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UNIVERSIDADE ESTADUAL NORTE DO PARANÁ UENP PRINCÍPIOS DE ECONOMIA P/ O CURSO DE ECONOMIA Prof. FERNANDO ANTONIO SORGI Cornélio Procópio 2018 2 PLANEJAMENTO ANUAL 1o. ANO 3a. e 5ª. feira DATA CONTEÚDO OBS. 06/03 Semana do calouro 08/03 Evento PROEC para calouros 13/03 Apresentação e planejamento do semestre 15/03 Cap. 1 – Economia e ciência 20/03 Cap. 1 22/03 Cap. 2 – Os problemas Econômicos Fundamentais 27/03 Cap. 2 29/03 Cap. 3 – Curva das possibilidades de produção 03/04 Cap. 3 05/04 Cap. 4 – Formação dos preços – Oferta de Demanda 10/04 Cap. 4 12/04 Cap. 5 – O Equilíbrio da oferta e da demanda 17/04 Trabalho: Exercícios para revisão em sala 19/04 Prova 1º. Bimestre 24/04 Vistas da prova 26/04 2ª. Chamada de Prova bimestral 03/05 Cap. 6 – Medidas de Elasticidade 08/05 Cap. 6 10/05 Cap. 6 15/05 Cap. 7 – Teoria da Produção 17/05 Cap. 7 22/05 Cap. 7 24/05 Cap. 8 – Lei dos rendimentos decrescentes 29/05 Cap. 9 – Teoria dos Custos 05/06 Cap. 9 07/06 Cap. 9 12/06 1ª. Avaliação do 2º. Semestre 14/06 Vistas da Avaliação 19/06 Cap. 10 – Seminário Grupo 1 – Estrutura de Mercado 21/06 Cap. 10 – Seminário Grupo 2 26/06 Cap. 10 – Seminário Grupo 3 28/06 Cap. 10 – Seminário Grupo 4 03/07 Trabalho: Exercícios para revisão em sala 05/07 Prova Escrita 1º. Semestre 10/07 Vistas da prova 12/07 2ª. Chamada de Prova Escrita 13 a 30 FÉRIAS 31/07 Cap. 11 – Elaboração dos preços de venda 02/08 Cap. 11 07/08 Cap. 11 09/08 Cap. 12 – Teoria da moeda 14/08 Cap. 13 – Inflação 16/08 Cap. 13 21/08 3 23/08 1ª. Avaliação do 2º. Semestre 28/08 SEMANA DE ECONOMIA 30/08 SEMANA DE ECONOMIA 04/09 Cap. 14 – Macroeconomia 06/09 Cap. 14 11/09 Cap. 14 13/09 Cap. 14 18/09 Trabalho: Exercícios para revisão em sala 20/09 Prova 3º. Bimestre 25/09 Vistas da prova 27/09 2ª. Chamada de Prova bimestral 02/10 Cap. 15 – Política Monetária 04/10 Cap. 15 09/10 Cap. 15 11/10 Cap. 16 – Crescimento de desenvolvimento Econômico 16/10 Cap. 16 18/10 Cap. 16 23/10 Cap. 16 25/10 Cap. 17 – Setor Externo 30/10 Cap. 17 01/11 Cap. 17 06/11 Cap. 18 – Setor Público 08/11 Cap. 18 13/11 Cap. 18 20/11 22/11 27/11 Trabalho: Exercícios para revisão em sala 29/11 Prova Escrita 2º. Semestre 04/12 Vistas da prova 06/12 2ª. Chamada de Prova Escrita 11/12 EXAME TOTAL 144 HORAS 4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO SUMÁRIO Cap. 1: Economia e ciência - Fundamentos dos problemas econômicos....................5 Cap. 2: Os problemas econômicos fundamentais - A organização dos sistemas econômicos..................................................................................................................9 Cap. 3: A Curva das Possibilidades de Produção......................................................14 Cap. 4: Formação dos preços – Lei da oferta e procura............................................16 Cap. 5: O equilíbrio da oferta e procura.....................................................................21 Cap. 6: A elasticidade da procura e da oferta – elasticidade preço da procura ........24 Cap. 7: A Teoria da Produção....................................................................................30 Cap. 8: A lei dos rendimentos decrescentes e dos custos crescentes......................35 Cap. 9: Teoria dos custos...........................................................................................38 Cap. 10: Estruturas de mercado.................................................................................43 Cap. 11: Como elaborar preços de venda..................................................................47 Cap. 12: Teoria da moeda – Histórico e uso / Funções da moeda............................53 Cap. 13: Teoria da moeda – Os meios de pagto. / Efeito multiplicador da moeda escritural / Inflação.....................................................................................................56 Cap. 14: Política Macroeconômica.............................................................................60 Cap. 15: Política Monetária........................................................................................63 Cap. 16: Teoria do desenvolvimento: o crescimento como objetivo básico...............67 Cap. 17: Setor Externo...............................................................................................73 Cap. 18: Setor Público................................................................................................77 5 CAPÍTULO 1 ECONOMIA E CIÊNCIA FUNDAMENTOS DOS PROBLEMAS ECONÔMICOS SÍNTESE - A Economia e seu múltiplo interesse. - O impulso da economia como ciência: Quando: povos primitivos / sec. 18 e 19 / I e II guerras / depressão de 30. Como: Da importância da economia em tudo e em todos os tempos. - A economia como ciência social: O bom senso A observação cautelosa - A ciência econômica: Definição Objeto de estudo - A escassez de recursos e as necessidades ilimitadas: A escassez As necessidades primárias A criação das necessidades O paradoxo – ontem/hoje A racionalização - As alternativas de produção e o pleno emprego dos recursos: A eficiência máxima O problema das opções COMENTÁRIOS - 0 papel da Economia - É uma ciência que diz respeito à todas as pessoas indistintamente, e não apenas aos economistas. - Os povos primitivos preocupavam-se com a organização de sua atividade econômica. À partir do aumento da população, fazia-se as trocas, e a economia foi evoluindo. No século 18 as grandes descobertas técnicas, alteraram o comportamento produtivo dos povos e a Economia apontou como ciência. No século 19 com a revolução industrial o progresso foi extraordinário, e a economia ganhou novo impulso. 6 A oferta cresceu e a comercialização modificou-se. Surge então os formadores de teorias econômicas: “Adam Smith”. Na fase das grandes guerras as nações alteraram sua produção que passou a ser material bélico. Outra fase foi a grande depressão econômica que abalou as nações ocidentais, e desenvolveu instrumentos de análise econômica para restabelecer a normalidade e reabsorver os desempregados. Em 1936, J M Keynes, traz idéias econômicas que são importantes até hoje: A Escola Moderna da Economia. Suas idéias eram contrárias às clássicas: “O governo deve ser o grande orientador da economia de seu país”. O governo ativou a economia gerando emprego e gastou muito dinheiro para isso. A Economia, como ciência, desempenha dois papéis básicos na análise das questões nacionais: a primeira diz respeito à compreensão, descrição e previsão da ação dos agentes econômicos; a segunda se refere à definição de políticas econômicas com vista a atingir determinados objetivos e construir uma sociedade mais justa. Existe uma diferença entre descrição (economia positiva) e prescrição (economia normativa): Economia positiva: diz respeito ao que é, foi ou será. Economia normativa: se preocupa com o que deveria ser. - O que é Economia - Economia é a ciência social que estuda a administração dos recursos escassos e dos problemas deles decorrentes, tanto para usos alternativos quanto para fins competitivos, com o objetivo de produzir e distribuir bens e serviços a fim de satisfazer as necessidades materiais da sociedade. - A etimologia da palavra Economia é proveniente da expressão grega oikos + nomos, onde oikus, no sentido mais amplo, quer dizer casa e nomos norma ou normatização e, daí, dar ordem, organizar, administrar, prover. - O objeto da Economia - Aos economistasse atribui zelar pelo uso adequado dos fatores de produção e recursos naturais para que a sobrevivência do homem na Terra não seja comprometida. - O pensamento do economista não pode se confundir com o do administrador que visa sempre a eficiência empresarial à maximização do lucro, pois esses objetivos são muitas vezes obtidos com o sacrifício da sociedade e com o desgaste dos recursos naturais. - O objeto da economia é o ser humano. Não pode ser pensada de forma fria e sim com base no bom senso e de forma cautelosa. (FALÁCIAS DA COMPOSIÇÃO). - O objetivo da economia é a criação e repartição das riquezas. - Divisão da Economia - Economia descritiva: Se dedica a observação, levantamento, descrição e classificação dos fatos econômicos, bem como do comportamento dos agentes econômicos. 