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PortuguesInstrumental_completo - Concuros públicos

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Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
 Página 0 
 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
 Página 1 
 
Apresentação 
O curso Português Instrumental criará condições para que você possa: 
►Compreender e desenvolver a comunicação oral e escrita em situações mais 
diversas, considerando o estilo pessoal e a adequação ao contexto comunicativo. 
►Ampliar os conhecimentos a respeito da língua portuguesa de forma a aprimorar 
as habilidades comunicativas orais e escritas para informar, argumentar, persuadir, 
emocionar e se relacionar com o outro. 
►Exercitar diferentes habilidades discursivas para comunicar-se com clareza e 
eficiência. 
►Revisar aspectos fundamentais à construção de textos em Língua Portuguesa. 
►Fortalecer uma atitude crítica e autocrítica como produtor de texto. 
Para atingir seus objetivos, o curso está dividido em quatro módulos: 
→ Módulo 1 – Comunicação: uma experiência pessoal e coletiva 
→ Módulo 2 – Produzindo textos 
→ Módulo 3 – Cuidados a serem observados 
 → Módulo 4 – Texto Ideal: utilizando os conceitos 
A competência de expressar-se por escrito é uma exigência cada vez mais emergente 
no meio profissional. 
O curso Português Instrumental busca mais que qualquer outra coisa, deixar claro 
que a viabilidade dessa aprendizagem existe e depende essencialmente de um 
esforço pessoal em conquistá-la. Quem sabe até, depois de aprendida, possa ser a 
escrita uma enorme fonte de prazer, como insinua Frei Beto: 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
 Página 2 
 
 
 
“Deixa tua vocação literária explodir no impulso de vida que corre em tuas veias. 
Não tenhas a pretensão de escrever melhor do que os outros. Basta-te a certeza de 
que ninguém pode escrever igual a ti. O estilo é o rosto do autor, e não há dois 
iguais. Escreve com a pele, não com a cabeça. Entrega-te à tua obra com paixão, 
ainda que ela te consuma e resulte na tua condenação e morte. 
 
Há um tempo para cada coisa, diz o Eclesiastes. Nas letras há um tempo para ler e 
um tempo para ruminar o que se leu; há um tempo para engravidar de uma 
situação, idéia, imagem ou história, e um tempo para levá-las ao papel em sinais 
gráficos. Não vazes o teu talento em ansiedade. Dedica-te pacientemente ao 
trabalho e tem coragem de soltar feras, anjos, legiões de demônios e fantasmas 
que povoam cavernas e vulcões de tua topografia interior. A alma é mais 
geográfica que histórica. Tem acidentes, relevos, vales e montanhas; está sujeita a 
secas e tempestades, varia de estações e climas. Ninguém embarcaria se antes 
considerasse os perigos do mar. Toda travessia exige confiança no risco. 
 
Escreve-se assim: toma-se um punhado de palavras que escorrem céleres por 
veias, artérias, músculos e mãos, derramando-se entre os dedos; esparrama-as 
sobre folhas secas brancas, dispondo-as ordenadamente, de forma que traduzam 
idéias, sentimentos, emoções, recordações, visões e propósitos. Respeita a 
respiração das palavras. Isso que a gramática chama de pontuação. Deixa que elas 
descansem ao fim de um conceito, recobrem forças antes de iniciar uma nova 
frase, estejam cadenciadas por vírgulas e pontos nas orações. Não exija delas 
fôlego maior do que possuem e saiba que encerram curioso mistério, pois as 
mesmas palavras que servem para registrar o mais insípido documento de cartório 
prestam-se igualmente para compor as mais belas obras literárias. Elas formulam 
sentenças de morte e esperança de vida, bulas de veneno e declarações de amor, 
anúncios de guerras e tratados de paz. E, quando lapidadas pela sensibilidade e 
pela intuição, delas brotam poesias, tropéis ritmados sobre nuvens. Servem 
inclusive à própria loucura. Nesse caso, dizem coisas que nem mesmo o raciocínio 
consegue conter e que extrapolam as leis da grafia e da sintaxe, pois refletem essa 
irreprimível necessidade de exprimir o imponderável, de escrever o absurdo, de 
revelar o absoluto.” 
 
Fonte: CLAVER, Ronald. Escrever com Prazer. Belo Horizonte: Dimensão,1999, pp 
13/14. 
 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
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Módulo1 
 
Comunicação: uma experiência pessoal e coletiva 
 
Este módulo está dividido em três aulas: 
→Aula1 – Cuidando da Comunicação 
→Aula2 – O Processo de Comunicação 
→ Aula 3 - Argumentação e a Produção de Texto 
Com o objetivo de capacitá-lo a: 
►Identificar as funções da linguagem presentes no processo de comunicação; 
►Analisar um texto tendo como subsídios os elementos argumentativos utilizados 
 
 
Aula 1 – Cuidando da comunicação 
 
“Antes de escrever, portanto, aprendei a pensar.” 
Nicolas Boileau 
Como ponto de partida de um curso que trata do uso adequado da Língua 
Portuguesa em diferentes contextos, é necessário estabelecer alguns pressupostos 
teóricos que o ajudarão ao longo deste estudo a compreender melhor os conceitos 
implicados em uma produção textual que se quer eficiente. 
 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
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A Língua 
 
Língua é um sistema arbitrado que se concretiza a partir da interação verbal feita 
através de práticas discursivas. 
 
Essa definição traz como implicação fundamental a interlocução, que é a ação 
lingüística entre sujeitos. 
 
 
i n t e r + l o c u ç ã o = ação lingüística entre sujeitos 
 
 
A linguagem é tomada como processo propício à comunicação de pensamentos, 
idéias, conhecimentos, sentimentos, valores, etc. A língua é considerada, dessa 
forma, como sistema arbitrado por configurar-se como código formado por palavras 
e leis combinatórias que caracteriza o grupo social que a utiliza. 
 
Construção lingüística 
 
Ao se afirmar que cada grupo se utiliza de recursos específicos da língua, é possível 
reconhecer a existência de diferentes combinações possíveis. 
Ou seja, cada um de nós é sujeito ativo que decide, intencionalmente ou não, entre 
as múltiplas possibilidades de construção lingüística. 
É importante neste momento reportar-se ao título deste módulo, pois trata da língua 
como sistema e o sujeito como interlocutor ativo, ou seja, apesar de se configurar 
como uma experiência essencialmente social, a língua se concretiza a partir de uma 
ação individual de um sujeito que mobiliza saberes sociais, lingüísticos e cognitivos. 
 
A fala 
 
O uso individual da língua, denomina-se fala, da qual surgem as variedades 
lingüísticas. Parece complicado, mas não é! No cotidiano, você recorre a discursos 
com as mais diferentes características, determinadas sempre pelo contexto 
comunicativo em que está inserido. Veja: 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
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Ao enviar um e-mail a um amigo íntimo ou um e-mail ao diretor de uma repartição a 
que você está subordinado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Variação lingüística 
 
São diversos os fatores que determinam a variação lingüística e esses fatores se 
relacionam às vivências particulares de cada falante, como: 
 
→Fatores socioeconômicos (trazem implicações para as diferenças advindas do 
nível de escolaridade e do acesso a bens culturais); 
→ Fatores profissionais; 
→ Fatores subjetivos; 
→ Fatores regionais; e 
→ Fatores situacionais. 
 
 
A pluralidade cultural e as condições socioeconômicas no Brasil 
superdimensionam estes aspectos e, por isso, é preciso refletir sobre os conceitos 
adotados em relação ao que é linguagem certa ou errada. 
 
 
 
oiii, Fulano. 
 
blz? 
Mi manda akele doc q eu t pedi 
ainda hj. x] 
 
abraçao ai ^^ 
 
SandraPrezado Senhor, 
 
Solicito-lhe o envio do documento 
anexo devidamente preenchido para 
que possamos tomar as providências 
requeridas. 
 
Atenciosamente, 
 
Sandra Mara
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
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Pessoas que supervalorizam a língua culta, considerando-a como única forma a ser 
aceita socialmente, muitas vezes agirão de maneira discriminadora e intolerante, 
restringindo o conceito de língua e de seu uso. 
 
Por isso, os lingüistas afirmam que não existe certo ou errado, mas uso dos 
registros padrão ou não-padrão. 
 
 
Quando você diz: Me dê este pacote..., está usando o registro não-padrão, pois 
gramaticalmente, não se inicia frases com pronomes pessoais oblíquos. 
 
Já na frase: Dê-me este pacote..., você está usando o registro padrão, atendendo à 
regra gramatical que acabou de ser citada. 
 
 
Adaptação da linguagem 
 
 
 
 
 
 
A maior parte dos brasileiros, em seu dia-a-dia, usa mais o registro não-padrão. 
 
Pode-se dizer que estão errados? 
Que não podem falar assim em suas casas com seus familiares? 
 
Estas questões deverão ser analisadas a partir do conceito de adequação. 
 
