Buscar

AULA 08 - DEMOCRATIZAÇÃO DOS TRIBUNAIS E A SOCIOLOGIA DAS PROFISSOES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
AULA 08- DEMOCRATIZACAO DOS TRIBUNAIS E A 
SOCIOLOGIA DAS PROFISSOES 
 
EFETIVIDADE DO DIREITO, DEMOCRATIZAÇÃO DOS TRIBUNAIS E 
ACESSO À JUSTIÇA 
Democratização dos tribunais e acesso à justiça 
Causas Estruturais 
Causas Funcionais 
Causas Individuais 
A deficiência da produção jurídico-normativa 
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS 
 
EFETIVIDADE DO DIREITO, DEMOCRATIZAÇÃO DOS TRIBUNAIS E 
ACESSO À JUSTIÇA 
 
Ainda que se tenha em conta que função social do Direito é o controle social, 
prevenindo e compondo conflitos, há de se admitir que a pura e simples criação 
do Direito por si só não garante sua obediência. Razão pela qual necessário ao 
estudioso da Sociologia Jurídica e Judiciária procurar os atributos que 
comportam a sua realização efetiva. 
 
É de se constatar que o ordenamento jurídico estatal não é conhecido em sua 
totalidade pela população – quantos de nós sequer conhece a Constituição, 
que é a lei Maior-, ainda assim, ele é respeitado pela maioria os indivíduos, de 
maneira voluntária. 
 
Esse é um fenômeno sociológico que por sua peculiaridade tem sido objeto de 
pesquisas tanto por sociólogos quanto por filósofos do Direito. As questões 
levantadas giram em torno do que levaria a essa constatação, ou seja, o que 
leva o indivíduo a se submeter ao ordenamento jurídico e com isso dar 
efetividade do Direito? 
As respostas são as mais variadas e você irá conhecer algumas delas. 
 
CONTRATUALISTAS: a efetividade se daria a partir de um pacto ou contrato 
social (hipotético ou não) que seria o impulso criador do Direito, pelo qual os 
seres humanos concordaram em abrir mão de parcela de sua autonomia 
(liberdade original do estado de natureza) para viver harmoniosamente em 
sociedade, incumbindo essa parte de sua liberdade e seu controle a um ente 
superior e preparado para exercer esse controle social: o Estado. 
 
A EFEITIVIDADE NA VISÃO DE ROSSEAU (1989, p.p. 20 e 21), demonstra a 
posição do contratualismo: “Cada um de nós põe em comum sua pessoa e 
todo o seu poder sob a suprema direção da vontade geral; e recebemos, 
coletivamente, cada membro como parte indivisível do todo... Essa pessoa 
pública, assim formada pela união de todas as demais, tomava outrora o nome 
de Cidade, e hoje o de República ou de corpo político, o qual é chamado por 
seus membros de Estado...”. 
 
Para Durkheim entre outros, que defendem que às normas por receio do 
aparelho repressor do Estado, trata-se da corrente clássica . Um exemplo disso 
 
2 
 
se encontra nas palavras de Jean Carbonnier1 (1979, p. 192) para quem a 
efetividade do Direito se encontra na noção pela qual: 
“(...) a norma, sendo feita para se aplicar, requer uma coação que assegure a 
sua aplicação. A sociedade que produz as normas produz também uma coação 
que se exerce sobre o que se desvia de sua observância...a coação do direito, 
dir-se-á então, é a que tem a sua origem num órgão diferenciado, 
especializado. O órgão que tem o nome de Estado nas sociedades modernas é 
constituído pelos governantes, pelos chefes, pelos detentores do poder.”. 
 
Os argumentos levantados por esses pensadores que se prendem à coação 
para fundamentar a efetividade do Direito seriam razoáveis no sentido de 
justificar a efetividade das normas de Direito Penal (normas de direito público), 
que são normas coativas por excelência e núcleo da repressão estatal. 
 
Além do que, tem-se que considerar que, mesmo que o aparato jurídico estatal, 
responsável pela aplicação do Direito, utilize-se todo o tempo da coação, não 
conseguirá garantir o cumprimento voluntário do Direito. Isto porque os meios 
coativos do Estado conseguem, máximo, impor a norma, mas não que ela seja 
acatada por todos e com isso tenha o Direito efetividade. 
 
