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DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

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Afirmação histórica 
dos direitos humanos
Prof. Luciano Favaro
Histórico dos direitos humanos
Alguns historiadores relatam que as noções elementares do que atualmente se
considera os direitos humanos já eram verificadas muito antes do atual histórico
dos direitos humanos, como, por exemplo, no Código Hamurabi ou no Cilindro
de Ciro.
Código Hamurabi, 1.772 a.C.
No ano aproximado de 1.772 a.C. na Mesopotâmia, é redigido pelo Rei Hamurabi, um
Código que “talvez tenha sido a primeira codificação a consagrar um rol dos direitos
comuns a todos os homens, como a vida, a propriedade, a honra, a dignidade, a
família, prevendo a supremacia das leis em relação aos seus governantes”.
GUERRA, Sidney. Direitos humanos: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 53.
Código Hamurabi, 1.772 a.C.
Apesar de conter, nesse Código, a famosa Lei de Talião (“olho por olho, dente por
dente”), alguns de seus dispositivos tratavam de certa forma de alguns direitos, como,
por exemplo, o direito a referida propriedade. Trata-se do primeiro conjunto de leis
escritas do qual se há registro histórico.
Esse documento talhado em uma rocha foi localizado em
1901 por uma expedição francesa e, atualmente,
encontra-se exposto no Museu no Louvre.
Cilindro de Ciro, 539 a.C
O imperador Ciro, da Pérsia, que conquistou a Babilônia, narrou em um cilindro
os feitos na conquista dessa região.
Dessa narrativa é possível extrair o que o que hoje pode ser entendido como
direitos fundamentais, a exemplo da liberdade dos escravos e da liberdade do
direito à religião.
Esse Cilindro foi descoberto em 1879 e no ano de
1971 a ONU o traduziu para todos os seus idiomas
oficiais. Atualmente o Cilindro está exposto no
Museu Britânico.
Grécia
Fábio Konder Comparato relata que a história dos Direitos Humanos começa nos
anos VI a.C. com a criação das primeiras instituições democráticas em Atenas.
A democracia Ateniense pode-se dizer o berço dos direitos humanos, não só foi importante
pelo respeito que os gregos tinham as leis, como também pelo número enorme de
instituições de cidadania ativa que fazia com que o povo se autogovernasse. Havia um
grande limite ao poder dos soberanos não só imposto pela supremacia das leis, mas ainda,
por estas instituições de cidadania muito atuantes na época.
Grécia
A título exemplificativo, em Atenas verificava-se a atribuição do povo de eleger
seus governantes, bem como a tomada direta de decisões, em assembleia, das
grandes decisões políticas, como, por exemplo, adoção de novas leis; declaração
de guerra; celebração de tratados de paz; entre outros.
Roma
Posteriormente, com a fundação da República Romana e advento do Império
Romano, também se verifica um histórico dos Direitos Humanos, como, por
exemplo, com a necessidade do crivo popular para que se iniciasse um projeto
de lei.
Idade Média
Com o advento da Idade Média e instauração do feudalismo houve o
enfraquecimento do poder político, bem como da participação popular.
Somente em 1215, com a Magna Carta é que se tem a reconstrução da unidade
política perdida durante a Idade Média.
Magna Carta 
Libertatum, 1215
Magna Carta Libertatum, 1215
Os frequentes fracassos do Rei João “sem terra”, após assumir o trono inglês
(fracasso na tentativa de reconquistar os territórios ingleses; controvérsia com a
Igreja na indicação de Arcebispo; etc), fizeram com que seus súditos forçassem-
no a assinar a Magna Carta que enumerou o que mais tarde passou a ser
considerado de Direitos Humanos.
Magna Carta Libertatum, 1215
Entre esses Direitos destacam-se:
→ o Direito de a Igreja ser livre de qualquer interferência do Governo;
→ o Direito de todos os cidadãos livres possuírem e herdarem
propriedade, entre inúmeros outros direitos.
Assim, no ano 1215, em Runnymede, perto de Windsor, o Rei João Sem Terra
outorgou a Magna Carta:
Magna Carta Libertatum, 1215
1. Temos resolvido e prometido ante Deus, confirmando a presente Carta
perpetuamente, e para nossos sucessores, que a Igreja da Inglaterra seja livre e goze
de seus direitos em toda sua integridade, permanecendo ilesas suas liberdades, de
modo que resulte a liberdade nas eleições como a mais indispensável e necessária
para a sobredita Igreja da Inglaterra. Por esta razão, assim o temos concedido e
confirmado por nossas simples e espontânea vontade, antes de nossas discórdias
com nossos Barões, e obtivemos a devida confirmação do Sumo Pontífice Inocêncio
III, obrigando-nos à sua observância, e desejando que nossos herdeiros a guardem e
cumpram perpetuamente e com boa fé.
Magna Carta Libertatum, 1215
2. Também concedemos perpetuamente, em nosso nome e no de nossos sucessores,
para todos os homens livres do reino de Inglaterra, todas as liberdades, cuja
continuação se expressam, transmissíveis a seus descendentes.
(...)
25. Um possuidor de bens livres não poderá ser condenado a penas pecuniárias por
faltas leves, mas pelas graves, e, não obstante isso, a multa guardará proporção com
o delito, sem que, em nenhum caso, o prive dos meios de subsistência. Esta
disposição é aplicável, por completo, aos mercadores, aos quais se reservará alguma
parte de seus bens para continuar seu comércio.
Magna Carta Libertatum, 1215
44. Não se cobrará nada para o futuro pelos writs ou cédulas de inspeção a favor de
quem queira uma informação, por haver perdido a vida ou algum dos seus membros
qualquer indivíduo, pelo contrário, serão dadas grátis e nunca serão negadas.
(...)
50. Nossos comerciantes, se não estão publicamente inabilitados, poderão transitar
livremente pelo Reino, entrar, sair, permanecer nele, viajar por mar e por terra,
comprar e vender conforme os antigos costumes, sem que se lhes imponha qualquer
empecilho no exercício de seu tráfico, exceto em tempo de guerra ou quando
pertençam a um país que se ache em guerra conosco.
Petição de Direito, 1628 – Petition of Rights
Trata-se de um documento feito pelo Parlamento inglês e encaminhado ao Rei
Carlos I como uma declaração de liberdade civil.
Petição de Direito, 1628 – Petition of Rights
Este documento nasce da rejeição por parte do Parlamento de financiar a
política exterior do rei que era considerada muito impopular.
Além disso, passou-se a verificar prisões arbitrárias e aprisionamento daqueles
que se opunham às políticas do Rei.
Petição de Direito, 1628 – Petition of Rights
Foram 4 os princípios enumerados nessa Carta:
1) Nenhum tributo pode ser imposto sem o consentimento do Parlamento;
2) Nenhum súbdito pode ser encarcerado semmotivo demonstrado;
3) Nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos; e
4) a Lei Marcial não pode ser usada em tempo de paz:
Habeas Corpus Act, 1679
“Durante os agitados anos em que reinaram os Stuart, últimos soberanos
católicos da Inglaterra, o Parlamento, maciçamente protestante, procurou por
todos os meios limitar o poder real, notadamente o poder de prender os
opositores políticos, sem submetê-los a processo criminal regular”.
Habeas Corpus Act, 1679
O Habeas Corpus já existia na Inglaterra como mandado judicial (writ) em caso
de prisão arbitrária.
Foi, inclusive, antecedente à Magna Carta Libertatum.
Ocorre que a eficácia desse remédio era reduzida. Não havia regras processuais
adequadas.
O Habeas Corpus Act, de 1679, veio, assim, regulamentar esse remédio
confirmando que “as garantias processuais que criam os direitos e não o
contrário”.
Habeas Corpus Act, 1679
A importância histórica do habeas corpus, tal como regulado pela lei inglesa de 1679,
consistiu no fato de que essa garantia judicial, criada para proteger a liberdade de
locomoção, tornou-se a matriz de todas as que vieram a ser criadas posteriormente,
para a proteção de outras liberdades fundamentais. Na América Latina, por exemplo,
o juicio de amparo e o mandado de segurança copiaram do habeas corpus a
característica de serem ordens judiciais dirigidas a qualquer autoridade pública
acusada de violar direitos líquidos e certos, isto é, direitos cuja existência o autor
pode demonstrardesde o início do processo, sem necessidade de produção ulterior
de provas.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos, p. 101-102.