A linguagem utilizada deve se adequar aos diferentes contextos de comunicação. 
Mas, qual das duas opções 
você mais utiliza? 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
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Se você está no meio familiar, poderá fazer uso de um registro coloquial (não-
padrão); se for apresentar um relatório ou uma palestra no trabalho, deverá utilizar o 
registro culto (considerado como padrão para situações formais). 
 
Reconhecer a importância de se adequar aos inúmeros contextos é o primeiro passo 
que damos em direção a uma comunicação eficiente, seja no âmbito profissional ou 
pessoal. 
 
 
Seja qual for o ambiente em que se encontre e as pessoas com quem se 
comunica, é primordial reconhecer a necessidade de adaptação da linguagem 
utilizada entre os interlocutores, o que envolve a reelaboração discursiva. 
 
 
Na tirinha abaixo, com muito humor e muita perspicácia, Luís Fernando Veríssimo 
trata exatamente disto. Como você deve falar para que seja entendido? 
 
Fonte: http://literal.terra.com.br/verissimo/biobiblio/ostipos/ostipos.shtml?biobiblio2 
 
Aula 2 - O Processo de comunicação 
 
Aproveitando o exemplo da tirinha anterior você estudará agora o processo de 
comunicação. 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
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Entre os diferentes aspectos envolvidos no processo comunicativo, destaca-se a 
intenção do emissor no momento da comunicação, o que implica definir: 
 
→ O que se quer comunicar; 
→ Para quem; 
→ Como se vai comunicar; 
→ Qual canal de comunicação será utilizado; e 
→ Em que contexto ela ocorrerá. 
 
 
Tais aspectos nos reportam às funções da linguagem, propostas por Roman 
Jakobson: função emotiva (ou expressiva), função referencial (ou 
denotativa), função apelativa (ou conativa), função fática, função poética, 
função metalingüística. 
 
 
Funções da linguagem 
 
Todo processo comunicativo, implica intencionalidade. Para cada um dos elementos 
da comunicação corresponde uma função da linguagem. Ao se comunicar, 
entretanto, utilizam-se concomitantemente vários recursos e, conseqüentemente, o 
discurso serve a diversas funções. 
 
É importante definir qual o objetivo de comunicação para estabelecer o foco a ser 
dado a partir das funções possíveis. 
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Fonte: http://www.graudez.com.br/literatura/funling.htm 
Função emotiva (ou expressiva) 
Centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a 1ª 
pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, 
memórias, poesias líricas e cartas de amor. 
Função referencial (ou denotativa) 
Centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da 
realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular. 
Linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos. 
Função apelativa (ou conativa) 
Centraliza-se no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento do 
receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o 
nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. Usada nos discursos, sermões e 
propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor. 
Função fática 
Centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o 
receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem das falas telefônicas, saudações e 
similares. 
 
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Função poética 
Centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. 
Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas 
combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de 
música, em algumas propagandas etc. 
Função metalingüística 
Centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala 
da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. 
Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem. 
 
Postura comunicativa 
 
Conhecer a língua é uma necessidade, pois é a consciência de suas múltiplas 
possibilidades que nos dá condições de fazer escolhas, de optar por esta ou aquela 
forma, por esta ou aquela palavra, por esta ou aquela postura comunicativa. 
 
Quando você conhece, pode se posicionar criticamente, por exemplo, diante da 
dinâmica de evolução da língua. 
 
 
O que influencia uma pessoa a usar vícios de linguagem novos como o 
gerundismo e incorporá-los à nossa maneira de falar com tanta rapidez? 
Talvez a resposta esteja no fato de que, muitas vezes, as pessoas não analisam 
como falam ou como escrevem e apenas agem por intuição... 
 
 
Devemos então pensar em como utilizar os conhecimentos que temos a respeito da 
língua em favor de uma comunicação eficiente. Leia o artigo publicado na Revista 
Língua, da professora Beth Brait: 
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 Página 11 
 
 
Todos nós, mortais, temos a impressão de que os escritores nascem sabendo 
escrever bem: seus textos saltam prontos da imaginação privilegiada para as 
páginas impressas de um livro. Por mais que eles insistam em afirmar que 
escrever significa mais transpiração que inspiração, que o processo é um eterno 
“pisar em grilos”, exigindo rigorosa disciplina, ficamos com a sensação de que isso 
tudo só vale para os que não nasceram escritores. Para poetas e prosadores natos, 
basta preencher as folhas brancas com palavras, frases, parágrafos que, 
magicamente, materializam-se em histórias, personagens, espaços, paisagens, 
mundos cativantes. Nada de releituras, emendas, trocas de palavras, eliminação 
de excessos, inclusão de trechos, correção de deslizes. 
Ledo engano. A atividade da escrita é um processo trabalhoso, exigindo de seu 
empreendedor bem mais que talento. Independentemente de sua finalidade, 
escrever requer observação, conhecimentos, vivência, pesquisa, planejamento, 
consciência das formas de circulação, muita paciência e, conseqüentemente, 
leituras, releituras, construção e reconstrução. Com os grandes escritores, 
podemos identificar os esforços exigidos por essa atividade, surpreendendo 
alguns momentos em que eles demonstram a forte e ambígua relação que 
mantêm com seus textos, expondoa maneira como administram detalhes que 
envolvem a escritura e, também, após a publicação, o interesse pelas formas de 
recepção. E essas exposições entreabrem uma fresta para que os demais 
“escreventes” conheçam alguns percursos e percalços do escrever, do dar 
acabamento a um texto, das formas de vê-lo correr mundo. 
Fonte: BRAIT, Beth. Escrever, argumentar, seduzir. Revista Língua. Disponível em: <http: www. 
revistalingua.com.br>. Acesso em: 25 out 2007. 
 
 
 
 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
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Comunicação eficiente 
A consciência de que escrever exigirá muito trabalho, não quer dizer que tal ação 
seja impossível. Ao contrário, você é chamado a uma atividade que impõe reflexão 
e conhecimento. Se por um lado define-se o que escrever e como fazê-lo, impõe-se 
que se pense também na natureza dessa escritura como algo dirigido a mais alguém 
e, portanto, coletivo. 
Quando você escreve um texto, seu papel é de emissor e como tal, responsável pela 
elaboração da mensagem e a escolha mais adequada dos elementos que permearão 
todo o texto e que determinarão o interesse do receptor. 
 
Ao se remeter à intencionalidade do autor, remete-se também à consciência do 
potencial comunicativo do texto. Inerente ao ato da escrita, está a necessidade de 
socializar nossas idéias, sentimentos, certezas e incertezas sobre os mais diferentes 
assuntos. Por isso é preciso considerar, no momento da produção escrita, os 
elementos da comunicação e suas implicações na construção textual. 
 
 
A eficiência comunicativa do seu texto está irremediavelmente ligada a todo um 
trabalho consciente e bem executado. 
 
 
 
 
 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
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Aula 3 - Argumentação e a produção de texto 
 
“Quanto mais consciência você tem do valor das 
palavras, mais fica exigente no emprego delas.” 
 
 Carlos Drummond de Andrade 
 
Em seu cotidiano, das mais diversas maneiras e com os mais diversos propósitos, 
você pensa e argumenta: seja no trabalho para apresentar uma nova idéia aos 
colegas ou ao chefe; seja em época de eleição para convencer que o seu voto em 
determinado político tem razão de ser; seja no comércio, ao tentar convencer 
alguém de que é preciso lhe dar um desconto; seja em casa, ao tentar convencer os 
filhos de que ler é melhor do que conversar com os amigos no Messenger... 
Veja o quadrinho na página seguinte e reflita sobre a consistência argumentativa. 
 
Consistência argumentativa 
 
É possível argumentar sobre o que não se conhece? 
 
 
Fonte: http://www.depositodocalvin.blogspot.com/ 
É cabível afirmar que a argumentação é um recurso cujo propósito se centra na 
tentativa de persuadir alguém. 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
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Ao se argumentar, se objetiva convencer alguém a pensar como nós ou 
simplesmente, gostaríamos de apresentar nossas idéias. Para tanto, utiliza-se muitas 
vezes a função apelativa e referencial da linguagem. 
 
 
A função apelativa subsidia a argumentação com informações relevantes e 
função referencial busca os recursos lingüísticos para chamar a atenção do 
receptor. 
 
Componentes do discurso 
Ao se produzir textos, o uso adequado de argumentos é crucial, pois eles 
representarão os fundamentos de suas idéias, as quais serão por eles validadas e 
defendidas a fim de convencer o leitor de que essa é a correta ou de que essa é 
apresentada de maneira aceitável. 
Em um discurso argumentativo, distinguem-se variados componentes, dentre eles, a 
tese, os argumentos, as premissas e a conclusão: 
 
A tese ou proposição é a idéia fundamental defendida pelo autor de um texto e, 
portanto, passível de discussão, já que expressa um ponto de vista. 
Os Argumentos devem ser eficientes, pois é a argumentação que garante a 
aceitação da idéia apresentada. 
Premissas são as razões que o sustentam o argumento dando suporte para a 
conclusão. 
Conclusão é a alegação final que encerra o texto. 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
 Página 15 
 
 
 
 
O Desenvolvimento da tese 
 O desenvolvimento da tese considera que a mesma é sempre produto de opções 
que 
seguem 
a 
seguinte 
hierarqu
ia: 
 
 
 
 
 
Estes três pontos conduzem ao objetivo do texto. 
Com uma definição antecipada é possível evitar que o texto se torne um amontoado 
de idéias que pouco se correlacionam ou que não contribuam efetivamente para a 
construção de um tecido argumentativo que produza o sentido desejado. 
O desenvolvimento da tese exige que em primeiro lugar se delimite o tema, o que 
possibilita a reflexão sobre o pressuposto do qual se partirá. 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
 Página 16 
 
O pressuposto está irremediavelmente ligado ao capital cultural, as ideologias, 
vivências, leituras. O pressuposto traduz a visão sobre o assunto e norteia toda a 
argumentação na medida em que define a coerência interna do texto. 
A ordenação adequada dos argumentos determina seu encadeamento e conduz à 
unidade de sentido. 
 
