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Unidade III - O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar

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Prática de Ensino 
em Arte II
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Solange dos Santos Utuari Ferrari
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
• Introdução
• Leis, Conquistas e Lutas 
• Vamos à Ação Educativa? 
• Leitura de Imagem Multissensorial 
• Oficina Multissensorial
• Atelier de Arte 
• Oficina de Escultura 
• Oficina de Pintura 
• Oficina de Dança e Teatro
• Para Pensar e Agir na Prática da Educação Inclusiva
 · Apresentar conceitos e fundamentos sobre o ensino de Arte voltado 
para o estudo da questão da inclusão escolar;
 · Conhecer as etapas de elaboração de projetos de trabalho didático 
com foco no ensino de Arte em realidades de inclusão escolar;
 · Apresentar exemplos de ações educativas em Escolas, Institui-
ções e Museus no atendimento ao público com necessidades
educativas especiais; 
 · Analisar as problemáticas sobre exclusão e inclusão, integração
e marginalização;
 · Discutir Arte, educação e formação de currículo com foco no direito 
à inclusão educacional e social;
 · Aprender a elaborar projetos de trabalho didático para a prática de 
ensino de Arte para públicos com necessidades educativas especiais. 
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Ensino de Arte e Questão
da Inclusão Escolar
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
Contextualização
Desde 1996, a questão da educação inclusiva vem sendo discutida de modo 
mais amplo pela sociedade. Existem muitas propostas para a educação inclusiva, 
no entanto, há problemas na infraestrutura da Escola, na formação de educadores, 
na orientação das fam, que comprometem diretos e qualidade de trabalho, entre 
outras problemáticas. 
Os professores, de modo geral, precisam se preparar bem para criar propostas 
e projetos que atendam às necessidades dos alunos portadores de deficiência, 
dificuldades de aprendizagem e situações sociais de risco, pois esse profissional 
poderá vir a trabalhar em diferentes realidades e instituições, além de lidar com 
muitas singularidades, haja vista que os alunos podem apresentar muitas questões, 
tais como: deficiência visual, auditiva, motora e cognitiva, entre outras situações, 
além das questões sociais, que também são excludentes. 
O ensino de Arte pode ser um espaço para a construção do conhecimento sobre 
acervos culturais e artísticos, como também pode se constituir em momentos de 
expressão em linguagens da Arte e desencadeador de processos de criação. 
Sugerimos que você leia a reportagem: BIBIANO, Bianca. A classe vira ateliê: diversidade de 
materiais e reorganização da sala ajudam a levar para a turma o mesmo espaço de criação 
dos artistas. Revista Nova Escola, abr. 2009. Disponível em: https://goo.gl/qdGt2l. Acesso em: 
10 out. 2016.
E para ampliar seus saberes sobre a educação inclusiva, indicamos, ainda, que você leia o texto 
da Declaração de Salamanca, disponível em: https://goo.gl/aJbxeD. Acesso em: 10 out. 2016.
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Sugerimos, também, que você assista ao filme Somos Todos Diferentes/Como Estrelas Na 
Terra. Título Original Taare Zameen Par. Direção: Aamir Khan / Amole Gupte. País de Origem: 
Índia. Ano lançamento: 2007. Duração: 165 minutos. 
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E, por fim, leia o texto teórico e pesquise sobre ações educativas em Arte voltadas 
para a questão da inclusão escolar.
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Introdução
Figura 1 - Norman Rockwell. O problema que todos vivemos com. Ano 1964.
Óleo sobre tela. Dimensões: 91 cm x 150 cm (36 pol x 58 pol)
Fonte: Wikimedia Commons
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia 
viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas 
pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!
Eu Tenho Um Sonho – Discurso de Martin Luther King Jr.
Fonte: https://goo.gl/fv6U6r
Nesta unidade, a proposta é estudar sobre o ensino de Arte voltado para a 
questão da educação inclusiva. 
Vamos começar com uma reflexão: 
 » Qual a sua visão sobre os temas: exclusão/inclusão e integração/
marginalização?
Para compreender esses temas é preciso fazer um estudo sobre os contextos 
históricos e sociais dos últimos tempos. No decorrer do século XX, e ainda na 
atualidade, muitos movimentos políticos e sociais ergueram bandeiras para defender 
a construção de uma sociedade democrática e emancipadora, baseada no respeito 
aos direitos humanos. Porém, esses movimentos encontraram resistência por parte 
da sociedade, que ainda defende a segregação e a desigualdade, tanto social e 
cultural quanto educacional.
Observe a imagem acima. A pintura, criada em 1964, com o titulo O problema 
que todos vivemos com, por Norman Rockwell (1894-1978), mostra uma criança 
afrodescente estadunidense; trata-se de Ruby Bridges(1954) que, em 1960, tinha 
apenas seis anos de idade.