Habeas Corpus Act, 1679
I - A reclamação ou requerimento escrito de algum indivíduo ou a favor de algum
indivíduo detido ou acusado da prática de um crime (exceto tratando-se de traição
ou felonia, assim declarada no mandato respectivo), o lorde-chanceler ou, em tempo
de férias, algum juiz dos tribunais superiores, depois de terem visto cópia do
mandato ou o certificado de que a cópia foi recusada, concederão providência de
habeas corpus (exceto se o próprio indivíduo tiver negligenciado, por dois períodos,
em pedir a sua libertação) em benefício do preso, a qual será imediatamente
executória perante o mesmo lorde-chanceler ou o juiz; e, se, afiançável, o indivíduo
será solto, durante a execução da providência (upon the return), comprometendo-se
a comparecer e a responder à acusação no tribunal competente.
Bill of Rights, inglês,
1689
Bill of Rights, inglês, 1689
Trata-se da Declaração inglesa de Direitos feita pelo Parlamento inglês.
Para que o Rei Guilherme e sua mulher fossem coroados reis da Inglaterra, eles
tiveram de aceitar essa Declaração.
Bill of Rights, inglês, 1689
Promulgado um século antes da Revolução Francesa, o Bill of Rights pôs fim,
pela primeira vez, desde o seu surgimento na Europa renascentista, ao regime
de monarquia absoluta, no qual todo poder emana do rei e em seu nome é
exercido.
Essa Declaração retomou algumas disposições da Petição de Direitos, de 1628.
Bill of Rights, inglês, 1689
O documento proposto representou a institucionalização da permanente
separação de poderes do Estado (elogiada, posteriormente, por Montesquieu)
como garantia das liberdades civis.
Pelo Bill of Rights criou-se uma divisão de poderes, uma forma de organização
do Estado que, “em última análise, é proteger os direitos fundamentais da
pessoa humana”.
Trecho do Bill of Rights, inglês, 1689
Os Lordes espirituais e temporais e os membros da Câmara dos Comuns
declaram, desde logo, o seguinte:
1. que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou
seu cumprimento.
2. que, do mesmo modo, é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para
dispensar as leis ou o seu cumprimento, como anteriormente se tem verificado, por
meio de uma usurpação notória.
Trecho do Bill of Rights, inglês, 1689
Os Lordes espirituais e temporais e os membros da Câmara dos Comuns
declaram, desde logo, o seguinte:
(...)
4. que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento,
sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele
próprio.
(...)
7. que os súditos protestantes podem ter, para a sua defesa, as armas necessárias à sua
condição e permitidas por lei.
Trecho do Bill of Rights, inglês, 1689
Os Lordes espirituais e temporais e os membros da Câmara dos Comuns
declaram, desde logo, o seguinte:
9. que os discursos pronunciados nos debates do Parlamento não devem ser examinados
senão por ele mesmo, e não em outro Tribunal ou sítio algum.
10. que não se exigirão fianças exorbitantes, impostos excessivos, nem se imporão penas
demasiado deveras.
(...)
Trecho do Bill of Rights, inglês, 1689
Os Lordes espirituais e temporais e os membros da Câmara dos Comuns
declaram, desde logo, o seguinte:
13. que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os
agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis.
(...)
15. A esta petição de seus direitos fomos estimulados, particularmente, pela
declaração de S. A. o Príncipe de Orange (depois Guilherme III), que levará a termo a
liberdade do país, que se acha tão adiantada, e esperamos que não permitirá sejam
desconhecidos os direitos que acabamos de recordar, nem que se reproduzam os
atentados contra a sua religião, direitos e liberdades.
Declaração de Direitos de Virgínia, 1776
Trata-se de uma declaração de direitos, de 16 de junho de 1776, que decorre da
luta pela independência dos Estados Unidos.
Ela precedeu a Declaração de Independência dos EUA.
Nesse documento foram enumerados direitos fundamentais, como, por
exemplo, o direito de se rebelar contra um governo “inadequado”.
Trecho da Declaração de Direitos de Virgínia, 1776
Declaração de direitos formulada pelos representantes do bom povo de Virgínia,
reunidos em assembleia geral e livre; direitos que pertencem a eles e à sua
posteridade, como base e fundamento do governo.
I. Que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes, e têm certos
direitos inatos, dos quais, quando entram em estado de sociedade, não podem por
qualquer acordo privar ou despojar seus pósteros e que são: o gozo da vida e da liberdade
com os meios de adquirir e de possuir a propriedade e de buscar e obter felicidade e
segurança.
II. Que todo poder é inerente ao povo e, consequentemente, dele procede; que os
magistrados são seus mandatários e seus servidores e, em qualquer momento, perante ele
responsáveis.
Trecho da Declaração de Direitos de Virgínia, 1776
Declaração de direitos formulada pelos representantes do bom povo de Virgínia,
reunidos em assembleia geral e livre; direitos que pertencem a eles e à sua
posteridade, como base e fundamento do governo.
III. Que o governo é instituído, ou deveria sê-lo, para proveito comum, proteção e
segurança do povo, nação ou comunidade; que de todas as formas e modos de
governo esta é a melhor, a mais capaz de produzir maior felicidade e segurança, e a
que está mais eficazmente assegurada contra o perigo de um mau governo; e que se
um governo se mostra inadequado ou é contrário a tais princípios, a maioria da
comunidade tem o direito indiscutível, inalienável e irrevogável de reformá-lo,
alterá-lo ou aboli-lo da maneira considerada mais condizente com o bem público.
Declaração de independência dos EUA, 1776
Em 4 de julho de 1776, o Congresso norte-americano aprovou a Declaração de
Independência escrita, inicialmente, por Thomas Jefferson. Posteriormente, o
documento foi revisto por John Adams, Benjamin Franklin, Roger Sherman e
Robert R. Livingston,
Essa Declaração teve dois temas:
- os direitos individuais; e
- o direito de revolução.
Bill of Rights, EUA, 1789
Após a Independência norte-americana, em 1787, na Filadélfia, é escrita a
Constituição dos Estados Unidos da América a qual foi promulgada em 17 de
setembro de 1787.
Trata-se da mais antiga constituição escrita em vigência no mundo.
Bill of Rights, EUA, 1789
No ano de 1789, foram propostas 10 emendas à Constituição norte-americana.
Essas emendas, após ratificação de três quartos dos estados, foram aprovadas
em entraram em vigor em 15 de dezembro de 1791.
Elas passaram a ser denominadas de Bill of Rights (Declaração de Direitos).
Trechos do Bill of Rights, EUA, 1789
Emenda I - O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, nem proibir o
livre exercício de uma; nem cerceando a liberdade de expressão, ou de imprensa; ou o
direito de o povo se reunir pacificamente e dirigir petições ao Governo para reparação de
injustiças.
Emenda II - Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia
bem organizada, o direito do povo a possuir e usar armas não poderá ser infringido.
Emenda III - Nenhum soldado deve, em tempo de paz, ficar alojado em qualquer casa sem o
consentimento do proprietário, nem em tempo de guerra, a não ser da forma prescrita pela
lei.
Trechos do Bill of Rights, EUA, 1789
Emenda IV - O direito do povo à inviolabilidade de pessoas, casas, documentos e
propriedade pessoal contra buscas e apreensões não razoáveis não deve ser violado, e não
devem ser emitidos mandatos a não ser com causa provável apoiada por juramento ou
declaração e descrevendo especificamente o local da busca e as pessoas ou coisas a serem
apreendidas.
Emenda V - Nenhuma pessoa será detida para responder por um crime capital, ou outro
crime infame, salvo pordenúncia ou acusação perante um Grande Júri, exceto em casos que
ocorram nas forças navais ou terrestres, ou na milícia, quando em serviço efetivo em
situação de guerra ou perigo público; nem pode qualquer pessoa ser julgada duas vezes pelo
mesmo crime cuja condenação possa levar à pena capital ou ao encarceramento; nem ser
obrigada a servir de testemunha em qualquer processo criminal contra si mesma, nem ser
privada de vida, liberdade ou bens sem o devido processo legal; nem a propriedade privada
poderá ser expropriada para uso público sem justa indemnização.
Trechos do Bill of Rights, EUA, 1789
Emenda VI - Em todos os processos penais o acusado terá direito a um julgamento rápido e
público por um júri imparcial do Estado e distrito onde o crime tenha sido cometido, distrito
esse que será previamente estabelecido por lei, e a ser informado da natureza e causa da
acusação; a ser confrontado com as testemunhas de acusação; a ter um processo obrigatório
para obtenção de testemunhas a seu favor e a ter a assistência de um advogado para sua
defesa.
(...)
Emenda VIII - Não será exigida fiança excessiva, nem impostas multas excessivas, nem penas
cruéis ou invulgares.
Emenda IX - A enumeração de certos direitos na Constituição não deverá ser interpretada
como negação ou coibição de outros direitos inerentes ao povo.