7 - Economia política: Trata dos princípios que devem reger os agentes econômicos, a formação do Estado e a relação com seus agentes. - Teoria econômica: Se divide em micro e macroeconomia. A microeconomia cuida das unidades elementares de produção e de consumo, considerando individualmente o comportamento dos agentes econômicos. Da microeconomia fazem parte a teoria do consumidor, a teoria da empresa, a teoria da produção e da distribuição de bens e serviços econômicos. A macroeconomia tomou impulso com a falência do equilíbrio automático do mercado verificado na grande depressão de 1929, a tomada de consciência dos países subdesenvolvidos de sua situação de dependência e atraso econômicos, o desemprego estrutural e os desequilíbrios de mercado. - Política econômica: Utiliza os princípios, leis, teorias e modelos econômicos com a finalidade de desenvolver a ação econômica de forma adequada com os objetivos nacionais. É um ramo da economia voltado para a prática econômica. - A Lei da escassez: produzir o máximo de bens e serviços com os recursos escassos disponíveis a cada sociedade. Na realidade, a escassez dos recursos disponíveis acaba por gerar a escassez dos bens econômicos. - Os bens econômicos não existem de forma abundante e prontos para serem consumidos no local e no momento exato em que o consumidor deles necessita. Normalmente, é necessário um longo caminho para tornar os bens disponíveis para o consumo. Mesmo assim, os bens são limitados frente às necessidades ilimitadas da humanidade. O poder aquisitivo das pessoas em confronto com o preço dos bens e serviços é o elemento seletivo, de modo que uns têm maior alcance de consumo e outros praticamente não têm poder de compra algum, embora tenham necessidades e carências. O mercado, via preço e renda, estabelece quem tem acesso aos produtos oferecidos em quantidades limitadas. Com exceção do ar, os demais bens não são livres. Nenhum sistema econômico conseguiu até hoje satisfazer a todas as necessidades da coletividade. A escassez é a mais severa das leis milenares. A tecnologia e a capacidade científica revelam suas limitações. À medida que os recursos produtivos se expandem e se aperfeiçoam, os desejos e as necessidades humanas crescem mais que proporcionalmente. As necessidades humanas, primárias, renovam-se dia a dia e exigem contínuo suprimento dos bens destinados a atendê-las. As necessidades primárias são: alimentação, vestuário e habitação. Mesmo que pequena parcela da população ativa possa satisfazer o resto da população em suas necessidades primárias, o problema se perpetua, pois o ser humano está sempre criando novas necessidades e os povos aumentando o seu padrão de vida e o bem estar material. Além de criarmos necessidades de forma natural, também criamos de forma artificial, como a propaganda. Em 1ª vista, há um paradoxo: Os povos da Idade Média tinham menos necessidades do que os povos atuais e os povos atuais possuem um maior volume de bens à disposição. Quanto mais bens alcançam elevado nível de produção em massa e satisfazem as necessidades humanas, novos desejos são criados pelo homem, continuando assim o problema das necessidades ilimitadas. Povos civilizados são os que despertam para novas necessidades. Coisas ontem supérfluas são hoje imprescindíveis. 8 Enquanto os desejos materiais do homem parecem insaciáveis, os recursos para atendê-los permanecem escassos. Essa é a essência do problema econômico. O emprego de tais recursos deve ser racional e bem administrado. Primeiro em sua plena utilização e segundo com objetivo de sua melhor combinação. A eficiência máxima e o pleno emprego são alcançados quando se mobilizam todas as possibilidades de produção da economia. Com a reunião e combinação dos recursos: terra, trabalho, capital, capacidade tecnológica e capacidade empresarial, uma economia pode obter bens e serviços que atendam as necessidades da coletividade. Porém as produções sempre serão limitadas. Quando uma economia está operando em regime de máxima eficiência, só poderá aumentar a produção de determinado produto se desistir ou diminuir a produção de outro. A esse problema soma-se os das opções. As políticas econômicas têm ainda o problema de optar qual o melhor caminho a ser tomado. Utilidade Utilidade de um bem “X” é a capacidade desse bem satisfazer direta ou indiretamente alguma necessidade humana. O consumo dos bens produz algum tipo de satisfação. Essa é a razão de toda a economia. Utilizar adequadamente os meios de produção a fim de produzir bens e serviços de modo a satisfazer ao máximo as necessidades materiais da sociedade, ou seja, maximizar a função de bem-estar social. Utilidade total Utilidade total de um indivíduo é o nível de satisfação obtido por esse indivíduo, devido ao consumo de n bens, em um dado período de tempo. Ou seja, utilidade total de um bem “X” é a soma das utilidades fornecidas por cada unidade consumida desse bem. À medida que nossas necessidades de um bem “X” vão sendo satisfeitas, os acréscimos na satisfação total vão diminuindo, podendo até se tornarem negativos, caso o uso cresça excessivamente. Utilidade marginal A utilidade marginal de um bem “X” é a variação na utilidade total devido ao consumo de uma unidade a mais desse bem. Como as primeiras unidades consumidas nos dão um nível mais alto de satisfação, porque nossas carências vão diminuindo, à medida que vamos satisfazendo as necessidades, a utilidade marginal é uma função decrescente. Relacionando a utilidade marginal decrescente com o preço, parece plenamente aceitável que o consumidor se dispõe a pagar cada vez menos por quantidades adicionais de um bem “X”. A utilidade marginal é determinante para a decisão de consumo do indivíduo, pois é a partir das necessidades que faltam para satisfazer que ele toma suas decisões de compra e não pelo consumo já efetuado. 9 CAPÍTULO 2 OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS ECONÔMICOS. SÍNTESE - O que e quanto produzir? Nível econômico - Como produzir? Nível tecnológico - Para quem produzir? Nível social - As respostas: * O que e quanto? Votos do consumidor. Meta: curva das possibilidades. * Como? Concorrência entre produtores./ Tecnologia. Meta: Racionalizar. - Sistema econômico ideal. - Organização da atividade econômica. Divisão do trabalho. Justiça distributiva. Os Liberais e os críticos(Marx). Qual deverá ser a forma de organização ideal? - Elementos básicos do sistema: 1- Estoque de recursos produtivos. 2- Complexo de unidades de produção. 3- Conjunto de instituições. - Fluxo Real. - Fluxo Monetário. - Inter-relação dos fluxos. COMENTÁRIOS Toda economia tem os seus problemas básicos: decidir sobre segurança ou bem-estar; sobre bem-estar imediato ou produção de base para bem-estar no futuro. Investimento ou consumo? Presente ou futuro? Além das opções básicas, as modernas economias possuemum conjunto de alternativas que requerem otimização. Caso a sociedade decida por uma das opções dos problemas básicos, ainda nos resta saber quais os produtos à serem elaborados, em que quantidades e através de que processo deverão ser fabricados e, finalmente como repartir o produto dessa atividade entre os membros da coletividade. No nível econômico decide-se sobre o que e quanto produzir. No nível tecnológico, sobre como produzir. No social, para quem produzir ou, como repartir o produto. O sentido econômico da questão o que e quanto produzir, advém do conhecimento da máxima possibilidade econômica. A eficiência exige que as combinações estejam na curva de possibilidades de produção. Portanto nunca se deve ficar aquém da curva, pois denota desperdício de possibilidades ou recursos, o 10 que não é compatível com a necessidade econômica do pleno emprego de recursos. Nem tampouco além da curva, pois esses níveis são inalcançáveis. No nível tecnológico vamos resolver como produzir. Obteremos máxima eficiência produtiva que se alcança pela mobilização total dos recursos, e pela melhor combinação possível dos mesmos. Os melhores métodos devem ser adotados. As unidades produtivas devem combinar recursos patrimoniais e humanos e a sociedade deve absorver a tecnologia de forma que a técnica não implique em desperdício do potencial humano, pelo desemprego tecnológico. No nível social o sistema econômico deve decidir de que forma será repartida a produção total obtida. Portanto a eficiência distributiva é tão importante quanto à eficiência produtiva. Adam Smith escreveu: “Nenhuma sociedade pode ser florescente e feliz se a maioria dos que a constituem são pobres e miseráveis”. Um dos principais defeitos do mundo em que vivemos é a incapacidade para garantir o pleno emprego e a arbitrária e desigual repartição da riqueza. Nenhum método de produção pode atingir seu mais alto grau de eficiência econômica se não alcançar seu mais alto grau de eficiência técnica. Como chegar a essas soluções? O que e quanto produzir? As unidades de produção só devem dedicar-se a produção de determinado bem, se a coletividade julgar necessário. Portanto deve-se buscar a opinião do consumidor pelas pesquisas de mercado, através de amostragem estatística. A meta é a curva das possibilidades de produção. Essa análise deve ser feita contínua. Como