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
Era época da segregação racial nos Estados Unidos da América e a pequena 
Ruby teve de ir para escola escoltada por agentes do Governo para que não sofresse 
violência e tivesse seu direito garantido. 
Repare que existem marcas de objetos que são atirados em direção à menina 
por agressores, representados na obra por manchas e por palavras hostis escritas 
na parede. É como se os agressores estivessem no lugar do observador da obra. A 
pintura não mostra os rostos dos agentes, talvez para mostrar que a Lei é direito de 
todos, sem distinção. Não permitir o acesso de qualquer criança à escola, seja lá qual 
for a causa motivadora dessa segregação, é um ato de exclusão e marginalização. 
Segregação é um processo de afastamento em que pessoas ou grupos são proibidos de ter 
contato físico ou social com outras pessoas. Muitos fatores podem provocar a segregação, no 
entanto, a causa mais conhecida em várias partes do mundo é o preconceito, que discrimina 
os indivíduos em função de fatores étnicos raciais, sociais, culturais, políticos ou econômicos. 
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Quando pensamos nas palavras exclusão/inclusão e integração/marginali-
zação e seus significados, somos remetidos a inúmeras problemáticas e questões 
que, ao longo da História, marcaram a vida de muitas pessoas. 
A questão da educaçãoinclusiva não está ligada apenas a um grupo de pessoas; 
ela abrange um conceito muito mais amplo como, por exemplo, a preocupação 
com o preconceito por motivo de origem étnica racial, religiosa, gênero, cultural, 
social ou cognitiva, mobilidade ou habilidade no caso de pessoas portadoras de 
alguma deficiência. 
A palavra exclusão está associada a não permissão ou desqualificação do 
sujeito, ou seja, há pré-julgamento no qual se determina que uma pessoa ou grupo 
não tem o direito de estar ou de fazer parte de um processo, seja ele educacional, 
profissional, social ou outro qualquer. 
Nesses casos, acontece também a marginalização, ou seja, o indivíduo fica à 
margem de seus direitos. No caso da escola, existem muitas argumentações para 
tentar justificar tanto preconceito: “a criança não acompanha”, “não temos vagas, 
recursos ou preparo para atender”, “alunos com esses problemas podem atrapalhar 
o rendimento de outras crianças ou o desempenho de notas da Instituição Escolar”, 
e assim seguem muitas falas preconceituosos que mobilizam a marginalização de 
milhares de crianças e jovens, por muitos motivos. 
Embora exista Legislação para garantir o direito de uma criança ou jovem de ir 
à escola, como no caso da pequena Ruby, é preciso que se faça valer a Lei. 
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Leis, Conquistas e Lutas 
 
Figura 2 - O bailarino Marcos Abranches no solo “Corpo sobre Tela” (espetáculo de dança),
inspirado na vida e obra do pintor irlandês Francis Bacon
Fonte: funarte.gov.br
Eu sou aquela mulher
a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida
e não desistir da luta,
recomeçar na derrota,
renunciar a palavras
e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos
e ser otimista.
Creio na força imanente
que vai gerando a família humana,
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana,
na superação dos erros
e angústias do presente.
Aprendi que mais vale lutar
do que recolher tudo fácil.
Antes acreditar do que duvidar.
Poema Mulher de Cora Coralina
Fonte: https://goo.gl/dya4vf
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
Todo direito só é conquistado e legitimado com lutas e Leis. Algumas vezes, 
as lutas acontecem em mobilizações de grupos de pessoas unidas por uma causa 
ou ideal; por outras, por pessoas que são exemplos de luta. Na imagem, vemos 
o bailarino Marcos Abranches, no espetáculo de dança Corpo sobre Tela. Esse 
artista tem paralisia cerebral; ele sofreu complicações no parto e nasceu prematuro, 
o que ocasionou a sua condição. 
Marcos Abranches diz que a sua deficiência não o atrapalha em seguir vivendo 
e fazendo Arte. Critica quem vê as pessoas com deficiência com olhar de dó ou 
preconceito. Esse artista quer ser um exemplo de luta pelo respeito à dignidade e 
direitos da pessoa com deficiência. No poema Mulher, de Cora Coralina, lemos a 
mensagem de esperança e perseverança na luta por uma sociedade melhor. 
E você, por quais causas luta? Quais as manifestações e lutas para garantir 
educação inclusiva que você conhece? 
Vamos fazer aqui um breve estudo sobre essas questões, mas como a Educação 
está sempre em transformação, será preciso estar atento(a) aos debates da 
atualidade. No passar dos anos, muitas conquistas foram realizadas. 
