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INSETOS NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

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INSETOS NA 
ALIMENTAÇÃO ANIMAL: 
um panorama geral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE 
FURG 
 
Reitor 
DANILO GIROLDO 
Vice-Reitor 
RENATO DURO DIAS 
Chefe do Gabinete do Reitor 
JACIRA CRISTIANE PRADO DA SILVA 
Pró-Reitor de Extensão e Cultura 
DANIEL PORCIUNCULA PRADO 
Pró-Reitor de Planejamento e Administração 
DIEGO D`ÁVILA DA ROSA 
Pró-Reitor de Infraestrutura 
RAFAEL GONZALES ROCHA 
Pró-Reitora de Graduação 
SIBELE DA ROCHA MARTINS 
Pró-Reitora de Assuntos Estudantis 
DAIANE TEIXEIRA GAUTÉRIO 
Pró-Reitora de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas 
LUCIA DE FÁTIMA SOCOOWSKI DE ANELLO 
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação 
EDUARDO RESENDE SECCHI 
Pró-Reitora de Inovação e Tecnologia da Informação 
DANÚBIA BUENO ESPÍNDOLA 
 
 
EDITORA DA FURG 
 
Coordenadora 
CLEUSA MARIA LUCAS DE OLIVEIRA 
 
 
COMITÊ EDITORIAL 
Presidente 
DANIEL PORCIUNCULA PRADO 
Titulares 
ANDERSON ORESTES CAVALCANTE LOBATO 
ANGELICA CONCEIÇÃO DIAS MIRANDA 
CARLA AMORIM NEVES GONÇALVES 
CLEUSA MARIA LUCAS DE OLIVEIRA 
EDUARDO RESENDE SECCHI 
ELIANA BADIALE FURLONG 
LEANDRO BUGONI 
LUIZ EDUARDO MAIA NERY 
MARCIA CARVALHO RODRIGUES 
 
 
Editora da FURG 
Câmpus Carreiros 
CEP 96203 900 – Rio Grande – RS – Brasil 
editora@furg.br 
 
 
Integrante do PIDL 
 
 
 
mailto:editora@furg.br
Andressa Jantzen da Silva Lucas 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSETOS NA 
ALIMENTAÇÃO ANIMAL: 
um panorama geral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio Grande 
2021 
© Andressa Jantzen da Silva Lucas 
 
 
 
2021 
 
 
 
Designer da capa: Katiane Acosta 
Diagramação da capa: Anael Macedo 
Formatação e diagramação: João Balansin 
 Gilmar Torchelsen 
 Cinthia Pereira 
Revisão ortográfica e linguística: Liliana Mendes 
 
 
Ficha Catalográfica 
 
L933i Lucas, Andressa Jantzen da Silva. 
 Insetos na alimentação animal: um panorama geral 
 [Recurso Eletrônico] / Andressa Jantzen da Silva Lucas. – 
 Rio Grande, RS : Ed da FURG, 2021. 
 146 p. ; il. 
 
 Modo de acesso: http://repositório.furg.br 
 ISBN 978-65-5754-081-7 (eletrônico) 
 
 1. Alimentação Animal 2. Insetos 3. Nutrição Animal 
 I. Título. 
 
CDU 591.53 
Catalogação na Fonte: Bibliotecário José Paulo dos Santos – 
CRB10/2344 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao fraterno amigo, saudoso professor e eterno orientador 
Professor Carlos Prentice. Obrigada pela amizade, pelo apoio 
e incentivo ao longo da minha árdua jornada de vida, pesquisa 
e profissão. Obrigada por acreditar quando nem eu mesma 
acreditava. Infelizmente, o senhor nos deixou precocemente 
durante o desenvolvimento da nossa obra, mas seguimos por 
aqui com o mesmo compromisso e dedicação. E como o 
próprio professor dizia ao se despedir: 
“Estamos em contato”. 
Ao meu avô, Frederico Silva, que, da mesma forma, nos 
deixou durante o desenvolvimento deste E-Book. Obrigada 
por tanto. Obrigada por me permitir chegar onde estou. 
Obrigada pelos princípios e por me fazer compreender a 
importância do conhecimento. Viverás para sempre em meu 
coração e em minhas lembranças. 
“Sed fugit interea fugit irreparabile tempus” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1.1 Vantagens de se utilizar insetos como fonte 
de alimento quando comparadas com outras fontes ...... 17 
Figura 5.1 O papel dos insetos na economia circular .... 75 
Figura 8.1 Criação de Hermetia illucens (A) insetos 
adultos, (B) larvas e (C) ovos ......................................... 107 
Figura 8.2 Criação de Tenebrio molitor em larga escala 107 
Figura 8.3 Processamento em escala industrial de 
insetos (Tenebrio molitor) ............................................... 110 
Figura 8.4 Ração à base de insetos para peixes .......... 113 
Figura 8.5 Mix de insetos para alimentação de jacarés .. 113 
Figura 8.6 Mix de insetos em pasta para alimentação animal 114 
Figura 9.1 Produção de ração por espécie animal no 
ano de 2019 (em milhões de toneladas) ........................ 121 
Figura 9.2 A criação de insetos para alimentação 
animal no contexto de uma economia circular ............... 127 
Figura 9.3 Produtos para cães da marca Midgard ........ 131 
Figura 9.4 Ração para cães da marca Yora .................. 132 
Figura 9.5 Larvas desidratadas de tenébrio gigante 
(Zophobias morio), tenébrio comum (Tenebrio molitor) 
e barata cinérea (Nauphoeta cinerea) desidratada ........ 132 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1.1 Algumas espécies animais que podem ser 
alimentadas com insetos ................................................ 21 
Tabela 4.1 Comparação entre aminoácidos de 
diferentes fontes ............................................................. 
 
60 
Tabela 5.1 Porcentagem (base seca) do conteúdo 
proteico de insetos ......................................................... 
 
