Buscar

60 - APOSTILA - FUNDAMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 95 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 95 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 95 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

APRESENTAÇÃO 
Professor Dr. Marcos Aurélio Brambilla 
 
● Doutor em Teoria Econômica pela UEM (Universidade Estadual de 
Maringá). 
● Mestre em Economia Regional pela UEL (Universidade Estadual de 
Londrina). 
● Bacharel em Ciências Econômicas FCV (Faculdade Cidade Verde). 
● Professor Mediador EAD - UniCesumar. 
● Professor de graduação no Instituto Adventista Paranaense (IAP). 
● Professor de graduação na Faculdade Cidade Verde (FCV). 
● Professor de pós-graduação na Faculdade Cidade Verde (FCV). 
● Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4609573696140389 
 
 
 
 
 
Seja muito bem-vindo (a)! 
Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso 
já é o inicio de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. 
Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre os fundamentos 
do comércio internacional. Além de conhecer seus principais conceitos e 
definições vamos explorar fatos históricos e as mais diversas situações do 
comércio internacional presentes entre as nações. 
Na unidade I começaremos a nossa jornada pela evolução das teorias do 
comércio internacional, partindo do contexto mercantilista. Esta noção é 
necessária para que possamos compreender o início das teorias de comércio 
internacional. E assim, podemos trabalhar com a teoria das vantagens absolutas, 
teoria das vantagens comparativas e com os fatores específicos e modelo de 
Hecksher-Ohlin. 
Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os blocos 
econômicos. Para isso, vamos detalhar as políticas comerciais que podem ser 
adotadas pelos países e, por fim, serão apresentados os diferentes tipos de 
blocos econômicos e sua taxonomia. 
Depois, nas unidades III e IV vamos tratar especificamente das taxas de câmbio, 
regimes cambiais e das políticas macroeconômicas internacionais. Ao longo da 
unidade III, vamos destacar as diferentes taxas de câmbio, os regimes cambiais 
e como isso influencia o comércio com os demais países e, por fim, será 
apresentado o balanço de pagamentos e sua relação com as políticas 
comerciais. Na unidade IV, vamos entender o papel da política macroeconômica 
internacional, das regulamentações econômicas e dos diferentes tipos de 
empresas no mundo globalizado. 
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta 
jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos 
abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento 
pessoal e profissional. 
 
Muito obrigado e bom estudo! 
 
 
UNIDADE I 
CONCEITOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 
Professor Doutor Marcos Aurélio Brambilla 
 
 
Plano de Estudo: 
• Conceitos de comércio internacional, teorias de comércio e sua evolução. 
• Vantagens absolutas. 
• Vantagens comparativas. 
• Fatores específicos e modelo de Hecksher-Ohlin. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar as teorias de comércio internacional. 
• Compreender os tipos de teorias de comércio internacional. 
• Estabelecer a importância das teorias de comércio internacional. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a primeira unidade do livro. 
Vamos dar início ao estudo sobre os fundamentos do comércio internacional. Essa 
é uma área do conhecimento que estuda as teorias do comércio internacional. As teorias 
do comércio internacional tem grande importância por compreender as decisões de 
comércio dos países. No entanto, antes de iniciar o estudo das teorias do comércio 
internacional, foi abordado o período que antecede as teorias tradicionais do comércio 
internacional, período esse conhecido como Mercantilismo. 
Com o propósito de atingir o crescimento econômico da nação, o Mercantilismo foi 
um período no qual os países adotavam políticas de comércio internacional que tentavam 
proporcionar maiores ganhos com o comércio internacional. Após as ações verificadas 
no Mercantilismo, foram criadas as teorias desenvolvidas por autores clássicos. A 
primeira teoria foi desenvolvida por Adam Smith, a sua teoria foi chamada de teoria das 
vantagens absoluta, essa teoria falava basicamente que, os países deveriam produzir o 
bem mais barato e importar o bem que era mais caro para produzir. 
A partir da teoria de vantagens absolutas, David Ricardo buscou melhorar essa 
teoria, criando a teoria das vantagens comparativas. Segundo essa teoria, os países 
deveriam se especializar na produção de bens em que possuíam vantagens 
comparativas, ou seja, os países deveriam produzir bens em que apresentavam maior 
produção ou menor custo relativamente. 
Em seguida, serão apresentadas as teorias neoclássicas, ou seja, as teorias mais 
modernas do comércio internacional, sendo o Teorema de Hechscher-Ohlin e, por fim, 
as extensões da teoria da vantagem comparativa, que foi abordada a economia de escala 
e a concorrência imperfeita no mercado internacional. 
Desejamos um ótimo estudo a todos! 
 
 
 
 
 
 
1 CONCEITOS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL, TEORIAS DE COMÉRCIO E SUA 
EVOLUÇÃO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/world-map-global-connections-
194554931 
 
Olá caro (a) aluno (a), neste tópico foi abordado conceitos sobre o comércio 
internacional, e antes de iniciar o estudo sobre o as teorias do comércio internacional, é 
importante conhecer o período anterior à criação das teorias tradicionais do comércio 
internacional, com o intuito de saber como se deu a origem das teorias de comércio 
internacional, esse período é conhecido como Mercantilismo, portanto, vamos conhecer 
mais sobre esse período. 
A economia internacional teve início juntamente com o começo do Estado nacional 
moderno. O movimento de união das regiões e municípios nos Estados nacionais levou 
a uma integração política e econômica. A integração política contribuiu para o surgimento 
dos Estados absolutistas, ou seja, que centraliza o poder nas mãos de uma pessoa, 
assim as decisões eram tomadas pelos monarcas sem considerar a opinião da 
população. A união econômica deu início às práticas realizadas entre os Estados 
nacionais conhecidas como Mercantilismo (GONÇALVES, et. al, 1998). 
Segundo Salvatore (2000) o Mercantilismo surgiu entre os séculos XVII e XVIII, 
por meio de ensaios e panfletos que continham um tipo de filosofia econômica, escrita 
por banqueiros, comerciantes, filósofos e funcionários públicos. Desse modo, o 
Mercantilismo foi um período no qual os países praticavam políticas de comércio 
internacional na tentativa de obter maiores ganhos com o comércio internacional, assim, 
a partir desses preceitos, os Estados buscavam atingir o crescimento econômico da 
nação. 
Para facilitar o entendimento de como funcionava as normas estabelecidas pelos 
mercantilistas, Brue (2006) apresenta algumas definições que representam esse período, 
sendo: o ouro e a prata como riqueza; a política protecionista; o nacionalismo; a 
colonização e a monopolização do comércio; a relevância de contar com uma grande de 
mão de obra; eram contrários a impostos ou qualquer outra restrição interna sobre o 
transporte de bens. 
 
Portanto, os mercantilistas consideravam que as nações ricas apresentavam uma 
grande quantidade de ouro e prata, ou seja, quanto maior o volume de metais preciosos, 
maior era a riqueza do Estado nacional. Além disso, adotavam políticas protecionistas, 
cobravam taxas de importação de matérias-primas e manufaturas que poderiam ser 
produzidos internamente e as importações de matérias primas que não poderiam ser 
produzidas internamente era isenta de taxas. 
Para ser uma nação poderosa, a mesma deveria acumular riqueza por meio da 
exportação aos países próximos, pois assim poderiam colonizar outras nações para se 
tornar uma nação mais poderosa. Sendo que, os benefícios adquiridos pelas colônias 
eram propriedade do país colonizador. 
Os mercantilistas também não eram a favor de cobranças de taxasinternas ou 
outras restrições, essas cobranças poderiam prejudicar as empresas levando ao 
aumento de preços das exportações, e consequentemente, a nação se tornaria menos 
competitiva no mercado internacional. 
Outra característica que os mercantilistas consideravam importante era uma 
grande população de trabalhadores, pois quanto maior a população maior era produção 
de bens para a exportação, e, considerando os baixos salários dos trabalhadores, a 
nação apresentava significativos ganhos no comércio internacional com acumulação de 
metais preciosos advindo dos superávits que a nação apresentava devido às condições 
aqui apresentadas. 
Desse modo, conforme Gonçalves (1998), a política mercantilista tem o intuito de 
defender a presença de um monarca absoluto e contribuir com a integração econômica, 
jurídica e administrativa nacional e procura proteger o Estado nacional contra as ameaças 
externas. 
Os mercantilistas entendiam que para uma nação ficar rica e poderosa era 
necessário vender mais para outras nações do que comprar, ou seja, a exportação 
deveria ser maior que a importação. Com o superávit da balança comercial, apresentaria 
maior entrada de ouro e prata na nação, pois acreditavam que quanto mais acumulassem 
de metais preciosos (ouro e prata), mais ricos e poderosos seria a nação. Contudo, 
devido a limitação da existência de ouro e prata, não existiria a possibilidade de todas as 
 
nações apresentarem ganhos no comércio internacional, para que uma nação 
acumulasse metais preciosos, outra nação deveria perder (SALVATORE, 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 VANTAGENS ABSOLUTAS 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/trade-vector-illustration-flat-tiny-
success-1490014418 
 