Emenda X - Os poderes não delegados aos Estados Unidos pela Constituição, nem por ela
negados aos Estados, são reservados aos Estados ou ao povo, respectivamente.
Declaração de 
Direitos do 
Homem e do 
Cidadão, 
francesa, 1789
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, francesa, 1789
Essa Declaração foi adota pela
Assembleia Constituinte Nacional
após a Revolução Francesa, em
1789, que culminou na abolição
da monarquia absoluta e o
estabelecimento da primeira
República Francesa.
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, francesa, 1789
O estilo abstrato e generalizante distingue, nitidamente, a Declaração de 1789 dos
Bills of rights dos Estados Unidos. Os americanos, em regra, (...), estavam mais
interessados em firmar a sua independência e estabelecer o seu próprio regime
político do que em levar a ideia de liberdade a outros povos. Os revolucionários de
1789, ao contrário, julgavam-se apóstolos de um mundo novo, a ser anunciado a
todos os povos e em todos os tempos vindouros.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos, p. 143-144.
Caráter universal da Declaração francesa
Uma declaração deve ser de todos os tempos e de todos os povos; as
circunstâncias mudam, mas ela deve ser invariável em meio às revoluções.
É preciso distinguir as leis e os direitos: as leis são análogas aos costumes,
sofrem o influxo do caráter nacional; os direitos são sempre os mesmos.
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, francesa, 1789
Essa Declaração foi o primeiro passo para a Constituição Francesa que veio no
de 1848.
Nessa Declaração se garantiu que todos os cidadãos devem ter garantidos os
direitos de “liberdade, propriedade, segurança e resistência à opressão”.
Trechos da Declaração
Em consequência, a Assembleia Nacional reconhece e declara em presença e sob os
auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos do Homem e do Cidadão:
I. Nascem e ficam iguais em direitos. As distinções sociais só podem ser fundamentadas na
utilidade comum.
(...)
IV. A liberdade consiste em poder fazer tudo quanto não incomode o próximo; assim o
exercício dos direitos naturais de cada homem não tem limites senão nos que asseguram o
gozo destes direitos. Estes limites não podem ser determinados senão pela lei.
(...)
VII. Nenhum homem poder ser acusado, sentenciado, nem preso se não for nos casos
determinados pela lei e segundo as formas que ela tem prescrito.
(...)
Trechos da Declaração
IX. Todo homem sendo julgado inocente até quando for declarado culpado.
(...)
XV. A sociedade tem o direito de exigir contas a qualquer agente público de sua
administração.
XVI. Qualquer sociedade na qual a garantia dos direitos não está em segurança, nem a
separação dos poderes determinada, não tem constituição.
XVII. Sendo a propriedade um direito inviolável e sagrado, ninguém pode ser dela privado, a
não ser quando a necessidade pública, legalmente reconhecida, o exige evidentemente e
sob a condição de uma justa e anterior indenização.
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, francesa, 1789
Interessante observar que em pouco tempo “percebeu-se que o espírito da
Revolução Francesa era, muito mais, a supressão das desigualdades
estamentais do que a consagração das liberdades individuais para todos”.
Daí o motivo de, ao contrário do que ocorrera nos Estados Unidos, a ideia de
separação de Poderes, ter sido rapidamente esquecida.
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, francesa, 1789
“A supressão dos privilégios, na lei e nos costumes, exigia a organização de uma
forte centralização de poderes, sem rígidas separações entre os diferentes
ramos do Estado e sem qualquer concessão de autonomia federativa aos entes
locais. Dessa centralização sem limites à reinstauração do Poder absoluto, no
regime do Terror, foi só um passo”.
Constituição Mexicana, 1917
Foi promulgada em 5 de fevereiro de 1917.
Trata-se da primeira Constituição a elevar os direitos trabalhistas à qualidade de
direitos fundamentais, juntamente com as liberdades individuais e os direitos
políticos.
Constituição Mexicana, 1917
A importância desse precedente histórico deve ser salientada, pois na Europa a
consciência de que os direitos humanos têm também uma dimensão social só
veio a se afirmar após a grande guerra de 1914-1918, que encerrou de fato o
“longo século XIX.
Constituição Mexicana, 1917
Artículo 123. Toda persona tiene derecho al trabajo digno y socialmente útil; al
efecto, se promoverán la creación de empleos y la organización social de trabajo,
conforme a la ley. Este artículo comprende todo lo referente a lo laboral.
Constituição Mexicana, 1917
Em síntese, a Constituição Mexicana “firmou o princípio da igualdade substancial de
posição jurídica entre trabalhadores e empresários na relação contratual de trabalho,
criou a responsabilidade dos empregadores por acidentes do trabalho e lançou, de
modo geral, as bases para a construção do moderno Estado Social de Direito.
Deslegitimou, com isso, as práticas de exploração mercantil do trabalho, e portanto da
pessoa humana, cuja justificativa se procurava fazer, abusivamente, sob a invocação
da liberdade de contratar”.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos, p. 189.
Declaração de Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, 
Rússia, 1918
Trata-se da Declaração por meio da qual se formalizou o nascimento da União
Soviética.
Nessa Declaração foram inseridos direitos fundamentais sociais.
Declaração de Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, 
Rússia, 1918
Entre a Constituição mexicana e a Constituição de Weimar, eclode a Revolução Russa,
um acontecimento decisivo na evolução da humanidade no século XX. O III Congresso
Pan-Russo dos Sovietes, de Deputados Operários, Soldados e Camponeses, reunido
em Moscou, adotou, em 4 (17) de janeiro de 1918 (...) a Declaração dos Direitos do
Povo Trabalhador e Explorado. Nesse documento são afirmadas e levadas às suas
últimas consequências, agora com apoio na doutrina marxista, várias medidas
constantes da Constituição mexicana, tanto no campo socioeconômico quanto no
político.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos, p. 185.
Declaração de Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, 
Rússia, 1918
Diferença para a Constituição Mexicana: A Constituição Mexicana não fez
exclusões sociais próprias do marxismo: “o povo mexicano não é reduzido
unicamente à classe trabalhadora”.
Constituição de Weimar, Alemanha, 1919
Trata-se da primeira Constituição da República Alemã.
Foi elaborada e votada na cidade de Weimar pertencente à Saxônia.
Constituição de Weimar, Alemanha, 1919
O projeto dessa Constituição foi redigido porHugo Preuss.
Constituição de Weimar, Alemanha, 1919
Nessa Constituição, conquanto tenha vigido por breve período de tempo, foram
previstos Direitos civis e políticos, bem como os Direitos Econômicos e sociais,
seguindo, desse modo, as linhas mestras da Constituição Mexicana de 1917.
Constituição de Weimar, Alemanha, 1919
Essa Constituição apresentou duas partes:
- a primeira, na qual se objetivou a organização do Estado; e
- a segunda, na qual foram declarados os direitos e deveres fundamentais.
Constituição de Weimar, Alemanha, 1919
O maior destaque nessa constituição foi a consagração dos direitos trabalhistas,
como, por exemplo, a permissão expressa da liberdade associativa dos
trabalhadores, bem como a participação de empregados e empregadores na
regulação estatal da economia.
Constituição de Weimar, Alemanha, 1919
Quinto capítulo: A Economia
Artigo 151 A economia tem de ser organizado com base nos princípios de justiça, com o
objetivo de alcançar a vida com dignidade para todos. Dentro desses limites a liberdade
econômica do indivíduo deve ser garantida.
Artigo 152 A liberdade de contrato é o alicerce das transações econômicas, de acordo com
as leis. A usura é proibida. Os negócios jurídicos que ofenderem os bons costumes são
inválidos.
Artigo 153 A propriedade é garantida pela Constituição. Leis determinarão o seu conteúdo e
limitação. A expropriação só pode ser decretado com base em leis vigentes e com a
finalidade de bem-estar público.
Constituição de Weimar, Alemanha, 1919
Artigo 163 A Cada alemão será dada a oportunidade de ganhar a vida mediante um trabalho
econômico.
Artigo 165. Trabalhadores e empregados são chamados a participar, em pé de igualdade e
em cooperação com os empregadores, na regulação dos salários e condições de trabalho,
bem como no desenvolvimento econômico das forças produtivas. As organizações formadas
por ambos os lados e seus acordos mútuos são reconhecidos.
Carta del Lavoro, Itália, 1927
Trata-se do Documento elaborado na Itália pelo Partido Nacional Fascista, de
Benito Mussolini, no qual foram apresentadas as linhas mestras acerca das
relações de trabalho na sociedade.
Carta del Lavoro, Itália, 1927
A Carta del Lavoro foi a base da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT
(Decreto-Lei 5.452), no Brasil, a qual foi aprovada em 1º de maio de 1943 por
Getúlio Vargas.
