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C IP -B rasil. C ata logagào-n a Fonte C àm ara Brasileira d o L ivro, SP B492d B ijo u , S idney W illiam , 1908- O d esen vo lv im en to da crianga : urna anàlise com - portam ental / S idney W . B ijou , D onald M . Baer ; tra d u c o de R achel R. K erbauy 1980. Sào P au lo : E P U , B ib liografia . 1. C riangas - D esen v o lv im en to 2 . P sico log ia infantil I. Baer, D on a ld M erle, 1931^ II. T itu lo . 80-0326 C D D -155 .4 Indices para ca tà lo g o sistem àtico : 1. C o m p o rta m en to in fa n til : P s ico lo g ia 155 .4 2 . C riangas : D esen v o lv im en to : P s ic o lo g ia in fan til 155.4 3. D esen v o lv im en to da crianga : P s ic o lo g ia in fan til 155.4 4 . P sico lo g ia in fan til 155 .4 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Sidney W. Bijou Donald M. Baer O desenvoMmentc da crìanca Urna anali secomportamental Traduco de Rachel R. Kerbauy Editora Pedagògica e Universitaria Ltda. Sào Paulo INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Titillo da edigào originai: Behavior Analysis o f Child Development Originai English language edition published by © Prentice-Hall Ine., 1978. All Rights Reserved. Código 6032 © E .P .U . - E ditora P ed agògica e U niversitaria L tda., Sàio P aulo, 1980. Todos o's.direitos reservados. Interdito quaiquer tipo de reprodugào, m esm o de partes deste livro, sem a per- m issào, por escrito , dos ed itores. A o s infratores se aplicam as sangòes previstas em Lei (ar- tigos 122-130 da Lei 5 .988 , de 14 de dezem bro de 1973). E .P .U . - Praga D om José G aspar, 106 - 3 ° andar - caixa postai 7509 - 01.000 S3o Paulo, B rasil. Tel. (011)259-9222 Im presso Brasil Printed in Brasil — > % * é INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Aos milhares de psicólogos experimentais que tornaram possivel este livro INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Conteùdo Apresenta^ào .. Prefàcio.......... .............1 1. In tro d u c o ........................................................................ Teoria...................................................................................................... j Desenvolvimento psico lòg ico ....................................................................... Ciencia naturai...................................................................................... 2. O contexto da teoria do desenvolvimento............................................9 Natureza da Psicologia comportamental contemporànea....................9 A interdependència da Psicologia comportamental, Biologia animai e A ntropologia c u l tu r a l ............: .................................................. 12 Resumo.................................................................................................. ^ 3. A manca, o ambiente e sua intera^ào continua.................................. 17 Acrian?a................................................................................................ 17 O ambiente............................................................................................20 Intera^òes reciprocas e continuas entre a crianga e seu ambiente 27 Divisào do desenvolvimento em estàgios...........................................28 Resumo..................................................................................................31 4. Interacòes respondentes...................................................................... 34 O desenvolvimento de novas fun^óes de estimulo pela co rre la lo do comportamento correspondente com estimulos antecedentes neutros..................................................................................................35 A elim inalo de reagòes condicionadas respondentes.......................37 Generalizagào e discrim inalo de interagòes respondentes............ 39 Intera^òes operantes: conseqùéncias do compor ento e estimulo..............................................................................................42 Classificagào funcional dos estimulos nas interagòes operantes__43 Fortalecimento e enfraquecimento de intera^Òes operantes.......... 46 O enfraquecimento de intera^òes operantes por conseqiièncias de estimulos neutros................................................................................53 Modelagem............................................................................................. INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! 6. O papel do tempo e nùmero de contatos na aquisicào de interacòes operantes.............: ...........................................................64 A relacào entre o comportamento operante e o tempo de seu reforca m en to ........................................................................................64 Deve haver urna relacào causai entre um operante e seu reforcador.............................................................................................66 As relacòes entre a forca do comportamento operante e o nùmero de contatos............................................................................................67 7. Manutencào das interacòes operantes pelos sistemas de reforcam ento........................................................................................70 Reforcamento co n tin u o ..................................................................... 70 Reforcamento intermitente................................................................. 71 Resum o.................................................................................................. 77 8. Discriminacào e generalizacào........................................................... 78 D iscrim inacào......................................................................................78 Generalizacào.................................................................................. 82 9. Reforcadores adquiridos, estimulos mùltiplos e funcòes da resp o sta ................................................................................................. 88 Funcòes do reforcador adquirido................................................. :. 88 O conceito de reforcadores generalizados.........................................91 Diferenca entre a funcào de reforcador adquirido e a funcào de eliciador ad q u irid o ..............................................................................92 Sumàrio das interacòes operan tes.....................................................92 IT ! emocionantes e a fe tiv as ..................................................................... 94 Conflito: funcòes de estimulo e resposta incompativeis......... 97 Tomada de d ec isào ..............................................................................99 Interacòes emocionais........................................................................ 101 Interacòes afetivas.............................................................................. 106 11. Interacòes complexas: auto-manipulacào, condicionamento ontogènico, resolucào de problemas, pensamento e criatividade. 108 Auto-manipulacào (autocontrole)................................................. 108 Condiconamento ontogènico (biofeedback)............................... 113 Resolucào de problemas e pensamento c h a d o r ............................. 114 C riatividade...................... 120 12. Sumàrio................................................................................................. 123 indice ..................................................................................................... 127 X Apresentação A contribuicào de Sidney Bijou e Donald Baer, com a primeira publi- cacào de seu livro “Desenvolvimento da Crianqa” em 1961, na àrea de Psicologia do Desenvolvimento, foi grande fQra do Brasil. A propostateòrica e a metodologia dos autores incentivou pesquisas, especialmente com criancas, e representou urna aplicacào do behaviorismo até em si- tuacòes clinicas e natufais. Dizer dos caminhos percorridos por Bijou em sua formacào parece- nos urna maneira de mostrar a categoria deste livro sobre Psicologia do Desenvolvimento, tardiamente traduzido para o portuguès. Esses cami- ■f nhos e a influència do livro sobre alguns psicólogos, que vèm se desta- cando por suas contribuicòes (Jay Birnbrauer, Montrose Wolf, Todd Risley, entre outros) demonstram a importància da linha teòrica, meto dològica e filosòfica de Bijou. A sua postura é fruto de busca incessante, da reflexào a partir de dados obtidos em cada um de seus trabalhos. Sidney Bijou sofreu inùmeras influèncias de psicólogos famosos, co- > mo Henry Garret, que orientou seu mestrado sobre um teste de desempe- nho para criancas retardadas. Nào satisfeito corno ecletismo do trabalho em Psicologia, na Universidade de Colùmbia, transferiu-se para a Uni- versidade de Yowa em busca de Kurt Lewin para orientar seu doutorado. Nào encontrando Lewin na Universidade, mas em um instituto isolado, foi orientado por Kenneth Spence, embora tenha feito dois cursos de pps-graduacào sobre desenvolvimento da personalidade com Lewin. No entanto, Bijou intrigava-se cada vez mais com as teorias da aprendiza- gem, terminando por fazer sua tese de doutorado sobre neurose em ra- tos. Nessa època, Spence organizou seminàrios para analisar o manuscri- to do livro Prindpios de Aprendizagem de Ciarde HuFl, prestes a ser lan- Cado. Bijou, quando deixou a Universidade corno doutor, era um beha- viorista de orientacào.Hull-Spence. A experiència clinica de Bijou, de alguém treinado corno experimenta- dor, aumentou com seu trabalho no exército e na aeronàutica durante a guerra, especialmente nos Centros de Reabilitacào. Depois da guerra, voltou ao seu trabalho de psicòlogo e pesquisador na escola. Trabalhou posteriormente com Skinner, Chairman na Universidade de