Considerando as políticas econômicas adotadas pelos mercantilistas, que tinha o 
propósito de aumentar o saldo da balança comercial, aumentando as exportações e 
diminuindo as importações, surgem questionamentos se o comércio internacional deveria 
se limitar a isso. Assim, conforme Salvatore (2000), a obra que marca o início da ciência 
econômica é a obra intitulada de A Riqueza das Nações de 1776 de Adam Smith. 
A partir dessa publicação, surge a teoria de comércio internacional. O argumento 
de Adam Smith para o comércio internacional é de que, para que duas nações 
comercializem produtos é necessário que as duas apresentem algum benefício. Se uma 
nação perdesse ou não apresentasse nenhum ganho, não haveria motivo para a mesma 
comercializar no mercado internacional (SALVATORE, 2000). 
O autor sugere então que para existir o comércio internacional entre os países, é 
preciso que esse comércio seja mutuamente benéfico. Portanto, foi criada a teoria das 
vantagens absolutas, que se refere ao comércio mutuamente benéfico, sendo que, o país 
deve exportar o bem que apresentar maior vantagem absoluta e importar o bem que 
possuir menor vantagem absoluta. 
Desse modo, análise pode ser realizada pela produtividade e pelo custo. Para a 
análise pela produtividade, para o produto que o país apresentar maior produção por 
unidade de trabalhador, o mesmo deve ser exportado e, o produto que o país apresentar 
menor produção deve importar. Para a análise do custo, o produto que apresentar menor 
custo de produção o país deve exportar e, o bem que for mais caro a termos absolutos 
para produzir o país deve importar, haja vista que, o comércio de duas nações nessas 
condições é mutuamente benéfico. 
A seguir é possível observar um exemplo numérico para a análise, em que será 
considerada a teoria das vantagens absolutas para a melhor compreensão dessa teoria. 
A Tabela 1 apresenta a produtividade e o custo de produzir soja e trigo no Brasil (BR) e 
nos Estados Unidos (EUA) para a análise de qual bem cada país deve exportar e importar 
conforme a teoria das vantagens absolutas. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/trade-vector-illustration-flat-tiny-success-1490014418
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/trade-vector-illustration-flat-tiny-success-1490014418
 
 
Tabela 1 – Teoria das vantagens absolutas 
 Bens 
 Produtividade (produção por 
horas de trabalho) 
Custo (horas de trabalho 
necessário para produzir 1kg) 
Países Soja Trigo Soja Trigo 
BR 2 1 2 4 
EUA 1 2 4 2 
Fonte: adaptado de Salvatore et. al (2000) 
 
Pela análise da produtividade, a produção de soja por horas de trabalho é de 2 no 
Brasil, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1kg de soja é de 2 
enquanto nos Estados Unidos a produção de soja por horas de trabalho é de 1, sendo 
que o custo de trabalho necessário para produzir 1kg de soja é de 4. A produção de trigo 
por horas de trabalho é de 1 no Brasil, sendo que o custo de trabalho necessário para 
produzir 1kg de soja é de 4 enquanto nos Estados Unidos a produção de soja por horas 
de trabalho é de 2, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1kg de soja 
é de 2. 
Como o custo de produzir soja no Brasil é menor e o custo de produzir trigo é 
menor nos Estados Unidos, Brasil e Estados Unidos deveriam se especializar na 
produção de soja e trigo, respectivamente. E assim, o Brasil deveria exportar soja e 
importar trigo e os Estados Unidos deve exportar trigo e importar soja. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 VANTAGENS COMPARATIVAS 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/macroeconomics-vector-illustration-
flat-tiny-finance-1303757536 
 
A contribuição da teoria do comércio internacional de Adam Smith é de grande 
importância. No entanto, a comercialização de dois bens entre dois países apresentará 
benefícios absolutos para ambos. Diante disso, é de suma importância a contribuição de 
David Ricardo com a teoria das vantagens comparativas. De acordo com Salvatore 
(2000), a teoria das vantagens comparativas é uma das mais relevantes teorias da 
economia até os dias de hoje, com aplicações empíricas. 
Podem ser verificadas, na teoria das vantagens comparativas de David Ricardo, 
algumas características, no qual devem ser levadas em consideração para a melhor 
compreensão da teoria, sendo: 
a) O comércio de duas economias com diferenças em suas estruturas de 
produção. 
b) O único fator de produção é o trabalho. 
c) As duas nações produzem dois produtos. 
d) As economias apresentam diferenças no nível de tecnologia. 
e) São considerados rendimentos constantes de escala. 
f) Não é considerado custo de transporte. 
Para a melhor compreensão das características associadas à teoria das vantagens 
comparativas, foi verificado mais a fundo cada uma delas. Conforme Gonçalves (1998), 
a primeira característica destaca que o comércio entre dois países é mutuamente 
benéfico, ou seja, é preferível uma nação comercializar bens com outros países do que 
ser uma economia fechada. Isso é devido à diferença de produtividade do trabalho nas 
diferentes nações. 
A segunda e a terceira característica apresentada estão relacionadas, pois a 
segunda pressupõe que existe apenas o fator de produção trabalho, sendo necessário 
para a produção de dois bens em dois países (terceira característica). Desse modo, os 
países alocam uma quantidade de trabalho para a produção de cada bem, e a partir disso, 
realizar a análise (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). 
 
A quarta característica está relacionada às tecnologias das economias. De acordo 
com Krugman e Obstfeld (2005), o nível de tecnologia de cada nação é determinado pela 
produtividade do trabalho das indústrias, sendo que a produção é medida pela 
necessidade de cada unidade de trabalho. 
Outra característica diz respeito aos rendimentos constantes de escala, ela 
apresenta que, a produção não é alterada para cada hora de trabalho por trabalhador, ou 
seja, a produção de cada hora de trabalho será a mesma em todo o período 
(SALVATORE, 2000). 
Por fim, a sexta e última característica nãoconsidera o custo com transporte. 
Portanto, é pressuposto que a circulação de bens entre os países não apresenta taxas 
ou custos relacionados ao transporte das mercadorias entre os países, é considerado 
apenas o custo relacionado à quantidade de horas de trabalho por unidade de trabalho 
(KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). 
Agora, a partir das características apresentadas, é possível definir o que seria a 
teoria das vantagens comparativas. Conforme Gonçalves (1998), a teoria ricardiana pode 
ser definida como a especialização de cada país no bem em que possui vantagens 
comparativas, ou seja, o país deve se especializar na produção de bens em que é mais 
eficiente. Desse modo, os países apresentam ganhos com o comércio internacional, com 
exceção de casos em que os países apresentarem custos relativos iguais entre os 
produtos. 
Essa teoria é um avanço da teoria das vantagens absolutas, pois dois países que 
apresentassem dois bens deveriam apresentar para cada bem uma vantagem absoluta, 
caso não acontecesse, pela teoria das vantagens absolutas não era benéfico. A teoria 
das vantagens comparativas mostra que, mesmo um país não apresentando vantagem 
absoluta em algum bem, o comércio pode ser benéfico. O comércio pode ser benéfico 
por meio da especialização de bens em que o país apresente vantagem comparativa, ou 
seja, maior vantagem absoluta e importe bens em que não apresente vantagem relativa, 
ou seja, com menor vantagem absoluta. 
Para verificar a teoria das vantagens comparativas em exemplos numéricos, 
existem duas maneiras. Uma delas é por meio da produtividade de dois bens entre dois 
países, no qual utilizam a mesma quantidade de trabalho. Outro modo muito utilizado, é 
 
pelo custo de produção, nesse caso, é analisado os custos para a mesma quantidade de 
produção em cada bem. 
É possível verificar no Quadro 1, um exemplo prático das vantagens comparativas 
pela produção, em que os bens são soja e trigo, sendo os países, A e B. 
 
 Países 
 A B Total 
Produção por trabalho hora 
Soja 10 5 15 
Trigo 8 2 9 
Total 13 11 24 
Quadro 1 – Produção de soja e trigo nos países A e B 
Fonte: Adaptado de Salvatore (2000, p. 20). 
 
Quando é verificada a quantidade que cada país produz de cada bem, deve ser 
calculada a produtividade relativa de cada bem para cada país. Para a soja, a 
produtividade relativa do país A (PRSA) é a relação entre a produção de soja por trabalho 
hora do país A (PSA) e a produção de soja por trabalho hora do país B (PSB). Para o 
trigo, a produtividade relativa do país B (PSA) é a relação entre a produção de trigo por 
trabalho hora do país B (PTB) e a produção de soja por trabalho hora do país A (PTA). 
Para o país B é o inverso. Portanto, o procedimento foi apresentado abaixo. 
 
Para o bem soja: 
PRSA = PSA / PSB PRSB = PSB / PSA 
PRSA = 10 / 5 PRSB = 5 / 10 
PRSA = 2 PRSB = 0,5 
 
Para o bem trigo: 
PRTA = PSA / PSB PRTB = PSB / PSA 
PRTA = 8 / 2 PRTB = 2 / 8 
PRTA = 4 PRTB = 0,25 
 
Diante das estimações realizadas, percebemos que a maior produção relativa do 
país A é de trigo e a maior produção relativa do país B é de soja. Portanto, os países A e 
B devem se especializar na produção de trigo e soja, respectivamente. Sendo assim, foi 
apresentada no Quadro 2, a produção de cada país com as suas respectivas 
especializações na produção dos bens. 
 
 
 Países 
 A B Total 
Produção por trabalho hora 
Soja - 10 10 
Trigo 16 - 16 
Total 16 10 26 
Quadro 2 – Produção de soja e trigo nos países A e B considerando suas especializações 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Conforme as produções apresentadas, o país A deve produzir 16 unidades de trigo 
e o país B deve produzir 10 unidades de soja. Quando comparado a produção total das 
duas economias, percebe-se que há um aumento da produção total dos bens, a produção 
das nações sem a especialização produz 24 unidades, enquanto a produção com 
especialização dos países considerando suas vantagens comparativas é de 26 unidades. 
A seguir foi apresentado no Quadro 3 um exemplo prático para análise de custos da 
produção, em que foi apresentado os custos de algodão e tecido para os países Alfa e 
Beta. 
 
 Países 
 Alfa Beta Total 
Trabalho hora necessário para a 
produção de uma unidade 
Algodão 8 4 12 
Tecido 15 6 21 
Total 23 10 33 
Quadro 3 – Custo para a produção de algodão e tecido nos países Alfa e Beta 
Fonte: Adaptado de Salvatore (2000, p. 22). 
 