 
 
 
O sentido do texto 
Leia o poema de Clarice Lispector a seguir e depois volte a ler de baixo para cima. 
Perceba o quanto a ordenação das afirmações feitas muda completamente o sentido 
final do texto. 
 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
 Página 17 
 
 
Não te amo mais 
Estarei mentindo dizendo que 
Ainda te quero como sempre quis 
Tenho certeza que 
Nada foi em vão 
Sinto dentro de mim que 
Você não significa nada 
Não poderia dizer mais que 
Já te esqueci! 
E jamais usarei a frase 
Eu te amo! 
Sinto, mas tenho que dizer a 
verdade 
É tarde demais. 
É tarde demais. 
Sinto, mas tenho que dizer a 
verdade 
Eu te amo! 
E jamais usarei a frase 
Já te esqueci! 
Não poderia dizer mais que 
Você não significa nada 
Sinto dentro de mim que 
Nada foi em vão 
Tenho certeza que 
Ainda te quero como sempre quis 
Estarei mentindo dizendo que 
Não te amo mais 
 
Argumentação eficiente 
É possível utilizar vários recursos para alcançar uma argumentação eficiente, entre 
eles, destacam-se: 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
 Página 18 
 
→ Citação: apresentação, no corpo do texto, de uma informação extraída de outra 
fonte devidamente indicada e que dá autoridade ao texto. A citação pode ser direta 
ou indireta. 
Direta – refere-se à transcrição integral e literal de uma parte do texto pesquisado. 
Nesse caso, indica-se obrigatoriamente sua fonte. Exemplo: O fenômeno bullying, 
termo de gênese inglesa, é definido como: “(...) um comportamento cruel intrínseco 
nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em 
objetos de diversão e prazer, através de ‘brincadeiras’ que disfarçam o propósito de 
maltratar e intimidar” (FANTE, 2005, p.29). 
Indireta – refere-se à transcrição das idéias do autor consultado, porém usando as 
suas palavras, ou seja, parafraseando. Exemplo: Fante (2005, p. 73) afirma que o 
agressor compraz-se em oprimir, humilhar, subjugar os mais fracos. Geralmente, 
pertence a uma família desestruturada, apresenta carência afetiva, tem dificuldades 
de se adaptar às normas, entre outros. 
→ Evidências: apresentação de informações (dados, estatísticas, percentuais) que 
comprovem as idéias. As informações devem ser fidedignas e do conhecimentode 
todos. Você só persuadirá seu interlocutor com informações verdadeiras, que têm 
respaldo na realidade. 
→ Exemplos e ilustrações – apresentação de exemplos conhecidos e de fatos que 
ilustrem ou facilitem a compreensão das idéias expostas. 
→ Argumentos de valor universal: apresentação de idéias universalmente aceitas 
sobre as quais não se contesta. 
→ Relação de causalidade: estabelecimento das relações de causa e conseqüência. 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
 Página 19 
 
 
OBS: As citações devem ter relação direta com o assunto tratado no texto, 
reforçando as idéias apresentadas. 
O uso adequado das citações evita que se recorra ao plágio. 
 
 
Construção de textos 
 
Além de todos os recursos, lembre-se de que a construção de textos é uma 
atividade relacionada diretamente à capacidade argumentativa, o que implica o 
estabelecimento de relações, confronto de idéias, análise, problematização e 
criticidade. 
 
Assim como no ato de leitura, a aquisição dessas habilidades é um processo 
paulatino e que exige, portanto, a prática insistente de exercícios que instiguem o 
raciocínio e oportunizem a maturação intelectual. 
 
 
Importante! Não há receitas definitivas ou concludentes sobre o assunto 
abordado, apenas o consenso de que trabalho árduo só pode trazer resultados 
profícuos. 
 
Antes de terminar o estudo desta aula leia as dicas do texto 10 Dicas para Aumentar 
seu Poder de Persuasão. 
 
 
 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 09/10/2009 
 Página 20 
 
Resumo 
Neste módulo, você estudou que ... 
A língua apesar de se configurar como uma experiência essencialmente social, se 
concretiza a partir de uma ação individual de um sujeito que mobiliza saberes sociais, 
lingüísticos e cognitivos. 
Reconhecer a importância de se adequar aos inúmeros contextos é o primeiro passo 
que damos em direção a uma comunicação eficiente, seja no âmbito profissional ou 
pessoal. 
 
Entre os diferentes aspectos envolvidos no processo de comunicativo, destaca-se a 
intenção do emissor no momento da comunicação, o que implica definir o que se 
quer comunicar; para quem; como se vai comunicar; qual canal de comunicação 
será utilizado e em que contexto ela ocorrerá. 
Conhecer a língua é uma necessidade, pois é a consciência de suas múltiplas 
possibilidades que nos dá condições de fazer escolhas, de optar por esta ou aquela 
forma, por esta ou aquela palavra, por esta ou aquela postura comunicativa. 
Quando você escreve um texto, seu papel é de emissor e como tal, responsável pela 
elaboração da mensagem e a escolha mais adequada dos elementos que permearão 
todo o texto e que determinarão o interesse do receptor. 
A argumentação é um recurso cujo propósito se centra na tentativa de persuadir 
alguém. 
Em um discurso argumentativo, distingui-se variados componentes, dentre eles: a 
tese, os argumentos, as premissas e a conclusão. 
É possível utilizar vários recursos para alcançar uma argumentação eficiente, entre 
eles, destacam-se: a citação, as evidências, os exemplos, as ilustrações, 
argumentos de valor universal e a relação de causalidade. 
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Módulo 2 
 
Produzindo Textos 
 
 
Este módulo está dividido em três aulas: 
 
→ Aula 1 - Modalidades discursivas 
→ Aula 2 – Recursos considerados na dissertação 
→ Aula 3 - Organização textual 
 
Com o objetivo de capacitá-lo a: 
►Caracterizar os tipos textuais: narração, descrição e dissertação; 
►Elaborar dissertações; e 
►Enumerar os recursos que poderão contribuir para a efetividade de produção de 
textos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 1 - Modalidades Discursivas 
 
 “Quem tapa a minha boca 
Não perde por esperar: 
O silêncio de agora 
Amanhã é voz rouca 
De tanto gritar.” 
 
Ledo Ivo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comunicar idéias, pensamentos e sentimentos parece, a priori, algo fácil e simples a 
qualquer pessoa, principalmente se você considerar que todos, desde crianças, usam 
cotidianamente a linguagem. 
Comunicação interpessoal 
A comunicação diária entre as pessoas se realiza sem que se reflita sobre as teorias e 
as regras mobilizadas intuitivamente no processo de comunicação. 
Evidencia-se, dessa maneira, o domínio dos diferentes gêneros textuais e sua 
utilização sem impor à comunicação empecilhos que a torne lenta e, portanto, sem 
sentido naquele dado momento. 
Ao participar de um bate-papo no Messenger, por exemplo, as pessoas não se atêm 
às normas gramaticais, como uso de maiúsculas ou pontuação, ao contrário disso, 
abreviam as palavras e preocupam-se mais com a agilidade do que se quer dizer. 
Utilizados na comunicação interpessoal, esses textos caracterizam-se 
especialmente por se aplicarem a situações sociocomunicativas, configurando-se 
assim como gênero textual. 
Você se comunica com facilidade? Já parou para pensar 
quantos textos diferentes, seja para se comunicar por 
escrito ou oralmente, você produz cotidianamente? 
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Gêneros textuais 
 
São gêneros textuais: e-mails, poemas, bilhetes, postais, artigos, orações, anúncios, 
avisos, memorandos, requerimentos, editais, resenhas, crônicas, relatórios, listas, 
ofícios, propagandas, receitas, notícias, provérbios, cartas, bulas, entre outros. 
Muitos de nós, entretanto, aprendemos na escola a utilizar os textos segundo sua 
tipologia: narração, descrição e dissertação. 
Essa concepção é válida como modalidade utilizada no processo de composição dos 
diversos gêneros discursivos, mas não dá conta da classificação e análise de todos os 
textos utilizados pelos falantes de uma língua. 
Veja a seguir as características das três modalidades textuais. 
 