Afirmação histórica 
dos direitos humanos
Direito internacional 
dos Direitos Humanos
Prof. Luciano Favaro
Histórico
O Histórico do Direito Internacional dos Direitos Humanos tem três grandes
marcos:
- a instituição do Direito Internacional Humanitário; e
- a instituição de duas Organizações Internacionais, já no século XX, após o
término da 1ª Guerra Mundial:
a) Liga das Nações; e
b) Organização Internacional do Trabalho – OIT.
Direito Internacional Humanitário
O Direito Humanitário trata da proteção da pessoa humana nos conflitos
armados.
Pretende-se, por esse Direito, minimizar as hostilidades sofridas pelas
pessoas durante os conflitos armados.
Objetivo do Direito Internacional Humanitário
Objetiva-se por intermédio do Direito Internacional Humanitário:
- resguardar os direitos das pessoas que não estão a participar da hostilidade;
- restringir os meios e métodos de guerra.
Direito Internacional Humanitário
O marco inicial do Direito Humanitário se deu com a instituição do Comitê
Internacional da Cruz Vermelha – CICV com sede em Genebra, Suíça.
O que viria a ser o CICV reuniu-se pela primeira vez em fevereiro de 1863
em Genebra, na Suíça.
Batalha de Solferino
Entre os seus 5 membros estava Henry Dunant que, no ano anterior, tinha
publicado um livro “A Guerra de Solferino” pedindo para melhorar os
cuidados para soldados feridos em tempo de guerra.
Cruz Vermelha
Até o final do ano de 1863, a Comissão reuniu representantes
governamentais para aderirem às proposta de Dunant.
Em agosto de 1864, alguns governos adotaram a primeira Convenção de
Genebra.
Por esse tratado obrigou-se os exércitos cuidarem dos soldados feridos,
qualquer que fosse o seu lado, e introduziu um emblema unificado para os
serviços médicos: uma cruz vermelha sobre um fundo branco.
Direito Internacional Humanitário
O ano de 1864 é, portanto, o ano efetivo do surgimento do Direito
Internacional Humanitário.
O CICV tem por finalidade: “proporcionar proteção e assistência
humanitária às vítimas da guerra e da violência armada”.
Direito Internacional Humanitário
a) Direito de Genebra: “proteção das vítimas de guerra, sejam elas militares
ou civis”.
Entenda: é apenas das vítimas de guerra, ou seja, aquele que não
participaram ou não estão mais a participar das hostilidades, mas que por
causa dela foram afetados.
Direito Internacional Humanitário
b) Direito de Haia: “preocupa-se com a regulamentação dos métodos e
meios de combate, e concentra-se na condução das operaçõesmilitares”.
Convenções de Genebra, de 1949
São 4 as Convenções de Genebra, de 1949:
1ª Convenção – 1864: tratou do respeito e cuidado com os militares feridos ou
doentes em campanha – exército.
2ª Convenção – 1906: extensão das obrigações da 1ª Convenção às forças navais.
3ª Convenção – 1929: tratou da proteção aos prisioneiros de guerra.
4ª Convenção – 1949: revisão das três Convenções anteriores e instituição da 4ª
Convenção pela qual se estendeu a proteção conferida ao Direito Internacional
Humanitário aos civis em tempo de guerra.
Convenções de Genebra, de 1949
As Convenções de Genebra, que foram adotadas antes de 1949, somente
tratavam dos combatentes e não dos civis.
Os acontecimentos da II Guerra Mundial demonstraram as consequências
desastrosas da ausência de uma convenção para a proteção dos civis em
tempos de guerra.
Assim, a Convenção adotada em 1949 leva em consideração as experiências
dessa guerra.
Conflitos armados não internacionais
O artigo 3º comum às quatro Convenções de Genebra, marcou uma ruptura
porque, pela primeira vez, abrangeu as situações de conflitos armados não
internacionais.
Compreendem, assim, as guerras civis tradicionais, conflitos armados
internos que se propagaram a outros Estados ou conflitos internos nos quais
intervêm terceiros Estados ou uma força internacional junto aos governos.
Conflitos armados não internacionais
O artigo 3º comum estipula normas fundamentais que são inderrogáveis:
- Determina o tratamento humano para todos os indivíduos em poder do inimigo,
sem nenhuma distinção adversa. Proíbe especialmente os assassinatos;
mutilações; torturas; tratamento cruéis, humilhantes e degradantes; tomada de
reféns e julgamentos parciais.
- Determina que os feridos, enfermos e náufragos sejam recolhidos e lhes
oferecido cuidados.
Conflitos armados não internacionais
O artigo 3º comum estipula normas fundamentais que são inderrogáveis:
- Outorga ao CICV o direito de oferecer seus serviços às partes em conflito.
- Insta as partes em conflito a pôr em vigor, mediante os chamados acordos
especiais, a totalidade ou as partes das Convenções de Genebra.
Protocolos Adicionais 1977
Nas duas décadas que se seguiram à adoção das Convenções de Genebra,
houve aumento considerável de conflitos armados não internacionais e de
guerras de liberação nacional.
Como consequência, foram celebrados dois Protocolos Adicionais às quatro
Convenções de Genebra de 1949 foram adotados em 1977.
Protocolos Adicionais 1977
Protocolo I: fortalecer a proteção das vítimas dos conflitos armados
internacionais;
Protocolo II: fortalecer a proteção das vítimas dos conflitos armados não
internacionais.
Protocolo Adicional 2005
Em 2005, um terceiro Protocolo Adicional foi adotado criando um emblema
adicional, o Cristal Vermelho, que possui o mesmo estatuto internacional
que os emblemas da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwj0pZj_3obRAhXBnJAKHaELDUwQjRwIBw&url=https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristal_Vermelho&psig=AFQjCNEIxP1ra4H-y8u9kJEjpjGuYJ1aMQ&ust=1482459728222033Direito Internacional Humanitário ≠
Direito Internacional dos Direitos Humanos
Além da conceituação, o direito internacional humanitário diferencia-se do
direito internacional dos direitos humanos pelo fato de que NÃO pode ser
suspenso ou derrogado.
Já os Direitos Humanos admite-se, em algumas hipóteses, a suspensão
como, por exemplo, nos casos de estado de sítio.
Direito Internacional Humanitário ≠
Direito Internacional dos Direitos Humanos
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para
decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão
nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada
durante o estado de defesa; II - declaração de estado de guerra ou resposta a
agressão armada estrangeira.
Direito Internacional Humanitário ≠
Direito Internacional dos Direitos Humanos
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias
a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de
publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas
específicas e as áreas abrangidas.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I,
só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: IV - suspensão
da liberdade de reunião;
Direitos Humanos
Teoria Geral dos Direitos Humanos
Prof. Luciano Favaro
Conceito
Evite “pré-conceitos” para definir os direitos humanos.
Quem critica a relevância desses direitos ou os define com conceitos sem
qualquer embasamento técnico, corre o risco de estar a desqualificar
direitos que, por ele, são exercidos a todo o instante.
Conceito
Os direitos humanos são “princípios ou valores que permitem a uma
pessoa afirmar sua condição humana e participar plenamente da vida. Tais
direitos fazem com que o indivíduo possa vivenciar plenamente sua
condição biológica, psicológica, econômica, social, cultural e política. Os
direitos humanos se aplicam a todos as pessoas e servem para protege-la
de tudo que possa negar sua condição humana”.
•PEQUENO, Marconi. O fundamento dos direitos humanos. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/edh/redh/01/02_marconi_pequeno_fundamento_dh.pdf>
Conceito
Perceba, portanto, que os direitos humanos são mais do regras, eles são
princípios ou valores inerentes à dignidade humana.
Trata-se do conjunto de direitos imprescindíveis para que se concretize a
dignidade das pessoas.
Conceito
Esses direitos “aparecem como um instrumento de proteção do sujeito
contra todo tipo de violência.
Pretende-se, com isso, afirmar que eles têm, pelo menos teoricamente,
um valor universal, ou seja, devem ser reconhecidos e respeitados por
todos os homens, em todos os tempos e sociedades”.
PEQUENO, Marconi. O fundamento dos direitos humanos. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/edh/redh/01/02_marconi_pequeno_fundamento_dh.pdf>
Conceito
Os direitos humanos servem para assegurar às pessoas o “exercício da
liberdade, a preservação da dignidade e a proteção da sua existência.
Trata-se, portanto, daqueles direitos considerados fundamentais, que
tornam os homens iguais, independentemente do sexo, nacionalidade,
etnia, classe social, profissão, opção política, crença religiosa ou convicção
moral. Eles são essenciais à conquista de uma vida digna, daí serem
considerados fundamentais à nossa existência”.
