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Economia Internacional 
1 TROL 
Economia Internacional 
Regina Lucia Gadioli dos Santos 
 
1ª
 e
d
iç
ão
 
Economia Internacional 
2 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Diretor Charleston Jose de Sousa Assis 
Assessora Andrea Jardim 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Regina Lucia Gadioli dos Santos 
Revisão Ortográfica: Natália Barci de Souza e Marcus Vinicius da Silva 
Projeto Gráfico: Andreza Nacif, Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos, Marcos Antonio Lima 
da Silva e Ruan Carlos Vieira Fausto 
Editoração: Andreza Nacif 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC 
pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora 
da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
 
G124e Gadioli, Regina 
 Economia internacional / Regina Gadioli ; revisão 
de Natália Barci de Souza e Marcus Vinicius da Silva. – 
Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2013. 
 101 p. : il. 
 1. Relações econômicas internacionais. 2. Comércio 
internacional. 3. Política econômica. 4. Taxa de câmbio. I. 
Souza, Natália Barci de. II. Silva, Marcus Vinicius da. III. 
Título. 
CDD 337 
Economia Internacional 
3 
 
 
Economia Internacional 
4 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo 
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora
Economia Internacional 
5 
Economia Internacional 
6 
 
 
Sumário 
 
 
Apresentação da disciplina ................................................................................................ 08 
Plano da disciplina .............................................................................................................. 10 
Unidade 1 – Comércio Internacional: Teoria e Política .............................................. 12 
Unidade 2 – Balanço de Pagamentos e Dívida Externa ............................................. 36 
Unidade 3 – Taxa de Câmbio ........................................................................................... 72 
Considerações finais ........................................................................................................... 92 
Conhecendo a autora ......................................................................................................... 94 
Referências ........................................................................................................................... 96 
Anexos ................................................................................................................................. 98 
 
Economia Internacional 
7 
 
 
Economia Internacional 
8 
 
 
Apresentação da Disciplina 
 
 
Seja bem vindo a disciplina Economia Internacional vamos iniciar nossos 
estudos partindo das ideias básicas que norteiam o entendimento da teoria do 
comércio internacional com o objetivo de demonstrar as vantagens do 
intercâmbio de mercadorias entre os países e os instrumentos de política comercial 
utilizados como forma de proteção dos produtores nacionais frente à concorrência 
estrangeira. Ao longo desta disciplina você vai compreender as características 
macroeconômicas das relações entre países. 
Aproveite e um excelente estudo . 
Economia Internacional 
9 
Economia Internacional 
10 
 
Plano da Disciplina 
 
 
A disciplina Economia Internacional tem como objetivo de demonstrar as 
vantagens do intercâmbio de mercadorias entre os países e os instrumentos de 
política comercial utilizados como forma de proteção dos produtores nacionais 
frente à concorrência estrangeira. 
A disciplina foi dividida em três unidades , que estão subdivididos em tópicos, 
com objetivo de facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Desta forma, 
apresentaremos a estrutura da disciplina para que você possa ter uma visão geral 
do conteúdo a ser estudado . 
 
Unidade 1-Comércio Internacional: Teoria e Política 
Em nossa primeira unidade você vai estudar as ideias básicas que norteiam 
o entendimento da teoria do comércio internacional com o objetivo de demonstrar 
as vantagens do intercâmbio de mercadorias entre os países e os instrumentos de 
política comercial utilizados como forma de proteção dos produtores nacionais 
frente à concorrência estrangeira. 
 
Objetivos: 
 
• Compreender os argumentos que norteiam as vantagens do livre 
comércio entre as nações . 
• Analisar os instrumentos de intervenção pública sobre o comércio 
exterior, a política comercial, que explica o processo que é 
denominado proteção. 
Economia Internacional 
11 
 
Unidade 2 – Balanço de Pagamentos e Dívida Externa 
Em nossa segunda você vai estudar as características macroeconômicas 
das relações entre países. 
 
Objetivos: 
• Entender como o Balanço de Pagamentos registra as relações 
econômicas entre uma nação e o resto do mundo, comênfase no 
entendimento das relações do Brasil com o exterior. 
• Compreender a evolução do endividamento externo e suas 
consequências no desenvolvimento de um país, notadamente o caso 
brasileiro. 
• Entender a articulação entre balanço de pagamentos, reservas 
cambiais e dívida externa. 
 
Unidade 3 – Taxa de Câmbio 
E para finalizar vamos estudar uma das características mais significativa das 
relações econômicas internacionais , o envolvimento de diferentes unidades 
monetárias nas transações realizadas . Veremos que quando dois países mantêm 
relações econômicas entre si entram necessariamente em jogo duas moedas 
exigindo que se fixe a relação de troca entre ambas, a qual se dá a denominação de 
taxa de câmbio. 
 
 
Bons Estudos 
 
Economia Internacional 
12 
Comércio Internacional: 
Teoria e Política 
Teoria Clássica do Comércio Internacional 
Protecionismo e Política Comercial 
Instituições reguladoras do protecionismo 
Argumentos a favor do protecionismo. 
 
1 
Economia Internacional 
 
13 
 
 
Iniciaremos nossos estudos partindo das ideias básicas que norteiam o 
entendimento da teoria do comércio internacional com o objetivo de demonstrar 
as vantagens do intercâmbio de mercadorias entre os países e os instrumentos de 
política comercial utilizados como forma de proteção dos produtores nacionais 
frente à concorrência estrangeira. 
 
 
Objetivos da Unidade: 
 
• Compreender os argumentos que norteiam as vantagens do livre 
comércio entre as nações 
• Analisar os instrumentos de intervenção pública sobre o comércio 
exterior, a política comercial, que explica o processo que é 
denominado proteção. 
 
Plano da Unidade : 
 
Teoria Clássica do Comércio Internacional 
Protecionismo e Política Comercial 
Instituições reguladoras do protecionismo 
Argumentos a favor do protecionismo. 
 
Boa leitura e bons estudos. 
Economia Internacional 
 
14 
 
Teoria Clássica do Comércio Internacional 
 
Por que as nações comerciam? O que as leva a ter interesse em estabelecer 
relações trocas? 
Ao longo dos últimos dois séculos muito se tem discutido sobre esta questão. 
Do ponto de vista lógico, parece óbvio que nas relações comerciais entre nações 
existem ganhos, ou seja, que quando os países vendem produtos e serviços uns 
aos outros quase sempre ocorre um benefício mútuo ou, dito de outra forma, 
podem obter vantagens. 
Iniciaremos nossos estudos procurando situar como se deu construção teórica 
dos argumentos das vantagens das relações comerciais entre as nações. 
A teoria do comércio internacional surgiu da necessidade de explicação das 
trocas entre as nações. Remonta aos autores clássicos, notadamente aos trabalhos 
de Adam Smith e David Ricardo, o desenvolvimento de uma análise passível de 
generalização a qualquer país, e que se contrapunha às concepções protecionistas 
dos mercantilistas. 
 
Importante 
“Os efeitos do comércio exterior do ponto de vista moral são ainda mais 
importantes do que suas vantagens econômicas. No estado atual do progresso 
humano, é de grande importância que as nações intensifiquem seus contatos, 
confrontando formas de pensar e de ação distintas daquelas com que cada uma 
está familiarizada. O comércio pode hoje desempenhar o papel que antes era 
realizado pela guerra: pôr os povos em contato. Os benefícios daí resultantes são 
excepcionalmente altos e multilaterais. Não há nação que não se beneficie ao 
confrontar suas próprias idéias, costumes e formas de produção com as de outras 
que se encontrem em posições diferentes” 
John Stuart Mill 
(Filósofo e economista político inglês, em 1848, no livro Princípios de Economia Política) 
Economia Internacional 
 
15 
 
Mercantilismo 
 
O Mercantilismo corresponde a uma doutrina econômica que dominou 
os ambientes políticos e comercial na Europa entre os séculos XV e meados do 
século XVIII (1450 a 1750), como resultado do aumento do comércio entre as 
nações, sobretudo, a partir da Idade Média, atingindo seu apogeu à época das 
grandes navegações (descobrimento da América e do caminho para as Índias). 
Suas ideias se baseavam na convicção de que a riqueza e o poder de um 
país dependiam da quantidade de metais preciosos que o país conseguisse 
acumular. Segundo esta visão, dado que a grande maioria dos pagamentos 
internacionais se fazia com ouro e prata, o Estado deveria tomar providências para 
estimular o comércio e a indústria e favorecer as exportações para incrementar a 
entrada de metais preciosos. 
Assim, um país poderia se tornar mais rico se aumentasse seu estoque de 
metais. Para atingir este objetivo, o governo procura manter um saldo favorável 
nas suas relações comerciais com o resto do mundo, estimulando as exportações 
(recebimentos - entrada de metais preciosos) e dificultando ao máximo, ou até 
mesmo proibindo, as importações (pagamentos - saídas de metais preciosos) e 
dessa forma a nação não perderia suas reservas de metais (ouro e prata). Para isso, 
eram criadas medidas restritivas às importações através de pesadas taxas 
alfandegárias (desenvolvimento de mecanismos protecionistas da economia 
nacional) e em simultâneo eram fomentadas as exportações através do estímulo ao 
desenvolvimento da produção manufatureira nacional. 
 