Esses argumentos também não conseguem explicar, por exemplo, o 
catamento àquelas normas de direito privado, as chamadas normas 
promocionais, que ao invés de punir o indivíduo o premiam quando executam 
certas atividades. 
 
A Constituição brasileira de 1988, além de estabelecer normas de proteção 
(artigo 5º, II – princípio da legalidade) e de repressão (artigo 5º, XLI – atentado 
a direito ou liberdade fundamental), também contém normas de promoção. 
Realmente, são objetivos da República diversas normas promocionais, como 
a construção de uma sociedade livre, erradicar pobreza e promover o bem 
comum (artigo 3º). 
 
Um outro sociólogo que busca analisar a questão da efetividade do Direito é o 
alemão Niklas Luhmann2, para quem o Direito se torna legítimo e efetivo, por 
meio da utilização do procedimento, que formalmente iguala a todos os 
sujeitos, fornecendo a eles as mesmas possibilidades de se submeter às 
formas de resolução de conflitos normatizadas pelo Estado. 
 
No entanto, como se pode observar, existe um problema na teoria de 
Luhmann: na medida em que ele iguala formalmente todas as pessoas na 
sociedade, ele esquece dos aspectos materiais envolvidos nos conflitos de 
interesses, a saber, as desigualdades materiais e sociais que existem em todas 
as sociedades e, em particular, naquelas como a nossa em que milhões se 
encontram à margem do acesso ao mínimo. Assim a questão de fundo não é 
tao somente ter acesso ao Judiciário, mas ter acesso à justiça. 
 
 
1
 CARBONNIER, Jean, Sociologia Jurídica. Trad. Diogo Leite de Campos. Coimbra, Livraria Almedina. 
1979, pág. 192 
2
 LUHMANN, Niklas, Legitimação pelo Processo. Trad. Maria da conceição Corte Real. Brasília. 
Editora da Universidade de Brasília. 1980. 
 
3 
 
 
Quanto ao acesso a justiça, vale destacar que o sistema de assistência 
jurídica adotado hoje no Brasil é fruto das transformações histórico-políticas 
ocorridas ao longo dos anos. É possível traçar-se três momentos distintos 
deste processo de assistência jurídica. 
1º- até a promulgação da lei 1.060/50, que regulamentou pela primeira vez a 
assistência judiciária; 
2º- um segundo momento, que vai da década de 50 até a Constituição Federal 
de 1988, quando a assistência judiciária envolvia apenas os atos do processo; 
3º- esse momento é marcado pelas mudanças trazidas pela Constituição 
Federal de 1988. 
 
O marco da assistência judiciária brasileira deu-se com o advento da lei 
1.060/50 que criou e organizou as bases para este instituto. Apesar de não ter 
caracterizado a assistência judiciária como sendo dever do Estado, e nem o 
acesso à justiça como um dire 
ito fundamental para o exercício da cidadania, definiu os princípios que até hoje 
perduram no funcionamento da assistência jurídica, como os conceitos de 
beneficiário e necessitado3. 
 
Contudo, a expressão “acesso à justiça” não significa dizer somente a mera 
admissão do processo ou possibilidade de ingresso em juízo, mas sim a 
realização efetiva da finalidade do processo, a solução do conflito e a busca 
pela justiça. Para que isto ocorra, faz-se necessário a observância de quatro 
aspectos, assim divididos pela professora Ada Pelegrini4, diz que 
primeiramente, há de ocorrer a admissão do processo em juízo, sendo 
oferecido o benefício da assistência judiciária gratuita aos que possuem 
dificuldades financeiras. Após o recebimento, no desenrolar de todo o 
processo, é preciso que haja observância dos princípios que regem o devido 
processo legal, para que as partes tenham as mesmas oportunidades de se 
defenderem na busca de seus direitos. 
 
Nesta mesma linha de pensamento, a professora Ana Lúcia Sabadell faz uma 
distinção do que seja o acesso à justiça, em duas acepções.5 
1ª- é o acesso formal: à justiça, que consiste na possibilidade legal de se 
acionar o judiciário em caso de conflito, devido à existência de leis que tutelam 
direitos e de órgãos que efetivam esta tutela, tendo como embasamento legal o 
dispositivo do art. 5º, incisos XXXV, LIV, LV. 
2ª- é a do acesso efetivo : à justiça, que consiste na possibilidade real de 
pedir proteção judiciária. 
 