Indiana, continuando com a concepcào teòrica de Spence-Hull. O lugar de Bijou nessa Universidade foi obtido porque procurava-se um psicólo- XI INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! go clinico com o rie n ta lo experimental, nào tendo Bijou sofrido nenhu- ma pressào de seu Chairman no sentido de m u d a la de p o s ilo teòrica. Posteriormente, comò diretor do Instituto de Desenvolvimento da Crianfa, em outra Universidade, comegou a questionar a maneira corno trabalhava, a falta de controle na apresentagào dos estimulos que pernii l a somente a co rre la lo de respostas, nos experimentos com criancas. . Passou a duvidar também da exeqiiibilidade e generalidade da teoria de Hull. Iniciou sua busca de urna metodologia mais precisa. Encontrou nas propostas teóricas e metodológicas de Skinner essa resposta, indo inclu sive estudar com Skinner em Harvard. A abordagem de Kantor, gestaltista-behaviorista, supriria as outras indagagòes sobre filosofia da ciència. Donald Baer, co-autor, que trabalhou durante algum tempo com Bi jou, após seu doutorado, corno professor assistente em Psicologia da Crianca, também vinha de urna fo rm a lo inicial de pesquisas com ani- mais. Também tinha corno interesse trabalhar com sujeitos humanos. O rigor teòrico e metodològico que se encontra em toda sua obra e a clareza com que expòe suas idéias contribuiram para o desenvolvimento da mo d ifica lo de comportamento e a fo rm a lo de inùmeros pesquisadores- psicológicos, influenciando enormemente a anàlise experimental do com portamento bàsica e aplicada. Os autores Bijou/Baer, com o amadurecimento de seu traballio, clara- mente expresso nessa nova edi^ào revista e atualizada, estào bastante à vontade para incluir tópicos de Psicologia atual, propondo sempre que se pense e analise os eventos corno eles ocorrem em s itu a lo naturai. Os au tores parecem, a todo momento, propor que, da mesma maneira que nào se pode separar urna pessoa da sociedade, também, nào se pode separà-Ia de seu ambiente. A Psicologia, pela proposta dos autores, parece se enca- minhar para urna abordagem mais sofisticada do que a simples anàlise de urna resposta a um estimulo. Propòe-se à anàlise das condifòes estabele- cedoras que mudam os eventos antecedentes, os comportamentos e, tam bém, as conseqliéncias. A anàlise funcional desses fatores é a maneira proposta pelos autores para a compi'eensào do prpcesso de desenvolvi mento. A av a lla lo , a medida objetiva de fenómenos observàveis é outra proposta correlata. Com essas propostas, os autores estào, durante todo o livrp e o traba llio de suas vidas, comprometidos com a ciéncia bem feita, embora sai- barn que, na pràtica, a con tribu ito possa estar aquém do que a socieda de necessita, naquele momento preciso. Mas, para fazer ciéncia, parece que nào hà outro caminho a seguir. Rachel R. Kerbauy XII Prefacio Este livro é a revisào de urna obra publicada em 1961 sobre urna teoria empirica e sistemàtica do desenvolvimento psicològico humano, conside- rada do ponto de vista da ciència naturai. Esses termos estào definidos na In troduco do texto. Para o leitor que considera a abordagem da cièn cia naturai corno o mètodo bàsico do conhecimento, està teoria serà sim- plesmente urna extensào daquela abordagem para a anàlise do que popu- Iarmente se denomina “ Psicologia infantil” . Para o leitor que lem urna visào diferente da teoria, este traballio pode oferecer um exemplo de ex- plicapào alternativa. E ao leitor que nào tem nenhuma visào particular sobre o problema metodològico daquilo que constitui urna exposicào cientifica, este volume proverà de urna bagagem de conceitos e principios ùteis na descrivo e organiza?ào do comportamento infantil e seu desen volvimento. Acrescentariamos que este sistema de conceitos oferece tam bém um grau significativo de explanagào. Este volume foi esento para o aluno que estuda o comportamento e seu desenvolvimento e tem pouca ou nenhuma base em Psicologia. Con- seqiientemente, incluimos apenas os termos e principios mais bàsicos. Foram ampiamente omitidos aqueles detalhes ou mecanismos compor- tamentais que geram muita polèmica entre os teóricos. As descricòes das mudangas de comportamento, comuns a todos os argumentos deles, fo ram consideradas e apresentadas em termos simples, claros e completos. Os exemplos ilustrativos de cada conceito sào apresentados para elucidar e generalizar seu significado, nào para documentar sua validade. Realmente, pouco estorco se faz para documentar tais principios. As referèncias ocasionais a pesquisas tém propósitos explicativos. Està deci- sào baseia-se nas seguintes considera^Òes. Primeiro, urna tentativa para validar esses conceitos seria contrària ao objetivo de apresentar urna ex- posicào facilmente legivel da teoria. A apresentagào se tornaria demasia- do longa, detalhada e tècnica. Segundo, os dados sobre os quais urpa teo ria corno està é elaborada estào bem resumidos em vàrios textos escritos com tal finalidade. Alguns deles aparecem anotados em nossas listas de referèncias. A revisào é basicamente semelhante à versao originai. Entretanto, devem-se observar as seguintes mudan^as teóricas: 1) o conceito de que o comportamento é urna funfào de estimulos presentes e passados foi subs- è XIII INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! tituido pelo conceito de que urna m o d ifica lo em qualquer componente de urna seqilencia de intera^Òes afeta todos os componentes daquela ins- trugào, isto é, a ènfase està nas intera^òes interdepeadentes; 2) a emonio corno padrào de reagào operante e respondente foi substituida pelo con ceito de Kantor sobre a c e s s a lo momentànea do comportamento ope rante; 3) o comportamento afetivo é analisado corno intera^òes encadea- das pela estimulacào interna. Como na primeira edigào, a exposigào se desenvolvepartindo dos pro- cessos simples para os complexos, mas as relagòes sào mais explicitas. Além disso foram inclindos processos complexos, nào mencionados an teriormente, tais corno tomada de decisòes, solugào de problemas, pen samento e biofeedback. Finalmente, em todo o texto ha referèncias mais freqiientes a aplicagoes pràticas. A publicacào do volume originai em 1961 foi seguida por très livros re- lacionados. O primeiro, que apareceu em 1965, aplicava a teoria ao de- senvolvimento infantil (estàgio fundamental); o segundo, urna colepo de leituras que apareceu também em 1965, apresentava exemplos de pes- quisas bàsicas e aplicadas, e o terceiro, publicado em 1976, aplicava a teoria ao desenvolvimento da primeira infància (estàgio bàsico). Sem dù- vida, a preparalo destas publicacòes nos ajudou a reavaliar o conteùdo e a forma de nossa primeira obra. Essencialmente, a teoria aqui apresentada traz consigo as contribui- Còes de muitos psicólogos. Como antes, devemos muito a B. F. Skinner, J. R. Kantor, F. S. Keller e W. N. Schoenfeld. Esperamos que està apli- cacào de seus trabalhos de maior impulso à anàlise objetiva do compor tamento humano. Desejamos agradecer a nossos alunos e colegas por seus valiosos co- mentàrios e criticas sobre a primeira versào do livro. Dentre os colegas, queremos destacar particularmente Jay Birnbrauer, Howard C. Gilhou- sen, Wendell E. Jeffrey, Lewis P. Lipsitt, Kenneth MacCorquodale e 0 . Ivar Lovaas. Desejamos ainda agradecer a nossos alunos e colegas pelas sugestòes e notas sobre a revisào. Entre eles incluem-se Roger K. Buf- ford, Wayne R. Carroll, Kenneth MacCorquodale, Edward K. Morris e Joseph A. Parsons. S.W.B. D.M.B. XIV 1. Introdução » Apresentamos aqui urna anàlise do desenvolvim ento infantil, do p on to de vista da ciéncia naturai. Em termos mais gerais, è urna anàlise do de senvolvimento psicològico do ser hum ano. N ossa apresentacào vem na forma de urna teoria, cuja explicacào se iniciarà pelo esclarecim ento do significado do termo teoria e de dois termos-chaves: desenvolvim ento psicològico e ciéncia naturai. Teoria A primeira d e f in ito de teoria encontrada no The Random H ouse D ie- tionary o f thè Language é: “ Um grupo coerente de propósicòes gerais usadas corno principios para explicacào de urna sèrie de fenòm en os” . D e acordo com o significado do termo, a teoria do desenvolvim ento p sico lò gico è um conjunto de proposicòes gerais (definigòes de term os e princi pios de relagòes entre os termos), mostrando as relacòes com portam ento- ambiente que sintetizam as interacòes especificas que observam os na crianca. Assim, urna exposigào teòrica nào é simplesmente a dem onstra- £ào de alguma interacào particular, tal corno a maneira corno com e urna crianca chamada Betty. É, pelo contràrio, urna d is s e r ta lo sobre muitas interacòes particulares, estreitamente ligadas, de form a que exemplificam um principio geral de desenvolvim ento. Por exem plo, po- demos explicar por que razào, em geral, criancas com em com collier. A màe constantemente alimenta seu filho com urna collier, e assim urna co llier sempre està presente às horas de refeicào e é usada para pegar o ali mento. As criangas tèm forte tendència a pegar coisas e pó-las na boca. Quando essas coisas sào colheres e tèm com ida, ocasides sem elhantes produzem, com maior probabilidade, o mesmo com portam ento de levar coisas à boca. Aqui estamos fazendo urna exposicào de principios, que (1) mostra a semelhanga essencial da situacào alimentar de m uitos bebès, (2) introduz um principio de comportamento com o alim ento corno esti- mulo, seguido por urna resposta, e (3) explica em termos históricos por que criancinhas nesta sociedq.de geralmente comem com collier. • # Desenvolvimento psicològico Hà varias maneiras de definir o desenvolvimento psicològico . Em al- guns casos, designados corno normativos, tal desenvolvim ento é conside- 1 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! rado corno urna caracteristica, se