Entretanto, podemos notar que estas proposições mercantilistas carecem 
de certa consistência porque, para que os países pudessem aumentar suas 
exportações, outros deveriam incrementar as importações. Consequentemente, se 
todas as nações adotassem essas políticas de forma contínua, as economias 
tenderiam a se fechar e, se todos se fechassem, não haveria mais comércio. 
Economia Internacional 
 
16 
 
A partir da segunda metade do século XVIII, a doutrina mercantilista é 
substituída pelo liberalismo econômico e pelo racionalismo. Novas doutrinas 
destacam os benefícios da divisão do trabalho, da especialização e do comércio 
entre as nações como a principal forma de um país obter impulso no seu 
crescimento econômico. Ao contrário da visão mercantilista, o argumento agora é 
que todos se beneficiarão pelo comércio. 
 
Teoria das Vantagens Absolutas 
 
Em 1776, Adam Smith publica sua principal obra, A Riqueza das Nações: 
Investigação sobre sua natureza e suas causas, primeiro trabalho a apresentar uma 
visão sistemática acerca do comércio entre as nações. Nele Smith desenvolve toda 
uma argumentação contra as concepções do mercantilismo. 
Suas ideias básicas podem ser assim resumidas: especialização da produção 
motivada pela divisão do trabalho internacional e as trocas efetuadas no comércio 
internacional, que contribuiriam para o aumento do bem-estar das populações. 
Smith demonstrou as vantagens do livre comércio entre os países ao observar que 
a abertura ao exterior conduz a um ganho importante para os dois parceiros da 
troca e também para a economia mundial. 
Portanto, ao invés da lógica mercantilista, o comércio internacional 
proporciona vantagens positivas para os países que realizam trocas. Para tanto, 
basta que os países se especializem de acordo com as suas vantagens absolutas e 
os exportem entre si, ambos poderiam consumir mais do que se se recusassem a 
comerciar. Daí resulta o conceito de vantagem absoluta: se um país é capaz de 
produzir um bem com menos recursos (por exemplo, em que o número de horas 
de trabalho requerido para a produção do bem é menor) do que outro país poderá 
obter maior ganho concentrando-se na produção desse bem e exportar parte de 
sua produção, e comprar aqueles produtos em que os outros países produzem em 
condições melhores. 
Economia Internacional 
 
17 
 
Em síntese, cada país deve especializar-se em produzir os produtos em que 
tem vantagem absoluta em termos de custos (ou produtividade). Deste modo, 
propõe que os países devem apenas produzir e, portanto, exportar os produtos 
que têm maior produtividade e eficiência e importaraqueles em que os outros 
sejam mais eficientes. 
 
Eis uma máxima que todo chefe de família prudente deve seguir: nunca tentar fazer em 
casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar. O alfaiate não tenta fabricar seus 
sapatos, mas os compra do sapateiro. Este não tenta confeccionar seu traje, mas recorre ao 
alfaiate. O agricultor não tenta fazer nem um nem outro, mas se vale desses artesãos. Todos 
consideram que é mais interessante usar suas capacidades naquilo em que têm vantagem 
sobre seus vizinhos e comprar com parte do resultado 16de suas atividades, ou de parte das 
mesmas, aquilo que de que venham a precisar(SMITH, 1985, p.380) 
. 
Podemos compreender melhor a teoria das vantagens absolutas com base em 
um exemplo numérico. Tendo em vista os pressupostos anteriormente analisados, 
observe o quadro abaixo com os custos unitários de produção de dois bens, 
minério de ferro e carvão mineral, por parte de dois países, Inglaterra e Brasil, em 
termos de produtividade, aqui medida pela quantidade de produção por 
trabalhador: 
 
 
Custo (trabalhador/dia) 
Produtividade (quantidade 
produzida por trabalhador/dia) 
Países Minério de ferro 
Carvão 
mineral ( 1 ton) 
( 1ton) 
 
Brasil 2 5 1/2 
1/5 
 
Inglaterra 10 1,25 
1/10 
 
1/1,25 
 
Economia Internacional 
 
18 
 
Apesar de existirem custos de produção constantes para cada bem dentro de 
cada país, os custos diferem nos dois países: 
 
• o Brasil emprega 2 trabalhadores para produzir 1 tonelada de minério de 
ferro, enquanto que a Inglaterra, para produzir a mesma quantidade de 
minério emprega 10 trabalhadores. 
• o Brasil emprega 5 trabalhadores para produzir 1 tonelada de carvão 
mineral, enquanto que a Inglaterra emprega 1.25 trabalhadores para 
produzir a mesma quantidade. 
 
Explicando melhor, a Inglaterra produz carvão com menor custo ou, dito de 
outro modo, a produtividade da Inglaterra em relação ao carvão é maior. Por esta 
razão se diz que a Inglaterra tem uma vantagem absoluta em carvão e deve 
especializar-se completamente na sua produção. Por sua vez, o Brasil é 
absolutamente mais eficiente na produção de minério de ferro - dispõe de 
vantagem absoluta em produzir minério de ferro, devendo, assim, especializar-se 
completamente na sua produção. 
Portanto, sob o ponto de vista teórico da Vantagem Absoluta, os países devem 
produzir os bens que produzem com maior eficiência que, em nosso exemplo, 
significa que o Brasil deve produzir e exportar minério de ferro para a Inglaterra, 
enquanto que a Inglaterra deve produzir e exportar carvão mineral para o Brasil. 
A teoria das vantagens absolutas apresenta uma limitação por não explicar 
todas as possibilidades de comércio. Com efeito, um país ineficiente em termos 
absolutos em ambos os bens não poderia participar no comércio internacional. 
Dito de outro modo, a especialização e, por conseguinte, a troca internacional só 
poderia ocorrer se um país fosse mais eficiente na produção de um bem e o outro 
na produção de um bem diferente (como acontece no exemplo acima). Neste caso, 
estariam estas nações forçadas a ficar excluídas dos benefícios da especialização e 
das trocas? Esta limitação viria a ser discutida por David Ricardo quando 
desenvolveu a Teoria das Vantagens Comparativas (ou Teoria dos Custos 
Comparativos). 
Economia Internacional 
 
19 
 
Teoria das Vantagens Comparativas 
 
Em 1817, David Ricardo, em seus Princípios de Economia Política e 
Tributação, formulou o conceito das vantagens comparativas, abordando os custos 
das mercadorias internacionalmente comercializáveis. No caso de esses custos 
serem distintos em dois países, a especialização da produção com maior vantagem 
- gerando excedentes para a exportação - traria um benefício para esse país, já que 
os ganhos com o comércio lhe permitiriam importar os produtos que necessitava e 
cuja produção interna não era satisfatória. 
Assim, mesmo se um país fosse absolutamente menos eficiente para 
produzir todos os bens, continuaria a participar no comércio internacional ao 
produzir e exportar os bens que produzisse de forma relativamente mais eficiente. 
Para uma melhor compreensão da teoria das vantagens comparativas, 
analisemos o exemplo proposto por Ricardo, envolvendo dois países, Portugal e 
Inglaterra, e dois produtos, tecidos e vinho, medindo todos os custos relativos de 
produção, expressos em horas de trabalho: 
 
 
Custo (horas de 
trabalho para produzir) 
Produtividade (produção por hora 
de trabalho) 
Países Tecidos Vinho Tecidos (unidade) Vinho (unidade) 
Inglaterra 100 120 1/100 1/120 
Portugal 90 80 1/90 1/80 
 
Analisando o exemplo, constatamos que, em termos absolutos, Portugal é 
mais produtivo em relação a ambas as mercadorias: o custo para produzir tanto 
vinho quanto tecidos é menor que na Inglaterra. Mas, em termos relativos, o 
custo de produção de tecidos (90) em Portugal é maior do que o da produção de 
vinho (80) e, na Inglaterra, o custo da produção de (120) é maior do que o da 
produção de tecidos (100). Assim, comparativamente, Portugal tem vantagem 
relativa na produção de vinho (o custo relativo para produzir vinho é menor do 
que o custo relativo para produzir tecidos) e a Inglaterra na produção de tecidos (o 
custo relativo para produzir tecidos é menor do que o custo relativo para produzir 
vinho). 
Economia Internacional 
 
20 
 
Observe que, na ausência de comércio exterior, ou na condição de autarquia, 
são necessárias na Inglaterra 100 horas de trabalho para a produção de 1 unidade 
de tecidos e 120 horas para a produção de 1 unidade de vinho. De modo geral, 
podemos dizer que, o preço relativo de uma unidade de vinho é 1,2 unidades de 
tecido (resultado obtido dividindo-se o número de horas de trabalho para produzir 
vinho pelo número de horas de trabalho para a produção de tecidos - 120/ 100). Já 
em Portugal, essa unidade de vinho custará 0,89 unidades de tecido (resultado 
obtido pela divisão do número de horas de trabalho para produzir vinho pela 
quantidade de horas de trabalho para produzir tecidos - 80/90). 
 O que levaria então a Inglaterra a se especializar em produzir tecidos e 
Portugal a se especializar em produzir vinho? Segundo Ricardo, os limites para o 
estabelecimento da relação de troca são os preços relativos dos produtos cujas 
produções em cada país têm vantagens comparativas. Como a Inglaterra tem 
vantagem comparativa na produção de tecidos, poderá importar 1 unidade de 
vinho desde que pague um preço inferior a 1,2 unidade de tecido. Para que 
Portugal se interesse em estabelecer relações de troca teria que receber mais do 
que 0,89 unidades de tecido por unidade exportada de seu vinho. 
Assim, se a relação de troca entre o vinho e o tecido for de 1 para 1, ambos os 
países sairão beneficiados. A Inglaterra, em autarquia, gastará 120 horas de 
trabalho para obter 1 unidade de vinho. Estabelecendo comércio com Portugal 
poderá utilizar apenas 100 horas de trabalho para produzir 1 unidade de tecido e 
trocá-la por 1 unidade de vinho, poupando, portanto, 20 horas de trabalho que 
poderiam ser utilizadas produzindo mais tecidos (obtendo, assim, um maior nível 
de consumo). O mesmo raciocínio vale para Portugal. Em vez de gastar 90 horas 
produzindo 1 unidade de tecido, utilizará 80 horas de trabalho para produzir 1 
unidade de vinho, economizando 10 horas de trabalho que poderiam ser utilizadas 
produzindo mais vinho e, consequentemente, aumentando o nível de consumo. 
Economia Internacional 
 