Em 1988, garantiu-se, na Constituição da República, que todo cidadão 
brasileiro tem direito a se desenvolver livre de qualquer preconceito, seja em 
função de sua origem, etnia racial, gênero sexual, idade, religião ou quaisquer 
outras formas de discriminação. 
Ficou garantido, também, que toda criança e jovem tem direito à escola e ao 
acesso às áreas de conhecimento, tais como o domínio de todas as linguagens 
(língua pátria, estrangeiras e artísticas) e ao desenvolvimento cientifico, humanístico 
e esportivo. 
No ano de 1989, foi implementada a Lei nº 7.853/89, que considera crime 
“recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por 
causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou 
privado”. Inclusive, as pessoas que cometerem tal infração serão processadas e 
presas, se for o caso. 
Já em 1990, ficou estabelecida a garantia de que toda criança ou jovem 
da Educação Básica tem direito à igualdade de condições para o ingresso e a 
permanência na Escola e que no caso de atendimento especializado a alunos com 
necessidades educativas especiais, esse atendimento educacional especializado 
deve ser na própria Escola, a fim de incluir todos no Sistema de Ensino Nacional. 
Esses direitos foram expressos no Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), aprovado pelo Congresso Nacional nesse mesmo ano e publicado na 
Lei Federal nº 8069.
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Em 1994, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou uma resolução 
que apresenta princípios políticos e educacionais para a educação especial em 
todo mundo. Embora não tenha efeito de Lei, essa resolução, que ficou conhecida 
como a Declaração de Salamanca, orienta os países a resolverem seus problemas 
internos em relação à educação inclusiva. 
O texto divulgado na Declaração de Salamanca traz em seu conteúdo 
encaminhamentos para criar políticas de inclusão em várias situações como, por 
exemplo, oferecer atendimento especializado para as crianças que foram impedidas 
de frequentar a Escola em função de serem exploradas no trabalho infantil, abuso 
sexual ou discriminação por serem pobres, por dificuldades de aprendizado ou 
pertencentes a grupos étnicos raciais. 
Leia um trecho da Declaração de Salamanca:
 » Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a ela a oportunidade 
de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
 » Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de 
aprendizagem que são únicas;
 » Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam 
ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais 
características e necessidades;
 » Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, 
que deveria acomodá-los dentro de uma pedagogia centrada na criança, capaz de 
satisfazer a tais necessidades;
 » Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais 
efi cazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, 
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, 
tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a 
efi ciência e, em última instância, o custo da efi cácia de todo o sistema educacional.
A Declaração de Salamanca orienta que as crianças e jovens que têm defi ciências devem 
ter acesso à Escola em processo de inclusão escolar e de atendimento especial. 
Disponível em: https://goo.gl/1vu1CT. Acesso em: 10 out. 2016. 
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O ano de 1996 foi muito importante para vários segmentos da Educação e, 
em especial, para a educação inclusiva. Nesse ano a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional (LBD) estabeleceu que o atendimento especializado pode 
ocorrer em classes ou em escolas especiais, quando não for possível oferecê-lo 
na escola comum, mas que toda criança ou jovem tem direito de se matricular na 
Escola de Educação Básica. 
Em 2000, mais conquistas foram implantas com as Leis nº10.048 e nº 10.098, 
que ofereceram a garantia do acesso livre e irrestrito a qualquer local público de 
pessoas com dificuldade de mobilidade ou outra qualquer. 
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
Nesse sentido, os edifícios devem ser adequados à acessibilidade e à mobilidade. 
Os meios de transporte também foram obrigados a ter condições de acesso e ficou 
estabelecido, ainda, que todos os meios de comunicação e redes de Informação 
Tecnológica têm de se preocupar em garantir acessibilidade a todos. 
Assim, você pode observar que em muitos prédios encontramos rampas ou 
elevadores adequados. Também há tradução em linguagem de sinais em alguns 
programas ou propagandas. Algumasembalagens trazem a linguagem em Braille 
e computadores e aparelhos celulares também têm funções para acessibilidades. 
Porém, ainda estamos longe de garantir o acesso a todos os portadores de 
deficiência do país. Encontramos edifícios e meios de transporte sem as devidas 
adaptações e o Sistema de Comunicação nem sempre tem preocupação efetiva 
com esse público. 
Outra importante conquista aconteceu em 2003, com a alteração da Lei de 
Diretrizes e Bases nº 9 394/96, que foi modificada pela Lei nº 10 639/03, que 
estabelece, em seu Art. 26-A que, nos estabelecimentos de Ensino Fundamental 
e Médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e 
Cultura afro-brasileira. 
No § 1º dessa mesma Lei, ficou estabelecido, também, que o conteúdo 
programático a que se refere o caput desse artigo incluirá o estudo da História 
da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e 
o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo 
negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. 