puder ser relacionado à idade de manei- ra ordenada e regular. Em outros, o desenvolvimento refere-se simples- mente à seqUència de transformagòes na vida desde a concepgào até a morte. E ainda, em outros casos, o desenvolvimento é considerado corno sendo caracterizado por um principio descritivo abrangente, tal corno: é transformagào que vem de um estado de relativa globalizagào para um estado de crescente diferenciagào, articulagào e integrafo hieràrquica. Acreditamos que muitas definigòes ou sào incompletas ou envolvem ter mos que desafiam as definigòes empiricas. Por desenvolvimento psicològico queremos significar transformagòes progressivas nas interagòes entre o comportamento dos individuos e os acontecimentos do seu ambiente. A ènfase aqui està nas modificagòes das interagòes. Està formulagào nos leva a esperar que urna dada respos ta pode ocorrer ou nào, dependendo do ambiente. Se a resposta ocorrer, geralmente transformarà, para o individuo, as propriedades de estimulo do ambiente. Essa mudanga no estimulo ambientai pode entào propor- cionar a ocasiào para outra resposta, a qual provavelmente efetuarà fu- turas mudangas no ambiente, e assim por diante. Por exemplo, um ho- mem està dirigindo seu carro em dia nublado. De sùbito, o sol irrompe através das nuvens — urna mudanga no estimulo ambientai. A luz ofus- cante faz o homem piscar, urna resposta que reduz a claridade. Piscar re- quer muito estorco para sentir-se bem, e estreita o campo de visào do motorista. Estas duas mudangas na estimulagào, produzidas pelas res- postas — o estorco de fechar parcialmente os olhos e a restrigào da visi- bilidade — levam-no a subseqiientes respostas: procurar seus óculos no porta-luvas e usà-los. Este exemplo demonstra que os individuos interagem com o ambiente de maneira continua e infinita. Em outras palavras, o comportamento afeta o ambiente e o ambiente afeta o comportamento. Entretanto, o as sunto principal desta discussilo é o desenvolvimento psicològico, as transformagòes progressivas nas interagòes comportamento-ambiente que ocorrem com a passagem dos anos, desde a concepgào até a morte. Nosso interesse està nas mudangas que tèm lugar ao longo dos periodos de dias, meses e anos. Tomemos corno exemplo o comportamento do co rner. Corner é urna seqUència bem definida e dare de respostas e intera gòes de estimulos. Para os bebés, essa interagào envolve o estimulo de ver e sentir o peito, e as mudangas internas relacionadas com o tempo decor- rido desde a ùltima refeigào. Suponhamos que desde a ùltima refeigào da crianga tenham decorrido quatro horas. Quando a màe se prepara para amamentar o bebé, a vista do peito ou o sentir do bico na face do bebé produz o comportamento: sugar. Sugando, eie obtém o alimento. Assim, o resultado desse novo estado de coisas (saciagào) é diminuir o sugar, o que dà origem a outras respostas, tais corno olhar ao redor, sorrir, sus surrar, dormir, etc. Mas, pare a crianga, corner é, em muitos casos, urna 2 interagào diferente. Novamente, o tempo da ùltima refeigào é urna im portante cond ilo de estimulo, mas agora a vista e o sentir do peito ma terno corno estimulos de corner foram substituidos pela visào, pelo sen tir, pelo cheiro de coisas corno presunto, cereais, doces, leite, suco, pra- tos, dolheres, xicaras, etc. A resposta nào é mais sugar; é, ao invés disso, urna sèrie de respostas, alcangar, agarrar e levar à boca, todas despertan- do estimulo nas gengivas e lingua, o que dà origem a mastigar e engolir, substituindo o sugar. O resultado final é ainda o mesmo: mudanga de urna s itu a lo sem comida para urna com grande porgào de comida. En tretanto, essas modificagòes sào geralmente seguidas por comportamen- tos bem diferentes daqueles observados no bebé, notadamente os com- portamentos mais complexos de olhar ao redor e sussurrar, talvez o cho- rar para ser retiradoda mesa de bebé, e urna pequena probabilidade de deitar-se para dormir. Da mesma forma, as criangas apresentam sinais de irritabilidade e fa- diga e sào postas na cama pelos pais; criangas mais crescidas, cansadas ou nào, satisfazem os desejos dos pais e vào sozinhas para a cama, e os adultos responsàveis por si seguem seus próprios sinais interiores de fadi- ga e os esquemas de trabalho ou tolga que sabem existir no dia seguinte, escolhendo, de acordo com isso, a hora de dormir. Igualmente, um bebé reage com choro à perda de um objeto importan te; criangas maiores procuram casualmente e pedem auxilio dos pais; os adultos procuram sistemàtica e inteligentemente nos lugares que a expe- riència lhes diz serem os mais provàveis. Obviamente, entào, a agào de corner do bebé é urna espécie de intera gào reciproca, mas a da crianga maior é outra; a horà de dormir é urna interagào para os bebés, outra diferente para as criangas maiores, e ainda outra pare os adultos; perda é urna espécie de interagào para o bebé, bem outra para a crianga maior, e ainda outra diferente para o adulto. As mu- dangas nas interagòes é que sào de interesse primàrio aqui. Como elas aparecem? Nossas respostas à questào e a todas as outras relacionadas com mudangas entre comportamento e ambiente, com idade, maturidade e história mais longa das interagòes, comporào o conteùdo deste volume. Em geral as respostas envolverào transformagòes no ambiente, transfor- magòes no comportamento e as relagòes entre elas. A mais simples constatagào da mudanga comportamental progressiva é que està vem com a idade — que o crescimento produz novas habilida- des. Isto é realmente verdade, mas é só o comego de urna anàlise adequa- da de quanto a mudanga do comportamento é urna interagào entre indi viduo e meio (Baer, 1970). Pois, corno a idade produz o crescimento, e o crescimento produz novas habilidades, o meio reage. A habilidade de an dar, por exemplo, liberta as màos e ao mesmo tempo deixa ao akance da crianga, pela primeira vez, a parte do universo que està a 60 cm do chào. E hà muitos outros estimulos desafiadores nessa parte do mundo a firn INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! de favorecer a crian^a no uso das novas habilidades surgidas. É corno se o meio encorajasse o andar. À medida que tais habilidades florescem sob esses desafios, as atividades da crian^a adquirem nova significalo para os pais que agora devem defender suas posses contra a curiosidade e a ex- plora^ào infantil (freqùentemente dispendiosa), e que geralmente sào le- vados a providenciar novos objetos para substituir os mais caros que os filhos querem pegar — objetos mais baratos, naturalmente, porém mais apropriados à crian^a. Além disso, senio levados agora, pois nào o fo- ram antes, a comefar o controle social de sua crianga. A palavra “ Nào55 serà ouvida, às vezes com gestos para dar-lhe forca. Ao emergirem ou- tras capacidades na crianca (ou, mais acertadamente, à medida que ou: tras capacidades sào formadas e extraidas das habilidades que surgem das formacòes biológicas), as reacoes dos pais e de outras pessoas para com a crianca continuarào a mudar: serà desenvolvida nova atitude para com a capacidade da crianca, oferecendo-lhe triciclos, equipamento de beisebol, bonecas e acessórios, bichos, etc. (frequentemente cedo de mais, o que é também provocativo em si). Deseftvolver-se-à nova com- preensào da crianca, a quem serào apresentadas explicacòes e respostas mais longas e precisas. Novas imposicòes de responsabilidade serào con- sideradas razoàveis, e recompensas e castigos serào aplicados ao acertar ou ao falhar nessas responsabilidades. Em urna das primeiras interacòes, quando as criangas, em nossa cultura, tèm capacidade suficiente para responder (sào bem capazes de andar e correr, estào bem treinadas em utilizar as instalacòes sanitàrias, tém bom vocabulàrio, sào razoavelmen- te acessiveis a pessoas estranhas, etc.), nós mudamos drasticamente seu ambiente social, matriculando-as na escola. Aqui, muitas das antigas in- teracòes sào modificadas e muitas outras novas sào desenvolvidas. Em tudo isso, o interesse bàsico a considerar é a compreensào de todas as in- teracòes entre o comportamento humano e o ambiente. Ciència naturai “Ciència naturar5, o segundo termo-chave de nossa exposicào, està estritamente ligado ao significado de “ teoria55 usado aqui. O objetivo da ciència naturai è o estudo de qualquer fenòmeno naturai, ordenado e re galar, mediante certos métodos. Estes métodos caracterizam os cientistas e os distinguem de outros que também procuram o saber sobre os mes- mos fenómenos mas usam métodos diferentes. Um filòsofo, por exem- plo, pode refletir sobre proposicòes que parecem fundamentais e inques- tionàveis e assim deduz dessas premissas certas conclusóes sobre proble- mas particulares. Um artista pode expressar reacòes implicitas em pala- vras, pintura, escultura ou mùsica, corno verdade artistica (pelo menos para o artista). Mas os cientistas (corno definidos aqui) se limitam a estu- dar o quepodem observar a olho nu ou com instrumentos. Seu procedi mento geral consiste em manipular de maneira concreta as condifòes que 4 julgam importantes para seus problemas, e entào observar que mudanfas se registram no resultado. Eles relacionam essas mudancas às suas mani- pula^òes das condi^òes, corno dependèncias ordenadas: a velocidade de um corpo que cai depende do tempo decorrido desde quando foi jogado; o volume de um gàs depende da temperatura e da pressào exercida por seu recipiente; a medida do pulso depende da respiralo; a habilidade com que as criancas podem corner com urna colher depende do nùmero de vezes em que antes usaram colher para pegar o alimento. Em alguns ramos da ciència naturai, corno astronomia ou fisica suba- tómica, o assunto considerado nào é diretamente manipulàvel. O pesqui- sador deve necessariamente postular inferèncias ou levantar hipóteses so bre as relacòes funcionais e fazer