corrosão nada mais é 
do que a velocidade das reações que 
compõem o processo. Ou seja, estan-
do a estrutura com o processo de 
corrosão já instalado, é importante 
obter informações sobre a velocida-
de do progresso da deterioração por 
corrosão, que tem relação direta com 
a resistividade elétrica do concreto. 
Desse modo, é plenamente fácil de 
entender que uma estrutura com o 
processo de corrosão de armaduras 
em progresso pode estar corroendo a 
diferentes velocidades em função da 
resistividade do concreto do substra-
to, ou seja, da quantidade de eletróli-
to nos poros do concreto.
Figura 3 – Coeficiente de difusão de cloretos (cm2/s) para concreto de referência e 
concreto protegido
Figura 4 – Potencial de corrosão (mV) para concreto de referência e 
concreto protegido
100%
8,08E-09
17%
1,34E-09
27%
2,21E-9
5%
3,71E-10
33%
2,66E-09
8%
6,56E-10
12%
9,91E-10
Sistemas de proteção
Fonte: Medeiros, 2008
Figura 3 – Coeficiente de difusão de cloretos 
para concreto de referência e concreto protegido 
D
 (c
m
²/
s)
Referência
Acrílico (A)
Acrílico (B)
Poliuretano
Hidrofugante (1)
Hidrofugante (2)
Silicato
Fonte: Medeiros, 2008
Referência
Acrílico (A)
Acrílico (B)
Poliuretano
Hidrofugante (1)
Hidrofugante (2)
Silicato
Figura 4 – Potencial de corrosão 
para concreto de referência e concreto protegido
0 28 56 84 112 140 168 196 224 252 280 Dias
E c
or
r (
m
V)
0
-50
-100
-150
-200
-250
-300
-350
-400
-450
-500
Baixa 
probabilidade 
de corrosão (10%)
Faixa de incerteza
Alta probabilidade 
de corrosão (90%)
a alta capacidade de redução do in-
gresso de água para o interior do con-
creto, devendo-se enfatizar que a capa-
cidade de redução da absorção é bas-
tante variável entre os produtos testa-
dos, que estão todos disponíveis no 
mercado para a proteção de estruturas 
de concreto armado. Além disso, é fácil 
perceber que a eficiência desses pro-
dutos não depende apenas do tipo de 
material, uma vez que o desempenho 
apresentado pelos dois acrílicos e pelos 
dois hidrofugantes (siliano/siloxanos) 
foram bastante diferentes.
Na penetração de cloretos
Outro efeito importante dos siste-
mas de proteção de superfície é a redu-
ção do coeficiente de difusão de clore-
tos, ou seja, redução da velocidade de 
contaminação da estrutura quando 
submetida a ambientes influenciados 
pela proximidade em relação ao mar 
(Medeiros; Helene, 2008).
Os dados apresentados na figura 3 
mostram o potencial de redução do 
coe ficiente de difusão de cloretos oca-
sionado pelos sistemas de proteção. 
Esses resultados indicam que o coefi-
ciente de difusão de cloretos pode ser 
reduzido para valores que representam 
entre 5% e 33% em relação ao concre-
to sem proteção, dependendo do siste-
ma de proteção empregado. Isso se re-
flete em uma elevação considerável do 
tempo de vida útil de serviço de uma 
estrutura de concreto armado que 
sofra ess tipo de intervenção.
 5
O efeito da proteção de superfície, 
em uma estrutura que está corroendo, 
é exatamente de desacelerar a corrosão 
de armaduras pela restrição do ingres-
so de água para o interior do concreto, 
ou seja, aumento da resistividade. A 
figura 5 evidencia a eficácia de alguns 
sistemas de proteção de superfície 
quando aplicadas sobre uma estrutura 
de concreto armado contaminada 
com 1% de cloretos em relação à massa 
de cimento. Nesse caso, os corpos de 
prova contaminados (concreto de re-
ferência e protegidos) foram submeti-
dos à estabilização em diferentes níveis 
de umidade relativa do ar. Verificou-se 
que a velocidade de corrosão aumen-
tou drasticamente para umidade rela-
tiva acima de 80%, enquanto no caso 
do concreto protegido a velocidade de 
corrosão se manteve baixa mesmo 
acima de 90%.
Devo proteger? Que material devo 
especificar?