Narração 
 
Contar histórias faz parte da natureza humana. As pessoas contam o que lhes 
acontece de bom e de ruim, partilham experiências, compartilham acontecimentos. 
Assim, a narração se vincula irremediavelmente à vida. 
Narrar impõe o relato de fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, com marcante 
coerência interna para que a história seja verossímil e, portanto, convincente ao 
receptor. O texto narrativo contém os seguintes elementos: 
→ Enredo: também chamado de fato, trama ou ação, deve apresentar seqüência 
espacial e temporal ordenada. 
→ Personagem: quem participa do enredo. 
→ Ambiente: o espaço onde ocorre o enredo. 
→ Tempo: o momento em que se dá o enredo. 
→ Narrador: quem narra o enredo. Pode ou não participar da história como 
personagem. 
Exemplos de narração 
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Veja alguns exemplos de narração: 
- Exemplo de narração em um texto cujo domínio discursivo é o jornalístico: 
 
Acidente no Eixão mata mulher de 28 anos 
 
No dia 10/11/2007, um grave acidente tirou a vida de uma jovem na manhã deste 
sábado, na Asa Sul. Sabrina Damasceno Alencar Viana, 28 anos, seguia pelo Eixão 
no sentido norte-sul, quando ao fazer uma manobra, colidiu com a mureta de um 
viaduto localizado em frente ao Banco Central. 
Presa nas ferragens do Pólo (placa JHH-1228) que conduzia, a vitima morreu na 
hora. O acidente aconteceu por volta das 8h. O caso será investigado pela 1ª DP 
(Asa Sul). De acordo com as primeiras informações, Sabrina dirigia a 90 km/h no 
momento do acidente, pois o velocímetro do veículo teria travado apontando essavelocidade – que representa apenas 10 km/h acima da velocidade permitida na 
via. As informações são do Centro Integrado de Atendimento e Despacho (Ciade) 
da Polícia Militar. 
 
Fonte:http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2725177&sub=Distrito%
20Federal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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- Exemplo de narração em um texto cujo domínio é o literário: 
 
Maneira de amar 
 
Carlos Drummond de Andrade 
 
O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava 
manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um 
gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem 
bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza. Em vão o jardineiro 
tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para 
não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as 
outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o 
pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na ocasião devida. 
 
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante 
dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, 
depois de assinar a carteira de trabalho. Depois que o jardineiro saiu, as flores 
ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar 
de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a 
ausência do homem. “Você o tratava mal, agora está arrependido.” “Não”, 
respondeu, “estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. 
É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava.” 
 
Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. A cor de cada um. Rio de Janeiro: Record, 
1998. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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- Observe um exemplo de poema em que o autor apresenta sua própria narrativa: 
 
Vaca Estrela e Boi Fubá 
 
 Patativa do Assaré 
Seu doutor me dê licença pra minha história contar. 
Hoje eu tô na terra estranha, é bem triste o meu penar 
Mas já fui muito feliz vivendo no meu lugar. 
Eu tinha cavalo bom e gostava de campear. 
E todo dia aboiava na porteira do curral. 
 
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela, 
ô ô ô ô Boi Fubá. 
 
Eu sou filho do Nordeste , não nego meu naturá 
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá 
Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar, Minha linda Vaca Estrela e o 
meu belo Boi Fubá 
Quando era de tardezinha eu começava a aboiar 
 
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela, 
ô ô ô ô Boi Fubá. 
 
Aquela seca medonha fez tudo se atrapalhar, 
Não nasceu capim no campo para o gado sustentar 
O sertão esturricou, fez os açude secar 
Morreu minha Vaca Estrela, já acabou meu Boi Fubá 
Perdi tudo quanto tinha, nunca mais pude aboiar 
 
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela, 
ô ô ô ô Boi Fubá. 
 
Hoje nas terra do sul, longe do torrão natá 
Quando eu vejo em minha frente uma boiada passar, 
As água corre dos olho, começo logo a chorá 
Lembro a minha Vaca Estrela e o meu lindo Boi Fubá 
Com saudade do Nordeste, dá vontade de aboiar 
 
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela, 
ô ô ô ô Boi Fubá. 
 
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Descrição 
 
O texto descritivo se caracteriza por capturar verbalmente as características, de 
maneira mais ou menos pormenorizada, pessoas, estados de espírito, objetos ou 
cenas. 
A descrição aparece recorrentemente em narrações para trazer pormenores dos 
personagens, do ambiente ou de algum objeto. Por isso, poucas vezes você verá 
descrições isoladas de outras modalidades textuais. 
A descrição pode ser: 
 
- Objetiva: quando se restringe a descrever a realidade, sem julgamento de seu 
valor. 
 
- Subjetiva: quando as impressões do autor são transmitidas. 
 
Tipos de descrição 
 
Não são raras vezes em que as descrições ultrapassam o mero retrato da realidade, 
apresentando uma interpretação desta. As pinturas e as fotografias são exemplo 
disso. Embora retratem a realidade, permitem a expressão de um sem-número de 
impressões. Veja os exemplos a seguir: 
 
 
 
Fonte: http://www.confoto.art.br/bienal07autor.php 
Fonte: http://www.historiadaarte.com.br/expressionismonobrasil.html 
 
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Leia a seguir o texto “Dois velhinhos” de Dalton Trevisan, em que um personagem 
descreve a outro o que vê de sua janela e este, ao se deparar com a realidade, 
percebe que esta era bastante diferente. 
 
 
Dois velhinhos 
 
Dalton Trevisan 
 
Dois pobres inválidos, bem velhinhos, esquecidos numa cela de asilo. 
Ao lado da janela, retorcendo os aleijões e esticando a cabeça, apenas um podia 
olhar lá fora. 
Junto à porta, no fundo da cama, o outro espiava a parede úmida, o crucifixo negro, 
as moscas no fio de luz. Com inveja, perguntava o que acontecia. Deslumbrado, 
anunciava o primeiro: 
— Um cachorro ergue a perninha no poste. 
Mais tarde: 
— Uma menina de vestido branco pulando corda. 
Ou ainda: 
— Agora é um enterro de luxo. 
Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto. O mais velho acabou morrendo, 
para alegria do segundo, instalado afinal debaixo da janela. Não dormiu, 
antegozando a manhã. Bem desconfiava que o outro não revelava tudo. Cochilou um 
instante — era dia. Sentou-se na cama, com dores espichou o pescoço: entre os 
muros em ruína, ali no beco, um monte de lixo. 
Fonte: http://www.releituras.com/daltontrevisan_doisvelhinhos.asp 
 
 
A subjetividade da linguagem 
 
A percepção da realidade pode, sem dúvida, variar de uma pessoa para outra, por 
isso é que em textos técnicos prevalece a objetividade e, em outros textos, a 
subjetividade. Nesse sentido, Leonardo Boff, ao falar de Leitura nos traz um belo 
quadro do que representa a subjetividade no uso da linguagem, sejamos nós leitores 
ou produtores do discurso: 
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“Ler significa reler e compreender, interpretar . Cada um lê com os olhos que 
tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. 
Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é 
necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz da 
leitura sempre uma releitura. 
A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender é essencial 
conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer, como alguém vive, com que 
convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume 
os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão 
sempre uma interpretação. 
Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê e 
relê com os olhos que tem, pois compreende e interpreta a partir do mundo que 
habita .” 
Leonardo Boff 
 
Dissertação 
 
O texto dissertativo objetiva expor, explicar ou interpretar determinada idéia e, 
para tanto, recorre-se a argumentos que a comprovem ou justifiquem. Assim como 
na descrição e na narração, dissertar pressupõe uma intencionalidade discursiva que 
agregará informações que evidenciam nossa forma de ver o mundo e nossas 
vivências. 
 Trata-se antes de tudo de questionar a realidade, posicionando-se a respeito de um 
assunto. Portanto, é condição imprescindível à dissertação o conhecimento do 
assunto. 
Você não poderá refletir sobre o que não conhece. 
 
A intencionalidade determinao tipo de texto que será produzido. 
A dissertação pode ser: 
Expositiva - As idéias e os fatos são apresentados sem um posicionamento crítico 
em relação ao tema abordado. 
 Argumentativa - Os fatos apresentados são agregados ao posicionamento do 
indivíduo em relação ao tema abordado. 
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Exemplo de Dissertação expositiva: 
 
Annan: Reação à tragédia em Darfur foi 'hesitante' 
 
Fergal Keane 
 
"Nós fomos lentos, hesitantes, inescrupulosos, e não aprendemos nada de 
Ruanda", afirmou Annan ao programa de televisão da BBC Panorama, referindo-se 
ao país que foi palco do genocídio de 800 mil pessoas da etnia tutsi em 1994. 
 
Estima-se que 200 mil pessoas já tenham morrido em Darfur, província no oeste 
do Sudão, nos últimos dois anos, desde que grupos locais se rebelaram contra o 
que dizem ser a marginalização da maioria negra pelo governo central de 
Kharthoum. Desde então, 2,4 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar as 
suas casas por causa da violência e os problemas da fome e das doenças se 
agravaram no país. 
 