21 
 
A Economia dos Países Individuais no Contexto Mundial 
A Divisão Internacional do Trabalho Ao longo da História, os diversos 
continentes foram retalhados em territórios autônomos, muito diferentes entre si, 
com relação ao tamanho e aos recursos produtivos disponíveis. Assim, através de 
processos políticos complexos foram-se conformando os atuais países. As nações 
independentesdescobriram, muito cedo, as vantagens de trocar mercadorias, 
originando os fluxos do comércio internacional. 
Na medida em que os meios de comunicação e de transporte iam-se 
aperfeiçoando, o sistema mundial foi ficando mais interdependente e os países 
foram abandonando progressivamente as estratégias orientadas para a auto-
suficiência. O desenvolvimento do comércio possibilitou que cada nação se 
especializasse naquelas produções em queapresentava maiores aptidões, 
complementando, através do comércio, o leque de mercadorias que seus cidadãos 
necessitavam.A especialização produtiva dos países obedeceu, pelo menos 
inicialmente, às respectivas disponibilidades de fatores de produção, que 
determinaram a conformação de vocaçõesnacionais, especialmente no caso dos 
produtos agrícolas e minerais. 
Assim, por exemplo, o Brasil dedicou seus recursos a produzir café, em função 
da disponibilidade de recursos naturais (terra, clima, etc), especialmente 
apropriados para essa finalidade. Em geral, os países se especializaram nas 
produções em que eram mais eficientes, conseguindo produzir os respectivos 
produtos a um custo menor. O comércio entre países pode ser analisado a partir de 
dois pontos de vista. Em primeiro lugar, ele permite que cada país tenha accesso a 
um leque muito amplo de bens e serviços, satisfazendo as necessidades 
diversificadas de seus cidadãos, sem perder as vantagens da especialização 
produtiva. Em segundo lugar, a possibilidade de vender seus produtos em outros 
mercados, permite que os volumes de bens produzidos em cada país sejam muito 
maiores do que seriam no caso de ficarem restritos aos mercados internos, 
exclusivamente, sendo assim possível aproveitar os ganhos de eficiência 
conhecidos como economias de escala. 
Economia Internacional 
 
22 
 
A possibilidade de vender mercadorias no estrangeiro é, assim, tão importante 
quanto a de comprar. Muitos países conseguem viabilizar suas economias em 
função da demanda externa, produzindo para a exportação, assim gerando as 
oportunidades de emprego que, em definitivo, sustentam a geração da renda 
nacional. O país que permite, que as mercadorias de outros países sejam vendidas 
no seu mercado interno, está em condições de exigir” reciprocidade" dos seus 
parceiros comerciais. 
 
IMPORTANTE! 
Termo de troca (terms of trade) 
A taxa à qual as exportações são trocadas pelas importações; é dado pelo rácio 
entre o índice de preços das exportações (ou o valor médio unitário destas) e o 
índice de preços das importações (ou o seu valor unitário médio). Uma melhoria 
(degradação) dos termos de troca corresponde a um aumento (diminuição) deste 
rácio: um dado volume de exportações permite pagar um maior (menor) volume 
de importações. 
 
Política Comercial 
 
 Muito se comenta sobre o livre comércio. Entretanto, a despeito de todas as 
defesas teóricas a esse respeito, na maioria dos países, o livre comércio é mais 
exceção do que regra. Vários são os instrumentos de intervenção utilizados pelo 
governo com o objetivo de favorecer as atividades econômicas internas frente à 
concorrência estrangeira. Esse processo é denominado de protecionismo e pode se 
dar por meio de diversos instrumentos de intervenção do governo sobre o 
comércio internacional que integra o que chamamos de política comercial. 
 Os principais instrumentos que integram a política comercial são as tarifas, 
as quotas, os subsídios às exportações e as barreiras não tarifárias. 
Economia Internacional 
 
23 
 
Tarifas 
 
Dentre as medidas de proteção estabelecidas pela política comercial, é a que 
tem tido mais importância. A tarifa é definida como um imposto cobrado sobre os 
produtos estrangeiros com o objetivo de elevar seu preço de venda no mercado 
interno e assim “proteger” os produtos nacionais contra à concorrência dos bens 
estrangeiros. 
O imposto de importação é uma tarifa cobrada quando uma mercadoria entra 
no país. Existem três formas de imposto sobre as importações: específico, ad-
valorem e misto. No imposto específico é cobrado um determinado valor por 
unidade importada. Um exemplo é tarifa de importação de US$ 0,54 litro/galão de 
álcool importado pelos EUA. 
 
Cobrança ad-valorem é a forma mais utilizada 
atualmente e corresponde a um imposto calculado como 
uma porcentagem sobre o preço de uma mercadoria. 
Como exemplo, podemos citar a Tarifa Externa Comum 
(TEC), de 20%, acordada entre os membros do MERCOSUL 
para importações procedentes de países que não sejam 
membros desse bloco econômico. 
 
 O imposto misto diz respeito a uma cobrança de determinado montante 
por unidade importada do produto, além de um percentual sobre o preço. Por 
exemplo, pode-se cobrar US$ 40,00 por unidade de produto importada e 15% 
sobre preço do produto importado. 
A adoção de tarifa tem custos e benefícios para o país. Se por um lado tem 
como objetivo proteger o produtor nacional da concorrência internacional, por 
outro provoca várias alterações na economia. 
MERCOSUL -Constituído 
pelo Brasil e Argentina, 
Paraguai, Uruguai e Venezuela. 
Chile, Equador, Colômbia, Peru 
e Bolívia participam como 
países associados
Economia Internacional 
 
24 
 
Subsídios 
Os subsídios são utilizados como instrumento de política comercial para 
estimular exportações e desestimular importações. Em geral, a concessão de 
subsídios se dá através da isenção de determinados impostos ou através da 
concessão de linhas especiais de crédito a taxas de juros abaixo do nível de 
mercado. Há casos em que o governo garante subvenções. 
Como exemplo, podemos citar a concessão de subsídios aos produtores de 
determinado produto com o objetivo de estimular o aumento da produção e 
garantir possíveis perdas para os produtores. 
 No caso dos subsídios para encorajar as exportações nacionais, eles são 
concedidos como uma ajuda as produtores nacionais de determinados bens para 
que eles possam exportá-los a preços mais baixos e competitivos. 
 Embora proibido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), é prática 
muito comum atualmente, particularmente no comércio de produtos agrícolas dos 
países desenvolvidos. 
Quotas de importação 
 “As quotas de importação são restrições quantitativas que o governo 
impõe à importação de determinados bens estrangeiros, ou seja, limita-se a 
quantidade de certos bens que pode ser importada, qualquer que seja seu preço.” 
Mochón. Princípios de Economia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2007. 
 Ao estabelecer quotas de importação o governo tem como objetivo 
limitar a quantidade de importações que podem ser realizadas. Assim, por 
exemplo, o governo brasileiro pode decidir impor um limite às importações de 
equipamentos eletrônicos norte americano a 250 mil unidades por ano, deixando 
que os preços sejam fixados livremente pelo mercado. 
 Como instrumentos de política comercial, as quotas e tarifas provocam 
consequências semelhantes. Ambas reduzem as importações. Observe que, com a 
queda das importações – redução da oferta estrangeira - diminui a quantidade 
ofertada, o que provoca o aumento dos preços nacionais em relação aos preços no 
mercado internacional. 
Economia Internacional 
 
25 
 
Outras formas de proteção 
 O governo também pode impor restrições administrativas sobre 
transações que envolvam câmbio (controles cambiais), proibir importação direta 
ou de forma seletiva em função da mercadoria ou país de origem, estabelecer 
depósito prévio à importação, centralizar a importação de determinado produto 
impedindo a atuação de outros agentes no mercado (monopólio estatal) e ainda 
estabelecer barreiras não-tarifárias como, por exemplo, restrições relacionadas a 
regulamentos sanitários e de saúde, normas técnicas e outros tipos de práticas que 
possam dificultar ou mesmo impedir o comércio entre países. 
 
Instituições reguladoras do protecionismo 
 No início de nossos estudosapresentamos as principais teorias sobre as 
vantagens do livre comércio entre as nações tendo como argumentação de que 
essa seria a melhor atitude a ser adotada por um país com vista ao uso eficiente de 
todos os recursos disponíveis. 
 Ao longo do tempo a realidade tem comprovado que nem sempre as 
nações têm os ganhos em eficiência (uso eficiente de todos os recursos 
disponíveis) proporcionados pelo livre comércio. Na prática, como há transferência 
de renda entre pessoas e nações, alguns ganham e outros perdem com a liberdade 
de comércio. 
Assim, no mundo real, muitas são as razões que justificam o protecionismo. Os 
que o defendem, o fazem dentro da perspectiva daqueles países que sofrem 
perdas com a liberdade de comércio. Argumentam que o governo deve intervir 
com o objetivo de neutralizar as perdas resultantes das trocas internacionais e de 
promover o desenvolvimento econômico. 
Economia Internacional 
 
26 
 
IMPORTANTE ! 
 