Essa Lei também garante, em seu § 2º, que os conteúdos referentes à História e 
à Cultura afro-brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em 
especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História brasileiras e no 
Art. 79-B. fica garantido no calendário escolar a inclusão do dia 20 de novembro 
como o “Dia Nacional da Consciência Negra”.
Em 2008, a Lei nº 11 645 é sancionada e propõe a introdução no currículo da 
Escola dos diversos aspectos da História dos Povos Indígenas no Brasil, além do 
que a Lei nº 10 639/03 já garantia. 
No entanto, 2016 é um ano em que se discute a reforma em vários níveis 
da Educação, principalmente no Ensino Médio. Há muitas críticas em relação a 
essas mudanças que podem comprometer a educação inclusiva e os recursos para 
o desenvolvimento da Educação como um todo. É importante acompanhar os 
debates, mudanças e se posicionar. Como a Educação inclusiva ainda não está 
totalmente garantida em nossa sociedade, muita luta há pela frente. 
Investigue mais sobre as leis e os documentos que marcaram a história da educação 
inclusiva. Vimos que esses debates, questionamentos e conquistas aconteceram 
com maior intensidade a partir de 1988, apesar de ser uma luta muito mais antiga; 
no entanto, essas lutas sempre irão existir enquanto houver preconceito que leve à 
exclusão e marginalização de pessoas. 
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Educação Inclusiva e Atualidade 
Estude a história e não se esqueça de estar sempre atento(a) aos debates atuais. No site do 
Senado Federal, há um link em que os cidadãos podem dar sua opinião sobre os projetos que 
tramitam para aprovação e mudanças nas Leis do nosso país.
Acesse o endereço disponível em: https://goo.gl/LYDdj4. Acesso em: 10 out. 2016. 
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Vamos à Ação Educativa? 
O Tema Aqui é a Arte na Educação Inclusiva
 
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
A cada finalização de debate teórico, oferecemos propostas para você am-
pliar seu repertório cultural e didático, além de expandir sua reflexão sobre o 
tema estudado e relacionar teoria à prática docente. Os projetos aqui sugeridos 
seguem a metodologia de Projetos de Trabalho Didático, que sempre preve-
em as seguintes proposições: 
 » Fazer sondagens para perceber os interesses e necessidades dos alunos, além 
de compreender as diretrizes do trabalho e todo o processo de elaboração, 
gestão e avaliação de um projeto de ação educativa; 
 » Pesquisar sobre procedimentos metodológicos e conceitos que serão 
fundamentais para o desenvolvimento do projeto; 
 » Escolher linguagens artísticas e conceitos para serem trabalhados no projeto;
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
 » Organizar tempo, espaço e preparar os materiais necessários;
 » Estabelecer parcerias com os alunos e ser um gestor de projetos; 
 » Estabelecer critérios e procedimentos para avaliar não apenas o desempenho 
dos alunos, mas todo o andamento do projeto. 
Vimos que a educação inclusiva pode estar associada a muitos contextos e 
realidades. Alunos com necessidades educacionais especiais podem precisar de 
distintas ações educativas, pois cada aluno apresenta uma história e situação como, 
por exemplo, crianças com deficiência visual, auditiva, cadeirantes ou cognitiva 
(que envolvem questões de aprendizagem). 
Para ampliar seus saberes didáticos, seguem ideias de oficinas e ações educativas 
para diferentes públicos. 
Leitura de Imagem Multissensorial 
 
Figura 4 - Programa PEDE – Programas Educativos Públicos Especiais
Fonte: arcomodular.com.br
A maneira de ver o mundo de uma pessoa cega é pela percepção tátil, auditiva, 
olfativa ou paladar. A multissensorialidade é um aspecto explorado cotidianamente 
pelos alunos que possuem essa deficiência. 
A palavra multissensorialidade se refere a situações em que usamos dois ou 
mais estímulos sensoriais. No ensino de Arte, podemos também descobrir muitas 
possibilidades de trabalho a partir da multissensorialidade. 
O método multissensorial de aprendizado de leitura de imagem já é usado por 
muitos museus e instituições culturais.
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Figura 5 - Qualquer exemplo de imagem de Arte impressa com a tecnologia Tactography
Fonte: wesmile.it
Até fotografias podem ser apreciadas pelo tato. Uma experiência com leitura 
tátil de fotografias aconteceu em 2010, no Museu da Imagem e Som (MIS). 
Durante a exposição De Fotografia à Tactography, o público com deficiência 
visual pode apreciar as imagens tocando as fotografias com as mão, graças à 
tecnologia de Tactography. Essa tecnologia permite imprimir em alto-relevo as 
imagens fotografadas. Com um escâner especial capaz de mapear as proporções 
e a profundidade de uma imagem fotografada, é possível conseguir imagens 
impressas que podem ser apreciadas por todos pela visão ou, no caso das pessoas 
com deficiência visual, pelo tato. A fotografia é uma linguagem tão utilizada na 
Arte, meios de comunicação e cotidiano e também pode ser acessível para pessoas 
com deficiência visual. 
