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Prévia do material em texto

Direitos humanosDireitos humanos
AUTORIA
Jaqueline da Silva Paulichi
Bem vindo(a)!
Olá, caro(a) aluno(a), tudo bem? Vamos estudar sobre direitos humanos neste
módulo, matéria que é de extrema relevância para o contexto social em que
vivemos.
Você já percebeu a quantidade de matérias jornalísticas relacionadas aos direitos
humanos ultimamente?
Por esse motivo a disciplina aqui em comento é tão necessária e tão importante no
nosso dia a dia. Os direitos humanos são os direitos daquelas pessoas que se
encontram em situações de vulnerabilidade, pessoas que foram ou ainda são
tratadas de forma indigna, protegendo seus direitos como cidadãos.
Na Unidade I vamos estudar sobre a Gênese histórica dos direitos humanos,
demonstrando uma breve evolução histórica da disciplina e o seu Conceito no
pensamento jusnaturalista moderno.  Por �m, vamos aprender sobre a positivação
dos direitos humanos no constitucionalismo moderno.
Na Unidade II iremos abordar acerca dos direitos humanos no direito internacional
contemporâneo, sua fundamentação e a crítica doutrinária que se faz acerca do
conceito do que são os direitos humanos. Nenhum conceito doutrinário será o
su�ciente para abranger toda a complexidade de direitos que compreende essa
disciplina, que é tão discriminada nos bancos acadêmicos.
Na Unidade III iremos abordar a sua Polissemia conceitual, a ideia de gerações e
suas críticas e os principais documentos. Também iremos discutir acerca das
características (ou princípios) da universalidade em contraponto à relatividade.
Por �m, na Unidade IV vamos analisar a proteção constitucional aos Direitos
Humanos, bem como a sua Proteção internacional e os Direitos Fundamentais.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer essa jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados
em nosso material.
Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional.
Muito obrigado e bom estudo!
Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações �nais.
Unidade 1
Introdução aos direitos humanos
Unidade 2
Fundamentos e conceitos de
direitos humanos
Unidade 3
Evolução dos direitos humanos
Unidade 4
Direitos humanos e direitos
fundamentais
Introdução aos direitos
humanos
AUTORIA
Jaqueline da Silva Paulichi
Sumário
Introdução
1 - Gênese histórica dos direitos humanos
2 - Conceito de direitos humanos no pensamento jusnaturalista
moderno
3 - Positivação dos direitos humanos no constitucionalismo moderno
Considerações Finais
Introdução
Olá, estudante, tudo bem? Nesta unidade iremos estudar sobre os conceitos iniciais
de direitos humanos, bem como a sua importância como disciplina autônoma para o
direito. Iremos abordar também os diferentes conceitos da disciplina e entender o
porquê essa matéria é considerada tão complexa pelos estudantes de direito. Vamos
analisar a evolução histórica dos direitos humanos, o reconhecimento de documentos
internacionais pela ordem jurídica interna, e também vamos ler e analisar os
documentos internacionais que tratam sobre direitos humanos.
Posteriormente, vamos estudar sobre o jusnaturalismo e sua importância para a
disciplina, realizando breve comparação com o positivismo.
Por �m, iremos estudar sobre os direitos humanos na ordem constitucional moderna,
em que há o reconhecimento de documentos internacionais que tratam sobre
direitos humanos na ordem jurídica interna, por meio do reconhecimento e
positivação nas Constituições.
Veja os materiais complementares e as leituras recomendadas!!!
Bom estudo!
Plano de Estudo:
1. Conceitos e De�nições sobre Direitos Humanos, evolução histórica e �losó�ca,
além da análise dos direitos humanos para o jusnaturalismo e o reconhecimento
de documentos internacionais na ordem interna constitucional, e a positivação
dos direitos humanos no Constitucionalismo Moderno.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conceituar e contextualizar a disciplina de Direitos Humanos.
2. Discutir sobre os diferentes conceitos da disciplina.
3. Analisar o objeto de estudo da disciplina, bem como sua evolução histórica e
�losó�ca.
4. Compreender as teorias que tratam sobre o jusnaturalismo e positivismo.
5. Estudar a positivação dos direitos humanos no Constitucionalismo moderno.
Gênese histórica dos direitos
humanos
Introdução
Direitos humanos é uma disciplina ligada ao direito internacional público, em que se
estudam os direitos dos cidadãos previstos na ordem internacional. Dessa forma, a
disciplina possui extrema relevância para a compreensão dos direitos que os cidadãos
possuem no ordenamento jurídico brasileiro e na ordem internacional.
Os direitos humanos compreendem um conjunto de normas de ordem internacional,
que confere direitos e deveres às pessoas, reconhecendo a sua vulnerabilidade,
dignidade e necessidade de proteção das minorias e grupos vulneráveis.
Esta disciplina abrange muito mais que direitos das pessoas presas ou de pessoas
que se encontram em situação de necessidade, eis que os direitos básicos previstos
na Constituição Federal de 1988 decorrem de documentos internacionais que
reconheceram, por exemplo, a necessidade de proteção ao consumidor, às crianças,
às pessoas com de�ciência, o direito ao voto, direito de propriedade, dentre outros.
Esses direitos compreendem os direitos civis e políticos, os direitos difusos e coletivos
e direitos econômicos, sociais e culturais. Incluem os direitos à vida, à integridade
física, à liberdade de ir e vir, liberdade de manifestação, opinião, voto, religiosa,
associação, dentre outras, bem como o direito de propriedade, direito de ação, direito
ao nome, ao desenvolvimento sustentável, dentre outros.
Evolução dos Direitos Humanos
Considerando que a pessoa humana é igual em todos os locais, independentemente
de suas diversidades culturais, religiosas, geográ�cas etc., o tratamento dispensado às
pessoas também deve ser igual. Dessa forma, o jusnaturalismo ressalta a pessoa
humana como o fundamento absoluto, atemporal e global dos direitos humanos. O
jusnaturalismo é amparado por diversos doutrinadores, como Dalmo de Abreu Dalari
e Fábio Konder Comparato.
O jusnaturalismo, ou direito natural, é a teoria que fundamenta o direito no bom
senso, racionalidade, equidade e pragmatismo. A partir do jusnaturalismo que se
pode compreender outras vertentes �losó�cas do direito e, a partir dele, surgiram as
outras correntes sobre o direito em si.
De acordo com a doutrina do contratualismo, que remonta à �loso�a grega, a
sociedade humana e o Estado originaram por um acordo ou contrato estabelecido
entre cidadãos autônomos, valorizando, desta maneira, a liberdade individual. Pelo
positivismo, todo o direito passa a ser positivo e o direito natural deixa de ser direito.
Como diz Bobbio: “o direito positivo é direito, o direito natural não é direito”.
Podemosdestacar que a noção de direitos humanos foi cunhada ao longo dos
últimos trêsmilênios da civilização. Grande parte da doutrina a�rma que os
direitoshumanos foram cunhados ao longo dos últimos três milênios da civilização.
Dessaforma, o período de formação do eixo �losó�co ou período axial dos
direitoshumanos abrange os anos de 800 antes de Cristo a 200 antes de Cristo, que
marcaparte da história em que a China ocidente e a Índia passaram a
defenderprincípios �losó�cos semelhantes.
Também nesse período nasce a �loso�a e a ideia de igualdade entre as pessoas.
Bezerra Leite (2014, p. 2) explica em detalhes sobre o período citado:
É possível adotar diversos critérios para estudar a História dos Direitos
Humanos, como o mitológico, o religioso, o político, o �losó�co, o
sociológico e o jurídico. Nesta obra discorreremos sobre a origem dos
Direitos Humanos com ênfase para a perspectiva jurídica. Do ponto de
vista jurídico-normativo, vamos encontrar as primeiras leis que, não
obstante os rigorismos das sanções que previamem caso de sua
inobservância, buscam enaltecer a necessidade da convivência
harmônica entre as pessoas. Cronologicamente, podemos citar as
primeiras leis que, de certo modo, acabaram in�uenciando a formação
histórica dos Direitos Humanos. Ei-las: 
- 1694 a. C. – Código de Hamurabi (Mesopotâmia) 
- 3000-1000 a. C. – Civilização Egeia 
- 1300-450 a. C. – Lei Mosáica (Pentateuco) 
- 1300-800 a. C. – Código de Manu (Hinduísmo) 
- 1000 a. C. – Leis Zoroastrianas • Séculos XV-XIV a. C. – surgem as
Legislações Budista e Confuciana 
- 450 a. C. – Lei das XII Tábuas (Roma) 
- Séculos I a XV – Legislação Cristã 
- Século VII – Legislação Islâmica Entre os séculos VIII e II a. C., 
Isto é, entre 600 e 480 a. C., coexistiram, embora desconhecendo-se uns
aos outros, Zaratrusta (Pérsia), Buda (Índia), Lao-Tsê e Confúcio (China),
Pitágoras (Grécia) e Isaías (Israel). É exatamente nesse período, chamado
de axial, que surgem as primeiras formulações teóricas que abandonam
as explicações mitológicas e propõem a elaboração dos grandes
princípios e diretrizes fundamentais da vida humana, até hoje em vigor.
