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Introdução à Embriologia e Histologia O que é Embriologia? No sentido literal significa o estudo do embrião, mas comumente o termo se refere ao desenvolvimento pré-natal, ou seja, o estudo do embrião e do feto. O desenvolvimento humano desperta grande interesse, em particular o conhecimento de nossas origens e a fantástica transformação de uma única célula até a formação de um bebê. Visão histórica sobre a Embriologia a.C. - Acredita-se que um breve tratado sobre Embriologia hindu tenha sido escrito. Além disso, precisamos destacar a ajuda dos gregos nesse processo, dentre eles, Hipócrates, considerado o pai da Medicina e Aristóteles, considerado o fundador da Embriologia, que escreveu um tratado sobre o assunto. Claudius Galeno (130-201 a.C.) - Escreveu livro intitulado Sobre a formação do feto, abordando desenvolvimento e a nutrição dos fetos. Leonardo da Vinci (1452-1519) - Realizou desenhos precisos de dissecções do útero gravídico contendo um feto. Karl Ernst von Baer (1792-1876) - Passou a ser considerado o pai da Embriologia moderna por causa de sua contribuição para o conhecimento da origem de tecidos e órgãos. Robert Edwards e Patrick Steptoe (Século XX) – Foram pioneiros na técnica revolucionária do desenvolvimento humano, a fertilização in vitro. Início do desenvolvimento humano O desenvolvimento humano tem início após o encontro entre os gametas masculino e feminino, que se unem originando uma nova célula. Os humanos são seres diploides, isto é, apresentam 23 pares de cromossomos, totalizando 46 cromossomos em suas células. Entretanto, seus gametas são haploides, apresentando apenas 23 cromossomos. Os gametas apresentam a metade do número de cromossomos, porque após a fecundação será restaurado o número de cromossomos da espécie, que será mantido de geração em geração, garantindo que o cariótipo permaneça constante Essa é uma informação importante, pois existem vários distúrbios genéticos que ocorrem por causa de alterações cromossômicas. A presença de cromossomo extra pode gerar síndromes, como Síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21). A ausência de cromossomo, causa a Síndrome de Turner (monossomia do cromossomo X). O desenvolvimento humano é dividido em pré-natal e pós-natal O período pré-natal é dividido em: Há um ramo da Embriologia, denominado Teratologia, que estuda o desenvolvimento anormal, observando a presença de malformações congênitas, que podem ser estruturais, funcionais, metabólicas, comportamentais ou hereditárias. Os estágios do desenvolvimento embrionário que são mais vulneráveis a alterações compreendem a divisão e diferenciação celular e morfogênese em seu ápice. Os profissionais da Saúde precisam ter o conhecimento das bases da Embriologia para entender as ações relacionadas à gametogênese, transportes dos gametas, fertilização, implantação, relações materno-fetal, e períodos críticos, identificando os possíveis desvios que podem ocorrer durante esse processo que culminam em malformações congênitas. O que é Histologia? É o estudo dos tecidos. Mas, é necessário ressaltar que existem níveis de organização do corpo humano. Você se recorda dos componentes básicos dessas células? Observe a tabela a seguir com as principais estruturas e suas funções básicas. Membrana Plasmática Controle de entrada e saída de substâncias Citoplasma Contém organelas e diversas substâncias Núcleo Contém o material genético Retículo endoplasmático rugoso Síntese proteica Retículo endoplasmático liso Síntese de lipídios Peroxissomo Degradação da água oxigenada Lisossomo Digestão intracelular Ribossomo Síntese proteica Centríolo Divisão celular Aparelho de Golgi Secreção Mitocôndria Respiração celular A Matriz Extracelular (MEC), como o próprio nome sugere, é encontrada no lado externo da célula, produzida pela própria célula. Ela desempenha diversas funções: A composição e quantidade da MEC são variáveis, dependendo do tecido em questão, e podem assumir diferentes aspectos. Em geral, existem duas categorias básicas, que são as fibras e a substância fundamental. O esquema demonstra a composição geral da MEC, com dois tipos de tecidos: tecido epitelial com pouca quantidade de MEC e, logo abaixo, o tecido conjuntivo (ou conectivo) com MEC abundante. Métodos Histológicos Existem inúmeros métodos para observação e estudo dos tecidos, com a preparação de lâminas para microscopia óptica. O mais frequentemente usado é o método da parafina, que permite que o tecido se encontre o mais preservado possível mantendo sua composição e estrutura que possuía quando vivo. 1. Técnica de Parafina Antes de iniciar o procedimento é necessário realizar a coleta do material, clivagem e identificação da amostra. Em seguida, recomenda-se realizar as etapas a seguir, tratando adequadamente o tecido depois de retirado do corpo. • Fixação: Realizada com a finalidade de evitar a destruição das células por autólise (suas próprias enzimas), bactérias ou afins, preservando a morfologia e estrutura do tecido. Geralmente, é utilizado formaldeído a 4% em solução tamponada. • Desidratação: Nesta etapa a água do tecido será́ extraída. Em geral, é realizado em álcool etílico com concentrações crescentes, iniciando com álcool a 70% e finalizando com álcool absoluto (100%). • Diafanização ou clareamento: Esta fase será́ necessária para substituição do etanol por um líquido miscível com o meio de inclusão (geralmente Xilol). Essa substância é capaz de tornar o tecido translúcido. Tal procedimento é importante, pois permite a passagem de luz do microscópio. • Impregnação: Ocorre a penetração da parafina nos vasos, espaços intercelulares e interior das células, tornando as estruturas estáticas, o que facilita os cortes. Por causa do calor, o xilol evapora e o tecido será́ ocupado pela parafina fundida, geralmente, em estufa à 60o. • Inclusão: Neste momento, o objetivo é obter um bloco de parafina de forma retangular para ser cortado. Para isso, é necessário colocar o tecido em um recipiente de forma retangular, que contenha parafina fundida e deixar secar em temperatura ambiente. Após esses procedimentos são realizados, no micrótomo, os cortes histológicos, chamados de microtomia. Em geral, os cortes são bastante delgados, com espessura que pode variar entre 6μm a 8μm (micrômetro). São colocados em água quente para deixá-los mais estirados e depositados nas lâminas. São introduzidos os métodos de coloração a esse procedimento, com a finalidade de facilitar a visualização do tecido e destacar determinados componentes. A maioria dos corantes utilizados para essa finalidade se comporta como ácidos ou básicos. • Quando os componentes do tecido são corados com corante ácido (por exemplo: eosina, Orange G, fucsina ácida) são chamados de acidófilos. • Quando os componentes do tecido são corados com corante básico (por exemplo: hematoxilina, azul-de-toluidina, azul-de-metileno) são chamados de basófilos. A coloração dupla pela hematoxilina e eosina (HE) é a mais utilizada. • As estruturas coradas de roxo/azul pela hematoxilina são núcleo celular e outras estruturas de natureza ácida. • As estruturas coradas de rosa pela eosina são citoplasma e o colágeno do material extracelular. Corte de bronquíolo terminal corado com HE. As estruturas acidófilas, como o citoplasma, foram corados com eosina (rosa) e as estruturas basófilas, como o núcleo, foram coradas com hematoxilina (roxo). 2. Microscopia Precisamos de equipamento que auxiliem na ampliação da imagem com boa resolução. Como são estruturas celulares, não é possível visualizá-las a olho nu. Existem diversos tipos e modelos de microscópio, com preços, funções e técnicas de preparo diferentes. Abordaremos com mais detalhes apenas o microscópio óptico. Ele possui duas grandes partes:MECANICA (B) OTICA (A) Tubo Condensador Platina Objetiva Revolver Ocular Braço Parafuso macrométrico e micrométrico Base É possível calcular o poder de ampliação total do microscópio da seguinte maneira: Multiplica-se a ampliação da ocular pela ampliação da objetiva. Por exemplo: Um microscópio apresenta a ampliação da ocular de 10x e foi selecionada a ampliação da objetiva de 40x. A ampliação total será de 400x. Basta multiplicar os dois valores informados. Biossegurança É o conjunto de ações, procedimentos, técnicas, metodologia ou dispositivos capazes de minimizar os riscos relacionados com suas atividades, baseado na seguinte interação: Essa prática mantém o ambiente, os profissionais e os pacientes seguros. Existem leis e normas que regulamentam a biossegurança, tais como: • Lei Brasileira de Biossegurança 8974/95 • Norma Regulamentadora 32 (NR-32) • Norma Regulamentadora 6 (NR-6) O uso do equipamento individual (EPI) compreende os dispositivos de uso pessoal e intransferível destinados à proteção do profissional: luva, máscaras, protetores oculares, avental, jaleco, touca, propés, entre outros. O descarte de materiais perfurocortantes também devem ser realizado de maneira apropriada em coletores específicos. Modelo de coletor de papelão para descarte de materiais perfurocortantes. Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) abrangem autoclave, extintores, lava-olhos, cabines de segurança biológica, entre outros. Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) abrangem autoclave, extintores, lava-olhos, cabines de segurança biológica, entre outros. Alguns exemplos de EPCs. As letras A e B se referem respectivamente ao chuveiro e lava-olhos, letra C à autoclave e a letra D a cabines de segurança biológica. Embriologia Aparelho reprodutor masculino e feminino Sistema genital masculino O sistema genital masculino é composto por: Testículo Os testículos se desenvolvem retroperitonealmente na parede dorsal da cavidade abdominal e, durante o desenvolvimento fetal, eles são conduzidos e alojados no escroto. É um órgão par, ovoide, que fica suspenso e dentro do escroto (bolsa músculo-cutânea). O escroto auxilia a deixar em temperatura dos testículos mais baixa que a temperatura corporal, desempenho um papel fundamental. O testículo é o órgão responsável pela produção dos gametas masculinos e também se relaciona com produção hormonal. O processo de migração para o escroto conduz um saco de membrana serosa, denominado túnica vaginal, que é oriunda do peritoneo, formando uma espécie de saco peritoneal que envolve o testículo. A túnica vaginal é dividia em duas camadas: a lâmina parietal (externa) e lâmina visceral (interna). Os testículos são recobertos pela túnica albugínea, que é uma cápsula de natureza conjuntiva, fibrosa e resistente. A partir da túnica albugínea, partem os septos fibrosos, que são responsáveis por dividir o órgão em partes de formato piramidal, denominados lobos testiculares. No interior desses lobos, encontram-se os túbulos seminíferos, que são tubos que se apresentam de forma enovelada, unidos aos tubos retos, dando origem à rede testicular. Os túbulos seminíferos são os responsáveis pela produção dos espermatozoides, o gameta masculino. Além dos túbulos seminíferos, são encontrados tecido conjuntivo frouxo altamente vascularizado, vasos linfáticos, nervos e células intersticiais (também chamadas de células de Leydig), relacionadas à produção de andrógeno testicular (testosterona). Epidídimo Localizado na face posterior do testículo, o epidídimo, pode ser dividido em três partes: cabeça, corpo e cauda. Ele apresenta circunvoluções compactadas do ducto do epidídimo e também é envolto pela túnica vaginal. É de extrema importância para o processo de maturação e armazenamento dos espermatozoides. É válido lembrar que a porção da cauda desse epidídimo é contínua com o ducto deferente, que é responsável por conduzir os espermatozoides para o ducto ejaculatório. Para realizar o método da esterilização do homem, conhecido como vasectomia, é feita uma incisão na parte superior do escroto para executar uma ligação e/ou excisão do ducto deferente. Por essa razão, o líquido ejaculado não contém espermas, pois apenas o trajeto desses espermatozoides foi interrompido. E, por não serem expelidos, se degeneram no epidídimo e na parte proximal do ducto deferente. Glândulas seminais São glândulas encontradas em pares, em formato alongado e situadas entre o fundo da bexiga urinária e o reto. Responsáveis por secretar um líquido alcalino e espesso que se mistura aos espermatozoides ao entrar nos ductos ejaculatórios. Contém frutose, prostaglandinas e proteínas, constituindo aproximadamente 60% do volume do líquido seminal. Próstata É a maior glândula acessória do sistema genital masculino, é ímpar e sua secreção também compõe o líquido seminal, leitoso e alcalino. É provável que essa alcalinidade, auxilie a neutralizar o ambiente ácido encontrado, em especial na vagina, caso contrário poderia destruir os espermatozoides. Além disso, pode também se relacionar ao aumento da motilidade nos espermatozoides. É comum que após a meia-idade ocorra seu aumento de maneira benigna, chamado de hipertro(a da próstata, mas esse aumento pode gerar algumas intercorrências, tais como a obstrução da uretra. Outra condição que recebe atenção se relaciona ao câncer de próstata que, em casos mais avançados, pode ocasionar na sua remoção associada com as glândulas seminais, ductos ejaculatórios e até mesmo as partes terminais dos ductos deferentes. Glândulas bulbouretrais Essas pequenas glândulas se situam póstero-laterais à parte membranácea da uretra. Sua secreção se assemelha a muco e entra na uretra durante a excitação sexual. Pênis Considerado o órgão copulador masculino, é composto por tecido erétil, formado por dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso. No corpo cavernoso anteriormente ocorre uma dilatação, denominada de glande, que apresenta um orifício em seu ápice, chamado de óstio externo da uretra, onde se encontra o terminal da uretra esponjosa, que percorre longitudinalmente o centro do corpo esponjoso. A uretra masculina é comum ao seu sistema genital e ao seu sistema urinário. Pode conduzir urina da bexiga para o exterior ou fornecer uma saída para o sêmen. Sistema genital feminino Assim como no sistema genital masculino, o feminino também está relacionado com a produção dos gametas. Mas é importante lembrar que além dessa função, é nele que ocorre a fecundação e ele também é responsável por oferecer condições favoráveis para o desenvolvimento do novo ser humano até seu nascimento. Esse sistema é divido em: Órgãos externos Abrangem: glândulas vestibulares, bulbo do vestíbulo, clitóris, lábios menores, lábios maiores e monte púbico, sendo estes os constituintes do pudendo feminino (vulva). Órgãos internos Compreendem: vagina, útero, tubas uterinas e ovário. Atenção As glândulas mamárias também são consideradas como parte do sistema genital feminino. Vagina Apresenta-se como um tubo musculo membranáceo, que se estende do cérvix do útero até o vestíbulo da vagina, sendo considerado o órgão copulador da mulher. Em seu tecido de revestimento encontra-se depósitos de glicogênio, cujos produtos resultantes de sua quebra contribuem para níveis baixos de pH nos líquidos vaginais, que parecem exercer uma função bacteriostática. Possui como funções fundamentais: • Propicia a excreção do líquido menstrual; • Possibilita o parto natural, pois forma parte do canal pélvico; • Recebe o órgão de cópula masculino e o sêmen liberado durante o ato sexual. Útero É um órgão muscular oco, ímpar, situado entre a bexiga urinária e o reto. Pode ser dividido em: • Corpodo útero: Forma os dois terços superiores (abrange istmo e fundo); • Fundo do útero: Extremidade superior do corpo do útero, acima da implantação das tubas uterinas; • Istmo: Apresenta-se como uma espécie de estrangulamento do corpo do útero, acima do cérvix; • Colo do útero (cérvix): Parte inferior estreita e cilíndrica. A parede que forma o corpo do útero é espessa e formada por três camadas: • Perimétrio: Túnica serosa externa, que consiste em tecido epitelial sustentado por tecido conjuntivo; • Miométrio: Túnica muscular média, que consiste em músculo liso; • Endométrio: Túnica mucosa interna, que consiste em por tecido conjuntivo com diversas glândulas endometriais. É composto por duas camadas, a basal, que se encontra em contato direto com o miométrio e a funcional, que é voltada para o lúmen do útero. Tubas uterinas São pares e projetam-se lateralmente sob a forma de tubos horizontais. As tubas uterinas apresentam fibras musculares, em sua composição na túnica muscular, que permitem os movimentos peristálticos; e apresentam células ciliadas, na túnica mucosa, que possibilitam a movimentação. Essas características se relacionam com uma das funções da tuba uterina: a de transporte, em especial do óvulo até o útero. Podem ser divididas em quatro partes: • Parte uterina: Representa a porção intramural, que se abre através do óstio uterino na cavidade do útero; • Istmo: Porção menos calibrosa, de parede espessa, situada junto ao útero; • Ampola: Parte mais larga e longa, local onde geralmente ocorre a fecundação; • Infundíbulo: É a extremidade distal que se abre na cavidade periotoneal, que apresenta aspecto irregular similar a franjas, denominadas fímbrias. A fímbria de maior destaque é chamada de fímbria ovárica. A ligadura das tubas uterinas (ou laqueadura) é um método cirúrgico seguro para o controle de natalidade. Essa esterilização consiste na interrupção do trajeto realizado pelos ovócitos, o que impede o encontro com o espermatozoide. Nesse caso, os ovócitos liberados entram na tuba e se degeneram. Ovários É um órgão par, situado próximo à tuba uterina. Pode ser dividido em córtex do ovário, onde é possível observar os folículos ovarianos em diferentes estágios de maturação e medula, que ocupa a região central. No ovário, encontram-se os gametas femininos e também a produção de dois importantes hormônios: estrogênio e progesterona. Gametogênese Qual seria a relação entre o sistema genital masculino e feminino para a contribuição da reprodução humana? Principalmente a formação dos gametas. Para que ocorra a redução do número de cromossomos dessas células, elas precisam passar por uma divisão celular chamada meiose. Trata-se de um tipo de divisão especial que ocorre somente nas células germinativas da nossa espécie, pois são diploides (2n=46 cromossomos). Essa divisão pode ser desmembrada em duas fases: Primeira divisão meiótica ou reducional Como o próprio nome sugere, é capaz de reduzir à metade o número de cromossomos. Esse fato pode ocorrer pelo pareamento dos cromossomos homólogos na fase de prófase I, que se separam na fase da anáfase I, em que cada um se descola para cada polo dessas futuras novas células. Nessa fase, também ocorre o crossing-over, que é importante para a variabilidade genética. Segunda divisão meiótica ou equacional Nesse processo, os cromossomos das duas células-filhas formadas após a meiose I (n=23 cromossomos) são mantidos, pois os cromossomos se alinham individualmente na fase de prófase II, e separam suas cromátides em direção aos polos dessas novas células na anáfase II. Isso resulta na formação de quatro células-filhas, geneticamente diferentes e haploides. Espermatogênese O processo de espermatogênese, que ocorre no interior dos túbulos seminíferos, tem início na puberdade e continua até a velhice. As células germinativas são encontradas