Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Análise dos sistemas táticos ofensivos e defensivos iniciais utilizados pelas equipes da Série A da Copa Brasil de Futebol de 5 de 2012 Analysis of the initial offensive and defensive tactical systems used by the teams of Brazilian Championship of Futsal for the blind, 1st Division – 2012 VIANNA-NETO, Zelio. MAYR, Gabriel. Resumo O Futebol de 5 começou a ser praticado de maneira bem amadora na década de 20 dentro de instituições especializadas. Desde então o esporte veio se popularizando dentre os deficientes visuais. Se tornou parte dos jogos paralímpicos em Atenas, Grécia em 2004 consagrando o Brasil como campeão. Assim como nos diferentes desportos coletivos, no Futebol de 5 diversos critérios são postos em questão, como os aspectos físicos, técnicos e táticos. A tática é muitas vezes o fator que determina o vencedor de uma partida e até de um campeonato. Partindo desta premissa, o estudo visa identificar e analisar os sistemas táticos ofensivos e defensivos iniciais das equipes que disputaram a Série A da Copa Brasil de Futebol de 2012. Para isso, foram tiradas fotos de cada equipe que disputou a série A da Copa Brasil de Futebol de 5 de 2012 no momento do arremesso de meta do goleiro da equipe em si e no arremesso do goleiro da equipe adversária. A partir das fotos foram montados esquemas em duas dimensões para melhor visualização. Os esquemas foram analisados determinando os sistemas táticos utilizados pelas equipes, tanto ofensivos quanto defensivos, e foi feita uma análise sobre cada um. O sistema tático ofensivo mais comum foi o 2-2, utilizado por seis equipes; o sistema 3-1 foi usado por quatro delas e o 1-2-1 por apenas duas. No que diz respeito aos sistemas táticos defensivos, os mais comuns foram o 1-2-1 e o 3-1, cada um sendo utilizado por quatro equipes diferentes. O sistema 2-2 foi utilizado por três equipes e o 1-3-0 por apenas uma equipe. O estudo mostrou que as equipes tem se organizado com mais de um jogador à frente, no total foram oito equipes, sendo seis utilizando o 2-2 e duas o 1-2-1, mostrando o desenvolvimento tático constante do esporte. Entretanto o estudo mostrou algumas limitações. É comum que as equipes armem seus esquemas em relação ao adversário. Em relação aos esquemas táticos defensivos é ainda mais comum, ocorrendo muitas variações ao longo da partida e do campeonato. Sendo assim, sugere-se estudos futuros que abranjam todas as partidas do torneio, com o intuito de minimizar esses fatores e encontrar e discutir a cerca dos reais sistemas táticos mais utilizados pelas equipes. Palavras Chave: Tática esportiva, futebol de 5, futebol para cegos Abstract Football 5 began to be practiced in the 20's in specialized institutions. Since then the sport started to popularize among people with visual impairment. In Athens, Greece in 2004 it became part of the Paralympic Games and established Brazil as champion. As in different collective sports in Football 5 different criteria are important, such as physical, technical and tactical. The tactic is often the factor that determines the winner of a match and even a championship. On this assumption, the study aims to identify and analyze the initial offensive and defensive tactical systems of the teams that competed in the World Cup Brazil Serie A Football 2012. For this, photos were taken of each team that competed in Brazilian Championship of Blind Futsal, 1st Division - 2012 at the time of the goal clearance, both for the team and the opposing team. From the photos schemes in two dimensions were assembled for better viewing. The schemes were analyzed by determining the tactical systems used by teams, both offensive as defensive, and an analysis was made on each. The most common offensive tactical system was th 2-2, used by six teams, the 3-1 system was used by four of them and only two used 1-2-1. Regarding the defensive tactical systems, the most common were the 1-2-1 and 3-1, each being used by four different teams. The system 2-2 was used by three teams and the 1-3-0 used by only one team. The study showed that the teams have the tendency to play with more than one player forward, in total there were eight teams, six using the 2-2 and two the 1-2-1, showing constant tactical