prognósticos baseados nelas. A exati- dào dos prognósticos testa a solidez das inferèncias. Por causa do suces- so em cièncias fisicas, tal procedimento, frequentemente chamado de mètodo dedutivo hipotético, conquistou enorme prestigio e levou muitos psicólogos a proclamà-lo o mètodo cientifico. Na pràtica moderna, os cientistas seguem às vezes o mètodo hipotético-dedutivo, às vezes o mè todo indutivo, e às vezes a com binalo de ambos, dependendo da sofisti- cacào da ciència e do problema a investigar. Quando a ciència è nova e o assunto è observàvel e diretamente manipulàvel, corno em Psicologia, o mètodo indutivo è particularmente apropriado. Os cientistas às vezes colhem informacòes de um grupo de exemplos, e às vezes de exemplos individuais, dependendo da espécie de inform alo que procuram (Sidman, 1960). Métodos que fornecem dados sobre gru- pos de objetos, individuos ou acontecimentos sào particularmente ùteis quando a questào solicita inform alo (1) de levantamento, tal corno: “Quantas criancas anormais, em idade pré-escolar, existem na Califór- nia, ao norte de S. Francisco?55; (2) sobre urna correlalo, tal corno: “ Qual a relacào entre o status sòcio-econòmico de pais jovens e seu grau de educalo?55; (3) sobre as relacòes funcionais entre as médias, tal co rno: “ É a pràtica distribuida mais produtiva na rotina da aprendizagem do que a pràtica macina?55; ou (4) confirma ou reprova urna hipótese so bre conceitos hipotéticos, tal corno: “ A lògica se transforma com o trei- no?55. Por outro lado, os métodos que resultam em informacòes sobre exemplos individuais sào particularmente ùteis quando queremos saber sobre as relacòes funcionais entre as circunstàncias e o comportamento de um individuo, tal corno: “ É a freqiiència do comportamento autodes- trutivo de urna crianca psicòtica influenciada pelo grau das exigèncias so- ciais impostas?55. O ponto essencial è que, independente do objetivode sua pesquisa, os cientistas naturais lidam com fatos observàveis. Por isso, costumam di- zer que crian^as maiores desenvolvem hàbeis técnicas de corner bem com colher por causa dos sucessos anteriores em pegar comida dessa maneira, 5 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! \ afirmagào bascada em acontccimentos observàveis num segmento da his- tória das intcragòcs de qualquer crianga. Em geral, um fenòmeno paten- • temente observado é que o comportamento que produz alimento tende a se tornar mais forte. Dizer que as criangas aprendem a corner com co llier por causa de urna cxigència interior de crescer, ou porque querem s e r . conio os adultos, é apelar para algo nào-observàvel (urna “ exigència” , urna “ necessidade” ). Se a Psicologia quer desfrutar os beneficios do mè todo cientifico, tais proposigòes sào importantes. Nossa abordagem do estudo do desenvolvimento é um dos très ou qua- tro enfoques da Psicologia contemporànea*. Deliberadamente, fizemos urna escolha ao selecionar urna abordagem que se baseia em urna concep i to da ciència naturai e nào urna outrà^ que admite afirmagòes sobre fe- nómenos hipotéticos nào-observàveis. Mas destacamos as vantagens: (1) relativa simplicidade, (2) a freqUència de resultados positivos, (3) a liber- tagào das confusòes lógicas que, em ùltima instància, sào ilusórias. O uso da teoria entrosa-se com a concepito de ciència naturai porque nossos principios teóricos sào proposigòes generalizadas sobre interagóes observàveis entre o melo e o comportamento. É necessàrio esclarecer co rno se generalizam afirmagòes desta espécie, porque isso é importante na exposigào do desenvolvimento da crianga, que vira a seguir. Como ilustragào, consideremos um principio indutivo que aparecerà repetidamente em qualquer anàlise do desenvolvimento da crianga: a re- gra do reforgamento para fortalecer urna relagào de estimulo-resposta. Podemos ilustrar estaregra com um rato de laboratòrio encerrado numa gaiola pequena, especialmente construida. O animai ficou sem alimento durante 24 horas. A gaiola é um simples espago, contendo somente urna barra colocada num dos lados, a urna altura fàcil de ser achada pelo rato, e um depòsito de onde pelotas de alimento podem ser liberadas a qual quer hora. Como em hipótese arbitrària, supomos um interesse pela bar ra, no comportamento do animai. A construgào da barra è de tal forma que està, se pressionada, se moverà urna fragào de centimetro para bai- xo, mas do contràrio permanecerà imóvel. No processo do que parece ex- ploragào, o animai provavelmente impelirà essa barra para baixo, talvez très vezes por hora, em mèdia. Se arranjarmos o mecanismo controlando a abertura, de modo que a cada pressào a barra produza urna pelota de comida proveniente do reservatório, a agào de pressionar a barra se tor- narà rapidamente mais frequente, regular e eficiente. O comportamento do animai, de pressionar a barra, està agora numa interagào com o meio aparentemente'forte; tornou-se parte do processo de alimentagào e, en- quanto durarem os efeitos das 24 horas de privagào de alimento, està no va forma de alimentar-se continuarà (especialmente na ausència de urna * Alguns psicólogos, corno Roger Brown, dizem que a Psicologia é o estudo da mente, outros, corno Freud, que é o estudo da mente corno se revela no comportamento. 6 alternativa mais fàcil). O comportamento de pressionar a barra serà con- siderado corno tendo sido fortalecido nesta situagào, isto è, eie ocorre agora muito mais frequentemente do que antes, por causa desta história. Podemos resumir essas observagòes numa p ro p o s ito geral: nosso ani mai pode ser ensinado a pressionar a barra pelo reforgamento do alimen to. A afirmagào implica o seguirne: poderiamos ter feito a mesma coisa com este animai, em qualquer ocasiào, o que se torna urna pequena indu- gào. De fato, nào sabemos se poderiamos ter feito a mesma coisa a qual quer hora; sabemos apenas que foi bem-sucedida està vez. Mas supomos pela experiència passada que os ratos sào quase sempre os mesmos ao longo de quase toda a sua vida, eliminando os fenòmenos especiais da tenra infància e de senilidade (quando sào também suscetiveis ao refor- go, mas talvez somente mediante técnicas especializadas). Realmente, di zer que ‘‘ratos sào quase os mesmos” sugere urna indugào um tanto mais extensiva do que a apresentada acima, a saber: Ratos podem ser ensina- dos a pressionar a barra pelo reforgamento com alimento. Vàrios milhares de experiéncias, basicamente iguais à descrita, permi- tiram indugòes semelhantes sobre urna grande variedade de espécies, in- cluindo a espécie humana; e sobre a pressào à barra e inùmeras outras respostas, incluindo a linguagem; e com urna diversidade de reforgos des- de necessidades biológicas de vida, tal corno alimento e àgua, até fatos culturalmente definidos, tais corno aprovagào e prestigio, e fatos estéti- cos, tais corno mùsica e arte. Urna simples compàragào destes fatos seria: al guns seres vivos podem aprender algumas respostas mediante algumas espécies de reforgos. Urna indugào simples de alguns fatos pode ser: Pode-se ensinar aos seres vivos muitas respostas pelo reforgo. Urna indu gào ousada è està: Pode-se ensinar qualquer resposta a qualquer ser vivo pelo reforgo; e sabemos que è incorreto dizer “ qualquer resposta” . As excegòes sào discutidas corno um caso geral noCapitulo 4, e as maneiras de contornar estas excegòes sào discutidas noCapitulo 11,corno caso de autocontrole, condicionamento ontogènico e solugào de problemas. As- sim devemos retornar a urna indugào menos ousada: a muitos seres po dem ser ensinadas muitas respostas pelo reforgamento e seu corolàrio pràtico, tentar resolver problemas de comportamento reforgando seus componentes desejàveis. Aqui temos a situagào atual da regra do refor gamento. É o sumàrio de muitos fatos bem provados e è também urna in dugào que os ultrapassa para sugerir que a uniformidade com que tais fa tos se apresentam corno verdadeiros sugere a firme conclusào de que ge- ralmente (nào universalmente) sào verdadeiros. Nisso a indugào vai além dos fatos provados, é urna hipótese de teoria; nisso eia vai além do fato somente para sugerir que urna generalidade observàvel é provavelmente mais geral do que os casos observados até o momento; é empiricamente baseada e é urna caracteristica do mètodo de urna ciència naturai. A ùltima avaliagào de tal mètodo, baseado tanto quanto possivel em 7 é INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! indugòes desse tipo, dependerà de sua utilidade para o desenvolvimento psicològico do ser humano. Referéncias bibliogràficas Baer, D.M., An age-irrelevant concept of development, Merril-Palmer Quarterly o f Be- havior and Development, 1970, 76, 238-245. 8 2. 0 contexto da teoria do desenvolvimento Urna teoria do desenvolvimento psicològico humano implica urna des c r iv o dos termos (conceitos) e afirma?