na base do epitélio dos túbulos seminíferos junto com as células de Sertoli. As células de Sertoli são distribuídas por toda a periferia do epitélio seminífero. Essas células de sustentação são unidas firmemente e formam a barreira hematotesticular, uma barreira imunológica que separa os espermatozoides em formação do restante do corpo, e fornecem suporte estrutural e aporte nutricional às células germinativas. Externamente, os túbulos seminíferos são separados por mesênquima e dão origem às células intersticiais (ou células de Leydig), responsáveis pela secreção de testosterona, sendo responsáveis pela atividade de formação dos espermatozoides, bem como pela sua manutenção reprodutiva. A imagem a seguir mostra a organização das células germinativas e das células de Sertoli no interior do túbulo seminífero; e as células intersticiais ou células de Leydig encontradas no interstício, entre os túbulos seminíferos. A espermatogênese consiste em sucessivas divisões mitóticas nas espermatogônias, que são células diploides. Essas células crescem e sofrem mudanças graduais, se transformando em espermatócitos primários, que também são diploides. Em seguida, cada espermatócito primário sofre a primeira divisão meiótica, gerando duas novas células ao final desse processo, que apresentam a metade do número de cromossomos, chamadas de espermatócito secundário. Na sequência, eles sofrem uma segunda divisão meiótica gerando quatro novas células ao final desse processo, que se mantêm haploides, as espermátides. Essas células não sofrem mais divisão celular, mas passam por profundas mudanças que culminam na transformação 1 em espermatozoide maduro, por meio de um processo de diferenciação chamado espermiogênese . O espermatozoide maduro é uma célula altamente especializada e móvel constituído de cabeça, representando seu volume maior, que contém o núcleo recoberto pelo acrossomo; colo, que é a junção entre a cabeça e a cauda; e cauda, que fornece a motilidade do espermatozoide e é composta por três segmentos: Peça intermediária, que contém as mitocôndrias; Peça principal; Peça final. Controle hormonal da espermatogênese O controle da espermatogênese ocorre pela complexa interação entre hipotálamo, hipófise e gônodas. Os hormônios ganodotróficos, liberados pela hipófise, estimulam a produção de hormônio luteinizante (HL) e de hormônio folículo- estimulante (HFS). O HL atua sobre as células intersticiais estimulando a secreção da testosterona — que possui diversas funções, como: desenvolvimento dos órgãos sexuais primários e características sexuais masculinas secundárias. A liberação do HFS atua no testículo, sobre as células de Sertoli, que oferecem o suporte para o desenvolvimento dos diferentes estágios dessas células germinativas. As células de Sertoli podem secretar a inibina, que inibe a liberação desses hormônios hipofisários, que, consequentemente, participa do controle da produção hormonal e da espermatogênese. Orogênese É o processo de transformação da célula germinativa feminina (ovogônia) em um óvulo maduro. Pode ser conhecido também como orogênese. Diferente do que acontece com os homens, a mulher tem o início desse processo durante seu período pré-natal, mas só será concluído após a puberdade. Desse modo, no momento do nascimento, a mulher apresenta aproximadamente dois milhões de ovócitos primários, mas apenas cerca de 40 mil sobrevivem até a puberdade. Durante o período pré-natal, as ovogônias, células germinativas diploides encontradas no ovário, sofrem sucessivas divisões mitóticas, aumentando assim, sua quantidade. Após essa fase, essas células crescem, tornando-se os ovócitos primários. Após sua formação, as células pertencentes ao estroma ovariano constituem uma camada simples de células que cercam os ovócitos primários, e são chamadas de folículo primordial. Os folículos primordiais iniciam sua primeira divisão meiótica, mas o processoé interrompido na prófase I, permanecendo suspenso até a puberdade, quando será́ iniciado o ciclo reprodutivo feminino. Quando a mulher passa pela fase da puberdade, as células que circundam os ovócitos se transformam em folículo primário. O ovócito maduro só́ completará a primeira divisão meiótica pouco antes de ser liberado, transformando-se em ovócito secundário, uma célula haploide. No momento da ovulação, o ovócito secundário inicia a segunda divisão meiótica, mas é interrompido na fase de metáfase, sendo eliminado caso não haja fecundação. Essa fase será́ completada somente se um espermatozoide o fecundar. Caso isso ocorra, novamente quase todo o material citoplasmático será́ direcionado para a nova célula, agora chamada de óvulo e a outra formará o segundo corpo polar, que se degenerará rapidamente. O ovócito primário dá origem a duas células após o processo de divisão celular. Uma recebe quase todo o material citoplasmático, sendo denominada ovócito secundário. A outra não recebe praticamente nenhum citoplasma, sendo chamada de primeiro corpo polar, que é uma célula pequena, que logo se degenera. Ciclo reprodutivo da mulher Acabamos de ver que a formação do gameta feminino apresenta diversas peculiaridades. Percebemos ainda, que nenhum ovócito primário se forma depois do nascimento dessa mulher. Mas, se a mulher não produz mais ovócitos, como ela irá produzir seus gametas? A produção ocorre por outro processo complexo, responsável basicamente pelo ciclo reprodutivo da mulher. Ele acontece mensalmente, com a maturação completa de um ovócito, que será liberado para uma possível fecundação: o ciclo menstrual. O ciclo menstrual tem uma profunda relação com o ciclo ovariano, pois os folículos, onde estão localizados os ovócitos, também sofrem modificações. O ciclo reprodutivo será regido por quatro hormônios básicos: Ciclo ovariano Os hormônios LH e HFS atuam de forma cíclica no ovário para o desenvolvimento de folículos, ovulação e formação do corpo lúteo. Desenvolvimento folicular Inicialmente, ocorre sem qualquer internação hormonal, mas quando chega à puberdade, a maturação desse folículo acontece mediante a presença do HFS, que atua sobre as células foliculares, cujas células da granulosa ali presentes são estimuladas a produzir pequenas quantidades de estrogênio. Além disso, forma-se uma cavidade repleta de líquido, denominada antro, contendo o líquido folicular, que transforma essa estrutura em um folículo secundário. Sob múltiplas influências hormonais, o folículo continua seu processo de crescimento e realiza pressão contra a parede do ovário, formando uma pequena saliência nessa região. Nesse momento passa a ser chamado de folículo maduro, ou folículo de Graaf. Ovulação Um pouco antes da ovulação, por volta do 14 dia, ocorre a formação do ovócito secundário sob a influência do HL, que, ao atingir seu pico de concentração, auxilia na liberação desse ovócito secundário do ovário para a tuba uterina. Corpo Lúteo Após a ovulação, as paredes do folículo, formadas por células remanescentes sob a influência do LH, transforma-se no corpo lúteo, responsável por secretar progesterona. Quando ocorre a fecundação, esse corpo lúteo passa a secretar grandes quantidades desse hormônio. Mas, caso a fecundação não ocorra, o corpo lúteo se degenera, transformando-se em um tecido cicatricial, chamado de corpo albicans. Ciclo menstrual Além de mudanças no ovário, também ocorrem alterações mensais no útero, sob a influência hormonal, em especial, dos hormônios ovarianos que se relacionam com o aumento da espessura ou desprendimento da camada funcional do endométrio. Fase menstrual Baseada em um ciclo regular com 28 dias. É iniciada no primeiro dia de sangramento. Esse sangramento ocorre por causa da descamação do tecido endometrial, que dura, em média, quatro dias. A fase menstrual é associada à redução dos níveis de estrogênio e progesterona por não ter ocorrido fecundação. Ao mesmo tempo, ocorre o aumento da secreção do HFS para estimular o crescimento de outros folículos ovarianos. Fase proliferativa Tem duração média de nove dias. É possível observar que com o crescimento dos folículos, aumenta a quantidade de estrogênio. Esse aumento auxilia o aumento da espessura do endométrio, que apresenta glândulas aumentadas e alongamento das artérias. A ovulação, sob influência hormonal, ocorre por volta do 14 dia do ciclo. Fase secretória Apresenta duração média de 13 dias. Após a ovulação, o corpo lúteo (ou corpo amarelo) secreta progesterona, que auxilia o epitélio glandular a secretar um material rico em glicogênio, e ajuda no espessamento do endométrio, cujas glândulas se tornam amplas, tortuosas e saculares e as artérias cada vez mais enrodilhadas. Caso não haja fecundação, esse corpo lúteo se degenera, reduzindo o estímulo hormonal, que, consequentemente, gera alterações vasculares, causando isquemia do tecido epitelial e descamação do mesmo. Desse modo, o ciclo menstrual é reiniciado. Os métodos contraceptivos orais são projetados para o impedimento da ovulação; provocam alterações nas características físico-químicas do endométrio e do muco cervical e, para isso, fazem uso de hormônios sintéticos, isolados ou associados, tais como estrogênio e progesterona. Desse modo, a quantidade de hormônio contida em cada pílula, faz com que o sistema reprodutor feminino seja enganado, para que não haja necessidade de produzir mais hormônios, sinalizando para sua suspensão. Como consequência dessa sinalização, não haverá produção e secreção de determinados hormônios, entre eles, o LH, que impede a liberação do ovócito. Fertilização e desenvolvimento embrionário da 1a a 2a semana Encontro dos gametas Para que um novo ciclo de vida se inicie, é necessário que os gametas maduros