development of the sport. However the study showed some limitations. It is common for teams to organize particular schemes against each opponent, which is even more common on the defensive tactical schemes, occurring many variations of it throughout the matches and the championship. Therefore, it is suggested that future studies should cover all matches of the tournament, in order to minimize these factors and discuss about the actual tactical systems used by most teams. Keywords: Sportive tactic, football of five, football for the blinds 1 - Introdução Os esportes podem ser divididos em individuais e coletivos. Em ambos os casos, o objetivo final é o mesmo, alcançar a vitória, derrotar seus adversários. Para que se tenha êxito nessa tentativa, diversos critérios são postos em questão, como os aspectos físicos, técnicos e táticos. Os aspectos físicos dizem respeito à performance atlética. O preparo dos atletas deve ser melhor do que o daqueles que não são, já que o estilo de vida deles está diretamente ligado ao esporte, que por sua vez seleciona aqueles que tem melhor performance. Os aspectos técnicos dizem respeito ao gesto motor, que pode ser definido como a maneira pela qual podemos transmitir nossas intenções através de movimentos corpóreos expressivos (PAYNTER, 1992 apud TELES, 2005) que dizem respeito aos movimentos específicos do esporte, como o chute no futebol ou o arremesso no basquetebol. Existem pessoas que tem muita facilidade em determinados gestos, mas esses gestos podem ser treinados e aperfeiçoados, podendo fazer de certas pessoas excelentes atletas. E por fim os critérios táticos. Partindo de uma definição mais genérica, o Dicionário do Aurélio Online (2013) define tática como “... Conjunto de meios ou recursos empregados para alcançar um resultado favorável...”. Kiss e Böhme (1999) resumem tática esportiva como sendo a “Capacidade de resolver problemas adequadamente” dentro de um conjunto de condições pessoais que interferem no desempenho esportivo. Ou seja, é a estratégia a ser utilizada para que possa sobressair perante o seu adversário. Não consiste apenas no sistema tático adotado pela equipe, mas também nas razões dele existir, no como, quando e onde fazer determinadas ações. A tática nos esportes coletivos é muitas vezes o fator que determina o vencedor de uma partida e até de um campeonato. Partindo dessa premissa, nesse estudo foram analisados os sistemas táticos ofensivos e defensivos iniciais das doze equipes que disputaram a primeira divisão brasileira de futebol de 5 em 2012. 2 - Histórico É muito difícil estimar quando e onde exatamente o futsal para cegos começou a ser praticado. Essa dificuldade é devida a importância que o futebol teve na sociedade brasileira desde seus primórdios e continua tendo até hoje. Seu papel vai muito além de uma simples modalidade esportiva, podendo ser considerado como uma forma de fenômeno social. Historicamente o futebol teve uma importante tarefa para a cultura brasileira, por exemplo. No início do século XX, com a recente instauração da república no país (que ocorreu em 1889), o futebol teve um importante papel que foi a de reforçar a construção de uma identidade nacional, que se deu durante a disputa da Copa do Mundo de 1938, a primeira com transmissão do rádio diretamente da Europa (RINALDI, 2000). O esporte conseguiu se popularizar de tal maneira que se tornou parte integrante da vida das pessoas de todo o mundo, tendo cada vez mais adeptos, sejam praticantes ou apenas observadores. Dentro deste nichotambém se encontram as pessoas com deficiência visual, que, assim como o resto da população mundial, também consomem o futebol. Segundo Urece (2013) e Morato (2007) acredita-se que a prática do futebol pelos deficientes visuais tenha se iniciado na década de 20, na Espanha, nos pátios das instituições especializadas como forma de recreação. No Brasil, segundo Castelli e Fontes (2006), os relatos datam a década de 50 como início da prática desta modalidade no país, também dentro de instituições especializadas, como o Instituto Santa Luzia, em Porto Alegre; Instituto Padre Chico, em São Paulo; Instituto Benjamim Constant, no Rio de Janeiro. A primeira competição no Brasil de que se tem conhecimento data de 1974, realizado em Porto Alegre