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Gabriela de Godoy 2020 1 ÓRGÃOS E ANEXOS DO SISTEMA DIGESTÓRIO – FÍGADO E VESÍCULA BILIAR FÍGADO ESTRURUA DO FÍGADO Organização estrutural em lóbulos hepáticos. Lóbulos hexagonais orientadas em torno das tributarias terminais da veia hepática. Tipo celular = hepatócitos. Na extremidade de cada lóbulo hepático tem a presença da tríade portal e no centro de cada lóbulo tem a presença da vênula hepática terminal ou veia central.\ O agrupamento de vários lóbulos hepáticos compõe o lobo hepático. Obs. Lobo = organização anatômica; lóbulos = estruturas microscópicas. Nas laterais dos hepatócitos possui os canalículos e na sua superfície basal e apical tem a presença de capilares do tipo sinusoide (bem permeáveis). Células de ITO = armazenam os lipídios. Células de Kupffer = macrófagos. Essas células destroem / fagocitam as hemácias velhas. Lóbulo hepático: Gabriela de Godoy 2020 2 IMPORTÂNCIA O fígado exerce o trabalho de manter a homeostasia metabólica do corpo. Isso inclui o processamento de aminoácidos, carboidratos, lipídios e vitaminas da dieta; remoção de micróbios e toxinas no sangue esplênico a caminho da circulação sistêmica; a síntese de muitas proteínas plasmáticas; e a destoxificação e excreção, para a bile, de produtos de eliminação endógenos e xenobióticos poluidores. As principais doenças primarias = hepatites virais, doença hepática gordurosa não alcoólica, carcinoma hepatocelular e doença hepática alcoólica. O exame patológico constitui um elemento chave no diagnostico final de uma variedade de distúrbios. As doenças que acometem o fígado são doenças silenciosas. Os sintomas podem ocorrer até anos depois. MECANISMO DE LESÃO E REPARO Lesão dos hepatócitos = reversível ou irreversível. Lesão irreversível -> necrose e apoptose Necrose = ocorre quando há uma regulação osmótica defeituosa na membrana celular: o fluido flui para dentro da célula, que incha e se rompe. Gabriela de Godoy 2020 3 → Tumefação = acumulo de fluido dentro da célula. Apoptose = comum em hepatite aguda e crônica, presença de corpúsculos acidófilos, forma ativa de morte celular programada. → Os hepatócitos se encontram em formas ativadas, muito comum em hepatite. → Hepatócitos acidófilos. O tempo de vida dos hepatócitos é de aproximadamente 5 meses. O mecanismo de lesão e reparo característico do hepatócito é o processo de mitose – divisão celular. Formação e regressão de cicatrizes: → Participação de células de ITO (célula estrelada hepática). → Miofibroblastos também tem uma grande participação nesse processo. São células contrateis, cuja sua contração é estimulada pela endotelina I. → Inflamação crônica -> produção de citocinas inflamatórias (TNF), as células de Kupffer que vão realizar a produção desses mediadores -> resposta frente a liberação de citocinas -> alterações nos componentes na MEC -> se a lesão for continua, inicio da formação de reparação tecidual – cicatrização -> esse processo ocorre no Espaço de Disse. → O local da reparação e cicatrização ocorre no espaço de Disse. 1) INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA Consequência clinica mais severa. Pode ser aguda ou crônica. Perca de 80 a 90% da capacidade funcional hepática. Não consegue manter a homeostasia. AGUDA Ocorre dentro de 26 semanas após a lesão hepática inicial. Necrose hepática maciça: a célula passou por um processo de tumefação e regiões de perca do parênquima, em torno de ilhas de hepatócitos em regeneração. Na maioria das vezes induzida por fármacos e toxinas -> causam lesões toxicas. Sem tempo para formação de cicatrizes ou regeneração. Manifestações clinicas = náuseas, vômitos, icterícia, encefalopatia potencialmente fatal. Gabriela de Godoy 2020 4 Aumento de volume do fígado -> tumefação dos hepatócitos -> edema -> destruição do parênquima. CRÔNICA Principais causas: hepatite B e C; doença hepática alcoólica não gordurosa e doença hepática gordurosa. Associação com a cirrose. Aumento do tecido fibroso. Aspectos clínicos = cerca de 40% dos indivíduos são assintomáticos nos estágios inicias da doença. Estágios mais avançados: anorexia; perda de peso; fraqueza. Os principais contribuintes para a cirrose são o abuso de álcool e hepatite viral. 