O protecionismo é a criação de mecanismos de intervenção pública para 
proteger as indústrias nacionais da concorrência externa. 
 
Por outro lado, deve-se notar que as decisões de uma nação sobre o comércio 
exterior vão além dos limites do seu território. No século XX, as práticas 
protecionistas a nível mundial foram sendo cada vez mais intensas e, muitas vezes, 
até desastrosas para muitos países. Grandes foram os empenhos com o objetivo 
de facilitar a liberalização do comércio que resultou no GATT, em 1947 , e a OMC – 
Organização Mundial do Comércio - 1995. Estas iniciativas sempre foram realistas 
porque nunca se pretendeu extinguir o protecionismo porque não há consenso 
sobre esta questão. 
 
GATT 
 
Objetivo original: reduzir as barreiras comerciais entre países, aumentar a 
interdependência e com isso evitar os riscos de um novo conflito (Segunda Guerra). 
O Acordo Geral teria caráter provisório e deveria servir como ponto de partida para 
a criação da Organização Internacional do Comércio – que nunca chegou a existir. 
Princípio básico: não-discriminação, expresso pela clausura de nação menos 
favorecida (NMF), segundo a qual “nenhum país tem obrigação de fazer 
concessões, mas na medida em que negociasse com qualquer outro, reduzisse suas 
barreiras à importação de determinado produto, esse benefício deveria ser 
estendido a todos os demais, o que garantiu o direito de todos se beneficiarem de 
qualquer redução de barreiras alfandegárias praticada pelos países que 
participavam do Acordo. 
O GATT foi extinto após a última rodada de negociações – Rodada do Uruguai 
– que ocorreu de 1986 a 1996, envolvendo mais de 100 países. Suas regras foram 
incorporadas pela OMC – Organização Mundial do Comércio. 
Economia Internacional 
 
27 
 
Organização Mundial do Comércio 
A OMC é uma organização permanente, com personalidade jurídica própria 
que começou a funcionar em 1o. de janeiro de 1995. É responsável pela fiscalização 
do comércio entre os países e dos atos protecionistas que os mesmos adotam e 
tem como objetivo promover a liberalização do comércio internacional. Em tese, o 
protecionismo é vantajoso pelo fato de proteger a economia nacional da 
concorrência externa, garantir a criação de empregos e incentivar o 
desenvolvimento de novas tecnologias. No entanto, estas políticas podem, em 
alguns casos, fazer com que o país perca espaço no mercado externo, provocar o 
atraso tecnológico e a acomodação por parte das empresas nacionais, já que essas 
medidas tendem a protegê-las, além de aumentar os preços internos. 
 
Países que participam da OMC 
 
Principais funções: 
• Gerenciar os acordos multilaterais de comércio relacionados a bens, 
serviços e direitos de propriedade intelectual; 
• Administrar o entendimento sobre soluções de controvérsias; 
• Servir de fórum para negociações;Supervisionar as políticas 
comerciais nacionais; 
• Cooperar com as outras organizações internacionais. 
Economia Internacional 
 
28 
http://newscomex.files.wordpress.com/2008/07/omc1.jpg 
Economia Internacional 
 
29 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
CARVALHO, M.A & SILVA, C.R. Economia Internacional. São Paulo: Saraiva, 1999. 
 
Nesta primeira unidade estudamos os argumentos da teoria clássica de 
comércio internacional em defesa do livre comércio como subsídio básico para a 
interpretação do processo do protecionismo e as instituições reguladoras do 
comércio entre as nações. 
Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no ensino 
aprendizagem. Caso necessite, conte conosco! 
Na próxima unidade iniciaremos os estudos sobre o Balanço de Pagamentos, 
sua estrutura e formas de contabilização, as Reservas Cambiais e a Dívida externa. 
 
HORA DE SE AVALIAR! 
 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo 
a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie 
através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! 
Economia Internacional 
 
30 
 
Exercícios – Unidade 1 
 
 
1- A ideia de que as trocas internacionais entre países poderiam ser 
mutuamente vantajosas: 
 
a) Não se encontra ainda, no plano teórico, suficientemente esclarecida. 
b) Só se concebe no plano teórico, não havendo qualquer evidência 
empírica de sua real ocorrência. 
c) Foi originalmente desenvolvida, no plano teórico, pelos mercantilistas. 
d) Foi originalmente explorada por A. SMITH, em ‘A Riqueza das Nações’, 
na segunda metade do século XVIII. 
e) Foi originalmente desenvolvida por H.OHLIN , no ínicio do século XX. 
 
2- Empregando um trabalhador-dia, o país A produz 1 tonelada do produto X e 
0,2 do produto Y;o país B , produz 0,2 tonelada de X e 1,6 de Y. Neste caso: 
 
a) Não há possibilidades de trocas mutuamente vantajosas de X por Y. 
b) O país B deve se especializar na produção de X. 
c) O país B será necessariamente prejudicado, quaisquer que sejam as 
relações de troca que se estabelecem com A. 
d) O país A será necessariamente prejudicado, quaisquer que sejam as 
relações de troca que se estabelecem com B. 
e) O país A deve se especializar na produção de X. 
Economia Internacional 
 
31 
 
3- A despeito das vantagens que as redes internacionais de trocas podem 
trazer, os países, em geral, adotam mecanismos tarifários e não-tarifários que têm 
o efeito de reduzir o volume do comércio mundial. Entre os itens abaixo, qual não 
é usado como argumento para as práticas protecionistas: 
 
a) Proteção às indústrias nascentes. 
b) Redução do desemprego. 
c) Redução ou eliminação de desequilíbrio cambial. 
d) Elevação dos níveis de eficiência e de produtividade do parque 
produtor interno. 
e) Elevação do diferencial de salários. 
 
4- O subsídio às exportações, quando empregado como instrumento de política 
comercial, representa: 
 
a) uma política para desestimular as exportações. 
b) uma redução de custo para o produtor. 
c) uma política para estimular as importações. 
d) um desestímulo ao produtor interno. 
e) um aumento da geração de rendas que podem ir para estrangeiros. 
Economia Internacional 
 
32 
 
 
5-Contrariamente ao que imaginavam os mercantilistas, os economistas 
clássicos demonstraram que: 
 
a) O comércio exterior poderia ser mutuamente vantajoso para os 
países participantes. 
b) O comércio exterior não poderia induzir a ganhos de escala e 
produtividade e, consequentemente, à diminuição dos custos de 
oportunidade decorrentes da não especialização. 
c) A especialização e a divisão internacional do trabalho, mas sob o 
impacto de desenconomias crescente de escala.d) Sempre que um país obtivesse ganhos em suas trocas externas, os 
países com os quais comerciou incidiriam em perdas. 
e) A obtenção de saldos favoráveis em transição comerciais com outros 
países se colocaria como de importância vital para o aumento da 
riqueza nacional. 
 
6 - Quem governa as políticas comerciais internacionais? 
 
a) OMC. 
b) ONU. 
c) GATT. 
d) As políticas comerciais não são governadas por nenhuma instituição. 
e) FMI. 
 
Economia Internacional 
 
33 
 
7- Qual das afirmativas a seguir será a menor barreira às importações de câmeras 
digitais de R$300? 
 
a) Uma quota que aumente o preço interno das câmeras em 10%. 
b) Uma tarifa ad-valorem de 5%. 
c) Uma tarifa específica de US$ 10. 
d) Uma quota que aumente o preço interno das câmeras em 5%. 
e) Um imposto composto de US$ 5 e 1%. 
 
8-Dois países poderiam tirar mútuo proveito do comércio externo, produzindo e 
trocando dois bens diferentes, mesmo se um deles tiver vantagem absoluta na 
produção de ambos os bens, desde que as vantagens comparativas sejam 
diferenciadas. A demonstração teórica dessa possibilidade é devida : 
 
a) aos mercantilistas. 
b) A. SMITH 
c) STUART MILL 
d) A.D.RICARDO 
e) MARSHALL 
 
Economia Internacional 
 
34 
 
9- As quotas que o governo impõe quando adota uma política comercial são: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10- Uma tarifa de importação de US$ 10 por unidade de bem importado imposta 
por um país grande: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Economia Internacional 
 
35 
 
Economia Internacional 
 
36 
Balanço de Pagamentos e 
Dívida Externa 
Conceitos básicos e estrutura do Balanço de Pagamentos. 
Contabilização do balanço de Pagamentos. 
Balanço de Pagamentos do Brasil. 
Reservas Cambiais. 
Dívida Externa. 
2 
Economia Internacional 
 
37 
 
Nesta unidade, vamos procurar compreender as características 
macroeconômicas das relações entre países. Em primeiro lugar, apresentaremos o 
balanço de pagamentos, instrumento analítico que é utilizado para avaliar os 
efeitos das transações econômicas e financeiras de um país com o resto do mundo 
e depois as reservas internacionais e a dívida externa, um dos assuntos mais 
polêmicos da atualidade, porque envolve uma grande parte de países, tanto os 
mais desenvolvidos, quanto aqueles em menor estágio de desenvolvimento. 
 
Objetivos da Unidade : 
 
• Entender como o Balanço de Pagamentos registra as relações 
econômicas entre uma nação e o resto do mundo, com ênfase no 
entendimento das relações do Brasil com o exterior. 
• Compreender a evolução do endividamento externo e suas 
consequências no desenvolvimento de um país, notadamente o caso 
brasileiro. 
• Entender a articulação entre balanço de pagamentos, reservas 
cambiais e dívida externa. 
 