Em relação à análise dos custos relativos, foram identificados os custos de 
produção de cada país para cada bem, em seguida, deve ser calculado o custo relativo 
de cada bem para cada país. Para o algodão, o custo relativo do país Alfa (CRAA) é a 
relação entre o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de algodão no país Alfa 
(CAA) e o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de algodão no país Beta 
(CAB). Para o trigo, o custo relativo do país Beta (CRTA) é a relação entre o custo em 
trabalho hora de produzir uma unidade de tecido no país Alfa (CTA) e o custo em trabalho 
hora de produzir uma unidade de tecido no país Beta (CTB). Para o país B é o inverso. 
Desse modo, segue o procedimento abaixo. 
 
Para o bem algodão: 
 
CRAA = PSA / PSB CRAB = PSB / PSA 
CRAA = 8 / 4 CRAB = 4 / 8 
CRAA = 2 CRAB = 0,5 
 
Para o bem tecido: 
CRTA = PSA / PSB CRTB = PSB / PSA 
CRTA = 15 / 6 CRTB = 6 / 15 
CRTA = 2,5 CRTB = 0,4 
 
A partir das estimações realizadas, verificamos que o menor custo relativo do país 
Alfa é de tecido e o menor custo relativo do país Beta, consequentemente, é de algodão. 
Portanto, os países Alfa e Beta devem se especializar na produção de tecido e algodão, 
respectivamente. Sendo assim, no Quadro 4, foram apresentados os custos de produção 
de cada país com as suas respectivas especializações nos custos de produção dos bens. 
 
 Países 
 A B Total 
Trabalho hora necessário para a 
produção de uma unidade 
Algodão 16 - 12 
Tecido - 12 16 
Total 16 12 28 
Quadro 2 – Produção de soja e trigo nos países A e B considerando suas especializações 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
Conforme os custos apresentados, para o país A, o custo para produzir uma 
unidade de algodão é de 16 horas de trabalho e para o país B o custo para produzir uma 
unidade de tecido é de 12 horas de trabalho. Se comparar com o custo total das duas 
economias, percebe-se que ocorre uma redução do custo total dos bens. O custo das 
nações sem a especialização é de 33 horas trabalho, enquanto o custo com 
especialização dos países considerando suas vantagens comparativas é de 28 horas de 
trabalho. 
Portanto, conforme os exemplos apresentados, a teoria das vantagens 
comparativas podem apresentar duas formas de análise, pela produtividade e custo, mas 
que apresentam o mesmo objetivo, verificar quais os produtos que os países devem se 
especializar, levando em conta a produção do bem que cada nação é mais eficiente. 
 
 
4 FATORES ESPECÍFICOS E MODELO DE HECKSHER-OHLIN 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/logistics-supply-chain-delivery-service-
concept-1438230290 
 
Vimos o modelo das vantagens comparativas que considerava como fator de 
produção apenas o trabalho. Agora vamos conhecer o modelo conhecido como modelo 
de Hecksher-Ohlin, em que considera dois fatores de produção, trabalho (L) e terra (T). 
Nesse modelo é verificada a relação entre os fatores de produção nos países e a 
proporção em que são utilizados para a fabricação de diferentes bens, sendo assim, 
também é conhecido como teoria da proporção dos fatores. 
Desse modo, o modelo de Hecksher-Ohlin pode ser exposto da seguinte maneira: 
Uma nação exportará a commodity cuja produção exija a utilização 
intensiva do seu fator relativamente abundante e barato e importará a 
commodity cuja produção exija a utilização intensiva do seu fator 
relativamente escasso e raro. Em resumo, a nação relativamente rica em 
mão de obra exporta a commodityrelativamente intensiva em mão de 
obra e importa a commodity relativamente intensiva em capital 
(SALVATORE, 2000, p. 96). 
Segundo Krugman e Obstfeld (2005) o modelo de Hecksher-Ohlin pode ser 
abordado a partir de sete pressupostos: 
1. Os bens produzidos por uma nação são alimentos e roupas. 
2. Para produzir os bens são considerados dois fatores de produção que são 
escassos, sendo trabalho (L) e terra (T). 
3. É considerada a concorrência perfeita nos mercados. 
4. Para as nações pode ser constatado que a fabricação de alimentos é terra-
intensiva e a fabricação de tecidos é trabalho-intensiva. 
5. Os países possuem os mesmos gostos e o mesmo nível de tecnologia. 
6. As nações apresentam a mesma capacidade de produção com dois fatores de 
produção. 
7. Foi considerado que o país local apresenta a relação entre trabalho e terra mais 
alta do que o país estrangeiro. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/logistics-supply-chain-delivery-service-concept-1438230290
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/logistics-supply-chain-delivery-service-concept-1438230290
 
Diante dos pressupostos apresentados, é possível obter uma melhor compreensão 
do modelo. A seguir é possível visualizar a quantidade de fatores de produção, trabalho 
e terra, empregadas, em que irá depender da quantidade disponível dos mesmos pela 
nação. Sendo que, cada país escolhe se especializar na produção do bem em que o fator 
de produção é intensivo, nesse caso, foram apresentado os fatores de produção 
necessários para produzir alimento (Figura 1). 
 
 
Figura 1 - Possibilidades de insumos na produção de alimentos 
Fonte: Adaptado de Krugman e Obstfeld (2005, p. 50). 
 
 
As informações da Figura 1 se referem à quantidade de cada fator de produção 
para a produção de uma unidade de alimento em uma economia. Conforme Krugman e 
Obstfeld (2005), em relação à diferença do modelo das vantagens comparativas, a 
respeito dos fatores de produção, ressalta-se que com esse modelo, o produtor tem a 
possibilidade de alocar os fatores de produção da forma que preferir. Por exemplo, o 
produtor pode utilizar uma quantidade maior do insumo trabalho para produzir alimento, 
devido à necessidade de mais trabalhadores para a preparação do plantio de alimentos. 
Contudo, em uma análise da razão salário-renda da terra (w/r) em relação à razão 
terra-trabalho (T/L), é possível compreender melhor o quarto pressuposto apresentado 
do modelo de Hecksher-Ohlin. Assim sendo, foi apresentada na Figura 2 essa relação, 
considerando a produção de tecidos e a produção de alimentos, representada pelas 
curvas TT e AA, respectivamente. 
 
 
 
Figura 2 – Preço de fatores e escolhas de insumos 
Fonte: Adaptado de Krugman e Obstfeld (2005, p. 51). 
 
Na Figura 2 a curva TT representa a produção de tecidos, enquanto a curva AA 
representa a produção de alimentos, dado pela relação entre a razão salário-renda da 
terra e razão terra-trabalho. Pode ser observado que para qualquer nível de preços, para 
a produção de alimentos sempre a relação terra-trabalho será maior que na produção de 
tecidos. Desse modo, verificamos a validade do quarto pressuposto do modelo, pois 
como a relação terra-trabalho é maior na produção de alimentos, a produção de alimentos 
é terra-intensiva e como a produção de tecidos é menor, a produção de tecidos é 
trabalho-intensiva. 
Considerando como funciona o comportamento da produção de cada economia, 
vamos avaliar como os países devem decidir em quais bens se especializarem, dado que 
podem escolher como alocar dois fatores de produção. Portanto, no modelo de Hecksher-
Ohlin, as nações apresentaram enfoque na produção de bens em que apresentarem 
maior abundância de fatores de produção (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). 
Observe que a produção de alimentos é terra-intensiva e a produção de tecidos é 
trabalho-intensiva. Diante disso, o país que apresentar abundância no fator de produção 
terra, deve se especializar na produção de alimento e exportar alimento e importar tecido. 
Por outro lado, os países que apresentarem abundância no fator de produção trabalho, 
deve se especializar na produção de tecido e exportar tecido e importar alimento. 
 
De um modo geral, o modelo Hecksher-Ohlin apresenta informações para a melhor 
compreensão para cada nação e posteriormente para o comércio internacional. Sendo 
que, possui aplicações para ambos os casos. 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Na literatura científica existem aplicações de teorias econômicas como do modelo 
de Hechscher-Ohlin, um exemplo é o artigo intitulado de “Liberalização comercial, 
salários reais e emprego: uma aplicação do modelo de fatores específicos para o Brasil”, 
de autoria de Frederico Hartmann de Souza, no qual apresenta o impacto da liberalização 
comercial no Brasil usando o modelo de fatores específicos que se refere ao modelo de 
Hechscher-Ohlin. 
 
O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de Economia por meio do 
link: <http://www.anpec.org.br/novosite/br/encontro-2010>. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
O artigo “Os Efeitos do Comércio Exterior sobre a Distribuição de Renda” de Eli 
Hecksher apresentou o esboço do que viria a se torna a “teoria moderna do comércio 
internacional”. Como essa teoria pode contribuir para o comércio internacional hoje? 
 