72 
Tabela 9.1 Produção global de ração (em milhões 
de toneladas) .................................................................. 
 
123 
Tabela 9.2 Lista das principais empresas atuantes no 
mercado que utilizam insetos como ingredientes 
na ração para diferentes animais, avaliado em 
117 milhões de dólares. Durante os anos, a empresa 
vem expandindo seu negócio e, atualmente, possui 
escritórios na Califórnia, Cingapura, Bangalore, Hong 
Kong e Londres .............................................................. 129 
Tabela 9.3 Lista das principais empresas atuantes no 
mercado que utilizam insetos como ingredientes na 
ração para animais de estimação ................................... 131 
Tabela 10.1 Famílias e espécies de insetos cultivados 
no Brasil .......................................................................... 139 
Tabela 10.2 Principais grupos de animais (PET) e as 
possíveis formas de consumo de insetos ....................... 140 
Tabela 10.3 Principais grupos de animais (domésticos de 
produção) e as possíveis formas de consumo de insetos . 140 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
Prefácio ......................................................................... 12 
 
Capítulo I 
O uso de insetos na alimentação animal ................... 
 
15 
1.1 Introdução ................................................................. 15 
1.2 Aspectos ecológicos e sustentáveis ......................... 16 
1.3 Nutrientes contidos e benefícios à saúde animal ..... 18 
1.4 Exemplo de animais que podem ser alimentados 
com insetos .................................................................... 20 
1.5 Conclusão ................................................................. 23 
Referências bibliográficas .............................................. 23 
 
Capítulo II 
Necessidades nutricionais de insetos para serem 
usados como fonte alimentar ...................................... 
 
 
28 
2.1 Introdução ................................................................. 28 
2.2 Necessidades nutricionais ........................................ 29 
2.3 Nutriente no estágio do inseto .................................. 32 
2.4 Fontes alternativas como nutrientes para insetos .... 34 
2.5 Tendências e desempenhos das dietas ................... 36 
2.6 Composição nutricional dos insetos ......................... 38 
2.7 Conclusão ................................................................. 39 
Referências bibliográficas .............................................. 39 
 
 
 
 
Capítulo III 
Insetos na alimentação de aves .................................. 
 
42 
3.1 Introdução ................................................................. 42 
3.2 Benefícios nutricionais da inserção de insetos na 
alimentação de aves ....................................................... 43 
3.3 Benefícios econômicos da inserção de insetos na 
alimentação de aves ....................................................... 46 
3.4 Benefícios ambientais da inserção deinsetos na 
alimentação de aves ....................................................... 48 
3.5 Conclusão ................................................................. 49 
Referências bibliográficas .............................................. 50 
 
Capítulo IV 
Insetos na alimentação de suínos .............................. 
 
55 
4.1 Introdução ................................................................. 55 
4.2 Benefícios dos insetos na dieta e bem-estar animal. 56 
4.3 Nutrientes requeridos na alimentação de suínos e o 
uso de insetos como fonte alternativa ............................ 57 
4.4 Insetos empregados na suinocultura ........................ 61 
4.5 Conclusão ................................................................. 63 
Referências bibliográficas .............................................. 63 
 
Capítulo V 
Insetos na dieta de ruminantes ................................... 
 
68 
5.1 Introdução ................................................................. 68 
5.2 A dieta de animais ruminantes ................................. 69 
5.3 Adição de insetos na dieta de ruminantes ................ 71 
5.4 Vantagens da utilização de insetos na dieta de 
ruminantes ...................................................................... 74 
5.5 Conclusão ................................................................. 75 
Referências bibliográficas .............................................. 75 
 
 
 
 
 
 
Capítulo VI 
Uso de insetos para rações de animais domésticos. 
 
78 
6.1 Introdução ................................................................. 78 
6.2 Mercado pet .............................................................. 80 
6.3 Farinha de insetos na alimentação de animais 
domésticos ..................................................................... 81 
6.4 Importância da proteína na alimentação de animais 
domésticos ..................................................................... 83 
6.5 Biodisponibilidade dos nutrientes da farinha 
de insetos ....................................................................... 84 
6.6 Conclusão ................................................................. 87 
Referências bibliográficas .............................................. 87 
 
Capítulo VII 
O uso de insetos na aquacultura ................................ 
 
91 
7.1 Introdução ................................................................. 91 
7.2 Insetos como fonte de alimento ................................ 92 
7.3 O valor nutricional dos insetos para organismos 
cultivados ........................................................................ 94 
7.4 Efeitos da inclusão de insetos em dietas ................. 96 
7.5 Conclusão ................................................................. 97 
Referências bibliográficas .............................................. 98 
 
Capítulo VIII 
Tecnologia e processamento de rações a base 
de insetos ...................................................................... 
 
 
103 
8.1 Introdução ................................................................. 103 
8.2 Criação de insetos para alimentação animal ............ 104 
8.3 Processamento de insetos para alimentação ........... 108 
8.4 Alimentação animal à base de insetos ..................... 111 
8.5 Conclusão ................................................................. 114 
Referências bibliográficas .............................................. 114 
 
 
 
 
 
Capítulo IX 
Indústria baseada em insetos: status atual, 
mercado e legislação ................................................... 
 
 
120 
9.1 Introdução ................................................................. 120 
9.2 O mercado atual de insetos comestíveis na 
alimentação animal e suas projeções futuras ................ 121 
9.3 Legislação no Brasil e no mundo ............................. 124 
9.4 Empresas atuantes no mercado que utilizam insetos 
como matéria-prima para fabricação de rações ............... 126 
9.5 Conclusão ................................................................. 133 
Referências bibliográficas .............................................. 133 
 
Capítulo X 
Como utilizar insetos para rações e alimentos para 
animais? Perspectiva de um zootecnista atuante 
no mercado ................................................................... 
 
