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Universidade Tecnológica Federal do Paraná Coordenação do Curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Disciplina: Introdução à engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Profa Sabrina Ávila Rodrigues 1 HISTÓRICO E ATUALIDADES SOBRE A ENGENHARIA DE BIOPROCESSOS E BIOTECNOLOGIA A Biotecnologia é a ciência que utiliza sistemas biológicos (microrganismos, células animais, células vegetais, enzimas) para desenvolver ou modificar processos e produtos. A Engenharia de Bioprocessos é a ciência que objetiva transformar a Biotecnologia em um Processo Industrial. Diversos fatores indicam que esta éa ciência que governará a economia mundial em um futuro breve, promovendo o desenvolvimento sustentável (substituição do carbono fóssil em fontes de energia e na industria química),segurança e eficiência alimentar e a saúde humana. Portanto, a Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia é uma formação multidisciplinar que promove a interdisciplinariedade entre as áreas das Ciências Biologicas, Química e Exatas. O curso visa à formação de profissionais de nível superior com competência para atuar na área de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, com formação adequada à realidade do desenvolvimento tecnológico e biotecnológico. Com formação generalista, capacitado a desenvolver novastecnologias nas áreas Ambiental, Agropecuária, Alimentos, Farmácia e Energias Renováveis, entre outras, estimula a identificação e resolução de problemas, sempre com visão ética e humanística, em atendimento às demandas da sociedade. Onde tudo começou? E para onde estamos seguindo? O uso da Biotecnologia provavelmente começou com os processos fermentativos, datados de muito antes da era Cristã, e confundindo-se mesmo com a história da humanidade. Cerca de 6.000 a.C os sumérios e babilônios já fermentavam grãos, e apenas quatro anos depois disto os egípcios utilizavam o fermento para produzir cerveja e também o pão. Apesar de conhecerem a técnica de produção, estes povos não conheciam o agente causador de tais fermentações. Somente no século XVII foram observados no microscópio e descritos por Antom Van Leeuwenhock seres tão minúsculos que eram invisíveis a olho nu. Passados 200 anos desta descoberta, Louis Pasteur, em 1876, provou que a causa destas fermentações eram tais seres minúsculos. Até aqui a teoria vigente era de que a fermentação era um processo puramente químico. Pasteur ao longo de seus anos de pesquisa também comprovou que cada micro-organismo era responsável por cada tipo de fermentação, e que alguns destes conseguiam viver na ausência de oxigênio. Vinte e três anos depois da primeira descoberta de Pasteur, Eduard Buchner demonstrou ser possível a conversão de açúcar em álcool utilizando células de leveduras maceradas, ou seja, Universidade Tecnológica Federal do Paraná Coordenação do Curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Disciplina: Introdução à engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Profa Sabrina Ávila Rodrigues 2 na ausência de micro-organismos vivos. Seriam as enzimas? Esta resposta veio muito tempo depois. Há males que vem para o bem! Certamente você já ouviu esta frase. Assim foi com as guerras, que apesar das sequelas deixadas também proporcionaram um grande avanço para a pesquisa em biotecnologia: na 1° guerra a Alemanha desenvolveu um processos para produção de mil toneladas por mês de glicerol por ação de micro-organismos; já a Inglaterra produziu acetona em grande quantidade, contribuindo grandemente para o avanço das fermentações industriais e para o controle de infecções. O grande marco da biotecnologia foi sem dúvida a descoberta de Alexander Fleming, a penicilina, em 1928. A produção industrial deste e de outros antibióticos como a estreptomicina passaram a integrar os processos fermentativos industriais durante a segunda guerra, na década de 40. Até aqui temos a biotecnologia clássica, com seus variados processos fermentativos e sucessivos aprimoramentos de suas técnicas. A partir da década de 50, entra em campo a Biotecnologia Moderna, caracterizada pela descoberta do DNA e suas variadas técnicas de manipulação. Atualmente é crescente o ritmo de desenvolvimento do setor, mantendo,inclusive, uma acentuada relação de interação com diversos outros setoresda ciência e tecnologia tais como: biologia molecular, fisiologia,microbiologia, engenharia química, engenharia ambiental, etc. comomostrado na figura 1. Figura 1. Multidisciplinaridade da Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Universidade Tecnológica Federal do Paraná Coordenação do Curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Disciplina: Introdução à engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Profa Sabrina Ávila Rodrigues 3 Além de ser uma área multidisciplinar na sua concepção de conhecimentos, a Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia também é uma área multidisciplinar nas suas aplicações práticas, passando pela área da