O Cristianismo também contribuiu para a evolução dos direitos humanos,
estabelecendo que os homens são iguais perante Deus. A partir do século XIV, com as
transformações decorrentes do iluminismo, houve alteração das estruturas da
organização social e política da época. Destaca-se que o iluminismo  ocorreu entre a
Revolução Inglesa de 1688 e a Revolução Francesa de 1789.
CONCEITUANDO
O iluminismo foi um movimento intelectual que começou na Europa a
partir do século XVII e ganhou força no século XVIII. A França é
considerada o país que liderou intelectualmente o iluminismo europeu.
Tinha como principais características a valorização da razão, considerada
o mais importante instrumento para se conseguir qualquer tipo de
conhecimento. Para os �lósofos, o pensamento era a única luz capaz de
iluminar as “trevas” (antigo regime).   Os pensadores de grande
reconhecimento dessa época foram René Descarts, Montesquieu,
Voltaire, Jacques Rousseau, Denis Diderot, Adam Smith, etc. Foi um
momento de contestar os ideais religiosos que eram predominantes na
época, além da economia e política, provocando mudanças sociais e
culturais. Chamado de “século das luzes”, o iluminismo trouxe ideias
voltadas à razão para deslegitimar o modelo de estado predominante na
época. Seu ideal era defender a liberdade, progresso, tolerância,
fraternidade, governo constitucional e afastamento entre igreja e estado.
Junto com o iluminismo, a Revolução Industrial abriu caminhos para a
grande mudança política determinada pela Revolução Francesa. O
matemático francês René Descartes (1596-1650), considerado o pai do
racionalismo, foi um dos precursores desse movimento. Em sua obra
“Discurso do método”, que repercutiu na época, Descartes convida as
pessoas a questionarem tudo o quanto for possível para se chegar à
verdade. Para ele, somente através da dúvida é possível compreender o
mundo. No �nal do século XVII e na primeira metade do século XVIII, a
in�uência dominante sobre a ideologia do iluminismo veio das
percepções mecanicistas (doutrina segundo a qual os seres vivos são
analisados ou entendidos a partir de uma sucessão de causas). Neste
âmbito, o �lósofo da natureza mais in�uente foi o físico inglês Isaac
Newton. Contudo, na metade do século XVIII os iluministas iam se
afastando pouco a pouco das ideias mecanicistas e começaram a se
aproximar das teorias vitalistas. As teorias sociais e �losó�cas
desenvolvidas na segunda metade do século XVIII, por autores que
contribuíram com o iluminismo como Denis Diderot e Johann Gottfried
von Herder, entre muitos outros, tiveram grande in�uência das obras de
naturalistas Johann Friedrich Blumenbach (classi�cou o ser humano em
raças). Algumas literaturas colocam o Iluminismo como uma escola
�losó�ca, mas não existia somente um movimento. Pensadores e
cientistas de áreas distintas colaboraram para as mudanças de
pensamento estabelecidos pela época. Foi um momento de mentes
brilhantes pesquisarem, escreverem e divulgarem suas descobertas e
teorias. O iluminismo desempenhou grande in�uência sobre o aspecto
político e intelectual de boa parte dos países ocidentais. Algumas
mudanças políticas importantes aconteceram, bem como a implantação
e formação de estados-nação, a ampliação de direitos civis, além da
A Revolução Francesa trouxe os ideais que representariam os direitos humanos, como
a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
Com o término da Segunda Guerra Mundial, as pessoas se conscientizaram acerca do
tratamento digno ao ser humano. Consequentemente, houve a criação da
Organização das Nações Unidas e na declaração de inúmeros Tratados Internacionais
de Direitos Humanos, como “A Declaração Universal dos Direitos do Homem”, como
ideal comum de todos os povos.
Documentos Históricos
O primeiro documento a tratar dos direitos humanos foi a Magna Carta, que
submeteu o governante a um corpo escrito de normas, ressaltando a inexistência de
arbitrariedades na cobrança de impostos. A cobrança de uma multa ou ainda a prisão
de uma pessoa necessitava de um julgamento justo.
A Petition of Rights tenta incorporar os direitos previstos na Magna Carta, através da
obrigatoriedade de consentimento do parlamento para a realização de inúmeros atos.
O Habeas Corpus Act instituiu o direito à liberdade de locomoção a todos os
indivíduos. A Bill of Rights assegurou a supremacia do Parlamento sobre a vontade do
Rei. A Declaração de Direitos do estado da Virgínia prevê que:
diminuição do poder da igreja. As ideias dos iluministas espalharam-se
com rapidez pela sociedade. Até os reis absolutistas, na época, receosos
de perderem seu posto, passaram a adotar algumas ideias do
iluminismo. Esses reis eram chamados de Déspotas Esclarecidos, pois
tentavam conciliar a maneira absolutista de governar com as ideias de
avanço iluministas (MENDES, 2018).
A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América (1776) e a
Constituição Federal EUA, de 1787, solidi�cam barreiras contra o Estado, como
tripartição do poder e assegura alguns direitos fundamentais, como a igualdade
entre os homens, a vida, a liberdade, a propriedade.
As Emendas Constitucionais americanas permanecem em vigor até hoje,
demonstrando o caráter atemporal desses direitos fundamentais.
SAIBA MAIS
todos os homens são por natureza igualmente livres e independentes e
têm certos direitos inatos de que, quando entram no estado de
sociedade, não podem, por nenhuma forma, privar ou despojar de sua
posteridade, nomeadamente o gozo da vida e da liberdade, com os
meios de adquirir e possuir propriedade e procurar e obter felicidade e
segurança.
Fonte: DIREITO INTERNACIONAL, Legislação. Declaração de Direitos do
Bom Povo da Virgínia, 12 de junho de 1776. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/decl776.htm>. Acesso em:
08.12.2020
http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/decl776.htm
SAIBA MAIS
As 11 emendas da Constituição dos EUA promulgadas em 1798
Artigo 1º - O Congresso não fará lei relativa ao estabelecimento de
religião ou proibindo o livre exercício desta, ou restringindo a liberdade
de palavra ou de imprensa, ou o direito do povo de reunir-se
paci�camente e dirigir petições ao governo para a reparação de seus
agravos.
Artigo 2º - Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência
de uma milícia bem organizada, não se impedirá o direito do povo de
possuir e portar armas.
Artigo 3º - Nenhum soldado será, em tempo de paz, alojado em
qualquer casa sem o consentimento do proprietário, nem em tempo de
guerra, salvo pela forma prescrita em lei.
Artigo 4º - Não será infringido o direito do povo à inviolabilidade de sua
pessoa, casas, papéis e haveres, contra buscas e apreensões irrazoáveis e
não se expedirá mandado a não ser mediante indícios de culpabilidade,
con�rmados por juramento ou declaração, e nele se descreverão
particularmente o lugar da busca e as pessoas ou coisas que tiverem de
ser apreendidas.
Artigo 5º - Nenhumapessoa será obrigada a responder por um crime
capital ou infamante, salvo por denúncia ou pronúncia de um grande
júri, exceto em se tratando de casos que, em tempo de guerra ou de
perigo público, ocorram nas forças terrestres ou navais, ou na milícia,
quando em serviço ativo; nenhuma pessoa será, pelo mesmo crime,
submetida duas vezes a julgamento que possa causar-lhe a perda da
vida ou de algum membro; nem será obrigada a depor contra si própria
em processo criminal ou ser privada da vida, liberdade ou propriedade
sem processo legal regular ("due process of law"); a propriedade privada
não será desapropriada para uso público sem justa indenização.
Artigo 6º - Em todos os processos criminais o acusado terá direito a
julgamento rápido e público, por júri imparcial no Estado e distrito onde
o crime houver sido cometido, distrito esse que será previamente
delimitado por lei; a ser informado da natureza e causa da acusação; a
ser acareado com as testemunhas que lhe são adversas; a dispor de
meios compulsórios para forçar o comparecimento de testemunhas da
defesa e a ser assistido por advogado.
Artigo 7º - Nos processos segundo a "common law", em que o valor da
causa exceder US$ 20, será garantido o direito a julgamento pelo júri e os
fatos julgados por este não serão reexaminados em nenhum tribunal dos
Estados Unidos, a não ser de acordo com as regras da "common law".
Após a Revolução Francesa, de 1789, foi aprovada a “Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão”, que garante os direitos referentes à liberdade, propriedade,
segurança e resistência à opressão. Destaca o princípio da legalidade e da igualdade
de todos perante a lei e da soberania popular.
No século XX ocorreu a regulação dos direitos econômicos e sociais que passaram a
incorporar as Constituições Nacionais. A primeira Carta Magna, a prever esses direitos
econômicos, foi a Constituição Mexicana, de 1917.
Artigo 8º - Não se exigirão �anças exageradas, não se imporão multas
excessivas, nem se in�igirão penas cruéis e desusadas.
Artigo 9º - A enumeração de certos direitos na Constituição não será
interpretada de modo que se neguem ou restrinjam outros retidos pelo
povo.
Artigo 10º - Os poderes não delegados aos Estados Unidos pela
Constituição, nem proibidos pela mesma aos Estados, são reservados aos
Estados, respectivamente, ou ao povo.
