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Marcos Silva, segurado da previdência social, auxiliar de limpeza, de uma empresa localizada no bairro onde mora, sofreu um acidente de trabalho. A empresa entregou o CAT – Comunicado de Acidente de Trabalho, com os procedimentos junto ao INSS. O médico perito concedeu o benefício, entretanto, durante a avaliação médica foi observado que o acidente de trabalho ocorreu devido ao descumprimento das normas de segurança por culpa do empregador. 1- O fato de as empresas contribuírem para o custeio do regime geral de previdência social, mediante o recolhimento de tributos e contribuições sociais, dentre estas aquela destinada ao seguro de acidente do trabalho SAT, exclui a responsabilidade nos casos de acidente de trabalho decorrentes de sua culpa, por inobservância das normas de segurança e higiene do trabalho? 2- O INSS tem legitimidade para pleitear o ressarcimento com base no artigo 120 da Lei 8.213, de 1991? Justifique sua resposta. Conforme as regras para custeios ao empregado que sofreu acidente em seu labor, o INSS custeará a parte que é devida ao acidentário, entretanto, caso a empresa tenha contribuindo, ou seja, negligenciado os cuidados que pudesse evitar o acidente, o INSS pode ingressar contra a empresa uma ação de regresso para que esteja ressarcia os valores pagos a títulos de benefícios previdenciários. Dessa forma, a ação de regresso objetiva não só de reaver os valores que efetivamente foi gasto, mas punir de punho pedagógico, na medida em que incentiva a empresa a adotar as medidas necessárias para a garantia da higiene e seguranças no trabalho. Portanto, o INSS tem legitimidade para pleitear o direito de regresso contra a empresa, conforme o art. 120, I da Lei nº 8.213/91, que prevê assim: Art. 120. A Previdência Social ajuizará ação regressiva contra os responsáveis nos casos de: I - negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicadas para a proteção individual e coletiva Todavia, a jurisprudência é pacífica quanto à constitucionalidade do artigo 120 da Lei 8.213/91: EMBARGOS INFRINGENTES. ACIDENTE DO TRABALHO. INSS. NEGLIGÊNCIA DA EMPRESA. RESSARCIMENTO. ART. 120 DA LEI 8.213/91 Comprovada a negligência às normas de proteção ao trabalho por parte da empresa, é de ser julgada procedente a ação regressiva da autarquia para o ressarcimento das despesas e pensão por morte, decorrentes da morte do trabalhador, a teor do disposto no art. 120 da lei 8.213/91. (TRF4, EIAC 2003.71.04.001386-2, Segunda Seção, Relatara Maria Lúcia Luz Leiria, D.E. 25/06/2008). CIVIL. ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE. AÇÃO REGRESSIVA DO INSS CONTRA O EMPREGADOR. NEGLIGÊNCIA COMPROVADA. A EMPRESA É RESPONSÁVEL PELA ADOÇÃO, USO E FISCALIZAÇÃO DAS MEDIDAS COLETIVAS E INDIVIDUAIS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA DA SAÚDE DO TRABALHADOR. DEVER DE RESSARCIR OS VALORES DESPENDIDOS PELO INSS EM VIRTUDE DA CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE. O SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO - SAT NÃO EXCLUI A RESPONSABILIDADE EM CASO DE ACIDENTE DECORRENTE DE CULPA DA EMPREGADORA. Apelação desprovida. (grifo nosso) (TRF4, AC 2006.72.00.000168-2, Terceira Turma, Relatar Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, D.E. 29/10/2008). Desse modo, pode dizer que; · É constitucional o art. 120 da Lei 8.213/91. · Não há norma contida no art. 120 da Lei n° 8.213 contrariedade aos arts. 7°, XXVIII, e 201, I, da Constituição Federal de 1988 (que, inclusive, ressalvam o dever de indenizar do empregador quando incorrer em dolo ou culpa). · Não há qualquer “contrato de seguro” entre o INSS e a empresa. A responsabilidade no caso advém da lei e não de contrato. · O fato das empresas contribuírem para o custeio do regime geral de previdência social, mediante o recolhimento de tributos e contribuições sociais, dentre estas aquela destinada ao seguro de acidente do trabalho - SAT, NÃO exclui a responsabilidade nos casos de acidente de trabalho decorrentes de culpa sua, por inobservância das normas de segurança e higiene do trabalho.
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