Na exposição que aconteceu no MIS, em 2010, o fotógrafo brasileiro Gabriel 
Bonfim, autor das fotografias que foram expostas, disse que preferiu produzir 
as imagens em relevo na cor branca. Essa atitude teve como intenção chamar a 
atenção das pessoas que não tem a deficiência e também proporcionar situação 
mais igualitária.
Veja o que ele disse em entrevista na época: 
Eu aumento o nível de percepção com o relevo para quem é deficiente 
visual e pinto de branco para diminuir a percepção de quem enxerga. 
Com isso eu consigo duas coisas: primeiro, igualar todo mundo no 
mesmo patamar e, segundo, para perdermos essa ignorância de achar 
que o mundo deles [deficientes visuais] é totalmente escuro, que não 
conseguem fazer nada, que estão perdidos e que são apenas uma parte 
‘deixada’ da sociedade.
Gabriel Bonfim, em entrevista para o canal Youtube. Disponível em: https://goo.gl/74YKRH. Acesso em: 10 out. 2016).
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
Figura 6 - Exposição em 3D permite sentir a imagem na ponta dos dedos
Fonte: https://goo.gl/R49RbN
Outra iniciativa e proposição de apreciação de imagens pelo toque tem acontecido 
em várias instituições no Brasil, a partir dos estudos e metodologias desenvolvidas pela 
professora Amanda Tojal, que vem pesquisando há alguns anos sobre a apreciação de 
obras de Arte por meio de vários estímulos e ambientes multissensoriais. 
Em sua pesquisa teórica, metodológica e museológica, Amanda Tojal propõem 
aos visitantes de museus a integração entre público, espaço e obra artística. Os 
estudos sobre as questões cognitivas, sensoriais e motoras voltadas para esse 
público com necessidades especiais também fazem parte de suas preocupações. 
Nas visitas e oficinas propostas em museus em que vem trabalhando ou 
prestando assessoria, Amanda Tojal desenvolveu, em parceria com vários 
profissionais, materiais adaptados emalto relevo, com texturas e, em alguns 
casos, com peças para montar, recursos auditivos e olfativos com gravações de 
sons e objetos com aromas. 
Em 1997, durante a exposição O toque revelador: retratos e autorretratos, 
crianças portadoras de deficiências visuais puderam participar de jogos de quebra 
cabeça, em que os cortes foram feitos a partir do traçado do artista. Também esta-
vam disponíveis na sala de exposição materiais em alto relevo para serem tocados. 
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Figura 7 - Tropical. Data de Aquisição: 1929. Técnicas e Dimensões: óleo sobre tela, 77 X 102
Fonte: MALFATTI, Anita
Outro projeto com a participação e pesquisa de Amanda Tojal vem acontecendo 
na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com o título “Programa Educativo para 
Públicos Especiais (PEPE)”, que tem como propósito especial abrir espaço 
para a apreciação do acervo desse importante museu brasileiro a pessoas com 
necessidades especiais. 
O programa desenvolve propostas de acessibilidade para grupos de pessoas 
com deficiências sensoriais, físicas, intelectuais e transtornos mentais. Há mediação 
feito em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e os visitantes podem tocar obras na 
linguagem da escultura da Galeria Tátil de Esculturas Brasileiras. Também foram 
desenvolvidos vários materiais em relevo e jogos para possibilitar experiências 
estéticas aos visitantes no encontro com o acervo desse museu. 
Na leitura da imagem Tropical, de autoria da artista brasileira Anita Malfatti 
(1889-1964), por exemplo, o público pode percorrer os traços da artista com o 
toque dos dedos em uma réplica em alto relevo, feita em placa de resina, e também 
sentir o aroma das frutas retratadas por meio de essências.
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
Figura 8 - Bananal. Data de Aquisição: 1928. Técnicas e Dimensões: óleo sobre tela, 87 X 127 
Fonte: SEGALL, Lasar
Em exercícios de apreciação de imagem a partir da obra Mestiço, do artista 
Candido Portinari (1903-1962), os visitantes podem, além de também tocar uma 
réplica em placa de resina, participar de um jogo em que o público entra literalmente 
na pintura, por meio de um material preparado especialmente para essa experiência 
multissensorial. Nessas experiências, a linguagem do teatro também é trabalhada. 
Figura 9
Fonte: Wikimedia Commons
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Na exposição sentir para ver, os visitantes, de modo geral (com deficiência 
ou não), podiam ver e tocar réplicas de obras de Arte do acervo da Pinacoteca do 
estado de São Paulo. 
