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Conferência – Eduarda Miranda e George Lucas .Imunodeficiências congênitas e adquirida impactando em respostas celulares • Síndrome de DiGeorge e Outras Formas de SCID devido ao Defeito no Desenvolvimento Epitelial Tímico ( Aplasia tímica ) o A falha completa ou parcial do desenvolvimento do primórdio tímico pode levar à maturação defeituosa das células T. O defeito mais comum no desenvolvimento do timo causador de SCID é observado em crianças com a síndrome de DiGeorge. o Essa deficiência seletiva de células T é devida a uma má-formação congênita que resulta no desenvolvimento defeituoso do timo e das glândulas paratireoides, bem como de outras estruturas que se desenvolvem a partir da 3a e 4a bolsas faríngeas durante a vida fetal. O defeito congênito manifesta-se por hipoplasia ou agenesia do timo causando imunodeficiência decorrente da maturação defeituosa das células T, ausência das glândulas paratireoides resultando em homeostase anormal do cálcio e espasmos musculares (tetania), desenvolvimento anormal dos grandes vasos e deformidades faciais. Diferentes pacientes podem apresentar graus variados dessas anormalidades. A doença é causada mais frequentemente por uma deleção na região cromossômica 22q11. Uma linhagem murina que apresenta um defeito semelhante no desenvolvimento do timo é portadora de uma mutação em um gene que codifica um fator de transcrição denominado T-box 1 (TBX1), que se situa dentro da mesma região cromossômica. Isso sugere que a imunodeficiência associada à síndrome de DiGeorge pode ser explicada, pelo menos em parte, pela deleção do gene TBX1. o A pneumonia causada por Pneumocystis jiroveci e a candidíase causada por Candida albicans são duas infecções comuns nestes pacientes. o Infecções graves causadas por vírus, fungos e protozoários ocorrem em crianças afetadas precocemente em suas vidas, em razão de deficiência profunda de células T. o Nessa síndrome, os linfócitos T do sangue periférico estão ausentes ou em número bastante reduzido, e as células não respondem aos ativadores policlonais de células T ou em reações mistas de leucócitos. Os níveis de anticorpos geralmente estão normais, mas podem estar reduzidos nos pacientes gravemente afetados. Como em outras deficiências graves de células T, os pacientes são susceptíveis a infecções micobacterianas, virais e fúngicas. A imunodeficiência associada à síndrome de DiGeorge pode ser corrigida pelo transplante fetal tímico ou pelo transplante de medula óssea. No entanto, esse tratamento geralmente não é necessário porque a função das células T tende a melhorar com a idade e uma grande fração dos pacientes, tornando-se normal por volta dos 5 anos. Essa melhora provavelmente ocorre devido à presença de algum tecido tímico residual ou porque alguns sítios extratímicos ainda não definidos assumem a função de maturação das células T. É também possível que, à medida que esses pacientes envelhecem, o tecido do timo desenvolva-se em sítios ectópicos (i.e., fora da localização normal). o Mutações autossômicas recessivas no gene FOXN1 foram descritas em um pequeno número de pacientes que apresentam SCID, alopecia (perda de cabelo) e distrofia de unhas. O Conferência – Eduarda Miranda e George Lucas FOXN1 é um fator de transcrição da família Forkhead necessário para o desenvolvimento do primórdio tímico e outras estruturas ectodérmicas. O “camundongo nu” (nude mouse), uma linhagem amplamente usada em pesquisa imunológica, tem ausência do timo e de pelos em decorrência de uma mutação no mesmo gene. o Além dos defeitos no desenvolvimento do primórdio tímico, os genes que regulam a saída das células T do timo também podem causar SCID. Um defeito raro no timo foi descrito envolvendo uma mutação em CORONIN1A, que codifica uma proteína que regula a actina do citoesqueleto. A ausência de CORONIN1A funcional resulta em defeitos no egresso das células T maduras do timo. Mutações em homozigose no gene MST1, que codifica uma serina/treonina quinase proteica, resulta em falha da emigração das células T do timo e ausência de células T naive na circulação. Os pacientes apresentam infecções bacterianas e virais recorrentes, e alguns desenvolvem linfomas associados ao EBV. Alguns pacientes apresentam epidermodisplasia verruciforme, um distúrbio caracterizado por verrugas infectadas pelo HPV e carcinomas de pele. O MST1 desempenha diversos papéis na proliferação, sobrevivência e migração celular. Embora o principal defeito seja na emigração de células T do timo, também ocorrem defeitos imunes humorais em alguns pacientes que apresentam diminuição no número de células B e hipogamaglobulinemia. o O feto não se desenvolve com normalidade, e as anomalias frequentemente ocorrem nos seguintes: – Coração: As crianças frequentemente nascem com uma doença cardíaca congênita (um defeito no coração presente ao nascimento). – Glândula paratireóide: As crianças normalmente nascem com glândulas paratireoides (que ajudam a regular as concentrações de cálcio no sangue) subdesenvolvidas ou mesmo sem elas. Por conseguinte, as baixas