Artigo 11º - O poder judiciário dos Estados Unidos não se entenderá
como extensivo a qualquer ação segundo a lei ou a equidade iniciada ou
processada contra um dos Estados por cidadãos de outro Estado, ou por
cidadãos ou súditos de qualquer estado estrangeiro. Emendas em vigor
desde 8 de janeiro de 1798. 
 
Fonte: Constituição dos Estados Unidos da América.
Conceito de direitos humanos no
pensamento jusnaturalista
moderno
O jusnaturalismo é a teoria que defende a existência de direitos inatos ao ser humano,
independente de positivação pelos legisladores. Esse direito natural, por existir
independente da lei, é maior que o direito positivo, e, assim, em eventual con�ito de
normas, o jusnaturalismo deverá prevalecer.
O jusnaturalismo a�gura-se como uma corrente juris�losó�ca de
fundamentação do direito justo que remonta às representações
primitivas da ordem legal de origem divina, passando pelos so�stas,
estoicos, padres da igreja, escolásticos, racionalistas dos séculos XVII e
XVIII, até a �loso�a do direito natural do século XX. 
Com base no magistério de Norberto Bobbio (1999, p. 22), podem ser
vislumbradas duas teses básicas do movimento jusnaturalista. A
primeira tese é a pressuposição de duas instâncias jurídicas: o direito
positivo e o direito natural. O direito positivo corresponderia ao
fenômeno jurídico concreto, apreendido pelos órgãos sensoriais, sendo,
desse modo, o fenômeno jurídico empiricamente veri�cável, tal como
ele se expressa por meio das fontes de direito, especialmente aquelas de
origem estatal. Por sua vez, o direito natural corresponderia a uma
exigência perene, eterna ou imutável de um direito justo, representada
por um valor transcendental ou metafísico de justiça. A segunda tese do
jusnaturalismo é a superioridade do direito natural em face do direito
positivo. Nesse sentido, o direito positivo deveria, conforme a doutrina
jusnaturalista, adequar--se aos parâmetros imutáveis e eternos de
justiça. O direito natural enquanto representativo da justiça serviria
como referencial valorativo (o direito positivo deve ser justo) e ontológico
(o direito positivo injusto deixar de apresentar juridicidade), sob pena de
a ordem jurídica identi�car-se com a força ou o mero arbítrio. O direito
vale caso seja justo e, pois, legítimo, daí resultando a subordinação da
validade à legitimidade da ordem jurídica (SOARES, 2019, p. 141).
Assim, para o jusnaturalismo, os direitos humanos são direitos naturais do indivíduo,
originários e inalienáveis, que existem independente do Estado. Cabe ao Legislador
apenas o reconhecimento dos direitos humanos, eis que esses direitos existem
independente do Estado. Nota-se que os direitos humanos na linha jusnaturalista
seria o direito à vida, integridade física, liberdades (e suas diversas vertentes), dentre
outros direitos fundamentais do cidadão. Para os jusnaturalistas, existe a ideia de
anterioridade dos direitos humanos em relação ao Estado.
Alguns autores renomados procuram de�nir os direitos humanos para a corrente
jusnaturalista, no qual colaciona-se a seguir (LEITE, 2014, p. 37):
Pérez Luno de�ne: “conjunto de faculdades e instituições que, em cada
momento histórico, concretizam as exigências da dignidade, da liberdade e da
igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos
ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional”.
Maurice Cranston: “uma expressão do século XX tradicionalmente conhecida
como direitos naturais, ou, simplesmente, direitos do homem”.
Alexandre de Moraes: “sustenta que os direitos humanos fundamentais
constituem um conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser
humano que tem por �nalidade básica o respeito à sua dignidade, por meio de
sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de
condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana”.
José Afonso da Silva: “reconhece a di�culdade de se conceituar direitos
humanos, mas prefere a expressão direitos fundamentais do homem, porque
além de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e
informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para
designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele
concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as
pessoas”.
Positivação dos direitos humanos
no constitucionalismo moderno 
A era contemporânea dos direitos humanos pode ser destacada a partir da Revolução
Francesa e, consequentemente, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
de 1789. A partir dessa declaração, inúmeras mudanças de impacto surgiram, como: a
incorporação das previsões da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão nas
Constituições; as decisões que se referem à Declaração como fonte de direito,
reconhecendo a sua importância e legitimidade; e, por �m, a previsão nas
Constituições acerca da Declaração.
Esse reconhecimento da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789
pelas Constituições Nacionais demonstra a legitimidade e importância das
Declarações que tratam sobre direitos humanos.
Segue a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789:
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembléia Nacional,
tendo em vista que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos
direitos do homem são as únicas causas dos males públicos e da
corrupção dos Governos, resolveram declarar solenemente os direitos
naturais, inalienáveis e sagrados do homem, a �m de que esta
declaração, sempre presente em todos os membros do corpo social, lhes
lembre permanentemente seus direitos e seus deveres; a �m de que os
atos do Poder Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser aqualquer
momento comparados com a �nalidade de toda a instituição política,
sejam por isso mais respeitados; a �m de que as reivindicações dos
cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se
dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Em razão disto, a Assembléia Nacional reconhece e declara, na presença
e sob a égide do Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do
cidadão:
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções
sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2º.  A �nalidade de toda associação política é a conservação dos
direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a
liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação.
Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que
dela não emane expressamente.
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o
próximo. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não
tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da
sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser
determinados pela lei.
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que
não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser
constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6º.  A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o
direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua
formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para
punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis
a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua
capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos
seus talentos.
Art. 7º.  Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos
determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os
que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens
arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou
detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário
torna-se culpado de resistência.
Art. 8º.  A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente
necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei
estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado
e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda
da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.
Art. 10º.  Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo
opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem
pública estabelecida pela lei.
Art. 11º.  A livre comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais
preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar,
escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta
liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12º.  A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de
uma força pública. Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e
não para utilidade particular daqueles a quem é con�ada.
Art. 13º.  Para a manutenção da força pública e para as despesas de
administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser
dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.
Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de veri�car, por si ou pelos seus
representantes, da necessidade da contribuição pública, de consenti-la
livremente, de observar o seu emprego e de lhe �xar a repartição, a
coleta, a cobrança e a duração.
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público
pela sua administração.
Art. 16.º  A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos
direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem
Constituição.
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém
dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública
legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia
indenização.
Fonte: USP, s.d., on-line.
REFLITA
“Os  direitos humanos  são, portanto, direitos protegidos pela ordem
internacional (especialmente por meio de tratados multilaterais, globais
ou regionais) contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa
cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. São direitos indispensáveis a
uma vida digna e que, por isso, estabelecem um nível protetivo
(standard) mínimo que todos os Estados devem respeitar, sob pena de
responsabilidade internacional. Assim, os direitos humanos são direitos
que garantem às pessoas sujeitas à jurisdição de um dado Estado meios
de vindicação de seus direitos, para além do plano interno, nas instâncias
internacionais de proteção (v.g., em nosso entorno geográ�co, perante a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que poderá submeter a
questão à Corte Interamericana de Direitos Humanos).
Destaque-se, por �m, que, quando se trata da proteção dos direitos
humanos, não importa a nacionalidade da vítima, bastando ter sido ela
violada em seus direitos de índole internacional por ato de um Estado
sob cuja jurisdição se encontrava.  No que tange à proteção do sistema
global (onusiano), não há maiores problemas, havendo dúvidas no que
toca à proteção regional. Tout court, a competência do sistema regional
(e do tribunal respectivo) para veri�car a responsabilidade internacional
de um Estado, está a depender da jurisdição (não do  locus  geográ�co)
em que tenha sido cometida a violação de direitos humanos,
independentemente da nacionalidade da vítima (importando apenas
de qual sistema de proteção faz parte o Estado). Assim, uma violação de
direitos a cidadão francês no Brasil previne a competência do sistema
interamericano de direitos humanos (Comissão e Corte Interamericanas
de Direitos Humanos); já uma violação de direitos a cidadão brasileiro na
Guiana Francesa (departamento ultramarino francês) previne a
competência do sistema europeu de direitos humanos (Corte Europeia
de Direitos Humanos)”.
Fonte: Mazzuoli (2020, p. 20).
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Fundamentos e conceitos de
direitos humanos
AUTORIA
Jaqueline da Silva Paulichi
Sumário
Introdução
1 - Direitos humanos no direito internacional contemporâneo
2 - Fundamentação dos direitos humanos
3 - Crítica ao conceito de direitos humanos
Considerações Finais
Introdução
Olá, estudante, tudo bem? Nesta unidade iremos estudar sobre Direitos humanos no
direito internacional contemporâneo, a Fundamentação dos direitos humanos e Crítica
ao conceito de direitos humanos.
É importante que você leia os materiais recomendados, assim como os tratados e
convenções que iremos mencionar nesta apostila, pois irão auxiliar nos seus estudos.
Veja os materiais complementares e as leituras recomendadas!!!
Bom estudo!
Plano de Estudo:
1. Conceitos e De�nições sobre Direitos humanos no direito internacional
contemporâneo;
2. Fundamentação dos direitos humanos;
3. Crítica ao conceito de direitos humanos.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Analisar os direitos humanos na ótica do direito internacional.