Observe que há possibilidades de sentir os traços dos artistas e também perceber 
os relevos e texturas de uma paisagem, natureza morta ou retratos. 
Ofi cina Multissensorial
A proposta é criar estímulos táteis, sonoros e olfativos a partir de imagens de 
obras de Arte:
 » Podemos começar por escolher uma obra de Arte;
 » Observe a imagem e veja qual potencial ela possui (tátil, sonoro, olfato ou todos); 
 » Sobre uma imagem impressa, cole cordões e materiais com texturas;
 » Grave sons que possam ter relações com a imagem;
 » Recorte uma imagem de uma obra de Arte a partir dos traços do artista 
(contornos) e crie um quebra cabeça a partir deles. Use material em relevo 
para estimular a percepção de alunos com deficiência visual;
 » Escolha essências com aromas que possam estimular a percepção da imagem 
para que não tem o recurso, entre outras possibilidades;
 » A linguagem do teatro também pode ser trabalhada a partir do que a imagem 
de uma obra de Arte pode provocar. Amanda Tojal chama esse exercício de 
quadro vivo. Veja exemplo a seguir.
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
Figura 10
Fonte: Wikimedia Commons
Veja exemplos de obras multissensoriais em https://goo.gl/Y2aVGV
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Para saber mais sobre o trabalho de Amanda Tojal, sugerimos que você assista ao 
Documentário O toque revelador. Direção: Andréa Marques Barbosa. Projeto: O Museu e a 
Pessoa Deficiente. Coordenação: Amanda Tojal. Realização/Produção: Universidade de São 
Paulo e Museu de Arte Contemporânea, São Paulo. Ano de produção: 1997. Duração: 9’. 
Disponível em: https://goo.gl/6nFGIp
Leia também o material em PDF disponível em: https://goo.gl/Cu98Ai
Nesse documentário, Amanda Tojal relata que a base teórica desse projeto se alicerçou na 
Abordagem Triangular do ensino da Arte, preconizada por Ana Mae Barbosa, em que temos 
como foco de trabalho os três eixos: 
 » Leitura e apreciação da Arte;
 » Fazer artístico;
 » Contextualização de conhecimentos estéticos, históricos e socioculturais. 
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Atelier de Arte 
Quando trabalhamos com portadores de necessidades especiais, é importante 
oferecer situações de aprendizagem multissensoriais e também condições para 
desenvolver a autonomia. 
Nesse sentido, é preciso adaptar o ambiente para acessibilidade, colocar o 
material a ser usado em local que o aluno possa pegar e depois guardar. Por 
exemplo, se as crianças são cadeirantes, o local de acesso aos materiais devem ser 
mais baixo, na altura adequada. No caso de haver crianças com deficiência visual 
no grupo de alunos, será importante colocar legendas em Braille. O professor pode 
pesquisar a tradução da palavra na Internet e depois fazer as marcar com uma 
agulha de costura sobre uma placa de papelão ou usar tinta de relevo para fazer as 
marcas sobre uma placa de papel. 
Também é importante pensar na mobilidade no espaço do atelier. O educador 
deve observar a distância entre uma mesa e outra, entre as cadeiras e os outros 
móveis etc., além de cuidar para que no espaço não haja materiais cortantes ou 
pontiagudos. 
Nesse espaço, é importante deixar vários materiais em relevo com texturas 
e que sejam estimulantes para questões multissensoriais, como sons e essências 
aromáticas, além de cores e variedades de formas. 
No caso de alunos com questões cognitivas ou com transtorno e dificuldades de 
aprendizagem, tais como autismo, dislexia ou deficiência mental, o melhor é deixar 
o ambiente com várias imagens de obras de Arte e bem colorido. 
Você pode separar os materiais por cores, como, por exemplo, o setor verde, 
pode ser aquele em que ficam os pincéis, o setor amarelo, no qual ficam as tintas, e 
assim por diante. O ideal é que o ambiente seja agradável e seguro e que os alunos 
se sintam motivados a criarem. Em um espaço seguro e motivador, o professor 
poderá desenvolver muitas oficinas.
Ofi cina de Escultura 
Será importante apresentar imagens de obras de escultores para nutrir o 
repertório dos alunos; fale também sobre o fato de existirem diferentes maneiras e 
materiais para criar esculturas. 
A escultura é uma forma de representação e expressão tridimensional de um 
objeto em diversos materiais e são manifestações artísticas muito antigas; porém 
ainda muito utilizadas. Os escultores podem usar diferentes processos entre o ato 
de esculpir, modelar, construir, juntar.
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
Esse tipo de oficina é bastante apropriado para trabalhar com alunos de diferentes 
necessidades. No entanto, no caso dos alunos com deficiência visual, o trabalho 
para estimular a percepção de materiais e objetos tridimensionais é fundamental. 
