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Eutanásia_ ética e direito à morte (Civil) - Artigo jurídico - DireitoNet

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31/10/2020 Eutanásia: ética e direito à morte (Civil) - Artigo jurídico - DireitoNet
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ARTIGOS
Eutanásia: ética e direito à morte
Estudo sobre a eutanásia, ortotanásia e distanásia, análise sob
a nova ótica do Estado Democrático de Direito e ética legal.
 Por Luís Mário Leal Salvador Caetano
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INTRODUÇÃO
A eutanásia representa atualmente uma complicada questão de bioética e
biodireito, pois enquanto o Estado tem como princípio a proteção da vida dos
seus cidadãos, existem aqueles que, devido ao seu estado precário de saúde,
desejam dar um �m ao seu sofrimento antecipando a morte.
Independentemente da forma de Eutanásia praticada, seja ela legalizada ou
não, é considerada como um assunto controverso, existindo sempre prós e
contras – teorias eventualmente mutáveis com o tempo e a evolução da
sociedade, tendo sempre em conta o valor de uma vida humana. Sendo
eutanásia um conceito muito vasto, distinguem-se aqui os vários tipos e
valores intrinsecamente associados: eutanásia, distanásia, ortotanásia, a
própria morte e a dignidade humana.
Bioética
Eutanásia, Ortotanásia e Distanásia
Eutanásia, ortotanásia e distanásia são assuntos recorrentes em diversos
meios, sejam eles especializados (médico/enfermagem), jurídicos,
acadêmicos ou religiosos, quando se trata de discutir e (re)estabelecer o
marco limítrofe entre o que seria ético/correto/justo e o que não seria em
eventual observação de tais fenômenos. Assim, o propósito desta dissertação
é informar e, sobretudo, discutir, no campo da bioética, quais desses
 
DIREITO CIVIL | 07/OUT/2010

https://www.direitonet.com.br/artigos
https://www.direitonet.com.br/artigos/perfil/exibir/140234/Luis-Mario-Leal-Salvador-Caetano
https://www.direitonet.com.br/artigos/perfil/exibir/140234/Luis-Mario-Leal-Salvador-Caetano
https://www.direitonet.com.br/areas/2/Direito-Civil
31/10/2020 Eutanásia: ética e direito à morte (Civil) - Artigo jurídico - DireitoNet
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procedimentos seriam de fato propostas aceitáveis, para a sociedade, os
médicos, e, claro, para o paciente.
É importante ressaltar que muitas vezes os conceitos das ações citadas são
amplamente confundidos. Portanto, é de fundamental importância que
primeiro sejam explicados cada um deles. A eutanásia, termo já bastante
popular, principalmente se comparado aos outros, consiste na interrupção
não natural da vida de um paciente que sinta muita dor ou sofrimento, por
compaixão de parentes, médicos ou mesmo dele próprio. A distanásia é o
prolongamento arti�cial da vida de um paciente já agonizante, sem
esperanças de cura ou melhora pelo conhecimento médico contemporâneo.
A ortotanásia pode ser entendida exatamente como a falta desta
arti�cialidade: o paciente não terá interrompido seu curso natural à morte,
fazendo com que, sem tratamentos ou medidas que não iriam salvar a vida
do paciente, já sem chance de recuperação, esse possa morrer da forma
“convencional”, levando uma vida normal até sua morte.
Assimilando os conceitos, devemos fazer análises críticas sobre tais
fenômenos, e começamos pela distanásia. É ético? É bom para as partes?
Acreditamos que não. Qual é a função favorável e humana, para paciente,
familiares e médicos, de prolongar a vida de quem já deveria estar morto, e
não terá condições de ressuscitar? É extremamente desumano obrigar uma
pessoa, em seu leito de morte, a ter seu sofrimento prolongado, obrigar seus
familiares a conviver com um parente moribundo que não morreu, mas
também não viverá. É inclusive interessante a posição da Igreja Católica,
tradicional e conservadora, sobre o assunto: É errado fazer isso. O motivo – e
partilhamos da opinião – é que não estaríamos deixando a pessoa seguir o
seu caminho humano de encontrar com a morte algum dia. O processo da
distanásia é sustentado por médicos e familiares egoístas ou ingênuos, que
a�rmam esperar que de fato algum dia surja a terapia que iria solucionar o
problema do internado, e enquanto isso, este poderia ser deixado vegetando
em alguma UTI. É uma sustentação que deixa de lado a humanidade da
pessoa, seu sofrimento arti�cial, que não deveria ocorrer mais. Não é tão
difícil chegar à conclusão, sem muita oposição, de que não é ético promover
a distanásia.