2. Re�etir sobre a disciplina e seu fundamento jurídico.
3. Discutir acerca do Conceito de Direitos Humanos.
Direitos humanos no direito
internacional contemporâneo 
Os Direitos Humanos no Direito Internacional têm início a partir do Pós Guerra, sendo
considerado uma resposta às atrocidades realizadas durante o movimento nazista. Assim,
procurou-se redesenhar os aspectos de dignidade e direitos humanos, elaborando um
referencial teórico apto a orientar a ordem internacional contemporânea. Dessa forma, foi
adotada a conversão dos direitos humanos em tema de legítimo interesse da
comunidade internacional. Consequentemente, formou-se um sistema normativo
internacional de proteção de direitos humanos, em âmbito regional e global. Esses
documentos trazem rumos norteadores da proteção da pessoa, baseados no princípio da
dignidadeda pessoa humana (PIOVESAN, s.d.).
O princípio da dignidade da pessoa humana está previsto no art. 1º, inc. III da Constituição
Federal, elevando-o a fundamento da República Federativa do Brasil. Esse princípio é
utilizado como fundamentação em diversos julgados do STF e STJ. Veja alguns casos já
decididos pelo STF:
Deixar a cargo da mulher autora da representação a decisão sobre o início da
persecução penal signi�ca desconsiderar o temor, a pressão psicológica e
econômica, as ameaças sofridas, bem como a assimetria de poder
decorrente de relações histórico-culturais, tudo a contribuir para a
diminuição de sua proteção e a prorrogação da situação de violência,
discriminação e ofensa à dignidade humana. Implica relevar os graves
impactos emocionais impostos pela violência de gênero à vítima, o que a
impede de romper com o estado de submissão. [...] Descabe interpretar a Lei
Maria da Penha de forma dissociada do Diploma Maior e dos tratados de
direitos humanos rati�cados pelo Brasil, sendo estes últimos normas de
caráter supralegal também aptas a nortear a interpretação da legislação
ordinária. Não se pode olvidar, na atualidade, uma consciência constitucional
sobre a diferença e sobre a especi�cação dos sujeitos de direito, o que traz
legitimação às discriminações positivas voltadas a atender as peculiaridades
de grupos menos favorecidos e a compensar desigualdades de fato,
decorrentes da cristalização cultural do preconceito. [...] Procede às inteiras o
pedido formulado pelo PGR, buscando-se o empréstimo de concretude
maior à CF. Deve-se dar interpretação conforme à Carta da República aos
arts. 12, I; 16; e 41 da Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha – no sentido de não
se aplicar a Lei 9.099/1995 aos crimes glosados pela lei ora discutida,
assentando-se que, em se tratando de lesões corporais, mesmo que
consideradas de natureza leve, praticadas contra a mulher em âmbito
doméstico, atua-se mediante ação penal pública incondicionada. [...]
Representa a Lei Maria da Penha elevada expressão da busca das mulheres
brasileiras por igual consideração e respeito. Protege a dignidade da mulher,
nos múltiplos aspectos, não somente como um atributo inato, mas como
fruto da construção realmente livre da própria personalidade. Contribui com
passos largos no contínuo caminhar destinado a assegurar condições
mínimas para o amplo desenvolvimento da identidade do gênero feminino.
[ADI 4.424, voto do rel. min. Marco Aurélio, j. 9-2-2012, P, DJE de 1º-8-2014.]
= ARE 773.765 RG, rel. min. Gilmar Mendes, j. 3-4-2014, P, DJE de 28-4-2014,
Tema 713 (BRASIL, 2008)
         
[...] a dignidade da pessoa humana precede a Constituição de 1988 e esta não
poderia ter sido contrariada, em seu art. 1º, III, anteriormente a sua vigência. A
arguente desquali�ca fatos históricos que antecederam a aprovação, pelo
Congresso Nacional, da Lei 6.683/1979. [...] A inicial ignora o momento talvez
mais importante da luta pela redemocratização do País, o da batalha da
anistia, autêntica batalha. Toda a gente que conhece nossa história sabe que
esse acordo político existiu, resultando no texto da Lei 6.683/1979. [...] Tem
razão a arguente ao a�rmar que a dignidade não tem preço. As coisas têm
preço, as pessoas têm dignidade. A dignidade não tem preço, vale para todos
quantos participam do humano. Estamos, todavia, em perigo quando
alguém se arroga o direito de tomar o que pertence à dignidade da pessoa
humana como um seu valor (valor de quem se arrogue a tanto). É que, então,
o valor do humano assume forma na substância e medida de quem o a�rme
e o pretende impor na qualidade e quantidade em que o mensure. Então o
valor da dignidade da pessoa humana já não será mais valor do humano, de
todos quantos pertencem à humanidade, porém de quem o proclame
conforme o seu critério particular. Estamos então em perigo, submissos à
tirania dos valores. [...] Sem de qualquer modo negar o que diz a arguente ao
proclamar que a dignidade não tem preço (o que subscrevo), tenho que a
indignidade que o cometimento de qualquer crime expressa não pode ser
retribuída com a proclamação de que o instituto da anistia viola a dignidade
humana. [...] O argumento descolado da dignidade da pessoa humana para
a�rmar a invalidade da conexão criminal que aproveitaria aos agentes
políticos que praticaram crimes comuns contra opositores políticos, presos
ou não, durante o regime militar, esse argumento não prospera.
[ADPF 153, voto do rel. min. Eros Grau, j. 29-4-2010, P, DJE de 6-8-2010.]
(BRASIL, 2010).
 
  A pesquisa cientí�ca com células-tronco embrionárias, autorizada pela Lei
11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e traumatismos
que severamente limitam, atormentam, infelicitam, desesperam e não raras
vezes degradam a vida de expressivo contingente populacional
(ilustrativamente, as atro�as espinhais progressivas, as distro�as musculares,
a esclerose múltipla e a lateral amiotró�ca, as neuropatias e as doenças do
neurônio motor). A escolha feita pela Lei de Biossegurança não signi�cou um
desprezo ou desapreço pelo embrião in vitro, porém uma mais �rme
disposição para encurtar caminhos que possam levar à superação do
infortúnio alheio. Isso no âmbito de um ordenamento constitucional que
desde o seu preâmbulo quali�ca "a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça" como valores supremos de uma
sociedade mais que tudo "fraterna". O que já signi�ca incorporar o advento
do constitucionalismo fraternal às relações humanas, a traduzir verdadeira
comunhão de vida ou vida social em clima de transbordante solidariedade
em benefício da saúde e contra eventuais tramas do acaso e até dos golpes
da própria natureza. Contexto de solidária, compassiva ou fraternal
legalidade que, longe de traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados
embriões in vitro, signi�ca apreço e reverência a criaturas humanas que
sofrem e se desesperam. Inexistência de ofensas ao direito à vida e da
dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-tronco
embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os �ns a que se destinam)
signi�ca a celebração solidária da vida e alento aos que se acham à margem
do exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com
dignidade (ministro Celso de Mello). [...] A Lei de Biossegurança caracteriza-se
como regração legal a salvo da mácula do açodamento, da insu�ciência
protetiva ou do vício da arbitrariedade em matéria tão religiosa, �losó�ca e
eticamente sensível como a da biotecnologia na área da medicina e da
genética humana. Trata-se de um conjunto normativo que parte do
pressuposto da intrínseca dignidade de toda forma de vida humana, ou que
tenha potencialidade para tanto. A Lei de Biossegurança não conceitua as
categorias mentais ou entidades biomédicas a que se refere, mas nem por
A proteção internacional dos direitos humanos traz um mecanismo de responsabilização
e controle internacional que pode ser acionado toda vez que a ordem nacional interna
não se mobilizar para corrigir as violações aos direitos humanos. Assim, quando o estado
acolhe essa forma de proteção internacional, bem como se torna signatário das
obrigações internacionais, ele passa a aceitar o monitoramento internacional.
Consequentemente, os indivíduos se tornam sujeitos de direito internacional (PIOVESAN,
s.d.).
No Brasil, o marco inicial desse processo de incorporação dos documentos internacionais
que versam e protegem os direitos humanos foi a rati�cação, em 1º de fevereiro de 1984,
da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher
(PIOVESAN, s.d.).
Após a Constituição Federal de 1988, os tratados internacionais que versam sobre direitos
humanos foram rati�cados pelo Brasil, que são (PIOVESAN, s.d.).:
1. a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, em 20 de julho de 1989;
2. a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou
Degradantes, em 28 de setembro de 1989;
3. a Convenção sobre os Direitos da Criança, em 24 de setembrode 1990;
4. o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 24 de janeiro de 1992;
5. o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 24 de janeiro
de 1992;
6. a Convenção Americana de Direitos Humanos, em 25 de setembro de 1992;
7. a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher, em 27 de novembro de 1995.
Nota-se que na Constituição Federal de 1988, com alteração da Emenda Constitucional 45
de 2004, existe a previsão sobre a incorporação dos tratados internacionais que versam
sobre direitos humanos. Assim, caso algum tratado seja votado em dois turnos, nas duas
casas do Congresso Nacional, por 3/5 dos votos de seus membros, o tratado internacional
que versar sobre direitos humanos terá status de Emenda à Constituição.