 
 
138 
10.1 Introdução ............................................................... 139 
10.2 Insetos na alimentação animal ............................... 139 
10.3 Considerações finais .............................................. 141 
Informações sobre o autor do capítulo .......................... 143 
 
Capítulo XI 
Conclusões e perspectivas futuras ............................ 
 
144 
 
Informações sobre a autora ........................................ 146 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
 
Apesar de o termo “insetos como fonte de alimento” 
ainda causar estranheza e repugna para algumas pessoas, 
é inegável que este contexto vem ganhando força nas mais 
diferentes maneiras. A entomofagia, ou ato de comer insetos, 
surgiu há milhões de anos, mas apenas, recentemente, vem 
ganhando força nas culturas ocidentais. O mesmo acontece com 
o uso de insetos para alimentação animal. Embora estes 
bichinhos constituam parte natural da dieta de aves, répteis e de 
outros diferentes animais, o ato de criá-los e comercializá-los 
como alimento, também, pode ser considerado recente. 
Os insetos surgem como uma alternativa “esquecida” 
aos problemas que viemos enfrentando mundialmente. 
Emissões de gases do efeito estufa, consumo de água, 
crescimento populacional, desmatamento e, até mesmo, 
a fome. A criação de insetos, seja ela para consumo animal, 
seja humano, pode ajudar a minimizar todos estes prejuízos 
causados ao longo dos anos. Os insetos são constituídos por 
proteínas de alta qualidade, por ácidos graxos insaturados 
dos tipos ômega 6 e ômega 9. E boa parte de sua fração 
sacarídica é composta por quitina. Não menos importante, 
os insetos possuem vitaminas, principalmente, do complexo B 
e C e minerais, como cálcio, potássio, magnésio, fósforo, 
sódio e ferro. 
Nesse contexto, temos a chamada economia circular, 
que, como o próprio nome sugere, esse tipo de economia gira 
em torno de um ciclo fechado. Pequenos agricultores 
que optam por iniciar uma criação de insetos para 
alimentação animal se beneficiam com o fato de que esses 
podem ser alimentados com os resíduos orgânicos oriundos 
da própria propriedade rural. Uma vez chegados ao seu estágio 
de vida requerido (ninfa, larva, pupa ou adulto), os insetos são 
abatidos, beneficiados e vendidos para uso em rações animais. 
Os resíduos da criação dos insetos podem servir de adubo 
para a plantação, retornando ao início do ciclo. 
Por esses e por outros motivos, é razoável supor que o 
número de publicações científicas sobre o uso de insetos como 
ração animal tenha aumentado, significativamente, nos últimos 
anos, principalmente, no que diz respeito ao uso de insetos 
como alimentação na aquicultura. O aumento do interesse 
nos insetos como fonte alternativa de proteína deve-se, 
provavelmente, ao aumento do custo e à disponibilidade 
limitada de farinha de peixe, que é o ingrediente proteico ideal 
para alimentação de animais aquáticos. O mesmo ocorre com a 
alimentação para o gado. A farinha de soja utilizada apresenta 
alta digestibilidade, alta qualidade e o melhor perfil de 
aminoácidos dentre as fontes de proteínas vegetais 
disponíveis. Porém, torna-se necessário concluir a dieta, 
adicionando alguns aminoácidos específicos ou uma proteína 
de alto valor biológico que apresente um equilíbrio entre 
aminoácidos essenciais e não essenciais. 
A ideia de escrever este E-book surgiu a partir da 
dificuldade que se tem de encontrar informações acerca do 
tema insetos na alimentação animal no Brasil. Apesar de 
nosso país estar incluído na lista dos quepraticam 
entomofagia devido à quantidade de povoados indígenas em 
nossas terras, ainda é pequeno o número de pesquisas que 
desenvolvemos por aqui, quando comparado a outros países. 
Da mesma maneira, o número de empresas que se dedicam à 
criação e ao processamento de insetos para alimentação 
animal, também, é pequeno. Diante desse cenário, o presente 
livro teve como objetivo fazer uma revisão acerca do tema 
insetos na alimentação animal, bem como algumas questões 
estão ligadas, indiretamente, ao assunto. Sustentabilidade, 
processamento, mercado, legislação, desafios e perspectivas 
futuras são alguns dos temas abordados nos onze capítulos 
escritos por profissionais de diferentes áreas. Por fim, a visão 
de uma empresa Brasileira do ramo traz uma versão 
mais realista do mercado atual no Brasil. Esperamos que, de 
alguma maneira, o conteúdo, aqui reunido, seja de grande 
valia para projetos futuros acadêmicos e para futuros 
empreendimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
 
O USO DE INSETOS NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL 
 
Andressa Jantzen da Silva Lucas* 
Carlos Prentice (in memoriam) 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
A produção de alimentos de origem animal torna-se 
cada vez mais cara em termos econômicos e ambientais. Esta 
situação é provocada, principalmente, pela elevação da 
demanda devido ao aumento da população humana e 
à maneira como estes vêm pressionando os recursos 
naturais e o ecossistema em busca de novas fontes 
proteicas (SÁNCHEZ-MUROS; BARROSO; DE HARO, 2016). 
A demanda por ração animal e ingredientes para ração tem 
aumentado da mesma forma e deve aumentar ainda mais 
devido aos mesmos motivos (VERBEKE; SANS; VAN LOO, 
2015). A alimentação animal é considerada um dos aspectos 
mais caros de toda a cadeia que envolve a produção animal e 
é muito prejudicial do ponto de vista ambiental (FAO, 2004). 
Além disso, foi identificada como um dos principais 
contribuintes para a ocupação de terras aráveis, acidificação 
do solo, mudanças climáticas e uso de energia e água 
(MUNGKUNG et al., 2013). 
O uso de insetos, na alimentação animal, surge como 
uma fonte alternativa às já existentes. Sua inclusão, na dieta, 
justifica-se pelo fato de que esses artrópodes possuem um 
excelente valor nutritivo, sendo uma fonte rica de proteínas, 
 