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Estranho é saber que, mesmo a distanásia sendo tão criticada, sua antônima,
a ortotanásia, não encontra opiniões tão unânimes a seu respeito. Esta foi
motivo de calorosas discussões a seu respeito, quando o Conselho Federal de
Medicina aprovou resolução libertando médicos da obrigação da distanásia,
ou seja, liberando a ortotanásia. Logo a Justiça Federal do Distrito Federal
suspendeu a validade da resolução por liminar, entendendo, erroneamente,
que aos médicos teria sido reservado o direito da eutanásia do paciente, uma
clara confusão de conceitos. Como explicaram os médicos, a eutanásia era
fortemente repelida por eles; A intenção do Conselho era fazer com que os
médicos não precisassem mais prolongar arti�cialmente a vida de um
paciente sem perspectivas de memória, sendo enquadrados penalmente
como homicidas. Na prática, a resolução em questão só libertava os médicos
internamente, uma vez que somente uma lei federal poderia dispor sobre o
assunto, e o CFM não tem força legislativa; Ou seja, penalmente, eles ainda
seriam imputáveis.
Compartilhamos da idéia do CFM, de que a ortotanásia observa um
procedimento humano e natural, qual seja, deixar um paciente sem
perspectivas de melhora, seguir seu caminho como um ser animal, e vir a
falecer, ainda com cuidados médicos que assegurassem fases menos
agonizantes, sofridas, para o doente terminal. Interessante é ressaltar que a
ortotanásia é na verdade um conceito penal atípico, uma vez que não há
disposições contra deixar uma pessoa qualquer seguir seu leito de morte
comum – e seria estranho e reprovável que tal tipo penal existisse no
ordenamento jurídico brasileiro. Diferentemente da eutanásia, o médico que
pratica a ortotanásia é enquadrado por homicídio culposo ou omissão de
socorro, o que é, na visão dos autores do texto, extremamente equivocado,
uma vez que não há socorro verdadeiramente possível em tais casos, e o
homicídio culposo não poderia ser justamente declarado uma vez que a
morte seria natural, e, claro, de acordo com o desejo do paciente. O auxílio ao
suicídio também não se observa em questão, já que o falecimento da pessoa é
natural, e não causado por ela própria. Para que os direitos dos doentes
terminais sejam mais amplos nesse sentido, há o anteprojeto de lei que diz:
"Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio arti�cial,
se previamente atestada por dois médicos a morte como iminente e
inevitável, e desde que haja consentimento do paciente ou, em sua
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impossibilidade, de cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou
irmão", em seu inciso 4º do artigo 121.
Em nosso entendimento, nada é mais justo e ético que uma pessoa, sã, ter a
faculdade de decidir sobre deixar sua vida seguir o curso natural ou não,
encerrando-a sem interferências tecnológicas, apenas com cuidados para o
bem-estar do doente terminal. Não há a interrupção prematura da vida,
como muitos pensam (qualidade característica da eutanásia), apenas a
aceitação do ser humano como um ser vivo normal que, sim, um dia virá a
falecer. Também é muitomais nobre, em nossa opinião, por parte de
médicos e familiares, que estes prezem apenas pelo bem-estar no �m de
vida da pessoa em questão, se esta decidir pelo não prolongamento arti�cial
da sua vida, deixando-a exercer o livre arbítrio, e não a obrigando a vegetar
por tempo indeterminado – ou seja, deixá-la viver a vida da forma que
preferisse, com liberdade, aspecto fundamental dos direitos humanos.