A própria ONU foi muito criticada na época do genocídio de Ruanda por não 
tomar providências apesar dos avisos da equipe baseada no Sudão. No caso de 
Darfur, Annan tem pressionado por medidas internacionais, mas as suas 
declarações à BBC são as mais incisivas que ele já fez sobre o assunto. Há uma 
pequena força da União Africana para monitorar a situação. Nas áreas em que a 
força está presente, a situação melhorou. 
 
O ministro britânico para o Desenvolvimento Internacional, Hilary Benn, acredita 
que a violência tenha diminuído de uma forma geral por causa da possibilidade 
de os líderes sudaneses responderem aos crimes no Tribunal Penal Internacional 
de Haia, na Holanda. 
 
Um relatório da ONU divulgado no início deste ano indicou que tanto rebeldes 
como as milícias árabes que atuam no país poderão ser responsabilizados por 
crimes cometidos nos últimos dois anos. 
 
Fonte: 
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2005/07/050702_annansudaoc
g.shtml 
 
 
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Exemplo de Dissertação argumentativa: 
 
Quem ri? 
João Pereira Coutinho 
 
O texto merece ser lido: Ban Ki-moon, o atual secretário-geral das Nações Unidas, 
publicou artigo de opinião no "Washington Post" onde oferece explicação curial 
para a tragédia do Darfur. Que se passa naquela região do mundo, com 300 mil 
mortos (mínimo) e um número incontado e incontável de refugiados? 
 
A sanidade clássica apontaria culpas para o regime brutal que, instalado em 
Cartum desde 1989, iniciou várias campanhas de extermínio étnico e ideológico: 
primeiro, com o simpático propósito de apagar as populações cristãs e animistas 
do sul; e, depois, elegendo para a matança as populações campesinas e 
maioritariamente não-árabes do Darfur. A limpeza, como usualmente acontece, 
não seria executada pelo governo --mas através de milícias "independentes" e 
"rebeldes" que poderiam fazer o trabalho sujo sem implicar o regime. 
 
Ban Ki-moon tem nova tese. Para o secretário-geral, o Darfur explica-se com o 
aquecimento global, essa vulgata secular que tudo absolve e simplifica. Os 
islamitas do Sudão andam a matar africanos com uma violência semelhante à do 
Ruanda? É do tempo. Ou seja, é a nossa ganância energética que aquece os 
ânimos dos islamitas sudaneses. Quando se consome energia com selvática 
ferocidade, a temperatura sobe, a chuva diminui, os recursos escasseiam e, 
atenção ao salto lógico, um governo africano resolve armar milícias terroristas e 
iniciar a expulsão, o estupro e o extermínio de milhões de sudaneses. A 
explicação é audaz, admito. Mas, infelizmente, ela não salva Ban Ki-moon e a 
nobre organização que ele atualmente dirige. 
 
Primeiro, não salva a impotência das Nações Unidas. Uma vez mais, e depois do 
Ruanda em 1994, a ONU presencia mais um genocídio perante os seus olhos, um 
cenário de horror que, muito compreensivelmente, obriga os burocratas do clube 
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a levantá-los para o céu. Só para ver se ainda chove. E, depois, não salva nem 
altera a natureza profundamente racista de um conflito que, com chuva ou sem 
ela, existiria sempre enquanto o governo de Khartoum, dominado por uma 
ideologia de submissão e conquista, estivesse interessado em apagar qualquer 
presença não-árabe no país. 
 
Ban Ki-moon pode acreditar que, sem tropas no terreno e com menos 
desodorante matinal nas cidades do Ocidente, talvez o regime sudanês seja mais 
compassivo com as populações do Darfur. As palavras do secretário-geral são 
uma piada grotesca. Mas eu duvido que, a prazo, ainda haja alguém no Darfur 
para rir dela. 
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult2707u306792.shtml 
 
 
A estrutura do texto dissertativo 
O texto dissertativo estrutura-se em três partes: 
Introdução 
É a parte em que se apresenta a idéia central que será progressivamente 
desenvolvida no decorrer do texto. A idéia central traz uma declaração breve e 
sintética do assunto de forma a evidenciar o posicionamento a respeito do tema 
tratado. 
Desenvolvimento 
É nesta etapa que a idéia central ganha corpo no sentido de que são apresentados os 
argumentos que comprovarão a validade do posicionamento inicial do autor. Por 
isso, essa é a parte mais extensa do texto dissertativo, pois é aqui que se apresentam 
causas e conseqüências, detalhamento do assunto, análise de dados e situações que 
sirvam de exemplos, analogias, entre outros. 
 
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Conclusão 
Esta parte, também chamada de desfecho, retoma a questão mais relevante do 
assunto tratado, apresentando as considerações finais do autor. Deve-se ter um 
cuidado especial ao concluir, pois retomar não significa restringir-se a repetir o que é 
óbvio. Deve, a um só tempo, fechar o raciocínio apresentado como também propiciar 
condições de reflexão ao leitor. 
 
 
Importante! 
Lembre-se de que as partes que compõem a dissertação são complementares e 
irremediavelmente interconectadas 
 
 
Para fechar esta aula, leia o texto: “Qual é a maior estupidez brasileira?” . Exemplo 
de um texto eminentemente dissertativo, tendo em vista que o autor apresenta e 
defende seu ponto de vista sobre o assunto em questão. 
Embora seja dissertativo, traz trechos descritivos, evidenciando pormenores da 
situação apresentada, como também recorre à narração ao nos contar a ação 
governamental que serviu de ponto de partida para a reflexão do autor. 
 
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Qual é a maior estupidez brasileira? 
 
Gilberto Dimenstein 
 
Começa nesta semana um programa gerido por médicos da Universidade Federal de 
São Paulo (Unifesp) para diminuir o espantoso número de estudantes que, por causa 
de doenças simples de serem tratadas, têm dificuldades nas escolas. O programa é 
patrocinado pela prefeitura de São Paulo, previsto para atingir todos os alunos da 
rede municipal. 
 
Faz dois meses que os médicos da Unifesp (antiga Escola Paulista de Medicina) 
desenvolvem um piloto numa escola e encontraram uma galeria de horrores. É como 
se crianças estivessem apodrecendo por falta de tratamento médico. Algumas 
doenças são de fácil resolução como baixa acuidade visual e de audição. A taxa de 
sobrepeso é de 30%; 60% têm cáries. 
 
O que os médicos estão constatando ocorre em todas as escolasbrasileiras --e ocorre 
porque não se consegue um melhor entrosamento entre as áreas de educação e 
saúde. Estamos falando aqui de um problema que, segundo as estatísticas, atinge 
40% dos alunos da rede pública. Ou seja, algo como 25 milhões de estudantes. Sei 
de meninos tratados como surdos, mas que não limpavam o ouvido. E de outros 
considerados retardados pelos professores, mas que tinham distúrbios psicológicos 
provocados pela violência doméstica. Há disléxicos considerados burros. Ou 
anêmicos chamados de preguiçosos. 
 
Não é fácil eleger a maior imbecilidade brasileira, tamanha a oferta de candidaturas. 
Pelo impacto social, meu voto vai pela falta ou precariedade de programas de saúde 
escolar. Só um estúpido completo é capaz de imaginar que vamos melhorar nossos 
indicadores educacionais com crianças que não ouvem e não enxergam direito. 
 
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u32686
8.shtml 
 
 
 
 
 
 
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Aula 2 – Recursos considerados na dissertação 
 
 
 
 
 
 
A partir de agora você estudará alguns recursos que poderão lhe auxiliar na 
produção de textos, são eles: reflexão sobre o tema, elaboração do esquema, 
rascunho, reflexão sobre o estilo pessoal de escrever e revisão do texto. 
Reflexão sobre o tema 
 
Para facilitar a produção de um texto, o primeiro passo é pensar sobre o tema que 
nos foi dado. É preciso que você questione: sei o suficiente sobre o assunto? Diante 
da resposta a essa questão, você deverá, se preciso for, buscar textos que subsidiem 
a argumentação. 
 Lembre-se sempre de que os textos que você lê não são apenas fonte de informação 
como também modelo de escrita. Normalmente, as pessoas que lêem muito têm 
maior facilidade ao escrever até por estarem habituadas aos diferentes textos 
socialmente disponibilizados, como bons livros, jornais e revistas. 
 
A partir desse ponto, você passará a delimitação do assunto. Muitas vezes são 
ofertados temas amplos e é preciso, então, restringi 
 
lo, evitando que se fique perdido em meio a um emaranhado de possibilidades e 
idéias. 
 