Senso assim, o Estado assumiu para si a responsabilidade de prestação da 
assistênciajudiciária aos necessitados, ficando definida a Defensoria Pública 
como a instituição própria para cumprir essa função, à qual foram conferidas as 
mesmas garantias e prerrogativas das demais instituições essenciais ao 
funcionamento da Justiça 
 
3 A lei 1.060/50 define a prestação de assistência judiciária como concessão do Estado (artigos 
1º e 5º), e o caracteriza enquanto serviço caritativo, do qual irá gozar o necessitado. 
4
 Adda Pelegrine GRINOVER, Op. cit. p. 34. 
5
 SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 213. 
 
4 
 
 
DEMOCRATIZAÇÃO DOS TRIBUNAIS E ACESSO À JUSTIÇA 
 
Em palestra intitulada “Reforma do poder judiciário – visão abrangente e 
analítica” ministrada, em agosto de 2004, o professor J. Bernardo Cabral 
discorrer numa abordagem, naquele momento, ainda preliminar, sobre a 
necessidade da democratização rumo a um maior acesso à justiça e aponta o 
que, a seu sentir, seriam as origens dos problemas do Poder Judiciário num 
espectro que vai do despreparo técnico de juízes às deficiências na elaboração 
da norma jurídica, passando pelo desaparelhamento do Judiciário, pela prática 
de um sistema abusivo de recurso e pelo excessivo apego ao formalismo, num 
devotamento à vertente romanista do Direito que já deveria estar vencido. 
 
A amplitude de causas possíveis à situação problemática do Judiciário 
brasileiro mereceu, de diversos analistas, entre sociólogos e juristas uma 
abordagem sistemática. 
Uma das sistematizações foi elaborada por Diogo de Figueiredo Moreira Neto 
(1999, p. 30). O autor separa o problema do Judiciário em três grupos: as 
causas estruturais, as causas funcionais e as causas individuais, como a segui 
 
 Causas Estruturais: 
1- Sistema judiciário complexo e obsoleto: há muitas justiças especializadas, 
muitas instâncias (quatro) e inúmeros tribunais; 
2- Inexistência de uma Corte Constitucional: é constitucional, principalmente 
num país em que tudo se constitucionalizou; 
3- Morosidade e deficiência espacial: há a necessidade de proximidade e de 
celeridade de atuação dos órgãos de primeira instância e do aperfeiçoamento 
dos sistemas de justiça alternativa e prejudicialidade; 
4- Deficiência de controles: falta de cumprimento de prazos, de assiduidade e 
de residência dos titulares nas respectivas comarcas; 
5- Controle do Judiciário: necessidade de um sistema nacional de controle que 
superasse o corporativismo sem expor o Judiciário à politização; 
6- Número insuficiente de juízes: a proporção em 2004 era de um juiz por 
25.000 habitantes. Essa proporção em países desenvolvidos é de um juiz por 
5.000 habitantes. Necessidade de incentivo para atrair as legítimas vocações 
para preencher o impressionante número de cargos vacantes na 1ª Instância; 
 Causas funcionais: 
1- Impropriedade das leis: muitas leis, mas inadequadas aos fatos que 
pretendem reger e má confecção das leis; 
2- Complicação procedimental: predominância do hermetismo, processualística 
sobre valorizada, excesso de meandros técnicos e sistema irracional de 
recursos; 
3- Deficiência no sistema de provocação: descaso do Poder Público na 
motivação, seleção e aperfeiçoamento dos membros das funções essenciais à 
Justiça, notadamente nas defensorias públicas; 
 
 Causas Individuais: 
1- Deterioração da formação acadêmica do bacharel: proliferação de 
faculdades sem bom nível científico. Currículos deficientes nas matérias de 
Direito Público. Reprovação em massa nos exames de ordem; 
 
5 
 
2- Carência na formação específica dos magistrados: seleção para a carreira 
através de concursos para ingresso nas Escolas da Magistratura. Promoções 
condicionadas a cursos de reciclagem ou titulação em pós-graduação; 
 
Sobre as causas da crise do Judiciário, Carlos Aureliano Motta de Souza 
aponta alguns fatores: 
 