Caso mais delicado é o da eutanásia, esta sim com um fácil entendimento
sobre o porque de tanta discussão acerca de si. E novamente, à revelia do
imaginário popular, existem conceitos essenciais a serem explicados, devido
ao fato de a eutanásia poder ser classi�cada, em proposta de Neukamp
(1937), em referência ao consentimento do paciente, de três formas
distintas.
A primeira é a eutanásia voluntária, quando a morte ocorre de acordo com a
vontade do paciente. Já a segunda é a involuntária, que causa a morte do
paciente mesmo contra a sua vontade. Enquanto isso, a terceira é a eutanásia
não voluntária, que denomina o ato de encerrar a vida do doente terminal
sem que este tenha se manifestado a respeito da decisão.
A eutanásia involuntária encontra rejeição neste texto, pelo fato de que não é
ético obrigar uma pessoa a morrer. Se o paciente deixou expressa claramente
a sua vontade de viver, a interrupção prematura de sua vida nada mais é do
que um homicídio, não importando se este viver se tornaria difícil, ruim,
melancólico, triste. Entendemos que a pessoa tem um direito soberano e
inalienável em condições de sanidade regular sobre o seu direito de viver, e
que se a vida, mesma envolta em tanta dor, for o objetivo de um paciente que
não iria morrer naturalmente, este desejo deve ser respeitado sem
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questionamento, cabendo apenas ao paciente, quando bem julgar necessário
ou conveniente, manter ou mudar o seu posicionamento. Devemos
considerar também que não há positivação da pena de morte para os civis
brasileiros, então ela não seria obrigada por força maior em hipótese alguma
a aceitar sua morte. Nesse caso, claro, os médicos seriam responsabilizados
pelo dever objetivo de cuidado, prosseguindo com o tratamento do paciente
até que este decidisse pelo contrário.
É considerando esta concepção de direito inalienável à vida que não podemos
nos declarar de outra forma, senão a favor da eutanásia voluntária. Cabe aqui
lembrança à discussão sobre pena de morte no Brasil, que fará grande favor
ao entendimento do posicionamento tomado pelos discentes. A pena de
morte no Brasil é considerada impossível porque todos têm o direito à vida.
Esquecem, porém, que direito não é dever, e a maioria dos direitos
conseguidos pelos civis no ordenamento jurídico brasileiro, são conseguidos
através do cumprimento de obrigações; ou seja, se um cidadão comete um
homicídio, como atuou de forma nociva à boa ordem social, uma busca
“obrigatória” pelos brasileiros, por que não poderia a ele ser imputada a
pena de morte? Ela seria apenas mais uma pena restritiva de direitos, como a
restritiva de liberdade, princípio garantido na Constituição Federal e, - desta
feita, contraditoriamente – perdido como direito na pena de prisão,
detenção, por exemplo, sem contar ainda com a consideração de que,
embora a hermenêutica contemporânea disponha o contrário (e esta é e será
sempre mutável), não há hierarquização entre os princípios humanos
descritos como direitos universais materialmente.
Esta acepção acerca da pena de morte não pretende ser objeto de discussão
nesta dissertação. Apenas serve para fundamentar e exempli�car que o
direito à vida, personalíssimo, soberano e inalienável, não deve nunca ser
confundido como um dever à vida. Portanto, em nossa visão, é por demais
legítimo que a pessoa, sempre em sã consciência, possa optar por viver ou
não, por combater sofrimentos terríveis que só a própria pessoa sente como
é de verdade e eventuais limitações ou sucumbir de uma vez por todas.