<tes sobre as relacòes entre esses termos (principios). Coerentes com o nosso objetivo de abordar o tema sob o aspecto da ciència naturai, nossos termos estarào limitados às ins- tàncias observàveis e registràveis das respostas da crianga em desenvolvi mento e aos eventos especificos que compòem seu ambiente. A firn de manter està abordagem integrada com outras àreas da Psicologia e maté- rias correlatas, comegaremos com urna breve descrivo da Psicologia contemporànea — Psicologia comportamental — e indicaremos suas re- lagòes com a Psicologia animai, por um lado, e com antropologia cultu ral, por outro. Grande parte da discussào que segue nào deve ser interpretada corno urna e labo ravo da teoria descrita no capitulo 1. Nós trataremos de al- gumas das hipóteses que apóiam a teoria e seus métodos de investigavo. Um conjunto completo dos “ dados” de suporte constitui a filosofia da ciència da abordagem chamada Behaviorismo.Encontramos varia- Qòes nas hipóteses da abordagem comportamental, que recebem denomi- naV es tais corno: interbehaviorismo, behaviorismo metodològico e be haviorismo radicai. « Natureza da Psicologia comportamental contemporànea A Psicologia é urna das especializacòes da atividade cientifica geral de nossa cultura. É aquela subdivisào do trabalho cientifico que se especiali- za em analisar as interacòes de respostas dos organismos humanos e infra-humanos, com os eventos ambientais, pelo menos quando se trata da psicologia comportamental. A Psicologia se divide em: anormal, cli nica, social, educacional,industriai, comparativa, fisiològica e do desen volvimento. A Psicologia do desenvolvimento, urna das subdivisòes que interessam aqui, algumas vezes é também chamada de Psicologia genèti ca, por investigar as origens e o desenvolvimento naturai do comporta mento. (Nào se contunda Psicologia genètica com Genètica, urna parte da Biologia que estuda os principios da hereditariedade e suas variacòes, em animais e vegetais.) A Psicologia do desenvolvimento estuda os pro- 9 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! grcssos c regressòes nas interagòes entre os comportamcntos dos indivi- duos e os cvcntos do meio. Em outras palavras, està interessada nos efei- tos de interagòes passadas sobre interagòes presentes ou no estógio do desenvolvlmento de um individuo. ■ Sabemos que outras cièncias também analisam as interagòes dos orga- nismos humanos e infra-humanos corri os eventos ambientais. Mas as distinguimos do dominio da Psicologia pela maneira corno definem os très termos criticos: estimulos ambientais, comportamento e interagòes do comportamento e ambiente. Os estimulos ambientais, de especial interesse para a Psicologia com- portamental, sào os eventos observàveis fisica, quimica e biologicamente e os eventos sociais que interagem com o comportamento de um indivi duo. “ Aiguns deles podem ser encontrados na história da hereditarieda- de do individuo, incluindo o pertencer a urna dada espécie e o ambiente pessoal. Outros advém do ambiente fisico, passado e presente” (Skinner, I972a, p.260). Esses eventos podem ser medidos por escalas, réguas, re- lógios, indicadores de decibéis, medidores de iluminagào e termòmetros de temperatura. Os resultados de tais medidas descrevem os estimulos em suas dimensòes fisicas. Esses mesmos eventos podem ser medidos pelas mudangas no comportamento dos individuos, isto é, mudangas na fre- qiléncia de ocorrència, amplitude ou latència de alguma resposta. Os re sultados dessa avaliagào sào as dimensòes funcionais dos estimulos. (A diferenga entre as dimensòes fisicas e funcionais dos estimulos serào dis- cutidas posteriormente, com maiores detalhes). O comportamento que interessa particularmente aqui é a “ atividade observàvel de um organismo, corno seja: eie se move, permanece de pé, apanha objetos, puxa e empurra, emite sons, faz gestos, e assim por diante” (Skinner, 1972 a, pp. 260-261). Em outras palavras, a Psicologia concentra-se no comportamento de um individuo corno um organismo em total funcionamento. Dizer que o objeto deste ramo da ciència é o comportamento do individuo funcionando totalmente nào significa que os pesquisadores sempre tentem observar, medir e relatar todas as res- postas de um organismo que ocorrem num certo lugar e tempo. Pelo con tràrio, a história mostrou que muitas contribuigòes significativas foram feitas por trabalhos que focalizaram somente algumas medidas. Na prà tica, o nùmero de respostas observadas em urna interagào estimulo- resposta depende particularmente dos objetivos daquele estudo especifi- co. Um estudo do reflexo patelar se limitarà a urna resposta e a um tipo de estimulo antecedente (bater no tendào patelar), um estudo da resposta de aierta novamente focalizarà urna resposta complexa e seus componen- tes (aiguns ou todos podem ocorrer, dependendo da eficàcia do estimulo) e urna variedade de estimulos auditivos, visuais ou tàteis que provocam o aierta; e um estudo de resolugào de problemas por um aluno de ginàsio incluirà urna gama de respostas para estimulos igualmente amplos. As respostas e seus produtos, tais corno falar e escrever urna lingua, sào medidas, corno estimulos, por instrumentos fisicos tais corno reló- gios e escalas de decibéis. Os resultados sào as dimensòes fisicas das res postas. E, também corno estimulos, as respostas sào medidas pela manei ra corno atuam no ambiente funcionai, corno um toque na tomada pro- duz luz em urna sala escura, ou o pedido de um jornal para um jornaleiro resulta em receber um jornal na mào. Essas sào as dimensòes funcionais de urna resposta, as dimensòes que mais nos interessami e sobre as quais falaremos repetidamente neste volume. Portanto, nào causarà surpresa o fato de estimulos e respostas serem analisados na Psicologia comportamental exatamente da mesma manei ra. Ambos sào tratados corno um conjunto de condigòes nas interagòes. É preciso Iembrar que muitas interagòes sociais, isto é, as respostas de urna pessoa, servem corno estimulos para outras pessoas ou pessoa, e co rno tais esses estimulos devem ser analisados da mesma maneira que os do aspecto fisico do ambiente. Devemos também salientar que, devido à relacào mùtua entre estimulos e respostas de um sistema comportamen tal, urna definigào funcionai dos estimulos supòe urna defin ito funcio nai das respostas. Discutiremos mais a fundo a natureza dessas respostas no próximo capitulo. As interagòes entre estimulos e comportamento sào sempre urna rela- gào interdependente. O comportamento de um individuo é continuamen te modificado pela agào dos estimulos. Em nenhum momento o indivi duo fica esperando passivamente ser estimulado pelo ambiente. Essa no- gào é contrària àquela das propriedades funcionais do meio e do compor tamento do individuo. As mudangas no comportamento recebem dife- rentes denominacòes: reflexo, aprendizagem, ajustamento, m atu ra lo , desenvolvimento, habilidade e adaptagào. Os estimulos, por sua vez, sào constantemente alterados e influenciados pelo comportamento de um in dividuo ou de vàrios individuos em conjunto. Os seres humanos mudam sem cessar o ambiente, procurando aprimorar o crescimento, o desenvol vimento e a pròpria existéncia, para si mesmos e para a posteridade. Des sa maneira, as condigòes estimuladoras que constituem o meio produzem mudangas no comportamento; esses comportamentos modificados alte rarti o meio; o ambiente alterado (com outras influéncias estàveis, corno as estagòes do ano) produz outros comportamentos que novamente mo dificarti o meio, etc., resultando na construgào de culturas especificas (ambientes modificados), de um lado, e de caracteristicos desenvolvi- mentos psicológicos individuais, de outro lado. Psicologia comportamental bàsica e aplicada Descrevemos até agora a Psicologia comportamental bàsica. A ques- tào frequentemente levantada é: Qual a diferenga entre Psicologia com- 11 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! portamental bàsica e aplicada? Muito se tem esento sobre as semelhan- gas e diferengas cntre ambas, levantando-se, em muitos casos, questoes sociais e econòmicas que obscurecem essa relagào. Atualmente, nào é fà- cil discernir a diferenga entre as duas àreas. No entanto, podemos estabe- lecer as distingòes seguintes. (1) O objeto, os métodos e procedimentos de inv estig a lo , anàlise e interpretagào de dados, resguardando-se’ das intromissòes culturais, sào os mesmos (Baer, Wolf e Risley, 1968, / , 91- 97). (2) Os objetivos de investigagào sào diferentes. Na Psicologia com- portamental bàsica, o objetivo é organizar um conjunto de condigòes e verificar o que acontece ao comportamento e às outras condigòes nessa situagào. Na Psicologia comportamental aplicada (ou tecnologia com- portam ental, modificagào de comportamento ou anàlise comportamental aplicada), o objetivo é organizar um conjunto de condigòes e verificar se os resultados respondem a um problema socialmente importante em e d u c a lo , tratam ento, maneiras de criar criangas, aconselhamento, o r ie n ta lo , vida em comunidade, indùstria, e assim por diante. (3) Mui- tas descobertas da pesquisa bàsica sào aplicadas aos problemas da vida diària, e muitos problemas decorrentes da aplicagào pràtica tornam-se problemas da pesquisa bàsica (Skinner, 1972 b, pp. 1-6). A interdependéncia da Psicologia comportamental, Biologia animai e Antropologia cultural Tornar-se-à mais d a rò o dominio da Psicologia comportamental se fi- zermos urna revisào de suas relagòes com dois ramos cientificos vizinhos: a Biologia animai e a Antropologia cu ltu ra l. O conhecimento da Biolo gia animai é pertinente para melhor compreensào das estruturas e meca- nismos que fazem parte das respostas aos estimulos, da amplitude de res- postas que existem em determinado momento e de seus estimulos. O co nhecimento da Antropologia favorece urna apreciagào mais exata de co rno as possibilidades de resposta ficam sob controle social e quais os ti- pos de respostas serào selecionadas dentre a amplitude biològica disponi- vel para controle, incluindo a flutuagào de mecanismos biológicos bem estabelecidos, corno quando as criangas de alguns grupos sào ensinadas a deliberadamente suportar dor forte sem fugir. Em bora as linhas que se- param as très àreas sejam ténues, cada campo apresenta certos aspectos discerniveis, e cada um dos campos depende dos outros dois para infor- magào e progressos na metodologia. Salientarem os, a seguir, os fenòme- nos que sào diferentes. Psicologia e Biologia animai A biologia animai pode ser definida corno o estudo da origem, repro- dugào, estrutura e fungào da vida animai. Essa disciplina està em grande parte interessada na interagào entre os organism os e os materiais orgàni- 12 cos e nào-orgànicos e nas consequentes mudangas na estru tura e funcio- namento de suas partes*. Como jà