Plano da Unidade : 
 
Conceitos básicos e estrutura do Balanço de Pagamentos. 
Contabilização do balanço de Pagamentos. 
Balanço de Pagamentos do Brasil. 
Reservas Cambiais. 
Dívida Externa. 
Uma boa leitura. 
Economia Internacional 
 
38 
 
 
Conceitos Básicos e Estrutura do Balanço de Pagamentos 
 
A estrutura e os resultados do balanço internacional de pagamentos são 
elementos que reportam a conceitos de soberania. Superávits, déficits ou estados 
de equilíbrio dependem de fatores como geografia e história, padrões de riqueza e 
de preferências políticas, evolução e estágio de tecnologia. Mas dependem 
também de como é administrada a taxa de câmbio e outros meios de regulação de 
fluxos externos líquidos. Ocorre, porém, que esses meios refletem um grande jogo 
de interesses, internos e externos. E não há um único padrão que seja capaz de 
conciliar os interesses de vários grupos em todos os países a um só tempo. 
 
Balanços de Pagamento 
 
O Balanço de Pagamentos não é 
questão nova a ser abordada. Na 
disciplina Economia I, unidade 6, na 
parte relativa ao Setor Externo, algumas 
considerações já foram expressas a este 
respeito. Nesta fase de nossos estudos, 
aprofundaremos mais esse tema, 
detalhando suas contas e formas de 
contabilização. 
O Balanço de Pagamentos revela os 
resultados agregados das relações 
econômicas de um país com o resto do mundo. Os fluxos - reais e financeiros - 
das transações com bens e serviços, das transações unilaterais de rendimentos e 
dos movimentos de capitais são totalizados, em termos contábeis, demonstrando a 
composição das relações externas em sua totalidade. É o saldo líquido desses 
fluxos - reais e financeiros - que permite visualizar o nível do estoque de divisas 
externas que caracteriza a liquidez internacional da economia. 
Fluxos reais correspondem aos fluxos comerciais 
de mercadorias e os de prestação de serviços com 
as correspondentes contrapartidas financeiras. 
Fluxos financeiros dizem respeito aos 
movimentos puramente financeiros resultantes 
de entradas e saídas de capitais de risco, 
empréstimos internacionais, entre outros. 
Estoque se refere a um ponto no tempo, fluxo a 
um período de tempo. A ideia de fluxo está 
ligada à mudança, ou seja, variações quantitativas 
entre dois pontos no tempo, enquanto que 
estoque indica os saldos em um determinado 
ponto no tempo. Um fluxo sempre está ligado ao 
estoque que representa uma variável. Existem 
duas maneiras de ligar o Fluxo ao Estoque. Uma 
delas é de que maneira um fluxo aumenta o 
estoque (Fluxo de entrada) e a outra é como um 
fluxo diminui o estoque (Fluxo de saída). 
Economia Internacional 
 
39 
 
 
Todo este conjunto de resultados líquidos das transações externas 
permite revelar uma variável, o endividamento externo líquido, cujo estoque 
demonstra como foram estabelecidos os fluxos de intercâmbio internacional de 
um país ao longo do tempo. 
 
Conceitos e Estrutura do Balanço de Pagamentos 
 
Como já dissemos anteriormente, o balanço de pagamentos é o registro 
sistemático das transações econômicas de um país com o exterior, ou seja, entre 
residentes e não residentes de um país durante determinado período de tempo. 
Segundo CARVALHO & SILVA (1999), “a distinção entre residentes e não 
residentes está associada ao local em que produzem e consumem bens e serviços. 
Assim, residente é a pessoa física ou jurídica domiciliada em um país. Inclui os 
indivíduos com residência física, mesmo que sejam imigrantes, as filiais de 
empresas estrangeiras sediadas no país, os funcionários em serviço no exterior, 
bem como os indivíduos que se encontram transitoriamente no exterior em 
viagens de turismo, negócios e etc. Não-residente, por oposição, é todo aquele que 
não se enquadra na definição de residente.” 
A classificação das contas, a metodologia de levantamento e o registro das 
transações internacionais seguem as orientações recomendadas pelo Fundo 
Monetário Internacional – FMI. 
Todas as transações internacionais são registradas como variáveis “fluxo” e 
seus saldos definem-se como fluxos líquidos. Já os resultados do balanço de 
pagamentos, déficits ou superávits são remetidos para duas variáveis “estoque”, as 
reservas cambiais e o endividamento externo. 
Economia Internacional 
 
40 
 
Quatro categorias de transações econômicas do país com o exterior são 
utilizadas no levantamento das informações para registro: 
 
• os fluxos comerciais de bens e os de prestação de serviços com suas 
respectivas contrapartidas financeiras; 
• os movimentos puramente financeiros que resultam dos 
empréstimos internacionais (de curto e/ou de longo prazo) e de 
fluxos de entrada e saída capitais para investimento; 
• as transferências unilaterais de ajuda externa, sob a forma de auxílios 
e donativos ou de remessas pessoais, independentemente de 
contrapartida; e 
• as alterações nos estoques de ativos e passivos internacionais do 
país resultantes de todas transações anteriormente citadas. 
 
Assim, definida anatureza de cada transação econômica, elas são classificadas 
em diferentes grupos de contas, também designadas como rubricas. Estes grupos, 
já apresentados em estudos anteriores, apresentam a seguinte estrutura: 
 
• Balanço Comercial - (BC) 
• Balanço de Serviços - (BS) 
• Transferências Unilaterais - (TU) 
• Balanço de Transações Correntes - (TC = BC+BS+TU) 
• Balanço (ou Movimento) de Capitais Autônomos - (KA) 
• Erros e Omissões - (EO) 
• Saldo do Balanço de Pagamentos – (TC + KA + EO) 
• Balanço (ou movimento) de capitais compensatórios – (KC) 
Economia Internacional 
 
41 
 
Dois agrupamentos (grupos de contas) são importantes para análise: as 
transações correntes (TC) e os movimentos de capitais (MK). 
 
Transações Correntes (TC) 
Como transações correntes são consideradas todas as operações que 
envolvem o registro dos movimentos com bens e serviços (os fluxos reais), 
inclusive os fluxos de remuneração por serviços de fatores de produção, tais como 
juros, lucros e dividendos. Assim, é considerada neste grupamento a soma 
algébrica dos saldos do Balanço Comercial, do Balanço de Serviços e das 
Transferências Unilaterais: 
 
 TC = BC + BS + TU 
 
Balanço Comercial (BC) 
Nesta rubrica são registradas as exportações e as importações de mercadorias 
(bens tangíveis) pelo valor FOB (free on bord), ou seja, pelo seu preço de venda 
acrescido de todas as despesas e danos até o momento da colocação da 
mercadoria a bordo do veículo que as transportará do país de origem para o país 
de destino. Isto significa que o critério FOB de registro considera o custo da 
mercadoria sem incluir o custo do frete e do seguro que incidem sobre o 
transporte internacional do país de origem para o país de destino. 
É importante notar que as exportações representam entrada de divisas 
(moeda estrangeira) e, como tal, são registradas com o sinal positivo. Já as 
importações, como representam saída de divisas do país, são registradas com o 
sinal negativo. 
Economia Internacional 
 
42 
 
Balanço de Serviços (BS) 
Como o prórprio nome indica, neste Balanço são registradas todas as 
operações de compra e venda de serviços, ou seja, os bens intangíveis. Nesta 
rubrica são registrados os saldos das operações de transporte (serviços de frete), de 
seguros, de gastos com turismo e viagens internacionais, os serviços 
governamentais (manutenção de embaixadas, consulados e outras formas de 
representação dos governos no exterior). Também são registradas as rendas de 
capitais sob a forma de remessas de lucros ou juros; os juros decorrentes de 
financiamentos e empréstimos; os lucros decorrentes das remessas feitas por 
empresas internacionais que operam no país (dividendos pagos a não residentes) e 
outros tipos de serviços que vão desde pagamentos de comissões e propaganda 
até direitos autorais e patentes. 
 
Transferências Unilaterais 
Neste grupo são contabilizados todos os movimentos de donativos 
internacionais que não têm como contrapartida compra ou venda de bens e 
serviços (transferência não retribuídas). São registrados os pagamentos ou 
recebimentos de donativos de qualquer natureza, tais como doações de 
alimentos, ajuda a populações por desastres naturais, ajuda para reparações de 
guerra e ainda transferências de recursos de imigrantes a seus familiares. 
 
Movimentos de Capitais (MK) 
Neste agrupamento são contabilizados os fluxos crédito, moeda e títulos que 
representam investimentos. Duas rubricas são consideradas: os movimentos de 
capitais autônomos (KA) e os movimentos de capitais compensatórios (KC). 
Portanto temos: 
 
 MK = KA + KC 
Economia Internacional 
 
43 
 
Movimentos de Capitais Autônomos 
Esta rubrica, também denominada de Balanço de Capitais Autônomos, 
corresponde ao saldo das entradas e saídas voluntárias (capitais que entram ou 
saem livremente do país), tais como empréstimos, investimentos, amortizações. As 
entradas de capitais estrangeiros no país são registradas com sinal positivo, pois 
significam entradas de divisas, entretanto, elas constituem um Passivo Externo, ou 
seja, obrigações em relação aos residentes no exterior. 
 
Movimentos de Capitais Compensatórios (MK) 
Este grupo também é conhecido como Demonstrativo de Resultado. Nele são 
registrados os empréstimos de regularização do FMI - Fundo Monetário 
Internacional, especificamente destinados para cobrir os déficits do Balanço de 
Pagamentos (financiamentos compensatórios) e a variação das reservas 
internacionais. 
 
