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Aula 05 A democracia liberal e a nova ordem econômica mundial

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Geografia política, econômica e industrial 61
5
A democracia liberal e a 
nova ordem econômica 
mundial
Introdução
Você sabe como vivem as abelhas? Elas são insetos da ordem hymenóptera, vivem 
organizadas em função da construção de um grande grupo de indivíduos, no qual 
cada um tem a sua função, sendo liderados pela rainha, protegidos pelos “soldados” 
e tendo como fundamento a proteção e o crescimento da colmeia.
O interessante nesse grupo de insetos voadores é a sua estrutura social, que nos 
desperta curiosidade e metaforicamente nos deixa uma reflexão sobre esse sistema 
democrático de organização.
Nele, há um governo central, com o qual os indivíduos seguem uma ordem para 
a sobrevivência de todos, perpetuando de modo organizado, pois sua existência 
depende de uma estrutura complexa, em que obrigatoriamente esse lar deve estar pro-
tegido. A manutenção constante do sistema é feita por um exército de trabalhadores 
e, ao mesmo tempo, a carência de suprimentos é mantida pela relação entre defesa, 
reprodução e aumento da população, a qual é garantida pela rainha, que se relaciona 
socialmente com todos os indivíduos da colmeia. Nesse sentido, a carga de feromônio1 
da organização social é que, instintivamente, faz com que todos estejam preocupados 
com o bem comum.
1 Substância química secretada e espalhada no ambiente por espécies de insetos e mamíferos, com função de de-
marcação de território ou caminhos, atração sexual e comunicação.
A democracia liberal e a nova ordem econômica mundial5
Geografia política, econômica e industrial62
Nossa analogia entre as abelhas e o processo democrático de governo é exatamente 
essa. Os governos que se sucedem, em certa lógica social, devem estar pautados no bem-
-estar da população, sendo que todos exercem uma liberdade pré-estabelecida, em uma so-
ciedade que tem base na social-democracia, corroborando os termos determinados em sua 
Constituição. Acima de todos há a governança proposta por governos eleitos pelo povo, com 
o intuito de promover um gerenciamento das condições econômicas e sociais que assegurem 
o bem-estar social e as garantias econômicas, assim como ocorre em uma grande colmeia. 
Neste capítulo, estudaremos mais sobre esse processo e suas consequências na sociedade. 
5.1 Democracia e suas nuances
Nos últimos anos, a história da humanidade tem sido construída sob dilemas a respeito 
de que tipo de vida é melhor ou o quanto devemos ter em termos de bens materiais para ser-
mos felizes – isso tudo pautado em modelos econômicos impostos por diferentes sistemas 
de governo, em toda parte do planeta.
No Brasil, vivemos sob o comando de um governo eleito democraticamente, pois o povo 
lhe concedeu o direito de governar, de acordo com o que está preconizado na Constituição. 
Um governo que, desde 1988, busca implementar a vontade do povo na construção econô-
mica e objetiva o bem-estar social. Nesse contexto, 
A base do conceito de democracia (Estado Democrático) é a noção de governo do 
povo. Este conceito é aceito tanto no Estado atual quanto foi no Estado Grego na 
antiguidade. Porém, na Grécia significava apenas “governo do povo” e hoje, no 
inconsciente coletivo ocidental, adquiriu o significado mais preciso de “gover-
no da maioria”. Hoje, por meio do sufrágio universal, com o exercício do voto, 
a maioria do povo é quem escolhe seus representantes no governo. (BORGES, 
2015, p. 64)
Nas últimas décadas, desde a redemocratização, a economia brasileira tem sistemati-
camente se modernizado, graças a uma democracia fortalecida, cujo papel do povo e suas 
representações vêm sendo importantes dentro de um modelo neoliberal, mas com garantias 
sociais.
Entretanto, em meados de 2016, nossa democracia sofreu um abalo constitucional, ten-
do em vista o afastamento da presidente eleita por supostas irregularidades em sua gestão. 
Um dos argumentos para o impeachment foi a suposta manobra fiscal, para não deixar o 
Estado deficitário na passagem de um ano para outro.