Quando alguém se posiciona contra o desejo da pessoa, esquece-se que esta,
humana, é a única que sofre �sicamente com a dor, que irá sofrer todas as
perdas físicas, psicológicas, sociais, que só igual proximidade psíquica com a
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morte poderá causar em outra pessoa. Esquecemo-nos das batalhas no
militarismo brasileiro, das revoluções ao redor do mundo, quando diversos
sacrifícios foram necessários para que a acepção da completude do
signi�cado de vida fosse deveras entendido – Não havia vida sem liberdade,
sem chances de crescer, de se expressar, até mesmo de ser feliz, de ter os
direitos universais respeitados em sua totalidade. Ignoram as heróicas lutas
históricas que tanto deveríamos ter estudado, que nos ensinaram que a vida
sem direitos não é vida, que esta não teria sentido, que era preferível perdê-
la na tentativa do que julgavam ser a vida de verdade a viver tamanha
mediocridade, uma servidão de pessoas livres apenas teoricamente, mesmo
que muitas vezes sequer fossem capazes de delimitar algo concreto que fosse
seu senhor – e, assim, existe direito maior a ser exercido em sua vida do que
a faculdade de optar por tê-la ou não? Teoricamente, este é o primeiro
direito que alguém deveria aceitar ou não. Se você aceita viver, aceita as
sanções da vida em sociedade (se em tal viver), os seus problemas que por
ventura se tornem reais e toda a capacidade de tirar proveito do direito
aceito. Mas como “primeiro” direito a ser aceito, considerando a situação de
inalienabilidade e soberania, ninguém, nunca, por motivo algum, se veria na
obrigação de ter que aceitar o direito – até porque, se você é obrigado a algo,
não tem direito, tem dever. Assim, consideramos essencialmente ética a
eutanásia voluntária, não lesando nada do que julgamos como merecedor de
atenção da bioética, que varia de acordo com a área analisada.
Um tanto mais complexo é dar qualquer parecer sobre a eutanásia não
voluntária, certos de que por melhor que seja fundamentada qualquer
posição a respeito dela, não haverá muito mais de razão do que de opiniões
fundadas em dogmas, costumes, crenças, experiências. É preciso criar
hipoteticamente uma situação na qual se encaixe, e assim, embasar algum
juízo de valor.
A hipótese observada pode ser a de um pai que sempre foi bastante ativo:
jogava futebol com os amigos religiosamente, brincava com os �lhos quando
menores, adorava viajar, era excelente advogado, sempre visto com
expressão simpática no fórum da cidade, perambulando entre diferentes
departamentos forenses; bastante amigável, era sempre convidado a
diversas festas, onde todos admiravam como um homem em seus 50 anos
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ainda parecia se divertir tanto dançando ao lado de sua mulher. Em mais
uma de suas viagens, apaixonado que era por velocidade, exagerou ao
acelerar o carro importado que comprara depois de tanto se esforçar para tal;
Sofreu um acidente.
Por sua imprudência, perdeu a mulher, um de seus três �lhos, e, segundo os
médicos, não irá morrer naturalmente, mas não há previsão de quando ele
irá recobrar a consciência, se um dia o �zer. Os �lhos, agora, podem decidir
sobre a manutenção da vida do pai, ou pela interrupção prematura através da
eutanásia. Em julgamento pessoal, a�rmamos que, no lugar dos �lhos,
escolheríamos sim, a favor da morte do nosso pai. E o mesmo no caso de ser
o pai de um jovem que entrou em coma aos 20 anos e aos 40 não tinha
acordado ainda, históriamais comum do que parece ser. Estas pessoas não
poderiam responder se queriam viver ou não, mas tendo em vista o
sofrimento das pessoas sãs ligadas à elas, talvez depois de determinado
prazo estabelecido na justiça, parece sim ser ético decidir pela morte do
paciente. Uma pessoa que perdeu 20 anos de sua vida, quem sabe os 20
melhores anos de sua vida, ou mesmo que tenha perdido menos, mas que
venha a sofrer traumas demasiadamente destruidores, que tenham se
desligado do mundo, e de repente voltassem, mais velhas, debilitadas, com a
conseqüente perda de seus amigos, familiares, colegas por falta de contato,
de seu emprego, sua carreira, seu conhecimento acadêmico, sua capacidade
de fazer as coisas simples da vida – alguns casos, não sabiam nem falar –
pelo nosso entendimento, apesar de ser uma decisão difícil e, admitimos,
incerta, variável, se pudesse escolher, escolheria mesmo pela interrupção de
sua vida, sem os anos, talvez décadas de sofrimento vegetativo, e de, depois,
sofrimento em sua ressocialização. Achamos o mesmo no caso de pacientes
que sofram de dores muito intensas, e que irão sofrer por isso durante muito
tempo, alguns anos, sem melhora, sem condição de explicitar seu
consentimento com a eutanásia ou não, mesmo que não estando em seu
curso natural de óbito: seria mais humano se as pessoas mais próximas do
paciente optassem de uma vez pela sua morte prematura, pois, em regra,
este estágio dos pacientes acabam sendo um estágio terminal alongado, uma
preparação para a morte, com bastante sofrimento em seu leito.