* Doutoranda na Escola de Química e Alimentos, Universidade Federal do 
Rio Grande – FURG; andressalucas@furg.br 
mailto:andressalucas@furg.br
16 
lipídios, minerais, vitaminas e fibras (LUCAS et al., 2020; 
OLIVEIRA et al., 2017). Não só podemos citar o alto valor 
nutritivo agregado, mas também e, principalmente, todos os 
benefícios que o consumo de insetos traz ao meio ambiente. 
Insetos comestíveis podem compensar o aumento da 
demanda por proteína de origem animal, evitando o 
desmatamento de florestas para uso como pastagem; 
possuem uma alta eficiência de conversão de alimentos em 
comparação com a pecuária convencional e são responsáveis 
por emissões relativamente baixas de gases de efeito estufa e 
amônia (POMA et al., 2017). 
Neste capítulo, tentamos abordar, brevemente, 
o motivo de se utilizar insetos na alimentação animal, como 
seu uso impacta o meio ambiente e quais espécies animais 
podem ser alimentadas com insetos. 
 
1.2 ASPECTOS ECOLÓGICOS E SUSTENTÁVEIS 
 
Prevê-se que a população humana, na terra, cresça, 
exponencialmente, em um futuro próximo, alcançando a faixa 
de nove bilhões de habitantes até o ano de 2050, impactando, 
diretamente, no aumento da demanda por alimentos de 
origem animal. Para atender a essa crescente demanda, 
espera-se uma exaustão adicional dos recursos agrícolas, 
florestais, pesqueiros, hídricos e da biodiversidade 
acompanhada de impactos ambientais negativos (VAN HUIS 
et al., 2013). 
Nos últimos anos, o uso de insetos para alimentação 
foi proposto como uma solução promissora para uma futura 
crise no fornecimento de alimentos. A criação de insetos para 
alimentação humana e ração animal tem algumas vantagens 
significativas, como alto teor de proteínas, taxa efetiva de 
conversão alimentar, baixas emissões de gases de efeito 
estufa e baixos requisitos de água quando comparados com 
outras fontes (Figura 1.1) (VAN HUIS, 2020). 
 
 
17 
Figura 1.1 – Vantagens de se utilizar insetos como fonte 
de alimento quando comparadas com outras fontes 
 
Fonte: Adaptado de Van Huis et al. (2013) e Chaves (2020) 
 
Além disso, os insetos podem se alimentar de 
subprodutos orgânicos e de outras biomassas que não 
competem diretamente com o suprimento de alimento 
humano. Segundo Ramos-Elorduy (1997), os insetos são 
capazes de metabolizar resíduos orgânicos, realizando uma 
transformação significativa dos nutrientes presentes de baixa 
qualidade em substratos proteicos de alta qualidade, portanto 
podem ser utilizados na formulação de rações animais para 
galinhas, suínos, peixes, dentre outros. Os insetos são 
considerados ingredientes promissores para a alimentação 
animal porque contêm altos níveis de proteína de qualidade, 
ciclos de vida curtos e fáceis de produzir e manusear, 
dependendo do substrato usado para sua produção (GASCO; 
BIANCAROSA; LILAND, 2020). A diminuição do uso das 
principais fontes de proteína, na alimentação animal (farelo de 
peixe e farelo de soja), tem impactos ambientais significativos, 
uma vez que o cultivo da soja causa o desmatamento de 
áreas com alto valor biológico, alto consumo de água, 
utilização de pesticidas e fertilizantes e variedade transgênica, 
que causam deterioração ambiental significativa (GARCIA; 
ALTIERI, 2005). 
18 
1.3 NUTRIENTES CONTIDOS E BENEFÍCIOS À 
SAÚDE ANIMAL 
 