dissemos, a Psicologia com portam en tal preocupa-se fundam entalm ente com a interagào de um individuo co rno um sistema unificado e integrado de com portam entos, com os even- tos do meio. É d a rò , portanto , que todo fato psicològico é em si mesmo um fato biològico, isto é, correlacionà-se com interagòes entre estimulos e mùsculos, órgàos e sistemas de c o rre d o (circulatório, nervoso, etc.) de um organismo. Os dois conjuntos de eventos ocorrem sim ultaneam ente . Um deles atrairà mais a atengào do investigador, dependendo sobretudo de corno eie ve a causagào, se tipicamente relaciona o organismo todo ao seu meio controlador, ou se tom a o organismo inteiro corno urna soma complexa de partes separadas. As duas atitudes sào legitimas, mas in- completas urna sem a outra. Alguns cientistas tentaram adotar os dois pontos de vista simultaneamente, tanto na Biologia corno na Psicologia. O comportamento do bebé que se alimenta é um exemplo que vem a propòsito. Do ponto de vista psicològico, as respostas importantes con- sistem em apanhar a mamadeira, colocar o bico na boca e chupar. Da mesma forma devem ser levadas em conta as condigòes ambientais (apa- rència, peso e conteùdo da mamadeira, adequagào do frasco às màozi- nhas do bebé, tempo decorrido desde a ùltima alimentagào, etc.) e os eventos históricos (o nùmero de vezes, no passado, em que a visào da mamadeira foi seguida por alcangar, apanhar e introduzir a extremidade mais estreita na boca, produzindo leite; o nùmero regular de horas entre amamentagòes, etc.). Esse mesmo fato pode ser estudado do ponto de vista biològico, em termos da atividade do sistema digestivo, a partir do momento em que o leite entra em contato com a boca do bebé até o ins tante da eliminagào fecal. O fato de os eventos psicológicos e orgànicos ocorrerem ao mesmo tempo nào significa em absoluto que urna classe de eventos causa a ou tra, isto é, que as variàveis orgànicas causam as reagoes psicológicas ou vice-versa. As causas de urna classe de comportamentos especificos, tan to psicológicos corno orgànicos, devem ser determinadas separadamente por urna anàlise das condigòes ambientais especificas em cada caso. Na realidade, condigòes orgànicas desempenham um papel na determinagào de reagòes psicológicas, assim corno eventos psicológicos frequentemente ♦Urna excegào que merece destaque è a Ecologia. A Ecologia è um ramo da Biologia que trata das relagòes entre os organimos corno um todo e seu ambiente total, que inclui o com portamento de outros organismos nesse ambiente. Como tèm proclamado alguns ecologis- tas, essa defin ito torna a Psicologia, Antropologia, Sociologia, História, Economia e Cièncias Politicas meras subdivisòes da Ecologia. (Na pràtica, entretanto, os ecologistas concentram-se frequentemente em variàveis corno a populagào de cada espècie que vive em um ambiente, seti suprimento de alimento e o efeito dos membros itinerantes sobre outras espécies do mesmo ambiente). Esse exemplo enfatiza a natureza de superposigào que tém a Psicologia, a Biologia e outras cièncias que tratam de organismos vivos. 13 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! participam na produco de respostas orgànicas. (Na verdade, està ùltima possibilidade é a preocupa^ào principal da medicina psicossomàtica dos chamados problemas psicogenéticos). Deve ser lembrada a afirmacào da pàgina (...) de que os eventos ambientais do comportamento psicològico incluem as variàveis orgànicas, que sào de interesse fundaméntal para os biólogos. Esses, corno outros estimulos importantes(fisicos, quimicos e sociais), contribuem para a causa lo . Nenhuma dessas quatro classes atua corno determinante ùnico para qualquer rea^ào psicològica. É bem verdade que para muitas reaeòes psicológicas a principal co n d ilo é a orgànica. Por exemplo, urna forte dor de estòmago, provocada por alimento enve- ncnado, pode desempenhar o papel principal na produco de comporta- mentos de apertar o estòmago com as màos e telefonar apressadamente para um mèdico. Mas o fato de telefonar para o mèdico implica urna cer ta história de interaeòes com os estimulos sociais envolvidos, senào a pes- soa nào seria capaz de discar o nùmero do telefone, nem saberia da exis- tència de médicos e de sua fun^ào de debelar essas dores. Outras rea^òes psicológicas sào primariamente causadas por estimulos sociais (“ De na- da” , em resposta a “ Obrigado” ), ou por estimulos fisicos ( “ Ui” , ao cortar o dedo) ou por estimulos quimicos” (“ Hum” , a um cheiro desa- gradàvel). Para cada instància de comportamento, urna exposigào apropriada e completa de todas as rela^òes causa-efeito implicitas deve incluir todas as classes de estimulos que atuam no individuo e sua história de interaeòes relevantes. Atender só aos eventos ambientais importantes resultarà nu- ma consideralo incompleta e supersimplificada das relayòes funcionais significantes. A afirmacào, bastante frequente, sobretudo na literatura psicanalista, de que a m otivalo è causa de todo comportamento è um exemplo de urna abordagem por demais restrita. Ao mesmo tempo, afirmar que as interacòes biológicas nào sào as ùni- cas e invariàveis causas dos eventos psicológicos definidos nào diminuì a interdependéncia entre a Psicologia e a Biologia. Os psicólogos estào interessados nas descobertas dos biólogos sobre as atividades dos órgàos e sistemas do corpo humano que participam, com outras variàveis, na determinalo das interacòes psicológicas. Por exemplo, o hipotàlamo tem participacào na fùria e na raiva? A Psicologia do desenvolvimento procura com os biólogos informacòes sobre o equipamento motor e sen- sorial da crianga em vàrios estàgios de desenvolvimento. (Por exemplo, sào as papilas gustativas de urna crianpa em idade pré-escolar comparà- veis às de um adulto?). Dentre os fatores que determinam a ocorréncia de urna respostadestaca-se a disponibilidade do equipamento orgànico ne cessàrio para realizar o ato. (Aprender a andar depende em parte da for ca dos ossos e mùsculos das pernas e dos pesos relativos da cabeca e do tronco). 14 Psicologia e Antropologia Cultural Consideremos agora as relacòes entre a Psicologia e as Cièncias So ciais, particularmente a Antropologia cultural. Certamente a maior parte das condicòes determinantes do comportamento psicològico e do desen volvimento sào condicòes sociais. Éssas influèncias, que se iniciam com o /nascimento e variam largamente ao longo da vida, incluem todas as con- digòes que de alguma forma implicam pessoas. Sào as pessoas que fazem todas as espécies de exigéncias (“ Escove os dentes pela manhà e à noite ao deitar-se” e “ Quando voce crescer, deverà cuidar de sua vida” ) e esta- belecem as ocasiòes para que os comportamentos ocorrarri (“ Està na fio ra do alinolo” ); as pessoas aprovam comportamentos (“ Boa moca” ) e estào presentes quando se removem danos e restricòes sociais e fisicos (“ Voce parece gente grande” ); as pessoas desaprovam ou punem direta- mente o comportamento (“ Quem conversar vai para a sala do diretor” ) e provocam conseqUèncias dolorosas nào-sociais (“ Voce deve abrir a boca para que o dentista possa passar o motor naquele dente” ); as pessoas prescrevem as formas de comportamento apropriadas às situacòes so ciais importantes (“ Ponha seu guardanapo no colo” ) e estabelecem os niveis de proficiència para as tarefas (“ Se a sua com posito tiver mais de um erro de ortografia, voce serà reprovado” ), e sào ainda as pessoas que criam os objetos fisicos da cultura que fazem parte na modelagem do comportamento desejado pela cultura (móveis, estradas, carros, ferra- mentas, sinais e guardanapos). A Antropologia cultural, o estudo do homem e dos produtos do ho- mem, empenha-se em analisar as organizacòes sociais, técnicas indus- triais, artes, religiào, linguas, leis, modos e costumes. As informacòes so bre as origens, mudancas e amplitude dos eventos culturais sào indispen- sàveis para a Psicologia do desenvolvimento, na medida em que relacio- nam variàveis sociais e comportamento. Por exemplo, a Antropologia cultural analisa as relacòes adulto-crianga e crianca-crianca, especializa- ?Òes de papéis (fun^òes maternais, provedor de bens econòmicos, da co- munidade, etc.) e subgrupos sociais (classe sòcio-econòmica, urbana e rural, etc.) de urna sociedade. Outro exemplo, e àrea de interesse atual pela promessa de trazer mais luzes sobre a formacào dos padròes do comportamento social (“ personalidade” ), sào os dados sobre ed u ca lo de crian^as em grupos pertencentes a sociedades primitivas, tanto quanto sociedades complexas. Incluem-se especialmente as atividades da màe e da familia para iniciar urna crian^a na sua sociedade, mediante procedi- mentos prescritos, que incluem alim entalo, treino de higiene, limpeza, vestuàrio, treino sexual e treino de agressào. 15 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! Resumo Nào podemos estudar a Psicologia do desenvolvimento isolada de sua biologia e cultura porque eia é parte da biologia e sempre ocorre em rela- gào à cultura. Nào podemos estudà-la propriamente, conhecendo apenas sua biologia e sua cultura, porque o desenvolvimento depende dos meca- nismos de interagito, melhor investigados pelas técnicas disciplinares na Psicologia experimental. O estudo desses mecanismos, enquanto limi- tados, reprimidos e incitados pelos fenòmenos biológicos e culturais, é mais adequadamente caracterizado corno urna disciplina da Psicologia do desenvolvimento. Assim, notamos que é urna verdade banal, biològi ca, o fato de o metabolismo gerar produtos supérfluos e que esses produ- tos sào excretados, para o bem do organismo. Além disso, salientamos que as fezes, Urna vez excretadas, permanecem corno meio de cultura pa ra bactérias que frequentemente causam a morte de outros organismos. É a cultura que prové a solugào para este problema, chegando mesmo a afirmar que as fezes sào màgicas, possuem caracteristicas religiosas, esté- ticas, que requerem cerimònias rituais. Mas a postulalo de um ritual nào garante que eie sera realizado. Sào os mecanismos psicológicos das mudangas de interagito que impòem urna diregào cultural para o proble ma biològico e que constituem a solugào adequada desse problema na- quelas sociedades em que sobrevivem. Referéncias bibliogràficas Bacr, D.M., Wolf, M.M. c Risley, T.R., Some current dimensions of applied- behavior analysis, Journal of Applied Behavior Analysis, 1968, /, 91-97. Skinner, B.F., Cumulative Record. (3? ed.). Englewood Cliffs, N.J. Prentice-Hall, 1972(a), p. 260. Skinner, B.F., Some relations between behavior modification and basic research. In: S. W. Bijou e E. Ribes-Inesta (org.) , Behavior Modification: Issues and Exten- sions. New York: Academic Press, 1972(b), pp. 1-6. 