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Disciplina: Química dos Polímeros (QQO003) Prof. MSc. Cécile C. Hernandez Garcia 1 Classificação dos polímeros Existem várias formas de se classificar os polímeros. Essas classificações são feitas para agrupá-los conforme determinada característica que se quer observar naquele momento. Por esse motivo, um mesmo polímero pode se encaixar em mais de uma classificação ao mesmo tempo. A seguir, conheceremos essas possíveis classificações para os materiais poliméricos. 1.1 Quanto à origem do polímero Por essa classificação os polímeros ficam divididos em dois grandes grupos: os polímeros naturais e os polímeros sintéticos. Os polímeros naturais foram os que serviram de padrão para os cientistas desenvolverem materiais sintéticos similares, durante o desenvolvimento da Química de Polímeros, após a II Guerra Mundial. Com a necessidade de preservação do meio ambiente, para a preservação da vida terrestre, os polímeros naturais estão retomando sua importância industrial gradativamente. Ao evoluírem os estudos científicos, surgiram os polímeros semissintéticos, aqueles originados de polímeros naturais, mas modificados quimicamente, apresentando propriedades diferentes dos originais. 1.2 Classificação comercial Polímeros tipo commodities são aqueles produzidos em grande escala, têm baixo valor agregado, são utilizados para finalidades gerais e são consumidos em grandes quantidades. Os chamados polímeros intermediários e de engenharia são, também, produzidos em grande escala, porém em nível mais baixo do que as commodities. Apresentam desempenhos diferenciados e propriedades que os fazem ser ideais para determinadas aplicações. Os polímeros de alto desempenho são produtos com propriedades bem definidas e incomuns, tem alto valor agregado e são produzidos em escalas de pequeno porte. COMMODITIES PEBD; PEAD; PP; PS e PVC BAIXO DESEMPENHO INTERMEDIÁRIOS PMMA e ABS ENGENHARIA PC; PA6.6; PC AVANÇADOS LCP; PTFE; PEEK ALTO DESEMPENHO 1.3 Quanto às características tecnológicas Após se conhecer a maneira como são formadas as estruturas das cadeias poliméricas, é possível começar a entender alguns comportamentos que os materiais poliméricos apresentam. A resposta de um polímero à aplicação de forças mecânicas em temperaturas elevadas está relacionada à sua estrutura molecular dominante. Levando em consideração o comportamento do polímero frente à elevação de temperatura, pode-se classifica-los em: 1.3.1 Termoplásticos Os polímeros classificados como termoplásticos são aqueles que possuem estruturas moleculares lineares ou ramificadas. Os termoplásticos amolecem quando aquecidos e endurecem quando resfriados, podendo ser submetido a processos reversíveis, que podem ser repetidos quando necessário. Com o aumento da temperatura, há a diminuição das ligações secundárias, devido ao maior movimento das moléculas. Quando aplicada uma tensão nesse material, o movimento das cadeias adjacentes é facilitado. Por esse motivo, são processados pela aplicação simultânea de pressão e calor. Com relação a suas características físicas, são relativamente mais macios e dúcteis. 1.3.2 Termofixos Os polímeros classificados como termofixos são aqueles que possuem suas estruturas moleculares formadas em rede, que possuem ligações cruzadas covalentes entre as cadeias adjacentes. Por possuírem estruturas em rede, se tornam permanentemente duros durante sua formação e não amolecem com um aquecimento subsequente. Durante o tratamento térmico, as cadeias são presas umas às outras pelas ligações cruzadas, para criar resistência aos movimentos de vibração e rotação da cadeia quando submetido a temperaturas elevadas. O grau de formação de ligações cruzadas nesses polímeros está em torno de 10 – 50%, o que indica que a quantidade de meros entre essas porcentagens possui ligações cruzadas. Em relação às suas características, em geral, são mais duros e mais resistentes que os termoplásticos, além de apresentarem uma maior estabilidade dimensional. 1.4 Quanto ao número de monômeros Os polímeros também podem ser classificados quanto à quantidade de monômeros envolvidos na formação de suas cadeias poliméricas, sendo classificados em homopolímeros e copolímeros. Quando a estrutura é formada por somente um tipo de monômero, ele é classificado como homopolímero. Já quando há a presença de dois ou mais monômeros na formação da cadeia. Geralmente, quando o polímero possui abaixo de 5% de um outro comonômero, o que é comum de ocorrer industrialmente, ele também é classificado como homopolímero. 