Os resultados usados para ilustrar 
os itens anteriores não deixam dúvida 
sobre a eficácia do emprego de siste-
mas de proteção de superfície na ele-
vação da vida útil das estruturas de 
concreto armado. Uma boa forma de 
mostrar o reflexo que esses materiais 
podem ter na elevação da vida útil do 
concreto armado é o uso das leis de 
Fick da difusão de cloretos juntamente 
com a função erro de Gauss para a es-
timativa do tempo de vida útil em fun-
ção do cobrimento adotado em proje-
to ou encontrado na obra a ser recupe-
rada. Esse tipo de raciocínio está re-
presentado na figura 6, cujo processo 
de cálculo está detalhado em Medeiros 
(2008). É importante enfatizar que a 
estimativa de vida útil representada na 
figura 6 se refere ao caso em que o 
agente agressivo principal é o ataque 
por íons cloretos e a sua penetração 
ocorre por difusão.
Para especificar um sistema de pro-
teção superficial não se deve ter como 
base apenas a sua eficiência isolada-
mente. É de extrema importância que 
se tenha em conta a capacidade de 
manter essa característica ao longo do 
tempo. Um sistema pode ser muito efi-
caz em barrar o ingresso de água e de 
Figura 5 – Velocidade de corrosão (µA/cm2) para concreto de referência e 
concreto protegido
Fonte: Medeiros, 2008
Referência
Acrílico (A)
Acrílico (B)
Poliuretano
Hidrofugante (1)
Hidrofugante (2)
SilicatoFigura 5 – Velocidade de corrosão 
para concreto de referência e concreto protegido 
1.0
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.3
0.2
0.1
0.0
Nível de corrosão
moderado
Nível de corrosão
baixo
Nível de corrosão
desprezível
50 60 70 80 90 100
i co
rr
 (m
ic
ro
A/
cm
²)
cloretos, contudo, não apresentar boa 
resistência à radiação UV. Num caso 
como esse, um sistema um pouco 
menos eficiente quanto à capacidade de 
barrar a água e cloretos que tenha uma 
maior resistência a esse tipo de radiação 
pode ser mais interessante, se o caso en-
volver a exposição ao sol. Desse modo, é 
fundamental analisar a eficiência em 
conjunto com a durabilidade do siste-
ma de proteção superficial.
É primordial que o especificador 
esteja ciente das condições de serviço a 
que os materiais estarão submetidos. 
Isso irá evitar a ocorrência de certas 
incompatibilidades e consequências 
indesejáveis. Por exemplo: o verniz 
acrílico base solvente, apesar de ser um 
excelente material de acabamento, se 
aplicado sem um primer adequado, 
escurece a superfície, uma vez que é 
incompatível com a alcalinidade do 
concreto. A especificação de um verniz 
epoxídico para áreas externas pode ser 
trágica, caso receba incidência solar, 
pois o produto se degrada com a inci-
dência dos raios ultravioleta. É, porém, 
um dos melhores em resistência a ata-
ques químicos, podendo ser ampla-
mente utilizado em ambientes indus-
triais. Deve-se tomar cuidado também 
na especificação do verniz poliureta-
no, já que existem dois tipos: o aromá-
tico e o alifático, este último bicompo-
Fonte: Medeiros, 2008
Referência
Acrílico (A)
Acrílico (B)
Poliuretano
Hidrofugante (1)
Hidrofugante (2)
Silicato
Figura 6 – Vida útil estimada x cobrimento
para concreto de referência e concreto protegido
1 10 100 anos
10
1
Limite crítico de Cl-= 0,4% (em relação à massa de cimento)/Cs = 1,8
Co
br
im
en
to
 (
cm
)
Figura 6 – Vida útil estimada (anos) X cobrimento (cm) para concreto de referência e 
concreto protegido
 6 Téchne 150 | seTembro de 2009
a r T i G O
nente e resistente aos raios solares, 
podendo ser usado em superfícies ex-
ternas. Portanto, nunca se deve especi-
ficar um poliuretano aromático para 
tratamento de superfícies externas su-
jeitas à ação solar.
Uma forma muito útil de racioci-
nar em termos de proteção de superfí-
cie foi proposta na tese de doutorado 
de Medeiros (2008), em que a prote-
ção é convertida em termos de cobri-
mento equivalente, que consiste em 
quantos centímetros de cobrimento 
equivale uma demão de um determi-
nado sistema de proteção. A figura 7 
serve como resultado ilustrativo da 
avaliação feita por Medeiros (2008). 