PEQUENO, Marconi. O fundamento dos direitos humanos. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/edh/redh/01/02_marconi_pequeno_fundamento_dh.pdf>
Direitos humanos e Direitos fundamentais
Pergunta: “direitos humanos” é expressão sinônima a “direitos
fundamentais”?
Resposta: Não. Boa parte da doutrina entende que o emprego dessas
expressões como sinônimas é incorreto: “as expressões Direitos do
Homem, Direitos Fundamentais e Liberdades Públicas têm sido,
equivocadamente, usadas indistintamente como sinônimos. Em verdade,
guardam, entre si, de rigor, apenas um núcleo comum, a liberdade”.
NOGUEIRA, Alberto. A reconstrução dos direitos humanos da tributação. Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p. 11.
Direitos humanos e Direitos do Homem
Pergunta: “direitos humanos” é expressão sinônima a “direitos do
Homem”?
Resposta: Não. A doutrina também entende que há diferença entre essas
expressões.
Direitos humanos
Direitos Humanos: são aqueles direitos inerentes a pessoa humana
positivados na ordem internacional previstos, portanto, em declarações e
convenções internacionais.
Exemplo: Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.
Direitos humanos
A expressão direitos humanos refere-se aos direitos protegidos pela ordem
internacional (especialmente por meio de tratados) contra as violações e
arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua
jurisdição.
São direitos indispensáveis a uma vida digna e que, por isso, estabelecem
um nível protetivo (standard) mínimo que todos os Estados devem
respeitar, sob pena de responsabilidade internacional.
• Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos, 4ª edição. Método, 03/2017.
Direitos fundamentais
Direitos Fundamentais: são aqueles direitos inerentes a pessoa humana
positivados internamente, garantidos pelos ordenamentos jurídico-
positivos estatais.
Exemplo: Direitos fundamentais”: CF/88
–TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Direitos fundamentais
Tais direitos devem constar de todos os textos constitucionais, sob pena de o
instrumento chamado Constituição perder totalmente o sentido de sua
existência, tal como já asseverava o conhecido art. 16 da Declaração (francesa)
dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789: “A sociedade em que não esteja
assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes
não tem Constituição”.
Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos, 4ª edição. Método, 03/2017.
Direitos humanos ≠ Direitos fundamentais
Direitos do Homem
A expressão direitos do homem é de cunho jusnaturalista que conota a
série de direitos naturais (ou seja, ainda não positivados) aptos à proteção
global do homem e válidos em todos os tempos.
Eles existem independentemente de a legislação (nacional ou
internacional) não os estabelecer tampouco os assegurar.
GRINOVER, Ada Pellegrini. Liberdades públicas e processo penal. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1982, p. 7.
Direitos do Homem
•Uma crítica à expressão direitos do homem liga-se à determinação de
gênero que faz relativamente ao “homem” (sexo masculino), sugerindo
eventual discriminação aos direitos da “mulher”, o que reforça o seu
desuso em muitos países (e legislações) nos dias atuais.
Direitos humanos ≠ Direitos fundamentais ≠ 
Direitos do homem
Direitos Humanitário
Trata-se de um ramo dos direitos humanos específico. Cuida, em síntese,
da proteção das pessoas nos conflitos armados.
Essas pessoas são aquelas que não participam (não estejam participando)
das hostilidades a exemplo dos civis, soldado ferido em campanha,
prisioneiro de guerra etc.
Os conflitos armados podem ser nacionais ou internacionais.
Direitos Humanos
Teoria Geral dos Direitos Humanos
Prof. Luciano Favaro
Princípios basilares dos Direitos Humanos
Isonomia
Tratamento igualitário a todas as pessoas.
Igualdade formal: todos são iguais perante a lei e devem ser tratados
sem distinção, conforme previsto no artigo 5º CF/88;
Igualdade material: é a busca pela igualdade real, tratando de forma
desigual pessoas que se encontram em condições desiguais, na medida e
proporção de suas desigualdades.
Inviolabilidade
Não se podem impor sacrifícios a um indivíduo em razão de que esses
benefícios resultarão em benefício a outras pessoas.
Autonomia
•Toda pessoa é livre para a realização de quaisquer condutas, desde que
essas não prejudiquem terceiros.
Dignidade da pessoa humana
Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de
cada ser humanoque o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por
parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de
direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e
qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as
condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e
promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria
existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos mediante o
devido respeito aos demais seres que integram a rede da vida.
SARLET, Ingo Wolfang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988,
2012, p. 73.
Dignidade da pessoa humana
Dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos
os direitos fundamentais do homem (...). ‘Concebido como referência
constitucional unificadora de todos os direitos fundamentais (observam Gomes
Canotilho e Vital Moreira), o conceito de dignidade da pessoa humana obriga a
uma densificação valorativa que tenha em conta o seu amplo sentido normativo
constitucional e não uma qualquer idéia apriorística do homem, não podendo
reduzir-se o sentido da dignidade humana à defesa dos direitos pessoais
tradicionais, esquecendo-a nos casos de direitos sociais (...).
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo, 2013, p. 106
CF/88
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da
pessoa humana.
Caso francês: arremesso de anão
A prefeitura de Morsang‐sur‐Orge (periferia de Paris, Franca) proibiu a
prática do lancer de nain, ofertada por casa noturna, fundada no
tradicional respeito à ordem pública.
Caso francês: arremesso de anão
Um dos anões alegou ter dado consentimento a essa prática, além de
utilizar equipamento de segurança satisfatório e de ter direito ao trabalho.
O Conselho de Estado francês, invocando precedente da Corte Europeia
de Direitos Humanos sobre tratamento degradante, decidiu que há limites
à autonomia da vontade quando essa autonomia violar a dignidade da
pessoa humana.
Caso francês: arremesso de anão
Não satisfeito com a decisão, o anão processou a Franca perante o Comitê̂
de Direitos Humanos, órgão do Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos, alegando, entre outros, violação ao seu direito à liberdade, ao
trabalho e à vida privada.
O Comitê arquivou o caso, por entender que a proibição da prática do
“arremesso de anão” de França fora baseada no respeito à dignidade da
pessoa humana, que limitava a autonomia de vontade do indivíduo.
Trata‐se de um direito irrenunciável.
Caso francês: arremesso de anão
O Comitê considera que o Estado Parte demonstrou neste caso que a proibição
de arremesso de anão como praticada pelo requerente não era um abuso, mas
era necessária para proteger a ordem pública, a qual inclui, nomeadamente, a
dignidade humana que é compatível com os objetivos do Pacto.
Princípios Gerais do Direito que regem as 
relações internacionais do Brasil 
Assim como os tratados, os princípios gerais do direito são fontes do Direito
Internacional.
São vários os princípios que regem as relações internacionais entre os países,
como, por exemplo: não intervenção; proibição do uso da força; não
interferência nos assuntos particulares dos Estados; solução pacífica de
controvérsias entre os Estados; autodeterminação dos povos; proibição da
propaganda de guerra, entre outros.
No caso do Brasil, os princípios gerais de Direito Internacional que regem
às relações internacionais estão enumerados no referido artigo 4º da
Constituição Federal, de 1988.
Art. 4º CF/88 A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Atente-se para o disposto no inciso II que trata do princípio da
prevalência/primazia dos direitos humanos nas relações internacionais
do Brasil.
É com base neste princípio que se entende que os direitos fundamentais e
as garantias enumerados no artigo 5º, CF/88, se estendem a todos os
estrangeiros.
Art. 5º CF/88 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
Literalidade do dispositivo
Pergunta: mas e a literalidade do caput do artigo 5º? De acordo com esse
artigo, somente são garantidos esses direitos aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes.
Resposta: para as provas deve-se considerar o entendimento do Supremo
Tribunal Federal que entendeu que esses direitos são garantidos a todos
os estrangeiros sejam residentes ou não, em que pese a literalidade do
dispositivo constitucional, justamente por causa do Inciso II do artigo 4º
que prevê a prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais
do Brasil.
STF
RE 215.267: Ao estrangeiro, residente no exterior, também é assegurado o direito de
impetrar mandado de segurança, como decorre da interpretação sistemática dos artigos
153, caput, da Emenda Constitucional de 1969 e do 5º., LIX da Constituição atual. Recurso
extraordinário não conhecido. (RE 215.267, Primeira Turma, relatora Ministra Ellen Gracie,
DJU 25.05.2001). “(...) No que concerne ao estrangeiro, quando a Constituição quis limitar-
lhe o acesso a algum direito, expressamente estipulou. Assim, quando a própria
Constituição estabelece que determinados cargos só podem ser providos por brasileiros
natos, enquanto outros, por natos ou naturalizados, certo que estrangeiros, naturalizados
brasileiros, nacionais brasileiros passam a ser. Quando a Constituição quis fazer essas
discriminações, ela o fez. Mas, o princípio do nosso sistema é o da igualdade de
tratamento. (...)” (voto do Ministro Néri da Silveira no RE 161.243, Primeira Turma, relator
Ministro Carlos Velloso, DJU 19.2.1997, pp. 775-776).