com participação de equipes do Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso (CASTELLI e FONTES, 2006). Em 1978 e 1980 houve a participação de equipes de futebol de cegos nas olimpíadas das Associações de Pais e Amigos de Excepicionais (APAEs). Nesta última foi utilizada pela primeira vez bolas com guizos dentro (FONTES, 2006; CBDV, 2013). Em 1986 foi disputada a Primeira Copa Brasil de Futebol de 5 em São Paulo, capital. Contou com a participação de dez equipes de diversas partes do país. No entanto, também neste ano, um torneio entre clubes foi disputado na Espanha e é esse que a Associação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA) considera como sendo o primeiro da história modalidade (ITANI, 2005; CBDV, 2013). Em 1988 o Brasil participou pela primeira vez de um torneio internacional, que aconteceu em Cades, na Espanha. Foi durante um evento de comemoração da ONCE (Organización Nacional de Ciegos Españoles; Organização Nacional de Cegos Espanhois) pelos 50 anos de existência, no qual houve uma apresentação do futebol para cegos (ITANI, 2005; CASTELLI e FONTES, 2006). Em 1996 foi criado um subcomitê de futebol de salão na IBSA, que teve como primeira tarefa unificar internacionalmente as regras da modalidade. A partir de sua criação e unificação das regras, a quantidade de países que passaram a praticar a modalidade aumentou exponencialmente (ITANI, 2005; IBSA, 2013). Nos Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004, o futebol de 5 teve sua primeira participação, sagrando o Brasil como o primeiro Campeão Paralímpico. A equipe brasileira também se sagrou campeão nos jogos de 2008, em Pequim, China, e em 2012, Londres, Reino Unido, obtendo o título de tri-campeão Paralímpico. No mundo quem cuida da modalidade e de seus torneios é a IBSA, no Brasil, A CBDV é a responsável pelos torneios. Por ano no Brasil são realizados pelos menos duas competições oficiais para as equipes: os Campeonatos regionais e a Copa Brasil de Futebol de 5, séries A e B. 3 - O Jogo – Adaptações e comentários As regras do futebol de 5 se assemelham bastante às do futsal convencional, que é regido pela FIFA (Federação Internacional de Futebol). Porém, para que o jogo pudesse se tornar mais dinâmico e atrativo para os atletas e seus espectadores, foram necessárias que algumas adaptações fossem feitas nas regras. Essas adaptações foram essenciais para o crescimento da modalidade. A seguir citarei e comentarei tais adaptações: 3.1 - A Quadra As partidas devem sempre ser realizadas em ambientes descobertos, para melhor acústica dos atletas, que utilizam da audição principalmente para se localizar em quadra. Caso hajam problemas climatológicos que não possam ser controlados, como chuvas, ventos fortes, as partidas devem ser realizadas em uma quadra coberta (IBSA, p. 6, 2005-2009). Nas laterais da quadra são colocadas duas barreiras, chamadas de bandas laterais, que se estendem por todo seu comprimento dos dois lados. Elas devem ter altura entre 1 e 1,20 metros e uma inclinação máxima de 10º para fora do campo de jogo. Tais bandas auxiliam para que a bola não saia constantemente pela linha lateral, além de dar mais segurança aos atletas, impedindo que os mesmo saiam constantemente do campo de jogo, dando assim mais dinamismo a partida (IBSA, p. 6, 2005-2009). O goleiro é o único atleta que enxerga dentro de quadra. Para que ele não possa usufruir plenamente disso, sua área de atuação foi reduzida. Sua área deve ter 2 metros de comprimento por 5 metros de largura, que deverá ser marcada (IBSA, p. 7, 2005-2009). Além das marcações comuns da quadra de jogo e da área do goleiro, devem ser marcadas as linhas de orientação na parte superior das bandas laterais a cerca de 10 metros das linhas de meta. Tais linhas servem para delimitar a área que o chamador, o técnico e o goleiro podem orientar seus jogadores (IBSA, p. 7, 2005- 2009). 