É importante enfatizar que a expe-
riência e qualificação do profissional 
conta muito na hora de especificar 
algum tipo de proteção de superfície 
para o concreto armado. É importan-
te estar atento a todas as variáveis en-
volvidas no sistema a ser recuperado, 
tais como: se a estrutura já está conta-
minada com cloretos; se vai estar ex-
posta à radiação U.V.; se existe exposi-
ção à água diretamente; se o mecanis-
mo de penetração de água envolve 
sucção capilar ou permeabilidade; se 
existem outros mecanismos de degra-
dação, tais como: carbonatação, ata-
que por sulfatos, chuva ácida, ataque 
por micro-organismos e outros; con-
dições de acesso; custo da proteção; 
facilidade de manutenção; ganho de 
vida útil proporcionado.
Considerações finais
É importante que a indústria da 
construção civil juntamente com o 
usuário veja sua edificação como algo 
que necessita de manutenções perió-
dicas e a proteção de superfície é uma 
ferramenta que pode e deve ser usada 
nos trabalhos de manutenção. É per-
feitamente aceito que o dono de um 
carro troque suas velas, óleo, lave, faça 
balanceamento dos pneus e etc. É exa-
tamente esse conceito que precisa ser 
estendido para as edificações, o usuá-
rio precisa se conscientizar que uma 
edificação não é um bem eterno e sua 
durabilidade vai ser maior ou menor 
em função da manutenção realizada 
ao longo da sua vida útil.
No caso de uma estrutura de con-
creto armado, a proteção de superfície 
tem influência nos dois estágios da 
vida útil da estrutura (Iniciação e Pro-
pagação), como resume a tabela 2.
Não se pode esquecer que a eficiên-
cia de uma proteção superficial é dimi-
nuída ao longo do tempo de exposição 
ao meio ambiente. Desse modo, o ca-
minho do sucesso para os produtos de 
proteção superficial para concreto está 
no estabelecimento de um programa 
de manutenção, considerando que 
cada material tem uma vida útil limita-
da, necessitando de renovação para ga-
rantir o nível de proteção requerido.
Além disso, é importante enfatizar 
que a escolha do material a ser especi-
ficado precisa estar baseada em dados 
técnicos e científicos, além de expe-
riên cias anteriores. O profissional pre-
cisa ter consciência das vantagens e 
desvantagens de cada sistema de pro-
teção para especificá-lo adequada-
mente e de forma compatível com o 
tipo e grau de exposição em que a edi-
ficação esteja inserida.
Tabela 2 – EFEiTO Da PrOTEçãO X PEríODO Da viDa úTil mais inFluEnciaDO 
(mEDEirOs, 2008)
Efeito da proteção de superfície Período da vida útil mais influenciado
Restrição ao ingresso de agentes 
agressivos
Iniciação (obras novas)
Redução da umidade interna Propagação (obras antigas)
Sistemas de proteção
Fonte: Medeiros, 2008
Figura 7 – Cobrimento equivalente 
dos sistemas de proteção 
Acrílico (A)
Acrílico (B)
Poliuretano
Hidrofugante (1)
Hidrofugante (2)
Silicato
16
14
12
10
8
6
4
2
0C
ob
rim
en
to
 E
qu
iv
al
en
te
 
da
 P
ro
te
çã
o 
(c
m
)
CS = 1,8 %
Ccrit. = 0,40 % em rel. a massa de cim.
Figura 7 – Cobrimento equivalente dos sistemas de proteção
lEia mais
Perfeitos Hidrorrepelentes para 
Toda Situação. M. Batista; Revista 
Recuperar, v. 23, 1998.
Steel Corrosion in Concrete – 
Fundamentals and Civil 
Engineering Practice. A. Bentur; S. 
Diamond; N. S. Berke. London: E and 
FN SPON, 1997. 
Corrosion of Steel in Concrete – 
Understanding, investigation and 
repair. J. P. Broomfield. Londres: E & 
FN Spon, 1997.
Contribuição ao Estudo da 
Durabilidade de Concretos com 
Proteção Superficial Frente à 
Ação de Íons Cloretos. M. H. F. 
Medeiros. Tese (Doutorado) – Escola 
Politécnica, Universidade de São 
Paulo, São Paulo, 2008.
Efficacy of Surface Hydrophobic 
Agents in Reducing Water and 
Chloride Ion Penetration in 
Concrete. M. Medeiros; P. Helene. 
Materials and Structures, v. 41,n.1, p. 
59-71, 2008.
Characterization of silicate sealers 
on concrete. J. L. Thompson; M. R. 
Silsbee; P. M. Gill; B. E. Scheetz. 
Cement and Concrete Research, v. 27, 
n. 10, p. 1561-1567, 1997.
Performance-based Standard 
Specifications for Maintenance 
and Repair of Concrete Structures 
in Japan. T. Ueda; K. Takewaka. 
Structural Engineering International, 
v. 4, p. 359-366, 2007.

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