se encontrem no aparelho reprodutor feminino para ocorrer a fertilização. Transporte do ovócito O gameta feminino será liberado durante o processo de ovulação, aproximadamente no 14° dia do ciclo menstrual. Normalmente um ovócito, formado por um complexo de células que consiste em zona pelúcida e corona radiata, é liberado. Principais estruturas do ovócito • O ovócito é liberado do ovário e capturado pela tuba uterina (na região onde se encontram as fímbrias). • Ao mesmo tempo, devido a alterações hormonais, as células epiteliais com presença de cílios, juntamente com a musculatura lisa, pertencentes à tuba uterina, iniciam movimentos sincronizados. • Começa o transporte lento do ovócito, que é conduzido até a região da ampola da tuba uterina; esse transporte dura cerca de 72 horas. Transporte do espermatozoide Desde sua produção nos túbulos seminíferos, os espermatozoides percorrem um sistema de ductos para sua maturação no epidídimo e, depois, continuam sendo transportados, e são misturados com as secreções fluidas das glândulas acessórias, até chegarem à uretra. Cerca de 200 a 600 milhões de espermatozoides são depositados durante o ato sexual, mas somente cerca de 200 conseguem chegar ao local da fertilização. A direção do trajeto realizado pelos espermatozoides no sistema genital masculino está indicado pelas setas. Durante a cópula, quando liberados no sistema genital feminino, os espermatozoides necessitam percorrer novo caminho iniciado com a passagem pelo canal cervical uterino. Eles sobem com o auxílio dos movimentos musculares das estruturas do canal, associados aos movimentos natatórios dos espermatozoides. Prosseguem até encontrar o ovócito na região da ampola da tuba uterina. Ao atravessarem a região cervical, os espermatozoides iniciam a reação de capacitação, uma vez que as secreções liberadas no sistema genital feminino são capazes de influenciar que a superfície acrossômicaseminífera, contendo glicoproteínas, seja alterada. Fertilização A partir do encontro do espermatozoide com o ovócito na ampola da tuba uterina, uma série de eventos ocorre dando início à fertilização, cujo término está associado à formação do zigoto. Geralmente ocorre em 24 horas e apresenta a seguinte sequência: 1. Penetração do espermatozoide na corona radiata Para que ocorra a fecundação não basta apenas o encontro desses gametas. O espermatozoide necessita, ainda, passar por algumas barreiras para chegar ao ovócito. A primeira é a corona radiata, que constitui sua camada mais externa. Esse evento acontece graças à ação de uma enzima localizada na região do acrossomo do espermatozoide, a hialuronidase, que está relacionada à dissociação das células formadoras dessa camada. 2. Penetração do espermatozoide na zona pelúcida Após a passagem pela corona radiata, é necessário que o espermatozoide ultrapasse outro obstáculo, a zona pelúcida, e sofra a ação de enzimas acrossômicas. Após a ligação à zona pelúcida, ocorre a reação acrossômica que se relaciona ao processo de fusão da membrana plasmática do espermatozoide com a membrana acrossômica externa. Em seguida a esse evento, o espermatozoide consegue atravessar essa zona, atingindo o espaço perivitelino 3. Fusão das membranas celulares dos gametas Após a passagem pelo espaço perivitelino, as membranas do espermatozoide e ovócitos se fundem. Após a fusão dessas membranas dos gametas, ocorre um processo chamado de reação da zona, que, em geral, elimina a capacidade de os espermatozoides penetrarem na zona pelúcida. Acredita-se que esse impedimento evite que outros espermatozoides possam fecundar o mesmo ovócito, que poderia resultar em poliespermia. Em nossa espécie, isso levaria a um desenvolvimento anormal. 4. Término da segunda divisão meiótica do ovócito secundário Após a fusão das membranas, a região da cabeça do espermatozoide entra no ovócito e a cauda é degenerada. Em seguida, o ovócito secundário finaliza a segunda divisão meiótica, que resulta na formação do óvulo e dos corpos polares. 5. Formação dos pronucleos masculino e feminino O núcleo formado após essa divisão meiótica é chamado de pronúcleo feminino. O núcleo que estava situado na cabeça do espermatozoide forma o pronúcleo masculino. 6. Encontro dos pronucleos Quando entram em contato, os pronúcleos masculino e feminino rompem suas membranas e os cromossomos se misturam e se organizam ao redor do fuso mitótico. Com esse evento, tem-se a formação de uma nova célula diploide conhecida como zigoto, finalizando o processo de fertilização. Nesse caso, se o espermatozoide possuir o cromossomo sexual X, será desenvolvida uma mulher. Mas, se o espermatozoide possuir o cromossomo Y, um homem se desenvolverá. Primeira semana de desenvolvimento Uma vez formado o zigoto, o que acontece depois? Inicia-se um processo chamado clivagem. A clivagem é uma das etapas iniciais do desenvolvimento. Seu processo se relaciona ao número de divisões mitóticas consecutivas que o zigoto sofre, acarretando o aumento do número de células. Essas células são conhecidas como blastômeros. Em geral, a clivagem ocorre cerca de 30 horas após a fertilização, enquanto percorre o caminho da tuba uterina em direção ao útero. Durante esse trajeto, a estrutura é envolvida por uma camada gelatinosa espessa, denominada zona pelúcida. A zona pelúcida impede que a estrutura, com aumento crescente do número de células, aumente seu volume final. 1. Durante as divisões mitóticas sequenciais, o zigoto se divide, formando dois blastômeros, chamado estágio de 2 células. 2. Logo após, sofre divisão mais uma vez, passando ao estágio de 4 células. 3. Em seguida, chega ao estágio de 8 células. Durante esse processo, os blastômeros se compactam, tomando a forma de uma esfera, em uma ação denominada compactação. Três dias após a fecundação, essa estrutura torna-se uma massa compacta, contendo cerca de 16 blastômeros, chamada de mórula (devido à semelhança com a amora). Aproximadamente no quarto dia após a fertilização, essa estrutura passa a se chamar blastocisto. No estágio em que o concepto também pode ser chamado de blástula é possível perceber uma dissociação desse compacto de células, que forma uma cavidade repleta de líquido, chamada de blastocele. Nesse momento, há dois tipos celulares: • Trofoblasto - Forma a camada externa dessa célula. Dá origem às estruturas extra-embionárias, entre elas a placenta. • Embrioblasto - Forma a massa interna, que ainda está envolta pela zona pelúcida. O embrioblasto dará origem ao corpo do embrião. Com o tempo, o blastocisto tem sua zona pelúcida degenerada e, com isso, cresce rapidamente de tamanho. Todo esse processo, desde a fertilização até a implantação no útero, dura cerca de uma semana. A implantação do blastocisto no útero, também conhecida como nidação, geralmente ocorre através do polo embrionário ao tecido epitelial que compõe a camada do endométrio. Mais mudanças ocorrem nesse processo. Em seguida à penetração do blastocisto, é possível observar uma rápida mudança na camada do trofoblasto, que se divide em duas novas camadas: • Citotrofoblasto - É derivado das células trofoblásticas, são mitoticamente ativas. • Sinciciotrofoblasto - Refere-se à massa fundida e multinucleada oriunda do citotrofoblasto, cujas suas projeções conseguem invadir o tecido endometrial, formando a placa trofoblástica. Durante o processo inicial de diferenciação, o estroma contido no útero sofre diversas modificações, conhecidas por reação decidual. Ao final da primeira semana, o blastocisto é praticamente todo implantado no endométrio e sua nutrição ocorre pelos tecidos que foram rompidos durante o processo. E como aconteceria a gestação gemelar? Primeiro precisamos entender que podemos dividir em dois tipos principais: os dizigóticos e os monozigóticos. Gêmeos dizigóticos Geralmente, a mulher libera um ovócito a cada ciclo menstrual, mas por diversos fatores, ela pode liberar dois ovócitos. Caso ambos sejam fecundados por dois espermatozoides distintos ocorre a gestação gemelar, com placentas distintas. Por isso, eles podem apresentar sexos distintos e serem geneticamente diferentes. Gêmeos monozigóticos Os gêmeos ocorrem após a fecundação de um único ovócito e único espermatozoide. Em geral, ocorre a separação do mesmo embrião em duas novas células. Acredita-se que, em especial, na região do embrioblasto. Nesse tipo de gestação também pode ocorrer a separação incompleta das células, que podem favorecer a união desses gêmeos pelo tecido que não foi totalmente separado, também conhecido como gêmeos xifópagos, ou gêmeos siameses. Segunda semana de desenvolvimento Enquanto o processo de implantação do blastocisto no endométrio é concluído, as mudanças continuam acontecendo. O citotrofoblasto permanece produzindo células para o sinciciotrofoblasto, que prossegue invadindo o endométrio. Outra função relacionada ao sinciciotrofoblasto se relaciona com a produção do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG). Com a detecção de sua subunidade beta é possível realizar o teste de gravidez. Esse hormônio é muito importante para a sinalização do corpo lúteo, que inicialmente continua a produção da progesterona, o que evita a descamação do endométrio e, consequentemente, um aborto espontâneo. Uma série de alterações ocorrem no embrioblasto da blástula. A massa interna dessa estrutura inicia seu processo de diferenciação dando origem a duas camadas de células: • Epiblasto - É a camada mais externa, composto por células colunares altas, relaciona-se à formação do assoalho da cavidade amniótica, que envolve o embrião contendo um fluido.Constitui o embrião propriamente dito. • Hipoblasto Ou endoderma extraembrionário - É a camada