saúde, melhoramento genético, controle biológico de pragas e populações, análisesdo DNA, alimentos, agricultura, cultura de células de tecidos, projeção de equipamentos industriais e laborariais, entre diversas outras. Figura 2. Áreas de aplicação da Biotecnologia A Biotecnologia costuma der classificada por cores, conforme a sua área de atuação, veja o quadro 1. Quadro 1. A Biotecnologia e suas cores Cor Aplicação Biotecnologia Vermelha A biotecnologia vermelha (medicina) é considerada a área de utilização mais importante da biotecnologia. Os processos de biotecnologia desempenham um papel cada vez mais importante no desenvolvimento de novos medicamentos (por exemplo para tratamento do cancro). A biotecnologia tem também o maior significado no diagnóstico (chips de DNA, sensores biológicos). Na Áustria, a biotecnologia vermelha goza da maior aceitação, sendo considerada uma tecnologia chave e também um motor de crescimento para muitas outras empresas. Biotecnologia Verde A biotecnologia verde abrange a área de utilização da cultura moderna de plantas. Com recurso aos métodos da biotecnologia são aqui introduzidas resistências direcionadas contra insetos, fungos, vírus e herbicidas. A engenharia genética é particularmente importante para o sector da biotecnologia verde. Esta possibilita transferir determinados genes de uma espécie para outras plantas, permitindo assim desenvolver resistências. Biotecnologia Cinza A biotecnologia cinzenta trata o sector da técnica ambiental. Aqui os processos biotecnológicos ajudam no saneamento dos solos, no tratamento das águas residuais, da limpeza de gás e/ou ar residual e no reaproveitamento de lixo residual e/ou desperdícios. Biotecnologia Azul A biotecnologia azul foca-se na utilização técnica de processos e organismos da biologia marinha. Aqui a concentração incide nos organismos biológicos dos oceanos. Biotecnologia Branca A biotecnologia branca abrange a área de utilização da biotecnologia dentro da indústria química. O objetivo da biotecnologia branca é produzir substâncias tais como o álcool, as vitaminas, os aminoácidos, os antibióticos ou as enzimas de modo compatível com o ambiente e com os recursos. Biotecnologia Preta É a biotecnologia das armas químicas e biológicas, trata-se de estudar técnicas para combater e minimizar os danos causados por tais armas. Além das destacadas no quadro ainda temos a Biotecnologia Marrom que trata da diversidade desértica; a Biotecnologia Dourada que refere-se à bioinformática e a Biotecnologia Roxa que diz respeito às propriedades e patentes intelectuais em biotecnologia. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Coordenação do Curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Disciplina: Introdução à engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Profa Sabrina Ávila Rodrigues 4 A titulaçãoe a área de atuação Os profissionais em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia recebem o título de Engenheiros Bioquímicos e podem optar por diferentes tipos de atividades, podendo atuar no setor da Biotecnologia (biomédica/farmacêutica, a agroalimentar, energia e meio ambiente, genetica) e da Engenharia de Bioprocessos (dimensionamento de equipamentos, gestão de projetos, controle e instrumentação de bioprocessos). Desta forma, estarão legalmente habilitados para atuar, por exemplo, em: � Indústria farmacêutica (p. ex: biofármacos, vacinas, antivirais, cosméticos, moléculas bioativas, anticorpos monoclonais, kits diagnóstico); � Indústrias de alimentos (p. ex: produção de alimentos e bebidas fermentadas: cerveja, vinho, queijos, iogurtes, fermentos, enzimas, aminoácidos, alimentos funcionais, transgênicos e organismos geneticamente modificados); � Agronegócio (p. ex: controle de pragas, transgênicos e organismos geneticamente modificados, seleção genética, fertilização in vitro, controle de pragas, bioinoculantes, bioinseticidas); � Controle de qualidade de alimentos, animais e micro-organismos transgênicos; � Trabalho técnico e gerencial em propriedades rurais, biofábricas e outras organizações que envolvam técnicas ou atividades associadas à biotecnologia; � Área ambiental, desenvolvendo projetos que visem a qualidade do ambiente, no tratamento biológico de resíduos, biorremediação, bioenergias, aproveitamento de resíduo agroindustriais; � Indústria química (p. ex: produção de solventes, enzimas, biomateriais, biopolímeros); � Órgãos de fiscalização (p. ex: ambiental e sanitária); � Universidades ou Institutos de Pesquisa públicos ou privados, como pesquisador e/ou docente; � Empresas de consultoria; � Empresas de desenvolvimento e comercialização de equipamentos e de material científico e tecnológico; � Empreendedorismo e inovação; Obs.: as informações para compor este material foram retiradas dos livros referenciados no plano de ensino. E agora que você já leu um pouco, a EBB é mesmo tudo aquilo que você pensava? E no futuro, você já consegue imaginar em que “cor” da biotecnologia você irá atuar?
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