Nesse sentido, podemos entender que até em regimes democráticos, com poder de voto 
do povo, o Congresso nacional pode intervir, mesmo se houver interesses difusos. Além 
disso, se o Congresso não concorda com a política do Poder Executivo, pode tomar medi-
das para seu impedimento. Cabe aqui ressaltar que existe uma hierarquia entre os Poderes 
Executivo, Legislativo e Judiciário. O Legislativo é responsável pela criação das leis, ou por 
modificar as já existentes, como é o caso de uma PEC – Proposta de Emenda Constitucional 
–, cabendo ao Executivo aprovar determinada lei ou rejeitá-la, se for o caso.
A democracia liberal e a nova ordem econômica mundial
Geografia política, econômica e industrial
5
63
Em um governo democrático, estamos abrindo, assim, um grande precedente jurídi-
co, que não deve ser compactuado em uma democracia fortalecida como a brasileira. Esse 
momento histórico intenso vem sendo condenado pela imprensa internacional. Nessa de-
mocracia efetiva, inúmeras são as possibilidades de intervenção no Executivo, desde que 
atendidos os parâmetros legais com base no conjunto de leis descritos na Carta Magna.
Vejamos o seguinte:
Os instrumentos de competição e participação política são de fundamental im-
portância, mas não são suficientes para afirmar que determinado país é uma 
democracia consolidada, sem riscos de retrocesso, sobretudo na América Latina, 
onde há fraco ethos democrático. Eleições devem ser seguidas de observações a 
respeito das instituições coercitivas tais como as polícias, as Forças Armadas, o 
Ministério Público, o sistema de justiça criminal. Numa concepção submínima, 
tais instituições ficam em segundo plano, apesar de elas serem fundamentais 
para as garantias da soberania nacional e da integridade física dos cidadãos. 
(NÓBREGA JR., 2010, p. 77)
Nesse sentido, podemos observar um jogo de interesses políticos, em uma democracia 
que vinha sendo referência mundial. Esse governo que emana do povo tem se apresentado 
com tons de radicalismo no discurso de uma classe política que não vem merecendo muito 
crédito, envolta em casos de corrupção. O Legislativo acaba servindo ao capital internacio-
nal, e o Executivo corrobora isso, transformando o Estado em um balcão de negócios.
O governo é um agente de mediação dos impostos do Estado e molda seus gastos. 
Assim, ele “se transforma no senhor da sociedade civil, capaz de moldá-la e dar-lhe forma. 
Acima de tudo, através de impostos e gastos, o governo pode redistribuir a renda da socie-
dade. Através do poder que emana do dinheiro, ele pode moldar a sociedade à imagem do 
político” (DRUCKER, 1993, p. 91).
Quando o governo busca, por intermédio de um regime democrático, consolidar suas 
bases políticas pautadas na centralidade de poder – em que os interesses são exclusivamente 
relacionados ao capital –, há um aprofundamento das desigualdades entre classes sociais, 
sendo que as regiões pobres tornam-se ainda mais pobres e violentas, e as ricas ficam mais 
ricas e cercadas nos seus próprios territórios. A classe dominante atribui ao governo a res-
ponsabilidade de coibir as zonas de violência, mas ela mesma não dá condição de melhoria 
a esse quadro.
O disparate da divisão de classes criada pelo Estado ainda está longe de ter um fim. Essa 
realidade se reflete, por exemplo, no ensino universitário: até há pouco tempo, eram poucas 
as grandes instituições de ensino superior no Brasil – e a maioria da população não tinha 
acesso a essas universidades. Isso só se modificaria a partir da década de 1990, com a criação 
de centros tecnológicos de educação e novas universidades federais, como a Universidade 
Federal Fronteira Sul e a Unila, no sul do país. Mesmo assim, ainda é irrisório o número de 
vagas garantido à população em risco social, que tem um histórico de estudo em escolas sem 
o mínimo de infraestrutura. 