Fonte: Salvatore (2000, p. 69). 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final da unidade conhecendo sobre as teorias do 
comércio internacional. Vimos os conceitos, a teoria e evolução do comércio 
internacional, como se deu a origem das teorias de comércio internacional. O período 
anterior ao Mercantilismo, e assim, foi possível avaliar os fatos que ocorreram nesse 
período e como isso acarretou no início das teorias de comércio internacional. 
O início das teorias de comércio internacional se deu por meio de Adam Smith com 
a teoria das vantagens absolutas. Segundo o autor, as nações deveriam produzir bens 
em que tinham custos de produção mais barato, ou seja, as nações devem exportações 
produtos que são mais baratos para produzir e importar produtos mais caros para 
produzir. 
Outro autor da escola clássica, David Ricardo apresentou também uma importante 
contribuição para a teoria do comércio internacional com uma nova teoria que seria um 
avanço da teoria de Adam Smith, ele desenvolveu a teoria das vantagens comparativas. 
Segundo David Ricardo os países deveriam se especializar na produção de bens em que 
possuíam maior vantagem relativa. Desse modo, as nações deveriam exportar bens que 
possuem maiores vantagens relativas e importar bens que possuem menores vantagens 
relativas. 
E, por fim, o modelo de Heckscher-Ohlin da escola neoclássica, em que 
apresentou uma teoria mais moderna em relação às teorias apresentadas anteriormente. 
Essa teoria não considera apenas o fator de produção trabalho na produção de bens dos 
países, ela considera também a terra. Assim, é possível avaliar como os produtores 
escolhem a alocação dos fatores produtivos internamente e para o comércio 
internacional. 
Assim, chegamos ao final da unidade, esperamos que tenham gostado, ótimo 
estudo a todos! 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
MOREIRA, U. Teorias do comércio internacional: um debate sobre a relação entre 
crescimento econômico e inserção externa. Revista de Economia Política, v. 32, n. 2, 
p. 213-228, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
LIVRO 
 
Título: Economia Internacional e Comércio Exterior. 
 
Autor: MAIA, Jayme de Mariz. 
 
Editora: Atlas. 
 
Ano: 2014 
 
Sinopse: O desenvolvimento do comércio internacional vem ganhando uma importância 
cada vez maior, sendo capaz de transformar nações pequenas e pobres em respeitáveis 
potências econômicas. No caso brasileiro, o comércio exterior tem dado importante 
contribuição para nossa economia.Ele deu à nossa produção maior competitividade 
porque permitiu que nossas indústrias produzissem em escala superior à capacidade de 
nosso mercado interno. Com isso ganhamos custos menores e também ganhamos 
empregos. Mesmo assim, nossas exportações ainda são pequenas, se comparadas com 
as exportações mundiais, o que mostra a necessidade de dedicarmos mais cuidados com 
os problemas relacionados com a Economia Internacional e o Comércio Exterior. 
 
Evolução do Comércio Internacional, Blocos Econômicos e Organismos Regionais, 
Mercado Cambial, Teorias Clássicas e Modernas de Comércio Internacional, Paraísos 
Fiscais, o Brasil e a Economia Mundial e o Brasil e o Comércio Internacional são alguns 
dos tópicos abordados. Livro-texto para as disciplinas Economia Internacional e 
Comércio Exterior dos cursos de Administração (Habilitação em Comércio Exterior) e 
Economia. Leitura relevante para profissionais da área de Comércio Internacional.
 
FILME/VÍDEO 
 
Título: Adeus, Lenin! 
Ano: 2004. 
Sinopse: Em 1989, pouco antes da queda do muro de Berlim, a Sra. Kerner (Katrin 
Sab) passa mal, entra em coma e fica desacordada durante os dias que marcaram 
o triunfo do regime capitalista. Quando ela desperta, em meados de 1990, sua 
cidade, Berlim Oriental, está sensivelmente modificada. Seu filho Alexander (Daniel 
Brühl), temendo que a excitação causada pelas drásticas mudanças possa lhe 
prejudicar a saúde, decide esconder-lhe os acontecimentos. Enquanto a Sra. Kerner 
permanece acamada, Alex não tem muitos problemas, mas quando ela deseja 
assistir à televisão ele precisa contar com a ajuda de um amigo diretor de vídeos. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRUE, S. L. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Thomson, 2006. 
 
GONÇALVES, R. A Nova Economia Internacional: Uma Perspectiva Brasileira. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 1998. 
 
KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economia Internacional: teoria e política. 6. ed. 
São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005. 
 
SALVATORE, D. Economia Internacional. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 
 
UNIDADE II 
BLOCOS ECONÔMICOS 
Professor Doutor Marcos Aurélio Brambilla 
 
 
Plano de Estudo: 
• Políticas comerciais 
• Abertura econômica para países em desenvolvimento 
• Formação de blocos econômicos e sua taxonomia 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar as políticas e estratégias comerciais 
• Compreender os tipos de políticas e estratégias comerciais 
• Estabelecer a importância das políticas e estratégias comerciais 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a esta unidade do livro. 
Nesta unidade será estudado sobre as políticas comerciais e a formação dos 
blocos econômicos internacionais e sua taxonomia. Essa é uma área do conhecimento 
que aborda sobre como os países se comportam no comércio internacional e quais suas 
decisões. 
Inicialmente, foram estudados os diferentes tipos de instrumentos de política 
comercial, sendo as tarifas de importação, as cotas de importação, os subsídios às 
exportações e as restrições voluntárias às exportações. Cada uma das políticas possui 
suas especificidades, porém, todas apresentam o mesmo objetivo, de proteger a indústria 
nacional por meio da restrição de importações para o doméstico. 
Em seguida, será apresentado como se deu a abertura econômica nos países em 
desenvolvimento e sua relação com as políticas comerciais. Passando pelo período das 
economias primário-exportadoras, seguindo para o Processo por Substituição de 
Importações até chegar ao período de abertura comercial dos países em 
desenvolvimento. 
Por fim, vamos estudar sobre os blocos econômicos e sua taxonomia. Sendo que, 
as estratégias comerciais realizadas pelos países podem ser divididas em regionalismo, 
integração econômica e multilateralismo. Serão abordadas as especificações de cada um 
dos diferentes tipos de blocos econômicos. 
Desejamos um ótimo estudo a todos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 POLÍTICAS COMERCIAIS 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/corrupted-businessman-sealing-deal-
handshake-receiving-636072635 
 
Nesta unidade foram abordados os instrumentos das políticas comerciais e adoção 
das mesmas em países em desenvolvimento. Além disso, também foram apresentadas 
as estratégias comerciais por meio da formação de blocos econômicos, que ocorreram 
principalmente com a abertura comercial. 
 
Instrumentos de política comercial 
 
As políticas comerciais são ações que os países adotam em relação ao comércio 
internacional. Sendo que, podem ser utilizados diferentes instrumentos nesse sentido, 
como as tarifas ou impostos de importação, os subsídios às exportações, as cotas de 
importação e as restrições voluntárias às exportações. 
Inicialmente, vamos falar das tarifas de importação, mais especificamente da tarifa 
aduaneira, que é considerada a mais simples das políticas comerciais. As tarifas 
aduaneiras se referem a uma tarifa cobrada na importação de alguma mercadoria 
(KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Essa tarifa pode apresentar duas formas, apresentadas 
a seguir: 
● Tarifas específicas: para as tarifas específicas, como o nome diz, é 
cobrado um valor específico, fixo, para cada unidade da mercadoria 
importada. Por exemplo, para cada saca de milho importada é cobrado o 
valor de US$ 5,00. 
● Tarifas ad valorem: para as tarifas ad valorem, o importador deve pagar 
um percentual do valor total de mercadorias importadas. Por exemplo: é 
cobrado um percentual de 15 por cento do valor total de importação de 
notebooks. 
Entre os instrumentos de políticas comerciais, a tarifa aduaneira, de acordo com 
Krugman e Obstfeld (2005), além ser o mais simples, é a política comercial mais velha 
adotada pelos países. A principal motivação das nações adotarem esse tipo de política é 
que, além de ser uma fonte de receita para o governo, contribuía para proteger a indústria 
 
de alguns setores importantes na economia, devido à elevação do preço de produtos das 
indústrias que fosse objetivo do governo proteger. 
A seguir é possível avaliar os efeitos de uma política de tarifas aduaneiras para o 
país doméstico, que adota a política, para o país estrangeiro e para o mercado mundial. 
Inicialmente vamos verificar a derivação da curva de demanda por importações e da 
curva de oferta de exportações. (Figuras 3 e 4). 
 
 
Figura 3 – Derivando a curva de demanda por importações do país local 
Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). 
 
Analisando a Figura 3, conforme as curvas de oferta e demanda de determinado 
bem, verificamos que, um aumento do preço desse bem, leva a uma redução da 
quantidade demandada, enquanto os produtores elevam a quantidade ofertada do bem. 
Diante desse cenário, a quantidade demandada de importação também apresenta queda. 
Portanto, o preço de determinado bem apresenta relação inversa com a 
quantidade demandada do bem do próprio país e com a quantidade demandada do país 
estrangeiro (importação). A seguir, na Figura 4 foi apresentada a derivação da curva de 
oferta de exportação do país estrangeiro. 
 
 
 
Figura 4 – Derivando a curva de oferta de exportações do país estrangeiro 
Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). 
 
Considerando a Figura 4, conforme as curvas de oferta e demanda de determinado 
bem, verificamos que, uma redução do preço desse bem, leva a um aumento da 
quantidade demandada do país externo, enquanto os produtores do país estrangeiro 
reduzem a quantidade ofertada do bem. Quanto às exportações do país estrangeiro, 
ocorre uma redução da quantidade ofertada para exportação. 
A partir da derivação das curvas é possível verificar o preço de equilíbrio mundial, 
em que poderá ser apresentado no ponto em que ocorre o cruzamento das curvas de 
demanda por importações do país doméstico e de oferta de exportações do país 
estrangeiro. 
Portanto, a política de tarifas de importação tem como propósitoa proteção de 
determinados setores da economia doméstica. Pois com a adoção da política, os preços 
para importação ficam mais caros e desestimula a importação para o país doméstico, 
fazendo com o preço dos bens nacionais fiquem mais atrativos para o consumo interno. 
Sendo assim, foram apresentados na Figura 5 os efeitos de uma política de tarifa 
no país doméstico, no país estrangeiro e no mercado mundial. Os efeitos são 
apresentados diante de uma condição inicial de equilíbrio mundial em que a demanda 
por importações do país doméstico é igual a oferta de exportações do país estrangeiro 
 
 
 
Figura 5 – Efeitos de uma política de tarifa 
Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). 
 