2) HIPERTENSÃO PORTAL Aumento da resistência do fluxo sanguíneo portal. Cirrose como principal causa, devido a formação do tecido fibroso. 4 principais consequências clinicas: a) Ascite. b) Formação de derivações venosas portossitêmicas. c) Esplenomegalia congestiva. d) Encefalopatia hepática – acumulo de substancias toxicas no sangue, consequentemente a perca da função cerebral. ASCITE Acumulo de liquido em excesso na cavidade peritoneal. Líquido seroso contendo albumina e/ou componentes da linfa hepática. Esse liquido sai dos vasos sanguíneos por 2 diferentes razoes: → Redução da pressão oncótica ou aumento da pressão hidrostática. Desrregularização da Pressão oncótica -> albumina localizada fora do vaso – concentração de proteínas no interstício -> liquido não consegue retornar para dentro do vaso -> diminuição da pressão arterial e ativação do sistema renina/angiotensina. Gabriela de Godoy 2020 5 Pressão hidrostática -> processo infeccioso ou inflamatório -> aumento da permeabilidade dos vasos -> favorecendo o extravasamento de líquidos para a cavidade abdominal. LESÃO HEPÁTICA INDUZIDA POR MEDICAMENTOS E TÓXICOS Fígado é um órgão metabolizante e desintoxicante de fármacos no corpo. Classificadas em lesões previsíveis e imprevisíveis. Previsíveis: é dose-dependente -> ocorre na maioria dos indivíduos. Pode ocorrer em qualquer um que acumule uma dose suficiente. Imprevisíveis: idiossincrásicas -> raros indivíduos. São muitas vezes independentes da dose. A doença hepática induzida por droga é em geral seguida pela recuperação com a remoção da droga. Exposição a uma toxina ou a um agente terapêutico deve sempre ser inclusa no diagnostico diferencial da doença do fígado. DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA Consumo excessivo de álcool. 3 formas – chamadas coletivamente doença alcoólica do fígado. → Esteatose hepática: alterações na gordura visceral (fígado). → Hepatite alcoólica; → Esteatofibrose. Esteatose hepática: → Fígado gorduroso. → Após a ingestão, mesmo moderada de álcool, pequenas gotículas lipídicas acumulam-se nos hepatócitos. Com ingestão crônica de álcool, o lipídio acumula-se a ponto de criar grandes glóbulos macrovesiculares claros que comprimem e deslocam o núcleo para a periferia do hepatócito. → É completamente irreversível se houver abstinência subsequente da ingestão do álcool associada com dieta. → A ingestão diária mais de 80g de etanol = 6 cervejas/dia. Gabriela de Godoy 2020 6 → Patogenia: O acúmulo de lipídios ocorre devido ao desvio de substratos normais do catabolismo para a biossíntese de lipídios (aumento); prejuízo da formação e secreção de lipoproteínas; aumento do catabolismo periférico de gorduras, liberando assim ácidos graxos livres na circulação. Acumulo de triglicerídeos dentro dos hepatócitos. Aumento de citocinas pró-inflamatórias -> aumento de fibroblastos -> aumento de fibras colágenas – tecido fibroso. DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA – DHGNA Tem a resistência a insulina que dá origem a esteatose hepática. Lesão oxidativa hepatocelular resultando em necrose celular hepática e as reações infamatórias secundárias. Dietas ricas em gorduras (fast food); xarope de milho; diminuição da atividade física; fatores genéticos = DHGNA. DOENÇA HEPÁTICA METABÓLICA – HEMOCROMATOSE É o acumulo excessivo de ferro no corpo. 0,5g de ferro está no fígado. 98% do ferro é armazenado nos hepatócitos. Éuma doença hereditária – gene responsável pela ativação da Hepcidina. Fisiopatogenia normal do fígado = a Hepcidina -> é um hormônio sintetizado pelo fígado pelos hepatócitos -> altas concentrações de ferro no sangue ou inflamação (IL-6) -> essa Hepcidina vai agir no enterócito, bloqueando a ferroportina -> o ferro não vai chegar no sague e fica retido no epitélio intestinal, eliminando nas fezes. Mutações nos genes que sintetizam Hepcidina -> hemocromatose. Diagnostico = exame laboratorial – mensuração de ferro. Tratamento = flebotomia. DOENÇAS COLESTÁTICAS – ICTERÍCIA A formação de bile pelo fígado serve para duas funções principais: a emulsificação da gordura da dieta na luz do tubo digestivo através da ação detergente dos sais biliares e a eliminação de produtos