A democracia liberal e a nova ordem econômica mundial5
Geografia política, econômica e industrial64
Nesse sentido, a democracia no Brasil e no mundo, por maisantiga que seja em sua 
forma conceitual, tem de buscar medidas que possam diminuir as diferenças sociais entre as 
classes. No Brasil, depois de implementadas as políticas de distribuição de renda, o número 
de filhos por família diminuiu nas regiões de risco social. No sul do país, o desenvolvimento 
econômico e industrial tem se refletido expressivamente em menores taxas de fecundidade 
e aumento da expectativa de vida: 
Do Censo de 2000 para o de 2010, a população da região envelheceu, reduzindo 
a proporção de pessoas na primeira idade e aumentando de forma significativa 
a proporção de pessoas com mais de 60 anos. Apesar do crescimento populacio-
nal de mais de 11% da região, a população de pessoas com menos de 15 anos 
diminuiu, não apenas em comparação a outras faixas de idade, mas em termos 
absolutos. No Censo de 2010, eram 14.077.788 pessoas com menos de 15 anos, 
contra 15.741.793 de 2000, indicando uma continuidade na redução na taxa de 
natalidade. Estas alterações fizeram a proporção de jovens na população total 
passar, em termos relativos, de 32,97% para 26,52%, ao mesmo tempo em que a 
proporção de pessoas com mais de 60 anos atingiu 10,26%, ante 8,42% em 2000. 
(LEITE; SOUZA, 2012, p. 34)
Isso demostra claramente que, com a melhoria nas condições de vida – como aumen-
to do acesso à educação, saúde e alimentação –, há uma tendência natural de equilíbrio 
populacional.
O Estado, nesse contexto, tem o papel de governar em um regime democrático para o 
povo, promovendo políticas econômicas e sociais de integração e de desenvolvimento.
5.2 A ordem econômica globalizada
Desde a bolha imobiliária2 gerada nos Estados Unidos em 2008, o mundo passa por 
uma transformação econômica. Isso não é novidade, uma vez que historicamente é nas cri-
ses econômicas que o capitalismo mais lucra, pois o capital especulativo acaba retirando das 
classes menos privilegiadas o que lhes resta, por meio de alta de preços nos produtos de 
primeira necessidade e nos combustíveis, além de reservas de estoques, operando, muitas 
vezes, em cartéis que mantêm preços únicos em todas as regiões de consumo.
A nova ordem mundial instaurada – que remonta ao período da Guerra Fria, com a 
fragmentação da União Soviética, a única potência imperialista que não teve uma bomba se-
quer caída em seu território – vem saqueando as pequenas economias. Os EUA, como polo 
centralizador econômico com o dólar, têm e sempre tiveram o disparate de produzir moeda 
quando há necessidade, desde que suas próprias “necessidades capitalistas” e sua economia 
não estejam sendo colocadas em risco.
Uma potência econômica desenvolvida como os EUA tem, desde o século XVIII, um 
parque industrial diversificado, com grandes siderúrgicas, as maiores petroleiras e gigantes 
2 Movimento especulativo no mercado de imóveis que cria um cenário de crédito e oferta artificial, 
resultando em perdas capitais de bancos e empresas.
A democracia liberal e a nova ordem econômica mundial
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plantas de refino de petróleo – com suas indústrias químicas e petroquímicas – e um dos 
maiores polos automotivos do mundo. Tudo isso graças à pouquíssima intervenção do 
Estado, mas com a ferocidade de grandes empreendedores do fim do século XVIII, como 
John D. Rockefeller, Tom Scott, Cornelius Vanderbilt e Andrew Carnegie3 – homens que 
construíram a história capitalista dos EUA. 
Um dos maiores feitos dessa potência no período foi a melhoria nas técnicas de refino e 
tratamento do aço, como material que viria a suplementar a indústria moderna no início do 
século XIX. O que seriam das indústrias automobilísticas sem uma liga de metais agora mais 
resistente e mais flexível? O petróleo foi importante e as ferrovias ligaram regiões isoladas 
daquele país, mas a melhoria nas ligas metálicas é que fez de Nova Iorque uma gigante e 
verticalizada cidade – e à frente disso estava o industrial Andrew Carnegie (Figura 1), um 
visionário para sua época na produção de aço.
Figura 1 – Retrato do empresário americano Andrew Carnegie, em 1913.
Fonte: The Library of Congress/Wikimedia Commons.
Por mais que a história nos conte que foi na Inglaterra onde ocorreram as grandes trans-
formações na indústria, a nação mais à frente no início do século XIX, com demanda humana 
e material, era a dos EUA – uma nação globalizada já à sua época, com potencial produtivo 
grandioso e que reflete até os dias de hoje. 
