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Aula 1 Microbiota normal e estruturas bacterianas 1 🧫 Aula 1: Microbiota normal e estruturas bacterianas A microbiota se refere à população de microorganismos que vive na pele e nas mucosas humanas em condições normais e sadias. Se divide em: Microbiota residente: formada por organismos relativamente fixos, que são encontrados regularmente em determinadas áreas do corpo; quando essas populações são perturbadas, recompõem-se rapidamente; não interfere nas funções normais do corpo. Microbiota normal transitória: microorganismos não patogênicos ou potencialmente não patogênicos; permanecem na pele ou nas mucosas por horas, dias ou semanas- advindas do ambiente; não se fixam permanentemente - uma vez que colonizam a camada mais superficial da pele/mucosa e acabam, normalmente, sendo removidos pela higienização; não causam doenças em condições normais (contudo, se a microbiota for perturbada, esses microrganismos transitórios podem colonizar e se proliferar em larga escala, ocasionando uma doença); Patógenos estritos → Não sendo colonizadores normais, estão sempre associados a quadros patológicos. Patógenos oportunistas → Membros da microbiota normal que, deslocados para um sítio estéril do corpo, se proliferam e provocam infecções patológicas. A maior parte dos patógenos que acometem os humanos são oportunistas. Aula 1 Microbiota normal e estruturas bacterianas 2 💡 Ex: A bactéria Staphylococcus epidermidis habita normalmente a pele humana, sendo importante para a saúde do órgão, pois ocupa o lugar de outro microrganismo possivelmente patogênico (exclusão competitiva). Contudo, quando essa bactéria é carregada para a circulação sanguínea por um acesso erroneamente realizado, ela pode provocar bacteremia (crescimento de bactérias no sangue, infecção sanguínea). A microbiota conhecida e divulgada pela literatura é somente uma pequena fração de toda o grupo de espécies que devem colonizar, normalmente, o organismo humano. Isso porque, até o momento, os estudos utilizados para descrever essas colônias de microrganismos utilizaram meios de cultura - e algumas das espécies bacterianas não podem ser cultivadas assim. Contudo, as pesquisas mais atuais da biologia molecular ultrapassam esse obstáculo ao fazer o estudo bacteriológico a partir da extração de DNA e do estudo de sequência. Com a finalidade de compor integralmente esse amplo leque de espécies microscópicas, em 2018 foi criado o Projeto Microbioma Humano. Vantagens da Microbiota: Exclusão competitiva → Ocupa o nicho ecológico que determinados microorganismos patológicos poderiam vir a habitar; Liberam fatores com atividade antimicrobiana (bacteriocinas) em função da competição entre espécies (os lactobacilos acidófilos do canal vaginal liberam peróxido de hidrogênio, por exemplo); Auxiliam na manutenção do pH (lactobacilos presentes em predominância na vagina mantêm seu pH pela conversão de glicose em ácido láctico, por exemplo - evitando, assim, a instalação de outros microrganismos); Auxilia na produção e na absorção de nutrientes (vitaminas K, B12, ácido fólico) Estimula a resposta imune Assim, verifica-se que microbiota não é essencial à vida, mas desempenha muitos fatores essenciais para a qualidade desta. Aula 1 Microbiota normal e estruturas bacterianas 3 A estrutura da célula bacteriana Morfologia Cocos, bacilos, vibriões, espirilos e espiroquetas. Arranjo Diplococos, estreptococos, estafilococos, tétrades, sarcina; bacilo isolado, diplobacilos, estreptobacilos, cocobacilos. Parede Celular: é responsável pela manutenção da morfologia da célula bacteriana, tendo aspecto rígido em razão da sua composição por peptideoglicanos (açúcares N-acetilglicosamina e N-acetilmurâmico que se ligam por pontes peptídicas). Bactérias gram-positivas: PC formada por múltiplas camadas de peptideoglicanos (que compõem a maior parte de sua massa seca) e por ácidos teicóicos. Apesar de se disporem ao longo da PC, os ácidos teicóico e lipoteicóico se ligam intimamente à fração lipídica da membrana plasmática, tendo funções relacionadas à essa bicamada lipídica. Assim, os supracitados são responsáveis por: promover adesão da bactéria às células do hospedeiro, regular a entrada e a saída de cátions, moderar a ação das autolisinas para a divisão celular (essas enzimas atuam sobre os peptideoglicanos e rompem a estrutura da parede em pontos específicos, de modo a permitir a Aula 1 Microbiota normal e estruturas bacterianas 4 inserção de novas subunidades), constituir sítios receptores para bacteriófagos. Pela coloração de Gram, são coradas pelo cristal-violeta (púrpura); Bactérias gram-negativas: PC mais complexa → apresenta uma ou poucas camadas de peptideoglicanos (correspondendo somente a cerca de 10% do seu peso) e membrana externa (de dupla camada lipídica, presas a essa membrana estão cadeias de lipopolissacarídeos LPSs, cuja porção Lipídio-A é uma endotoxina capaz de promover respostas fisiológicas no organismo hospedeiro); devido à menor concentração de peptideoglicanos, as paredes das bactérias Gram-negativas são mais suscetíveis que as das bactérias Gram-positivas; não possuem ácidos teicóicos. Pela coloração de Gram, adquirem tintura de rosa pelo corante safranina (contracorante). Micobactérias: apresentam um componente lipídico bastante significativo 60% do peso seco da PC, além de Ácido Micólico; exemplo: Mycobacterium tuberculosis Membrana citoplasmática: barreira de permeabilidade seletiva para a entrada e para a saída de várias moléculas. Cápsula / Camada Limosa / Glicocálice: substâncias limosas/viscosas na superfície celular, cuja função é impedir o reconhecimento da bactéria pelo sistema imune.
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