de eliminação sistêmicos. Gabriela de Godoy 2020 7 Uma vez que a formação da bile exige hepatócitos bem funcionantes, ela é facilmente interrompida. Essa interrupção torna-se clinicamente evidenciado sob a forma de alteração amarela da cor da pele e escleras (icterícia) devido a retenção da bilirrubina pigmentada. Hemácias ciclo de vida de 120 dias. São degradadas no fígado, baco ou medula. A hemácia quando fica “velha” ocorre a externalização da fosfatidilserina (sinalizador) para a sua membrana e o macrófago reconhece a sinalização -> afinidade pelo CD36 do macrófago -> destruição das hemácias – eriptiose. HEME clivado em biliverdina -> reduzido em bilirrubina. Colestase = ocorre quando o fluxo biliar está prejudicado, resultando o acumulo de pigmento no parênquima hepático. Formação de bilirrubina normal = Tem a clivagem em biliverdina, reduzida a bilirrubina -> incorporada a albumina -> e após essa incorporação a bilirrubina consegue entrar, por meio de difusão, no fígado -> parte vai para o IG: bactérias transformam a bilirrubina em urobilinogênio. Ocorre a formação da estercobilina, o que dá coloração nas fezes (pigmento marrom). -> Ela também vai para os Rins: urobilina (pigmento amarelo). Na icterícia, ocorre o acumulo de bilirrubina. Alteração no padrão normal de degradação do grupo Heme. ICTERÍCIA NEONATAL: normal até duas semas após o nascimento. Por isso fala-se para os bebes tomarem sol. → Após 2 semanas já é patológico. → Na IN a bilirrubina não se torna na sua forma conjugada dentro do fígado. Pois não tem a produção da UGT. Ocorre uma interrupção da degradação do ciclo da bilirrubina. → RN deverá receber radiação UV ou sol, que transforma bilirrubina em isômeros mais solúveis para que ocorra a saída até o intestino, realizando sua eliminação através das fezes. Gabriela de Godoy 2020 8 Icterícia pré-hepática → Caracterizada em casos de pacientes com anemia falciforme. → Na anemia falciforme tem alterações na morfologia das hemácias e destruição exacerbada das hemácias. Consequentemente se está degradando muita hemácia, ocorre um aumento de bilirrubina e causa uma sobrecarga no fígado. Icterícia intra-hepática → Lesão nos hepatócitos que não consegue fazer a conjugação da bilirrubina, ou seja, ela não vai chegar nas fezes. → Fezes claras -> problemas no fígado. Bilirrubina não está indo para o intestino. Icterícia pós-hepática → Caracterizada por uma obstrução; interrupção no ducto biliar. → A bilirrubina não entra no duodeno e tem um aumento da concentração da bilirrubina no sangue. VESÍCULA Cerca de 1L de bile é secretado pelo fígado, por dia. Bile é armazenada na vesícula biliar e é concentrada. Bile = colesterol quebrado + taurina ou glicina (cristal – sal biliar: sal, água, bicarbonato). Mais de 95% das doenças do trato biliar são atribuídas a colelitíase. → Cálculos de vesícula. COLELITÍASE Fatores que podem contribuir para cálculos na vesícula: → Supersaturação da bile com colesterol; → Hipomotilidade da vesícula biliar; → Nucleação de cristais de colesterol acelerada; → Hipersecreção de muco na vesícula biliar. Bile é formada -> é concentrada na vesícula -> lá na vesícula ocorre a retirada de água -> pessoa desidratada ou processo inflamatório ou uma dieta rica em gordura favorece o aparecimento de cálculos ou pedras na vesícula. Isso consequentemente aumenta a produção de bile e aumenta o armazenamento -> favorece a formação de vesículas. Pessoa desidratada tem uma diminuição ainda maior de água favorecendo a formação de cristais. Gabriela de Godoy 2020 9 A bile faz parte do processo de emulsificação de gorduras -> dieta rica em gordura aumenta a produção de bile. Cálculos na vesícula = cálculos de colesterol, surgem exclusivamente na vesícula biliar. É uma doença silenciosa. Os cálculos de vesícula podem estar presentes por décadas antes que surgem sintomas, e 70 a 80% dos pacientes permanecem assintomáticos por toda a vida. Refeição gordurosa -> forca do cálculo para fora da vesícula -> dor. Colecistite aguda: obstrução do colo da vesícula ou do ducto cístico por um cálculo. Causa um processo inflamatório. → Aumento da Fosfolipase. → Destruição da camada da mucosa.
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