Supondo uma política de tarifas sobre a soja no país doméstico, um aumento dos 
preços de P¹ para P² (preço com a tarifa) leva há uma queda da quantidade demandada 
e estimula o os produtores a aumentar a oferta. A partir disso, as importações sofrem 
redução. As consequências para o mercado mundial é que com o aumento do preço da 
soja, há uma queda da quantidade de Q¹ para Q². 
Além disso, a adoção da política contribui não apenas para o aumento do preço 
do país doméstico, mas também para a redução do preço no país estrangeiro. E assim, 
há um aumento das exportações e uma redução das importações. Neste cenário, a Figura 
6 mostra os custos e os benefícios que a política de tarifa causa para os consumidores e 
produtores da economia doméstica. 
 
 
 
 
Figura 6 – Excedente do consumidor e do produtor 
Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). 
 
O excedente do consumidor apresentado na Figura 6 pela área da letra a, 
representa quanto o consumidor obteve de prejuízo ao realizar a importação. Desse 
modo, deve ser verificado, primeiro, a diferença entre o preço que ele estaria disposto a 
pagar e o preço que realmente ele pagou e posteriormente a quantidade. Para uma 
melhor compreensão, vamos considerar um exemplo, suponha que um país estaria 
disposto a pagar por cada computador $ 1.000,00, sendo que ele compraria 100 unidades 
de computador. Porém, ele pagou $ 1.100,00 e comprou 80 unidades de computador. 
A diferença entre o preço que o consumidor pagaria e o preço pago foi de $ 100,00, 
sabendo disso, deve ser considerada a quantidade que realmente foi importada. 
Portanto, calculamos a área que apresenta o custo do excedente do consumidor, que 
uma parte foi de $ 80.000,00, na outra parte que vai até a curva de demanda, deve ser 
multiplicada a diferença do preço, já mencionada, e a diferença na demanda pelo bem, 
sendo de 20 unidades, e o resultado divide por dois, sendo o valor de $ 2.000,00, 
somando com $ 80.000,00, assim, a perda do excedente do consumidor apresenta o 
valor de $ 82.000,00. 
Quanto ao excedente do produtor, que foi apresentado pela letra b, representa o 
ganho do produtor ao realizar a importação. Inicialmente, também deve ser considerada 
a diferença a diferença entre o preço que ele estaria disposto a pagar e o preço que 
realmente ele pagou e em seguida a quantidade. Seguindo com o exemplo citado, e 
considerando que a quantidade ofertada aumentou de 100 para 120 unidades de 
computador, deve ser verificado o valor do ganho do produtor até a quantidade inicial de 
exportação, obtido por meio da multiplicação de 1.000 por 100, sendo de $ 100.000,00. 
Em seguida, na outra parte que vai até a curva de oferta, deve ser multiplicada a 
diferença do preço com a diferença na quantidade ofertada pelo bem, sendo de 20 
unidades, e o resultado divide por dois, sendo o valor de $ 2.000,00, somando com $ 
100.000,00, portanto, o ganho do excedente do produtor apresenta o valor de $ 
102.000,00. 
A Figura 7 apresenta o gráfico com os custos e benefícios da política de tarifa. A 
área da letra a representa o ganho do excedente do produtor. As áreas das letras a, b, c 
 
e d, representam a perda de excedente do consumidor. As áreas das letras c e e 
representam o ganho da receita do governo. 
 
 
Figura 7 – Custos e benefícios das tarifas para o país doméstico 
Fonte: Krugman e Obstfeld (2005). 
 
Desse modo, identificamos que a utilização de uma política de tarifas de 
importação, resulta no aumento do preço do bem, aumento da produção interna e 
redução do consumo interno. O custo para a economia é a perda do excedente do 
consumidor e, em relação aos benefícios, eleva o excedente do produtor e o ganho do 
governo com arrecadação. 
Contudo, atualmente esse instrumento de política comercial não é a principal 
medida adotada pelos países. Também são utilizadas pelos países outras políticas 
comerciais, como a de cotas de importação e restrições voluntárias às exportações. No 
qual depende dos objetivos do governo para o comércio internacional. 
Em relação aos subsídios às exportações, o mesmo representa uma política 
voltada para estimular as exportações no país. Um subsídio à exportação se refere a um 
pagamento a uma empresa ou indivíduo que exporta. Sendo que, esse valor também 
pode ser específico ou ad valorem. Com a adoção da política de subsídios às exportações 
os exportadores exportam o bem até o ponto em que o preço doméstico excede o preço 
estrangeiro no valor do subsídio. 
Em relação às consequências da política de subsídios às exportações, foi 
identificado as mesmas consequências das política de tarifas de importação, resulta no 
aumento do preço do bem, aumento da produção interna e redução do consumo interno. 
 
Quanto ao custo para a economia, também há perda do excedente do consumidor e o 
governo perde com os gastos com subsídios, em relação aos benefícios, eleva o 
excedente do produtor. Portanto, a diferença em relação às tarifas de importação é que, 
nesse caso, o governo não ganha, o mesmo apresenta prejuízo, pois deve arcar com os 
subsídios aos agentes exportadores. 
Outra política muito utilizada é a de cotas de importação. Na política de cotas de 
importação há uma restrição sobre a quantidade importada. Assim como na política de 
tarifa de importação, também pode ser elevado o preço do bem importado no país 
doméstico. 
Além disso, uma elevação dos preços no mesmo montante de uma tarifa limita as 
importações ao mesmo nível. A grande diferença dessa política em relação às tarifas de 
importação é que, nesse caso, o governo não arrecada com arrecadada. O valor que 
seria arrecadado pelo governo é recolhido por quem recebe as licenças para importar. 
Por fim, temos a política restrição voluntária às exportações. Essa política é uma 
cota sobre o comércio imposta pelo país exportador, sendo que, em geral essa política é 
imposta a pedido do país importador. Assim sendo, equivale a uma cota de importação 
com mais custos, sendo maiores que as tarifas. Portanto, a receita arrecadada é de posse 
do país estrangeiro. 
A política de restrição voluntária às exportações, diferente das demais políticas, 
essa política não é adotada pelo país doméstico, porém, como foi mencionada, a mesma 
é adotada pelo país estrangeiro a pedido do país doméstico, a fim de limitar as 
importações do país doméstico. Apesar das diferentes especificações dos instrumentos 
de políticas comerciais estudados até aqui, todos possuem o mesmo objetivo, que é 
reduzir as importações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 ABERTURA ECONÔMICA PARA PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/flag-organisation-economic-
cooperation-development-oecd-1412366771 
 
Até esse momento estudamos sobre os instrumentos de políticas comerciais e 
como eles funcionam, porém, é preciso entender também quais as nações que utilizam 
e quais seus motivos. No mundo existem economias mais ricas e as mais pobres, para 
definir é utilizado o valor do Produto Interno Bruto (PIB). 
Contudo devemos separar a análise quando comparamos países em, as maiores 
economias, no qual apresentam os maiores valores do PIB total e, poroutro lado, a 
análise das economias mais ricas, em que apresentam os maiores valores do PIB per 
capita1, conforme foram apresentados na Tabela 2 para o ano de 2017. 
 
Tabela 2 – Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per capita, 2017 
MAIORES ECONOMIAS ECONOMIAS MAIS RICAS 
País PIB(em 
bilhões $) 
PIB per capita 
($) 
País PIB(em 
bilhões $) 
PIB per capita 
($) 
Estados Unidos 19.485,2 60.054,9 (12º) Liechtenstein 6,1 (153º) 166.021,7 
China 12039,0 8.682,2 (90º) Mônaco 6,4 (151º) 165.421,0 
Japão 4.838,1 38.219,7 (31º) Luxemburgo 56,5 (75º) 106.805,8 
 
1 PIB per capita é o valor total do PIB dividido pela população. 
 
Alemanha 3.333,0 44.976,4 (22º) Bermuda 6,5 (150º) 102.192,1 
Reino Unido 2.346,9 39.757,7 (28º) Suíça 657,8 (20º) 801.01,2 
Índia 2.331,4 1.923,3 (162º) Noruega 354,2 (30º) 75.295,3 
França 2.301.2 38414,9 (30º) Islândia 21,4 (109º) 73.060,2 
Brasil 1.771,8 9821,4 (85º) Irlanda 311,0 (35º) 69.603,9 
Fonte: IBGE. 
 
Podem ser observadas na Tabela 2 as oito maiores economias do mundo no ano 
de 2017, no qual a maior economia do mundo era os Estados Unidos, seguido pela China, 
Japão, Alemanha, Reino Unido, Índia, França e Brasil. No entanto, essas economias não 
são necessariamente ricas, ou desenvolvidas, podemos destacar o Brasil e a Índia que 
são economias em desenvolvimento, porém estão na posição de 85º e 162º maiores 
economias do mundo, respectivamente. Um fator que pode ser determinante para a 
grande produção de bens e serviços finais nessas economias é sua extensão territorial e 
da população. 
Por outro lado, as economias mais ricas apresentam o maior PIB per capita, ou 
seja, considera a produção medida por pessoa, uma comparação mais viável de riqueza 
entre as nações. A economia mais rica do mundo em 2017 era Liechtenstein, seguida de 
Mônaco, Luxemburgo, Bermuda, Suíça, Noruega, Islândia e Irlanda. Podemos notar que 
as quatro economias mais ricas possuem o valor total do PIB relativamente pequeno, 
quando observado sua posição, dentre os 211 países que foram extraídos os dados. Isso 
pode ser explicado pelo baixo número de pessoas residentes no país. 
Deve ser destacado que muitos países desenvolvidos não estão entre as 
economias mais ricas. Quanto aos países em desenvolvimento, mesmo que seja uma 
grande economia, não pode ser considerada rica ou desenvolvida. Nesse sentido, a 
tentativa de alcançar o patamar das economias mais avançadas tem sido uma 
preocupação central da política comercial dos países em desenvolvimento. 
Segundo Fritsch (2014) até o final da década de 1920 as economias em 
desenvolvimento apostavam na produção de produtos primários, como o Brasil, em que 
seu principal produto de exportação era o café. No entanto, no início do século XX as 
grandes economias passavam por sucessivos choques externos que iniciaram em 1914 
e foram até a primeira metade da década de 1920. Sendo que o ápice foi em 1929, com 
a Grande Depressão, que acarretou em prejuízos para muitas economias. 
 