Os insetos são uma importante fonte de alimento para 
animais e seres humanos e, por esse motivo, relatos de sua 
composição nutricional são encontrados em artigos de diversas 
áreas. As principais espécies consumidas são, por ordem de 
importância, besouros (Coleoptera); lagartas (Lepidoptera); 
formigas, abelhas e vespas (Hymenoptera); gafanhotos 
(Orthoptera); pulgões e cigarrinhas (Hemiptera); cupins 
(Isoptera), moscas (Diptera), dentre outros (STAMER, 2015). 
O papel dos insetos, no bem-estar animal, pode ser 
um benefício adicional do uso de insetos na cultura animal 
de várias maneiras. Em geral, insetos comestíveis são 
considerados como boas fontes de proteínas, gorduras, fibras, 
vitaminas e minerais. O consumo de 100 g de lagartas, por 
exemplo, fornece 76% da quantidade diária necessária de 
proteínas e quase 100% da quantidade diária necessária de 
vitaminas (AGBIDYE; OFUYA; AKINDELE, 2009). Apenas três 
pupas do bicho-da-seda são consideradas tão ricas em 
nutrientes quanto um ovo de galinha; sua composição é de 
cerca de 50% de proteínas e 30% de lipídios (MITSUHASHI, 
2010). A concentração de proteína, nas várias espécies de 
insetos, é, geralmente, muito elevada (50-70% em base seca) 
(SOSA; FOGLIANO, 2017) e apresentam um excelente perfil 
de aminoácidos e ácidos graxos (OLIVEIRA et al., 2017). 
A principal vantagem dos insetos sobre outras fontes de 
proteína é o baixo custo ambiental da produção, que se torna 
essencial para satisfazer o aumento da demanda global 
proteica (VAN HUIS et al., 2013). 
A maior parte da atenção dada aos insetos como fonte 
de alimento concentra-se no conteúdo proteico dos mesmos. 
No entanto, os lipídios, também, são um componente principal 
dos insetos e podem ser obtidos durante o isolamento das 
proteínas (YI et al., 2013; AMARENDER et al., 2020). 
Geralmente, o conteúdo lipídico presente nos insetos varia de 
10% a 50% do seu peso seco e apresentam maior quantidade 
de ácidos linoleica (18: 2 n-6) e α-linolênico (18: 3 n-3) 
19 
quando comparados a outras fontes (LUCAS et al., 2020). 
O teor de ácidos graxos contido nos insetos está relacionado 
a diferentes fatores, como, por exemplo, o diferente estágio de 
vida destes artrópodes. Em estudo recente sobre como os 
diferentes estágios do desenvolvimento que interferem na 
composição proximal da barata cinérea (Nauphoetacinerea), 
evidenciou-se tal afirmação, uma vez que o conteúdo lipídico, 
presente na ninfa do inseto, foi de 41,7%, quase o dobro do 
obtido no inseto adulto (22,5%) (LUCAS; OLIVEIRA; 
PRENTICE, 2019). 
Estudos, também, demostram que a quitina presente 
no exoesqueleto dos insetos pode trazer benefícios 
quando adicionada à alimentação animal. Por exemplo, foi 
demostrado que a quitina aumentou o sistema imunológico de 
dourado (Coryphaena hippurus) (ESTEBAN et al., 2000). 
A observação da atividade quitinolítica em peixes indica que a 
quitina ingerida pode ter uma função nutritiva substancial na 
ingestão de energia (FINES; HOLT, 2010). Porém, estudos 
sugerem que a determinação da digestibilidade da quitina, em 
diferentes animais e seu efeito na digestibilidade de outros 
nutrientes, é o primeiro passo a ser dado. Também, 
é necessário obter os níveis adequados ou aceitáveis de 
quitina na dieta. A quitosana, principal derivado da 
quitina, possui propriedades biológicas, como atividade 
antimicrobiana, antioxidante, anti-inflamatória, dentre outras 
(BAKSHIA et al., 2020). Se o uso de insetos na alimentação 
animal expandir comercialmente, a obtenção da quitina como 
subproduto da criação dos insetos será muito mais 
sustentável e rentável em maior escala do que as fontes de 
obtenção atuais. 
Maiores informações sobre os nutrientes contidos em 
diferentes espécies de insetos bem como seus conteúdos de 
minerais, aminoácidos essenciais, vitaminas, ácidos graxos, 
fibras e quitina podem ser encontradas na literatura (WILLIAMS 
et al., 2016; RUMPOLD; SCHLÜTER, 2013; SÁNCHEZ-MUROS; 
BARROSO; MANZANO-AGUGLIARO, 2014). 
 
20 
1.4 EXEMPLO DE ANIMAIS QUE PODEM SER 
ALIMENTADOS COM INSETOS 
 
Uma ampla gama de estudos comprovam a utilização 
de insetos como fonte de nutrientes de alta qualidade para 
ração animal (GASCO; BIANCAROSA; LILAND, 2020; 
GASCO; FINKE; VAN HUIS, 2018; RAMOS-ELORDUY, 1997; 
VAN HUIS, 2020; VARELAS; LANGTON, 2017; VERBEKE 
et al., 2015), que podem ser substituídos, com sucesso, pelos 
ingredientes já utilizados (pescado, soja, outros). A Tabela 1.1 
apresenta algumas das diferentes espécies animais que 
podem ser alimentadas com insetos. Entre os ingredientes 
utilizados para produzir alimentos compostos, os ricos em 
proteínas constituem a parte mais importante e cara da dieta 
(GASCO et al., 2019). Recentemente, o Tenebrio molitor foi 
reconhecido como a principal espécie para a produção 
comercial de alimentos para animais (VAN HUIS, 2020). 
Sánchez-Muros, Barroso e de Haro (2016) avaliaram, em uma 
revisão detalhada, o potencial uso de insetos para 
alimentação animal. No estudo, foram citas 24 espécies de 
insetos pertencentes a 6 ordens diferentes (Blattodea, 
Coleoptera, Diptera, Isoptera, Lepidoptera e Orthoptera) como 
sendo possíveis de utilização. Grande parte dos insetos 
estudados foram das espécies pertencentes às ordens Diptera 
(48%) e Lepidoptera (29%). Na pecuária e na aquicultura, 
predominaram os experimentos com mosca doméstica 
(Musca domestica) e bicho-da-seda (Bombyx mori). Além 
disso, estudos que utilizaram outras espécies, como, por 
exemplo, mosca-preta, (Hermetia illucens) e tenébrio comum 
(Tenebrio molitor), também, são comuns. Bichos-da-seda, 
gafanhotos, larvas de moscas e grilos podem servir de 
alimento com segurança para avicultura, sem comprometer 
a qualidade final da carne (GONÇALVES; BASTOS, 2014). 
No entanto, quando o assunto é a inserção de insetos na 
alimentação animal cabe salientar que alguns animais já 
possuem estes artrópodes como parte natural de sua dieta. 
Makkar et al. (2014), em estudo intitulado 
“State-of-the-art on use of insects as animal feed”, coletaram 
21 
e sintetizaram informações disponíveis sobre as cinco 
principais espécies de insetos estudadas em relação ao 
potencial uso de larvas de mosca de soldado negro, mosca 
doméstica, tenébrio comum, bicho-da-seda e gafanhotos 
como substitutos da farinha de soja e da farinha de peixe nas 
dietas de aves, suínos, espécies de peixes e ruminantes. 
Os estudos realizados confirmaram que os insetos podem 
substituir de 25 a 100% da farinha de soja ou farinha de peixe, 
dependendo da espécie do animal. Porém, a maioria dos 
insetos é deficiente em cálcio, metionina e lisina, necessitando 
a suplementação dos mesmos, especialmente, para animais 
em crescimento e galinhas poedeiras. 
 
