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Contabilidade Social

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Contabilidade Social
Medindo a produ¸c˜ao e a renda nacional – Identidades macroeconˆomicas
· Os conceitos de valor adicionado, consumo intermedi´ario e como evitar dupla contagem: A medida do PIB de um pa´ıs ou regi˜ao representa a produ¸c˜ao de todas as unidades produtoras da economia (empresas privadas ou públicas produtoras de bens e servi¸cos, trabalhadores autˆonomos, governo, ...) num dado per´ıodo de tempo a pre¸cos de mercado. Assim, surge uma nova pergunta: o que ´e produ¸c˜ao?
1. Produ¸c˜ao de bens e servi¸cos voltados para o mercado.
2. Produ¸c˜ao de bens e servi¸cos pelo governo sem fins lucrativos.
3. Produ¸c˜ao de bens para auto-consumo das fam´ılias.
4. Produ¸c˜ao de bens de capital para as firmas.
5. Produ¸c˜ao de servi¸cos pessoais remunerados.
6. Aluguel (servi¸co de habita¸c˜ao). 
	O PIB (assim como os agregados cont´abeis) ´e medido a pre¸cos de mercado e, portanto, o que ´e fato contabilizado como produ¸c˜ao da economia (de todas as unidades produtoras) s˜ao as transa¸c˜oes econˆomicas com valor de mercado. A valora¸c˜ao em termos monet´arios permite que se agregue quantidades heterogˆeneas.
Exemplo: Suponha que uma firma produza um uúnico bem com insumos (pe¸cas) que compra de outras firmas (nacionais ou estrangeiras). Suponha ainda uma produ¸c˜ao de 500 pe¸cas vendidas a R$2,00. Para a firma, a produ¸c˜ao equivale `a medida em valor de quanto produziu em um per ´ıodo de tempo. Ent˜ao,
1. Valor bruto da produção: 
2. Despesas operacionais: , sendo salário e custo de matérias primas (compradas de outras firmas) = .
3. Lucro operacional: 
· Como calcular a contribui¸c˜ao da firma para o PIB do pa´ıs? Se considerarmos apenas o valor da produ¸c˜ao de todas as firmas do pa´ıs estaremos incorrendo no problema de dupla contagem, pois a produ¸c˜ao de bens que ser˜ao utilizados no processo produtivo (insumos) de outros bens (bens finais) ser˜ao contados duas ou mais vezes. Ent˜ao, para de fato descobrimos a contribui¸c˜ao da firma para o PIB do pa´ıs, devemos descontar do valor da produ¸c˜ao os insumos que foram produzidos por outras firmas, pois o que importa para o PIB ´e a produ¸c˜ao final de cada firma. 
Conclu´ımos ent˜ao que uma medida importante para o PIB de um pa´ıs ´e o Valor Adicionado (VA): valor que a firma agrega no processo de produ¸c˜ao.
Formalmente: . Vale lembrar que os insumos que s˜ao usados no processo de produ¸c˜ao, mas que s˜ao de fabrica¸c˜ao pr´opria n˜ao s˜ao descontados no calculo do VA (entram no PIB). Ent˜ao,
						ótica do produto			
em que é o número de firmas. O valor de produ¸c˜ao entre duas firmas diferentes pode ser igual, mas a sua contribui¸c˜ao para o PIB depende dos insumos que s˜ao usados na produ¸c˜ao e n˜ao s˜ao de fabrica¸c˜ao pr´opria (mais insumos importados implica menor VA e menor contribui¸c˜ao para o PIB).
No exemplo: .
Como vimos, o fluxo de produ¸c˜ao gera um fluxo de renda, ent˜ao o PIB pode ser medido somando a remunera¸c˜ao de todos os fatores de produ¸c˜ao de todas as unidades produtivas da economia.
			ótica da renda	
No exemplo:.
Por fim, um fluxo de renda gera um fluxo de dispˆendio: ou ´e gasta em consumo ou investimento (forma¸c˜ao de capital). Ent˜ao, o PIB pode ser obtido pela soma do consumo dos agentes em bens e servi¸cos (nacional ou importado) com os investimentos (investimento em estoque de capital).
			 ótica da despesa	
No exemplo: .