STF
HC 97.147: (...) Ressaltou-se que, em princípio, pareceria que a norma excluiria de sua
tutela os estrangeiros não residentes no país, porém, numa análise mais detida, esta
não seria a leitura mais adequada, sobretudo porque a garantia de inviolabilidade dos
direitos fundamentais da pessoa humana não comportaria exceção baseada em
qualificação subjetiva puramente circunstancial. Tampouco se compreenderia que,
sem razão perceptível, o Estado deixasse de resguardar direitos inerentes à dignidade
humana das pessoas as quais, embora estrangeiras e sem domicílio no país, se
encontrariam sobre o império de sua soberania. (...)” (HC 97.147, Segunda Turma,
relator para o acórdão Ministro Cezar Peluso, julgamento em 4.8.2009; acórdão ainda
não publicado; informação extraída do Informativo STF nº 554)
STF
Perceba que o STF deferiu, no HC, a possibilidade de utilização de uma
garantia constitucional prevista no artigo 5º (garantia do habeas corpus) a
um estrangeiro não residente.
O argumento é que a garantia de inviolabilidade dos direitos fundamentais
da pessoa humana não comporta exceção baseada em qualificação
subjetiva puramente circunstancial (meramente com base no lugar onde a
pessoa resida).
Eficácia vertical e horizontal 
dos direitos humanos
Eficácia vertical dos direitos humanos
A teoria da eficácia vertical dos direitos humanos refere-se à necessidade
de o Estado, nas suas relações com os particulares, observar as normas de
direitos humanos/fundamentais.
Impõe-se, assim, ao Estado, limites em sua atuação como forma de
proteção das liberdade individuais.
Eficácia horizontaldos direitos humanos
A teoria da eficácia horizontal dos direitos humanos refere-se ao fato
desses direitos serem aplicados às relações entre particulares.
Por essa tese, os direitos fundamentais não são oponíveis exclusivamente
em face do poder estatal, mas também em relação aos particulares.
“As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm campo de
incidência em qualquer relação jurídica, seja ela pública, mista ou privada,
donde os direitos fundamentais assegurados pela Carta Política vinculam não
apenas os poderes públicos, alcançando também as relações privadas”.
AgRg no RE 1.008.625/SP. Relator Ministro Luiz Fuz
...explicando...
STF – RE 160.222-RJ
Nesse julgado discutiu-se se cometeria o crime de constrangimento ilegal,
o gerente que exige das empregadas de certa indústria de lingeries o
cumprimento de cláusula constante nos contratos individuais de trabalho,
segundo a qual, elas deveriam se submeter a revistas íntimas, sob ameaça
de dispensa.
STF – RE 160.222-RJ
EMENTA: (...) II. Constrangimento ilegal: submissão das operárias de
indústria de vestuário a revista íntima, sob ameaça de dispensa; sentença
condenatória de primeiro grau fundada na garantia constitucional da
intimidade e acórdão absolutório do Tribunal de Justiça, porque o
constrangimento questionado a intimidade das trabalhadoras, embora
existente, fora admitido por sua adesão ao contrato de trabalho: questão
que, malgrado a sua relevância constitucional, já não pode ser solvida
neste processo, dada a prescrição superveniente, contada desde a
sentença de primeira instância e jamais interrompida, desde então."
(RE n° 160.222-RJ, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 01/09/1995)
STF – RE 158.215-RJ
Nesse julgado preconizou-se a incidência direta dos direitos fundamentais
sobre relações entre particulares. Tratava-se da hipótese de um membro
expulso de cooperativa sem o atendimento da garantia do contraditório e
da ampla defesa no âmago do devido processo legal.
STF – RE 158.215-RJ
DEFESA - DEVIDO PROCESSO LEGAL - INCISO LV DO ROL DAS GARANTIAS
CONSTITUCIONAIS - EXAME - LEGISLAÇÃO COMUM. (...) COOPERATIVA -
EXCLUSÃO DE ASSOCIADO - CARÁTER PUNITIVO - DEVIDO PROCESSO
LEGAL. Na hipótese de exclusão de associado decorrente de conduta
contrária aos estatutos, impõe-se a observância ao devido processo legal,
viabilizado o exercício amplo da defesa. Simples desafio do associado à
assembleia geral, no que toca à exclusão, não é de molde a atrair adoção
de processo sumário. Observância obrigatória do próprio estatuto da
cooperativa."
(RE n° 158.215-RS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 07/06/1996)
Código Civil
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa,
assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de
recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº
11.127, de 2005)
STF – RE 201.819-RJ
Impossibilidade de uma associação civil excluir compulsoriamente dos
seus quadros o associado que ostenta a condição de legítimo membro
integrante da entidade.
“A autonomia da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua
incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas
e definidas pela própria Constituição”. A observância dos direitos
fundamentais por entidades civis deve-se em homenagem a um
constitucionalismo de igualdade. (Ministro Celso de Mello)
STF – RE 161.243-DF
O STF não admitiu que a invocação do princípio da autonomia fosse
argumento legítimo para discriminar, nacionais de estrangeiros, no que
concerne à percepção de benefícios constantes no estatuto pessoal de
determinada empresa.
STF – RE 161.243-DF
CONSTITUCIONAL. TRABALHO. PRINCÍPIO DA IGUALDADE. TRABALHADOR
BRASILEIRO EMPREGADO DE EMPRESA ESTRANGEIRA: ESTATUTOS DO PESSOAL
DESTA: APLICABILIDADE AO TRABALHADOR ESTRANGEIRO E AO TRABALHADOR
BRASILEIRO. C.F., 1967, art. 153, § 1º; C.F., 1988, art. 5º, caput. I. - Ao
recorrente, por não ser francês, não obstante trabalhar para a empresa
francesa, no Brasil, não foi aplicado o Estatuto do Pessoal da Empresa, que
concede vantagens aos empregados, cuja aplicabilidade seria restrita ao
empregado de nacionalidade francesa. Ofensa ao princípio da igualdade: C.F.,
1967, art. 153, § 1º; C.F., 1988, art. 5º, caput). II. - A discriminação que se baseia
em atributo, qualidade, nota intrínseca ou extrínseca do indivíduo, como o sexo,
a raça, a nacionalidade, o credo religioso, etc., é inconstitucional.
RE n° 161.243-DF, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 19/12/1997
Estrutura normativa da proteção
dos direitos humanos
Estrutura normativa
A estrutura normativa do sistema internacional de proteção dos direitos
humanos possui instrumentos de caráter global e regionais:
Global: sistema de proteção das Nações Unidas (sistema “onusiano”);
Regionais: pertence a um sistema regional de proteção dos Direitos Humanos,
a exemplo do sistema interamericano.
Sistema global
Na Carta de criação da Organização das Nações Unidas, de 1945, constata-se
dispositivos que remetem à necessidade de cooperação internacional para a
proteção dos direitos humanos.
Dispositivos da Carta da ONU
Artigo 1. Os propósitos das Nações Unidas são:
–(...) Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas
internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para
promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.
Dispositivos da Carta da ONU
Cooperação Internacional Econômica e Social
–Artigo 55. Com o fim de criar condições de estabilidade e bem estar,
necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no
respeito ao princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos
povos, as Nações Unidas favorecerão:
•a) níveis mais altos de vida, trabalho efetivo e condições de progresso e
desenvolvimento econômico e social;
•b) a solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, sanitários e conexos;
a cooperação internacional, de caráter cultural e educacional; e
•c) o respeito universal e efetivo raça, sexo, língua ou religião.
Sistema global
Posteriormente, em 1948, advém a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
que contemplou os direitos mínimos a serem garantidos pelos Estados àqueles
que habitam o seu território.
No entanto, não previu, em seu texto, instrumentos mediante os quais os
indivíduos possam reivindicar os direitos nela assegurados.
Sistema global
Em razão disso, no âmbito da Comissão de Direitos Humanos da ONU
(atualmente Conselho), foram elaborados dois tratados que visaram atribuir
conteúdo jurídico à Declaração Universal.
Sistema global
Assim, os primeiros tratados de direitos humanos no sistema global de
proteção de direitos humanos foram os Pactos Internacionais de 1966.
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (Decreto nº 592, de 1992):
cuidou de enumerar direitos de primeira geração;
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Decreto nº
591, de 1992): cuidou de enumerar direitos de segunda geração.