Tabela 1.1 – Algumas espécies animais que podem ser 
alimentadas com insetos 
Animal Inseto Referência 
 
Suínos, aves, 
pescado, 
crustáceos, 
crocodilos, sapos 
Larvas de mosca de 
soldado negro 
(Hermetia illucens) 
Makkar et al. (2014) 
 
Suínos, aves, aves 
de corte, galinhas 
poedeiras, peixes, 
crustáceos, roedores 
Mosca doméstica 
(Musca domestica) 
 
Porcos, aves de 
corte, galinhas 
poedeiras, peixes 
Tenébrio comum 
(Tenebrio molitor) 
 
Aves, suínos, peixes 
e bovinos 
Larvas de mosca de 
soldado negro 
(Hermetia illucens) 
Tomberlin e Van 
Huis (2020) 
 
Aves, suínos, peixes 
e animais 
domésticos 
Larvas de mosca de 
soldado negro 
(Hermetia illucens) 
Van Huis (2020) 
 
Aves de corte 
Tenébrio comum 
(Tenebrio molitor) 
e tenébrio gigante 
(Zophobas morio) 
22 
Continuação 
Animal Inseto Referência 
 
Aves 
Gafanhotos, grilos, 
baratas, cupins, 
percevejos, cigarras, 
pulgões, besouros, 
lagartas, moscas, 
abelhas, vespas 
e formigas 
Ravindran e 
Blair (1993) 
 
Peixes 
Larvas de mosca de 
soldado negro 
(Hermetia illucens), 
mosca doméstica 
(Musca domestica) 
e tenébrio comum 
(Tenebrio molitor) 
Llagostera et al. (2019) 
 
Aves 
Barata americana 
(Periplaneta 
americana), Tenébrio 
comum (Tenebrio 
molitor), larvas de 
mosca de soldado 
negro (Hermetia 
illucens), mosca 
doméstica (Musca 
domestica), bicho-da-
seda 
(Bombyx mori), 
grilo comum 
(Acheta domesticus) 
Sánchez-Muros, 
Barroso e de 
Haro (2016) 
 
Moluscos 
Bicho-da-seda 
(Bombyx mori) 
Cho (2010) 
 
Estudos, também, comprovam a qualidade proteica 
dos insetos para uso em rações para cães e gatos, embora se 
estime que 6% da dieta de gatos selvagens já seja composta 
de insetos (PLANTINGA; BOSCH; HENDRIKS, 2011; BOSCH 
et al., 2014). No entanto, ainda pouco, se sabe sobre 
os possíveis riscos do consumo de insetos por animais. 
Diversos estudos e revisões se referem a possíveis riscos 
23 
de segurança química e microbiológica, riscos de 
alergenicidade, deficiências em aminoácidos específicos ou 
problemas de digestibilidade e palatabilidade, a maioria dos 
quais ainda não bem compreendido ou totalmente gerenciável 
(CHARLTON et al., 2015; RUMPOLD; SCHLÜTER, 2013). 
 
1.5 CONCLUSÃO 
 
Atualmente, existe um interesse crescente nos insetos 
como fonte de alimentos para animais e humanos. Os estudos 
revisados, neste capítulo, mostram o grande potencial que os 
insetos têm como uso em ração animal. Até agora, as espécies 
de insetos testadas, em alimentos para animais, são limitadas, 
portanto o número de espécies de insetos avaliadas e criadas 
para esse fim deve aumentar ainda mais. Ficou evidente que o 
uso destes artrópodes pode trazer muitos benefícios ao meio 
ambiente à medida que são necessários menos recursos, como 
por exemplo, a água, durante sua criação e processamento. 
Também, é notável que a composição nutricional dos insetos 
permite a substituição completa de algumas refeições de 
origem vegetal, como, por exemplo, a soja utilizada nas rações. 
É importante destacar que o uso da quitina/quitosana presente 
nos insetos como componente da ração ainda precisa ser mais 
explorado e estudado. 
 
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28 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
 
NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE INSETOS 
PARA SEREM USADOS COMO FONTE ALIMENTAR 
 
Anelise Christ-Ribeiro* 
 
 
2.1 INTRODUÇÃO 
 
O crescimento da população mundial está estimado 
em9,7 bilhões de pessoas até o ano de 2050 (UNITED 
NATIONS, 2019) e tem gerado preocupação em vários 
setores, principalmente, quanto à demanda por alimentos 
(FUKASE; MARTINS, 2020). Essa projeção acarreta no 
aumento na produção e no consumo de alimentos e, 
consequentemente, de carnes, uma vez que esta é a fonte 
proteica preferida da maioria dos consumidores (GANDHI; 
ZHOU, 2014). Para a criação dessas fontes proteicas de 
origem animal, a demanda da produção de cereais e seus 
subprodutos utilizados como nutrientes em rações vêm 
aumentando, e continuará necessitando de recursos limitados, 
como terra, água e energia, além de ocasionar impactos 
ambientais, poluição das águas e geração de resíduos 
(DICKE, 2019). 
Nesse contexto, adotar alternativas buscando a 
implementação de um sistema sustentável é uma tendência 
mundial. Atualmente, encontrar matérias-primas sustentáveis 
é um grande obstáculo e se tornou uma prioridade entre as 
partes interessadas na alimentação. Portanto, um recurso 
viável e sustentável é a utilização de rejeitos alimentares 
 
* Professora substituta na Escola de Química e Alimentos, Universidade 
Federal do Rio Grande – FURG; anelise.christ@gmail.com 
29 
para cultivar larvas de insetos, podendo ser utilizados na 
alimentação animal (CHRIST-RIBEIRO et al., 2017). 
Muitas espécies de insetos podem converter 
eficientemente e com baixo impacto ambiental, resíduos 
alimentares típicos, com valores relativamente baixos de 
proteínas e lipídios. Sendo assim, a produção de insetos pode 
se tornar um fluxo de ingredientes alimentares de alta 
qualidade, sendo utilizados em formulações para ração 
animal. Atualmente, o campo de uso de insetos como 
ingredientes alimentares é bastante atual e abrange diversas 
áreas, sendo que algumas pesquisas demonstram que os 
insetos são boas fontes de aminoácidos, minerais, e ácidos 
graxos (GASCO; BIANCAROSA; LILAND, 2020). 
Portanto, o objetivo deste capítulo é descrever as 
necessidades nutricionais de insetos e avaliar dietas 
alternativas disponíveis que sejam eficientes, visando a uma 
maior sustentabilidade na alimentação, na criação de insetos 
e, consequentemente, no enriquecimento nutricional dos 
insetos para utilização em ração animal. 
 