Para o c´alculo dessas medidas agregadas, as informa¸c˜oes podem ser obtidas de v´arias formas:
1. Diretamente em empresas e domic´ılios, por meio de ´org˜aos de estat´ıstica
2. Informa¸c˜oes que as empresas passam para esses órgãos.
3. Estimativas de indicadores.
· O PIB per capita: é obtido dividindo-se o PIB do ano pela popula¸c˜ao residente no mesmo per´ıodo. Uma pergunta que surge é: por que o PIB per capita n˜ao seria um bom indicador de bem-estar?
1. O PIB per capita é uma medida de valor agregado que resulta da atividade produtiva.Um país que sofre um desastre natural pode ter seu PIB aumentado devido aos gastos com reconstru¸c˜ao, mas o bem estar da popula¸c˜ao é baixo. 
2. O PIB n˜ao considera lazer, ent˜ao quanto maior produ¸c˜ao e menor lazer, maior PIB per capita, mas menor o bem-estar da economia.
	Outro problema do PIB per capita é que ele representa a renda m´edia da populac˜ao, mas como no Brasil a renda est´a concentrada, esta média n˜ao representa um padr˜ao de vida típico.
	Sabemos que o bem-estar da popula¸c˜ao é fortemente influenciado pela distribui¸c˜ao de renda e que essa distribui¸c˜ao n˜ao é pega pelo PIB per capita. Logo, pa´ıses com PIB per capita menor que o Brasil podem oferecer um bem-estar maior para a sua popula¸c˜ao.
· Renda Nacional Bruta (RNB): A Renda Nacional Bruta é o agregado que considera o valor adicionado gerado pelos fatores de produ¸c˜ao de propriedade dos residentes. Em uma economia aberta, h´a fatores de produ¸c˜ao estrangeira (K, L) produzindo no Brasil e fatores de produ¸c˜ao de propriedade dos brasileiros produzindo no resto do mundo. A produ¸c˜ao dos brasileiros no exterior conta para o PIB do país estrangeiro e como renda nacional do Brasil.
No exemplo:
1. Valor bruto da produ¸c˜ao = 
2. Despesas operacionais = 
3. Pagamento de sal´arios = , sendo e .
4. Custo de mat´erias primas (compradas de outras firmas) = 300,00
5. Lucro operacional 
	A contribuição dessa firma para o PIB é e, para a RNB, , ou seja, é a remuneração dos fatores de produção dos residentes.
	Para passarmos do PIB para a RNB, devemos descontar do PIB o pagamento dos fatores de produ¸c˜ao dos n˜ao residentes: .
	Podemos definir um valor que exprime o saldo (recebimento – pagamento) das remunerações dos fatores de produção envolvendo transa¸c˜oes internacionais (dividendos, juros, lucros, royalties, alugu´eis e sal´arios):
	Ent˜ao, 
· Se o pa´ıs recebe mais recursos do que paga, temos a identidade: , em que RLR é a renda líquida recebida do exterior (RNB>PIB). 
· Se o país paga mais do que recebe: , em que RLEE é a renda líquida enviada ao exterior (RNB<PIB). 
Portanto, a RNB considera a renda que fica no país, independente de onde foi gerada essa renda.
· Renda Disponível Bruta (RDB) e Renda Privada Disponível (RPD): 
· RDB: considera o saldo de transferˆencias correntes recebidas e enviadas ao exterior (TUR) sem contrapartida do processo de produ¸c˜ao (remessa de imigrantes para as fam´ılias, doa¸c˜oes, heran¸cas). S˜ao os recursos que os agentes possuem para gastar e poupar. Portanto
em que C ´e o gasto corrente das fam´ılias e administra¸c˜oes públicas e SD é a poupan¸ca dom´estica (bruta) (poupança das famílias, empresas e governo).
Temos, então: e → → . Em que RDB é a renda das fam´ılias, do governo e das empresas (financeiras ou n˜ao). Assim, podemos definir a Renda Líquida do Governo (RLG) como:
Surge, assim, uma nova identidade: , em que RPD ´e a Renda privada dispon´ıvel (sal´ario, juros, alugu´eis, lucros).