Algumas ações podem ser interessantes, como, por exemplo, oferecer aos 
alunos materiais como blocos de gesso e colheres para esculpir (nunca podemos 
usar materiais pontiagudos e nem cortantes). Argila ou massinha para modelar, 
objetos (embalagens de papel por exemplo e fitas adesivas) para construir e juntar 
e criar. A proposta em um projeto como esse é que o professor sempre pesquise e 
encontre o material adequado para sua turma de alunos e sua realidade. 
Oficina de Pintura 
 Nesta oficina, podemos propor aos alunos que criem suas próprias tintas, como, 
por exemplo, a tinta aquarela caseira. A aquarela é um material transparente que 
oferece ótimo efeitos e leveza no traço. Por suas características, esse material é 
muito usado em processos de Arte terapia. A aquarela também pode ser interessantepara trabalhar com alunos com dificuldades de aprendizagem e questões cognitivas. 
Para criar essa tinta, podemos utilizar o seguinte processo: o professor pode 
orientar os alunos a colocarem em um copo de plástico descartável 1 colher de 
goma arábica (vendida em papelarias) e 5 gotas de anilina comestível (usada em bolos 
e doces), na cor de sua preferência. Basta misturar e está pronta sua tinta aquarela.
Outra informação importante é dizer aos alunos para repetir esse procedimento 
com outras cores. Não há necessidade de fazer a cor branca: deixe sem pintar as 
partes do papel para representar as áreas mais claras. 
É importante também dizer aos alunos que essa tinta é solúvel em água. Assim, 
eles podem utilizar esse tipo de solvente (não tóxico), pois é possível diluir a tinta e 
conseguir várias nuances de cores entre tons claros e escuros.
Os alunos podem fazer várias experiências para que percebam o material, como, 
por exemplo, colocar mais água para a tinta ficar clara ou acrescentar menos, para 
conseguir os tons mais escuros e intensos. 
As possibilidades de criar imagens com aquarela são infinitas e o que importa 
é que os alunos se expressem em suas poéticas pessoais. Vale lembrar que os 
professores precisam conhecer o público com o qual trabalham e as etapas do 
processo de criação dos alunos.
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Ofi cina de Dança e Teatro
O fato de os alunos não poderem andar ou se movimentar plenamente não 
significa que não possam se expressar com seus corpos na Artes Cênicas (dança 
e teatro). 
Vimos que o artista Marcos Abranches, mesmo com paralisia cerebral, não 
deixa de se expressar na Arte da Dança. Também observamos que o teatro pode 
ser usado na leitura de imagens no exercício de quadro vivo, proposta de Amanda 
Tojal. Assim, nesse tipo de atividade, é importante que o professor pesquise e 
crie situações de aprendizagem em que os alunos também possam se expressar 
corporalmente, mesmo com limitações motoras ou outras deficiências e demandas. 
Uma proposta é trabalhar com modelagem corporal. O professor pode propor 
aos alunos que façam dois grandes círculos, um interno e outro externo; que 
formem duplas, com cada um posicionado de frente para o outro. 
Os participantes do círculo interno serão as “estátuas” a serem “modeladas” e 
os do círculo externo serão os “mestres” e deverão “modelar” o corpo dos colegas.
Um aluno ficará à disposição do outro, que irá modelá-lo. O “modelo” deverá 
mexer o corpo do outro aluno para que mova pernas, braços, cabeça, dedos, 
expressão facial... Depois que um foi a “escultura modelada” e o outro o “artista’’, 
o professor pode trocar as funções (quem fez o “artista” será agora a “escultura”). 
Outra ideia é trabalhar com o conceito de corpo tridimensional. Nesse caso, 
o professor pode solicitar aos alunos que dancem livremente ao som de uma 
música (dentro de suas possibilidades, mesmo no caso de cadeirantes, eles podem 
movimentar os braços, mãos, cabeça...). 
Nesse exercício, será fundamental que os alunos mexam o corpo fazendo 
diferentes movimentos. O professor pode propor que os alunos percebam e 
acompanhem o ritmo. Conversar sobre a questão de que o corpo é tridimensional, 
que possui largura, altura e profundidade e que tem potencial para expressar gestos 
e poses, além da questão que esse corpo ocupa um espaço é importante para que 
os alunos percebam as possibilidades de expressão do seu próprio corpo e que 
também superem tabus e preconceitos por parte de todos os alunos envolvidos 
nesse tipo de dinâmica. 
Para Pensar e Agir na Prática
da Educação Inclusiva 
 É importante que o professor converse antes com os alunos e perceba as 
possibilidades e dificuldades dessas propostas e esteja sempre aberto a adaptar 
qualquer exercício diante de suas realidades de trabalho. 