Entretanto, o processo de transformação econômica atual, obrigatoriamente, passa pela 
China e pela Rússia. No século XXI, os Estados Unidos devem passar de protagonista para 
coadjuvante, pois a China, gigante asiático, emerge com performance inigualável, chegando 
a ser o segundo maior PIB de 2013, inserindo-se na economia mundial com maestria, pois 
3 Esses empreendedores foram os primeiros a formar grandes monopólios de petróleo, aço, bancos e 
redes ferroviárias.
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Geografia política, econômica e industrial66
decola com voracidade nos negócios. Um dos maiores segredos dessa potência globalizada 
é a imersão na formação técnica e profissional de sua população. 
No entanto, devemos ter a clareza de que nada acontece da noite para o dia, e não foi 
diferente nessa nação:
O movimento de Educação Socialista foi a base para a revolução cultural ini-
ciada em 1965, sob a liderança de Mao Tse-Tung que, inclusive, estava afastado 
da presidência do Partido. A revolução cultural buscou incisivamente estimular 
a iniciativa das massas populares, principalmente àqueles que não pertenciam 
formalmente ao Partido, por meio da queda das barreiras burocráticas, que era 
o grande obstáculo à participação política. O fervor revolucionário também foi 
estimulado, pois os dirigentes do Partido acreditavam que era a melhor forma 
de aumentar a produtividade. O Movimento de Educação Socialista, além de 
atingir os objetivos específicos determinados pelo Partido Comunista, preparou 
a China para o grande desenvolvimento econômico e social, evidenciados no 
final do século XX e início do século XXI. (OLIVEIRA, 2008, p. 6)
Assim, como podemos conferir, a China emerge como potência, por mais que contras-
tes sociais ainda perdurem. O processo contínuo de formação da população é considerado 
primordial: o fenômeno de crescimento chinês é resultado de políticas específicas na área 
educacional e suprimento de outras demandas de governança que trouxeram à tona essa 
potência econômica no século XXI. Além disso,
Na verdade, houve uma coincidência de fatores geográficos, históricos, políticos 
e econômicos, que não podem ser replicados em outros países ou outras ocasiões 
ainda que a experiência chinesa ofereça lições importantes – que não obstan-
te podem diferir de acordo com a abordagem ao desenvolvimento econômico. 
(NONNENBERG, 2010, p. 203)
Nas áreas de governança, a China buscou criar situações para a população crescente 
que pudesse atender aos ideais de desenvolvimento, seguindo a ordem do comércio inter-
nacional, com viés capitalista. No entanto, criou subterfúgios, como a lei de patentes, que 
não é e nunca foi respeitada, fazendo da sua engenharia reversa a mais eficaz do mundo glo-
balizado. Vejamos alguns elementos importantes dessa economia globalizada (Quadro 1).
Quadro 1 – Aspectos da macroeconomia chinesa. 
Liberalização 
de preços
O Estado tratava de construir cotas de produção fixas e as comunida-
des deveriam produzir com preços determinados previamente. O ex-
cedente poderia ser negociado no comércio e, na sequência, a taxação 
era liberada de acordo com a demanda, gradativamente. 
Liberalização 
do comércio 
exterior
A comercialização internacional tinha toda a estrutura do governo na 
forma de planejamento. Todo processo de exportação era estatizado e 
o preço era determinado pelo Executivo.
A democracia liberal e a nova ordem econômica mundial
Geografia política, econômica e industrial
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Zonas 
Econômicas 
Especiais 
(ZEEs)
Era permitidaa criação de empresas com capital do investimento es-
trangeiro e houve deslocamento do eixo produtivo para a capital, nas 
áreas onde havia incentivos de mão de obra. Na região mais produ-
tiva da capital, fixaram-se as áreas de tecnologia com maior nível de 
desenvolvimento.
Grande 
contingente de 
mão de obra 
favorável
A população do campo, em busca de melhor qualidade de vida, foi em 
busca de trabalho nas áreas industriais, próximas aos grandes centros 
urbanos. Isso permitiu o barateamento e a exploração da mão de obra.
Ausência de 
proteção à 
propriedade 
intelectual
Sem segurança na propriedade intelectual, as empresas poderiam 
copiar, modificar e vender com preços inferiores seus produtos, que 
também não apresentavam a qualidade esperada. Os negócios locais 
eram favorecidos pela parceria com sócios locais. As empresas se apro-
priavam ilegalmente do conhecimento que vinha de fora e passaram a 
produzir as mercadorias e negociá-las no mercado interno.