mais interna, composto por células cuboides e origina o revestimento endodérmico do saco vitelínico primário. O antigo embrioblasto, que se encontra entre o saco vitelino primário e a cavidade amniótica, com suas duas camadas bem definidas, é denominado disco bilaminar. A proliferação do epiblasto se relaciona com a formação das células do mesoderma extraembrionário. Com aproximadamente dez dias ocorre a implantação completa no endométrio, acompanhada de regeneração, recobrindo a falha no epitélio endometrial para que o processo ocorresse, similar a um tampão de coágulo sanguíneo fibrinoso. Próximo ao final da segunda semana, surgem as vilosidades coriônicas primitivas, considerado o primeiro estágio para o desenvolvimento das vilosidades coriônicas placentárias. Por volta do 14 dia, o embrião ainda apresenta uma forma discoide, enquanto as células hipoblásticas se tornam colunares em determinada área, e se organizam para formar a placa pré-cordal. Essa placa é um indicador do local onde ficará a boca futuramente, tornando-se um importante organizador da região da cabeça. O local onde comumente ocorre a implantação do blastocisto é o endométrio. Quando a implantação ocorre em outros lugares é chamada de gravidez ectópica. Existem diversos locais possíveis para a implantação extrauterina, porém a mais comum ocorre no istmo ou na ampola da tuba uterina, conhecida como gravidez tubária. Muitas causas se relacionam com seu surgimento, mas em geral se relacionam aos fatores que podem atrasar ou mesmo impedir o deslocamento do zigoto ao útero. Na maioria dos casos, cursam com ruptura da tuba uterina observada até a oitava semana de desenvolvimento embrionário, que culmina com a morte do concepto. Desenvolvimento embrionário da 3a a 8a semana e período fetal Terceira semana de desenvolvimento Esse estágio do desenvolvimento embrionário é caracterizado por profundas mudanças nas estruturas estudadas até o momento. I - Gastrulação No início da 3a semana ocorre um processo denominado gastrulação, em que é possível observar nitidamente a formação de três camadas germinativas. Durante esse estágio, o embrião pode ser chamado de gástrula. A gastrulação é considerada um marco da morfogênese — é o período em que ocorre o início da formação da estrutura do corpo, que o disco bilaminar se transforma em um disco trilaminar, que dará origem a todos os tecidos que compõem nosso organismo. 1. A formação da linha primitiva surge de forma caudal, medial e dorsal no disco embrionário, com a proliferação das células epiblásticas. 2. Durante esse processo, surge ainda uma pequena depressão no local do nó primitivo, denominada fosseta primitiva. 3. A linha se alonga, com a adição de células, em direção à extremidade caudal e à extremidade cefálica, e forma o nó primitivo (ou Nó de Hensen) , simultaneamente constituindo o sulco primitivo. Quando a linha primitiva passa a existir, é possível identificar o eixo cefálico-caudal, além das superfícies dorsal e ventral e dos lados direito e esquerdo do embrião. No momento em que ocorre a invaginação das células epiblásticas, observa-se a formação do sulco primitivo e da fosseta primitiva. No processo, algumas células se destacam da superfície (epiblasto) migrando e formando o mesênquima ou mesoblasto (arranjados de maneira dispersa com grande quantidade de matriz extracelular), formando o mesoderma intraembrionário. Estudaremos a sua importância na formação da maioria dos tecidos de sustentação do embrião adiante. Três camadas germinativas ficam estabelecidas: ectoderma, mesoderma e endoderma, que darão origem a tecidos e órgãos específicos. • Ectoderma - Camada de células que se localiza mais externamente no disco embrionário trilaminar. Origina o sistema nervoso central e periférico, a epiderme, entre outras estruturas, como pelos, unhas e esmalte dental. • Mesoderma - É o folheto de camada de células que se localiza de maneira intermediária no disco embrionário trilaminar. Origina os músculos liso e estriado, tecidos conjuntivos, vasos sanguíneos, além de estarem interligados à formação de órgãos dos sistemas excretores e reprodutores. • Endoderma - É o folheto de camada de células que se localiza mais internamente no disco embrionário trilaminar. Origina revestimentos epiteliais de vias respiratórias e do trato digestório, além de glândulas, pâncreas e fígado. II – Neurulação Na 3a semana ocorre o processo denominado neurulação, envolvendo a formação do tubo neural e das cristas neurais, que são de extrema importância para a formação do sistema nervoso central e periférico. Durante esse estágio, o embrião pode ser chamado de nêurula. Durante a formação do nó primitivo, um processo muito importante ocorre. Abaixo dessa estrutura, entre o ectoderma e endoderma embrionário, inicia-se o processo notocordal, que dará origem à notocorda. O processo notocordal cresce em direção à placa pré-cordal, formando uma espécie de bastão oco, que também indica o futuro local da coluna vertebral. A notocorda funciona como uma espécie de indutor para que ocorra o espessamento da ectoderma. Esse evento é essencial para a formação da placa neural, sendo a região da ectoderma que forma a placa neural também conhecida como neuroectoderma. Após sua formação, um processo de invaginação se inicia dando origem ao chamado sulco neural, que apresenta elevação das bordas laterais, as pregas neurais. Essas pregas neurais começam a se aproximar e se fundem, transformando a placa neural em tubo neural. Essa estrutura está relacionada com a formação do encéfalo e da medula espinhal (SNC). Nesse momento, o fechamento do tubo neural tem início na região central e apresenta abertura em suas extremidades. Durante o fechamento do tubo neural ocorre um desprendimento do ectoderma superficial, dando origem a células neuroecdermais, também conhecidas como células da crista neural, que migrarão para as laterais direita e esquerda do tubo neural, formando as cristas neurais. Essas estruturas estão relacionadas com a origem de nervos cranianos e espinhais (SNP). Aborto espontâneo É uma perda involuntária que ocorre, geralmente, antes da 20a semana de gestação. Existem inúmeras causas, embora geralmente esteja relacionado a desenvolvimento anormal do embrião, infecções virais ou bacterianas, idade materna, obesidade, consumo de drogas, bebida ou fumo. Quanto maior o tempo de gestação, mais intensos são os sintomas. O sangramento vaginal é o sintoma mais clássico, que pode vir associado ou não por cólicas; pode haver perda de líquido, coágulos, mal- estar geral, com presença de febre e dor de cabeça. Muitas mulheres já sofreram aborto espontâneo, mas quando ocorre até a 6a semana, comumente, é confundido com atraso menstrual. Desenvolvimento mesodérmico Pós a formação do mesoderma, ele se espalha lateralmente como uma camada única de células mesenquimais. Durante o desenvolvimento, três regiões passam a ser destacadas nesse mesoderma embrionário: • Mesoderma paraxial — Encontra-se mais próximo ao tubo neural; • Mesoderma intermediário — Região compacta ao lado do mesoderma paraxial; • Mesoderma lateral. Próximo ao final da 3a semana do desenvolvimento, o mesoderma paraxial se diferencia em pares cuboides, denominados somitos, localizados em ambos os lados do tubo neural, formados cefalocaudalmente. Os somitos estão relacionados à origem da maior parte do esqueleto axial, à musculatura associada e à derme da pele adjacente. O mesoderma intermediário está intimamente ligado ao desenvolvimento do sistema urogenital. No mesoderma lateral há os espaços celômicos, que se unem para formar uma cavidade semelhante a uma ferradura, denominadaceloma intraembrionário. O celoma intraembrionário divide o mesoderma lateral em duas camadas: Mesoderma somático ou parietal, que recobre o âmnio e sua união com o ectoderma forma a somatopleura, que se relaciona à parede do corpo do embrião; Mesoderma esplâncnico ou visceral, que recobre o saco vitelínico e sua união com o endoderma forma a esplancnopleura, que se relaciona ao intestino do embrião. Adiante veremos que, aproximadamente, no segundo mês, o celoma intraembrionário será dividido em três camadas do corpo: cavidade pericárdica, cavidade pleural e cavidade peritoneal. O mesoderma extraembrionário envolve o âmnio e o saco vitelino. A extremidade posterior do embrião apresenta-se conectada ao trofoblasto (que dará origem à placenta) por uma estrutura estrita, chamada de pedúnculo embrionário, que posteriormente se transformará no cordão umbilical. Desenvolvimento primitivo do coração e grandes vasos O coração e os grandes vasos apresentam origens similares, por meio de células mesenquimais da área cardiogênica, por volta do final da 3a semana. O sistema cardiovascular é considerado o primeiro sistema a funcionar de maneira eficiente no embrião. Tem início com a formação de dois grandes tubos, os tubos endocárdicos (A), que após fusão, resultam em um único tubo cardíaco, o coração primitivo (B). O coração primitivo está conectados a estruturas como córion, pedúnculo do embrião, vasos do embrião e saco vitelínico, que compõem o sistema cardiovascular primitivo. É possível observar que, a partir da 22a semana, o coração já começa a bater e pouco depois, o fluxo sanguíneo pode ser visto por meio de ultrassonografia com Doppler. Quarta semana de desenvolvimento Na 4a semana, o tubo neural está se fechando, mas as extremidades, chamadas de neuroporos rostral e caudal, ainda estão abertas. Atenção Fechamento dos neuroporos: Caso o fechamento dos neuroporos não ocorra, poderá causar sérias complicações como: Falha no fechamento do neuroporo rostral pode se relacionar com anencefalia ou Falha