No Brasil, que tinha como principal produto exportador o café, o governo teve que 
adotar uma política extrema de defesa do preço do café, comprando os estoques de café, 
devido à queda da oferta mundial. No entanto, houve naquele período uma 
superprodução de café que agravou ainda mais a situação. Diante desse cenário, o 
governo guardou uma parte do estoque de café e chegou até queimar outra parte do café 
(Fritsch, 2014). 
Segundo Krugman e Obstfeld (2005), a partir da década de 1930 houve uma 
mudança na adoção de políticas comerciais de muitas economias em desenvolvimento. 
Essas economias procuraram adotar políticas comerciais para barrar a importação de 
produtos manufaturados, para que pudessem incentivar a indústria nacional, essa 
mudança ficou conhecida como industrialização pela substituição de importações. 
O motivo principal pelo qual houve essa mudança para proteger as economias em 
desenvolvimento é conhecido como argumento da indústria nascente. Esse argumento 
diz que países em desenvolvimento apresenta uma vantagem comparativa potencial na 
manufatura, no entanto, as novas indústrias manufatureiras não podem concorrer com 
as já estruturadas manufaturas dos países desenvolvidos (SALVATORE, 2000). 
Portanto, muitas economias em desenvolvimento acreditavam que alguns dos 
seus setores industriais poderiam se desenvolver com o tempo e se tornarem 
competitivos no comércio internacional. No entanto, para que isso ocorra, no início elas 
devem ser protegidas por meio de políticas comerciais, com a adoção de políticas que 
criam barreiras às importações. 
De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), apesar de ser um argumento 
convincente, sendo utilizado por muitos países em desenvolvimento até a década de 
1970, os economistas identificaram nessa estratégia algumas armadilhas, tendo de ser 
usado com cuidado. Não é sempre que a indústria que possivelmente será competitiva 
terá que ser protegida. Por exemplo, temos o caso da Coréia do Sul, um país que na 
década de 1980, foi um grande exportador de automóveis, porém, tudo indica que não 
surtiria resultados desenvolver essa indústria na década de 1960, devido a escassez de 
capital e de trabalho qualificado. 
Portanto, para uma nação adotar políticas que favorecem a industrialização 
nacional, deve apresentar condições favoráveis, como a abundância dos fatores de 
 
produção. Além dos fatores de produção existem as chamadas falhas de mercado que 
prejudicam a industrialização doméstica. As falhas de mercado são representadas por 
dois argumentos: mercados imperfeitos de capitais e o problema de apropriabilidade. 
A falha de mercado dos mercados imperfeitos de capitais se refere a um país não 
possui instituições financeiras que permita que a poupança de setores tradicionais, seja 
utilizada para financiar novos investimentos. Os lucros iniciais baixos dos setores 
manufatureiros serão um obstáculo ao investimento, mesmo que os retornos de longo 
prazo desse investimento sejam elevados. Portanto, os setores industriais precisam da 
poupança adquirida dos setores tradicionais para que possam se desenvolver. 
Quanto à falha de mercado do problema de apropriabilidade, pode assumir 
diferentes formas, porém todas possuem a ideia em comum de que em uma indústria 
manufatureira nascente gera benefícios sociais pelos quais não são compensadas. As 
empresas que entram primeiro em uma indústria podem ter que arcar com custos iniciais 
de adaptação, de tecnologia, ou de abertura de novos mercados. 
Enquanto que outras firmas podem seguir as líderes sem incorrer nesses custos 
iniciais, e assim, as firmas pioneiras não recebam quaisquer retornos desses reembolsos. 
Diante disso, não existem incentivos para a criação de uma nova indústria por parte das 
empresas que seriam pioneiras. 
Conforme Krugman e Obstfeld (2005), apesar do desenvolvimento das nações 
estarem em função das políticas comerciais adotadas, há outro fator dificulta o 
desenvolvimento do país, o desenvolvimento desigual dos setores. Os países que tem 
esse desenvolvimento desigual são caracterizados com uma economia dual. Ou seja, 
são nações em que, o setor manufatureiro apresenta um desenvolvimento muito maior 
que o desenvolvimento do setor tradicional. 
Para identificar o dualismo econômico em uma economia, podem ser verificados 
alguns sintomas: 
● O valor do produto por trabalhador é muito maior no setor moderno do que no resto 
da economia. 
● Além do produto por trabalhador, o salário também é mais elevado. 
● Retornos do capital não são necessariamente maiores. 
● Maior intensidade de capital no setor manufatureiro do que na agricultura. 
 
Além disso, existem duas políticas que podem contribuir para o dualismo 
econômico, salários elevados na indústria e de cotas de importação. Com a política de 
salários, as empresas oferecem salários elevados na indústria para reduzir a rotatividade 
e aumentar o esforço notrabalho, colaborando para a desigualdade dos setores. Em 
relação à adoção de cotas de importação, com o comércio mais livre os salários seriam 
menores, e assim, não contribuiria tanto para a desigualdade dos salários entre os 
setores. 
A partir da década de 1980, especialmente na década de 1990 houve uma 
mudança no ponto de vista do desenvolvimento econômico e política comercial. As 
nações em desenvolvimento procuraram se especializar na produção de bens em que, 
relativamente são eficientes, ou seja, especialmente nos setores tradicionais. 
Os fatores que podem ter contribuído foram, principalmente, aos avanços 
tecnológicos e pesquisas para a produção no campo. Porém, diferente do que acontecia 
até a década de 1930, em que se especializavam na produção concentrada, no caso do 
Brasil, por exemplo, o café. Agora, procurariam se especializar em uma diversidade de 
produtos. 
Além disso, com os avanços tecnológicos que ocorreram, houve o fortalecimento 
da agroindústria, agora os países em desenvolvimento, não só exportavam as 
commodities, mas também, produtos industrializados que tinham como matéria-prima os 
produtos agrícolas. 
O Brasil, que apresenta condições favoráveis para a agricultura é um exemplo 
destes avanços que ocorreram, podem ser citadas algumas ações que aconteceram no 
país que foram consequências desses avanços, como o desenvolvimento de 
cooperativas agroindustriais e políticas do governo para o fortalecimento de agricultores 
familiares com a criação do Programa Nacional do Fortalecimento da Agricultura Familiar 
(PRONAF) em 1995. 
 
 
 
3 FORMAÇÃO DE BLOCOS ECONÔMICOS E SUA TAXONOMIA 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/euro-coins-bill-on-burgundy-red-
1293379615 
 
Devido às mudanças nas políticas comerciais ocorridas nas últimas décadas, a 
globalização dos mercados e avanços tecnológicos, transformando a estrutura do 
comércio internacional. Foi possível observar uma abertura do comércio internacional, 
além da adoção de estratégias de comércio internacional que impacta diretamente nos 
diversos setores da economia. 
Desse modo, foram criadas novas formas de estratégias de comércio 
internacional, sendo conhecidas como: regionalismo, integração econômica e 
multilateralismo. Cada uma dessas estratégias apresentam suas especificidades e são 
conhecidos como blocos econômicos. 
O regionalismo é uma forma de integração econômica ou política de uma 
determinada região, originando os blocos regionais. Um exemplo é a Comissão 
Econômica para a América Latina e o Caribe – CEPAL. Um dos fatores que motivam os 
países para o regionalismo é a insatisfação com as negociações multilaterais junto ao 
órgão internacional do comércio. Esse fator é considerado a principal motivação, pois as 
rodadas de negociações realizadas pelo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) não 
eram capazes de impedir os aumentos tanto de barreiras tarifárias como não tarifárias. 
Outro fator se refere ao tratamento diferenciado dos produtos agrícolas ou 
produtos manufaturados intensivos em mão de obra. O que se percebia eram ações 
consideradas bem sucedidas na redução de barreiras para os setores manufatureiros, ou 
seja, para os setores industriais. Nesse sentido, os países em desenvolvimento, nos 
quais suas produções eram em produtos primários eram motivados a realizar esse tipo 
de estratégia de comércio internacional para auferir ganhos, já que as transações 
favoráveis seriam para os setores industriais. 
Podem se encontrados três formas de acontecer o regionalismo: blocos regionais; 
regionalismo; e polarização. Os blocos regionais se refere a formação dos blocos 
regionais, ou seja, consiste na finalidade de concentrar o comércio internacional entre os 
países de um determinado acordo bilateral ou acordo formal de integração econômica. O 
 