 CAUSAS OPERACIONAIS: A ampliação do campo temático da 
Constituição, com a Consequente ampliação do leque de proteção ao 
cidadão, o encorajou a buscar o Judiciário em defesa de seus direitos, 
aumentando o número de processos em trâmite. 
 CAUSAS ESTRUTURAIS: A notória deficiência no número de juízes no 
Brasil, em relação à sua população, aponta para a necessidade de dez 
vezes mais juízes para que o país estivesse dentro da média dos países 
de primeiro mundo. Além disso, a eliminação da idade mínima para 
recrutamento de magistrados possibilitou a nomeação de juiz de vinte e 
dois anos de idade, inexperiente, facilmente seduzível pela 
argumentação ágil, envolvente, laboriosa e algumas vezes falaciosa de 
advogados experientes. 
 CAUSAS CONJUNTURAIS: Dizem respeito ao aumento da população, 
à necessidade que o direito tem de acompanhar as fronteiras das 
modernas tecnologias e à feroz capacidade legislativa do Estado, 
criando leis e normas com força de lei com tal velocidade que se torna 
difícil, impossível quase, dirimir todos os conflitos decorrentes dessa 
fúria lefigerante, mesmo para um Judiciário bem equipado, atento e com 
número razoável de juízes. 
 CAUSAS ORGÂNICAS: Referem-se ao processo praticado no Brasil e à 
necessidade urgente de sua visão. 
 
 
A DEFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO JURÍDICO-NORMATIVA 
O professor J. Bernardo Cabral aponta que a deficiência dos textos legislativos 
é uma realidade cujo enfretamento está a exigir profunda reflexão do 
parlamento nacional, com alterações ponderáveis no próprio processo 
legislativo, no sistema de decisão sobre o conteúdo na norma e nas diretrizes 
de sua inserção no direito nacional. Se faz necessário instituir-se um 
mecanismo de controle de qualidade da norma jurídica produzida no Legislativo 
Federal, de forma a impedir a inovação imperfeita, assistemática e causídica do 
direito brasileiro. 
 
Todavia, as mudanças vão sendo operadas, veja algumas delas: 
1- criação do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, em dezembro de 2004. 
2- Resolução nº 75 do Conselho Nacional de Justiça estabeleceu novos 
critérios de avaliação para o ingresso na Magistratura, inserindo em seu rol de 
disciplinas obrigatórias, além das tradicionais, matérias de cunho subjetivista e 
sociológico. São as seguintes disciplinas ligadas à formação humanística - 
Sociologia do Direito, Psicologia Jurídica, Ética e Estatuto Jurídico. 
3- O Novo Código de Processo Civil abre portas para uma Justiça mais ágil e 
descomplicada. 
 
6 
 
E o estímulo ao uso de instrumentos eletrônicos deve potencializar a 
velocidade de muitos atos. A conciliação e a mediação serão instrumentos 
privilegiados a serem utilizados na solução dos conflitos que chegam aos 
tribunais. 
 
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS 
A Sociologia das Profissões começou da ser estudada por sociólogos ingleses, 
em 1933, com o trabalho intitulado The Professions de Carr-Saunders, que 
promoveu um extenso levantamento da história de grupos profissionais que 
poderiam ser classificados como profissões, permitindo sistematizar uma 
disciplina especial denominada: Sociologia das Profissões, a qual está “(...) 
sustentada teoricamente por alguns modelos analíticos com concepções 
distintas sobre os processos de profissionalização” (Bonelli, 1993, p. 31). 
 
O professor André Santos (2012), em seu artigo intitulado: Uma introdução à 
Sociologia das profissões jurídicas revela que as primeiras preocupações 
acadêmicas com as profissões jurídicas aconteceram já na segunda metade do 
século XIX. Mas até o primeiro quarto do século XX, os interesses nas 
profissões jurídicas ainda estavam voltados para os seguintes assuntos: 
1- A qualidade do ensino jurídico; 
2- A consolidação das profissões jurídicas no mercado de trabalho como 
um campo de atuação intelectualmente fecundo e economicamente 
próspero: 
3- A ética dos profissionais da área jurídica. 
 
A partir de finais do século XIX e início do XX, seguindo uma linha funcionalista 
de análise, autores como Blackwell (1895), Platt (1903) e Andrews (1908), além 
de outros, vão iniciar seus estudosem torno da questão se as profissões 
jurídicas estariam ou não se tornando profissões meramente de mercado, 
voltadas estritamente ao lucro, e assim, se distanciando daquilo que constituía 
seu fim mais precioso, qual seja a luta pela realização do direito, deixando de 
lado o aspecto vocacional da profissão. 
 