Pactos de alcance geral
Junto com esses Pactos foi celebrado também o Protocolo facultativo
referente ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.
Esses dois Pactos são de alcance geral.
Diz-se geral, pois são destinados a todos os indivíduos e não a um grupo
específico.
Carta Internacional dos Direitos Humanos
Esses dois Pactos junto com a Declaração Universal dos Direitos Humanos
conjuntamente compõem a Carta Internacional dos Direitos Humanos
(International Bill of Rights), a partir do qual se inaugurou o sistema global
de proteção dos direitos humanos.
Tratados internacionais de direitos humanos
Posteriormente, outros tratados internacionais de Direitos Humanos, com
caráter específicos, passaram a ser celebrados (e incorporados ao Sistema
Global de proteção dos direitos humanos), a saber:
Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as formas de discriminação
racial,de 1966 (Decreto nº 65.810, de 1969);
Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher,
de 1979 (Decreto nº 4.377, de 2002);
Tratados internacionais de direitos humanos
Convenção contra a Tortura e outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes, de 1984 (Decreto nº 40, de 1991);
Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989 (Decreto nº 99.710, de 1990);
Convenção Internacional sobre a proteção dos direitos de todos os trabalhadores
migrantes e dos membros das suas famílias, de 1990;
Tratados internacionais de direitos humanos
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo, de 2007 (Decreto nº 6.949, de 2009);
Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas
Cegas, com Deficiência Visual ou com Outras Dificuldades para Ter Acesso ao Texto
Impresso, de 2013 (Decreto nº 9.522, de 2018).
Tratados de alcance especial
Perceba que essas Convenções Internacionais tratam de assunto específico
ou são direcionadas a uma determinada categoria de pessoas.
Daí serem denominados de tratados de alcance especial.
Sistemas regionais
•Os sistemas regionais de direitos humanos complementam o sistema
global de direitos humanos.
•Atualmente, os sistemas regionais são:
Europeu de Direitos Humanos;
Interamericano de Direitos Humanos;
Africano de Direitos Humanos.
Sistemas regionais
Esses sistemas também possuem documentos de alcance geral e de
alcance especial.
Exemplos:
Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa
Rica), de 1969: Convenção de alcance geral;
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de junho de 1994: Convenção de
alcance especial;
Responsabilidade internacional
Pergunta: quem pode ser responsabilizado internacionalmente por
violação aos direitos humanos?
Resposta: os Estados, ainda que o ato praticado se dê pelo particular, uma
vez que cabe ao Estado o dever de fiscalização, prevenção e exigência de
eventual reparação dos direitos humanos violados por particulares.
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Classificação e Características dos Direitos Humanos II
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
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CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS II
Características dos Direitos Humanos
a) Historicidade
• Os direitos humanos desenvolvem-se com o passar dos tempos.
• Não surgiram e foram afirmados de uma única vez momentos históricos 
diferentes.
• É por isso que se fala em gerações de direitos.
• Os direitos humanos são históricos, isto é, são direitos que se vão cons-
truindo com o decorrer do tempo. Foi tão somente a partir de 1945 – com o 
fim da Segunda Guerra e com o nascimento da Organização das Nações 
Unidas – que os direitos humanos começaram a, efetivamente, desenvol-
ver-se no plano internacional, não obstante a Organização Internacional do 
Trabalho já existir desde 1919 (garantindo os direitos humanos dos traba-
lhadores desde o pós-Primeira Guerra).
Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos, 5ª edição. Método, 04/2018.
• Os direitos humanos, portanto, não são atemporais, mas temporais.
Atenção!
Lembrar que atemporal não tem tempo, e temporal tem.
Surgem, portanto, de um longo processo histórico.
b) Vedação ao retrocesso
Da historicidade advém a característica da vedação ao retrocesso. Assim, a 
um direito fundamental conquistado não pode ser retirado.
Exemplo: Art. 3º, 3. Convenção Americana de Direitos Humanos 
Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.
Os direitos humanos devem sempre (e cada vez mais) agregar algo de novo 
e melhor ao ser humano, não podendo o Estado proteger menos do que já prote-
gia anteriormente. Ou seja, os Estados estão proibidos de retroceder em matéria 
de proteção dos direitos humanos.
Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos, 5ª edição. Método, 04/2018.
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“O princípio da proibição do retrocesso impede, em tema de direitos funda-
mentais de caráter social, que sejam desconstituídas as conquistas já alcança-
das pelo cidadão ou pela formação social em que ele vive”.
STF, ARE n.º 639.337 AgR/SP, 2.ª Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 
23.08.2011, DJe 15.09.2011.
Atenção!
Segundo a Constituição, nas ações trabalhistas podem ser feitos pedidos nos 
últimos cinco anos, limitada dois anos após rescisão do contrato de trabalho. 
c) Inexauribilidade
São os direitos humanos inexauríveis. Há possibilidade de expansão.
A eles podem ser sempre acrescidos novos direitos, a qualquer tempo.
Art. 5º, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Percebe-se, aqui, que a Constituição (pela expressão “não excluem outros...”) 
diz serem duplamente inexauríveis os direitos nela consagrados, uma vez que 
eles podem ser complementados tanto por direitos decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados como por direitos advindos dos tratados internacio-
nais (de direitos humanos) em que o Brasil seja parte.
Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos, 5ª edição. Método, 04/2018.
Atenção!
Parte da doutrina denomina essa característica de Abertura.
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O catálogo previsto de direitos fundamentais nunca é exaustivo (inexauribi-
lidade ou não tipicidade dos direitos fundamentais), a ele podendo ser sempre 
acrescidos novos direitos fundamentais.
ROTHENBURG, Walter Claudius. Direitos fundamentai e suas características.
Caderno de Direito Constitucional e Ciência Política, n. 29, out./dez., 1999, p. 5
Inexauribilidade – exemplo
Art. 5º, LXXVIII, CF/1988. A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegu-
rados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de 
sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004).
d) Universalidade
• Destinam-se a todas as pessoas independentemente de sua nacionali-
dade, sexo, raça, credo ou convicção político-filosófica.
• Basta a condição de ser pessoa humana para se poder invocar a proteção 
desses direitos, tanto no plano interno como no plano internacional.
• Contrapõe-se, portanto, ao denominado relativismo cultural.
• Dizer que os direitos humanos são universais significa que não se requer 
outra condição para a sua efetivação além da de ser pessoa humana; sig-
nifica, em última análise, que não se pode fazer acepção às pessoas, eis 
que todas elas são dotadas da mesma dignidade.
Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos, 5ª edição. Método, 04/2018.
Universalismo versus relativismo cultural
• O debate envolvendo os chamados “particularismos” culturais em face da 
universalidade dos direitos humanos é um dos capítulos mais difíceis do 
Direito Internacional dos Direitos Humanos.
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Tratado de direito internacional dos direitos humanos. 
Porto Alegre: Fabris, 2003, v. III, p. 301.
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A tese do relativismo cultural sustenta “que os meios culturais e morais de 
determinada sociedade devem ser respeitados, ainda que em detrimento da pro-
teção dos direitos humanos nessa mesma sociedade”. Por essa tese entende-se 
que “não existe uma moral universal, e que o conceito de moral, assim como o 
de direito, deve ser compreendido levando-se em consideração o contexto cul-
tural em que se situa”.
MAZZUOLI, Valerio Oliveira. Curso de Direitos Humanos, 5ª edição. Método, 04/2018, p. 93.
Já a tese do universalismo, reafirmada na Conferência de Viena, de 1993, 
sustenta que os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e 
inter-relacionados e que “as particularidades nacionais e regionais (assim como 
os diversos contextos históricos, culturais e religiosos dos Estados) não podem 
servir de justificativa para a violação ou diminuição desses mesmos direitos”.
RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem internacional, p. 181.
Por essa teoria, o relativismo cultural não pode ser invocado para justificar vio-
lações a direitos humanos. As culturas devem ser respeitadas, mas não podem 
servir de pretexto para justificar o não cumprimento das obrigações internacio-
nais do Estado relativas a direitos humanos.
MAZZUOLI, Valerio Oliveira. Curso de Direitos Humanos, 5ª edição. Método, 04/2018, p. 93.
e) Indivisibilidade
Os direitos humanos formam um conjunto. São, portanto, indivisíveis.
A indivisibilidade dos direitos humanos consiste “no reconhecimento de que 
todos os diretos humanos devem ter a mesma proteção jurídica, uma vez que 
são essenciais para uma vida digna”.
RAMOS, André de Carvalho. Teoria dos direitos humanos na ordem internacional, 6ª edição.. 
Saraiva, 2/2016.