· Produto interno liquido (PIL): deve descontar a deprecia¸c˜ao do capital utilizado no esfor¸co produtivo em um dado per´ıodo. 
· PIB real ou a pre¸cos const antes de um determinado ano: Todos os agregados apresentados at´e aqui s˜ao calculados a valores correntes, ou seja, ao pre¸co do ano corrente (nominal). A distin¸c˜ao entre valores correntes e constantes é importante quando se pretende calcular a evolu¸c˜ao desses agregados ao longo do tempo e isolar o crescimento de um que se deu pela varia¸c˜ao do pre¸co ou pela varia¸c˜ao da quantidade.
1. PIB a pre¸cos correntes (estamos no ano t): qtd transacionada no ano t valoradas ao pre¸co m´edio do ano t
2. PIB a pre¸cos constantes (estamos no ano t): qtd transacionada no ano t valoradas ao pre¸co m´edio de t − 1
Exerc´ıcio: queremos a passagem do PIB de 2008 a pre¸cos correntes para o PIB 2009 a pre¸cos correntes.
1. PIB(2008) x ∆ volume transacionado (qtd) entre 2009 e 2008 = PIB (2009 a pre¸cos de 2008).
2. PIB (2009 a pre¸cos de 2008) x ∆ pre¸cos entre 2009 e 2008 = PIB (2009).
Formalmente,a taxa de varia¸c˜ao do ´ındice de volume é:
em que é o PIB do ano corrente a pre¸co do ano anterior (PIB 2009 a pre¸cos de 2008) e é o PIB do ano anterior (PIB 2008 a pre¸cos de 2008).
A taxa de varia¸c˜ao do deflator do PIB ´e:
em que é o PIB real do ano corrente (PIB 2009 a pre¸cos de 2008) e é o PIB nominal do ano corrente (PIB 2009 a pre¸cos de 2009). O deflator do PIB representa uma variac˜ao de pre¸cos mais abrangente na economia. O deflator muda quando o PIB muda, de modo diferente dos ´ındices de pre¸cos usuais que est˜ao focados em uma lista de pre¸cos.
· PIB potencial e hiato do produto: O PIB potencial consiste numa estimativa do n´ıvel do PIB a pre¸cos constantes con- siderando que a economia esteja produzindo no seu potencial m´aximo (sem acelera¸c˜ao da infla¸c˜ao). A diferen¸ca entre o PIB observado e o PIB potencial estimado (PIB*) é o hiato do produto: se PIB < PIB* ent˜ao h´a um hiato negativo do produto (existe capacidade ociosa na economia – deve-se estimular a demanda agregada por meio do corte de impostos e/ou aumento dos gastos, além da redu¸c˜ao da taxa de juros), se PIB > PIB* ent˜ao h´a um hiato positivo do produto (n˜ao existe capacidade ociosa).
· Valora¸c˜ao: Um fator importante a se destacar é que a identidade Renda = Produto = Despesa só é v´alida se o agregado é cmputado a pre¸cos que s˜ao iguais. Existem 3 tipos de valora¸cao:
1. Pre¸cos b´asicos: considera os pre¸cos na porta da f´abrica
2. Pre¸cos do produtor: pre¸cos b´asicos + impostos l´ıquidos de subs´ıdios sobre os produto
3. Pre¸cos do consumidor ou de mercado: pre¸cos do produtor + margens de com´ercio e transporte e imposto sobre valor adicionado; PIB medido sob a ótica do produto e renda.
· Economia fechada – Identidades:
1. ; ótica da despesa.
2. ; ótica da renda.
3. Igualando: 
· Economia fechada e com governo – Identidades:
· ; ótica da despesa.
· .
· Igualando: e (poupança do governo).
· Então: , a poupança privada e do governo são usadas para invstimento.
· Se → , ou seja, parte da privada tem que cobrir o rombo nas contas públicas.
· Se → , são usados para cobrir e .
· Se , tem-se déficit nas contas públicas. Se , tem-se superávit nas contas públicas.
· Economia aberta – Identidades:
· 
· 
· 
· Assim, , em que LHS da equação é Saldo Externo ou Poupança Externa = .
· Dessa forma, .
· Se 
· Se ; o país deve absorver recursos do exterior; sua poupança é insuficiente para financiar os investimentos.