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
O fazer artístico é fundamental para trabalhar com a educação inclusiva. Esse 
trabalho vem crescendo no Brasil e pede cada vez mais profissionais preparados 
para lidar com diferentes realidades, tais como a educação especial, a integração de 
alunos em liberdade assistida, os alunos vítimas de violência, os alunos em situações 
de risco e outras. 
Incluir não é criar trabalhos especializados em instituições específicas; praticar 
a educação inclusiva é colocar todos na Escola e diante de suas dificuldades e 
limitações procurar encontrar caminhos de superação e aceitação de todos. 
As propostas aqui apresentadas podem ser feitas com alunos com deficiência ou 
necessidades especiais de inclusão e com alunos que não tenham questões específicas. 
O que importa é oferecer a todos a mesma possiblidade de desenvolvimento e 
interação social. 
Esse trabalho não é fácil porque parte primeiro das superações de preconceitos 
e limites dos próprios educadores e da sociedade como um todo.
Também é necessário preparo e intenção positiva para trabalhar em prol da 
educação inclusiva. 
Qual a sua opinião? Você está preparado para esse desafio? 
Finalizamos aqui nosso estudo sobre a educação inclusiva e o ensino de Arte. 
Sugerimos que você amplie seu saber pela pesquisa. 
Para seguir pensando, fica uma frase de Paulo Freire (2015, p.93):
Como professor não é possível ajudar o educando a superar sua 
ignorância se não supero permanentemente a minha. Não posso ensinar 
o que não sei. Mas, este, repito, não é um saber que a pensar devo falar 
e falar com palavras que o vento leva. É saber, pelo contrário. Que devo 
viver concretamente com os educandos. O melhor discurso sobre ele é o 
exercício de sua prática.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vimos que a educação inclusiva pode ter muitas realidades e necessidades. Isso exige cada vez mais 
competência e habilidades por parte dos educadores, que tem pela frente o desafio de fazer valer 
os direitos humanos pronunciados pela ONU e pelas Leis brasileiras. Para ampliar seus saberes 
indicamos conhecer mais sobre o tema estudando a partir do material sugerido a seguir:
 Livros
Parâmetros Curriculares Nacionais
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: 
Adaptações Curriculares / Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação 
Especial. Brasília: MEC /1998;
Políticas Públicas Culturais de Inclusão de Públicos Especiais em Museus
TOJAL, Amanda Pinto da Fonseca. Políticas públicas culturais de inclusão de públicos 
especiais em museus. 2007. 322f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) Escola de 
Comunicações e Artes – USP, São Paulo, 2007.;
 Leitura
Declaração do Direitos Humanos
ONU. Declaração de Direitos Humanos. Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para 
a Equalização de Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências, A/RES/48/96, 
Resolução das Nações Unidas adotada em Assembleia Geral. Salamanca/Espanha, 1994. 
Declaração de Salamanca.
https://goo.gl/nguSVO
Toque Revelador
UTUARI, Solange. O toque revelador. Instituto Arte na escola. 
https://goo.gl/D0QBc1
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UNIDADE O Ensino de Arte e Questão da Inclusão Escolar
Referências
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região da América Latina e Caribe. In: MANTOAN, M. T. A integração de pessoas 
com deficiência – contribuições para uma reflexão. São Paulo: Memnon, 1997. 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 5.692/71. Brasília, 
MEC, 1971. 
______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96. Brasília: 
Brasil, 1996.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte (5ª a 8ª séries). Secretaria de 
Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Secretaria de Educação 
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares 
Nacionais: Arte. Volume 6. Brasília: MEC/SEF, 1997.
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CARVALHO, E. N. S. de. Escola integradora: uma alternativa para a integração 
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Paulo: Universidade de São Carlos, 1995. 
COLL, C. Psicologia e currículo - uma aproximação psicopedagógica à elaboração 
do currículo escolar. São Paulo: Ática, 1996. 
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e educação – necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1995. 
DEWEY, J. Democracia e educação. 3.ed. São Paulo: Companhia Editora 
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
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www.onu- ‐brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php>. Acesso em: 15 
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Geral. Salamanca/Espanha: 1994.
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Psicopedagogia – o caráter interdisciplinar na formação e atuação profissional. 
Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. 
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Comunicações e Artes – USP, São Paulo, 2007. 
UTUARI, Solange. O toque revelador. Instituto Arte na escola. Disponível em: 
<http://Artenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/arq_pdf_142.pdf>. Acesso 
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UTUARI , Solange e outros. Por Toda Parte, 6.º ano. São Paulo: FTD, 2016.
______. Por Toda Parte, 7.º ano. São Paulo: FTD, 2016.______. Porta Aberta 
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WERNECK, C. Ninguém mais vai ser bonzinho, na sociedade inclusiva. Rio de 
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