produzir? Isso se consegue através da concorrência entre produtores. Deve-se obter a máxima eficiência na combinação e na alocação dos recursos disponíveis. As técnicas empregadas devem levarão máximo nível possível de produção. A meta é a racionalização no uso dos recursos produtivos. Para quem produzir? Aqui tratamos de alcançar a fronteira do bem-estar social e individual. Um sistema econômico ideal é o capaz de harmonizar com perfeição a solução dos três problemas econômicos centrais, por isso representa o objetivo da organização econômica das nações. Esse sistema deve obter elevada eficiência produtiva combinada com a eficiência distributiva. A constituição de um sistema econômico ideal implica a ampliação desta área. A ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. Para que haja uma organização econômica, é necessário também um envolvimento social, ético e político. A organização da atividade econômica tem o objetivo de assegurar maior eficiência à alocação de seus recursos. Uma das formas de se facilitar às soluções dos problemas econômicos é pela divisão do trabalho. Essa idéia vem dos primórdios da humanidade. A divisão do trabalho conduziu ao equacionamento e soluções relacionadas com a eficiência produtiva, contudo trouxe mais complexidade as questões de justiça distributiva. 11 Quanto mais especializada se torna a atividade, mais complexa fica a exata medição das contribuições individuais. Por isso se impõe a necessidade de desenvolver e aplicar modelos que reduzem os desequilíbrios da repartição. Os liberais do séc. l8 e l9, propuseram o individualismo, a livre iniciativa e a concorrência empresarial. Sua proposta era o livre sistema de preços e mercado. Os críticos do sistema liberal capitalista, baseados nos ideais Marxistas, propuseram o bloqueio da liberdade empresarial, o coletivismo e a direção estatal. Em lugar de mecanismos livres, seriam implantados sistemas centralizados de controle, coordenando metas de produção da economia, alocação de recursos e a repartição do produto. Entre os extremos são possíveis inúmeros modelos. Qual o ideal? Essa é a mais complexa questão da análise econômica. Na verdade os problemas centrais de uma economia só terão respostas diferentes, mas nenhum sistema poderá eliminá-los. A estrutura de um sistema econômico se divide em três grupos de elementos básicos: 1 – Estoque de recursos produtivos: Esse grupo é a base da atividade econômica. Terra, capital e trabalho. Os recursos produtivos se dividem em: - Humanos: população economicamente ativa e a capacidade empresarial. - Físicos: recursos naturais, capital e tecnologia. Sem a reunião desses recursos, nenhuma forma de atividade econômica é possível. Os estoques desses elementos condicionam a existência, a extensão e a eficiência da produção. Um sistema só se constitui com a união e a combinação desses recursos. 2 – Complexo de unidades de produção: Porém os estoques de recursos, simplesmente unidos e combinados, não alcançam sua plena significação econômica. Precisam ser mobilizados pelas unidades de produção (conjunto das empresas), que integram o aparelhamento produtivo da sociedade. As principais células dos sistemas econômicos são as unidades de produção. Empregando os recursos disponíveis, essas unidades dão origem aos fluxos real e monetário, executando assim, as tarefas relacionadas aos problemas centrais da economia. 3 – Conjunto de instituições: Todo sistema econômico deve dispor de um conjunto de instituições jurídicas, políticas sociais, e econômicas que dão forma às atividades desenvolvidas pela sociedade. Essas instituições definem as relações entre as unidades de produção e os centros de disposição dos recursos produtivos. Instituições jurídicas: OAB, escolas de direito, advogados, poder judiciário. Disciplina as atividades individuais e coletivas, determinando as esferas de ação, os deveres e obrigações das unidades produtivas e dos detentores dos recursos. Instituições políticas: Governo e seus organismos, sindicatos. Definem as relações entre o Estado, as empresas e a coletividade. 12 Instituições sociais: INSS, SENAI, SENAC, SESC. Estabelecem planos de conduta para os setores da atividade econômica. Cuida do lado humano do sistema. O processo de crescimento econômico tem como principal condição, o suprimento de recursos humanos e patrimoniais. As barreiras ao processo de expansão das possibilidades de produção e do crescimento econômico são: tecnologia incipiente, recursos humanos mal preparados, insuficiência de capital, capacidade empresarial pouco agressiva, reduzidos recursos naturais. Esse crescimento depende da forma como operam as unidades de produção: eficiência do aparelhamento produtivo e atuação das empresas. Para completar, o crescimento econômico, precisa de um conjunto de instituições que facilitem os procedimentos econômicos do sistema. - FLUXO REAL E MONETÁRIO Toda atividade econômica é ativa e dinâmica, todos os recursos estão em permanente movimento. Participando desses movimentos, as unidades de produção geram um fluxo de bens e serviços para satisfazer as necessidades da sociedade. - Fluxo Real: descreve a relação entre as unidades familiares, que incluem todos os indivíduos que participam das atividades produtivas e consomem bens e serviços finaiselaborados, e as unidades de produção. Terra - capital - trabalho EMPRESAS FAMÍLIAS Bens e serviços Os dois agentes, unidade familiar e de produção, se relacionam e dão origem à produção real de bens e serviços. Os recursos de produção pertencem às unidades familiares, que fornecem trabalho, capacidade empresarial, tecnologia, recursos da terra e poupança para formação de capital que fluem para as unidades de produção que os une e combina para a elaboração de bens ou para prestação de serviços. E para completar o fluxo, esses bens e serviços fluem das unidades de produção para as famílias, destinando-se à sua subsistência e conforto material. - Fluxo Monetário: ao empregar os recursos fornecidos pelas unidades familiares, as unidades de produção os remuneram, pagando-lhes salários, aluguéis, juros, lucros e dividendos. Com a remuneração, as unidades familiares adquirem poder aquisitivo e retransferem às unidades de produção, pelos preços pagos na aquisição dos bens e serviços, os fluxos monetários originados por ela. Quando se participa do processo produtivo, adquire-se o direito de consumir uma parcela dos bens e serviços produzidos pela sociedade. INTER-RELAÇÃO DOS FLUXOS REAL E MONETÁRIO. A organização econômica se fundamenta em dois grandes mercados: o de recursos de produção e o de bens e serviços. No mercado de recursos de produção, as unidades familiais exercem função de oferta e as unidades de produção função de procura. 13 No mercado de bens e serviços, as unidades de produção exercem função de oferta e as unidades familiais de procura. Tanto em um quanto em outro mercado, os preços refletem as disponibilidades e as pressões da procura. Os preços também se movimentam dependendo da escala de escassez e de utilidade dos recursos e dos bens. Terra – capital – trabalho Terra – capital - trabalho MERCADO Salários – juros DE RECURSOS Salários–juros–aluguéis-lucro Alugueis - lucros EMPRESAS FAMÍLIAS Gastos com bens e Gastos com bens serviços e serviços MERCADO DE Bens e serviços BENS E SERVIÇOS Bens e serviços MERCADO FINANCEIRO 14 CAPÍTULO 3 A CURVA DA TRANSFORMAÇÃO OU DAS POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO SÍNTESE - A plena utilização dos recursos - Os 4 pontos notáveis - Os deslocamentos das curvas - Causas dos crescimentos econômicos COMENTÁRIOS A curva de possibilidades de produção da Economia é uma função que representa a produção máxima que se consegue produzir de dois bens com uma dada dotação de fatores, na hipótese de uso eficiente e capacidade plena de produção. É, portanto, uma função limite, para a qual deve-se fazer a produção tender, As curvas de possibilidades de produção da Economia também podem servir para análise do estágio de desenvolvimento de um país e de sua vocação natural. A plena utilização dos recursos de produção pode ser mostrada através de um gráfico. Vamos considerar uma economia hipotética: país = A; tempo = 6 anos; produção = armas/margarina; população = constante; tecnologia = estável; recursos produtivos = totalmente aproveitados. GRÁFICO 1 ANOS 1 2 3 4 5 6 ARMAS 750 600 450 300 150 0 Y MARGARINA 0 140 180 225 240 250 X Y 750 600 - - - - - - - - - - - - - - - - - 450 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 300 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 150 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0 50 100 150 200 250 X 15 Qualquer ponto da curva representa a produção máxima da economia. Qualquer ponto no interior da curva mostra que existe alguma capacidade ociosa, isto é, pode-se aumentar ainda mais a produção. Essa curva limita o máximo da produção em estudo. Só se consegue alterar a curva além da produção possível, se alterarmos as premissas impostas do país: mais tecnologia, mais mão de obra ou mais recursos naturais, ou seja, mais recursos de produção de uma forma geral. Os quatro pontos notáveis das curvas das possibilidades de produção são: 1- Ponto de pleno desemprego: situação representada apenas teoricamente, pois torna-se necessário pelo menos um mínimo de produção para a simples subsistência. 