D´eficits gˆemeos
· Identidade dos d´eficits setoriais
1. As rela¸c˜oes entre produto agregado, dispˆendio agregado e renda agregada pode ser resumida em duas identidades simples:
I. 	A primeira identidade relaciona o valor da produ¸c˜ao com a demanda. 
	O valor dos bens finais e servi¸cos dispon´ıveis para a economia é o que é produzido mais o que é importado . Demanda (expenditure-despesa) com esses bens tem quatro fontes:
1. 
1
2. Consumo interno C
3. Investimento privado interno I
4. Bens e servi¸cos do governo G
5. Exporta¸c˜oes EX(Xnf ). 
	A identidade de demanda pelo produto é:
			
			
				(3)
em que Nnf s˜ao as exporta¸c˜oes líquidas. O lado esquerdo é a produ¸c˜ao que gera a renda e o lado direito é a demanda que gera despesa (gasto).
II. A segunda identidade relaciona a renda agregada aos seus usos. 
	Lembrando que O PIB mede a renda agregada da mesma forma que mede a produ¸c˜ao agregada e despesas, a identidade de uso da renda pode ser dada por:
		
			
em que RLG ´e a receita l´ıquida do governo, RLEE ´e a renda l´ıquida enviada ao ex- terior, TUR (ou TR) s˜ao as transferˆencias correntes l´ıquidas recebidas (ou enviadas para o exterior) sem contrapartida de produ¸c˜ao (remessa e recebimento de recursos entre governos e residentes, doa¸c˜oes, heran¸cas) e T ´e a taxa que o governo cobra (imposto).
· Identidade de d´eficits setoriais: As equações citadas do Hoover s˜ao prim´arias. Podemos derivar outras identidades delas. 
Podemos escrever (1) como: 
E como: .
Igualando as duas, temos:
Rearranjando os termos: 
déficit do governo + d´eficit do setor privado + d´eficit do setor externo = 0	
(a) O primeiro termo entre colchetes é o d´eficit orçamentário do governo – isto é, o excesso de suas despesas sobre suas receitas (T − TR ´e imposto l´ıquido).
(b) O segundo termo entre colchetes pode ser considerado como o d´eficit do setor privado. Se a poupan¸ca é exatamente o suficiente para financiar o investimento, ent˜ao o setor privado nacional está em equilíbrio. Mas se a poupan¸ca fica aqu´em do investimento, ent˜ao o setor privado dom´estico tem um d´eficit.
(c) O terceiro termo entre colchetes é o déficit do setor externo (seria o resto do mundo, estamos nos EUA). Este termo é, evidentemente, apenas as exportac˜oes l´ıquidas dos EUA. Se EX IM > 0, ent˜ao o SCCEUA > 0. Se as exporta¸c˜oes l´ıquidas dos EUA s˜ao positivas (EUA exporta mais do que importa), por exemplo, significa que outro pa´ıs (ou resto do mundo) est´a tendo exporta¸c˜oes l´ıquidas negativas (importa mais do que exporta) e h´a um d´eficit no setor externo (para ser d´eficit o valor tem que ser positivo na identidade igual a 0).
	A identidade dos d´eficits setoriais nos diz que os saldos financeiros dos trˆes setores est˜ao interligados. Os d´eficits do governo, do setor privado nacional e do setor estrangeiro devem somar zero (pode acontecer de um setor ter super´avit - d´eficit negativo - e outro setor ter d´eficit).
Exemplo: Suponha que exista um d´eficit no setor privado, I > S. Se o governo arrecada mais impostos do que gasta (super´avit), ele usa essas receitas para abater sua dívida ou liberar fundos para ser emprestado para empresas pagarem esses investimentos. Do mesmo modo, se o setor de exporta¸c˜ao doméstico tem exporta¸c˜oes l´ıquidas positivas (EX > IM ), ele pode passar os recursos que sobram para fundos de empr´estimos que emprestam para as empresas pagarem os investimentos. Logo,.