3.2 - O Chamador Para melhor orientação dos jogadores em quadra, foi adicionado um chamador ao campo de jogo. Esse deve ficar atrás da meta do adversário de sua equipe e tem a função de orientar os jogadores no terço ofensivo. Para determinação dos terços haverá as marcações nas bandas laterais. Em hipótese alguma poderá entrar na quadra de jogo. Poderá bater nas traves de forma audível antes de algum lançamento com a bola parada. Caso este oriente um jogador que não estiver localizado no terço ofensivo, deverá ser marcada falta técnica e o jogo deve ser reiniciado com um tiro livre indireto (IBSA, p. 39-40, 2005-2009) 3.3 - O Técnico Além das funções comuns de um técnico, ele tem a função de orientar os jogadores no terço médio do campo de jogo, que será demarcado pelas duas linhas de orientação marcadas nas bandas laterais. Deverá ficar situado no banco de reservas de sua equipe (IBSA, p. 39, 2005-2009). 3.4 - O Goleiro O goleiro do Futebol de 5 tem a sua área reduzida com o objetivo de limitar sua ação, já que é o único vidente dentro de quadra. Ele não pode repor a bola sem que a mesma toque ao solo antes da linha de meio de quadra. Caso isso aconteça, será marcada uma falta pessoal para o goleiro, e acumulativa caso não seja em um arremesso de meta, que deverá ser cobrado com um tiro livre indireto de qualquer lugar da linha média do campo. Além de defender a meta, o goleiro tem a função de orientar os jogadores no terço defensivo, que é demarcada da linha de orientação marcada nas bandas laterais até a linha de fundo (IBSA, p. 26; 40, 2005-2009). 3.5 - A Bola A bola do Futebol de 5 emite um som de chocalho. Esse sistema deve ser interno a bola, para que ela não perca sua trajetória. Fora isso, deve ser esférica, de couro ou outro material adequado, ter circunferência mínima de 60 cm e máxima de 62 cm e ter um peso superior a 510 g e inferior a 540 g no início da partida (IBSA, p. 9, 2005-2009). 4 - Princípios dos sistemas táticos no futebol de 5 Independentemente do desporto coletivo, o sistema tático diz respeito à disposição dos jogadores no campo de jogo, onde deve se posicionar e qual a função deve desempenhar. Isso não é diferente no futebol de 5. A tática coletiva da equipe diz respeito à sua organização em quadra. Nela, cada jogador tem uma tática individual, na qual realiza uma função específica (BAYER, 1994). É comum uma equipe ter um sistema tático coletivo com o objetivo de fazer sobressair a técnica de determinado jogador. Acontece em diversos desportos e é muito perceptível no futebol de 5 (MORATO, 2007). Os jogadores em quadra podem atuar em quatro diferentes posições: goleiro, responsável por defender a meta, o único que pode enxergar; fixo, responsável pela marcação, tem como função impedir que os jogadores adversários finalizem à meta e é o jogador mais próximo ao goleiro; ala, que pode variar entre defensivo e ofensivo dependendo das qualidades do atleta, jogador geralmente mais versátil, tem como função auxiliar no ataque quando o time está com a bola e voltar para marcar quando está sem ela, joga próximo ao meio de quadra flutuando entre defesa e ataque;pivô, jogador mais ofensivo da equipe, geralmente o que tem maior capacidade de finalização, principal responsável nas investidas ofensivas. Os sistemas táticos no futebol de 5 são expressados por números, sem contar o goleiro, apenas jogadores de linha, assim como em outros desportos, como futsal e o futebol de campo. O primeiro número se refere à quantidade de jogadores mais próximos ao goleiro, ou seja, jogadores de defesa. Os números conseguintes dizem respeito a quantidade de jogadores nas camadas mais avançadas, sendo o último a quantidade de jogadores mais a frente. Por exemplo, 2-1-1 significa que são dois fixos, em uma mesma linha, um jogador mais a frente, podendo variar de lado ou até mais centralizado, normalmente um ala defensivo ou ofensivo e um jogador mais avançado, comumente um ala ofensivo ou um pivô. 5 - Metodologia O estudo foi realizado através de fotos tiradas de uma câmera digital Sony Cybershot, das 12 equipes da primeira divisão do Futebol de 5 durante a disputa da Copa Brasil de Futebol de 5 de 2012, realizada no mês de novembro em São Paulo, SP. Acompanhando a equipe da Urece Esporte e Cultura na função de auxiliar técnico em treinamentos, competições regionais e nacionais durante quatro anos, pôde-se observar que o sistema tático das equipes fica visível durante o arremesso de meta dos goleiros, seja ofensiva ou defensivamente. Partindo desta premissa, as fotos foram tiradas nestes dois momentos específicos, um no momento de um arremesso de meta do goleiro da equipe e outra no