concentrações de cálcio dão origem a espasmos musculares (tetania). Os espasmos começam normalmente nas primeiras 48 horas após o nascimento. – Rosto: Normalmente, as crianças apresentam traços faciais característicos, com a implantação baixa das orelhas, maxilar inferior pequeno e desviado para trás e olhos muito separados. Elas podem apresentar uma abertura no céu da boca (fenda palatina). – Timo: O timo é necessário para o desenvolvimento normal das células T. Como esta glândula está faltando ou está subdesenvolvida, o número de células T é baixo, limitando sua capacidade de lutar contra muitas infecções. As infecções surgem pouco depois do nascimento e reaparecem com frequência. Entretanto, o quão bem as células T funcionam varia de forma considerável. As células T também podem começar a funcionar melhor espontaneamente. Conferência – Eduarda Miranda e George Lucas • Características Moleculares e Biológicas do HIV o O HIV é um membro da família dos lentivírus de retrovírus animais. Os lentivírus, incluindo o vírus Visna de ovinos e bovinos, e o vírus da imunodeficiência felina e símia são capazes de desencadear uma infecção latente de longo prazo nas células e efeitos citopáticos de curto prazo, sendo que todos são causadores de doenças fatais de progressão lenta, que incluem síndromes de emaciação e degeneração do SNC. Dois tipos de HIV intimamente relacionados, denominados de HIV-1 e HIV-2, foram identificados. O HIV-1 é, de longe, a causa mais comum de AIDS; o HIV-2, que difere em estrutura genômica e antigenicidade, causa uma forma de AIDS de progressão mais lenta do que a doença associada ao HIV-1. • Estrutura e Genes do HIV: Uma partícula infecciosa do HIV consiste de duas fitas idênticas de RNA empacotadas dentro de um núcleo de proteínas virais e circundadas por um envelope composto por uma bicamada fosfolipídica derivada da membrana da célula hospedeira, mas incluindo proteínas de membrana codificadas pelo vírus. O genoma de RNA do HIV é de aproximadamente 9,2 kb de comprimento e apresenta um arranjo básico de sequências de ácido nucleico característico de todos os retrovírus conhecidos. As repetições terminais longas (LTRs, do inglês, long terminal repeats) em cada extremidade do genoma regulam a expressão dos genes virais, a integração viral no genoma do hospedeiro e a replicação viral. A sequência gag codifica proteínas estruturais do núcleo. A sequência env codifica as glicoproteinas gp120 e gp41 do envelope, que estão não covalentemente associadas uma à outra e são necessárias para a infecção das células. A sequência pol codifica as enzimas virais transcriptase reversa, integrase e protease, que são necessárias para a replicação viral. Além desses genes retrovirais típicos, o genoma do HIV-1 contém seis outrosgenes reguladores a saber: os genes tat, rev, vif, nef, vpr e Conferência – Eduarda Miranda e George Lucas vpu, cujos produtos regulam a replicação viral e a evasão imune ao hospedeiro de várias formas. As funções desses genes estão resumidas na Figura. Estrutura do HIV-1: Um vírion do HIV-1 próximo à superfície de uma célula T é mostrado. O HIV-1 consiste de duas fitas de RNA idênticas (o genoma viral) e enzimas associadas, incluindo a transcriptase reversa, integrase e protease, empacotadas em um núcleo em forma de cone composto pela proteína p24 do capsídeo, envolvido por uma proteína p17 de matriz, e toda estrutura é circundada por um envelope de membrana fosfolipídica derivado da célula do hospedeiro. As proteínas de membrana codificadas pelo vírus (gp41 e gp120) estão ligadas ao envelope. O CD4 e receptores de quimiocinas na superfície da célula do hospedeiro atuam como receptores do HIV-1 • Leucemia Linfoblástica aguda (LLA) o Cerca de 10% de todos os cânceres que afetam as crianças menores de 15 anos correspondem àqueles diagnosticados no primeiro ano de vida. o A leucemia é o segundo câncer mais comum em crianças menores de um ano, sendo a leucemia linfoblástica aguda (LLA) a mais frequente. o Como possíveis fatores de risco, citam-se algumas síndromes genéticas (Down, Noonan, trissomia 9), alto peso ao nascimento (> 3,5 kg), aborto prévio, comportamento materno (uso de anti-histamínico, metronidazol, dipirona, estrogênio, consumo de álcool, maconha e drogas alucinógenas, radiação,exposição a inseticidas e agrotóxicos).3,4 A leucemia em menores de um ano tem características epidemiológicas, clínicas e biológicas distintas, sendo associada a fatores desfavoráveis, como hiperleucocitose e infiltração do sistema nervoso central (SNC). o Nesta faixa etária, há a predominância de rearranjos gênicos que se apresentam como translocação 11q23, que levam a coexistência de fenótipos linfoides e mieloides, recebendo o nome de translocação MLL (leucemia de linhagem mista). Conferência – Eduarda Miranda e George Lucas o A presença deste tipo de translocação está associada a pior prognóstico. Em relação ao imunofenótipo, os blastos destas crianças apresentam-se com um precursor muito jovem de células-B (CD 34+/ CD 19+) e com negatividade de CD.
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