2- Ponto de operação com capacidade ociosa: representa situação prática muito comum e normal. Na prática sempre existe uma certa capacidade ociosa. Mesmo que seja para simples reparos sempre existem máquinas paradas. Nem todos os equipamentos de uma economia estarão sendo plenamente utilizados em dado momento. 3- Ponto de pleno emprego: representa uma situação ideal, dificilmente alcançado. Um dos objetivos da política econômica é a manutenção do pleno emprego. Embora o pleno emprego seja um dos ideais mais significativos, seu alcance parece impossível, a não ser em situações extremas, como os períodos de guerra, quando são mobilizadas todas as forças de combate e suas retaguardas de produção. 4- Ponto que representa um nível impossível de produção. Só se alcança esse ponto em períodos futuros, desde que ocorram deslocamentos positivos da curva de possibilidades preestabelecida. Ao longo do tempo as curvas de possibilidades de produção sofreram sensíveis deslocamentos positivos. Os deslocamentos positivos das curvas decorrem da expansão ou melhoria dos recursos disponíveis. Esse deslocamento positivo das fronteiras de produção da economia se deve a um conjunto de fatores interdependentes: É necessário que a população aumente e que sejam adequadamente treinados para o exercício de funções produtivas. Também é preciso que os recursos de capital (edificações, equipamentos e instrumentos de produção) e a infra-estrutura básica (ferrovias, portos, hidrelétricas) registrem acréscimos. As reservas naturais devem também suportar o aumento das pressões. E finalmente ocorrer a melhoria da capacidade tecnológica da economia. Inversamente, também podem as curvas sofrer deslocamentos negativos, que ocorrem durante as guerras, as pestes, as geadas. O processo de expansão dos recursos de produção preexistente é chamado de acumulação. Embora as economias desenvolvidas produzam bens supérfluos e de luxo em altos níveis, seus investimentos básicos e em infra-estrutura (processo de acumulação) tendem a ser altos, expandindo-se cada vez mais em suas capacidades operacionais, Essas são causas fundamentais dos círculos viciosos da afluência econômica. 16 CAPÍTULO 4 FORMAÇÃO DOS PREÇOS SÍNTESE - Valor e preço - A teoria objetiva de David Ricardo: O valor trabalho A oferta determina o preço - A teoria subjetiva de Gossen e Wieser: Aescassez e a procura A procura determina o preço - A tesoura de Marshall: A oferta e a procura determinam o preço - A procura: Definição Quantidades procuradas em relação aos níveis de preços - A oferta: Definição Quantidades ofertadas em relação aos níveis de preços >P >QO Variáveis que afetam a demanda e suas relações Variáveis que afetam a oferta COMENTÁRIOS - Preço é a expressão monetária do valor dos bens e serviços. O que é que determina o valor de um bem? Quais os elementos dos valores atribuídos aos bens e serviços? - A teoria objetiva de David Ricardo: o grande diferencial na formação do preço de alguma coisa era o trabalho. A unidade tempo de trabalho para a produção de um bem é que dava o valor à esse bem. Portanto a oferta determinaria o preço do produto. - A teoria subjetiva de Gossen: essa teoria veio contrariar o pensamento ricardiano. Todas as mercadorias tinham uma relativa escassez e utilidade. Essa escassez somada a sua utilidade ou preferência individual, é que seriam os verdadeiros determinantes do valor. À medida que um produto se torna mais escasso e mais útil, o seu preço aumenta. Portanto o preço é determinado pela procura. - A tesoura de Marshall: verificou-se que as duas teorias acima têm uma dose de razão e de erro. Marshall, então, fez uma analogia: “Qual das duas facas da tesoura corta a folha de papel?” E verificou-se que na verdade o preço é determinado simultaneamente tanto pela oferta quanto pela procura. A partir dessa nova teoria, vamos examinar a lei de oferta e da procura para podermos entender como de movimentam e se formam os preços no mercado. 17 - A lei da procura: As quantidades que os consumidores estarão dispostos e aptos a adquirir, em função dos níveis de preços, em determinado período de tempo. Essa relação é inversamente proporcional. Quando aumenta o preço, diminui as quantidades procuradas. QP = f (P) P 5 4 Curva de procura >P <QP 3 2 1 0 QP 5 10 15 20 25 Razões dessa teoria: a) Obstáculo natural: determinado pela quantidade de dinheiro em posse de cada indivíduo. Se não temos dinheiro suficiente para cobrir o aumento de preços, a quantidade procurada declina. b) Efeito substituição: se o indivíduo está acostumado a comprar sempre um certo produto de mesma marca, caso o preço dessa marca sofra reajustes no preço, ele será substituído por outra marca similar, onde cai as quantidades procuradas. - A lei de oferta: é a relação que se faz entre as quantidades ofertadas no mercado em função dos níveis de preços, em determinado período de tempo. Essa relação é diretamente proporcional, ou seja, na medida em que cresce o preço, o produtor vai aumentar as quantidades ofertadas. QO = f (P) P 5 4 3 curva de oferta >P >QO 2 Razões dessa teoria: a) Quando aumenta o preço, o produtor 1 poderá obter lucros maiores, por isso QO aumentar a quantidade ofertada. 0 5 10 15 20 25 b) Fugir da lei dos rendimentos decres- centes, pois com mais lucro, poderá comprar mais recursos produtivos escapando da lei. 18 VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA E A OFERTA OS DESLOCAMENTOS DA DEMANDA: As variações nas quantidades procuradas podem ser independentes das variações dos preços de acordo com alguns fatores a seguir: 1- DIMENSÃO DO MERCADO CONSUMIDOR: quando se aumenta o número de consumidores aptos a consumir, a curva da procura de determinado produto poderá se deslocar positivamente mesmo que se mantenha fixo o preço do produto. 2- RIQUEZA E RENDA - VARIAÇÃO DO PODER AQUISITIVO: se o poder de compra dos consumidores, for maior, mesmo que se mantenha fixo o preço do produto, as pessoas poderão comprar mais aumentando a quantidade procurada. 3- ATITUDES E PREFERÊNCIAS DO CONSUMIDOR: neste caso devemos pensar que as preferências podem ser manejadas pelas campanhas publicitárias que tem por objetivo, fazer com que mais consumidores voltem sua preferência sobre o produto em pauta. Daí teremos um acréscimo na quantidade procurada. 4- EXPECTATIVA DE OFERTA: o consumidor sempre tem uma expectativa de oferta de determinado produto. Se a expectativa for ruim (haverá falta do produto) a quantidade procurada aumenta. Se a expectativa for boa (haverá sobra de produto) a quantidade procurada permanece constante e às vezes até diminui. 5- PREÇOS DOS PRODUTOS SUBSTITUTOS: se aumentarmos os preços de determinado produto substituto de um outro que permanece com seu preço inalterado, os consumidores do primeiro produto passarão a consumir o 2o produto, aumentando assim a quantidade procurada do mesmo. OS DESLOCAMENTOS DA OFERTA: As variações nas quantidades ofertadas também podem existir, independentemente dos preços de acordo com os seguintes fatores: 1- No DE EMPRESAS APTAS: a quantidade ofertada cresce ou decresce dependendo do número de empresas aptas a produzirem determinado produto. 2- OFERTAS DOS RECURSOS PRODUTIVOS: dependendo da disponibilidade dos recursos de produção a quantidade ofertada pode variar. 3- PREÇOS DOS RECURSOS: se os preços dos recursos se elevarem, a quantidade ofertada pode diminuir. 4- ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA tecnológica. 5- EXPECTATIVA SOBRE A EVOLUÇÃO DA PROCURA: o empresário tendo uma boa expectativa de procura sobre o seu produto, certamente aumentará a quantidade ofertada. 