momento de um arremesso de meta do goleiro adversário. Como o objetivo do estudo é identificar e analisar os sistemas táticos iniciais das equipes, as fotos foram tiradas no início da partida, enquanto estava empatada no placar mínimo, zero a zero. Devido à impossibilidade estrutural do local da competição, as fotos não puderam ser mais panorâmicas. Por causa desse empecilho, esquemas em duas dimensões feitos em computador de todos os sistemas foram montados para melhor visualização, como é exemplificado na figura 1. Dessa forma, pôde-se observar o posicionamento tático ofensivo e defensivo, respectivamente. A partir destes esquemas, foram determinados os sistemas táticos utilizados pelas equipes, tanto ofensivos quanto defensivos, e foi feita uma análise sobre cada um, expondo seus pontos fortes e fracos e possíveis motivos para as equipes os utilizarem. (Fig. 1 – Exemplo de esquema em duas dimensões produzido em computador para melhor visualização dos sistemas táticos das equipes). 6 - Resultados e Discussão 6.1 - Sistemas Táticos Ofensivos Dentre as doze equipes estudadas, o sistema tático ofensivo mais comum foi o 2-2, utilizado por seis equipes; o sistema 3-1 foi usado por quatro delas e o 1-2- 1 por apenas duas, como pode ser obervado simplificadamente no gráfico 1. Isso se deu provavelmente devido à constante evolução técnico-tática das equipes. Como disse Morato (2007), a evolução dos sistemas táticos tem dificultado as investidas ofensivas individuais, o que há pouco tempo era muito comum. Os jogadores recebiam a bola do lançamento do goleiro e a conduziam em direção ao gol até finalizarem. A evolução dos sistemas defensivos e técnicas de marcação também tem dificultado muito esse tipo de investida. (Gráf. 1 – Demonstra a quantidade de equipes que utilizaram determinados esquemas ofensivos) 6.1.1 - Sistema Ofensivo 2-2 As equipes passaram a ter que encontrar alternativas para a quebra desses sistemas. Nesse contexto, Morato (2007) considera que o passe tem surgido como diferencial nas equipes e faz com que os defensores adversários se cansem mais e os atacantes menos. Conclui-se então que elas necessitam de mais de um jogador nas investidas ofensivas e é exatamente isso que mostra os dados da pesquisa, tendo a metade das equipes atuando com o sistema 2-2, que significa que são dois jogadores defensivos e dois ofensivos. Além disso, esse sistema faz com que o time adversário tenha que se preocupar com dois jogadores mais ofensivos, o que espalha um pouco mais a marcação, facilitando com que os atletas recebam a bola com menos jogadores o pressionando e possam dar início à jogada de ataque com mais espaço. Das seis equipes que utilizaram o sistema 2-2, todas utilizaram 2 fixos na formação, cinco delas tinham 2 alas e apenas uma equipe jogou com dois pivôs. Pode- se concluir que a presença de poucos pivôs nessa formação é devido justamente a evolução técnico-tática dos jogadores das equipes, como já foi mencionado anteriormente. Com defensores mais capacitados, torna-se mais difícil que a bola chegue com qualidade aos jogadores mais avançados. Sendo assim, as equipes atuaram com dois alas que iniciam as jogadas próximos a linha do meio de quadra. Isso faz com que a bola tenha que percorrer uma distância menor a partir do 0 2 4 6 8 2.2 3.1 1.2.1 Eq u ip es Sistemas Sistemas Ofensivos lançamento do goleiro e chegue com mais qualidade aos jogadores da equipe, que têm a oportunidade de iniciar uma jogada de ataque. 6.1.2 - Sistema Ofensivo 3-1 Em contrapartida, quatro equipes ainda utilizaram o sistema 3-1. Um motivo para o qual podemos atribuir este fato é a falta nessas equipes de jogadores mais habilidosos ou a presença de jogadores que tenham como característica principal a marcação. Essas equipes tem que adaptar seus respectivos sistemas táticos à qualidade e características específicas de seus jogadores. Esse sistema foi e é utilizado há bastante tempo e tem seus prós e contras. É um sistema bem sólido na defesa, com três jogadores na retaguarda, reduzindo muito a chance de um contrataque pegar a equipe desprevenida, porém sacrifica seu jogador mais ofensivo, que é o responsável por todas as jogadas de ataque de sua equipe, chegando muitas vezes ao fim do jogo com exaustão. Dentre as quatro