2.2 NECESSIDADES NUTRICIONAIS 
 
Todo o organismo vivo necessita de alguns compostos 
para seu desenvolvimento e manutenção, e essa 
característica não poderia ser diferente para os insetos. 
É sabido que esses possuem necessidades nutricionais 
específicas, dependendo de cada espécie, mas que alguns 
componentes são básicos para a sua nutrição. Os principais 
macronutrientes necessários para seu desenvolvimento são 
carboidratos, lipídios e proteínas, enquanto os micronutrientes 
necessários incluem esteróis, vitaminas e minerais 
(VARELAS; LANGTON, 2017). 
Para o crescimento e desenvolvimento normal dos 
insetos, estudos mostram a importância de minerais na 
alimentação, como K, P, Mg, Na, Ca, Cu e Zn, tendo 
como função, por exemplo, processos de esclerotização e 
mineralização de cutículas que fazem parte da composição 
corporal, da manutenção do equilíbrio iônico e como cofatores 
de sistemas enzimáticos, garantindo diversas funcionalidades 
30 
às células desses insetos. Devido aos minerais, compostos 
inorgânicos que podem formar sais e comumente solúveis 
em água, não podem ser sintetizados pelo organismo, 
ou seja, é necessário obtê-los por meio da alimentação. 
Os insetos necessitam de níveis consideráveis desses 
elementos, cujas funções estão relacionadas ao seu 
crescimento e ao desenvolvimento e pode alterar de acordo 
com cada espécie. Os minerais atuam na manutenção do 
equilíbrio iônico e como cofatores de sistemas enzimáticos, 
garantindo diversas funcionalidades às células desses 
insetos. Por exemplo, o K é essencial às ações de impulsos 
nervosos e musculares, assim como o Na, estando envolvidos 
na regulação do pH das células e fluidos corporais (LEITE, 
2011, KOHLMEIER, 2015). 
O Ca tem, tanto quanto para os ossos dos 
vertebrados, papel importante na ligação de moléculas 
presentes nas estruturas dos invertebrados, além da atuação 
como cofator em diversas reações enzimáticas. O tamanho do 
corpo de insetos adultos, que é influenciado pela composição 
da dieta fornecida durante seu desenvolvimento, está 
correlacionado com características, como: fecundidade, 
longevidade, resistência ao estresse e sucesso no 
acasalamento (CORRÊA, 2006, KOMAYA; MIRTH, 2018). 
Como em outros seres vivos, para insetos, os lipídeos 
desempenham diversas funções, como constituintes de 
estruturas celulares, atuam como hormônios e formam 
importantes reservas energéticas e colesterol, fundamentais 
em algumas situações de grande demanda metabólica, tais 
como, o voo e a produção de ovos, e atuam como uma 
barreira para a conservação de água na cutícula. Alguns 
estudos com insetos mostraram que as células intestinais 
absorvem, preferencialmente, ácido oleico (18:1), seguido 
pelo ácido palmítico (16:0) e pelo ácido esteárico. Além disso, 
os insetos são incapazes de sintetizar esteróis, composto 
importante para a fisiologia e constitui componentes de 
membranas subcelulares, precursores de hormônios, 
constituintes da cera superficial da cutícula e constituintes 
de moléculas transportadoras de lipoproteína. Os insetos 
31 
obtêm esteróis do colesterol e fontes importantes deste 
composto incluem fitoesteróis vegetais e ergosterol de fungos. 
Os fosfolipídios são sintetizados por insetos e desempenham 
um papel importante na transferência de lipídios e na síntese 
de vitelina e de outras lipoproteínas (ATELLA, MAJEROWICZ, 
GONDIM, 2012, VARELAS; LANGTON, 2017). 
Carboidratos, principalmente monossacarídeos e 
dissacarídeos, são necessários como fonte de energia, mas 
também necessários para a configuração da quitina, 
um polissacarídeo amino responsável pela formação do 
exoesqueleto. Alguns insetos ainda possuem um sistema 
digestivo peculiar, que atuam de diferentes maneiras e 
hidrolisam cadeias de compostos mais complexos 
(hemicelulose, lignina, polissacarídeos, amido, pectina, 
e entre outros), resultando em fontes de carboidratos de forma 
complexa mais simples. Em relação às vitaminas, os insetos 
são incapazes de sintetizá-las, por isso devem ser ingeridas 
através da dieta, e são importantes na atuação como fatores 
de crescimento e são agrupados de acordo com sua 
solubilidade em água e lipídios (VARELAS; LANGTON, 2017). 
Estudos mostram que dietas influenciam, diretamente, 
no desenvolvimento e no desempenho dos insetos. Dietas 
ricas em nutrientes como proteínas e, em especial, em alguns 
aminoácidos essenciais podem melhorar o desempenho dos 
insetos quanto ao seu desenvolvimento, podendo influenciar, 
diretamente, a fisiologia do inseto. Para isso, devem ser 
fornecidos 10 aminoácidos essenciais que os insetos não 
podem sintetizar (leucina, isoleucina, valina, treonina, lisina, 
arginina, metionina, histidina, fenilalanina e triptofano). Outros 
aminoácidos podem ser sintetizados, mas em quantidades 
insuficientes, e um alto consumo de energia é necessário para 
sua síntese, destacando-se a tirosina neste caso, que é 
componente principal da esclerotina. Alguns estudos 
destacaram que a ausência de alguns aminoácidos, entre 
eles, alanina, ácido aspártico, cistina, ácido glutâmico, glicina, 
prolina, serina e tirosina causam atraso no desenvolvimento 
larval, o que pode ser refletido em baixa porcentagem de 
pupação. A prolina é necessária para o desenvolvimento 
32 
e como fonte de energia que pode afetar o desempenho 
sexual (MORELLI et al., 2012, VARELAS; LANGTON, 2017). 
Não se pode deixar de observar as características da 
hemolinfa, principal via de translocação de nutrientes ao redor 
do corpo do inseto e um importante local para armazenamento 
dos mesmos, ou seja, um meio enriquecido de compostos. 
Os principais solutos da hemolinfa são carboidratos 
(dissacarídeo trealose, e outros açúcares como glicose) 
e álcoois de açúcar, comomanitol e sorbitol em alguns insetos. 
A hemolinfa, também, contém aminoácidos livres, bem como 
vários peptídeos e proteínas. As concentrações desses 
nutrientes podem variar amplamente, por exemplo, com a 
idade, sexo e estado reprodutivo do inseto, bem como dieta e 
temperatura, mas permanecem dentro de uma faixa compatível 
com a nutrição dos órgãos dos insetos. Comparando os 
compostos presentes em cada animal, a hemolinfa do inseto é 
nutricionalmente muito diferente do sangue dos mamíferos por 
manter concentrações muito mais altas e mais variáveis de 
açúcares e aminoácidos (BLOW; DOUGLAS, 2019). 
Apesar do conhecimento acerca da digestão de 
lipídeos em insetos ainda ser bastante limitado, especialmente 
quando se considera a enorme variação nos tipos de 
alimentação desses organismos, pode-se observar a 
importância da composição equilibrada de nutrientes na dieta 
dos insetos. Dietas balanceadas influenciam positivamente 
diversas características na estrutura corporal e fisiologia, 
acarretando vantagens no conhecimento das necessidades 
nutricionais, tanto do inseto a ser cultivado quanto da dieta a 
ser fornecida. 
 