Grandiosidade 
da população 
A mão de obra em grande número pôde produzir produtos em gran-
de escala e com mais horas de trabalho, barateando o custo geral da 
produção.
Investimentos 
Diretos 
Externos (IDEs)
As empresas iam diretamente para as ZEEs, pois ali recebiam todos 
os incentivos necessários para iniciar a produção, com isenção de im-
postos, infraestrutura e logística necessária, energia, fornecedores, 
áreas de desenvolvimento de pesquisa aplicada, laboratórios e núcleos 
incubadores.
Fonte: NONNENGERG, 2010, p. 204. Adaptado. 
O processo de integração econômica do mundo foi primordial para fazer da China 
um gigante no comércio internacional, favorecida pelo contingente de mão de obra, a 
falta de proteção de propriedade intelectual e a engenharia reversa realizada com qua-
lidade. Ela também é detentora de grande potencial mineral e energético que continua 
em ampliação, como no caso de uma das maiores barragens artificiais do mundo, a Três 
Gargantas, no rio Yan Tzé, cuja produção de energia hidrelétrica só perde para a usina 
brasileira Itaipu Binacional. 
Assim, o processo de globalização vem transformando a economia global, que é basea-
da no capitalismo e na sociedade que se transforma, sedenta por novos e melhores produtos. 
Abrem-se novas possibilidades para empresas, produtos e serviços, que agora se tornam 
mundiais, mas com exigências locais e regionais, tendo em vista padrões culturais diferen-
tes, conforme vem ocorrendo com muitas empresas multinacionais, nas áreas de tecnologia, 
vestuário e alimentação. 
A democracia liberal e a nova ordem econômica mundial5
Geografia política, econômica e industrial68
5.3 A influência do capitalismo 
globalizado nas geoeconomias
Atualmente, é possível ter, em nossas residências, a comodidade do mundo globaliza-
do, favorecida pelo avanço das tecnologias e dos meios de comunicação.
A internet tem ofuscado o sonho capitalista de alguns monopólios históricos. É o caso, 
por exemplo, das empresas de táxi, que vêm perdendo para os motoristas autônomos de 
aplicativos de transporte privado.
Outro exemplo é a Netflix – provedor de séries e filmes via internet –, na qual podemos 
escolher séries, filmes e documentários e assistir a esses programas quantas vezes julgarmos 
necessário. Em consequência, as empresas de TV a cabo estão sucumbindo, pois não é mais 
preciso aguardar a programação comercial das monopolistas televisivas. 
Nesse sentido, a globalização com base na velocidade de informação tem transformado 
o comércio global nas áreas de entretenimento. A difusão da pirataria de produtos de entre-
tenimento tem feito com que as empresas busquem alternativas comerciais que minimizem 
os efeitos globais em seus lucros.
Não é necessário mais aguardar meses para ver a sequência de filmes ou séries lança-
dos nos EUA, por exemplo. As empresas têm feito lançamentos simultâneos, não mais com 
reserva de mercado, mas fazendo com que o consumidor globalizado adquira antecipada-
mente sua cota de desejo. 
Assim, a globalização transforma as economias usando as armas de sempre: o poder 
de compra das pessoas, a modernização de seus sistemas e a implementação de inova-
ções tecnológicas em seus produtos, mercadorias e serviços. “De fato, para grande parte 
da humanidade a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades” 
(SANTOS, 2008, p. 19). E os elementos ideológicos dessa “fábrica” são contrastantes 
dentro do modelo capitalista, já que, em vez de promoverem uma transformação social, 
aprofundam as desigualdades.
Como produto mercadológico, os filmes, que antes eram projetados apenas em 
cinemas, passam a ocupar novos papéis no cenário de consumo. A proliferação 
das inúmeras telas, por meio de televisores, computadores, celulares e tablets, 
deixam o consumidor escolher em qual plataforma deseja consumir o produto 
audiovisual. Essas opções oferecidas pelas marcas aos consumidores desenca-
deiam a necessidade de um olhar mais pontual a quem consome os produtos. 