Já os tratados que não versarem sobre direitos humanos, possuem status de lei ordinária.
Por �m, os tratados e convenções internacionais que tratam de direitos humanos, mas
que foram incorporados pelo ordenamento jurídico antes da Emenda Constitucional 45
de 2004, possuem status de norma de sobredireito, acima das leis ordinárias e abaixo da
Constituição Federal de 1988.
Leia o parágrafo terceiro do art. 5º da Constituição Federal:
isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois é de se presumir que
recepcionou tais categorias e as que lhe são correlatas com o signi�cado que
elas portam no âmbito das ciências médicas e biológicas.
[ADI 3.510, rel. min. Ayres Britto, j. 29-5-2008, P, DJE de 28-5-2010.] (BRASIL,
2012).
3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008 , DEC
6.949, de 2009 , DLG 261, de 2015 , DEC 9.522, de 2018) (BRASIL, 1988). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-186-2008.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6949.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-261-2015.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9522.htm
Fundamentação dos direitos
humanos
Tratar da fundamentação dos direitos humanos signi�ca a análise da razão de ser desta
disciplina, o porquê de sua existência e seu fundamento primordial.  Os direitos humanos
nasceram para tutelar e proteger os interesses das pessoas, do ser humano. Em que pese
toda a história mundial, em que realizaram inúmeras atrocidades contra vários grupos e
minorias, deturpando o conceito de pessoa e diminuindo as suas existências, os direitos
humanos surgem para proteger os cidadãos. Nota-se que, mesmo com a existência de
leis, tratados internacionais, Constituições, dentre outros aspectos normativos, o ser
humano ainda trata outros seres humanos como inferiores. É o que ocorre com as
pessoas em situação de rua, com a população LGBTQIA+, com os índios, dependentes
químicos, pobres, mulheres, negros, idosos, quilombolas, dentre outros grupos e minorias
vulneráveis.
Os direitos humanos retiram seu fundamento primordial do princípio da dignidade da
pessoa humana (MAZZUOLI, 2017), em consonância com o que estabelece o art. 1.º da
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948: “Todas as pessoas nascem livres e
iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em
relação umas às outras com espírito de fraternidade”. 
A partir da Declaração Universal de 1948 podemos retirar três princípios basilares. A
inviolabilidade da pessoa: o ser humano é inviolável, o que abrange o seu direito à vida e a
integridade física, a vedação a tortura e ao tratamento degradante, assim como a
proibição de condição análoga a de escravo. A pessoa humana não pode ser submetida a
sacrifícios que irão resultar em benefícios, sejam patrimoniais ou pessoais, a outra pessoa.
Ou seja, o ser humano deve ser considerado como um �m em si mesmo, e não como
meio para se atingir algum outro resultado.
A autonomia da pessoa; o ser humano é livre para ir e vir, para ter a liberdade de
pensamento, liberdade religiosa, de convicções políticas e ideológicas. Assim, pode-se
inferir que o sujeito é livre para fazer suas escolhas, desde que não inter�ra o direito de
outros. A autonomia da pessoa é princípio previsto em todo ordenamento jurídico
brasileiro. Por exemplo, no direito civil existe a previsão acerca da autonomia para
contratar, ser contratado, liberdade para estabelecer suas obrigações, casamento, regime
de bens, sucessões, dentre outros. Assim, a autonomia da vontade, ou liberdade, é
importante princípio que regulamenta o direito brasileiro.
O terceiro princípio básico que podemos extrair é o da dignidade da pessoa humana, que,
por sua vez, é o núcleo rígido de todos os demais direitos da personalidade, direitos
fundamentais, dentre outros. Dessa forma, a dignidade da pessoa humana traz o
fundamento dos direitos humanos, e a partir dele podemos interpretar diversas outras
normas jurídicas e de�nir sua aplicabilidade conforme o que é melhor ao ser humano.
Leia a seguir um importante trecho de artigo publicado por Flávia Piovesan (2005, p. 132)
acerca da dignidade da pessoa humana:
No dizer de Hannah Arendt, os direitos humanos não são um dado, mas um
construído, uma invenção humana, em constante processo de construção e
reconstrução. Considerando a historicidade destes direitos, pode-se a�rmar
que a de�nição de direitos humanos aponta a uma pluralidade de
signi�cados. Tendo em vista tal pluralidade, destaca-se neste estudo a
chamada concepção contemporânea de direitos humanos, que veio a ser
introduzida com o advento da Declaração Universal de 1948 e reiterada pela
Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993. 2 Esta concepção é fruto
do movimento de internacionalização dos direitos humanos, que constitui
um movimento extremamente recente na história, surgindo, a partir do pós-
guerra, como resposta às atrocidades e aos horrores cometidos durante o
nazismo. Apresentando o Estado como o grande violador de direitos
humanos, a era Hitler foi marcada pela lógica da destruição e da
descartabilidade da pessoa humana, que resultou no envio de 18 milhões de
pessoas a campos de concentração, com a morte de 11 milhões, sendo 6
milhões de judeus, além de comunistas, homossexuais, ciganos, etc. O
legado do nazismo foi condicionar a titularidade de direitos, ou seja, a
condição de sujeito de direitos, à pertinência a determinada raça - "a raça
pura ariana". No dizer de Ignacy Sachs, "o século XX foi marcado por duas
guerras mundiais e pelo horror absoluto do genocídio concebido como
projeto político e industrial". 3 É neste cenário que se desenha o esforço de
reconstrução dos direitos humanos, como paradigma e referencial ético a
orientar a ordem internacional contemporânea. Se a 2.ª Guerra signi�cou a
ruptura com os direitos humanos, o Pós-Guerra deveria signi�car a sua
reconstrução este sentido, em 10 de dezembro de 1948, é aprovada a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, como marco maior do processo
de reconstrução destes direitos. Introduz ela a concepção contemporânea de
direitos humanos, caracterizada pela universalidade e indivisibilidade destes
direitos. Universalidade porque clama pela extensão universal dos direitos
humanos, sob a crença de que a condição de pessoa é o requisito único para
a dignidade e titularidade de direitos. Indivisibilidade porque a garantia dos
direitos civis e políticos é condição para a observância dos direitos sociais,
econômicos e culturais e vice-versa. Quando um deles é violado, os demais
também o são. Os direitos humanos compõem assim uma unidade
indivisível, interdependente e inter-relacionada, capaz de conjugar o
catálogo de direitos civis e políticos ao catálogo de direitos sociais,
econômicos e culturais. 
Crítica ao conceito dedireitos
humanos 
O conceito de direitos humanos que temos hoje não é o su�ciente para abarcar toda a
complexidade de direitos que envolvem a disciplina de direitos humanos. Nota-se que os
direitos humanos tratam dos direitos do sujeito, da pessoa. Basta que seja pessoa
humana que esta terá os seus direitos garantidos. No entanto, nem todo país adere às
normas de direitos humanos ou aos tratados e convenções internacionais. Dessa forma,
�ca difícil discutir direitos das mulheres, por exemplo, em países que entendem que as
mulheres são seres inferiores.
Mesmo no Brasil, em que temos diversas normas que procuram tutelar e proteger os
grupos e vulneráveis, ainda temos di�culdade em fazer valer os direitos dessas pessoas.
Mazzuoli (2017, p. 47) explica o seguinte:
Direitos humanos  é uma expressão intrinsecamente ligada ao direito
internacional público. Assim, quando se fala em “direitos humanos”, o que
tecnicamente se está a dizer é que há direitos que são garantidos por
normas de índole  internacional, isto é, por declarações ou tratados
celebrados entre Estados com o propósito especí�co de proteger os direitos
(civis e políticos; econômicos, sociais e culturais etc.) das pessoas sujeitas à
sua jurisdição.1 Tais normas podem provir do sistema global (pertencente à
Organização das Nações Unidas, por isso chamado “onusiano”) ou de
sistemas regionais de proteção (v.g., os sistemas europeu, interamericano e
africano). Atualmente, o tema “direitos humanos” compõe um dos capítulos
mais signi�cativos do direito internacional público, sendo, por isso, objeto
próprio de sua regulamentação.
O conceito da disciplina é basicamente a explicação de que essa matéria nasceu e se
desenvolve para tratar dos assuntos conexos ao ser humano, a sua proteção e seus
interesses, para que não ocorram as atrocidades que já vivenciamos anteriormente.
Assim, tem-se atualmente os sistemas de proteção internacional e regional, além das
normas internas de cada país que regulamentam sobre o assunto.