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A bioética realmente sempre nos faz deparar com temas muito complexos,
que não são natos do ser humano, já que geralmente são temas que só
surgem graças ao avanço bem maior da tecnologia em relação a esta
categoria ética. Este é o motivo de tanta discussão acerca de assuntos os
quais muitas vezes temos opiniões formadas, mas mal conseguimos
fundamentar muito além do “eu acho que” e similares.
Mesmo a criação e convenção de conceitos costumam ser exóticos à natureza
de outros estudos humanos, há mais coisas sendo descobertas, maior
necessidade de estabelecimento de limites, às vezes sobre causas que, no
fundo, sabemos que precisamos de estudar bem mais para chegarmos à
conclusões tão importantes como as que chegamos nos círculos onde a
matéria é debatida. Este trabalho é uma tentativa de esclarecer algumas
convenções pouco conhecidas e amplamente distorcidas, além de
fundamentar a opinião pessoal, contra ou a favor, sobre diversas
rami�cações da bioética, apesar de que, com bastante honestidade, só
podemos ter a certeza, depois de todo o trabalho e as calorosas discussões
surgidas em decorrências das pesquisas e argumentações, que nada em
bioética pode ser dado como certo, imutável; e, por isso, devemos atentar
sempre à necessidade de a evoluirmos, de modo a chegarmos nos consensos
que julgarmos melhores, mais justos, mais éticos, favorecendo o avanço
cientí�co-tecnológico, mas nunca nos esquecendo de que sempre iremos
nos deparar com diferentes valores, e estes devem ser respeitados.
CONCLUSÃO
Percebe-se que a eutanásia é um assunto muito amplo, que gera inúmeras
discussões, tanto religiosas quanto políticas, se é certo ou é errado, se é ético
ou antiético, por tanto é muito difícil formar uma discussão que não envolva
pontos morais, deve-se avaliar caso a caso e não simplesmente criar uma
verdade absoluta e aplicá-la sobre todos os enfermos.
É relevante distinguir eutanásia de "suicídio assistido", na medida em que
na primeira é uma terceira pessoa que executa, e no segundo é o próprio
doente que provoca a sua morte, ainda que para isso disponha da ajuda de
terceiros. E somente esse fato já altera muito a maneira que se deve ver a
eutanásia.
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É praticamente impossível se chegar a uma conclusão exata, muito menos
uma opinião que se encaixe a todos os pontos de vistas. Perante o tabu da
morte e a família como um elemento cuidador da e na sociedade, existe
inúmeros contextos e particularidades e é necessário de�nir o comum. A
eutanásia continuará a suscitar grande polémica na sociedade, de
argumentos supostamente válidos entre os que defendem a legalização e os
que a condenam, havendo assim necessidade de compreender a moral à
prática concreta dos homens enquanto membros de uma dada sociedade,
com condicionalismos diversos e especí�cos, e re�ectir sobre essas práticas
(ética), a�nal a vida humana é direito em qualquer sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
Eutanásia, ortotanásia e distanásia: breves considerações a partir do
biodireito brasileiro, São Paulo, 2005. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7571>. Acesso em: 24 abril
2009.
Médico pode limitar ajuda a doente terminal, FSP 10.11.2006.
Juiz obriga médicos a tentar prolongar vida de doentes terminais, FSP
27/11/2007.
BRASIL. Código Penal. Colaboração de Antonio L. de Toledo Pinto, Márcia V.
dos Santos Wíndt e Lívia Céspedes. 39. ed. São Paulo: Saraiva 2001
FRANCISCONI, Carlos Fernando; GOLDIM, José Roberto. Tipos de Eutanásia,
2003. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/eutantip.htm>. Acesso
em: 24 abril 2009.
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