· A identidade Inflow-Outflow: Uma quarta identidade enfoca os fluxos monet´arios. O setor privado nacional é o cora¸c˜ao do fluxo circular. Despesa de investimento (I), gastos do governo (G) e exporta¸c˜ao pagamentos (EX) s˜ao todos representados por fluxos monet´arios para as empresas (INFLOWS) ou seja, para o setor privado dom´estico. Em contraste, poupan¸ca (S), impostos l´ıquidos () e pagamentos de importa¸c˜ao IM s˜ao representados por fluxos monet´arios provenientes do mercado do setor privado (OUTFLOWS). Rearranjando (6), temos:
	(8)
Inflows - o que o setor recebe = outflows - o que o setor gasta
	A identidade afirma que os fluxos monet´arios dentro do Setor Privado Dom´estico (influxos) deve igualar os fluxos monet´arios que saem do Setor Privado Dom´estico (sa´ıdas).
· O conceito de d´eficits gˆemeos: no in´ıcio do s´eculo XXI, os Estados Unidos voltam a enfrentar a combina¸c˜ao de grandes d´eficits or¸cament´arios e um grande d´eficit em conta corrente (surplus no setor externo) - a combina¸c˜ao de ambos gera o d´eficits gˆemeos. De acordo com a teoria dos d´eficits gˆemeos existe uma rela¸c˜ao de causalidade entre o d´eficit or¸cament´ario fiscal e o d´eficit em transa¸c˜oes correntes. O argumento de que d´eficits fiscais empurram as transa¸c˜oes correntes para situa¸c˜oes tamb´em deficitárias é desenvolvido a partir da seguinte identidade macroeconˆomica cont´abil:
				
				
em que SN = SP + SG. Aqui SCC indica o saldo em conta corrente, I o investimento e SN representa a poupan¸ca nacional, que engloba a poupan¸ca do setor privado (SP ) e a do governo (SG).
No equil´ıbrio macroeconˆomico o investimento se iguala a` soma das poupancas nacional (tamb´em pode ser chamada de poupan¸ca dom´estica SD) e externa, ou seja:
		
			
PS: No livro da Carmen, SE = (M − X) + RLEE − TUR = −SCC. O saldo em conta corrente tab´em pode ser escrito como: SCC = (X − M ) − RLEE + TUR = −SE
	Logo, o excesso de gato público (↑ G) ou redu¸c˜ao das arrecada¸c˜oes tribut´arias(↓ T ) gera uma redu¸c˜ao da poupan¸ca do governo () - est´a criando um d´eficit fiscal - que, quando não é devidamente compensada por um aumento da poupan¸ca privada dom´estica (SP), resulta na necessidade de absor¸c˜ao (aumento) de poupan¸ca externa (SE) para compensar o excesso de investimento sobre a poupan¸ca nacional (SN ) - para manter fixo o I.
Olhando a equa¸c˜ao (10) podem acontecer os seguintes casos:
1. SN > I implica SCC > 0 ou SE < 0 (saldo em transa¸c˜oes correntes do BP é positivo).
2. SN < I implica SCC < 0 ou SE > 0 (saldo em transa¸c˜oes correntes do BP é negativo).
	Quando o pa´ıs apresenta d´eficits na conta corrente, SCC < 0, diz-se que ele absorve mais recursos do que produz - absorve SE > 0. Caso contr´ario, quando apresenta super´avits em conta corrente, SCC > 0, ele tornas-se um credor internacional - SE < 0. Essa absor¸c˜ao da SE se d´a atrav´es da venda de ativos nacionais no exterior (ou aumentar sua d´ıvida externa - pegar emprestado e n˜ao pagar), ou seja, por meio de um saldo negativo em transa¸c˜oes correntes (SCC < 0).
Seguindo esta l´ogica, portanto, a partir de um d´eficit público(↓SG, pois G + TR > T ) chegamos a um d´eficit em conta corrente (↑SE(SE > 0) para manter constante I ⇒ ↓SCC at´e SCC < 0), demostrando a teoria dos d´eficits gˆemeos.
· D´eficits gˆemeos e poupan¸ca dom´estica insuficiente para suportar o investimento desejado: Contudo, vale ressaltar que se o desequil´ıbrio inicial nas contas públicas tiver como con- sequˆencia um est´ımulo a` poupan¸ca privada, assim como sugere a Equivalˆencia Ricardiana, n˜ao seria necess´ario financiamento externo (absorver poupan¸ca externa SE) para manter o equil´ıbrio macroeconˆomico entre investimento e poupan¸ca e, dessa forma, o saldo em conta corrente (SCC) n˜ao seria afetado pelo d´eficit or¸cament´ario governamental.