16 3. A criança, o ambiente e sua interação continua Para elaborar urna teoria comportamental do desenvolvimento fiuma no, deveremos analisar (1) o comportamento de crianga corno urna enti- dade psicològica, (2) o meio em que eia se desenvolve, (3) a interagào continua e reciproca entre o comportamento da crianga e seu ambiente, e (4) os estàgios dessas interagòes continuas e reciprocas. A crianga Sob o aspecto psicològico, as criangas sào consideradas corno agrupa- mentos de respostas e fontes de estimulos internos (estimulos orgànicos). As respostas estào inter-relacionadas e interagem continuamente com es timulos tanto de fontes internas corno de externas. A origem dos estimu los internos sào o funcionamento psicològico da crianga e seu comporta mento motor e verbal. Agrupamentos de respostas Impressionantes sào a quantidade e os tipos de respostas de que as criangas sào capazes até um certo estàgio de seu desenvolvimento. Os psi- cólogos que trabalham em desenvolvimento tentaram agrupar os com- portamentos de urna crianga pequena de acordo com vàrias concepgòes de personalidade. Os psicólogos cognitivos dizem que os comportamen- tos observados de urna crianga revelam um processo mental, quais se- jam, conhecimento, vontade, sentimento, ou pensamento. Os psicanalis- tas afirmam que os mesmos comportamentos revelam crescimento e ati- vidades de partes da personalidade, ID, ego e superego. Os psicólogos normativos, corno Gesell (1954), afirmam que os comportamentos obser- vàveis das criangas constituem-se de componentes motores, sociais, lin- gliisticos, emocionais e intelectuais, que revelam o desenvolvimento de suas mentes, corno ocorre em seus vàrios estàgios embrionàrios. Tratare- mos os comportamentos das criangas corno dados importantes em si mesmos. Isto quer dizer que assumimos a posigào de que os comporta mentos das criangas nào sào determinados por processos mentais hipoté- ticos ou pela personalidade, mas por caracteristicas especiais, maturando biològica e histórica de interacào com um ambiente particular desde o 17 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! momento da concepgdo. As relagòes entre respostas e caracteristicas da espccie e da m atu ra lo despertam especial interesse no biòlogo; a relagào entre respostas e história da interagito com o meio interessam particolar mente ao psicòlogo que estuda desenvolvimento. É, no entanto, necessà rio que detalhemos mais a anàlise da i iteragào do comportamento com seu ambiente. Devemos ter em mente que a Psicologia comportamental trata do com portamento observàvel, que é analisado em termos de suas propriedades fisicas e funcionais. A avaliagào dos aspectos fisicos do comportamento, ou de produtos do comportamento (por exemplo: vocalizagòes, lingua- gem, desenhos ou escritos) nào apresenta problema maior para a Psico logia do que a avaliagào de qualquer outro fenòmeno fisico. No entanto, a avaliagào do aspecto funcional do comportamento,ou dos produtos do comportamento, tem apresentado muita dificuldade, corno o atesta a história da Psicologia (Kantor, 1963 e 1969). 9 O aspecto funcional do comportamento, ou afungào da resposta. Co- megamos nossa anàlise do comportamento com a nogào de que, falando funcionalmente, hà duas amplas classes de respostas: respondentes e operantes (Skinner, 1938, p. 80). Os comportamentos respondentes sào enfraquecidos ou fortalecidos por estimulos que precedem o comporta mento; os comportamentos operantes sito enfraquecidos ou fortalecidos pelos estimulos que seguem o comportamento. Note-se que essa distin t o entre as duas classes de comportamento baseia-se totalmente na rela t o de tempo entre a resposta e seu estimulo funcional. Os comportamentos respondentes, que incluem co n tra to da pupila diante de urna luz e salivato com a comida na boca, alteram o individuo de modo a reduzir a p riv a to de estimulos ou a estim ulato aversiva, mantendo dessa maneira o equilibrio psicològico. O comportamento res- pondente acomoda o individuo a situa tes ambientais especificas. A co n tra to da pupila a urna luz forte reduz a luz que entra no olho, facili tando dessa maneira a in ie ra to visual (processo externo); também pro- tege as células da retina contra danos causados por urna estim ulato in tensa. A salivato produz um suco que, misturalo ao alimento, facilita a subseqUente digestào. Cada respondente tem urna fu n to especifica cor- relacionada com a fu n to do estimulo, alguns provenientes da natureza do organismo e outros adquiridos por in terates anteriores. O comportamento operante, que inclui m anipulato , andar, falar, re solver problemas, descnhar e escrever, altera o ambiente e aumenta a probabilidade de outro comportamento. Assim, pressionar a tomada (comportamento operante) acende a luz da sala e permite ao individuo privado de alimento aproximar-se da geladeira e obter comida (outra for ma de comportamento operante). Entre outras coisas, o falar pode alte- 18 rar o ambiente por meio de atividades de outras pessoas, tais corno obter um brinquedo por ter pedido à màe para trazè-lo. Da mesma forma que o comportamento respondente, cada classe de comportamento operante està correlacionada com urna fungào do estimulo, alguns decorrentes da pròpria natureza do organismo e outros adquiridos por interagòes passa- das. Nào podemos discorrer mais sobre a fungào da resposta operante e respondente enquanto nào discutirmos a fungào do estimulo, quando tratarmos do ambiente. O concedo de classe de respostas. Acrescentaremos urna importante exposigào do sentido de resposta. Se urna resposta for observada em de- talhes cada vez que ocorre, logo se perceberà que tal resposta nào é abso- lutamente igual todas as vezes que ocorre. Suponhamos, por exemplo, que à crianga é ensinada urna habilidade relativamente simples, corno co- locar um chapéu. Algumas vezes, o chapéu sera pegado com urna das màos, outras com a outra e outras vezes ainda com ambas. Algumas res postas de pegar podem envolver todos os dedos e o polegar, outras po- dem envolver somente um, dois ou trés dedos em oposigào ao polegar. Algumas vezes o chapéu sera pegado pela aba, outras vezes pela copa, guarnigào ou forro. Vemos que hà urna infinita variedade de det-alhes e possiveis variacòes em urna simples resposta. Assim, quando urna crian ga aprende o que chamamos de urna resposta — colocar o chapéu —, de fato foi aprendida urna colepo quase inumeràvel de respostas, se cuidar- mos de estudà-las em todos os detalhes que apresentam. Assim, quando em geral nos referimos a urna resposta, devemos lembrar que, quase sem excegào, estamos nos referindo a urna classe de respostas. Por classe de respostas entendemos todas as vàrias formas de respostas que acompa- nham a mesma fungào — neste exemplo, todas as maneiras pelas quais urna crianga coloca um chapéu na cabega. Frequentemente, os membros de urna classe de respostas tèm inùmeras variacòes mesmo em temas sim ples, corno as do exemplo acima. Em outros casos, os membros de urna classe de respostas podem ter pouca semelhanga fisica um com o outro, apresentando apenas em comum o mesmo efeito que provocam no meio ou sua resposta ao mesmo evento no ambiente. Para convencer as pes soas, urna classe de respostas precisa conter argumentos racionais, técni- cas de defesa, técnicas de insistència; ou urna classe de respostas para pe- dir a urna pessoa que venha até vocé pode incluir um aceno, um bilhete escrito ou urna expressào verbal (Winokur, 1976). Fontes dos estimulos Como foi observado acima, as criangas nào sào apenas fontes de res postas, elas sào também fontes de estimulos orgànicos. Urna parte do ambiente da crianga està dentro de seu corpo. Urna crianga pode se.ma- chucar durante o jogo de futebol, ou sentir forte dor aguda de estómago, provocada por gases excessivos. Ambos sào estimulos aversivos. Sua for- 19 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! $a è analinada de acordo com seus cfcitos pcrturbadores sobre o que csti- vcr ocorrcndo no momento. A diferenga metodològica cntre cstimulasflo eversiva de scr atingido por urna boia e o gàs no cstòmago nflo c o fato de urna scr originada pelo ambiente extcrno e a outra pelo ambiente interno, mas o fato de o golpe podcr scr obscrvado dirctamcnte. A dor de estóma- go deve ser obscrvada indirctamente com a ajuda de instrumentos ou in feuda de intcrasòes passadas, corno o tipo de alimento recentemente in- gerido, o estado de saùde no momento em que o alimento foi ingerido, e assim por diante. O excmplo acima se refere aos estimulos internos produzidos pela es- trutura e funcionamento biològico da criansa. Hà outra classe de estimu- los internos produzidos pelo pròprio comportamento da criansa. Alguns desses estimulos sfio originados por atividades dos mùsculos estriados fi- nos (corno a fala) e outros pelos movimentos dos mùsculos estriados grossos (corno as alteragOes rcgulares das pernas, urna estimulada pela outra, enquanto se pedala urna bicicleta). Todos os estimulos podem adquirir propriedades funcionais, seja quando produzidos pelo funcionamento fisiològico das criansas, seja quando gerados pelos comportamene delas. Isto significa: Alguns esti mulos podem produzir comportamentos respondentes, outros podem en- fraquecer ou fortalecer ou sinalizar comportamentos operantes e outros ainda podem servir corno um conjunto de condi^Oes. As crian^as produ- zem, portanto, estimulos que afetam seu pròprio comportamento, tanto quanto estimulos originàrios do meio externo influenciam seu comporta mento. Em resumo, as crian^as sfio agrupamentos de intera^des de comporta mentos operantes e respondentes e fontes de estimulos que adquirem propriedades funcionais especificas para esses comportamentos. Alguns desses estimulos sfio gerados pelo funcionamento fisiològico das criangas e alguns por seus comportamentos em rela?fio a objetos, a pessoas e a si próprias. É importante lembrar neste ponto que muitos dos comportamentos das criancas mudam seu ambiente fisico e produzem estimulagfio social para outras pessoas, e que a maior propongo dos estimulos que afetam seu comportamento sfio originados fora de seu corpo. Urna discussfio mais detalhada dos estimulos de fontes externas ou internas serà feita a seguir. 