Você já sentiu alguma dificuldade ao escrever um texto? 
Já começou uma dissertação e não soube como continuar? 
Iniciou um texto muito empolgado e depois de dois 
parágrafos, tudo o que vinha à cabeça já estava escrito? 
Diante de um tema dado, surgiram mil idéias e depois não 
conseguia organizá-las? 
Estes são alguns dos dilemas 
por que muitos passam ao escrever... 
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Pensar e escrever 
Após delimitar o tema, é preciso definir o pressuposto que gerará a idéia central do 
texto, o que possibilitará a análise do ponto de vista adotado, sua forma e suas 
variantes. 
A dissertação exige planejamento. A reflexão cuidadosa e antecipada das partes 
que compõem o texto facilita a escrita, principalmente, por permitir separar as duas 
atividades complexas que envolvem o ato da escrita: pensar e escrever. 
Você já estudou no módulo 1 que quando se escreve, é preciso elaborar um 
esquema, para isso defina três questões fundamentais: 
O que escrever? 
Como escrever? 
Para que escrever? 
Elaboração do esquema 
O próximo passo é elaborar um esquema. Quando se elabora um esquema, ou seja, 
se planeja um texto, já se está prevendo o que se vai escrever. Só depois é se que 
pensa em como fazê-lo... Se você não planejar o texto, terá que realizar duas 
atividades complexas simultaneamente, o que gera maior dificuldade. 
O esquema é um recurso que permite planejar as idéias do texto. Para elaborar 
um esquema, devemos estar atentos à relação entre as idéias do texto. O esquema 
tem de ser expresso de maneira simplificada para que se possa ter uma idéia clara 
sobre o conteúdo a ser desenvolvido. Os esquemas podem ser organizados de 
diferentes maneiras: 
Esquema em chave - o título expressa a idéia central do texto e os argumentos são 
apresentados com os de sentido mais amplo ficando à esquerda dos de sentido 
menos amplo; as idéias que têm o mesmo tipo de relação ficam umas sobre as 
outras. Exemplo: 
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Mapa conceitual - Mapas conceituais são representações gráficas, que indicam relações 
entre conceitos ligados por palavras. Exemplo: 
 
 
 
 Causas 
 
 
 Soluções 
A violência 
nos grandes 
centros 
urbanos. 
 
 
Conseqüências
 
Condições 
socioeconômicas; 
Impunidade; 
Precariedade da 
educação básica. 
Aumento de 
crimes bárbaros; 
 
Descontrole 
social; 
 
Fragilização das 
instituições. 
Iniciativas da 
sociedade civil 
organizada; 
 
Reestruturação do 
sistema prisional; 
 
Revisão do código 
penal. 
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Numeração progressiva - as idéias são apresentadas hierarquicamente em forma de 
texto. Exemplo: 
A violência nos grandes centros urbanos 
 
1 – Causas. 
1.1 Condições socioeconômicas. 
1.2 Impunidade. 
1.3 Precariedade da educação básica. 
 
2 – Conseqüências. 
2.1 Aumento de crimes bárbaros. 
2.2 Descontrole social. 
2.3 Fragilização das instituições. 
 
3 – Soluções. 
3.1 Iniciativas da sociedade civil organizada. 
3.2 Reestruturação do sistema prisional. 
3.3 Revisão do código penal. 
 
Rascunho 
 
Para a produção de uma dissertação, depois de escolhido o esquema, passe para a 
próxima etapa, o rascunho, que será a primeira versão do texto. 
O rascunho é um esboço inicial do texto definitivo. É fundamental exercitar a 
elaboração do rascunho, pois tal ação é fruto da compreensão de que o texto não 
fica pronto logo em sua primeira versão, mas é uma construção refletida que permite 
o repensar de trechos inteiros, o acréscimo de informações, a substituição de 
palavras, a eliminação de vícios e repetições, a revisão dos aspectos gramaticais e até 
das idéias apresentadas. 
 
Se for possível, quando estiver escrevendo um texto, deixe a versão inicial 
“descansar” e volte à reelaboração algum tempo depois. 
 
 
 
 
 
 
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Recursos Considerados na Dissertação 
É importante também que você reflita sobre seu estilo pessoal de escrever, pois, 
cada pessoa se expressa de uma forma particular a partir de suas vivências. Por 
isso reflexão sobre seu estilo pessoal de escrever é mais um passo na elaboração 
de uma dissertação. 
Os textos escritos também serão um reflexo do que se sabe, do que se pensa e 
do que se sente. Por isso, evite regras rígidas de produção de texto que não lhe 
dêem a mobilidade necessária para expressar com liberdade suas idéias. Não se 
prenda a números definidos de parágrafos ou a uma extensão pré-determinada para 
cada parágrafo, pois tal postura intimida seu processo criativo. 
 
Escrevemos porque pensamos... Portanto, descubra qual o seu caminho de 
construção textual e mãos à obra. 
 
 
Revisão 
Uma boa maneira de sedimentar seu estilo é observar os textos que lê. Quando se 
deparar com textos que julgar agradáveis, bem construído e cuja argumentação é 
apropriada, analise como o autor iniciou o texto, que recursos utilizou, como 
concluiu sua idéia. Assim, vão se criando laços a partir dos modelos que sãoapresentados e aos poucos se vão incorporando os elementos que, em conjunto, 
formarão seu estilo pessoal de escrever. 
Um dos aspectos que deve ser considero antes de definirmos a versão final de um 
texto é a revisão dos aspectos textuais, essa é a última etapa, da qual destacam-se 
os seguintes aspectos: 
→ Adequação: analisar se o texto está adequado ao tema e se atende ao objetivo 
que se quer alcançar; → 
Coerência: analisar se há um fio condutor do sentido ao longo do texto; → 
Clareza: verificar se as idéias são expostas de forma a serem plenamente 
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compreendidas; → 
Coesão: verificar se as diversas partes do texto estão interligadas de maneira a criar 
textualidade (rede lógica de sentido). 
 
Aula 3 - Organização textual 
 
A dissertação é uma grande unidade textual composta por unidades textuais 
menores que são denominadas parágrafos, os quais são constituídos por um ou 
mais períodos interligados semântica e sintaticamente. 
Os parágrafos são o maior indicativo da organização das idéias de um texto, 
pois é a maior pausa que se estabelece no texto. Nesse sentido, a cada parágrafo, o 
leitor é chamado a parar e refletir sobre o assunto ali exposto. 
O planejamento de textos em esquemas é estruturado, via de regra, a partir dos 
parágrafos que você construirá. Assim, apresenta-se a idéia principal a ser abordada, 
em seguida as idéias de apoio ou secundárias e, facultativamente, a conclusão, que 
pode ser um desfecho ou a preparação deste para o início do parágrafo seguinte. 
 
 
 
 
 
 
Não há regras rigorosas no que tange à extensão do parágrafo, mas sua 
formulação exige bom senso. 
 
 
O parágrafo não deve ser tão curto a ponto de fragmentar a 
apresentação das idéias e empobrecer a argumentação, nem 
tão longo que se torne cansativo e disperse a atenção do 
leitor. Reconhecer o momento adequado de se mudar de 
parágrafo também é fator importante. 
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Como estudou anteriormente, a dissertação apresenta três partes básicas: a 
introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Normalmente, temos um parágrafo 
de abertura para a introdução; um ou mais parágrafos para o desenvolvimento da 
idéia central apresentada na introdução; e um parágrafo de encerramento para a 
conclusão. 
O parágrafo de introdução: 
Um parágrafo inicial bem formulado facilita o trabalho do escritor e do leitor, pois 
orienta o desenvolvimento de todo o texto. Pode antecipar a idéia central do texto 
ou de forma criativa gerar no leitor diferentes expectativas em relação ao teor do que 
vem a seguir. Dentre as possibilidades de construção inicial de um texto, optamos 
pelas seguintes: 
Alusão histórica: Nas savanas da África, nos idos do Paleolítico inferior, quando o 
chopper (um raspador de pedra) era a nossa mais moderna tecnologia, nosso 
cérebro tinha acabado de vencer o salto triplo para ultrapassar a barreira dos 1500 
cm cúbicos de volume – um fato espetacular. Com isso deu-nos as vantagens do 
funcionamento do neocórtex dos lobos frontais, temporais, parietais, que se 
encarregam de registrar informações, envio de ordens precisas, arquivo de múltiplas 
recordações, reutilização de experiências passadas, centro de associações lógicas e 
complexas; nos deu o isocórtex homo típico, encarregado da ação refletida, do 
conhecimento, da memória, da linguagem e da faculdade de previsão. Com todo 
esse aparato, tivemos condições de elaborar todas as características formadoras da 
cultura, a partir de uma essência básica: o espírito de colaboração. 
Fonte: http://personal.telefonica.terra.es/web/crearmundos/Revista/Edicao01/Educacion/Edu_Outro.htm 
 
 
Raciocínio dedutivo: sair de uma afirmação geral para o particular: 
 A capacidade de produzir textos de qualidade, nos mais diferentes níveis e 
estilos, literários ou não, esteve, durante muito tempo, associada a um dom divino, 
cujos agraciados deveriam ser admirados por aqueles que não tiveram tanta sorte 
assim. Uma das razões que levam a isso é a relação que se estabelece entre a 
capacidade de produção escrita e criatividade. Não é incomum que as pessoas 
considerem criativos apenas escritores ou alguns colegas, os quais muitas vezes 
destacam-se em sua turma. 
 