O uso do mercado de nicho aparece justamente dentro deste cenário, no qual é 
possível segmentarmos produtos por perfis pessoais, significando a passagem 
da mídia de massa ao planejamento de produtos direcionados a uma parcela po-
tencial de consumo, ocasionando rentabilidade financeira e foco nas campanhas 
publicitárias. (HERMANN, 2012, p. 226)
A democracia liberal e a nova ordem econômica mundial
Geografia política, econômica e industrial
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69
Nessa demanda, observamos que, mesmo se alguns elementos comerciais deixarem de 
existir como instrumentos físicos, abrem-se novas oportunidades de compra de produtos, 
para a comodidade das pessoas. Atualmente, por exemplo, por intermédio da tecnologia, 
podemos assistir a filmes e programas nos momentos de folga, no trabalho, na escola, no 
ônibus, no conforto de nossas camas, já que temos acesso a eles por meio de aplicativos das 
mais diversas tecnologias.
O novo consumidor está à mercê do capital que explora o trabalhador. As séries, filmes 
e documentários, além de entretenimento, trazem consigo uma grande carga de anúncios 
publicitários implícitos, por vezes introduzidos por meio de mensagens subliminares. Ao 
assistirmos a esses anúncios, eles podem causar o desejo de consumo.
A transformação na forma de consumir com base no mercado virtual tem ganhado for-
ça nos últimos anos. A energia comercial vem do aumento do poder de compra, da ascensão 
social e da melhoria na qualidade de vida, que torna as pessoas potenciais consumidores.
Numa sociedade agora altamente conectada em rede e orientada para o con-
sumo, na qual as pessoas têm necessidade de um modelo econômico centrado 
no indivíduo, os mercados não são os inimigos. Esta é a maior diferença entre 
um pós-capitalismo baseado da tecnologia da informação e um pós-capitalismo 
baseado em planejamento autocrático. Não há razão em abolir os mercados por 
decreto, desde que abolidos os desequilíbrios básicos de poder que a expressão 
“livre mercado” mascara. (MASON, 2017, p. 400)
O consumidor, imbuído de poder, nos dias atuais tem as ferramentas necessárias ao 
mercado global de capitais. Esse potencial consumidor pode estar em uma loja virtual da 
China, favorecendo uma fábrica na Turquia, na Noruega, na Finlândia, na Escócia etc., pois 
o comércio eletrônico lhe permite buscar um produto determinado, com o preço que ele se 
dispõe a pagar e que seja adequado a seu desejo.
O mercado global deve passar por uma regulamentação no tocante ao e-commerce, mas, 
enquanto isso não ocorre, o consumidor ainda é beneficiado, pois os impostos no comércio 
tradicional ainda não estão totalmente embutidos nos produtos. O resultado de uma regula-
mentação geral ainda é incerto, visto o que já ocorreu, por exemplo, com o setor de telefonia, 
cuja privatização trouxe a ampliação de serviços, mas não o barateamento.
As grandes multinacionais que necessitam de lojas físicas já permitem que o consumi-
dor faça suas escolhas na “pré-compra”, buscando acessórios, mudando a cor do produtoe verificando os adicionais de compra. Então, mesmo as grandes lojas de varejo já estão no 
rumo de uma modernização no contato entre fabricantes, produtos e consumidores. “O ato 
de inovar e criar, seja um tipo de motor, seja uma faixa de dance music, tem sido recompen-
sado, até agora, pela capacidade da firma em colher ganhos de curto prazo, por conta das 
vendas maiores e custo menores” (MASON, 2017, p. 185).
A democracia liberal e a nova ordem econômica mundial5
Geografia política, econômica e industrial70
Um dos elementos de supremacia já realizados são as patentes voláteis de curto 
prazo4. Isso faz com que, na maioria dos países em desenvolvimento, as empresas sim-
plesmente não respeitem as legislações internacionais, pois o que está em evidência é o 
desejo do consumidor.
Nesse sentido, podemos observar que os países em desenvolvimento, principalmente 
os do Hemisfério Sul, sempre desfavorecidos em uma demanda desigual de comércio, de-
vem buscar maior integração entre si, já que o mercado global faz malabarismos comerciais, 
ou simplesmente não cumpre as demandas sociais, com consequências à seguridade social e 
à exploração da mão de obra em nações com profundas desigualdades sociais.