Continuando, o autor aduz que:
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788530988852/epub/OEBPS/Text/08_chapter01.xhtml?favre=brett#pg20a2
Destaque-se, por �m, que, quando se trata da proteção dos direitos
humanos, não importa a  nacionalidade  da vítima, bastando ter sido ela
violada em seus direitos de índole internacional por ato de um Estado sob
cuja jurisdição se encontrava.  No que tange à proteção do sistema global
(onusiano), não há maiores problemas, havendo dúvidas no que toca à
proteção regional.  Tout court, a competência do sistema regional (e do
tribunal respectivo) para veri�car a responsabilidade internacional de um
Estado, está a depender da jurisdição (não do  locus  geográ�co) em que
tenha sido cometida a violação de direitos humanos, independentemente da
nacionalidade da vítima (importando apenas de  qual  sistema de proteção
faz parte o Estado). Assim, uma violação de direitos a cidadão francês no
Brasil previne a competência do sistema interamericano de direitos
humanos (Comissão e Corte Interamericanas de Direitos Humanos); já uma
violação de direitos a cidadão brasileiro na Guiana Francesa (departamento
ultramarino francês) previne a competência do sistema europeu de direitos
humanos (Corte Europeia de Direitos Humanos) (MAZZUOLI, 2017, p. 49).
REFLITA
“Os desastres humanos das guerras, especialmente aquilo que assistiu o
mundo no período da Segunda Guerra Mundial, trouxe, primeiro, a
dignidade da pessoa humana para o mundo do direito como contingência
que marcava a essência do próprio sóciopolítico a ser traduzido no sistema
jurídico”
Fonte: Rocha (2004, p.12 ).
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Filme
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Evolução dos direitos
humanos
AUTORIA
Jaqueline da Silva Paulichi
Sumário
Introdução
1 - Polissemia conceitual
2 - Ideia de gerações e suas críticas
3 - Principais documentos
4 - Universalidade x Relatividade
Considerações Finais
Introdução
Olá, estudante, tudo bem? Nesta unidade iremos estudar sobre os conceitos de
direitos humanos e suas gerações. Iremos abordar as diferenças terminológicas e
analisar as características da disciplina, como a universalidade e a relatividade
cultural, no qual vamos abordar as características de um povo e as consequências
para os direitos humanos. Também iremos estudar acerca das gerações de direitos
humanos, como os direitos relativos à liberdade, à igualdade e à solidariedade, e os
documentos internacionais que tratam de direitos humanos relativo aos temas.
Veja os materiais complementares e as leituras recomendadas!!!
Bom estudo!
Plano de Estudo:
1. Conceitos e De�nições sobre a Polissemia conceitual;
2. Ideia de gerações e suas críticas;
3. Principais documentos;
4. Universalidade X Relatividade.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Analisar os direitos humanos e sua polissemia conceitual;
2. Re�etir sobre as gerações de direitos humanos;
3. Discutir acerca dos principais documentos que versam sobre direitos humanos.
4. Estudar sobre as características principais da disciplina.
Polissemia conceitual
A polissemia quer dizer que existem inúmeros conceitos acerca do que se trata os
direitos humanos. Ressalta-se que os direitos humanos tratam dos direitos das
pessoas, basta ser sujeito de direitos, basta ser pessoa que estará protegido pelas leis
nacionais e internacionais que tratam de direitos humanos.
No entanto, existem diversos signi�cados para mesma disciplina, pois deve ser
analisada sob a ótica da proteção nacional, da proteção regional e da proteção
internacional dos direitos humanos, além dos documentos que protegem os sujeitos
em relação a tratamento degradante ou desumano, a condição análoga de escravo, a
proteção das mulheres, proteção das crianças e dos adolescentes, proteção dos
idosos, proteção das pessoas com de�ciência, dentre outras minorias e grupos
vulneráveis.
Lembrando que tratamos do conceito de direitos humanos sobre a ótica da
dignidade da pessoa humana. Também tratamos dos direitos humanos sobre a ótica
da análise das normas que regulamenta essa disciplina.
Agora vamos analisar outros conceitos que tratam do tema. Leite (2014, p. 33) explica
o conceito de direitos humanos para os juspositivistas da seguinte maneira:
Os juspositivistas sustentam que os direitos humanos são fundamentais
e essenciais, desde que reconhecidos pelo Estado, pelo Poder Político.
Esta concepção identi�ca o direito com a lei formalmente posta. Nasce,
assim, a ideia dos direitos humanos como direitos públicos subjetivos.
Há, nesse caso, a ideologia constitutiva dos direitos humanos. A
abordagem temática é feita no plano eminentemente jurídico-
normativo.
Conforme já estudado em outras unidades, os jusnaturalistas defendem que:
[...] a existência de direitos naturais do indivíduo, originários e
inalienáveis, decorre da ideia de que ao Estado não incumbe outorgá-los,
mas tão somente reconhecê-los e aprová-los formalmente. Jus divinum
(Tomás de Aquino) e Contrato Social (Rousseau) são termos inerentes ao
jusnaturalismo. Há para os jusnaturalistas a ideia de anterioridade dos
direitos humanos em relação ao próprio Estado, sendo a sua abordagem
estudada no plano �losó�co (LEITE, 2014, p. 33).
Perez Luno, autor contemporâneo, explica da seguinte maneira:
[...] conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento
histórico, concretizam as exigências da dignidade, da liberdade e da
igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente
pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional (LEITE,
2014, p. 34).
Além da polissemia conceitual, insta salientar acerca da expressão utilizada para
de�nir o que são esses direitos, no qual alguns autores preferem se utilizar “direitos
fundamentais do homem”, conforme citado:
José Afonso da Silva  reconhece a di�culdade de se conceituar direitos
humanos, mas prefere a expressão direitos fundamentais do homem,
por- que além de referir-se a princípios que resumem a concepção do
mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é
reservada para designar,no nível do direito positivo, aquelas
prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma
convivência digna, livre e igual de todas as pessoas (LEITE, 2014, p. 37).
O conceito de Direitos Humanos é muito amplo. Pode ser considerado sob dois
aspectos (SORONDO, s.d., on-line):
- constituindo um ideal comum para todos os povos e para todas as
nações, seria então um sistema de valores; 
- este sistema de valores, enquanto produto de ação da coletividade
humana, acompanha e re�ete sua constante evolução e acolhe o clamor
de justiça dos povos. Por conseguinte, os Direitos Humanos possuem
uma dimensão histórica.
Mas, então, o que são direitos humanos? De forma livre, podemos concluir que
direitos humanos são a forma como você espera ser tratado pelos demais. De forma
digna (SORONDO, s.d).
Dessa forma, os direitos humanos possuem inúmeros conceitos e signi�cados, o que
demonstra a sua importância no âmbito jurídico e social. Eis que os diversos autores
que tratam do tema se preocupam com o mesmo: a proteção do ser humano. Assim,
podemos entender que os direitos humanos estudam e protegem o ser humano.
Ideia de gerações e suas críticas
As gerações de direitos humanos remetem os princípios �losó�cos da revolução
Francesa, quais sejam liberdade, igualdade e fraternidade. Assim, iremos abordar a
gerações de direitos humanos e as suas consequências jurídicas, pois os autores que
tratam do tema estabeleceram a divisão da evolução da disciplina em três ou mais
gerações, delimitando a primeira geração como os direitos advindos da Liberdade e
os seus documentos históricos e normativos,  a segunda geração como direitos
advindos da igualdade e a terceira geração os direitos de fraternidade ou
solidariedade.
Leite (2014, p. 86) assevera que:
Pode-se dizer que a primeira dimensão dos direitos humanos surgiu
com as revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII. São direitos
inerentes ao liberalismo clássico, encontrando, pois, inspiração no
iluminismo racionalista, base do pensamento ocidental entre os séculos
XVI e XIX. São também chamados de direitos individuais, direitos
subjetivos ou direitos de liberdade e têm por titulares os indivíduos
isoladamente considerado.
Os direitos civis e políticos, que também são chamados de direitos humanos de
primeira geração ou dimensão, têm por fundamento a liberdade, segurança e a
integridade psíquica e física da pessoa humana no qual é assegurado a participação
na vida pública e também no governo. Os direitos humanos de primeira geração são
exigíveis contra o estado, pois cabe a ele garantir a sua efetivação e a sua positivação
no ordenamento jurídico.
Apesar do Estado ser reconhecido como maior violador dos direitos humanos, cabe a
ele a tutela e a proteção dos direitos humanos contra qualquer abuso de outra pessoa
ou outro órgão político. É importante destacar que os direitos humanos possuem
aplicabilidade imediata, ou seja, tão logo sejam reconhecidos devem ser aplicados de
forma efetiva aos sujeitos de direito.
O Estado deve proporcionar à sociedade meios para que esses direitos sejam
garantidos e efetivados, para que os direitos e garantias fundamentais não sejam
apenas textos de lei e passem a ser garantias dos cidadãos brasileiros.
Os direitos de primeira geração tratam do “não fazer”, ou seja, são garantias dos
cidadãos de que o Estado não irá intervir nos seus atos, possuindo um status
negativo.
A segunda geração de direitos humanos diz respeito aos direitos sociais, econômicos
e culturais. Os direitos humanos de segunda geração possuem um status positivo,
necessitando que o Estado realize atos, um dever de fazer, de contribuir, de ajudar por
parte dos órgãos que compõem o Poder Público.
Leite (2014, p. 88) explica que:
A positivação desses direitos deu origem ao que se convencionou
chamar de “Constitucionalismo Social”, a demonstrar que os direitos
humanos de primeira dimensão, especialmente o direito de propriedade,
quando do seu exercício, têm que cumprir uma função social.