Raciocínio indutivo: sair de uma afirmação particular para o geral – a narração de 
um fato, por exemplo. 
Uma perguntinha: vocês preferem filmes dublados ou legendados? Eu prefiro 
legendado, até mesmo quando se trata de animação. Mas depois eu volto nisso. O 
caso mesmo é o seguinte: mais uma vez a politicagem brasileira prova que é 
totalmente desmiolada e não tem mais o que fazer. Há um projeto de lei, já em 
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caráter conclusivo na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, 
que institui a dublagem obrigatória dos filmes em língua estrangeira nos cinemas. O 
pai da idéia é o deputado Nilson Mourão (do PT do Acre). 
Fonte: http://forum.pootz.org/viewtopic.php?t=5195 
 
Interrogação: “Por que motivo as crianças de modo geral, são poetas e, com o 
tempo, deixam de sê-lo?” Por que razão este questionamento do grande poeta 
Carlos Drummond de Andrade, em 1974, parece-nos ainda tão atual? 
Fonte: http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2003/lll/tetxt4.htm 
 
 
 
Analogia e paralelo: Para expiação do pecado capital do mundo do conhecimento 
que é o plágio, um primeiro passo pode ser a simples confissão. Livramos-nos da 
culpa do plágio citando a fonte de uma informação ou argumento. 
Fonte: In: http://www.espacoacademico.com.br/024/24wlap.htm 
 
Citação: Segundo Ana Paula Corti, pesquisadora da Ação Educativa, de São Paulo, "a 
questão está muito presente no horizonte das gerações mais novas, mas as escolas 
não a incorporaram como fonte de intervenção pedagógica". O desconforto em 
relação ao assunto é fácil de entender. Trazer os temas do medo e da agressividade 
para a sala de aula não parece combinar com o papel construtivo e pacificador que o 
universo escolar, com razão, costuma chamar para si. Mas algumas experiências, 
descritas nas próximas páginas, indicam que vale a pena abandonar essa suposta 
neutralidade e encarar uma realidade que, de um modo ou de outro, interfere 
diretamente na vida de todos nós. 
Fonte: http://www.codic.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=174 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O parágrafo de desenvolvimento 
 
→O parágrafo de desenvolvimento (a argumentação): 
 
Há diversos processos para se desenvolver as idéias de um texto dissertativo. Esses 
processos variam de acordo com a natureza do assunto e o objetivo traçado, desde 
que as idéias sejam formuladas de maneira clara, objetiva e conveniente. Entre tais 
processos, destacam-se os seguintes: 
 
Apresentar relação de causalidade: Os episódios que presenciamos, nesse caso 
trágico terroristas versus Estados Unidos, ou sob outro prisma, parcelas radicais do 
mundo árabe versus parcelas do mundo ocidental, revelam uma questão de fundo 
que é a desconexão do homem contemporâneo com sua espiritualidade. De um 
lado, um insano entendimento de um deus vingativo. De outro, uma louca reação 
sem medidas. Ambos voltados a uma guerra contra o Todo, contra o outro, contra si 
mesmos. Umaversão pavorosamente ampliada e hi tech da velhíssima história de 
Caim e Abel. Seres humanos contra seres humanos, cegos em não perceber as linhas 
de conexão que os unem como irmãos, mudos aos chamados à razão do amor, 
ensandecidos no poço profundo negro do ego, rebeldes juvenis ao impulso do 
divino para encontrarem, dentro de suas almas, os elos de luz que os mantém 
potencialmente ligados ao Todo, que pulsa unicidade, que sorri para a diversidade, 
que se alegra com o Amor, que instala a paz. 
Fonte: http://www.mfn.com.br/cgi-bin/mail2/mail.cgi/archive/IVE/20061107175857/ 
 
Enumerar fatos que comprovem uma opinião – exemplificar: Definir cedo o 
comportamento ético pode ser a tarefa mais importante da vida, especialmente se 
você pretende ser um estagiário. Nunca me esqueço de um almoço, há 25 anos, com 
um importante empresário do setor eletrônico. Ele começou a chorar no meio do 
almoço, algo incomum entre empresários, e eu não conseguia imaginar o que eu 
havia dito de errado. O caso, na realidade, era pessoal: sua filha se casaria no dia 
seguinte, e ele se dera conta de que não a conhecia, praticamente. Aquele choro me 
marcou profundamente e se tornou logo cedo parte da ética da minha vida: nunca 
colocar minha ambição à frente da minha família. 
Fonte: Kanitz, Stephen. Ambição e Ética. In: Revista Veja. Editora Abril: São Paulo, 2001. p.21. 
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Confrontar idéias, dados, estudos ou características:Algumas escolas estão 
ensinando a nossos filhos que ética é ajudar os outros. Isso, porém, não é ética, é 
ambição. Ajudar os outros deveria ser um objetivo de vida, a ambição de todos, ou 
pelo menos da maioria. Aprendemos a não falar em sala de aula, a não perturbar a 
classe, mas pouco sobre ética. Não conheço ninguém que tenha sido expulso da 
faculdade por ter colado do colega. “Ajudar” os outros, e nossos colegas, faz parte de 
nossa “ética”. Não colar dos outros, infelizmente, não faz. 
Fonte: Kanitz, Stephen. Ambição e Ética. In: Revista Veja. Editora Abril: São Paulo, 2001. p.21. 
 
 
Apresentar conceitos, citações, alusões ou fatos históricos: Os conflitos religiosos 
e culturais serão sempre cruéis e não se resolverão por diálogo. Não dá para provar 
quem tem a razão. As verdades religiosas são tão poderosas porque a premissa 
básica é sempre Deus, premissa inquestionável por definição. Osama bin Laden se 
considera esclarecido e ético, opõe-se aos americanos que ele, e muitos ao redor do 
mundo, consideram antiéticos. Ele consegue justificar plenamente as mortes que 
causou, porque "os fins justificam os meios", frase repetida nas nossas universidades. 
Ele não tem dúvida de que está absolutamente certo, como muita gente por aí. 
Fonte: Revista Veja, edição 1723, ano 34, nº42, 24 de Outubro de 2001. 
 
 
 
Parágrafo de conclusão 
 
A conclusão encerra o texto dissertativo, recorrendo a basicamente três 
possibilidades de variação, a saber: 
 
Retomada - ratifica a tese apresentada: Podemos, então, concluir que uma 
interdição tão severa como a que paira sobre o ato de plagiar só pode mesmo ser 
explicada pela existência de um desejo de transgressão que tenha a mesma 
intensidade. 
Fonte: http://www.espacoacademico.com.br/024/24wlap.htm 
 
Proposição de soluções: Embora o mundo não seja como você gostaria que fosse, 
lembre-se de que o seu ideal de mundo talvez não seja o que outros estão 
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almejando. A solução dos conflitos não reside na guerra, mas na tolerância, ninguém 
sabe qual mundo é o melhor, por mais convicto que esteja. Portanto, se você 
pretende fazer um mundo melhor, desconfie um pouco mais das teorias, aprimore 
seu próprio faro e senso de observação, reavalie de tempos em tempos as suas 
premissas, e seja muito tolerante. 
 
Fonte: Revista Veja, edição 1723, ano 34, nº42, 24 de Outubro de 2001. 
Reflexiva: propõe um questionamento: Pragmaticamente, em nível amplo, só a 
solidariedade pode construir um país de abastança para todos. A solidariedade é, em 
si mesma, uma postura política diante da vida, mas é também uma postura reflexiva, 
contemplativa, terapêutica. Alguém conhece algum outro caminho que tenha dado 
certo? 
Fonte: http://www.segurancahumana.org.br/biblioteca/cdrom/enpc_textos/textos4/enpc_04_8.pdf 
 
 
Organização textual 
 
Lembre-se de que os exemplos apresentados não encerram todas as possibilidades 
que temos à nossa disposição para a construção discursiva, mas são apenas 
indicativos para ajudá-lo na escritura de textos... 
 
Ao iniciar esta aula, você viu que os parágrafos são unidades textuais que em 
conjunto formam o texto. Não basta, portanto, que você elabore bem os parágrafos 
como se fossem unidades isoladas, pois se assim o fizer construirá, na verdade, uma 
enorme colcha de retalhos. 
 
Para que um texto não seja apenas um amontoado de palavras e frases que fazem 
sentido separadamente, é preciso que você cuide dos aspectos relacionados à 
coesão que estabelece a ligação,ou seja, a relação entre os elementos de um texto. 
 
 
 
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A coesão textual pode ser: 
→ Referencial 
Quando um componente do texto faz referência a outro elemento, tais como 
epítetos; palavras ou expressões sinônimas; repetição de uma palavra, nome ou 
parte dele; um termo síntese; pronomes, numerais e advérbios pronominais 
substituem um nome; elipse; entre outros. 
→ Seqüencial: 
Quando são estabelecidas relações semânticas ou pragmáticas à medida que o texto 
se constitui, tais como em frases ligadas por conjunções: “Gostei da roupa, mas não 
posso comprá-la”. Neste período, a conjunção mas é elemento de coesão por 
impulsionar o prosseguimento do texto, imprimindo-lhe novo sentido. 
 