Então, os emergentes devem consolidar parcerias e acordos bilaterais que possam for-
talecer seu mercado interno, buscando o crescimento regional com políticas desenvolvimen-
tistas e promovendo a geração de emprego e renda às populações.
Conclusão
Como vimos, as demandas de crescimento das economias emergentes estão à mercê de 
uma economia globalizada. No caso da China, ela buscou fortalecer sua economia interna 
criando zonas econômicas especiais (ZEEs), não respeitando as normas internacionais de 
patentes, o que fez com que essa nação ficasse entre as cinco maiores economias do mundo.
Uma economia globalizada promove contrastes intensos, aprofundando as desigual-
dades entre as classes sociais. A Divisão Internacional do Trabalho se aprofunda quando 
as economias imperialistas buscam apenas a exploração de recursos humanos e commodities 
nos países com histórico de produção agrícola e extração mineral.
A internet, como facilitadora da integração do comércio mundial, vem provocando 
mudanças, porque o consumidor busca aquilo que lhe é oferecido pela propaganda, agora 
embutida em séries e filmes. Com o encurtamento das distâncias e o tempo relativizado, a 
internet tem favorecido, do ponto de vista conceitual, o intenso processo da globalização 
humana, e isso, sobretudo, por estar influenciada pelo jeito ocidental.
Desse modo, percebemos que o capitalismo não mudou sua proposta, ele a modernizou 
atendendo aos anseios do novo consumidor. A comodidade e a facilidade na logística de 
compra e entrega dos mais diversos tipos de produtos e mercadorias têm se intensificado 
com o e-commerce.
Assim, atualmente somos cidadãos globalizados, atendendo às necessidades do capita-
lismo, agora na palma de nossas mãos.
4 São produtos fáceis de reproduzir, de engenharia reversa duvidosa, sem respeitar as patentes origi-
nais e geralmente de qualidade inferior.
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71
Paralelo entre a democracia 
grega e a atual
(BORGES, 2015, p. 64-65)
A base do conceito de democracia (Estado Democrático) é a noção de 
governo do povo. Este conceito é aceito tanto no Estado atual quanto foi 
no Estado Grego na antiguidade. Porém, na Grécia significava apenas 
“governo do povo” e hoje, no inconsciente coletivo ocidental, adquiriu 
o significado mais preciso de “governo da maioria”. Hoje, por meio do 
sufrágio universal, com o exercício do voto, a maioria do povo é quem 
escolhe seus representantes no governo.
Também a noção de “povo que deve governar” é divergente: para os gre-
gos a regra era a restrição, ou seja, somente uma parcela da sociedade 
era considerada apta a participar das decisões políticas. Atenas (450 a.C.), 
por exemplo, tinha aproximadamente 200.000 habitantes, dos quais ape-
nas 20.000 eram considerados cidadãos gregos, aptos à participação polí-
tica. Observe-se que “aptos” eram os homens livres e proprietários de 
bens materiais. Outra curiosidade sobre a democracia grega é que para 
os atenienses o método democrático era o sorteio. Atualmente, no Brasil, 
homens e mulheres, maiores de dezesseis anos, inclusive os analfabetos, 
são aptos, por meio do voto, a governar. 
Outras características importantes da democracia na Grécia Antiga [...]: a) 
a participação do cidadão grego nas decisões políticas era mais um dever 
do que um direito; b) o Estado intervinha grandemente na vida privada 
das pessoas, como, por exemplo, impondo o tipo de traje que homens e 
mulheres deviam usar. Percebe-se que, em algumas situações, especial-
mente nas questões privadas, o ideal totalitário se acomodava na prática 
da democracia grega. Hoje, a Constituição Federal brasileira assegura inú-
meras liberdades individuais, como, por exemplo, a intimidade e a priva-
cidade, valorizando a autonomia da vontade.
[...]
 Ampliando seus conhecimentos
A democracia sempre nos é apresentada como o governo que emana do povo, 
conceito pregado desde a Grécia Antiga. Mas será que vivenciamos isso na prá-
tica? As realidades atual e da Antiguidade vêm sendo alvo de muitas compara-
ções, inclusive no Brasil, como demonstra o texto a seguir.

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