Erros e omissões 
Neste item são registradas as discrepâncias entre os fluxos de entradas e 
saídas de recursos e as variações nos estoques de reservas cambiais do país. 
 
Saldo Total do Balanço de Pagamentos 
O resultado final do balanço de pagamentos revela a posição do país em suas 
relações com o exterior. Quando há défict ( - ) significa que o total de débitos 
superou o montante dos créditos, ou seja, as saídas de divisas foram superiores às 
entradas, implicando queda nas reservas cambiais do país. Um superávit ( + ), ao 
contrário, indica que o total dos créditos foi maior que o total dos débitos, ou seja, 
as entradas de divisas foram superiores às saídas, o que aumentará o saldo das 
reservas cambiais 
Economia Internacional 
 
44 
 
Saldos do Balanço de Pagamentos, Movimento de Capitais Compensatórios e 
Variação das Reservas Internacionais 
 
Dada a composição do item movimento de capitais compensatórios (KC), 
podemos deduzir que seu resultado é igual, com sinal contrário ( - BP ), ao saldo 
do Balanço de Pagamentos, refletindo o fluxo de caixa derivado das transações do 
país com o exterior. As reservas internacionais correspondem ao estoque de meios 
de pagamentos internacionais que as autoridades monetárias detêm. Sua variação 
depende do saldo do Balanço de Pagamentos, dos Empréstimos de Regularização 
do Fundo Monetário Internacional - FMI e das diversas contrapartidas existentes na 
conta de capitais compensatórios. 
Estas questões ficarão mais claras a seguir, ao abordarmos os procedimentos 
de contabilização do balanço de pagamentos. 
Economia Internacional 
 
45 
 
Estrutura do Balanço de Pagamentos 
BC – BALANÇO COMERCIAL 
 Exportações (FOB) 
 Importações (FOB) 
BS – BALANÇO DE SERVIÇOS 
 Viagens internacionais 
Transportes 
Seguros 
Serviços Governamentais 
Rendas de Capitais 
Lucros e dividendos 
Lucros reinvestidos 
Juros 
Serviços diversos 
TU – TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS 
TC – SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS EM CONTA CORRENTE 
(BC + BS + TU) 
KA – MOVIMENTO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS 
Investimentos diretos 
Reinvestimentos 
Empréstimos e financiamentos 
Amortizações 
Capitais de curto prazo 
Outros capitais 
EO – ERROS E OMISSÕES 
BP – SALDO TOTAL DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (TC + KA + EO) 
KC – MOVIMENTOS DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS (-BP) 
Contas de caixa (reservas) 
Haveres a curto prazo no exterior 
Ouro monetário 
Direitos Especiais de Saque (DES) 
Empréstimos de regularização 
Atrasados 
 
Economia Internacional 
 
46 
 
Contabilização do Balanço de Pagamentos 
 
Por ser um instrumento contábil, todos os registros das transações 
internacionais obedecem às regras da contabilidade, ou seja, ao método de 
partidas dobradas. Isto significa que um crédito em uma conta corresponde a um 
débito em outra, e vice-versa. 
Para efeito de registro as contas do Balanço de Pagamentos são divididas em 
dois grupos de natureza distinta: contas operacionais e contas de caixa. As 
contas operacionais correspondem às operações que geram pagamentos e 
recebimentos de recursos (exportações, importações, fretes e seguros, 
investimentos, amortizações, transferências unilaterais e outras). Sua 
contabilização é realizada com a seguinte lógica: 
• transações que resultem em entrada de divisas são registradas com sinal 
positivo (+), ou seja, à crédito; 
• transações que representemsaída de divisas, é lançada a débito, ou seja, 
com sinal negativo ( - ). 
 
Estas duas contas são agrupadas no saldo do Balanço de Pagamentos em 
transações correntes (TC) e nos movimentos de capitais Autônomos (KA) e 
resultam no saldo total do Balanço de Pagamentos (BP): 
 
 BP = TC + KA 
Economia Internacional 
 
47 
 
Por outro lado, as contas de caixa registram as reservas internacionais e 
correspondem à contrapartida das contas operacionais. São, portanto, os 
mesmos recebimentos e pagamentos pelas importações, exportações, fretes e 
seguros, rendas sobre os capitais, etc. Entretanto, a lógica de contabilização é 
inversa, ou seja, o débito ( - ) significa aumento das reservas interncionais e o 
crédito ( + ) redução de reservas. Para facilitar seu entendimento, observe a 
síntese destes lançamentos segundo cada conta e sua correspondencia com as 
reservas: 
 
Conta Entrada de reservas Saída de reservas 
Operacional Crédito ( + ) Débito( - ) 
Caixa Débito ( - ) Crédito ( + ) 
 
IMPORTANTE: 
 
Quando a conta operacional é lançada a crédito temos um aumento dos ativos 
(divisas) ou uma redução das obrigações com os não-residentes. 
O débito na conta operacional significa perda de divisas ou aumento das 
obrigações do país. 
Já observamos que, de acordo com a lógica da contabilidade, a todo 
crédito corresponde um débito, o que, necessariamente, faz com que o saldo entre 
todas as contas seja igual a zero. No caso do Balanço de Pagamentos, o que 
garante esta igualdade são os movimentos dos capitais compensatórios, ou seja, 
reservas e empréstimos de regularização do FMI, ou seja, teríamos então a 
seguinte igualdade: 
 BP + KC = 0 
Economia Internacional 
 
48 
 
 Se houver superávits (BP > 0) significa que as reservas aumentam. Ocorrendo 
déficit (BP < 0), há saída de divisas, ou seja, uma possibilidade de o país perder 
reservas, reduzindo a liquidez internacional do país. Neste caso, se o país não 
dispuser de reservas suficientes ou não quiser delas fazer uso, pode receber 
empréstimo de regularização do FMI, desde que adote um programa de ajuste de 
acordo com as regras impostas pelo FMI. Na possibilidade de não poder adotar 
nenhuma dessas alternativas, as obrigações vencidas e não pagas são lançadas 
como atrasados. 
Por outro lado, podem ocorrer diferenças temporais na contabilização das 
transações devido a apurações inadequadas, com pouco rigor ou mesmo 
operações de difícil apuração (subfaturamentos, contrabando, remessas de capitais 
ilegais, entre outros). Assim, acrescentam-se à rubrica erros e omissões dessas 
diferenças. Na prática, ela é construída por resíduo, senão vejamos: 
 se BP + KC = 0, então BP = - KC 
Sabemos também por definição que: 
 BP = TC + KA 
Como os movimentos de capitais compensatórios (KC) são informações 
normalmente apuradas com rigor pelo Banco Central, os erros e omissões (EO) são 
estimados por resíduo da seguinte maneira: 
 EO = - KC - (TC + KA) 
Para entender melhor, tomemos um exemplo numérico retirado dos 
resultados do Balanço de Pagamentos do Brasil para 2009 divulgado pelo Banco 
Central (Quadro I – SERIEBALPAG): 
 
TC = - 35.063 
KA = 70.799 
KC = - 34.497 
Aplicando na expressão acima<, temos: 
EO = 34497 – ( - 35.063 + 70.700) = - 1.239 
Economia Internacional 
 
49 
 
Balanço de Pagamentos do Brasil 
 
No Brasil, o balanço de pagamentos começou a ser contabilizado em 1947 
pelo Banco do Brasil e pela Fundação Getúlio Vargas. Atualmente, o órgão 
reponsável pela contabilização é o Banco Central. 
Os dados do balanço de pagamentos são publicados em milhões de dólares 
norte-americanos, em valores correntes, sem ajustamento sazonal. Compreendem 
o país como um todo e estão compilados de acordo com os critérios estabelecidos 
na 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do Fundo Monetário 
Internacional – BPM-5. (BACEN) 
Grande parte dos pesquisadores adota como critério para suas análises dos 
balanços de pagamentos do Brasil os diferentes padrões de ajustes nas contas 
externas ocorridos em diferentes momentos históricos. 
Segundo CARVALHO e SILVA(2000)1, “Desde o início, o saldo do balanço de 
pagamento em transações correntes tem sido predominantemente deficitário, o 
que é considerado natural para economias pobres que dependem de poupança 
externa para se desenvolver.” Os autores apontam que estes déficits foram 
decorrentes dos déficts na conta de serviços, já que o balanço comercial 
apresentou resultados predominantemente positivos no período. A exceção foi a 
década de 70, período em que o Brasil passou também a apresentar déficits em seu 
balanço comercial em função do aumento dos gastos com importação resultante 
do choque externo imposto ao mundo pelo cartel dos países produtores do 
petróleo ocorrido em 1973. 
A década de 80, período de crise da dívida externa, se caracterizou pelos cortes 
nos fluxos de capitais das nações industrializadas para as nações menos 
desenvolvidas. CARVALHO e SILVA (2000, P. 116) lembram que, “os países 
devedores foram submetidos a fortes pressões para pronto pagamento dos 
créditos tomados no passado. Com isso, foram forçados a adotar programas de 
ajustamentos que tinham como meta obter rápido incremento de divisas para 
honrar compromissos externos.” 
 
1 Economia Internacional, 2000, p.116. 
Economia Internacional 
 
50 
 
O Brasil não foi exceção. Enfrentou um período de grande recessão no início 
dos anos 80. 
“A essa situação estavam 
intimamente associadas às contas externas do 
País: as dívidas contratadas pelo Brasil nas 
décadas de 60 e 70 foram feitas a taxas 
flutuantes, as quais tiveram grande aumento 
no mercado internacional. Nesse período, o 
desequilíbrio no Balanço de Pagamentos se 
deveu basicamente à rubrica juros da dívida 
externa (NASCIMENTO & SOUZA)2.” 
 