Recursos de coesão 
A coesão liga termos e orações dentro de um parágrafo, bem como liga um 
parágrafo a outro. 
Veja alguns recursos de coesão que o ajudarão a dar maior unidade aos textos, além 
de chamar atenção para o sentido que neles está implícito: 
Causa e conseqüência: como resultado/ em virtude de/ em função de/ em razão de/ 
de fato/ assim/ portanto/ por causa de/ por motivo de/ porquanto 
Comparação por contraste ou por semelhança: ao contrário de/ em contraste com/ 
como contraponto/ em comparação com/ igualmente a/ analogamente/ assim também/ do 
mesmo modo que/ da mesma forma que/ de maneira similar/ de forma idêntica/ nessa 
mesma perspectiva/ em consonância com 
Acréscimo: além disso/ outrossim/ ainda mais/ por outro lado/ desta feita/ nesse 
sentido/ em função disto/ a esse respeito 
 
 
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Recursos de coesão 
Além desses recursos, é possível recorrer à utilização de palavras ou expressões 
relacionais aos objetivos pretendidos: 
Iniciar uma análise: é fundamental inicialmente observar/ há que se analisar, 
primeiramente/ a primeira questão se referirá a/ é fato/ iniciemos a análise observando/ em 
primeira instância, cabe analisar. 
Ratificar a análise: não podemos deixar de lado a questão de/ é preciso frisar ainda que/ 
não podemos nos esquecer também/ é essencial lembrar ainda/ é fundamental insistir/ não 
há como negar que/ é possível alegar ainda que/ além do mais/ paralelamente/ acrescente-
se a isso/ é inegável/ é provável também/ há ainda a possibilidade de. 
Encerrar uma análise: por conseguinte/ conseqüentemente/ por isso/ desta forma/em 
suma/ em síntese, é possível dizer que/ portanto/ definitivamente/ a partir desse contexto, é 
plausível afirmar/ finalmente. 
Enumerar outros fatores: não podemos excluir/ uma segunda causa a ser apontada é/ 
outro aspecto a ser considerado/ além desse fator, chama a atenção/ como terceira razão, é 
preciso salientar. 
Estabelecer oposição: a despeito desta posição/ ao passo que/ não obstante sua avaliação/ 
vai de encontro a/ malgrado/ em que pese tal afirmação... é preciso considerar/ ainda que/ 
muito embora reconheça... há que se levar em conta/ entretanto, no entanto. 
Como você estudou, são muitas as possibilidades de uso de elementos de coesão. O 
uso correto deles é que dará ao seu texto a coerência necessária para que a 
comunicação se efetive, pois o texto só faz sentido se todos os envolvidos nesse 
processo de interação reconhecerem sua lógica interna. 
Agora é com você. 
Ler e escrever bem são habilidades e, portanto, requerem treino para serem 
adquiridas. 
 
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Resumo 
Neste módulo, você estudou que ... 
Aprendemos na escola a utilizar os textos segundo sua tipologia, qual seja narração, 
descrição e dissertação. Essa concepção é válida como modalidade utilizada no 
processo de composição dos diversos gêneros discursivos, mas não dá conta da 
classificação e análise de todos os textos utilizados pelos falantes de uma língua. 
Narrar impõe o relato de fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, com marcante 
coerência interna para que a história seja verossímil e, portanto, convincente ao 
receptor. 
O texto descritivo se caracteriza por capturar verbalmente as características, de 
maneira mais ou menos pormenorizada, pessoas, estados de espírito, objetos ou 
cenas. 
O texto dissertativo objetiva expor, explicar ou interpretar determinada idéia e, para 
tanto, recorre-se a argumentos que a comprovem ou justifiquem. 
 
O texto dissertativo estrutura-se em três partes: Introdução, desenvolvimento e 
conclusão. 
 
Dentre os recursos que poderão auxiliar ao escrever textos é possível citar: reflexão 
sobre o tema, elaboração de um esquema, elaboração de rascunho, reflexão sobre 
seu estilo pessoal e revisão de texto. 
Os parágrafos são unidades textuais que em conjunto formam o texto. A coesão liga 
termos e orações dentro de um parágrafo, bem como liga um parágrafo a outro. 
A coesão textual pode ser referencial ou seqüencial. 
Ler e escrever bem são habilidades e, portanto, requerem treino para serem adquiridas. 
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Curso Português Instrumental – Módulo 3 
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Módulo 3 
 
Cuidados a Serem Observados 
 
 
Este módulo está dividido em três aulas: 
→ Aula1 – Vícios e desvios de linguagem 
→ Aula 2 - Depreensão do implícito: pressupostos e subentendidos 
→ Aula 3 – Falácias: pensando logicamente 
Com o objetivo de capacitá-lo a: 
 
►Identificar os vícios e desvios de linguagem; 
 
►Reconhecer que a qualidade do texto é influenciada pela forma que se escreve; e 
 
►Compreender, identificar e evitar o uso de argumentos falaciosos. 
 
Aula 1 -Vícios e desvios de linguagem 
 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência a vossa! 
Cecília Meireles 
Observe a placa abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(In:http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.reporterbrasil.org.br/images/articles/2
0070424familiamuda2.jpg&imgrefurl) 
 
A frase acima esta ambígua, concorda? 
 
Curso Português Instrumental – Módulo 3 
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É possível pensar que “muda” é verbo (embora não apareça como pronominal), ou 
seja, a família vai transferir-se para outro local. Ou pensar que “muda” é adjetivo, as 
pessoas que compõem essa mesma família não falam. 
 
Claro que, como uma placa que apresenta visivelmente um registro coloquial, o 
sentido é cômico. Mas, pense você no mesmo processo em um texto escrito que 
tenha uma construção mais formal. A ambigüidade irá prejudicar o sentido do 
escrito e, neste caso, nada restará do cômico, pois o texto provocará o não 
entendimento, ou mesmo, uma enorme confusão. 
 
Agora, leia a charge abaixo. 
 
 
(In:http://images.google.com.br/imgres?imgurl=h
ttp://sergeicartoons.blogs.sapo.pt/arquivo/Manu
elD.jpg&imgrefurl) 
 
O autor da charge usa a imagem 
associada à fala das personagens para, 
também, criar um sentido “duplo”. A 
oração “Não te vejo há anos e estás na 
mesma” refere-se ao fato das 
personagens não se encontrarem há 
muito tempo, mas pode ser entendida, 
não com um sentido cômico, mas crítico 
e irônico, contra o uso da burca, pois 
ambas não se veriam mesmo que se 
encontrassem todos os dias. 
 
Há uma diferença entre a ambigüidade da placa e a possível ambigüidade da charge. 
Na charge a linguagem foi trabalhada para se obter um efeito crítico o que não 
parece ter acontecido no exemplo da placa. Assim, é preciso conhecer mais do que a 
estrutura gramatical de uma língua para que se seja um bom leitor e um bom 
“escritor”. 
 
 
É preciso conhecer mais do que a estrutura gramatical de uma língua para que se 
seja um bom leitor e um bom “escritor”. 
 
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Existem diversos “desvios de linguagem”, alguns mais outros menos comuns, alguns 
mais outros menos utilizados, que podem comprometer tanto a qualidade e a 
estrutura de um texto quanto a sua clareza e permissão de entendimento. 
 
Os vícios de linguagem são a catalogação desses desvios e é importante 
conhecê-los para sempre evitá-los. 
Os mais importantes são: 
Solecismo; 
Ambigüidade ou Anfibologia; 
Pleonasmo; 
Barbarismo, 
Estrangeirismo; 
Prolixidade; e 
Lugar-comum ou clichê 
 
Veja nas próximas páginas as características desses vícios de linguagem. 
 
Solecismo - desvio da norma culta de uma língua, como: erros de concordância, 
de regência, de colocação, dentre outros. 
 
Erro de concordância 
 
 
Exemplo: Fazem cinco anos que parei de estudar. 
Fazem no lugar de “faz”. 
 
 
Erro de regência 
 
 
 Exemplo: Assisti ao filme. 
“o” no lugar de “ao” (preposição) 
 
 
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A norma padrão prescreve que neste uso o verbo assistir deve ser 
acompanhado de preposição. 
 
Ambigüidade ou Anfibologia - obscuridade no sentido das palavras, das 
expressões, o que provoca uma hesitação entre duas ou mais possibilidades. 
 
 
Exemplo: Paulo pegou o táxi correndo. 
Quem “corria”? O “táxi” ou o “Paulo”? 
 
 
Há alguns fatores lingüísticos que são responsáveis pela ambigüidade. Como: 
 
- Diferentes referências para um único pronome. 
 
 
Exemplo: Ele foi para sua casa. (Para a casa de 
quem?) 
 
 
- Diferentes construções sintáticas de uma oração, deixando dúvida quanto ao 
significado denotativo ou conotativo das palavras. 
 
 
Exemplo: 
O juiz julga os réus culpados. 
O juiz julga que os réus são culpados. 
O juiz julga os réus que são culpados. 
 
 
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Pleonasmo - repetição desnecessária de palavras ou idéias. 
 
 
Exemplo: Ele desceu lá embaixo à procura de um estacionamento. 
(descer, neste caso, só pode ser para baixo). 
 
 
 
Importante! 
O pleonasmo tem emprego legítimo em muitos casos. Quando afirmo “vi com 
meus próprios

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