no fechamento do neuroporo caudal pode se relacionar com mielodisplasias, como espinha bífida. O primeiro arco, ou arco mandibular é bastante visível, além da região do encéfalo anterior apresentar uma elevação proeminente da cabeça. Aproximadamente com 26 dias, é possível observar o brotamento dos membros superiores. Ao final da 4a semana observamos as fossetas ópticas, placódios ópticos (futuros cristalinos dos olhos) e brotamento dos membros inferiores. Atenção Teratogênicos: O contato com teratógenos é capaz de produzir uma anomalia congênita, em especial entre a quarta e a oitava semana. Esses agentes teratógenos podem ser físicos (ex. radiação), químicos (ex. drogas) e biológicos (ex. bactérias). Por isso, deve-se evitar a exposição, principalmente nesse período, pois os órgãos estão sendo formados. Quinta à oitava semana de desenvolvimento Embora na 5a semana as mudanças não sejam tão grandes quanto na semana anterior, percebe-se o constante crescimento da cabeça do embrião, que se destaca do restante do corpo, em especial devido ao desenvolvimento encefálico. Além disso, forma-se o seio cervical, cujo crescimento do arco hioide forma uma depressão ectodérmica. Observa-se ainda, a formação das placas das mãos, acompanhadas pelo surgimento dos primórdios dos dedos, também conhecido como raios digitais. Na 6a semana, nota-se a diferenciação dos cotovelos e pulsos dos membros superiores. A região dos olhos torna-se mais nítida, provavelmente devido à pigmentação da retina. A 7a semana é marcada pelo intestino que penetra no celoma extraembrionário, o processo de herniação umbilical fisiológica. Percebe-se também a indicação dos futuros dedos das mãos. Na última semana do período embrionário, a 8a semana, também ocorrem muitas mudanças, como o desaparecimento da cauda, o plexo vascular do couro cabeludo, a separação dos dedos, formação das pálpebras (embora os olhos permaneçam abertos). E embora, apresente aparência humana nessa fase, percebe-se ainda, a desproporção da cabeça com o restante do corpo. Calculando a idade da gestação Para isso é necessário saber a data da última menstruação (DUM), lembrando que se conta pelo primeiro dia de sangramento; com o auxílio do disco gestacional (gestograma) é possível prever a data provável do parto. A data da última menstruação ocorre duas semanas antes da fertilização, pois como já vimos, a ovulação ocorre por volta do 14a dia após a menstruação. Quando é desconhecida essa informação é possível detectar pela realização da ultrassonografia precoce. Período Fetal A partir da 9a semana inicia-se o chamado período fetal, que é marcado especialmente pelo crescimento rápido do feto, amadurecimento dos órgãos e ganho de massa corporal nas semanas finais dessa gestação. Até o final da 12a semana percebe-se a produção de urina, que é excretada diretamente no líquido amniótico; o feto reabsorve parte desse líquido, e os consequentes produtos da excreção são direcionados à circulação materna por meio da membrana placentária. Ocorre a formação das impressões digitais e o início da diferenciação da genitália externa. A eritropoese, relaciona-se à formação das células vermelhas, que, inicialmente, são produzidas no fígado. Ao final da 12a semana nota-se a mudança dessa atividade para o baço. A partir da 13a semana, os membros inferiores se alongam rapidamente e na semana seguinte, embora ainda possam ser imperceptíveis para a mãe, seus movimentos tornam-se mais coordenados. Nessa fase, também ocorre o processo de ossificação. Por volta da 17a semana, os movimentos do feto podem ser sentidos pela mãe. Embora a placenta esteja desenvolvida, continua a crescer, e apresenta dois componentes: o fetal (formado pelo saco coriônico) e o materno (derivado do endométrio). Os nutrientes maternos são passados para o feto através da placenta, e as excretas do feto são eliminadas também por ela, que exerce as funções de: nutrição, respiração, excreção, defesa imunitária e produção de hormônios. Parto prematuro Embora os fetos que nascem prematuramente apresentem taxa de sobrevivência muita alta devido aos recursos encontrados em unidades de cuidados intensivos, eles necessitam de atenção especial. Quando o nascimento ocorre entre a 22a e a 25a semana é extremamente difícil que o bebê consiga sobreviver, uma vez que seu sistema respiratório é imaturo. Quando há prematuridade extrema e os bebês apresentam peso inferior dois quilos é possível haver mais chances de óbito. Ao nascer após o tempo adequado, será́ chamado de pós-termo, e também poderão ocorrer algumas complicações caso isso aconteça. Entretanto, quando ocorre entre a 26a e 29a semana, suas chances são grandes, pois são capazes de respirar com os cuidados adequados, além de alcançar um grau de maturidade que permite o controle dos centros respiratórios e da temperatura corporal. Ao final da 28a semana, a medula óssea torna-se o principal local para a formação das células vermelhas, a hematopoese. Percebe-se a redução da pele translúcida enrugada, devido à formação de gordura subcutânea. Mas, com 30 semanas, sua pele se torna rosada e lisa. Quando se aproximam da 36a semana, as circunferências abdominal e cefálica são praticamente iguais. Nota-se a presença do reflexo de preensão palmar e a pele apresenta um aspecto mais escamativo. Nessa fase, em caso de meninos, os testículos se encontram na bolsa escrotal e em caso de meninas, os grandes lábios já́ se apresentam totalmente formados. A partir de 38 semanas são considerados a termo. O feto continua a deglutir o que está no líquido amniótico e essa mistura resultará na produção do mecônio, muito importante para os primeiros trabalhos intestinais. Em geral, o feto já́ está em apresentação cefálica, preparado para o nascimento. Casonão esteja, a equipe médica deverá optar pela melhor opção do parto. Histologia Matriz extracelular Os tecidos não são constituídos apenas por células, uma vez que também apresentam uma espécie de malha tridimensional organizada de moléculas que rodeiam as células, a matriz extracelular (MEC), que é produzida pelas próprias células. A MEC apresenta inúmeras funções devido à sua diversidade, como: A matriz é formada por elementos fluidos e fibrosos, e seus componentes e quantidade podem variar entre os tecidos. Cada tecido tem uma MEC de composição única, que pode ser especialmente adaptada, dependendo de sua localização. Os tecidos apresentam dois elementos: • Substância fundamental amorfa: Composta por cadeias de polissacarídeos, como glicosaminoglicanas (GAGs) e proteoglicanas, que se relacionam à formação de material semelhante a gel hidratado, envolvidas na circulação de nutrientes, hormônios e outros mensageiros químicos. • Fibras: Composto por proteínas fibrosas, como colágenas (fibrilares e não fibrilares) e elásticas (por exemplo, elastina), que se relacionam à formação do arcabouço estrutural e elástico de diferentes tecidos. Apresentam fibronectina e laminina (lâmina basal), que se relacionam à adesão matriz-célula. Características gerais dos tecidos básicos Os quatro tecidos básicos que compõem o corpo humano são: Tecido epitelial O tecido epitelial é o primeiro tipo que abordaremos, percebendo suas características gerais e particularidades, bem como as duas principais formas em que podem ser encontrados: Revestimento e Glandular. Morfologia geral Pode ser caracterizado pela presença de células epiteliais (geralmente poliédricas, ou seja, com várias faces), justapostas e com pouca MEC (primordialmente compondo a lâmina basal). Devido à ausência de vasos sanguíneos em suas células (chamado de avascular), recebe nutrientes por meio do tecido conjuntivo subjacente. Suas células contêm quantidade considerável de citoplasma (devido à intensa atividade exercida). É um tecido polarizado, apresenta uma região voltada para a superfície, denominada polo apical, e, em oposição, uma região voltada para o lado oposto, denominado de polo basal, além das regiões laterais. Polo apical Há presença de canais iônicos, proteínas transportadoras e enzimas específicas. Nas células epiteliais, essa região pode conter determinadas especializações que se relacionam com funções distintas. Polo basal Geralmente, encontra-se a lâmina basal associada à lâmina reticular. Essas duas lâminas compõem a membrana basal, que permite a conexão entre o tecido epitelial e o tecido conjuntivo. A membrana basal é uma barreira seletiva de movimentação de substâncias entre esses dois tecidos, e também influencia na diferenciação e proliferação das células epiteliais. As células epiteliais são justapostas e apresentam forte adesão entre si, proporcionada tanto pelas proteínas integrais da membrana lateral de suas células quanto pelas especializações presentes responsáveis pela formação das junções celulares. As junções celulares promovem a aderência entre as células, e se relacionam com o fechamento do espaço intercelular, e, em certas situações, com a comunicação entre células vizinhas. De maneira geral, o conjunto das junções celulares pode ser dividido em três grandes grupos, de acordo com sua função: • Junções de adesão: zônula de adesão, desmossomos e hemidesmossomos; • Junções impermeáveis: zônula de oclusão; • Junções de comunicação: junção comunicante (gap junction). Qual é a função do revestimento? O revestimento é uma grande função exercida pelo epitélio, uma vez que ele recobre a superfície corporal e a protege. O epitélio também está presente no revestimento de órgãos, cavidades corporais, vasos sanguíneos e linfáticos. Suas funções são: • Secreção, presente nas glândulas. • Adicionadas aos epitélios especiais, desempenham função germinativa, sensorial, de absorção