O processo de ajustamento das contas externas buscou obter superávits 
comerciais com estímulo às exportações (maxidesvalorização do cruzeiro e 
redução do salário real – elementos indutores para o mercado externo), 
juntamente da redução nas importações. Com essa política, o balanço comercial 
brasileiro saiu de um déficit de US$ 2,8 bilhões em 1980 para superávits favoráveis 
até 1994. 
A política de comércio exterior dos anos 90 se caracterizou por uma maior 
abertura ao mercado externo (notadamente através da redução tarifária), 
resultando em aumentos tanto nas importações quanto nas exportações. Entre 
1990 e 1991, período do governo Collor, houve uma drástica redução dos 
investimentos diretos no país e nos empréstimos e financiamentos em longo 
prazo. Segundo CARVALHO e SILVA (2000, p. 116), de1992 em diante o país, 
superada a crise de confiança em nosso governo, voltou a captar recursos do 
exterior em volumes crescentes. 
 
2 Uma breve análise do balanço de pagamentos do Brasil, p.12, disponível em: 
www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1196954731.pdf, acessado em 21 de outubro de 2010 
Economia Internacional 
 
51 
 
A implantação do Plano Real (1994) teve como uma de suas 
consequências a valorização do Real frente ao Dólar. Com isso, as importações 
foram estimuladas e reduziram-se as exportações. Essas políticas, cambial e 
comercial, levaram à queda do Balanço Comercial já em 1994 e a déficits nos 5 anos 
posteriores. De saldos superiores a US$ 10 bilhões por ano, o país passou a 
apresentar déficits crescentes (US$ 3,4 bilhões em 1995 atingindo US$ 6,5 bilhões 
em 1999). Além disso, as altas taxas de juros proporcionaram aumento do déficit 
no Balanço de Serviços, trazendo como consequência uma queda acentuada no 
saldo das transações correntes (déficits de US$ 18 bilhões em 1995, US$23,5 
bilhões em 1996, US$30,4 bilhões em 1997, US$33,4 bilhões em 1998). Segundo 
CARVALHO e SILVA (2000, p. 117), “paracobrir estes déficits o país contou com 
ingresso de capitais autônomos em tal volume que superou largamente a 
necessidade de financiamento. Por esta razão, o saldo do balanço de pagamentos 
apresentou superávits e, consequentemente, aumento das reservas 
internacionais.” 
A partir do ano de 2001, o balanço de pagamentos veio registrando 
superávits crescentes e aumentos nas reservas internacionais. LACERDA e OLIVEIRA 
(2009, p.6) comentam que “a propósito dos efeitos significativos oriundos da crise 
financeira, se analisarmos numa trajetória de médio prazo, nos últimos dez anos, o 
Balanço de Pagamentos Brasileiro apresentou um quadro de transformação. Por 
um lado ocorreu uma reversão substancial do desempenho da balança comercial. 
De um déficit de quase US 7,0 bilhões registrado nos anos 1997 e 1998, o saldo 
evoluiu consistentemente para um expressivo superávit de US$ 46 bilhões em 
2006 e US$ 40 bilhões em 2007.” O volume das exportações cresceu 
significativamente a partir de 2002, atingindo US$ 197,9 bilhões em 2008, quase 
quatro vezes o volume exportado em 1997 (US$ 57,2 bilhões). Por outro lado, 
apesar de as importações aumentarem significativamente no período, foi possível 
garantir o superávit do balanço comercial. Em 2009, o valor das exportações foi 
menor, mas ainda apresentou resultado significativo, US$ 152,9 bilhões. As 
importações atingiram US$ 127,7 bilhões, garantindo um superávit de US$ 25,3 
bilhões. 
Economia Internacional 
 
52 
 
Com relação ao Balanço de Serviços, as remessas de lucros e dividendos para o 
exterior e o pagamento de juros foram os fatores preponderantes para o déficit no 
período. 
LACERDA e OLIVEIRA (2009, p. 7) afirmam que “o impacto das exportações 
sobre o resultado de transações correntes e o superávit nas contas de capital são 
importantes para explicar a reversão do resultado total do balanço de 
pagamentos”. 
 Assim, o desempenho positivo que o balanço de pagamentos vem 
registrando indica que o Brasil vem caminhando no sentido de melhorar sua 
fragilidade externa. Os fluxos de capitais vêm aumentando o nível das reservas 
internacionais do país, atingindo um recorde de US$ 238 bilhões em 2009, além de 
diminuir o endividamento externo do país. 
 
Importante 
 
“A vulnerabilidade externa ou fragilidade externa significa uma baixa 
capacidade de resistência das economias nacionais frente a fatores 
desestabilizadores ou choques externos. A vulnerabilidade tem duas dimensões 
igualmente importantes. A primeira envolve as opções de resposta com os 
instrumentos de política disponíveis; e a segunda incorpora os custos de 
enfrentamento ou de ajuste frente aos eventos externos. Assim, a vulnerabilidade 
externa é tão maior quanto menor forem às opções de política e quanto maiores 
forem os custos do processo de ajuste”. GONÇALVES, R. (1998) Globalização 
Econômica e Vulnerabilidade Externa. Universidade Federal Fluminense, Rio de 
Janeiro, disponível em: 
www.reggen.org.br/midia/documentos/globalizacaoeconomica.pdf, acessado em 25 de outubro de 
2010. 
 
Na próxima parte faremos a articulação entre balanço de pagamentos, 
reservas internacionais e dívida externa. 
Economia Internacional 
 
53 
 
 
LINK 
 
Para saber mais sobre Balanço de Pagamentos do Brasil, acesse os endereços 
abaixo: 
 
http://www.bcb.gov.br/sddsp/balpagam_p.htm 
http://www.fazenda.gov.br/spe/publicacoes/conjuntura/informativo_economico/2
010/2010_09/setor_externo/IE%202010%2009%2021%20BALAN%C3%87O%20DE
%20PAGAMENTOS.pdf 
www.bcb.gov.br/?SERIEBALPAG 
http://www.bcb.gov.br/?BOLETIM 
 
 
Reservas Internacionais 
 
Entende-se como reservas internacionais o 
estoque de ativos que um país possui em poder das 
autoridades monetárias (Banco Central). Estes ativos 
ficam disponíveis para o pagamento de dívidas ou 
aquisição de direitos de não-residentes de um país. 
Essas reservas são constituídas: 
 
1. pelo estoque de divisas estrangeiras e títulos externos; 
2. pela posição de ouro monetário; 
3. pelos direitos especiais de saque (DES); 
4. pelas reservas do país em poder do FMI. 
DES é uma moeda escritural 
emitida pelo FMI que tem seu 
valor definido a partir de uma 
cesta das cinco moedas dos 
países com maior participação 
nas trocas internacionais: França 
(Euro), Alemanha (Euro), Japão 
(iene), Reino Unido (libra 
esterlina) e Estados Unidos 
(dólar). 
Economia Internacional 
 
54 
 
 
As reservas têm origem nos fluxos de entrada e de saída de divisas 
estrangeiras. O esquema abaixo mostra os principais fluxos de entrada e saída de 
divisas estrangeiras. 
Fonte: ROSSETTI -1997 
Economia Internacional 
 
55 
 
Quando há desequilíbrios nestes fluxos, mais entradas que saídas, o 
banco central acumula reservas. Inversamente, quando o país é deficitário, há uma 
saída de divisas que o banco central cobre fazendo uso das reservas em estoque, 
provocando a variação das reservas cambiais. “Mas as implicações não se limitam à 
alteração desse variável. Vão além, podendo afetar o processo de acumulação 
externa líquida e os graus de endividamento externo do país. Vistas em conjunto, 
as implicações dependerão das origens do desequilíbrio (se em transações 
correntes ou em movimentos de capital) e dos padrões das operações 
compensatórias.” ROSSETTI (1997). A razão disto é que um dos papéis das reservas 
internacionais é de financiar os déficits temporários no balanço de pagamentos”. 
Neste sentido, a variação das reservas internacionais depende do padrão 
do balanço de pagamentos, ou seja, dos desequilíbrios que possam ocorrer nas 
transações correntes e da forma como os eventuais déficits serão cobertos, por 
empréstimos e financiamentos e por movimentos autônomos de capital. 
 