0 ambiente Até aqui descrevemos o ambiente em termos de eventos-estimulos es- peclficos — fisicos, quimicos, orgànicos e sociais — c estabelecemos que esses eventos, de fontes internas c externas, podem scr medidos por ins trumentos da fisica c da quimica e/ou pelas mudan^as que esses estimu los produzem no comportamento de um individuo. O ambiente consiste 20 também de eventos estabelecedores, ou situale» em que as interagòes ocorrem (Kantor e Smith, 1975, pp. 46-47). Segue um detalhamcnto dos dois componentes do meio. Eventos-estimulos especificos Eventos-estimulos especificospodem ser divididos em quatro catego- rias adequadas para auxiliar o leitor a entcnder a amplitude e diversidade das estimulacòes que devem ser levadas em consideralo na anàlise de urna interaefio. 1. Fisicos: objetos produzidos pelo homem e objetos naturais. Ex.: ta- lheres, ferramentas, mesas, cadeiras, casas, estradas, edificios, aviòes, pedras, montanhas, àrvores. 2. Quimicos: gases que atuam fi distfincia. Ex.: aroma de perù assado, perfume, fumaca, etc.; e solu^fles que atingem a pele, corno àcido, sa- bfio, unguento antisséptico, etc. 3. Orgànicos: a estrutura biològica do organismo e seu funcionamento fisiològico ou estimulagfio do sistema respiratòrio, alimentar, cardio- vascular, endócrino, nervoso e mùsculos esqueléticos do corpo e o pròprio comportamento do organismo. Ex.: estimulacfio produzida por manipulacfio manual, equilibrio, mover-se e falar. 4. Sociais: o aparecimento, a^fio e intera^fio de pessoas (e animais). Ex.: mfie, irmfios, professores, amigos, desconhecidos, policiais, animais de estim alo , etc. Destacamos que todos esses estimulos podem ser analisados em termos de suas dimensfles Fisicas. Na conversalo informai, referimo-nos aos es timulos de acordo com suas caracteristicas fisicas. Quando se pede a al- guém para dar um exemplo de estimulo, muitas pessoas descrevem algo em termos fisicos (ex.: “ urna luz vermelha” , “ um ruido forte” ). Os campos da Fisica e Quimica desenvolveram técnicas para medir e descre- ver as propriedades fisicas dos estimulos, especialmente seu peso, massa, comprimento, comprimente de ondas, intensidade, etc. Quando empre- gamos essas medidas descritivas, estamos especificando as propriedades fisicas dos estimulos. O aspecto funcional dos estimulos, ou fungào do estimulo. Como afir- mamos, todas as classes de estimulos citadas acima podem também ser medidas pelas mudangas produzidos no comportamento de um indivi duo. Suponhamos que convidamos urna crianca de cinco anos de idade a entrar numa sala fracamente iluminada, onde hà urna cadeira e urna pe- quena mesa. Sobre a mesa hà brinquedos atraentes — um automóvel, urna boneca e um avifio. Por alguns minutos, observamos o comporta mento da crianga através de um espelho falso e subitamente aumentamos vinte vezes o nivel de iluminacfio. Podcmos descrever està brusca mudan- è 21 INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões! ca no meio (1) observando a m udala na leitura do aparelho medidor de luz, e (2) observando as mudancas no comportamento da crianca. Se ob- servarmos que o aumento de iluminacào é coerentemente correlacionado com urna mudanca visivel no comportamento da crianca, entào podemos estabelecer urna relacào entre os dois eventos. Esses dados nos permiti- riam identificar e classificar as mudancas de comportamento: por exem- plo, fechar os olhos ou deixar a sala quando a luz é intensa; ou trazer o automóvel perto da fonte de luz para examinà-lo, quando a luz é fraca. Com essa informalo podemos especificar melhor as relacòes entre as mudancas de estimulo e as mudancas de comportamento. Podemos dizer que os estimulos tém certa relacào funcional com os comportamentos. 0 aumento da intensidade da luz elicia o comportamento reflexo de cons- tricào da pupila do olho. Quando a luz é brilhante, estabelece a ocasiào ^para qualquer resposta que diminua tal estimulagào, fortalecendo dessa maneira a resposta (por isso o fechar dos olhos ou deixar a sala). Quando a luz é fraca, a situalo exige urna resposta que a torna mais intensa e en tào a crianca aproxima o brinquedo da luz para poder observà-lo em de- talhes. Quando o comportamento do individuo indica que ha urna relacào funcional entre estimulo e resposta, corno nos exemplos acima, podemos falar em fungào de estimulo nessa relacào. Podemos notar très funcòes de estimulos no exemplo acima: (1) urna funcào eliciadora (o brilho da luz é relacionado com a constricào da pupila, (2) urna funcào reforcado- ra (o brilho da luz é relacionado com o fortalecimento da resposta fe- chando os olhos ou deixando o aposento) e (3) urna funcào discriminati va ou de dica (a luz fraca é sinai para a crianca aproximar o brinquedo da luz). Vemos que um ùnico estimulo pode ter mais de urna funcào de esti- mulp (tal é geralmente o caso) e que a funcào do estimulo é simplesmente um rótulo que indica qual a acào esnecificp do estimulo para aquele indi viduo. Sua acào se exerce sobre a classe de respostas que o precedem ou sobre a de respostas que o seguem? Sua acào depende da história passada do individuo durante estimulacào semelhante? E assim por diante... Esse conceito de funcào de estimulo foi introduzido porque é importante na medida em que nos permite distingui os estimulos que tém funcòes para o individuo, com vàrios graus de forca, daqueles que nào as tém. Pode mos dizer que um estimulo fisico, quimico, orgànico ou soci^J pode ser medido diretamente ou por instrumentos. Mas nem todos esses estimulos terào funcào de estimulo, isto é, nem todos produzirào efeitqs no com portamento. Consideremos o franzir das sobrancelhas dos pais. Para urna crianca de poucos meses de idade, podemos dizer que se trata de um estimulo (nesta idade a manca jà vé razoavelmente), mas provavelmente nào tem funcào de estimulo: o comportamento do bebé nào mudarà em conseqtiència dessa estimulacào. Contudo, à medida que o desenvolvi- mento psicològico se processa, tal estimulo adquirirà funcòes: primeiro, 22 corno qualquer outra careta que o pai possa fazer, o franzir das sobran celhas pode produzir risinhos ou gracejos; posteriormente, numa m anca um pouco mais velha, quando eia jà tem alguma experiéncia com puni- Còes que se seguiram ao franzir das sobrancelhas, o estimulo pode produ zir urna vacilicào em um comportamento em curso, quietude ou choro. Dai, a significància desse estimulo està menos na sua constituicào fisica do que na natureza e forca da funcào de estimulo, desenvolvida corno urna conseqiiéncia da história de interacào. Hà urna outra vantagem analitica, talvez mais importante, para que nos concentremos na funcào de estimulo. Se considerarmos o meio de urna crianca em termos de funcòes de estimulos que o meio contém, evi- taremos, em grande parte, urna terminologia embaracosa e infrutifera. Pois as funcòes de estimulos estào simples e objetivamente concentradas nas maneiras pelas quais os estimulos se relacionam com o comporta mento, a saber, se o eliciam, se o fortalecem ou enfraquecem, e se estabe- lecem as ocasiòes para sua ocorréncia ou nào ocorréncia, etc. Esses sào os tipos de relacào que precisamos descrever e prever para entendermos o desenvolvimento psicològico da crianca. A.funcào de estimulo é precisa- mente a espécie de conceito que pòe ordem e sentido na enorme varieda- de de eventos-estimulos que compóem o mundo da crianca. O conceito de funcào de estimulo é, de fato, um convite para juntar, em poucas ca- tegorias funcionais, eventos muito diversificados. Urna màe rejeitadora, urna surra, um tombo de bicicleta, urna carranca, urna nota baixa, urna repreensào a urna crianca mal comportada, urna multa de trànsito, urna repreensào — esses e muitos outros semelhantes — podem ser considera- dos corno tendo urna funcào de estimulo comum: todos sào eventos- estimulos que enfraquecem (“ punem”) os comportamentos que os pre cedem. Da mesma forma, urna màe acolhedora, um tapinha nas costas, um pedaco de doce, um passeio a cavalo no campo, um sorriso, urna no ta 10 em Psicologia, qualquer saudacào entusiàstica, um aperto de mào — esses e muitos outros eventos semelhantes — tém urna funcào de esti mulo comum, isto é, todos eles sào estimulos que fortalecem (reforcam) os comportamento que os precedem. Devemos considerar outros tipos de eventos, tais corno o de urna màe que pergunta “ Que vocé està fazendo?” e a resposta “ Estou guardando meus brinquedos no bau” , o que provavelmente resultarà em “ Que menina
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