equipes que utilizaram o sistema tático ofensivo 3-1, apenas uma equipe jogou com um ala avançado, sendo que as outras três jogaram com um pivô de referência. Como já dito anteriormente, quando trocam-se passes no ataque os defensores tendem a se cansar mais que os atacantes. Como no esquema 3-1 há apenas um jogador responsável pelas ações ofensivas da equipe, ele tende a se cansar mais que os defensores. Para contrabalancear isso, as equipes tendem a atuar com um pivô, que se posiciona mais próximo à meta. Existe a dificuldade de que a bola chegue a ele com qualidade, mas caso chegue, o jogador terá que se deslocar por uma distância curta até o gol, com isso se exaurindo mais tardiamente. Portanto, é necessário que a equipe tenha uma retaguarda mais protegida, o que explica os três defensores, pois o esquema dá brechas para interceptações do arremesso do goleiro, dando origem a contrataques. Tais equipes utilizam o sistema em prol da qualidade individual de um atleta. 6.1.3 - Sistema Ofensivo 1-2-1 Outro esquema que apareceu foi o sistema 1-2-1. Esse sistema foi utilizado por apenas duas equipes. Ele depende muito das características dos atletas da equipe que deve contar com um fixo, dois alas e um pivô de referência. Nele os alas desempenham os papeis ofensivo e defensivo, auxiliando o ataque quando sua equipe tem a posse de bola e voltando para marcar quando está sem ela. É um sistema mais ofensivo que deixa brechas para contrataques, pois caso haja uma ligação rápida haverá apenas um jogador defensivo para tentar deter o atacante. Normalmente, quando um dos alas sobe para apoiar o ataque o outro mantém uma posição mais defensiva. 6.2 - Sistemas Táticos Defensivos No que diz respeito aos sistemas táticos defensivos, os mais comuns foram o 1-2-1 e o 3-1, cada um sendo utilizado por quatro equipes diferentes. O sistema 2-2 foi utilizado por três equipese o 1-3-0 por apenas uma equipe, como se pode observar simplificadamente no gráfico 2. (Gráf. 2 – Demonstra a quantidade de equipes que utilizaram cada sistema defensivo) 0 1 2 3 4 5 1.2.1 2.2 3.1 1.3.0 Eq u ip es Sistemas Sistemas Defensivos 6.2.1 - Sistema Defensivo 3-1 Dentre as quatro equipes que utilizaram o 3-1 como sistema defensivo, três utilizaram o mesmo esquema ofensivamente. Pode-se atribuir isso às próprias características técnicas dos atletas das equipes ou ao simples fato de poupar o pivô da formação. Esse sistema conta com um jogador um pouco mais avançado, que se posiciona geralmente próximo a linha central da quadra, com o objetivo de cortar o passe ou o lançamento do goleiro e dar início a um possível contrataque rápido, e com três jogadores mais defensivos, que se posicionam de acordo com o posicionamento dos adversários na quadra de ataque. Uma vantagem desse posicionamento tático é o fato de se ter quase sempre uma vantagem numérica em relação aos atacantes adversários, que como dito anteriormente, atacam geralmente com um ou dois jogadores. Isso faz com que a tarefa dos adversários de chegar e finalizar à baliza se torne mais complicada. 6.2.2 - Sistema Defensivo 1-2-1 O esquema 1-2-1 defensivo foi utilizado por duas equipes que o utilizaram ofensivamente também e por duas outras equipes que utilizaram o sistema 2-2 como tática ofensiva. Nesse ultimo caso, pode-se observar a mudança de posicionamento de alguns jogadores em relação ao sistema ofensivo com o objetivo de deixar a marcação mais compacta. Nos dois casos um dos fixos se adiantou posicionando-se como um ala, com o objetivo de interceptar a bola. Um dos alas ofensivos retorna bastante e o outro se posiciona próximo a linha do meio de quadra. O lado bom desse sistema é que a equipe também fica com três defensores, como no sistema 3-1, já que um dos alas volta para fazer esse papel, e há a possibilidade de uma interceptação do lançamento, originando um possível contrataque com a defesa adversária desprotegida. Essa tática exige muito sincronismo entre os defensores, que precisam se comunicar a todo o momento e ouvir muito bem as instruções do goleiro, pois se a bola não for interceptada os dois defensores mais avançados devem voltar fazendo a cobertura da jogada. 