Reservas Internacionais do Brasil 
 
Segundo o Banco Central, reservas internacionais brutas compreendem 
ativos externos prontamente disponíveis, sob controle do Banco Central, cuja 
principal função é o financiamento de desequilíbrios no balanço de pagamentos 
ou a regulação da magnitude desses desequilíbrios, pelo ajuste do nível da taxa de 
câmbio mediante intervenção no mercado de câmbio. Abrangem haveres no 
Banco Central e a posição de reserva no FMI. 
As reservas internacionais brasileiras no Banco Central são constituídas 
por ouro monetário, DES e ativos em moeda estrangeira, representados por 
depósitos (overnight, acordo de recompra no FED, prazo fixo), títulos, títulos de 
exportação (até outubro de 2000), créditos cedidos a outros países (até fevereiro de 
2001) e créditos cursados em acordo de convênio. A posição de reserva no FMI 
também é computada nas reservas no Banco Central. 
Um depósito overnight é um depósito negociado no mercado monetário 
interbancário, vigente do dia da negociação. 
Economia Internacional 
 
56 
 
 
Reservas Internacionais do Brasil 
 
Ativos de reservas oficiais e outros ativos em moeda estrangeira 
Liquidez - US$ milhões 
 Dez/07 Dez/08 Dez/09 Set/10 
Ativos de Reserva Oficiais 1/ 180.334 193.783 238.520 275.206 
Reservas em moeda estrangeira (em divisas 
conversíveis) 163.526 190.929 228.644 264.013 
 (a) Títulos 156.057 188.746 219.933 240.016 
dos quais: emissor sediado no Brasil, mas 
domiciliado no exterior - - - - 
 (b) Total de moeda e depósitos em: 7.470 2.183 8.711 23.997 
Outros bancos centrais, BIS e FMI 2/ 250 253 253 18.727 
Bancos sediados no Brasil - - - - 
dos quais: domiciliados no exterior - - - - 
Bancos sediados no exterior 2/ 7.220 1.931 8.459 5.271 
dos quais: domiciliados no Brasil - - - - 
Posição de reserva no FMI - - 946 1.582 
DES 2 1 4.510 4.495 
Ouro (inclusive depósitos de ouro) 3/ 901 940 1.175 1.412 
Volume em mil onças troy 1.080 1.080 1.080 1.080 
15878+5815Outros ativos de reservas 15.905 1.913 3.244 3.703 
Instrumentos derivativos -32 - - -13 
Empréstimos a não residentes não bancários 4/ 58 34 9 89 
Cédulas e moedas - - - -Títulos adquiridos com acordo de recompra 5/ 15.878 1.880 3.234 3.628 
Economia Internacional 
 
57 
 
Outros Ativos em Moedas Estrangeiras - - - - 
1/ Valores marcados a mercado desde novembro de 2000. 
2/ A partir de maio de 2010, dado revisado em função de correção de erro no sistema de 
apuração. 
3/ Engloba estoque de ouro financeiro disponível e depósitos a prazo. 
4/ Inclui valores de créditos de exportação. 
5/ Títulos adquiridos, com compromisso de recompra, com a entrega de outros títulos 
em operação reversa. 
6/ Até abril de 2006: garantias colaterais, constituídas por títulos do Tesouro americano 
custodiados no Banco de Compensações Internacionais (BIS). 
7/ Até abril de 2006: garantias colaterais, constituídas por depósitos em aplicações no 
BIS. 
8/ Créditos decorrentes de reestruturação da dívida da Polônia. 
 
Fonte: Banco Central do Brasil disponível em: 
http://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/templ1p.shtm, acessado em 20 de 
outubro de 2010 
 
Leitura Complementar 
 
Relatório de Gestão das Reservas Internacionais, BANCO CENTRAL DO BRASIL, 
Junho 2010. 
 
Economia Internacional 
 
58 
 
Dívida Externa 
 
Atualmente, dívida externa é um dos assuntos mais polêmicos porque envolve 
uma grande parte dos países. A dívida começa a existir a partir das relações 
internacionais de compra e venda de produtos. Excepcionalmente, um balanço de 
pagamentos apresenta equilíbrio em sua contabilização. Situações de déficits ou 
superávits ocorrem normalmente nas transações econômicas de um país com o 
exterior. Costuma-se interpretar que um país que apresente superávit em suas 
transações adotou uma política econômica de sucesso. O contrário, acúmulo de 
sucessivos déficits, indica que o do futuro do país está comprometido. 
Sabemos que quando um país estabelece relações econômicas com o resto do 
mundo pode tanto receber como enviar bens e serviços para o exterior. Remessas 
maiores que recebimentos indicam que houve um superávit no balanço de 
pagamentos em conta corrente. O contrário, remessas menores que os 
recebimentos caracterizam uma situação de déficit e os residentes do país, 
consequentemente, estão aumentando sua dívida com o exterior. 
A dívida externa compreende o total apurado em determinada data dos 
débitos contratuais efetivamente desembolsados e ainda não quitados, devidos 
por residentes de uma economia aos não residentes, onde haja a obrigatoriedade 
de pagamento de principal e/ou juros em algum(s) ponto(s) no futuro. 
 
Os Tipos de Dividas 
Uma divida pode ser privada ou publica , interna ou externa . Quando 
falamos que uma dívida é publica ou privada , estamos nos referindo a quem 
contraiu o empréstimo , se foi um órgão publico, a dívida é pública . Já 
quando falamos que uma dívida é interna ou externa , nos referimos ao tipo 
de moeda que essa dívida terá que ser paga : se a dívida tem que ser paga 
em moeda estrangeira , trata-se de uma dívida externa , se a dívida pode ser 
paga em reais , trata-se de uma dívida interna .Assim existem: dívida pública 
interna e dívida pública externa . 
Economia Internacional 
 
59 
 
Na perspectiva do desenvolvimento econômico e social , as dívidas mais 
importantes são a dívida interna (pública) e a dívida externa (pública mais 
privada). A primeira impõe constrangimentos ao orçamento público, enquanto 
que a outra aumenta a restrição das contas externas e provoca politicas e 
estratégias de ajuste com efeitos profundos e amplos sobre a sociedade . 
 
Para o Banco Central, a dívida externa bruta compreende as operações de 
dívida contraídas sob a forma de empréstimos em moeda de curto, médio e longo 
prazos, de importação financiada, arrendamento mercantil (Leasing) e 
financiamento de serviços, com prazo de pagamento superior a 360 dias, 
registradas no sistema Registro Declaratório Eletrônico – Registro de Operações 
Financeiras (RDE-ROF) do Banco Central do Brasil, e outros passivos oriundos do 
Plano Contábil das Instituições Financeiras (Cosif), das linhas de créditos no exterior 
de empresas estatais e do saldo devedor do Convênio de Créditos Recíprocos (CCR) 
– o CCR é um convênio em moeda estrangeira firmado entre o Banco Central do 
Brasil e os bancos centrais dos países participantes (Argentina, Bolívia, Chile, 
Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e 
Venezuela). 
A dívida externa brasileira é uma herança que vem sendo aumentada desde a 
Independência e representa hoje o maior problema para o crescimento econômico 
do país.3 Segundo GONÇALVES e POMAR (2001), “o Brasil é um país endividado. A 
dívida externa brasileira passou por vários ciclos de crescimento. Nos últimos 30 
anos (1968/1999), em valores nominais, o estoque da dívida externa brasileira 
cresceu 237 bilhões de dólares! Se tomarmos como ponto de partida o ano de 1982 
(crise do México), o estoque cresceu 158 bilhões de dólares. Se nos limitarmos ao 
período (1995/1998), correspondente ao primeiro mandato do presidente 
Fernando Henrique Cardoso, o estoque da dívida cresceu 99 bilhões de dólares.”
 
3 GONÇALVES & POMAR. O Brasil endividado (2001), São Paulo: Fundação Perseu 
Abramo, 2ª. reimpressão, disponível em: http://www.fpabramo.org.br/o-que-
fazemos/editora/livros/brasil-endividado-o-como-divida-externa-aumentou-mais-
de-us-100-bilhoes 
Economia Internacional 
60 
A partir de 2006, a dívida externa vem aumentando, passando de US$ 175,6 bilhões para US$ 228,6 bilhões em 2009. 
Dívida Externa total por Devedor 
 US$ milhões 
Discriminação 2006 2007 2008 2009 2010 
 Set Dez Mar Jun Set1/ 
Dívida de médio e longo prazos 152 
266 
154 
318 
161 
896 
167 
374 
167 
220 
175 
908 
182 
724 
190 786 
 Setor público não financeiro 76 263 70 
250 
67 
335 
75 
060 
77 
155 
79 016 79 920 82 632 
 Créditos banco-empresa 853 621 625 493 3 470 560 337 343 
 Importações financiadas 264 305 380 391 268 478 274 279 
 Empréstimos em moeda 589 316 245 102 3 202 82 63 64 
 Créditos empresa-empresa 
(fornecedores) 
387 269 260 188 180 150 144 142 
 Demais 75 022 69 
360 
66 
450 
74 
379 
73 
505 
78 306 79 439 82 148 
 Setor privado e setor público 
financeiro 
76 003 84 
068 
94 
561 
92 
314 
90 
065 
96 892 102 805 108 154 
 Créditos interbancários 5 298 8 206 10 
136 
9 198 9 437 11 165 12 133 12 578 
 Exportação 2 373 3 178 3 839 4 536 5 476 6 819 7 613 8 377 
 Importação 1 125 1 315 1 167 793 833 675 786 738 
 Demais 1 800 3 713 5 131 3 868 3 128 3 670 3 734 3 463 
 Créditos banco-empresa 15 823 12 19 22 23 26 130 27 061 30 174 
Economia Internacional 
61 
884 403 244 498 
 Importações financiadas 2 317 6 612 14 
648 
17 
214 
18 
201 
21 161 21 419 23 883 
 Empréstimos em moeda 13 505 6 272 4 755 5 030 5 297 4 969 5 642 6 291 
 Créditos empresa-empresa 
(fornecedores) 
4 482 4 794 5 646 3 053 2 958 2 926 2 823 2 628 
 Demais 50 401 58 
184 
 59 
376 
 57 
819 
 54 
171 
 56 671 60 789 62 774 
Dívida de curto prazo 20 323 38 
901 
 36 
444 
 37 
560 
 30 
972 
 35 624 45 869 53 006 
 Setor público não financeiro 6 22 17 - - - - - 
 Obrigações do Banco Central - - - - - - - - 
 Créditos de importação (Petrobras) - - - - - - - - 
 Demais 6 22 17 - - - - - 
 Setor privado e setor público 
financeiro 
 20 317 38 
879 
 36 
427 
 37 
560 
 30 
972 
 35 624 45 869 53 006 
 Créditos interbancários 16 527 27 
613 
 28 
220 
 28 
673 
 21 
957 
 24 301 32 914

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