1.5 Quanto à cadeia polimérica Conforme a estrutura química polimérica, ou seja, conforme o tipo de grupo funcional presente na cadeia, os polímeros podem ser divididos em diversos grupos, como por exemplo, os poli-hidrocarbonetos, poliamidas, poliésteres, poliéteres, poliacetais, etc. 1.5.1 Polímeros de cadeia carbônica C CHH 2 [ ] X n Onde: X = H → Polietileno (PE) X = CH3 → Polipropileno (PP) X = Grupo fenila → Poliestireno (PS) X = Cl → Policloreto de vinila (PVC) Polímeros de cadeia carbônica de interesse comercial Poliolefinas: São polímeros originários de monômeros de hidrocarbonetos alifáticos insaturados contendo uma dupla ligação carbono-carbono reativa. Dentro dessa classificação temos: polietileno (LDPE/HDPE - de baixa e alta densidade), polipropileno (PP), poli-4-metil-penteno-1 (TPX), polibuteno ou polibutileno e poliisobutileno. Polímeros de dienos: Polímeros derivados de monômeros com dienos, isto é, de duas duplas ligações carbono-carbono reativas que geram cadeias poliméricas flexíveis com uma dupla ligação residual passível de reação posterior. Estes polímeros são borrachas que podem ser vulcanizadas com enxofre fazendo-se uso da dupla ligação residual no mero. Por outro lado, esta reação pode acontecer com o oxigênio ou ozônio do ar catalizado pela temperatura determinando uma relativa baixa estabilidade térmica devido à oxidação. São exemplos: O polibutadieno (PB), poliisopreno (PI) e policloropreno. Polímeros estirênicos: Dentre os polímeros derivados do estireno o mais importante é o poliestireno (PS), polímero largamente empregado pelo seu baixo custo, facilidade de processamento e boas propriedades mecânicas. Copolímeros envolvendo o estireno também são comuns sendo os principais: copolímero de estireno-acrilonitrila (SAN), terpolímero de estireno-butadieno-acrilonitrila (ABS), copolímero aleatório de butadieno-estireno (SBR), copolímero em bloco de estireno-butadieno-estireno (SBS) e copolímero em bloco de estireno-isopreno-estireno (SIS). O poliestireno homopolímero na forma expandida produz uma espuma muito comum conhecida por isopor. Polímeros clorados: Monômeros clorados (com um ou mais átomos de cloro) definem uma outra classe importante de polímeros com boas propriedades mecânicas geradas pelas altas forças intermoleculares devido à polaridade do átomo de cloro. O mais importante polímero dessa classe é o policloreto de vinila (PVC), provavelmente o polímero de maior produção e consumo do mundo. O aumento de um para dois átomos de cloro no mero, caso do policloreto de vinilideno (PVDC) aumenta ainda mais as forças intermoleculares tornando-se assim uma excelente barreira para gases e vapores. Copolímeros a base de cloreto de vinila (VC) também são largamente utilizados. Assim copolímeros de VC/VDC apresentam excelentes propriedades de barreira; cloreto de vinila/acetato de vinila (VC/VA) apresentam boas propriedades de fluxo; e cloreto de vinila/acrilonitrila (VC/AN) excelente habilidade da molécula orientar-se durante a deformação. Polímeros fluorados: O politetrafluoretileno (PTFE) é o polímero mais conhecido e empregado devido as suas características de altaestabilidade térmica, baixo coeficiente de atrito e inércia química. Todas essas características advêm de altas forças intermoleculares geradas pela presença de grandes átomos de flúor que também dão rigidez à macromolécula dificultando mudanças de conformação. Variações desta estrutura básica geram uma série de outros polímeros com características próprias, como por exemplo: policlorotrifluoretileno (PCTFE), polifluoreto de vinila (PVF), polifluoreto de vinilideno (PVDF), polihexafluorpropileno (PHFP) ou copolímeros do tipo VF/VDF e VDF/HFP (borracha fluorada). Polímeros acrílicos: Nesta classe os polímeros são derivados do ácido acrílico (CH2 = CH-C)-OH e metacrílico CH2=C(CH3)-CO-OH. O principal deles, devido a sua alta transparência, é o PMMA que é comercialmente conhecido como acrílico e a poliacrilonitrila (PAN), ambos muito utilizados na fiação. Dos copolímeros, o mais importante é a borracha nitrílica, um copolímero butadieno-acrilonitrila (borracha com alta resistência a combustíveis e solventes orgânicos). Polivinil ésteres: O poliacetato de vinila (PVA) pertence a esta classe de materiais, sendo muito utilizado na forma de emulsão aquosa para a confecção de tintas. A partir da destilação do PVA obtém-se o poliálcool vinílico (PVAL) que é um dos poucos polímeros solúveis em água. Copolímeros PVA/PVAL são facilmente obtidos através do controle do grau de desacetilação induzido no PVA. Uma vantagem deste copolímero é a possibilidade de controle de sua velocidade de dissolução em água (via concentração de PVAL) tendo como aplicação a confecção de cápsulas para uso em medicamentos. 