Equivalˆencia Ricardiana, a teoria é a seguinte: o governo pode financiar seus gastos por meio de impostos cobrados dos atuais contribuintes ou pela emiss˜ao de d´ıvida pu´blica (emite um t´ıtulo que rende juros para quem compra para conseguir dinheiro dessa pessoa- empr´estimo). No entanto, se for escolhida a segunda op¸c˜ao, mais cedo ou mais tarde teriam que ser pagas as d´ıvidas, aumentando os impostos acima do que eles seriam no futuro, se a escolha tivesse sido outra. A escolha (trade-off) ´e entre pagar impostos hoje (para financiar o d´eficit), ou pagar impostos amanh˜a (para pagar a d´ıvida que pagou o d´eficit)
Neste caso, para um determinado valor da despesa pu´blica (G), a substitui¸c˜ao de impostos por d´ıvida n˜ao teria qualquer efeito na demanda agregada nem na taxa de juros. Como a d´ıvida apenas adia os impostos para o futuro, os consumidores, simultane- amente contribuintes, antecipando o aumento futuro dos impostos, v˜ao reagir a` redu¸c˜ao de impostos hoje aumentando a sua poupan¸ca (SP ), adquirindo os t´ıtulos da d´ıvida pu´blica emitidos (dando dinheiro para o governo). Assim, como a poupan¸ca privada au- menta (SP) no mesmo montante que o d´eficit or¸cament´ario (SG), a taxa de juros mant´em-se inalterada (pois o I n˜ao varia)- assim como a demanda agregada.
O d´eficit n˜ao provoca qualquer redu¸c˜ao do ritmo de acumula¸c˜ao do estoque de capital (I n˜ao varia), nem deteriora¸c˜ao das contas externas (n˜ao acontece SCC e SE). A d´ıvida pu´blica n˜ao afeta a riqueza do setor privado. Ent˜ao, em termos de efeitos na economia, o financiamento da despesa pu´blica por d´ıvida pu´blica ´e equivalente ao financiamento por impostos.
S´o podemos afirmar com certeza, pela observa¸c˜ao da identidade macroeconˆomica supracitada, que se um aumento do d´eficit pu´blico (↑ G ⇒↓ SG) n˜ao ´e acompanhando por um aumento de igual magnitude na poupanca privada nacional (↑SP), o resultado ser´a necessariamente um decl´ınio no investimento (↓I) e/ou uma eleva¸c˜ao no d´eficit em transa¸c˜oes correntes (↑ SE para financiar os gastos e ↓ SCC).
· Poupan¸ca Externa e Posi¸c˜ao Internacional de Investimentos: a PII pode ser definida como uma pe¸ca cont´abil que representa os valores dos Ativos e Passivos Externos, em moeda estrangeira, distinguindo-se do balan¸co de pagamentos pelo fato de considerar os estoques relacionados `as opera¸c˜oes entre residentes e n˜ao residentes de um pa´ıs. Em outras palavras, enquanto o balan¸co de pagamentos registra fluxos de capitais, bens e servi¸cos e ativos financeiros, a PII apura os estoques de tais vari´aveis. A elabora¸c˜ao da PII segue as recomenda¸c˜oes do Fundo Monet´ario Internacional, que elaborou um manual com o objetivo de padronizar a forma de apura¸c˜ao e de divulga¸c˜ao das estat´ısticas monet´aria e financeira dos pa´ıses para que as compara¸c˜oes internacionais sejam poss´ıveis.
	O Ativo Externo Bruto ´e determinado pelos estoques de investimentos produtivos e de portf´olio (carteira) no exterior (quanto de estoque o Brasil tem no exterior). Al´em de opera¸c˜oes envolvendo derivativos e outros investimentos (moeda, dep´ositos, empr´estimos, cr´editos comerciais e cotas de participa¸c˜ao brasileira em organismos internacionais). E por fim, os ativos de reserva, que na verdade correspondem aos estoques de reservas internacionais.