Assim, a classificação dos direitos humanos em direitos civis e políticos, de 
um lado, e direitos econômicos, sociais e culturais, de outro, perde a importância.
RAMOS, André de Carvalho. Teoria dos direitos humanos na ordem internacional, 6ª edição. 
Saraiva, 2/2016.
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A indivisibilidade possui dois vieses:
Primeiro: implica reconhecer que o direito protegido apresenta uma unidade. 
Exemplo: do direito à ampla defesa, decorre a necessidade de assegurar o direito 
ao recurso.
Segundo: assegura que não é possível proteger apenas alguns dos direitos 
humanos reconhecidos.
RAMOS, André de Carvalho. Teoria dos direitos humanos na ordem internacional, 6ª edição. 
Saraiva, 2/2016.
f) Interdependência
• A interdependência dos direitos humanos caminha em conjunto com a sua 
indivisibilidade.
• Há mútua dependência entre os direitos humanos protegidos, “pois o con-
teúdo de um pode vir a se vincular ao conteúdo de outro, demonstrando a 
interação e a complementaridade entre eles, bem como que certos direitos 
são desdobramentos de outros”.
• Exemplo: “há clara complementaridade à liberdade de associação e ao 
reconhecimento do direito de associação profissional ou sindical. A liber-
dade de expressão é também coadjuvada pela liberdade de informação, 
devendo, por outro lado, respeitar o direito à privacidade e intimidade”.
RAMOS, André de Carvalho. Teoria dos direitos humanos na ordem internacional, 6ª edição. 
Saraiva, 2/2016.
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A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
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CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS III
g) Limitabilidade/Relatividade
Os direitos humanos podem sofrer limitações, ou seja, podem, Portanto, eles 
não são absolutos.
Exemplos da CF/1988:
Art. 5º, XLVII – não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, 
nos termos do art. 84, XIX;
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de refor-
ma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante 
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preserva-
ção do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano 
de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem 
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho 
escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e 
a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e 
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o dis-
posto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional 81, de 2014)
RMS 23.452/RJ – STF
Os DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER ABSO-
LUTO. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que 
se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse 
público ou exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legi-
timam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de 
medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respei-
tados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucio-
nal das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujei-
tas – e considerado o substrato ético que as informa – permite que sobre elas 
incidam limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a inte-
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gridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa 
das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em detrimento 
da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros.
Atenção!
Em alguns documentos internacionais definiu-se alguns direitos humanos 
como absoluto, é o caso da vedação à tortura.
Atenção!
Artigo 2º da Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, 
desumanos ou degradantes:
Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais, 
como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer 
outra emergência pública, como justificação para a tortura.
Atenção!
Em provas objetivas de concursos públicos, tenha em mente a regra da 
relativização dos direitos humanos quando se tratar de assunto relacionado 
aos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.
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g) Limitabilidade
A limitabilidade consiste no reconhecimento de que a essencialidade dos direi-
tos humanos e sua superioridade normativa não impedema existência de limi-
tes impostos a um direito em nome da preservação de outro. A interação social 
é uma realidade, não sendo possível analisar os direitos humanos de forma abs-
trata e estanque.
RAMOS, André de Carvalho. Teoria dos direitos humanos na ordem internacional, 6ª edição. 
Saraiva, 2/2016.
h) Inalienabilidade 
Alienar = transferir o domínio. Exemplos: compra e venda, doação etc.
Os direitos humanos não podem ser alienados, até porque eles não possuem 
valor patrimonial.
Os direitos humanos são inalienáveis, na medida em que não permitem a 
sua desinvestidura por parte do titular, não podendo ser transferidos ou cedidos 
(onerosa ou gratuitamente) a outrem, ainda que com o consentimento do agente, 
sendo, portanto, indisponíveis e inegociáveis.
Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos, 5ª edição. Método, 04/2018.
i) Irrenunciabilidade
As pessoas podem até não exercer os direitos humanos, mas não tem como 
renunciá-los.
Essa característica advém do fato de os direitos humanos importarem não 
apenas a si próprio, mas a toda a coletividade.
A indisponibilidade de um direito implica reconhecer a sua total irrenuncia-
bilidade ou que a vontade de seu titular no sentido de renúncia ou disposição 
somente pode ser manifestada sob controle. O atributo de indisponibilidade vin-
cula-se, é claro, às escolhas sociais daquilo que deve merecer proteção especial, 
evitando-se que venha a ser dilapidado, mesmo com a anuência de seu titular.
RAMOS, André de Carvalho. Teoria dos direitos humanos na ordem internacional, 6ª edição. 
Saraiva, 2/2016.
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Atenção!
O STJ entende que se a pessoa estiver consciente, a escolha é dela.
j) Autonomia
A autonomia consiste no reconhecimento da carga emancipatória dos direitos 
humanos, que exige respeito ao livre-arbítrio e à tomada de decisão do indivíduo 
sobre a condução de sua vida.
RAMOS, André de Carvalho. Teoria dos direitos humanos na ordem internacional, 6ª edição. 
Saraiva, 2/2016.
“Em uma sociedade de seres livres e iguais, não cabe ao Estado ferir a auto-
nomia da condução da vida privada de um indivíduo”.
Caso do arremesso de anão
A prefeitura de Morsang-sur-Orge (periferia de Paris, França) proibiu a prática 
do lancer de nain, ofertada por casa noturna, fundada no tradicional respeito à 
ordem pública.
Um dos anões alegou ter dado consentimento a essa prática, além de utilizar 
equipamento de segurança satisfatório e de ter direito ao trabalho.
O Conselho de Estado francês, invocando precedente da Corte Europeia de 
Direitos Humanos sobre tratamento degradante, decidiu que há limites à autono-
mia da vontade quando essa autonomia violar a dignidade da pessoa humana.
O anão, não satisfeito com a decisão, processou a França perante o Comitê 
de Direitos Humanos, órgão do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, 
alegando, entre outros, violação ao seu direito à liberdade, ao trabalho e à vida 
privada.
O Comitê arquivou o caso, por entender que a proibição da prática do “arre-
messo de anão” fora baseada no respeito à dignidade da pessoa humana, que, 
per se, limitava a autonomia de vontade do indivíduo.
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Trata-se, portanto, de um direito irrenunciável.
O Comitê considera que o Estado-Parte demonstrou neste caso que a proibi-
ção de arremesso de anão como praticada pelo requerente não era um abuso, 
mas era necessária para proteger a ordem pública, a qual inclui, nomeadamente, 
a dignidade humana que é compatível com os objetivos do Pacto.
CF/1988
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Es-
tados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
k) Imprescritibilidade
Os direitos humanos não se perdem pelo não uso, pela passagem de tempo. 
Portanto, não prescrevem.
Entenda: não perco o direito à liberdade de religião, conquanto não a exerça.
A imprescritibilidade é regra geral. Há, no entanto, exceções.
É o caso, por exemplo, da prescrição aquisitiva (usucapião) no caso da pro-
priedade.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta 
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a 
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua 
como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, 
não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua 
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
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l) Inviolabilidade
Trata-se da vedação ao desrespeito dos direitos humanos embasada em 
determinações infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas, sob 
pena de responsabilização civil, administrativa e criminal.
Ademais, busca-se evitar também o desrespeito dos direitos fundamentais 
por particulares.
HABEAS CORPUS – Impetração contra particular – Cabimento – Hospital 
– Saída de internado impedida por não ter feito o pagamento das despesas – 
Constrangimento ilegal caracterizado – Ordem concedida (TJMS) RT 574/400.
m) Essenciabilidade
• Os direitos humanos são essenciais por natureza, tendo por conteúdo os 
valores supremos do ser humano e a prevalência da dignidade humana. 
• São essenciais, também, pela sua especial posição normativa, permitindo-
-se a revelação de outros direitos fundamentais fora do rol de direitos 
expresso nos textos constitucionais.
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Classificação e Características dos Direitos Humanos – Exercícios 
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CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS – 
EXERCÍCIOS
1. (PRF/CESPE/2013) A expressão direitos humanos de primeira geração refe-
re-se aos direitos sociais, culturais e econômicos.
Comentário
A expressão direitos humanos de segunda geração refere-se aos direitos 
sociais, culturais e econômicos.
2. (MPE/RO) Os direitos humanos de primeira geração referem-se às reivin-
dicações de condições dignas de trabalho e originam-se das lutas sociais 
desencadeadas com a Revolução Industrial.
Comentário
Os direitos humanos de segunda geração referem-se às reivindicações de 
condições dignas de trabalho e originam-se das lutas sociais desencadeadas 
com a Revolução Industrial.
3. (CESPE/DPE-PE/2018) Os direitos

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