1.5.2 Polímeros de cadeia heterogênea CH 2 [ ]XH 2 C n Polímeros de cadeia heterogênea de interesse comercial Poliéteres: Esta classe de heteropolímeros se caracteriza pela presença da ligação éter -C-O-C. O poliéter de estrutura química mais simples é o poliacetal (ou poliformaldeído), considerado um termoplástico de engenharia por suas boas propriedades físico-mecânicas. Outro poliéter obtido da policondensação da epicloridrina e do bisfeno-A produz as conhecidas resinas epóxi. Outros exemplos de são o polietileno óxido (ou polioxietileno) e o polipropileno óxido (ou polioxipropileno). Poliésteres: Nesta classe o grupo funcional é caracterizado pela ligação éster -C- O-O- podendo gerar cadeias saturadas ou insaturadas dependendo do tipo de material inicial empregado (saturado ou não). Como exemplo maior da primeira classe temos o polietileno tereftalato (PET, muito empregado para a confecção de fibras e o polibutileno tereftalato (PBT) mais utilizado como termoplástico de engenharia. Na subclasse dos insaturados temos as resinas termorrígidas a base de poliésteres insaturados largamente empregados com reforço de fibra de vidro na confecção de cascos de barcos, pranchas de surf, fuselagem de aviões e veículos automotores. Policarbonato: A ligação característica nesse caso é o grupo funcional -O-CO-O sendo normalmente aromáticos com cadeias lineares. O exemplo é o policarbonato (PC) outro termoplástico de engenharia obtido da policondensação do fosgênio (COCl2) e do bisfenol-A (C15H16O2). Poliamidas: Caracterizados pelo grupo amida -NH-CO- essa classe divide-se em produtos naturais (Proteínas, seda e lã) e materiais sintéticos utilizados como plásticos de engenharia ou na forma de fibras, (nylons 6; 6,6; 6,10; 11 e 12) Poliuretanos: Uma classe razoavelmente versátil é a dos poliuretanos caracterizados pelo grupo funcional -NH-CO-O-. Estes polímeros podem se apresentar tanto na forma de um termoplástico, termofixo, elastômero ou fibra, na forma expandida ou não, dependendo da estrutura química e funcionalidade dos reagentes empregados na formulação do polímero. Aminoplásticos: São polímeros derivados de aminas -C-NH2. Como exemplos temos as resinas termofixas de uréia-formaldeído (sinteko) e a melamina-formaldeído (fórmica). Derivados de Celulose: Partindo-se do produto natural celulose é possível, através de várias reações químicas diferentes, obter derivados da celulose com características de um material plástico convencional. (Possibilidade de processamento). Assim através de acetilação obtém-se o acetato de celulose. Outros exemplos são o acetato-butirato de celulose, carboxi-metil-celulose e a celulose regenerada. Silicones: Essa classe de heteropolímeros apresenta a ligação -Si-O- formando a cadeia principal. As duas outras ligações do átomo de sílicio podem ser ocupadas por vários radicais diferentes produzindo vários tipos de silicone. Destes o mais comum é o polidimetil silicone (mais conhecido como silicone) onde os dois substituintes são radicais metil (-CH3). 1.6 Quanto ao método de preparo Os polímeros podem ser classificados conforme o modo como são obtidos, ou seja, pela forma de reação química por onde são formadas suas estruturas. Nessa classificação, temos dois processos mais comuns, gerando a classificação em polímero de adição e polímero de condensação. Polímeros de adição: São aqueles que durante a reação de polimerização não há perda de massa na forma de compostos de baixo peso molecular, ou seja, o peso de polímero formado é igual ao peso de monômero adicionado. Ex.: PE, PP, PVC, PMMA, etc. Polímeros de condensação: São polímeros resultantes da reação de dois grupos funcionais reativos com eliminação de moléculas de baixo peso molecular (água, amônio, HCL, etc.). Ex.: Nylon 6,6 H2N-(CH2)6-NH2 + HOOC-(CH2)4-COOH (I) H2N-(CH2)6-NH-OC-(CH2)4-COOH + H2O (II) H-[-NH-(CH2)6-NH-OC-(CH2)4-CO-]n-OH + nH2O (III) 1.7 Quanto ao comportamento mecânico Plásticos (termoplásticos e termorrígidos): material polimérico sólido na temperatura ambiente. Elastômeros: polímeros que na temperatura ambiente podem deformar-se no mínimo duas vezes o seu comprimento inicial retornando ao comprimento original rapidamente após retirado o esforço. Para apresentarem estas características os elastômeros normalmente possuem uma baixa densidade de ligações cruzadas. Além disso devem apresentar algumas propriedades básicas: Recuperação rápida após retirado o esforço. Elevada resistência a tração e elevado módulo de elasticidade quando deformado. Total recuperação da deformação após a retirada do esforço. Fibras: um termoplástico orientado (com um sentido longitudinal dito eixo principal da fibra) satisfazendo a condição geométrica L/D ≥ 100. Referências: CANEVAROLO, S. V. Ciência dos polímeros: Um texto básico para tecnólogos e engenheiros. São Paulo: Artliber, 2002. CALLISTER, William D. Jr. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução, ed. 7, Editora LTC, 2008. MANO, E. B.; MENDES, L. C. Introdução à polímeros. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1999.
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