e excreção. Tecido epitelial de revestimento O tecido epitelial de revestimento reveste superfícies internas e externas do organismo. Dessa maneira, consegue separar o tecido conjuntivo adjacente do meio externo ou das cavidades internas do corpo. Classificação quanto à forma da célula Pavimentosa É uma célula que apresenta a largura e o comprimento maiores que sua altura, com o núcleo central e alongado. Tem um aspecto mais achatado, que faz lembrar um pavimento; por isso facilita a passagem de substâncias. Cúbica É uma célula que apresenta largura, altura e comprimento iguais, com núcleo redondo central. Tem aspecto de cubo Colunar É uma célula que apresenta a altura maior que a largura e o comprimento. Tem aspecto mais alongado, que faz lembrar uma coluna. Classificação quanto ao número de camadas da célula • Simples - Apresentam apenas uma camada de células, que se encontram em contato com a lâmina basal. Por isso, facilita a passagem de substâncias. Epitélio de revestimento com apenas uma camada (considerado simples) e com: • Células em formato pavimentoso — Tecido epitelial de revestimento simples pavimentoso, encontrado nos vasos sanguíneos, por exemplo. • Células em formato cúbico — Tecido epitelial de revestimento simples cúbico, encontrado nos túbulos renais, por exemplo. • Células cilíndricas — Tecido epitelial de revestimento simples prismático, como é o caso dos intestinos. • Estratificado - Apresentam mais de uma camada de células, e só as células que se encontram na base entram em contato com a lâmina basal. Por isso, estão relacionados à resistência. Possui classificação quanto ao formato de células pelas que compõem a camada mais superficial. Existem alguns epitélios que não são classificados nas categorias anteriores: • Epitélios de transição - As formas das células epiteliais variam de acordo com seu estado (relaxado ou distendido), e são encontrados no revestimento do sistema urinário. • Epitélios pseudoestratificados - Embora sejam formados apenas por uma camada de células (como ocorre no epitélio simples), suas células possuem diferentes tamanhos, e consequentemente, seu núcleo se apresenta em alturas diferentes (e remete ao epitélio estratificado, pois dá a impressão de várias camadas). As células epiteliais podem apresentar especializações da membrana apical, com o objetivo de aprimorar o desempenho de sua função. Caso essa especialização esteja presente na célula, deve ser acrescentada na classificação. Especialização de membrana Existem inúmeras especializações tanto apicais quanto baso laterais que podem ser encontradas nas células epiteliais. Especializações apicais • Microvilosidades (ou microvilos) - Projeções da membrana celular, que podem aumentar a absorção celular, encontradas por exemplo, no intestino. • Estereocílios - Prolongamentos compridos e imóveis da célula, que podem apresentar função de aumentar a absorção, como no epidídimo, ou função sensitiva, como no ouvido interno. • Cílios - Projeções móveis das células, que se relacionam ao transporte, como na traqueia. • Flagelo – Projeções móveis, semelhantes aos cílios, porém mais longos e únicos na célula, que também se relacionam ao transporte, como no espermatozoide. Pele Quando falamos de tecido epitelial de revestimento, não podemos deixar de falar sobre a pele, que, de acordo com sua classificação, será denominada como tecido epitelial de revestimento pavimentoso estratificado queratinizado, por causa do formato de suas células, do número de camadas e da especialização encontrada na membrana apical. Tem como função geral a ação imunológica, servindo como barreira de proteção contra patógenos, impermeabilidade, percepção sensorial e termorregulação. A pele é formada por camadas e não é composta apenas por tecido epitelial, são elas: • Epiderme- Camada mais superficial (composta por tecido epitelial), avascular (por isso precisa do suporte de um tecido conjuntivo subjacente). Apresenta sua origem embrionária no folheto da ectoderma. • Derme - Localizada logo abaixo da epiderme (composta por tecido conjuntivo), é responsável pela nutrição da epiderme (que ocorre por meio de difusão), pois é extremamente vascularizada. Contém terminações nervosas sensoriais, nervos, vasos linfáticos. Apresenta sua origem embrionária no folheto da mesoderma e pode ser subdividida em: Derme papilar (Constituída por tecido conjuntivo frouxo) e Derme reticular (Constituída por tecido conjuntivo denso não modelado). Existem ainda, os considerados anexos da pele, que abrangem pelos e unhas. Alguns autores consideram também mais uma camada da pele, a chamada hipoderme. Epiderme e suas camadas A epiderme pode ser dividida em quatro camadas: • Estrato basal • Estrato espinhoso • Estrato granuloso • Estrato córneo. O estrato basal se refere à camada de células em contato com a camada basal, que possui grande atividade mitótica. À medida que essas células se deslocam para o estrato córneo (mais superficial), que é constituído por células mortas, produzem proteínas, que resultam na queratina. Dessa maneira, oferece proteção contra atrito, retenção de água e até proteção contra invasão de agentes agressores Tecido glandular O tecido epitelial de revestimento inicia um processo de proliferação, que invade o tecido conjuntivo e, dessa maneira, se divide em células glandulares, especializadas em secreção de diversos elementos. Em determinados tecidos há presença de células secretoras que desempenham isoladamente sua função, que são chamadas de glândulas unicelulares, como ocorre com as células caliciformes. Quando há o agrupamento de várias células secretoras, são chamadas de glândulas multicelulares (ou pluricelulares), como acontece com as glândulas sudoríparas. Classificação De acordo com sua forma e função, o epitélio glandular pode ser classificado em dois grandes grupos: Glândulas exócrinas Podem ser classificadas da seguinte forma: • De acordo com a forma da porção secretora 1. Tubular: Possui forma de tubo, podendo se apresentar de forma reta ou enovelada, por exemplo, a glândula sudorípara. 2. Acinar: Possui forma semelhante ao cacho de uva por ser arredondada, por exemplo, a glândula sebácea. 3. Túbulo-acinosa: Possui os dois tipos de forma, podendo ser considerada como mista, por exemplo, glândulas salivares sublinguais. As glândulas exócrinas podem não apresentar ramificações, sendo classificadas como simples ou com a presença de ramificações, chamadas de compostas. • De acordo com o tipo de secreção 1. Serosa: Secreta fluido aquoso, por exemplo, glândulas salivares parótidas. 2. Mucosa: Secreta muco, por exemplo, glândulas duodenais. 3. Seromucosa (ou mista): Apresenta células serosas e mucosas, por exemplo, glândulas salivares sublinguais. • De acordo com a liberação de secreção 1. Merócrina: Quando o produto secretado é liberado, não causa nenhum dano à célula, fazendo a explusão por exocitose. Por exemplo: células acinares pancreáticas. 2. Apócrina: Quando o produto secretor é liberado e uma parte do citoplasma apical é perdido. Por exemplo: glândulas mamárias. 3. Holócrina: Quando o produto secretor é liberado e a célula secretora morre no processo. Por exemplo: glândulas sebáceas. Glândulas endócrinas Podem ser classificadas de acordo com o arranjo das células epiteliais, podendo ser folicular (ou vesicular), quando as células se arranjam em folículos, onde se acumula a secreção (por exemplo, tireoide), ou pode ser cordonal, onde as células se localizam de forma enfileirada, formando cordões, que se comunicam entre si (por exemplo, paratireoide). Existem alguns órgãos que apresentam a função endócrina e exócrina, como é o caso do pâncreas, que possui a porção exócrina, que libera o suco pancreático para o duodeno, mas apresenta a porção endócrina, que secreta os hormônios insulina e glucagon. Dessa maneira, são chamados de glândulas mistas. Tecido Conjuntivo Características gerais O tecido conjuntivo apresenta diversos tipos de células imersos em abundante Matriz Extracelular (MEC), e representa um grupo de variados tecidos com diversas funções, além de ser vascularizado. As formas das células e os constituintes da MEC são fundamentais para determinar o tipo de tecido e, consequentemente, a função por ele exercida. Esse tecido tem origem embrionária nas células mesenquimais, derivando o folheto germinativo mesoderma. Funções Componentes celulares comuns Muitas células encontradas no tecido conjuntivo são produzidas nele mesmo e ali permanecem, desempenhando suas respectivas funções. Algumas células são locais, enquanto outras são transitórias, tais como leucócitos, que vêm de outras partes e permanecem provisoriamente no tecido. Esses tipos de células variam entre o conjuntivo, dependendo da função desempenhada. O tecido conjuntivo propriamente dito é formado pelas células: Fibroblastos São células jovens, ativas, de formato estrelado, considerados como células essenciais do tecido, encarregados de produzir MEC, em especial com síntese de colágeno, elastina, proteoglicanas e glicoproteínas estruturais. Relacionam-se ao controle da proliferação e diferenciação celular. Quando não estão ativos e mais quiescentes, os fibroblastos apresentam mudança em sua morfologia que se encontra mais retraída e fusiforme (sendo chamados de fibrócitos). Cicatrização de ferimentos Quando ocorre uma lesão, há estímulos para a proliferação dos fibroblastos, que contribuem para a cicatrização, em especial com aumento da secreção dos elementos da MEC. Além disso, por estímulos também, há diferenciação das células para os chamados miofibroblastos, que participam do fechamento da cicatriz pela contração, retraindo o tecido cicatricial. Macrófagos É o segundo tipo mais comum de células do tecido, geralmente, apresentam seu núcleo em formato ovoide, mas, sua forma pode variar dependendo de seu estado funcional. São células ativas, com superfície irregular e projeções que facilitam no movimento ameboide, com grande capacidade de fagocitose. São originadas do monócito (célula do sangue), que são capazes de atravessar a parede dos vasos e se dirigir ao tecido conjuntivo, e lá adquirem a forma do macrófago, acompanhadas de aumento do complexo golgiense, retículo endoplasmático rugoso e lisossomos, que, consequentemente, aumentam o tamanho da célula. Macrófagos e Fagocitose De maneira geral, os macrófagos podem ser considerados células de defesa do nosso organismo, sendo um importante componente do sistema imune no combate aos patógenos invasores, além da remoção de restos celulares. Os macrófagos realizam os processos por meio de fagocitose, que através de pseudopodes englobam essas partículas, que são conduzidas para o interior da célula, onde ficam completamente envolvidas por uma estrutura chamada de fagossomo. O fagossomo se une aos lisossomos, formando o vacúolo digestivo, onde são lançadas enzimas que irão degradar essa partícula ingerida. O que não for digerido pela célula, será excretado como corpo residual. 