19 A FUNÇÃO GERAL DA DEMANDA qdi = f (pi, ps, pc, R, G) qdi = quantidade demandada do bem i / t pi = preço do bem i / t ps = preços dos bens substitutos ou concorrente / t R = renda do consumidor / t G = gostso e hábitos do consumidor / t RELAÇÃO ENTRE A QUANTIDADE DEMANDADA E O PREÇO DO BEM qdi = f(pi) ∆qdi / ∆pi < 0 relação é inversa RELAÇÃO ENTRE QUANTIDADE DEMANDADA E PREÇOS DE OUTROS BENS a) Bens substitutos ou concorrentes qdi = f(ps) ∆qdi / ∆ps > 0 relação é direta Exemplos de bens substitutos: - carne de vaca, frango e peixe; - cerveja de várias marcas; - viagem de trem ou ônibus b) Bens complementares qdi = f(pc) ∆qdi / ∆pc < 0 relação é inversa Exemplos de bens complementares: - camisa social e gravat; - pão e manteiga; - sapato e meia. RELAÇÃO ENTRE DEMANDA DE UM BEM E A RENDA DO CONSUMIDOR (R) qdi = f(R) 20 a) ∆qdi / ∆R > 0 : bem normal: aumentos da renda elevam a demanda do bem. b) ∆qdi / ∆R < 0 : bem inferior: aumentos da renda levam a queda de demanda do bem: carne de segunda, roupas usadas, etc. c) ∆qdi / ∆R = 0 : bem de consumo saciado ou neutro: aumentos de renda não interferem na demanda do bem; alimentos básicos. OBSERAVÇÕES ADICIONAIS Variações da demanda dizem respeito ao deslocamento da curva da demanda, em relação as alterações em ps, pc, R ou G. (própria curva). Variações na quantidade demanda refere-se ao movimento ao longo da própria curva, em virtude da variação do preço do próprio bem pi com as outras variáveis constantes. (pontos específicos da curva). EXERCÍCIOS SOBRE DEMANDA DE MERCADO – ATIVIDADE CLASSE.21 CAPÍTULO 5 O EQUILIBRIO: OFERTA E PROCURA. SINTESE - O preço de equilíbrio. - Os deslocamentos da procura. - Os deslocamentos da oferta - Os deslocamentos e os movimentos do preço - Os preços como orientadores. COMENTÁRIOS O PREÇO DE EQUILÍBRIO: Vamos agora verificar como é que as forças e mecanismos de mercado, através das leis da oferta e da procura, formam um preço de equilíbrio. Quando o mercado está em situação de concorrência perfeita, o ponto de equilíbrio é o ponto onde os dois agentes do mercado, consumidor e produtor, estarão simultaneamente satisfeitos. Se o preço estiver abaixo do ponto de equilíbrio será bom para o comprador, porém o produtor estará insatisfeito. Em linguagem gráfica, o preço de ajustamento, é determinado pela intersecção das curvas de oferta e de procura, é o ponto onde se igualam as quantidades procuradas e ofertadas. Abaixo desse ponto de encontro, as quantidades procuradas serão superiores às ofertadas, o que levará a uma competição entre consumidores, forçando uma elevação natural dos preços estimulando os produtores ao aumento na produção. Esses ajustamentos é que garantem o adequado suprimento do mercado. A função básica dos preços é a de orientar as empresas no sentido de utilizarem racionalmente os recursos disponíveis, injetando no mercado quantidades que sejam compatíveis com as reais tendências e capacidade de absorção da produção. PREÇO (R$) 1000 - procura oferta 800 - E 600 - ponto de equilíbrio 400 - 200 - 0 | | | | | QP e QO 2 4 6 8 10 22 OS DESLOCAMENTOS DA PROCURA E DA OFERTA E O MOVIMENTO DOS PREÇOS: Os deslocamentos das curvas da procura e da oferta determinam mudanças nos preços de equilíbrio do produto. Demonstraremos a seguir 4 hipóteses: Hipótese a): Quando a procura se expande e a oferta não se altera, o preço de equilíbrio se desloca para um nível mais alto. Ex.: Se não houver expansão de oferta de peixes na semana santa ou de flores no dia de Finados. P P1 P O E1 E QP e QO Hipótese b): Quando a procura se retrai e a oferta não se altera, o preço de equilíbrio cairá. Ex.: é o que ocorreria com o mercado de refrigerantes se as empresas produtoras não restringissem o volume de oferta durante o inverno. P P O P1 E E1 QP e QO Hipótese c): Se a procura permanecer estável e a oferta expandir-se, os preços sofrerão diminuição para haver absorção da produção excedente. Ex.: produtos agrícolas nos períodos de colheita. P P O E O1 E1 QP e QO 23 Hipótese d): Quando a procura não se altera e a oferta se retrai, o preço de equilíbrio se elevará. Isto acontece com a carne bovina nos meses de inverno, quando o emagrecimento do gado desestimula o abate, registrando altas nos preços da carne. P P O1 O E1 E QO e QP OS PREÇOS COMO ORIENTADORES: Nas condições de livre iniciativa, da concorrência perfeita, o sistema de preços será um eficaz orientador das atividades econômicas, atuando como um sinalizador das tendências dos produtores e dos consumidores. O preço é um dos mais perfeitos índices da escassez, capaz de orientar o funcionamento do sistema econômico em condições de máxima eficiência e de ótimo aproveitamento dos meios de produção disponíveis. EXERCÍCIOS SOBRE EQUILÍBRIO DE MERCADO – ATIVIDADE CLASSE. 24 CAPÍTULO 6 MEDIDAS DE ELASTICIDADE ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA / ELASTICIDADE RENDA DA DEMANDA SÍNTESE 1. Elasticidade-preço da demanda - Definição – fórmula. - Porque do estudo. - Classificação de elasticidade: a) Inelasticidade relativa ( E < 1) b) Elasticidade unitária ( E = 1) c) Elasticidade relativa ( E > 1) d) Elasticidade perfeita ( E –> ∞) e) Inelasticidade plena ( E –> 0) - Fatores que influenciam a Epp: Efeito substituição Essencialidade do bem Importância relativa do bem no orçamento do consumidor - Formas de cálculo: Elasticidade no ponto 2. Elasticidade renda da demanda - Definição - fórmula - Classificação da elasticidade: a) Bem superior ou de luxo (Erp > 1) b) Bem normal (Erp > 0) c) Bem inferior (Erp < 0) d) Bem de consumo saciado (Erp = 0) COMENTÁRIOS 1. Elasticidade-preço da demanda: Já verificamos, no estudo da lei da procura, que uma curva típica da procura revela que uma alteração no nível de preços para maior provoca alteração para menor nas quantidades procuradas. Conhecemos a direção, o sentido, mas não a magnitude numérica: isto é, se o preço aumenta em 10%, quanto cairá a quantidade demandada? Porém cada produto ou classe de produtos tem uma curva de procura diferente, quanto à sua concavidade ou inclinação, mostrando assim as sensibilidades diferentes em relação à variação dos preços. Esses diferentes graus de sensibilidade podem ser quantificados através do conceito da elasticidade-preço da procura ou demanda, e o conceito de elasticidade fornece as respostas numéricas. 25 Trata-se de um conceito de ampla aplicação em Economia. Exemplos da Macroeconomia: Elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio. Elasticidade da demanda da moeda em relação à taxa de juros. Definição: é a relação entre a variação das quantidades procuradas e a variação dos preços. Mede a sensibilidade, a resposta dos consumidores, quando ocorre uma variação no preço de um bem ou serviço. Fórmula: Epp = QP / QP P / P Obs: Como QP / P é negativa pela lei geral da demanda por ser essa uma função inversamente proporcional, e P e QP são valores positivos, a elasticidade-preço da demanda é sempre negativa. Por essa razão, seu valor é usualmente expresso em módulo. - Classificaçao da elasticidade: a) Inelasticidade relativa ( E < 1 ); Dando-se um aumento no preço de determinado produto, a variação da quantidade procurada decresce menos que proporcionalmente à variação do preço. Ex.: Alimentos. Mesmo que haja grande aumento de preços, a quantidade procurada decresce pouca coisa, por se tratar de produto de 1ª necessidade. b) Elasticidade unitária ( E = 1 ) : Dando-se um aumento no preço do produto, a quantidade procurada cai na mesma proporção da variação do preço. c) Elasticidade relativa ( E > 1 ) : Variando-se o nível de preço de um produto positivamente, a quantidade procurada, cai mais que proporcionalmente ao aumento do preço. Ex.: roupas de luxo, viagens, produtos supérfluos. d) Elasticidade perfeita ( E - oo ) : Dando-se um aumento de preço para determinado produto, mesmo que seja uma pequena variação, nota-se que a quantidade procurada desapareça imediatamente. Ex.: prático difícil. Produto exageradamente supérfluo e sem utilidade. Ou num mercado de concorrência perfeita e) Inelasticidade plena ( E – 0) : Dando-se um aumento no preço do produto, mesmo que seja com variação elevada e contínua, a quantidade procurada permanece constante, não sofre variação. Ex.: Um medicamento raro, que mantém a sobrevida de alguém. Mesmo que haja um grande aumento no preço, a quantidade procurada não se altera. - Fatores que influenciam a Elasticidade-preço da Demanda: a) Efeito Substituição: Quanto maior for a disponibilidade de bens substitutos, mais elástica será a demanda, pois, dado um aumento de preços, o consumidor tem mais opções para “fugir” do consumo desse produto. Os26 consumidores são sensíveis à variação de preços. Como a elasticidade depende da quantidade de bens substitutos, observa-se que, quanto mais específico o mercado, maior a elasticidade. Ex.: Pasta de dentes mentol Sorriso > pasta de dentes. b) Essencialidade do bem: Quanto mais essencial o bem, mais inelástica sua procura. Ex.: Sal. Quanto mais essencial um produto, mais inelástico será, portanto quanto mais supérfluo mais elástico. c) Importância relativa do bem no orçamento do consumidor: Essa importância, ou peso do bem no orçamento, é dada pela proporção de quanto o consumidor gasta no bem, em relação a sua despesa total. Quanto maior o peso no orçamento, maior a elasticidade-preço da procura. Ex.: Carne = Epp alta; fósforo = Epp baixa. Representação gráfica dos conceitos de elasticidade-preço da procura: P P P P2 P2 P2 P1 P1 P1 QP QP QP QP2 QP1 QP2 QP1 QP2 QP1 P P __________ QP QP ( E – oo) ( E – 0 ) - Formas de cálculo: a) Elasticidade no ponto: calculada num ponto específico da demanda, a dado preço e quantidade. 