	O Passivo Externo Bruto (quanto de estoque os outros países tem no Brasil), a composi¸c˜ao ´e praticamente a mesma do Ativo Externo Bruto, à exce¸c˜ao dos ativos de reservas que obviamente s˜ao exclu´ıdos desse grupo.
O aumento do d´eficit em transa¸c˜oes correntes (SCC, SCC < 0) (que pode ser causado por um d´eficit fiscal do governo) est´a associado a piora da posic˜ao de investimentos da economia brasileira - pois o Brasil tem que vender o seus estoques de ativos para pagar sua d´ıvida externa de usar SE (e o PII ´e a diferen¸ca entre os estoques de ativos do Brasil no exterior e os estoques que o exterior tem no Brasil).
	A PII ´e vista na literatura econˆomica como:
I. De acordo com Lane e Milesi-Ferreti (2001), os fluxos de capitais que alteram com frequˆencia a PII podem ser respons´aveis, em muitos pa´ıses, pelo crescimento das economias e pelos ciclos econˆomicos.
II. Ja´ Nakonieczna-Kisiel (2011) o PII pode contribuir decisivamente para a an´alise da vulnerabilidade de uma economia, de uma forma mais apurada do que com a utiliza¸c˜ao da d´ıvida externa, tendo em vista que contempla outras vari´aveis e associa, de forma conjunta a`s obriga¸c˜oes, os estoques de haveres que o pa´ıs tem em rela¸c˜ao ao exterior.
III. Para Furceri, Guichard e Rusticelli (2012) a an´alise do PII pode contribuir para a redu¸c˜ao dos desequil´ıbrios financeiros de um pa´ıs e com o crescimento global.
IV. Mahdavi (1993) cita que uma PII negativa pode prejudicar o padr˜ao de vida futuro do pa´ıs diante da necessidade de pagamento de juros e obriga¸c˜oes referentes ao passivo. Por outro lado, uma PII negativa tamb´em pode significar que credores estrangeiros tˆem confian¸ca na economia e, nesse sentido, o investimento externo beneficiaria o padr˜ao de vida futuro dos cidad˜aos do EUA.
V. Curcuru, Dvorak e Warnock (2008) mostram que desequil´ıbrio na PII dos EUA n˜ao ´e t˜ao preocupante pelo fato de os ativos de residentes dos EUA no exterior apresentarem um retorno superior aos passivos, o que tende a atenuar o desequil´ıbrio entre os fluxos de entrada e sa´ıda de d´olares da economia.
VI. Mann (2002) pontua que a revers˜ao do desequil´ıbrio da PII dos EUA depende de uma s´erie de fatores, como o crescimento econˆomico e o aumento na taxa de poupan¸ca dos residentes (que assim podem comprar ativos no exterior), que ocorrem somente no longo prazo. Destaca, ainda, que a desvaloriza¸c˜ao cambial ´e a u´nica medida de ajuste da PII no curto prazo (se o D´olar vale muito em rela¸c˜ao ao Real, os americanos podem comprar muitosativos no Brasil.
VII. Ja´ Whittard e Khan (2010) analisaram a rela¸c˜ao entre d´eficits em transa¸c˜oes cor- rentes (pode ser causado pelos d´eficits orcament´arios) e a PII do Reino Unido no per´ıodo de 2003 a 2009 e constataram que a existˆencia de d´eficits sucessivos em transa¸c˜oes correntes contribuiu para a deteriora¸c˜ao da PII.
VIII. Van Noije (2014) destaca os efeitos de uma crise e da taxa de cˆambio sobre os Ativos Externos. Com a deprecia¸c˜ao cambial, os Ativos Externos tornam-se mais onerosos para os residentes do pa´ıs que passou pelo processo de deprecia¸c˜ao da moeda, o que tende a prejudicar a PII (meus ativos valem menos e consigo comprar menos ativos). A mesma an´alise pode ser aplicada aos Passivos Externos (os pa´ıses estrangeiros conseguem comprar mais passivos). Al´em disso, a deprecia¸c˜ao causa queda no mercado acion´ario e uma queda no pre¸co dos t´ıtulos, reduzindo o valor dos investimentos em carteira (a moeda estrangeira est´a mais cara).

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