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Companhia das Naus

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Companhia das Naus – texto escrito por Fernão Lopes nas Crónicas de El-Rei D. Fernando
Foi instituída por Fernando I de Portugal em 1380.
Funcionava como uma espécie de companhia de seguros, proporcionando aos proprietários de navios uma certa segurança em caso de acidente, por exemplo naufrágio ou destruição da em embarcação e fomentando, assim, o desenvolvimento da marinha portuguesa.
Todos os navios de peso superior a cinquenta tonéis tinham de ser registados, pagando uma percentagem (duas coroas por cento) dos lucros obtidos em cada viagem para um fundo. Essa verba funcionava como um prémio de seguro moderno. Esse dinheiro ficava em duas bolsas, uma em Lisboa e outra no Porto, e servia para cobrir eventuais prejuízos no navio por diferentes causas: como avarias ou mesmo afundamento das naus. mas também para financiar a construção de novas embarcações. Despesa dividida por todos.
“ Trabalharam muitos em fazerem naus, e outros de as compararem por razão de tais privilégios (...) e querendo prover com algum remédio de cada vez ser mais acrescentado o conto de tais navios e os desvairados desastres do mar não deitarem em perdição aqueles que suas naus de tal guisa perdessem: ordenou com conselho de uma companhia pela qual se remediasse todo contrário para que seus donos não caíssem em áspera pobreza, publicando a todos que fosse por esta guisa. Mandou que se escrevessem por homens idóneos e pertencentes todos os navios tilhados [com coberta] que em seu reino houvesse acima de cinquenta tonéis, assim os que então havia, como outros que depois houvesse. (...)
E de tudo quanto esses navios ganhassem de idas e vindas, assim de fretes como de quaisquer outras causas, pagassem para a bolsa dessa companhia duas coroas por cento, e que fossem duas bolsas, uma em Lisboa e outra no Porto, e que sejam guardadas por homens encarregues pelo Rei para do dinheiro delas se comprarem outros navios em lugar daqueles que se perdessem (...) e quando acontecesse que algum ou alguns navios perecessem por tormenta ou por outro desastre e isto em portos, ou seguindo suas viagens ou sendo tomados por inimigos, indo ou vindo em auto de mercadoria, que esta perda dos ditos navios que assim perecessem se repartisse por todos os senhores dos outros navios.”
O tesouro paga as despesas – em caso de guerra a coroa podia dispor dos navios particulares e os prejuízos da guerra eram pagos pelos despojos de guerra 
E acomteçendo de elRei aver guerra com Reis seus vizinhos, ou com outras gentes, e armando cada huuns daquelles navios pera sua defesa e ajuda, e pereçemdo delles em taaes armadas, seemdo feitas por prol comunal, que fossem pagadas dos beens comu˜ues de seu senhorio, e fossem primeiro pagadas do seu tesouro, pera seus donos fazerem logo outros, ou os comprarem. . .
O rei ordenou que as naus que pertenciam à coroa fizessem parte desta companhia, não tendo qualquer distinção em relação aos navios particulares.
E mandou El Rei, que sias naaos que eram doze, entrassem em esta companhia e que nom fossem de mayor comdiçom que os outros navios de seu senhor
O soberano nomeou Lopo Martins e Gonçalo Peres Canellas para executores da Companhia e forneceu-lhes um escrivão que tinha como dever registar as receitas e despesas. Os fundos comuns eram conservados numa arca de três trancas (uma chave para cada executor e outra para o escrivão). Os executores eram remunerados em cinquenta libras anuais e o escrivão em trinta, dos fundos comuns da Companhia. A criação da Companhia das Naus constituiu uma medida importante que se revelaria precursora da expansão ultramarina portuguesa.
A criação da “Companhia das Naus” foi talvez a realização mais importante de D. Fernando I. Ainda antes, começou por criar condições de abate seletivo de pinheiro e outras madeiras das matas reais, isentou de pagamento de taxas de importação, ferragens, apetrechos, outros materiais necessários para construção de naus e e as próprias naus já construídas.
O Rei D. Fernando “0 Formoso” deu continuidade às iniciativas de D. Dinis e criou em 1380 a Companhia das Naus que na altura tinha uma intervenção similar a uma companhia de seguros, evitando a ruína dos homens do mar.
A Companhia das Naus foi criada com o intuito de proporcionar aos proprietários dos navios alguma proteção contra sinistros, uma vez que os navios tinham que ser todos registados, pagando uma percentagem dos lucros de cada viagem para a caixa comum.
Os fundos serviam para cobrir eventuais prejuízos decorrentes do afundamento de embarcações ou avarias sérias ocorridas nas mesmas.
…..
16 anos de reinado de D. Fernando
A junção dos vários fatores sociais da época em questão resultaram numa visão mais ou menos difundida de um monarca débil, manietado ou manipulado por uma rainha tática e ardilosa, um rei, de certa forma, ultrapassado pelos acontecimentos e em relação ao qual Fernão Lopes não deixaria de transparecer alguma compreensão ou pelo menos comiseração, sentimento que se assumia em contraponto aos receios e críticas que a atitude de Leonor Teles suscitava no cronista de quatrocentos.

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