1. Por acréscimos finitos ( ): Epp = QP / QPo = Po_ . QP P / Po QPo P Exemplo: Dados P0 = 10,00; P1 = 15,00; Q0 = 120; Q1 = 100, calcular a elasticidade-preço da demanda, no ponto inicial (0). 27 Basta substituir na fórmula: Epp = 10 . (100 – 120) = 10 . (-20) = 0,33 120 (15 – 10) 120 5 Portanto, demanda inelástica no ponto inicial (P0 , Q0). 2. Por derivada: Utilizam-se derivadas quando se tem uma estimativa estatística da função demanda. 2.1. Quando a demanda é apresentada apenas em função do preço do bem, utilizam-se derivadas simples: Epp = Po_ . d QP QPo d P Exemplo: Dada a função demanda de um bem QP = 40 – 2P, calcular a elasticidade- preço da demanda no ponto P = 2,00. Para calcular a elasticidade, precisamos conhecer antes o valor da quantidade demandada (QP), ao preço de 2,00. Basta substituir na fórmula: QP = 40 – 2(2) = 36. A derivada de QP em relação a P, é igual a –2. Substituindo esses valores na fórmula da elasticidade-preço da demanda, temos: Epp = 2 (-2) = - 4 = 0,12 36 36 A demanda é inelástica ao preço de $ 2,00. 2.2. Quando a demanda é apresentada em função de outras variáveis, além do preço, como renda dos consumidores, preços de substitutos, utilizam-se derivadas parciais: Epp = P . QP QP P Exemplo: Dada a equação da demanda QP = 20 – 4P + 0.4R, calcular a elasticidade-preço da demanda ao nível de preço P0 = $ 5,00 e de renda R0 = $ 1.000,00. O primeiro passo é determinar qual a quantidade de demanda ao preço $ 5,00 e nível de renda $ 1.000,00, que é feito substituindo-se os valores na função demanda: QP = 20 – 4 (5) + 0,4(1000) = 400 A elasticidade-preço da demanda é igual a: 28 Epp = 5 (-4) = 0,05 demanda inelástica. 400 b) Elasticidade no arco: Se quisermos a elasticidade num trecho da curva da demanda, em vez de um ponto específico, tomamos a média dos preços e a média das quantidades. P0 + P1 Epp = 2 ___ . QP QP0 + QP1 P 2 que é igual a: Epp = P0 + P1 . QP QP0 + QP1 P 2. Elasticidade-renda da Demanda: Definição: É a variação percentual da quantidade demandada, dada uma variação percentual da renda do consumidor. Fórmula: Erp = R . QP QP R Ao lado da elasticidade-preço da demanda, a elasticidade-renda da demanda é o conceito de elasticidade mais difundido. Normalmente, a elasticidade-renda da demanda de produtos manufaturados é superior à elasticidade-renda de produtos básicos, como alimentos. Isso porque, quanto mais elevada a renda, a tendência é aumentar mais o consumo de produtos, como, eletrônicos e automóveis em relação aos alimentos (cujo consumo tem um limite fisiológico). Esse fato é a base para justificar a tese de que países mais pobres, que normalmente exportam produtos primários e importam manufaturados, tendem a apresentar déficits crônicos em seu balanço de pagamentos, contrariamente aos países mais ricos. - Classificação da elasticidade: a) Erp > 1: bem superior ou de luxo: dada uma variação da renda, o consumo varia mais que proporcionalmente; b) Erp > 0 : bem normal: o consumo aumenta quando a renda aumenta; 29 c) Erp < 0 : bem inferior: a demanda cai quando a renda aumenta; d) Erp = 0 : bem de consumo saciado: variações na renda não alteram o consumo do bem. Obs.: O caso em que a elasticidade-renda é nula nem sempre indica um bem de consumo saciado. Pode ser simplesmente o mercado de algum produto que não seja afetado por variações de renda, como arroz, sal, açúcar, etc. 3. Questões para revisão: Qual é a definição de “Elasticidade–preço da procura”? Os produtos supérfluos possuem qual conceito de elasticidade-preço da procura? a) Inelasticidade relativa b) Elasticidade unitária c) Elasticidade relativa d) Inelasticidade plena 3) Se quando aumentamos o preço de determinado produto a quantidade procurada do mesmo cai mais que proporcionalmente à variação do preço, que tipo de elasticidade-preço da procura verificamos? a) Inelasticidade relativa. b) Elasticidade unitária c) Elasticidade relativa e) Elasticidade perfeita 4) Quais fatores influenciam na elasticidade-prêço da demanda? EXERCÍCIOS: Determinar o grau de elasticidade-preço de procura (algebricamente e graficamente) evidenciando o produto mais supérfluo. 1 ) Produto A: P1 = 20,00 QP1 = 80 Produto B: P1 = 15,00 QP1 = 120 P2 = 21,00 QP2 = 64 P2 = 27,00 QP2 = 114 2 ) Produto A: P1 = 34,00 QP1 = 190 Produto B: P1 = 12,00 QP1 = 96 P2 = 48,00 QP2 = 144 P2 = 18,00 QP2 = 74 3 ) Produto A: P1 = 36,00 QP1 = 120 Produto B: P1 = 42,00 QP1 = 94 P2 = 20,00 QP2 = 164 P2 = 34,00 QP2 =138 4 ) Produto A: P1 = 22,00 QP1 = 78 Produto B: P1 = 35,00 QP1 = X P2 = 25,00 QP2 = 67 P2 = 39,00 QP2 = 102 E = 1,4886 30 CAPÍTULO 7 TEORIA DA PRODUÇÃO: CARACTERIZAÇÃODOS RECURSOS MOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS: O FLUXO DA PRODUÇÃO RESULTANTE SÍNTESE Conceitos básicos: Escolha do Processo de produção Análise de curto e longo prazo Produto total, produtividade média e produtividade marginal Economia de escala Caracterização dos recursos: A população economicamente mobilizável Os recursos de capital A capacidade tecnológica A capacidade empresarial As reservas naturais Mobilização dos recursos: As categorias de bens e serviços: de consumo; intermediários; de capital A promoção do crescimento COMENTÁRIOS - CONCEITOS BÁSICOS A teoria da Produção estuda as relações tecnológicas e físicas, entre a quantidade produzida de um bem e as quantidades de insumos utilizados na produção do mesmo. 1 – PRODUÇÃO: é o processo pelo qual uma firma transforma os fatores ou recursos de produção adquiridos em produtos ou serviços para a venda no mercado. Assim, a firma é uma intermediária: compra insumos, combina-os segundo um processo de produção escolhido e vende produtos no mercado. 2 – A ESCOLHA DO PRCESSO DE PRODUÇÃO: O processo de produção pode ser ou mão-de-obra intensiva, ou capital intensivo, ou terra intensivo, dependendo do fator de produção utilizado em maior quantidade, relativamente aos demais. A escolha do processo de produção depende de sua eficiência. A eficiência pode ser avaliada pelo ponto de vista tecnológico ou pelo ponto de vista econômico. Eficiência técnica ou tecnológica: entre dois ou mais processos de produção, é aquele que permite produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade física de fatores de produção. 31 Eficiência econômica: entre dois ou mais processos de produção, é aquele que permite produzir uma mesma quantidade de produto, com menor custo de produção. - ANÁLISE DE CURTO E LONGO PRAZO NA PRODUÇÃO Na Teoria Microeconômica, a questão do prazo está definida em termos da existência ou não de fatores fixos de produção. Os fatores de produção fixos são aqueles que permanecem inalterados, quando a produção varia, enquanto os fatores de produção variáveis se alteram, com a variação da quantidade produzida. 1- ANÁLISE DE CURTO PRAZO: é definida quando se produz com pelo menos um fator de produção fixo e os demais variáveis. 2- ANÁLISE DE LONGO PRAZO: é definida quando a produção considera que todos os fatores de produção (mão-de-obra, capital, instalações, matérias-primas, terra) variam. Ou seja, a longo prazo, não existem fatores fixos de produção. - CONCEITOS DE PRODUTO TOTAL, PRODUTIVIDADE MÉDIA E MARGINAL 1 – PRODUTO TOTAL (PT): é a quantidade total produzida, em determinado período de tempo. PT = q 2 – PRODUTIVIDADE MÉDIA (PMe): é a relação entre o total produzido e a quantidade do fator de produção utilizado , em determinado período de tempo. Produtividade Média da Mão-de-obra: PMen = PT (é a qtde produzida por trabalhador) N Produtividade Média do Capital: PMek = PT K 3 – PRODUTIVIDADE MARGINAL (PMg): é a variação do produto, dada uma variação de uma unidade na quantidade do fator de produção, em determinado período de tempo. Produtividade Marginal de Mão-de-obra: PMgn = PT = q N N Produtividade Marginal de Capital: PMgk = PT = _q_ K K - ECONOMIAS DE ESCALA A longo prazo, interessa analisar as vantagens de desvantagens de a empresa aumentar sua dimensão, seu tamanho, o que implica demandar mais 32 fatores de produção. Isso introduz o conceito de rendimentos ou economias de escala. O que acontece com a produção quando variamos igualmente todos os insumos? (Portanto estamos falando de longo prazo). Ou seja, o que acontece quando aumentamos o tamanho ou escala da empresa? Economia de escala técnica ou tecnológica: quando a produtividade física varia, com a variação de todos os fatores de produção. Economia de escala pecuniária: quando os custos por unidade produzida variam, com a variação de todos os fatores de produção. - CARACTERIZAÇÃO DOS RECURSOS Toda economia em atividade de produção de dispor de 5 recursos básicos que são constituídos por bases humanas e patrimoniais. É a interação e mobilização dessas bases que resulta o processo de produção. 