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AD2 - Microbiologia 2020 2

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O uso de microalgas como alimento para larvas de crustáceos
Desempenhando um papel importante na alimentação primária das larvas, as microalgas garantem a sobrevivência desses organismos.
Por Drielle Rocha Leite - 22 de out. de 2020
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As microalgas são organismos sintetizantes da matéria orgânica, contribuem para a produção de biomassa e é a principal responsável pelo ciclo de nutrientes no âmbito aquático. Elas são fontes de macronutrientes, vitaminas, proteínas, carboidratos, ácidos graxo essenciais e metais, fazendo com seja mantida a qualidade da água em que se encontram. 
Imagem de Paversul - Disponível em: <https://www.paversul.com.br/microalgas-superalimento/>
As microalgas são utilizadas na aquicultura, servindo de alimento para diversos organismos, como larvas de crustáceos, moluscos, peixes e zooplânctons. Os nutrientes presentes nas microalgas auxiliam na digestão do alimento ingerido e estimulam o desenvolvimento do trato digestivo desses organismos, já que a maioria das larvas apresentam o trato digestivo rudimentar ou, até mesmo, incompleto, não sendo possível a ingestão de ração como seu primeiro alimento. Fazendo com que o alimento natural seja imprescindível para o bom desenvolvimento e uma sobrevivência adequada das larvas.
Como há uma grande disponibilidade de organismos no ambiente aquático, é mais vantajoso o uso de cerca de 1 a 2% do volume do tanque de microalga, junto com os outros organismos, para manter um bom valor nutritivo. Para que esse valor nutritivo seja mais vigorosamente atendido, são oferecidos alimentos enriquecidos com ácidos essenciais, aumentando a taxa de crescimento, sobrevivência e resistência ao estresse.
Tipos de microalgas
Nannochloropsis
O gênero Nannochloropsis se trata de uma microalga verde flutuante, pequena, de formato esférico com um diâmetro que varia entre 2 e 4 µm. É nutrimento de alimentadores filtrantes (larvas de moluscos e crustáceos) e é utilizada na técnica de água verde. Essa microalga é fonte de EPA (ácido eicosapentaenoico - Ômega-3) e ARA (Ácido araquidônico - Ômega-6), que são fundamentais para a sobrevivência e para o desenvolvimento das larvas, melhorando a resistência ao stress e doenças. É rica em vitaminas C , E , B12 e B1. Diminuindo as anormalidades nos peixes e melhorando nas performances de desenvolvimento e crescimento. Esta microalga é uma importante fonte de aminoácidos, como a arginina, a histidina, a isoleucina, a leucina, a valina e a metionina, ambas cruciais para o crescimento das larvas. Tendo elevadas concentrações de pigmentos, como a astaxantina, a zeaxantina, a cantaxantina e a clorofila -a. 
Células da microalga marinha N. oceanica. Disponível em: <http://cfb.unh.edu/phycokey/Choices/Eustigmatophyceae/NANNOCHLOROPSIS/Nannochloropsis_Image_page.html>
Isochrysis
Outro tipo de microalga é a do gênero Isochrysis, que se trata de um fitoflagelado dourado marinho. Contém células esféricas com um tamanho entre 3 e 6 µm. Ela é uma ótima fonte de DHA (ácido docosa-hexaenoico - Ômega-3), uma substância de extrema importância para as larvas de crustáceos. É microalga rica em vitaminas A, B1, B2, B6, C, E, ácido nicotínico, ácido pantotênico e ácido fólico. Tendo um papel importante no desenvolvimento das larvas, crescimento e visão dos peixes. 
A Isochrysis é uma ótima fonte de aminoácidos, como a leucina, a lisina e a alanina, fundamentais para a otimização da taxa de crescimento das larvas de crustáceos. Apresenta a fucoxantina, a luteína, a beta-caroteno, a zeaxantina, a cantaxantina, a clorofila-a e a clorofila-c2 como seus pigmentos mais abundantes.
JOUENNE, F. Isochrysis galbana, lugol fixed, cell in division (four flagella) Roscoff Culture Collection, strain 179. Disponível em: <https://planktonnet.awi.de/>
A nutrição das larvas de crustáceos é feita pensando nas necessidades nutricionais de cada espécie. É necessário se utilizar da complementação da alimentação viva (zooplâncton) e das algas (fitoplâncton) de modo a promover todos os aminoácidos essenciais para um crescimento saudável das larvas.
O nutrimento por microalgas na aquicultura é de grande importância para a maioria dos organismos, bem como sendo insubstituível para muitos, a qual a dieta é composta unicamente deste tipo de alimento. A ministração de alimentos vivos permite uma maior variação na dieta, estimulando o apetite, contribuindo para melhorar sua condição física, crescimento e produção em cultura. A alimentação viva melhora a nutrição e proporciona uma maior variedade e melhor qualidade de alimentos, tornando-se mais nutritivos e equilibrados.
 
Referências Bibliográficas:
1. VINATEA, J. E. “Manual sobre manejo de reservatórios para a produção de peixes”; FAO. Disponível em: <http://www.fao.org/3/AB486P/AB486P03.htm#refparte3.*>. Acesso em: 22 de outubro de 2020.
2. IRANG, Rute. “Efeito do uso de CO₂ na produtividade da microalga Skeletonema sp. Utilizada como alimento para moluscos”. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/117763/177364.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 22 de outubro de 2020.
3. BECKER, Alexandre Guilherme. “Utilização de organismos-alimento na larvicultura do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (CRUSTACEA, BRACHYURA, OCYPODIDAE)”. Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/18820/Dissertacao%20-%20Alexandre%20Becker%20-%20FINAL.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 22 de outubro de 2020.
4. SOUZA, Diego Luís Guedes de; MACEDO. “Crescimento de microalgas utilizadas na aquicultura e cultivadas em laboratório”. Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/livro/reconcavo/resumos/149.htm>. Acesso em: 22 de outubro de 2020.
5. PEREIRA, Giulia Helena Martins. “Cultivo da microalga Nannochloropsis oculata em batelada alimentada”. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/174063/GIULIA%20HELENA%20MARTINS%20PEREIRA.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 22 de outubro de 2020.

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