regionalismo apresenta elementos de proximidade geográfica. A finalidade, basicamente, 
é a mesma de concentrar o comércio internacional entre os países que fazem parte do 
bloco. A polarização é uma modalidade que possui características mais específicas, ou 
seja, visa a concentração do comércio internacional entre grupos de países em 
desenvolvimento com um grupo de países industrializados. 
A estratégia comercial mais comum é conhecida como integração econômica. a 
integração economia é a união de economias que ultrapassa as fronteiras geográficas, 
com o intuito de reduzir as barreiras ao comércio. Temos como exemplo a União Europeia 
– EU e o Mercado Comum do Cone Sul – Mercosul. 
As motivações para o processo de integração são de natureza econômica e 
incentivam os países a formação de blocos que garantam benefícios os países membros 
do acordo. A integração econômica é composta por fases no seu processo, em que os 
países que fazem o acordo devem passar, essas fases são apresentadas a seguir: 
A. A zona preferencial de comércio: essa fase é conhecida como acordos de 
cooperação comercial e caracteriza-se pela eliminação parcial das tarifas em geral, sob 
a forma de concessões mútuas (ou não) de redução de tarifas, com ou sem fixação de 
cotas de importação. Tendo como exemplo a Associação Latino-Americana de 
Integração (ALADI). 
B. A zona de livre comércio: essa segunda fase da integração é caracterizada pela 
extinção de tarifas aduaneiras e outras restrições ao comércio entre os países 
participantes do acordo. A vantagem desse acordo é que cada país preserva sua 
autonomia na política comercial em relação aos países fora do acordo, ou seja, possuem 
liberdade para práticas de tarifas aduaneiras diferenciadas. Um exemplo dessa fase é o 
Tratado de Livre Comércio das Américas (NAFTA). 
C. A união aduaneira: essa fase se caracteriza pela ausência de barreiras ao 
comércio entre os países participantes do acordo. Além disso, os países membros devem 
adotar a prática de uma tarifa externa comum a ser aplicada a países fora do bloco. Um 
exemplo é o Mercosul. 
D. O mercado comum: é a fase que ocorre a eliminação de barreiras às trocas de 
mercadorias e fatores de produção. Portanto, os países desse mercado devem se 
 
estimular a utilizar os instrumentos de suas políticas em conjunto. O exemplo dessa fase 
é a União Europeia. 
E. A união econômica: se refere a fase de integração considerada em que envolve 
perda de soberania nacional para gerir determinadas políticas. É uma fase em que se 
estabelece uma autoridade supranacional com aplicação das políticas comuns entre os 
países partícipes da união e o exemplo para essa fase é a União Europeia. 
F. A união política: é a fase que constituiu a formação de uma confederação de 
estados que discutem apenas as áreas acordadas entre esses estados. Trata-se de uma 
união política que deve ter práticas de cooperação no âmbito da política externa e de 
defesa. Ou seja, é uma fase em que os países não apenas adotam políticas em comum, 
mas tem uma cooperação nas políticas de defesa de setores estratégicos para os países 
do acordo, sendo que a União Europeia também é o único bloco que chegou nessa fase 
de integração. Assim, a União Europeia é o bloco econômico que apresenta a fase mais 
avançada de integração econômica. 
G. A integração econômica total: considerado o estágio mais avançado de 
integração econômica sendo caracterizado pela criação de uma moeda única comum e 
de um banco central regional independente, em que se configura a formação de uma 
união monetária. Esse estágio pressupõe a perda total de autonomia dos estados 
nacionais na gestão da política monetária. Ainda não chegamos nessa etapa de 
integração, por isso não há exemplos para citar. 
O multilateralismo se refere à participação de vários países que se esforçam para 
atingir um objetivo comum. Seria necessário adequar as regras do comércio mundial ao 
chamado livre comércio e aos benefícios para o bem-estar econômico, garantindo o livre 
comércio em escala mundial. Portanto, o multilateralismovisa beneficiar o comércio entre 
os países em todo o mundo, para gerar ganhos não apenas para um grupos de países, 
mas para o máximo de países no mundo por meio das regras do comércio mundial. 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Existem muitos trabalhos na literatura científica que falam sobre políticas e/ou 
estratégias comerciais, um exemplo é o artigo intitulado de “A Rodada Doha, as 
mudanças no regime do comércio internacional e a política comercial brasileira”, de 
autoria de Susan Elizabethth Martins Cesar e Eiiti Sato, em que discutem os atuais 
desafios do multilateralismo tradicional no comércio, presentes nos impasses da Rodada 
Doha, diante das novas realidades do comércio internacional globalizado. 
 
O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de Economia por meio do 
link: <https://www.redalyc.org/pdf/358/35823357011.pdf>. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
REFLITA 
 
A presente unidade mostrou as relações comerciais que cada país pode ter com 
o resto do mundo, com diferentes políticas e estratégias comerciais. Pautado nos 
conhecimentos adquiridos, o Brasil poderia adotar alguma ação diferente em relação ao 
comércio internacional para contribuir com a retomada do crescimento econômico? 
 
Fonte: Elaborado pelo professor. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Caro (a) aluno (a), chegamos ao final desta unidade conhecendo sobre as políticas 
comerciais e as estratégias do comércio internacional. Foi estudo na unidade sobre os 
instrumentos de política comercial, que acarretam em um aumento do preço dos produtos 
importados para o favorecimento da indústria nacional. 
Foi verificado que existem custos e benefícios da política comercial, os custos 
podem ser medidos pela perda do excedente do consumidor e os benefícios podem ser 
medidos pelos ganhos do excedente do produtor. Pois com o aumento dos preços o 
produtor apresenta ganhos, enquanto que, os consumidores apresentam prejuízos, pois 
devem pagar os bens mais caros. Além disso, o governo também ganha com a 
arrecadação. 
Os outros instrumentos de política comercial também resultam no aumento de 
preços das importações, porém, existem outras diferenças. As cotas de importações 
apenas limitavam as importações no país doméstico, assim, diferente do que ocorria com 
a política de tarifa, o governo não arrecadava. Na política de subsídios às exportações, 
além do governo não arrecadar, ainda arcava com os pagamentos de subsídios às 
empresas. E a política de restrições voluntárias às exportações, diferente das demais, 
não era adotada pelo país doméstico, era realizada pelo país estrangeiro, no entanto, 
geralmente essa política era adotada a pedido do país doméstico, desse modo, a 
arrecadação era destinada ao país estrangeiro. 
Por último, foi estudo sobre a criação dos blocos econômicos e suas 
especificações. Sendo que, os blocos podem ser classificados em regionalismo, 
integração econômica e multilateralismo. Além disso, foi verificado que a integração 
econômica mais avançada que existe é a União Europeia. 
Assim, chegamos ao final da unidade, esperamos que tenha gostado ótimo estudo 
a todos! 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
PIANI, G.; KUME, H. Fluxos bilaterais de comércio eblocos regionais: uma 
aplicação domodelo gravitacional. Rio de Janeiro, RJ: IPEA, 2000. 17 p. (Texto para 
Discussão, n. 749). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR 
 
LIVRO 
 
Título: Economia Internacional. 
 
Autor: CARMO, Edgar Cândido; MARIANO, Jefferson. 
 
Editora: Saraiva. 
 
Ano: 2017. 
 
Sinopse: “Economia Internacional” apresenta um panorama dos principais temas em 
discussão atualmente sobre a área como: comércio internacional, livre comércio e 
protecionismo, integração econômica e blocos regionais, globalização, sistema financeiro 
internacional, taxa de câmbio e balanço de pagamentos. Em sua terceira edição 
atualizada e ampliada, a obra ganha um novo capítulo que aborda a crise financeira 
global e seus impactos sobre a economia brasileira. De maneira clara e sem 
complicações, trata-se de um conteúdo que ajudará os graduandos a se familiarizarem 
com os conceitos e as terminologias utilizadas na economia moderna. 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
. 
Título: Babel. 
 
Ano: 2006. 
 
Sinopse: Um ônibus repleto de turistas atravessa uma região montanhosa do Marrocos. 
Entre os viajantes estão Richard (Brad Pitt) e Susan (Cate Blanchett), um casal de 
americanos. Ali perto os meninos Ahmed (Said Tarchani) e Youssef (Boubker At El Caid) 
manejam um rifle que seu pai lhes deu para proteger a pequena criação de cabras da 
família. Um tiro atinge o ônibus, ferindo Susan. A partir daí o filme mostra como este fato 
afeta a vida de pessoas em vários pontos diferentes do mundo: nos Estados Unidos, 
onde Richard e Susan deixaram seus filhos aos cuidados da babá mexicana; no Japão, 
onde um homem (Kôji Yakusho) tenta superar a morte trágica de sua mulher e ajudar a 
filha surda (Rinko Kinkuchi) a aceitar a perda; no México, para onde a babá (Adriana 
Barraza) acaba levando as crianças; e ali mesmo, no Marrocos, onde a polícia passa a 
procurar suspeitos de um ato terrorista. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
FRITSCH, W. Apogeu e crise na Primeira República, 1900-1930. In: Abreu, M. de P. 
(Org.). A Ordem do Progresso: Dois Séculos de Política Econômica no Brasil. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2014. p. 45-78. 
 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Países. Disponível em: 
https://paises.ibge.gov.br/#/. Acesso em: 23 set. 2019. 
 
KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economia Internacional: teoria e política. 6. ed. São 
Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005. 
 