1 – A POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE MOBILIZÁVEL: é representada por um seguimento da população total, delimitado pela faixa etária apta ao exercício de atividades produtivas. O estágio de desenvolvimento econômico do país é que determina os limites destas faixas etárias. Nas economias menos desenvolvidas a idade de acesso às funções produtivas é acentuadamente mais baixa do que nas economias maduras que possuem alto padrão de desenvolvimento econômico. De forma geral, o acesso se dá entre 15 e 25 anos, que é justificado pela variação dos períodos de preparação do indivíduo e pelas diferentes legislações sociais de cada país. Verifica-se também o período mínimo exigido para aposentadoria. Portanto existem diferenças internacionais quanto à proporção do seguimento da população economicamente mobilizável. Isso demonstra enormes variações nas taxas de participação das faixas etárias pré e pós-produtivas. A média, porém, gira em torno de 40% da população total, faixa mobilizável à qual compete suportar os encargos sociais de produção de bens e serviços. 2 – OS RECURSOS DE CAPITAL: o estoque de capital da economia é constituído pelo conjunto de instrumentos e infra-estruturas mobilizados pela população ativa que dão suporte ás operações produtivas tornando-as mais eficientes. Desde o arco e flecha até os mais aperfeiçoados sistemas informatizados, os recursos de capital evoluíram para permitirem o desenvolvimento da produção em larga escala. O capital é representado pelo heterogêneo conjunto de riquezas acumuladas à produção de novas riquezas. 3 – A CAPACIDADE TECNOLÓGICA: pode ser considerada como um fator de produção de natureza qualitativa. É o elo de ligação entre a população economicamente mobilizável e os recursos de capital. Com a transmissão de conhecimento, a capacidade tecnológica evolui e se transforma. Os sistemas econômicos exigem um desenvolvimento da tecnologia aplicada devido ao extraordinário desenvolvimento dos recursos de capital. Esta capacidade é intimamente ligada á qualificação dos recursos humanos. Aí está a importância do “saber fazer”. As nações desenvolvidas contam com bases de recursos de capital acumulado e com recursos humanos preparados para operar o processo produtivo. 33 4 – A CAPACIDADE EMPRESARIAL: assim como a tecnológica é uma capacidade de natureza qualitativa. Trata-se do espírito empreendedor que movimenta, combina e anima os demais recursos de produção do sistema. Pode ser de caráter privado ou público. Público, quando o Estado mobiliza os recursos para a produção de formação de infra-estrutura de apoio. Privada ou de livre iniciativa, quando o empresário ou grupos privados implantam, ampliam e operam seus empreendimentos econômicos de produção. É o fator energizante do sistema. 5 – AS RESERVAS NATURAIS: é constituído pelo extraordinário conjunto de elementos da natureza utilizados no processamento primário da produção. - A MOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS O emprego dos estoques de recursos, ao nível de cada unidade de produção, dá origem a um fluxo contínuo de emprego, fornecimento e realimentação, cuja interrupção implica na desorganização do quadro em que se desenvolvem as atividades dos sistemas econômicos. Essas atividades se dividem em primárias, secundárias e terciárias. A) AS CATEGORIAS DE BENS E SERVIÇOS - Bem: é tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. Podem ser materiais ou imateriais. - Bens livres - Bens livres são os que existem em abundânciana natureza e estão disponíveis para o consumo de qualquer pessoa, sem que para seu consumo seja necessário qualquer tipo de pagamento. - Bens econômicos - Bens econômicos são aqueles que passam por uma avaliação monetária para serem consumidos. Com exceção do ar, os demais bens não são livres. Sua classificação se dá em 3 níveis: 1 – Bens e serviços de consumo: são os de uso imediatos ou duráveis, destinados ao atendimento das necessidades da população. É o conjunto de produtos resultantes de atividades secundárias e terciárias. Os bens de consumo se dividem em bens de consumo final e de consumo intermediário. Os bens de consumo final são destinados a satisfazer as necessidades humanas e compõem duas categorias de acordo com o seu tempo de uso. Os bens que duram vários ciclos são os bens de consumo duráveis, como o automóvel, os eletrodomésticos, os móveis, etc. Os bens que são consumidos imediatamente com o uso são os de consumo não duráveis, como os alimentos, materiais de limpeza e higiene. Há, ainda, os bens semiduráveis, como o vestuário. 2 – Bens e serviços intermediários: são os constituídos por insumos destinados ao reprocessamento. Esses bens reingressam no aparelho produtivo para serem transformados em bens capazes de atender as necessidades finais. As sementes, as fibras, os minérios e outros. Os bens de consumo intermediário são utilizados no processo de produção de outros bens, ou para serem 34 consumidos passam por outro processo de produção. Estes se dividem em matérias primas e material de processo. As matérias-primas se incorporam total ou parcialmente ao produto final. Os materiais de processo são bens auxiliares que entram no processo produtivo para ajudar na produção, mas terminada sua finalidade são retirados do processo, não se incorporando ao produto final. 3 – Bens de capital: são constituídos por uma categoria especial de bens finais. São bens que não são destinados ao consumo, mas são considerados terminais em relação ao fluxo de produção. Ex.: As bases infra-estruturais como ferrovias, portos, hidrelétricas, rodovias, entrepostos de abastecimento e outros fixos de utilização coletiva. As edificações fabris, implementos agrícolas, equipamentos industriais e outros. São fontes para o processo de crescimento econômico. Existe ainda uma última divisão de bens: Bens públicos: Bens públicos são aqueles cujo consumo por uma pessoa não reduz sua disponibilidade para outros e teoricamente todos têm direito de uso. Ex,: segurança pública, iluminação pública, estradas, ondas sonoras e sinais de satélites B) A PROMOÇÃO DO CRESCIMENTO: Quando o crescimento da produção permite que se amplie o consumo per capta de recursos de capital, estarão concretizando-se uma das pré-condições para o processo de desenvolvimento econômico e social. 35 CAPÍTULO 8 A LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES – LEI DOS CUSTOS CRESCENTES SÍNTESE - Enunciado - Relação c/ a curva das possibilidades de produção - Demonstração numérica dos efeitos dessa lei - Restrições ou exceções - Efeitos da lei sobre a curva das possibilidades COMENTÁRIOS Enunciado: “Variando-se um ou dois fatores de produção, mantendo-se fixos os demais fatores, em um determinado período de tempo, haverá um decréscimo na variação de produção (possibilidade marginal), podendo inclusive tornar-se nula”. A lei dos rendimentos decrescentes está intimamente relacionada com os deslocamentos das curvas de possibilidades de produção. Como já vimos, para que ocorra a expansão das possibilidades de produção, deve-se haver um aumento de todos os recursos de produção envolvidos. Quando o suprimento de um dos recursos não se altera, permanecendo fixo ao longo de um período produtivo, não ocorrerão deslocamentos constantes, mas sim decrescentes. Quando se fixa um recurso de produção, pode-se dificultar a expansão normal das fronteiras de produção do sistema. Fixemos recursos naturais e daremos doses variáveis dos recursos trabalho e capital ________________________________________________________________________________ periodo recursos variáveis recursos fixos possibilidades possibilidades de produção marginais produtivo trabalho capital naturais máxima de produção 1 2 3 X Y /\ X /\ Y t0 30 10 200 150 450 - - t1 34 18 200 189 567 39 117 t2 38 26 200 221 663 32 96 t3 42 34 200 244 729 23 66 t4 46 42 200 255 762 11 33 t5 50 50 200 255 762 0 0 Suponhamos que a economia do exemplo tenha mobilizado em regime de pleno emprego 30 milhões de trabalhadores(1), 200 mil Km2 de terra(3) e recursos de capital avaliados em 10 bilhões de unidades monetárias(2) para se produzir X e Y. 36 Se houvesse um maior suprimento de recursos humanos e de capital, porém fixando-se recursos naturais, o que ocorreria com os níveis totais e marginais de produção? Certamente os resultados iniciais seriam animadores, pois os níveis de produção registrariam acréscimos compensadores. Porém com o passar do tempo, os acréscimos tornam-se cada vez menos expressivos até que no período t5, não se obteve nenhum acréscimo nas possibilidades de produção da economia.