Assim, pode-se a�rmar que os direitos de segunda dimensão se traduzem nos
direitos de inclusão social, necessitando da efetivação de políticas públicas. São os
direitos que tratam da igualdade entre pessoas.
NA PRÁTICA
São exemplos de direitos civis e políticos (LEITE, 2014):
direito à vida: contra a privação da vida e do “desaparecimento”;
direito à integridade física: antitortura;
direito à liberdade: contra a escravidão e detenção ilegal;
direito à igualdade perante a lei;
direito à liberdade de expressão;
direito ao respeito da vida privada;
direito de viver sem violência na família: proteção das mulheres,
crianças e pessoas idosas contra a violência doméstica;
direito de acesso à informação;
direito à livre circulação (refugiados, exilados, migrantes, pessoas
deslocadas);
direito a uma nacionalidade;
direito a participar em qualquer atividade;
direito de eleger e ser eleito;
liberdade de reunião ou de associação;
direito à honestidade administrativa (contra a corrupção praticada
por servidores públicos ou governantes).
É importante assinalar que a Constituição brasileira de 1988 (art. 6o)
prescreve que são direitos sociais: “a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”. Esse rol dos
direitos sociais previsto no artigo 6º  não é exaustivo, na medida em que
ele é complementado pelo Título VIII da mesma Constituição, que trata
da Ordem Social (Cap. II), abrangendo o direito à seguridade social, à
saúde, à previdência social e à assistência social; à educação, à cultura e
ao desporto (Cap. III), à ciência e à tecnologia (Cap. IV); à comunicação
social (Cap. V); ao meio ambiente (Cap. VI); além dos direitos da família,
da criança e do adolescente (Cap. VII) e dos índios (Cap. VIII) (LEITE, 2014,
p. 89).
Os direitos humanos de terceira geração também são conhecidos como direitos de
fraternidade ou de solidariedade, e ainda existem autores que denominam como
jeito de interesses metaindividuais
A ideia desse direito de terceira geração surge como um meio de conscientizar a
sociedade de que o mundo é dividido em diferentes nações desenvolvidas e
subdesenvolvidas e, por isso, defende-se que tais direitos decorrem de uma re�exão
sobre os temas referentes ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, à relação de
consumo, dentre outros.
Esses direitos de terceira geração não se destinam à proteção ou a tutela do indivíduo
individualizado ou isoladamente considerado. Os direitos de solidariedade e
fraternidade tratam de pessoas indeterminadas ou indetermináveis, ou seja, seus
destinatários são o gênero humano. O reconhecimento desses direitos decorre da
passagem do estado liberal ao estado social que se observa uma transformação nas
relações sociais, econômicas, políticas e jurídicas em escala mundial.
Por esse motivo existe a preocupação com o meio ambiente, com relação de
consumo, com questões de patrimônio histórico e social, com direitos coletivos e
difusos, o extrato dos interesses da massa que passam a exigir do Estado a inserção
do reconhecimento no ordenamento jurídico.
 A Constituição Federal de 1988 reconhece os direitos difusos e coletivos, e confere a
legitimação para tutelar esses interesses ao ministério público, ao cidadão e outros
entes coletivos.
 Grande exemplo do reconhecimento, tutela e garantia dos direitos de solidariedade
direitos de terceira geração de direitos humanos é o código de defesa do consumidor.
Principais documentos
Os principais Documentos internacionais que tratam de direitos humanos são
(NAÇÕES UNIDAS BRASIL, s.d.):
1. Convenção para a prevenção e a repressão do crime de genocídio (1948).
2. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial (1965).
3. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966).
4. Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966).
5. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formasde Discriminação contra as
Mulheres (1979).
6. Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982).
7. Convenção sobre os Direitos da Criança (1989).
8. Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (1996).
9. Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo
(1999).
10. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De�ciência (2006).
Universalidade x Relatividade 
Os direitos humanos se dirigem a todas as pessoas, independente da raça, religião,
sexo, origem étnica, dentre outros. A universalidade nasce da percepção de que é
necessário ser pessoa, ser humano, para usufruir dos direitos humanos. Dessa forma,
ao se a�rmar que os direitos humanos são universais, estamos aplicando as normas
de direitos humanos a todas as pessoas, sem discriminação. Inclusive aos sujeitos
provenientes de países que não reconhecem os direitos humanos. É por esse motivo
que existem as políticas de minorias e grupos vulneráveis.
Leite (2014, p.67 )explica que:
A característica da universalidade dos direitos humanos decorre da
constatação de que a condição de pessoa é o único requisito para a
titularidade de direitos, uma vez que o ser humano é um ser
essencialmente moral, dotado de unicidade existencial e dignidade.
Além disso, a universalidade dos direitos humanos é uma decorrência
lógica das necessidades humanas universais, como a necessidade de
respirar, de comer, de beber, de vestir-se, de amar, de ser respeitado etc.
Nota-se que existe a diversidade cultural, ou seja, cada região possui suas
características peculiares, no qual alguns direitos podem não ter sentido para aquelas
pessoas. Citam-se os casos de países que não reconhecem às mulheres os mesmos
direitos que os homens.
[...] a universalidade dos direitos humanos decorre de sua própria
concepção, ou de sua captação pelo espírito humano, como direitos
inerentes a todo ser humano, e a ser protegidos em todas e quaisquer
circunstâncias. Não se questiona que, para lograr a e�cácia dos direitos
humanos universais, há que tomar em conta a diversidade cultural, ou
seja, o  substratum  cultural das normas jurídicas; mas isto não se
identi�ca com o chamado relativismo cultural. Muito ao contrário, os
chamados “relativistas” se esquecem de que as culturas não são
herméticas, mas sim abertas aos valores universais, e tampouco se
apercebem de que determinados tratados de proteção dos direitos da
pessoa humana já tenham logrado aceitação universal (TRINDADE, 2007,
p.418 ).
Atrelada à característica da universalidade estuda-se a generalidade, pois as normas
não podem ser criadas para uma única pessoa. Pode ser para um determinado grupo
ou minoria. Já a Universalidade clama pela extensão universal dos direitos humanos,
sob a crença de que a condição de pessoa é o requisito único para a dignidade e
titularidade de direitos.
Dessa forma, questiona-se: os direitos humanos podem ser extensíveis aos entes não
humanos? Ex.: rinhas de galo? Farra do boi? Não há extensão dos direitos humanos
aos animais. No entanto, tem-se forte linha que defende o direito animal. Existe a
vedação a experimentos cientí�cos que coloquem em risco a vida e a saúde do ser
vivo.
Farra Do Boi: RE 153.531/SC: o STF já entendeu haver violação ao meio ambiente em
tal prática, sem se debruçar sobre a suposta universalidade dos direitos humanos
ampliados aos animais.
Ingo Sarlet Wolfgang (2016, on-line) ensina que
[...] são titulares de direitos fundamentais na condição de direitos
subjetivos, é sem dúvida possível e mesmo desejável reconhecer a
possibilidade de atribuição de uma peculiar dignidade aos animais e
mesmo à natureza em geral, no sentido de uma dignidade da vida
humana. No caso dos animais tal dignidade implica o reconhecimento
de um dever de respeito e consideração, assim como correspondentes
deveres de proteção, de tal sorte que os animais não podem ser
reduzidos à condição de mera coisa (objeto), e, portanto, não possuem
tal um valor meramente instrumental.
O relativismo diz respeito aos direitos relacionados ao sistema econômico, social e
cultural de uma determinada sociedade. Dessa forma, cada região, cada Estado,
possui seu discurso sobre direitos humanos. Já o relativismo cultural analisa a
perspectiva da antropologia, que veri�ca diferentes culturas livres do etnocentrismo,
em que a visão de mundo característica de quem considera o seu grupo étnico,
nação ou nacionalidade socialmente mais importante do que os demais. 
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos assegura que o ser humano não
poderá alcançar os direitos previstos na Declaração Universal de Direitos Humanos se
não houver previsão legal que permita a concretização dos direitos civis e políticos.
Assim, o pacto aduz que todos têm o direito à autodeterminação, inclusive ao
desenvolvimento cultural, conforme previsto no artigo1º: “Todos os povos têm direito à
autodeterminação. Em virtude desse direito, determinam livremente seu estatuto
político e asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural”
(BRASIL, 1992).
Se houver incompatibilidade entre as normas internacionais de direitos humanos e o
direito interno, devem ser analisadas as condições culturais deste povo. Cada
sociedade pode ter suas crenças e princípios próprios, conforme a sua evolução
cultural, social, econômica e política, desde que valorize as pessoas e entenda que
estas devem ter tratamento digno.
A Constituição Federal, no Título VIII, estabelece sobre a Ordem social. Assim, seu art.
215 dispõe que:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a
valorização e a difusão das manifestações culturais. 
1º. O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,
indígenas e afro-brasileira, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional (BRASIL, 1988).
A Proteção à Cultura Indígena está prevista no art. 213:
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
ocupam, competindo à União, demarcá-las, proteger e fazer respeitar
todos os seus bens (BRASIL, 1988).