SALVATORE, D. Economia Internacional. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 
 
 
 
 
UNIDADE III 
TAXAS DE CÂMBIO E REGIMES CAMBIAIS 
Professor Doutor Marcos Aurélio Brambilla 
 
 
Plano de Estudo: 
• Taxas de câmbio. 
• Regimes cambiais e sua influência no fluxo comercial e na economia como um todo. 
• O balanço de pagamentos e sua relação com as políticas comerciais. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar a taxa de câmbio, regimes cambiais e o balanço de 
pagamentos. 
• Compreender os tipos de regimes cambiais e o balanço de pagamentos. 
• Estabelecer a importância dos regimes cambiais e do balanço de pagamentos. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a terceira unidade do livro. 
Nesta unidade, vamos conhecer mais alguns aspectos relevantes sobre a 
economia internacional. Nesse contexto, será abordado mais afundo sobre as transações 
entre os países no comércio internacional e como são contabilizadas essas transações. 
Como já vimos, o comércio em uma escala mundial gera ganhos para a economia 
mundial. No entanto, algumas economias podem se beneficiar, enquanto outros podem 
apresentar prejuízos no comércio internacional. Inicialmente, foram apresentados os 
conceitos e definições das taxas de câmbio, como interfere nas transações no comércio 
internacional e quais os tipos de taxas de câmbio e quais suas utilidades. 
Em seguida, será abordado o que são e como funcionam os regimes cambiais nas 
nações, sendo que são adotados como um tipo de política econômica, em que depende 
dos objetivos do governo. Além disso, foi verificado como os regimes cambiais impactam 
na economia e quais os impactos para a economia mundial. 
Por fim, vamos conhecer a estrutura do Balanço de Pagamentos que representa 
um registro contábil de todas as transações internacionais realizadas de um país com o 
resto do mundo, ou seja, as transações entre residentes e não residentes. E ainda, qual 
a importância de conhecer essas contas e identificar qual a real situação financeira de 
uma nação no comércio internacional, para que assim, o governo tome as melhores 
decisões em termos de políticas comerciais.Desejamos um ótimo estudo a todos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 TAXAS DE CÂMBIO 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/main-currencies-symbols-glass-
globe-over-611972594 
 
O câmbio é considerado um dos preços mais importantes em uma economia 
aberta, pois o valor das transações comerciais entre os países são dadas por meio desse 
preço. Sendo assim, o câmbio possui um papel fundamental na economia, sendo 
utilizado por todos, de forma direta ou indireta. 
De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), a taxa de câmbio pode ser definida 
como o valor pago de uma moeda para adquirir outra. Portanto, a taxa de câmbio entre 
dois países pode ser obtida de duas formas, uma para cada país, sendo que a valor da 
taxa de câmbio é dado pelo preço em unidades monetárias do país doméstico, para 
adquirir uma unidade monetária do país estrangeiro. 
Considere dois países, Brasil e Estados Unidos, sabemos que R$ 4,00 vale US$ 
1,00. Considerando o Brasil como país doméstico, o valor da taxa de câmbio é de R$ 
4,00 / US$ 1,00. Para achar a taxa de câmbio em que, os Estados Unidos é o país 
doméstico, devemos verificar quantos dólares são necessário para comprar um real, 
sabemos que US$ 1 vale R$ 4,00, portanto, dividimos 1 / 4, então, a taxa de câmbio para 
os Estados Unidos é de US$ 0,25 / R$ 1,00. 
De acordo com Ratti (1997), a variação na taxa de câmbio é dada pela oferta e 
demanda por moeda estrangeira. Com um aumento da demanda por moeda estrangeira, 
ocorre uma depreciação cambial, ou seja, há uma elevação da taxa de câmbio, pois é 
necessário mais unidades de moeda doméstica para comprar uma unidade de moeda 
estrangeira. Por outro lado, um aumento da oferta de moeda provoca uma apreciação 
cambial, ou seja, uma redução na taxa de câmbio, e assim são necessários menos 
unidades de moeda doméstica para comprar uma unidade de moeda estrangeira. 
Consequentemente, como a taxa de câmbio se refere à relação dos preços entre 
o país doméstico e o país estrangeiro, uma depreciação cambial no país doméstico, 
provoca uma apreciação cambial no país estrangeiro, enquanto a apreciação no país 
doméstico resulta em uma depreciação cambial no país estrangeiro (SALVATORE, 
2000). 
 
Para as transações comerciais entre as nações a moeda com maior aceitação é o 
dólar, com isso, os bens e serviços negociados no comércio internacional devem ser 
comercializados nessa moeda. Além dessa moeda, o Euro (€) e a Libra Esterlina (£) 
também apresentam grande aceitação. Com uma alteração no valor da taxa de câmbio, 
o preço de bens e serviços no comércio internacional pode ficar mais caro ou mais barato. 
Sabendo o valor da taxa de câmbio entre euro e dólar, podemos verificar qual o 
valor das exportações da Espanha para os Estados Unidos. Sendo o valor ganho em 
euros para a Espanha e o valor gasto para os Estados Unidos. Sendo o valor do câmbio 
de € 1,00 / US$ 1,00 e o valor total das exportações de computadores de US$ 100.000,00, 
dado por 100 unidades desta mercadoria. Temos que o valor gasto para os Estados 
Unidos é de US$100.000,00, enquanto o valor ganho da Espanha era de € 100.000,00. 
Considerando as mesmas informações apresentados no parágrafo anterior, uma 
depreciação cambial da Espanha, onde eleva a taxa de € 1,00 / US$ 1,00 para € 2,00 / 
US$ 1,00 provoca alterações nos gastos dos Estados Unidos e nos ganhos dos estados 
Unidos para essa comercialização. Para os Estados Unidos a taxa de câmbio é de US$ 
0,50 / € 1,00, assim, o valor gasto dos Estados Unidos é de US$ 50.000,00, enquanto o 
ganho das exportações da Espanha é de € 100.000,00. 
Isso mostra que, houve uma depreciação cambial para a Espanha, e com isso, 
houve um benefício para as exportações. Para os Estados Unidos, enquanto importador, 
essa mudança no câmbio representou uma apreciação cambial, portanto, também 
acarretou em um benefício, pois o custo de importação dos computadores ficou menor. 
Por outro lado, essa alteração na taxa de câmbio não é benéfica para a importação na 
Espanha e para os exportadores nos Estados Unidos. 
Nesse sentido, podemos destacar as vantagens e desvantagens da depreciação 
cambial e da apreciação cambial. Podemos citar como vantagens da depreciação 
cambial, o incentivo às exportações no país, pois o país fica mais competitivo no comércio 
internacional, gerando assim, melhores saldos na balança comercial. Por outro lado, 
prejudica os importadores, com o aumento dos preços dos produtos importados, e em 
uma situação de alta inflação, pode agravar mais a situação, levando esse aumento de 
preços aos consumidores. 
 
Quanto à apreciação cambial, traz incentivos aos importadores, com o preço de 
bens e serviços mais baratos, e pode contribuir para barra a inflação. No entanto, a 
apreciação cambial não é benéfica para os exportadores, com a redução a redução do 
ganho no comércio internacional, pois a nação ficar menos competitiva no comércio 
internacional. 
Conforme Gonçalves (1998) existem dois tipos de taxa de câmbio, a taxa nominal 
de câmbio e a taxa real de câmbio. Até agora vimos a taxa nominal de câmbio, que se 
refere a quantas unidades monetárias são necessárias do país doméstico para adquirir 
uma unidade monetária do país estrangeiro. Formalmente, esse tipo de taxa de câmbio 
pode ser expresso por: 
 
𝑒 =
𝑃
𝑃∗
 
 
Em que, 
● 𝑒: representa a taxa nominal de câmbio; 
● 𝑃: representa o preço do país doméstico; 
● 𝑃∗: representa o preço do país estrangeiro. 
Em relação à taxa real de câmbio, é a taxa em que se podem realizar trocas de os 
bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país. Portanto, a taxa de 
câmbio real compara os preços de bens domésticos e importados na economia 
doméstica, ou seja, em moeda local. A taxa real de câmbio depende da taxa nominal de 
câmbio estrangeiro e dos preços dos bens nos dois países medidos em moedas locais. 
Assim, a equação da taxa real de câmbio pode ser expressa por: 
 
𝑒𝑅 =
𝐸 . 𝑃∗
𝑃
 
 
No qual, 
● 𝑒𝑅: representa a taxa real de câmbio 
● 𝐸: representa a taxa nominal de câmbio estrangeiro; 
● 𝑃: representa o preço do país doméstico; 
 
● 𝑃∗: representa o preço do país estrangeiro. 
A taxa real câmbio, diferente da taxa nominal, ela compara o preço de bens e 
serviços entre dois países na moeda do país local. Enquanto a taxa nominal de câmbio 
apresenta o preço em unidades de moeda doméstica em relação a uma unidade da 
moeda estrangeira. Para uma melhor compreensão, segue uma aplicação prática. 
No comércio de notebooks entre Brasil e Estados Unidos, sabendo que o Brasil é 
o país doméstico, vamos considerar que um notebook custa R$ 3.000,00 no Brasil e nos 
Estados Unidos esse mesmo notebook custa US$ 1.500, sendo que a taxa nominal de 
câmbio para os Estados Unidos é de R$ 0,25 US$/R$. Vamos identificar qual a taxa mais 
depreciada para o país doméstico, ou seja, para o Brasil. 
Inicialmente, devemos identificar qual a taxa nominal de câmbio, sabe-se que a 
taxa nominal de câmbio para os Estados Unidos é R$ 0,25 US$/R$, portanto, sabemos 
que, enquanto o preço local (P) é R$ 1,00, o preço do país estrangeiro é US$ 0,25, então 
temos que a taxa nominal de câmbio é: 
 
𝑒 =
𝑃
𝑃∗
=
1,00
0,25
= 𝑅$ 4,00/𝑈𝑆$ 
 
Sabemos o preço da taxa nominal de câmbio, agora podemos calcular o preço da 
taxa real de câmbio para o notebook. Como a taxa real de câmbio é referente aos bens 
e serviços, vamos utilizar o preço do notebook nos países: 
 
𝑒𝑅 =
𝑒 . 𝑃∗
𝑃
=
4,00 . 1500
3000
= 𝑅$ 2,00/𝑈𝑆$ 
 
Diante desse cenário, verificamos que a taxa real de câmbio é mais apreciada que 
a taxa nominal de câmbio. O que influencia a taxa real de câmbio é o nível de preços dos 
bens e serviços de uma economia em relação à outra. Considerando Brasil e Estados 
Unidos, quanto maior a inflação no Brasil, ceteris paribus1, mais depreciada fica a taxa 
 
1 Ceteris paribus é uma

Outros materiais