6.2.3 - Sistema Defensivo 2-2 Outro esquema defensivo que algumas equipes adotaram foi o 2-2. Dentre as três, duas delas o utilizaram ofensivamente também e uma utilizou o sistema 3-1. Pôde-se observar que no posicionamento defensivo, as equipes adotaram uma postura mais compacta do que quando a equipe está posicionada ofensivamente, com os alas próximos ao meio de quadra com o intuito de uma recuperação a partir de um lançamento. Essa tática foi adotada contra equipes que utilizaram apenas um jogador mais ofensivo. Isso ocorreu devido ao fato que o principio tático defensivo no futebol de 5 é a vantagem numérica, possuindo mais jogadores na defesa do que o adversário possui no ataque (MORATO, 2007). Em determinadas circunstâncias esse esquema é de grande valia, pois é firme na defesa e possibilita uma ligação rápida oportunizando um contrataque. Caso seja necessário um dos alas recua fazendo a cobertura da jogada. 6.2.4 - Sistema Defensivo 1-3-0 O sistema 1-3-0 surgiu em apenas uma equipe. Muito provavelmente ele foi utilizado devido a circunstâncias de jogo. O esquema é composto por três jogadores pouco mais a frente do fixo. Dessa forma, a chance de recuperar a bola a partir do lançamento aumenta e caso isso não ocorra, um ou mais jogadores recuam para dar suporte defensivo. É mais exposto dos que os demais esquemas. 7 - Conclusão Após a análise dos dados coletados, pode-se afirmar que as equipes que disputaram a Copa Brasil de Futebol de 5 série A de 2012 utilizaram três diferentes sistemas ofensivos, sendo o 2-2 utilizado por uma quantidade maior de equipes. Em contrapartida, foram quatro sistemas defensivos utilizados pelas equipes, com o 1-2- 1 e o 3-1 utilizados por quatro equipes cada. Conclui-se então que o desporto ainda passa por uma evolução tática, pois há algum tempo era mais comum ver equipes baseando seus esquemas e investidas ofensivas em apenas um jogador e em jogadas individuais. O estudo mostrou que as equipes tem se organizado com mais de um jogador à frente, no total foram oito equipes, sendo seis utilizando o 2-2 e duas o 1-2-1, mostrando o desenvolvimento tático constante do esporte. Entretanto o estudo mostrou algumas limitações. É comum que as equipes armem seus esquemas em relação ao adversário, portanto os sistemas táticos fotografados podem ter sido utilizados em apenas um jogo, por exemplo. Em relação aos esquemas táticos defensivos é ainda mais comum, ocorrendo muitas variações ao longo da partida e do campeonato. Sendo assim, sugere-se estudos futuros que abranjam todas as partidas do torneio, assim como em diferentes momentos da partida, com o intuito de minimizar esses fatores e encontrar e discutir a cerca dos reais sistemas táticos mais utilizados pelas equipes. Referências bibliográficas BAYER, C. O ensino dos desportos coletivos. Lisboa: Dinalivro, 1994. CASTELLI, D.P. e FONTES, M. S. Futebol Paraolímpico: Manual de Orientação para Professores de Educação Física. Brasília: Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006. CBDV. Futebol de 5. Disponível em: <http://cbdv.org.br/pagina/futebol-de-5>. Acessado em 22 de abril de 2013. IBSA. Football – General Information. Disponível em: <http://www.ibsa- sports.org/sports/football/>. Acessado em 22 de abril de 2013. ____. Regras de Futsal 2005-2007. Disponível em: < http://urece.org.br/site/wp-content/uploads/2012/02/Regras_Futebol.pdf>. Acessado em 18 de fevereiro de 2013. ITANI, D. E. Futebol de cinco: um esporte possível para cegos. Trabalho de Monografia. Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 2005. KISS, M.A.P.D. e BÖHME, M. T. S. Laboratório de Desenvolviemento Esportivo: LADESP. Rev. paul. Educ. Fís., v.13, p.62-68, São Paulo, Dez 1999. MORATO, M. P. Futebol para cegos (futebol de cinco) no Brasil: leitura do jogo e estratégias tático-técnicas. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 2007. PAYNTER, J. Sound and Strucuture. Cambridge. Cambridge University Press, 1992. RINALDI, W. FUTEBOL: MANIFESTAÇÃO CULTURAL E IDEOLOGIZAÇÃO. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 11, n. 1, p. 167-172, 2000. TELES, S. L. O Gesto Pianístico na Iniciação ao Piano: Um Estudo Exploratório. Escola de Música da UFMG. Belo Horizonte, 2005. URECE Esporte e Cultura. Futebol para Cegos. Disponível em: < http://urece.org.br/site/esportes/futebol-para-cegos/>. Acessado em: 22 de abril de 2013.
Compartilhar