REFLITA
“Os elementos que compõem os direitos humanos não se
desenvolveram na mesma época. Pelo contrário, tiveram seu
desenvolvimento e apogeu em contextos históricos distintos, como
veri�cado no tópico anterior. Os períodos de destaque de cada direito
(civis, políticos e sociais) �cam nítidos na busca de caminhos distintos e
autônomos desses elementos, mas não signi�ca dizer que caminharam
totalmente independentes. Tanto os direitos civis quanto os políticos e os
sociais tiveram momentos de ligação. Pode-se até mesmo a�rmar que os
elementos políticos e os sociais contribuíram – por haver interligação em
alguns momentos entre eles – para a formação da cidadania do Estado
Democrático de Direito no século XX, já que os ingleses, pelo direito ao
voto, tiveram a possibilidade de intervir no governo inglês, com a eleição
de candidatos que representariam os desejos do povo, implementando
uma legislação social.”
Fonte: Guerra (2017, p.157 ).
Livro
Filme
Web
Direitos humanos e direitos
fundamentais
AUTORIA
Jaqueline da Silva Paulichi
Sumário
Introdução
1 - Proteção na constituição de 1988
2 - Proteção internacional
3 - Direitos fundamentais
Considerações Finais
Introdução
Olá, estudante, tudo bem?
Nesta unidade vamos analisar os direitos humanos que estão inseridos na
Constituição Federal de 1988, vamos analisar os art. 4º da CF/88 e seus princípios que
regulamentam as relações internacionais. Posteriormente vamos ver sobre os
documentos internacionais que tutelam os interesses básicos dos cidadãos, como o
direito à vida, integridade física, a liberdades – e seus desdobramentos –, à segurança,
propriedade, dentre outros.
Veja os materiais complementares e as leituras recomendadas!!!
Bom estudo!
Plano de Estudo:
1. Conceitos e De�nições sobre os direitos humanos na ordem interna,analisando
os direitos fundamentais que os documentos internacionais que tratam do
tema.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Analisar os direitos humanos sob a ótica da Constituição Federal
2. Aprender sobre o sistema internacional de proteção aos direitos humanos.
3. Re�etir sobre os direitos fundamentais.
Proteção na constituição de 1988
Os direitos humanos também são tutelados pela Constituição Federal de 1988.
O artigo 4º da Constituição Federal trata dos princípios que regulamentam as
relações internacionais, como a independência nacional, a prevalência dos direitos
humanos, a autodeterminação dos povos, a não-intervenção, a igualdade entre os
Estados, a defesa da paz na solução pací�ca dos con�itos, o repúdio ao terrorismo e
ao racismo, a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e a
concessão de asilo político.
Como exemplo, podemos citar o artigo 5º que prevê diversos direitos fundamentais e
que também se desdobra em direitos humanos.
Salienta-se que a Constituição também prevê em outros artigos sobre direitos sociais,
direitos previdenciários, direito ao meio ambiente equilibrado, direito de família, da
ordem econômica e social, dentre outros direitos que são essenciais para proteção do
ser humano.
Essa previsão decorre de documentos internacionais que protegem as pessoas contra
trabalho a condição análoga de escravo ou ainda contra o tratamento degradante
que violem os princípios gerais como a dignidade da pessoa humana.
Nota-se que o código penal pune aquele que cometer crime contra a vida, conforme
artigo 121, aquele que realizar lesão corporal contra outra pessoa, bem como a
criminalização do infanticídio e do aborto (todos eles crimes contra a vida).
A consolidação das leis trabalhistas também garante aos trabalhadores que recebam
salário mínimo e que tenham horas de descanso para que não seja caracterizada a
condição análoga de escravo.
O direito à liberdade também está previsto na Constituição Federal, abrangendo o
direito à liberdade de expressão, de pensamento, de opinião, de ir e vir, de crença
religiosa, dentre outras.
CONCEITUANDO
O caput do artigo 5º da CF/88 prevê o direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade. Com relação ao direito à vida
existem duas vertentes que tratam da tutela desse direito como direito
de nascer com vida e o direito de permanecer vivo e, assim, o inciso
terceiro no artigo quinto a�rma que ninguém será submetido à tortura
nem a tratamento desumano ou degradante.
O Direito à igualdade se relaciona com os direitos das minorias e grupos vulneráveis.
Percebeu-se que não era su�ciente buscar apenas uma igualdade formal na lei, e
então buscamos também uma igualdade material. A igualdade material é também
entendida como uma forma de discriminação positiva. Dessa vertente que temos a
atuação do Estado, tanto no momento de legislar, quanto no de aplicar e executar a
lei, uma postura de promoção de políticas governamentais voltadas a grupos
vulneráveis.
O direito à igualdade não pode ser enquadrado puramente na primeira dimensão de
direitos humanos (liberdade) e nem tão somente na segunda dimensão (igualdade): é
maior que a primeira, pois tem preocupação com o desenvolvimento de grupos
vulneráveis, o que requer ações a�rmativas, mas não deixa de fazer parte dela, já que
a igualdade é acima de tudo.
O Protocolo de San Salvador (PCADH), adicional à convenção americana sobre
direitos humanos, tem por foco os direitos econômicos, sociais e culturais, traz o
direito à igualdade e o especí�co em artigos sobre o tratamento de grupos
vulneráveis, notadamente crianças, idosos e pessoas portadoras de de�ciências.
O comitê de direitos humanos então reforça a importância da não discriminação e
a�rma a importância dos Estados adotarem ações positivas não só para eliminar a
discriminação das leis, mas para erradicar a discriminação de fato. A construção do
direito de igualdade em sua faceta material encontra substrato no denominado
sistema especial de proteção aos direitos humanos. As pessoas que se encontram em
desvantagem são chamadas de grupos vulneráveis ou minorias.
Assim, temos normas especiais voltadas para aqueles que foram marginalizados pela
sociedade, por motivos históricos, sociais, culturais, econômicos ou outros. A não
discriminação é componente essencial da teoria dos direitos humanos – a ponto da
igualdade ser considerada mais do que um princípio, e sim um verdadeiro
fundamento. Contudo, seria ingênuo imaginar que a simples a�rmação desta
igualdade seria su�ciente para alcançá-la. Devido essa consciência o sistema de
Proteção de direitos humanos começa a ganhar novos rumos e ter preocupação
concreta com as pessoas que necessitam de proteção especial.
Inicialmente temos a elaboração e rati�cação de documentos voltados a proteção de
categorias sociais especí�cas, como a não discriminação por fatos étnico-sociais,
avançando-se para a proteção das mulheres, das crianças, da população indígena e
da pessoa com de�ciência.
As providências são tomadas por meio de ações a�rmativas, que basicamente
consistem em políticas e programas governamentais voltados a grupos especí�cos
de pessoas. Se adotado um rigor TEÓRICO em relação ao princípio da igualdade,
percebe-se que essas ações a�rmativas são DISCRIMINATÓRIAS e atentatórias aos
direitos humanos.
No entanto, a concepção material do direito à igualdade conduz invariavelmente a
percepção de que existem discriminações positivas e negativas. As discriminações
que são atentatórias aos direitos humanos, que humilham, que marginalizam, que
ofendem a dignidade da pessoa humana, podem ser vistas como negativas.
Mas as discriminações que visam promover a inclusão social e permitir que a pessoa
seja retirada da margem da sociedade são positivas, logo, são compatíveis com os
direitos humanos. Essas ações a�rmativas possuem caráter excepcional e temporário.
Ou seja, deveriam existir apenas por certo tempo, até que a igualdade fosse
realmente implantada.
Ex. art. 4º da Convenção da Organização das Nações Unidas para a eliminação de
discriminações contra a mulher prevê (BRASIL, 2002):
1. A adoção pelos Estados – partes de medidas especiais de caráter
temporário destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o homem e a
mulher não se considerará discriminação na forma de�nida nesta
convenção, mas de nenhuma maneira implicará, como consequência, a
manutenção de normas desiguais ou separadas; essas medidas cessarão
quando os objetivos de igualdade de oportunidade e tratamento
houverem sido alcançadas. 
2. a adoção pelos estados- partes de medidas especiais, inclusive as
contidas na presente convenção, destinadas a proteger a maternidade,
não se considerará discriminatória.
No mesmo sentido, o art. I da convenção da organização das nações unidas sobre a
eliminação de todas as formas de discriminação racial (BRASIL, 1969):
[...] 4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais
tomadas com o único objetivo de assegurar progresso adequado de
certos grupos raciais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem da
proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais grupos ou
indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades
fundamentais, contanto que, tais medidas não conduzam, em
conseqüência, à manutenção de direitos separados para diferentes
grupos raciais e não prossigam após terem sidos alcançados os seus
objetivos.
A convenção da organização das nações unidas sobre os direitos da pessoa com
de�ciência (BRASIL, 2009ª):
[...] Artigo 5 
Igualdade e não-discriminação 
1.Os Estados Partes reconhecem que todas as pessoas são iguais perante
e sob a lei e que fazem jus, sem qualquer discriminação, a igual proteção
e igual benefício da lei. 
2.Os Estados Partes proibirão qualquer discriminação baseada na
de�ciência e garantirão às pessoas com de�ciência igual e efetiva
proteção legal contra a discriminação por qualquer motivo. 
3.A �m de promover a igualdade e eliminar a discriminação, os Estados
Partes adotarão todas as medidas

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