1. Fagocitose de uma célula inimiga 2. Fusão de um fagossomo e um lisossomo 3. Enzimas degradam a célula inimiga 4. Fragmentos da célula inimiga 5. Liberação dos fragmentos Mastócitos São células com formato globoso e grande, com núcleo esférico e central, não apresentam prolongamentos, mas há grande presença de grânulos. Também se apresentam em grande quantidade em diversas variedades do tecido conjuntivo. Plasmócitos São células ovoides, com núcleo esférico, que em geral se localizam em posição excêntrica (fora do centro), com grande quantidadede retículo endoplasmático rugoso. Apresentam-se em menor número no tecido conjuntivo em estado normal, mas são abundantes em locais que possuem maior propensão à penetração de bactérias, tais como intestino. Leucócitos São considerados constituintes do tecido conjuntivo vindos do sangue por migração das células através da parede dos vasos (chamado de diapedese), onde essas células de defesa se encontram em maior quantidade em locais com propensão à entrada de agentes invasores. Os tipos mais comuns de se encontrar no tecido são: Células adiposas São células esféricas, grandes, originadas de células mesenquimais, especializadas em armazenar gordura. Matriz Extracelular Assim como os componentes celulares, a MEC também apresenta variação em sua composição entre os tecidos conjuntivos. É composta por componentes fibrilares e não fibrilares, que conferem aos tecidos suas características funcionais. • Componentes não Fibrilares A substância fundamental amorfa é uma espécie de gel incolor, muito hidratado, de aspecto viscoso, rica em glicosaminoglicanas, proteoglicanas e glicoproteínas multiadesivadas, no qual as células e outros componentes se encontram imersos. Caracteriza-se por preencher espaços entre as células e as fibras do tecido, além de permitir a passagem de células e uma barreira para a entrada de micro-organismos. • Componentes Fibrilar Como já vimos, as principais fibras que compõem a MEC são produzidas pelos fibroblastos, mas sua constituição pode variar entre os tecidos conjuntos e esse fato, confere suas características morfológicas e funcionais peculiares. Sendo assim, os principais elementos fibrilares no tecido conjuntivo propriamente dito se referem às: Fibras colágenas, reticulares e elásticas. 1. Fibras Colágenas O colágeno é a proteína mais abundante no corpo humano, possui mais de 20 variações conhecidas (os principais são classificados do tipo I ao IV). Dessa forma, as fibras colágenas, que podem variar suas características entre os tecidos conjuntivos, são os elementos fibrilares mais abundantes na MEC. As fibras colágenas tipo I são as mais frequentes. Queloide É um tipo de fibrose que ocorre devido ao acúmulo excessivo de colágeno. Esse depósito excessivo do colágeno que se forma na cicatriz gera um espessamento, que se projeta além da superfície da pele. Acaba sendo um problema de difícil resolução, uma vez que pode reaparecer depois de removido. 2. Fibras reticulares São formadas essencialmente por colágeno do tipo III, além de abundância de glicoproteínas e proteoglicanas. Por apresentarem diâmetro pequeno, são muito delicadas e formam uma espécie de rede tridimensional, em especial, em órgãos hematopoiéticos e linfoides. Geralmente, servem de apoio às células, gerando suporte que possibilitam se adaptar às mudanças fisiológicas, em especial às relacionadas com alterações de forma e volume. 3. Fibras elásticas O principal constituinte é a glicoproteína estrutural, a elastina, e também apresentam miofibrilas. São mais finas que as fibras colágenas e não apresentam estriação longitudinal, que se ramificam e formam uma espécie de malha irregular, e como o próprio nome sugere, conferem elasticidade ao tecido. Assim como as outras fibras, são sintetizadas pelos fibroblastos. Classificação O tecido conjuntivo pode ser dividido em dois grandes grupos: o chamado tecido conjuntivo propriamente dito e o grupo de tecido conjuntivo especializado, com funções altamente específicas, dos quais fazem parte os tecidos adiposo, cartilaginoso, ósseo e hematopoiético. Tecido conjuntivo propriamente dito frouxo Esse tipo de tecido contém todos os elementos típicos que foram apresentados até agora com abundância de MEC, sem que nenhum desses componentes tenha predomínio acentuado. Os elementos mais comuns são os fibroblastos, macrófagos, as fibras de colágeno e elástica. O tecido também apresenta vasos sanguíneos e linfáticos e fibras nervosas. Ele preenche os espaços entre as fibras e feixes musculares, além de apoiar e nutrir as células endoteliais (que são avascularizadas), e também desempenha papel na defesa do organismo. Como o próprio nome sugere, as fibras se dispõem frouxamente, são flexíveis, mas pouco resistente a trações. Tecido conjuntivo denso Apresenta basicamente a mesma composição do tecido conjuntivo propriamente dito frouxo. Possui os componentes celulares em menor quantidade e as fibras colágenas em abundância. O fibroblasto é o tipo celular que se apresenta de maneira mais acentuada, já que se relaciona com a produção de fibras. Como o próprio nome sugere, as fibras se dispõem densamente, o tecido é menos flexível, porém mais resistente a trações. Por causa da disposição de suas fibras, pode ser subdividido em mais dois grupos: o denso modelado e o denso não modelado. • Tecido conjuntivo denso não modelado As fibras colágenas se apresentam em feixes que são arranjados sem orientação fixa. Por causa de sua organização entrelaçada, formam uma espécie de trama tridimensional, que confere ao tecido resistência às trações que são exercidas em qualquer sentido. É bastante vascularizado e pode ser encontrado, por exemplo, na derme. • Tecido conjuntivo denso modelado Diferente do tipo anterior, os feixes de fibras colágenas desse tecido são arranjadas em orientação fixa e paralelas, e alinhadas aos fibroblastos e às células que as produzem, o que confere ao tecido mais resistência e elasticidade, quando comparado ao denso não modelado. Em geral, são organizadas dessa forma devido à resposta à tração exercida em determinado sentido, com o objetivo de fornecer o máximo de resistência às possíveis forças exercidas nesse tecido. Pode ser encontrado, por exemplo, nos ligamentos e tendões. E por não apresentarem vasos sanguíneos, a nutrição e oxigenação são realizadas por meio de difusão do tecido conjuntivo propriamente dito denso não modelado. Tecido conjuntivo elástico Esse tecido é formado por fibras elásticas grossas arranjadas em feixes paralelos. O espaço contido entre essas fibras é preenchido por fibroblastos e fibras colágenas. Como o próprio nome sugere, apresenta grande elasticidade e sua cor é tipicamente amarelada. Isso ocorre devido à abundância de fibras elásticas. Esse tipo de tecido não é muito encontrado no corpo humano, mas pode ser observado, por exemplo, no ligamento amarelo da coluna vertebral. Tecido conjuntivo reticular O principal constituinte são as fibras reticulares, sendo associadas às células reticulares (consideradas fibroblastos especializados), o que confere facilidade na formação de arcabouços capazes de promover sustentação às células livres. São encontrados em órgãos linfoides e em órgãos formadores de células sanguíneas. Tecido conjuntivo mucoso Esse tecido apresenta MEC predominante, com presença acentuada especialmente de ácido hialurônico, mas com pouca quantidade de fibras colágenas, elásticas e reticulares, por isso possui consistência gelatinosa. É considerado o tecido essencial para a formação do cordão umbilical, sendo conhecido por gelatina de Wharton. Pode ser encontrado também na polpa dental jovem. Tecido adiposo Esse é um tipo especializado de tecido conjuntivo, localizado principalmente sob a pele (quando se encontra nesse local é chamada também de hipoderme), embora também possa ser encontrado em camadas de revestimentos em órgãos como coração e rins. Pode corresponder, em pessoas com massa corporal normal, de 20 a 25% da massa corporal da mulher e de 15 a 20%, no homem. Funções 1. Atua como reserva energética, uma vez que é especializado em armazenar gordura; 2. É Isolante térmico, evitando a perda de calor; 3. Auxilia a manter os órgãos em sua posição normal; 4. Protege contra choques mecânicos, em especial quando se apresenta sob a forma de coxins. O tecido adiposo que se
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