Este desenvolvimento da sociologia das profissões no tocante à área jurídica 
teve um impacto positivo sobre a produção de conhecimento nas ciências 
sociais brasileiras. 
 
A análise sobre a indefinição dos limites entre profissão e negócio no mundo do 
direito foi muito realizado ao longo de todo o século XX, seguindo a tendência 
também encontrada entre os sociólogos funcionalistas de confundir o ser como 
dever ser, de apresentar uma análise moral das profissões jurídicas. 
 
Nas análises sociológicas de viés funcionalista, a profissão jurídica é 
frequentemente idealizada como uma profissão nobre, mas, na prática, é 
descoberta como um nicho de atuação para ganhar dinheiro, bastante dinheiro. 
Esta constatação não é aceita com facilidade por aqueles que gostariam que 
os profissionais do direito (seja o advogado, o juiz, o promotor etc.) fossem 
pessoas convocadas (por vocação) a desempenhar uma função social, 
independente do que possa vir a ganhar pelos serviços prestados. Nesse 
sentido, 
 
7 
 
as profissões jurídicas são percebidas como uma espécie de missão a ser 
cumprida na sociedade: os profissionais do direito seriam verdadeiros 
guerreiros a lutar pelo direito, posto como única e suficiente maneira de 
resolução de conflitos e defender os valores (da sociedade liberal burguesa), 
que são a base o direito moderno e a razão de ser das profissões jurídicas. 
 
Após o advento da II Guerra Mundial, a sociologia deixou um pouco de lado as 
profissões jurídicas, com raras pesquisas e análises sobre o tema, só voltando 
a produzir análises relevantes a partir das décadas de 1960 e 1970. As 
pesquisas realizadas pelos professores Mauro Cappelletti, Bryant Garth(1988), 
no projeto ambicioso denominado Acesso à Justiça, entre outros, colaboraram 
para reconduzir as profissões jurídicas no centro do debate com uma 
abordagem mais sociológica, ainda que estivessem mais relacionadas com a 
sociologia do direito do que com uma sociologia das profissões jurídicas. 
. 
Na atualidade, novos estudos sobre a sociologia das profissões jurídicas vão 
surgindo. Mas, como alerta Santos (2012, p. 83) agora, os estudos analíticos 
sobre as profissões jurídicas estão saindo não estão mais na órbita da 
sociologia do direito, mas especificamente no âmbito da sociologia das 
profissões. E no caso das profissões jurídicas, a sociologia das profissões 
jurídicas está se construindo como uma área de conhecimento sociológico 
específico. 
 
Diversos autores americanos, franceses e canadenses vão se firmando como 
grandes figuras da sociologia das profissões, dando ênfase ao mundo do 
direito em suas análises. Em particular, alguns desses autores têm interesse de 
pesquisa no papel das mulheres nas profissões jurídicas, discutindo a 
feminização destas profissões. 
 
Análises atuais das profissões jurídicas, com duas ênfases: 
a) As profissões jurídicas na América Latina e sua relação com a política 
nacional; 
b) as transformações ocorridas nas profissões jurídicas em tempos de 
globalização. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
JOBIM, Nelson. Discurso de Posse na Presidência do Supremo Tribunal 
Federal. 3 jun. 2004. Disponível em: 
<http://www.stf.gov.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=62841 
&caixaBusca=N>. Acesso em: 24 abr 2015. 
MACIEL, José Fábio Rodrigues; AGUIAR, Renan. História do direito. São 
Paulo: Saraiva, 2007. p. 62. 
ROUSSEAU, Jean Jacques, O Contrato Social. Trad. Antônio de Pádua 
Danesi. São Paulo. Martins Fontes. 1989. Págs. 20 e 21. 
CARBONNIER, Jean, Sociologia Jurídica. Trad. Diogo Leite de Campos. 
Coimbra, Livraria Almedina. 1979, pág. 192. 
LUHMANN, Niklas, Legitimação pelo Processo. Trad. Maria da conceição Corte 
Real. Brasília. Editora da Universidade de Brasília. 1980. 
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. O Poder Judiciário e seu papel 
vinculante na reforma do estado. O controle jurisdicional dos atos 
 
8 
 
administrativos e a súmula vinculante. In: Cadernos de Direito Constitucional e 
Ciência Política da Revista dos Tribunais, nº 27, 1999, p. 30

Continue navegando

Outros materiais