(Ex.: PIT STOP p/ troca de pneus na F1). A lei dos rendimentos decrescentes resulta da variação de parte dos fatores de produção, com manutenção de um deles em doses fixas, Essa lei está sujeita a restrições ou exceções. Em escala macroeconômica, a ocorrência ou não do decréscimo de rendimento, depende das formas de combinações dos recursos ou fatores de produção e das modificações tecnológicas que o sistema possa vir a absorver. Uma melhor combinação de fatores ou uma sensível melhoria nos níveis de tecnologia podem produzir em períodos sucessivos, rendimentos constantes e até crescentes, mesmo fixando-se um dos fatores usados. Po P1 > P1 P2 > P2 P3 Os acréscimos nas possibilidades de produção, tornam-se cada vez menores quando se fixa um dos recursos, provo- cando rendimentos decrescentes. - A LEI DOS CUSTOS CRESCENTES. Enunciado: “Quando um sistema de produção de uma economia opera ä níveis de pleno emprego, a obtenção de quantidades adicionais de determinado produto implica na redução das quantidades de outro produto; mesmo com redução constante do produto sacrificado, serão obtidas quantidades adicionais cada vez menores do produto que se decidiu aumentar a produção. Isso devido a progressiva inflexibilidade dos recursos de produção disponíveis em uso. Nesse fenômeno, não estamos supondo qualquer variação derecursos, pois esses permanecem inalterados. O que se altera é a destinação que se dá a eles nas diversas alternativas de produção. Ex.: ________________________________________________________________________________ ALTERNATIVAS PARA CANALIZAÇÃO DOS RECURSOS ________________________________________________________________________________ PRODUÇÃO EM MILHÕES DE UNIDADES POR ANO ALTERNATIVA PRODUTO X PRODUTO Y PROD. MARG. DE Y A 250 0 ----- B 200 250 250 C 150 450 200 D 100 600 150 E 50 700 100 F 0 750 50 37 Essa lei demonstra que certos recursos (humanos, de capital e naturais) que apresentam elevada produtividade para certa classe de produtos, poderão não se adaptar à produção de outra classe. Os custos sociais crescem quando se transfere recursos de produção de um produto para outro sem que haja a perfeita adaptação dos mesmos. Ex.: Na alternativa B, houve um custo de 50 unidades do produto X para se produzir 250 do Y, mas já na alternativa E, com o mesmo custo de 50 unidades de X só se conseguiu um acréscimo de 100 unidades de Y. Ex.: Agricultura e pecuária. 38 CAPÍTULO 9 TEORIA DOS CUSTOS. SÍNTESE - Custos econômicos - Custos fixos e variáveis - Custos médios e marginais COMENTÁRIOS - Definição: Custo é o sacrifício necessário para produzir um bem ou serviço. Quando o custo se traduz em desembolso, chama-se despesa ou gasto. - Tipos de custos: - Custos sociais e custos alternativos: Há tipos de custos que a sociedade incorre no processo produtivo, mas que não traduzem em desembolso para a empresa. São os chamados custos sociais. Os mais comuns são: poluição sonora, dos rios, e da atmosfera. Existem também os custos que representam o sacrifício que a empresa faz para produzir um bem ao usar os fatores produtivos, deixando de produzir com eles outro bem, que daria alguma receita alternativa. Esses custos se chamam alternativos e são estimados pela receita líquida que a empresa deixa de auferir na segunda atividade mais rendosa. Esses custos não representam despesa no processo produtivo, mas devem ser considerados como alternativa para avaliação do investimento. - Custos econômicos ou de oportunidade: Os custos econômicos para a produção de um bem, constituem-se das alternativas das quais precisamos desistir a fim de produzirmos o bem. Custo de oportunidade é a alternativa mais valorizada que as pessoas sacrificam como conseqüência de suas decisões. O conceito de custo de oportunidade implica a realização de uma troca. Obter mais de um bem significa obter menos de outro. Por exemplo: Para produzirmos trigo, precisamos desistir da produção de milho, tomate ou aveia. As alternativas perdidas ou as oportunidades sacrificadas constituem os verdadeiros custos econômicos necessários para iniciarmos uma atividade. A isso chamamos de "custos de oportunidade”. Precisamos estimar os custos implícitos para a utilização dos recursos. Uma estimativa de custo implícito para a utilização de um recurso econômico envolve uma avaliação de todos os usos alternativos aos quais se presta este recurso. A melhor alternativa possível constitui o verdadeiro custo de utilização deste recurso. Exemplo: Se você trabalha em sua própria fazenda, geralmente você não paga a si mesmo um salário explícito. Em vez disso, você fica com o que sobra depois de pagar todos os outros custos. Mas qual é o custo econômico para o seu trabalho na fazenda? Depende das alternativas de que você desiste para trabalhar na fazenda. Se o melhor emprego externo que você poderia obter fosse em uma loja 39 ganhando um salário de R$ 5.000,00 por ano, este seria o custo implícito pelo seu trabalho na fazenda. Mas, se você tem uma pós-graduação, suas alternativas perdidas podem girar em torno de R$ 25.000,00 ou mais, por ano, sendo esse seu custo implícito por trabalhar na fazenda. No caso de pagamentos monetários, os custos de oportunidade encontram-se explicitamente estabelecidos. - Procedimento padrão para calcular o custo de oportunidade por unidade para uma curva de possibilidades de produção: 1. Comece com qualquer aumento na produção de um bem e suponha que esse seja o ganho. 2. Meça a perda (a redução da produção do outro bem necessária para ter esse ganho). 3. O custo de oportunidade por unidade do bem ganho é a perda dividida pelo ganho. Exemplo: Medindo o custo de oportunidade Problema: O carpinteiro leva atualmente uma hora para fabricar cadeiras e três horas para produzir bancos. Qual o custo de oportunidade por cadeira se ele usar mais uma hora nas cadeiras (supondo-se que ele ainda trabalhe apenas quatro horas)? Qual o valor monetário desse custo de oportunidade se o preço do banco é R$ 12,00? E se o preço da cadeira é R$ 25,00, quantas horas devem ser dedicadas a sua produção? Solução: Trabalhando uma segunda hora nas cadeiras, são feitas mais 3 cadeiras, porém menos 4 bancos. Portanto, o custo de oportunidade por cadeira na segunda hora é de 4/3 de um banco. Em termos monetários, são R$ 16,00 (4/3 x R$ 12,00). Ou seja, na segunda hora, para cada cadeira o carpinteiro deixa de produzir 4/3 de um banco. O custo monetário de oportunidade por cadeira numa terceira hora dedicada a produção de cadeiras é de R$ 36,00 (3 x R$ 12,00) e numa quarta hora, R$ 96,00 (8 x R$ 12,00). O operário deve dedicar duas horas para a produção de cadeiras; acima disso, inclusive na segunda hora, cada cadeira acrescenta mais R$ 25,00 do que se perde. Mas o custo de oportunidade por cadeira durante a terceira e quarta horas (R$ 36,00 e R$ 96,00) excede o ganho de R$ 25,00 da produção de cadeiras. Essas horas serão mais bem empregadas na produção de bancos. - Custos reais da empresa: São aqueles que se traduzem em desembolso e compõem a planilha de custos dos produtos gerados pela empresa. - CUSTOS FIXOS: Por custo fixo se entende os custos da empresa que não dependem, no curto prazo, da quantidade de produção. São custos de seguro, aluguéis, administração, etc. Com os programas de contenção de despesa, o elemento de custos mais visado é o fixo. É nele que geralmente aparecem as gorduras. Além disso, os custos fixos podem, muitas vezes, ser reduzidos sem que a produção seja afetada. Vários fatores de produção desempenham papeis importantes no sistema produtivo. No exemplo do plantio de determinado cereal temos: a terra utilizada, o fertilizante, os grãos de semente, o maquinário, a mão de obra, etc. 40 Nem todos os recursos podem ser ajustados instantaneamente. Alguns recursos são fixados por um certo período de tempo. Por exemplo, fixar um contrato de cinco anos para arrendamento de terra, ou um pagamento total fixo de impostos. Recursos fixos não variam conforme a percentagem de produção. Dois períodos se distinguem: o longo prazo, onde todos os recursos são variáveis; e o curto prazo, onde alguns dos recursos são fixos. - CUSTOS VARIÁVEIS: São os que variam proporcionalmente com a quantidade produzida. Representam uma proporção fixa dos custos finais de produção.
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