2.3 NUTRIENTE NO ESTÁGIO DO INSETO 
 
Em alguns insetos, a ingestão alimentar acontece, 
de maneira distinta, devido a cada fase do desenvolvimento 
que o animal se encontra. Os insetos, geralmente, são 
divididos em dois grupos, de acordo com sua estratégia de 
ciclo de vida. O grupo mais abundante de espécies 
holometábolas sofre metamorfose completa, incluindo quatro 
33 
estágios de vida (ovo, larva, pupa e imago). As espécies 
hemimetábolicas não têm estágio pupal (KULMA et al., 2020). 
A nutrição altera o tamanho do corpo ao afetar as 
taxas de crescimento e, também, ao modificar a duração do 
período juvenil; nessa etapa, é importante a qualidade da 
dieta consumida pelo inseto. Em insetos hemimetábolos, 
o período juvenil termina quando a ninfa de último instar muda 
para um adulto, marcando, assim, a cessação do crescimento. 
Em insetos holometabolous, o período juvenil termina no início 
da metamorfose quando a alimentação para a diferenciação 
do corpo adulto começa. Em ambos os casos, a duração do 
período ninfal ou larval determina a duração do período de 
crescimento (KOMAYA; MIRTH, 2018). 
Dentre alguns estágios dos insetos, chama a atenção a 
diapause que apresenta vários desafios interessantes para o 
armazenamento e utilização de nutrientes. Comumente, duram 
de 9 a 10 meses, e a maioria dos insetos que passam pela 
diapausa não se alimentam durante esse processo. Isso 
implica que o inseto deve sequestrar reservas suficientes no 
período prévio para atender às suas necessidades metabólicas 
e, ainda, ter reservas suficientes restantes, no final, para 
completar o desenvolvimento e retomar a atividade. Um dos 
fatores desta fase é a depressão do metabolismo, e uma forma 
de reserva de nutriente mais importante é o lipídeo, que atende 
à demanda energética durante a diapausa. Ou seja, não há 
uma cessação completa do desenvolvimento, ocorrem trocas 
gasosas, metabolismo de nutrientes, resistência ao estresse e 
expressão do gene; os insetos diapausadores passam por 
uma série graduada de estágios de desenvolvimento 
fisiologicamente distintos, incluindo indução, preparação, 
iniciação, manutenção, rescisão, e às vezes quiescência 
pós-diapausa; essas atividades durante esse período são 
sustentadas pelas reservas energéticas adquiridas antes deste 
processo (HAHN; DENLINGER, 2007). 
Algumas espécies, quando na fase adulta, precisam 
ingerir nutrientes para manter suas capacidades reprodutivas; 
para outras, que não supriram suas necessidades em uma 
fase imatura, como, por exemplo, fontes de aminoácidos 
34 
e carboidratos, é essencial a obtenção destes nutrientes para 
o desenvolvimento completo do inseto. Os insetos sofrem 
muitas mudanças morfológicas e anatômicas que estão, 
frequentemente, relacionados com mudanças nos hábitos 
alimentares durante o desenvolvimento (KULMA et al., 2020). 
 
2.4 FONTES ALTERNATIVAS COMO NUTRIENTES 
PARA INSETOS 
 
Em alguns insetos, a ingestão alimentar acontece, 
de maneira distinta, devido a cada fase do desenvolvimento 
que o animal se encontra. Os insetos, geralmente, são 
divididos em dois grupos, de acordo com sua estratégia de 
ciclo de vida. O grupo mais abundante de espécies 
holometábolas sofre metamorfose completa, incluindo quatro 
estágios de vida (ovo, larva, pupa e imago). As espécies 
hemimetábolicas não têm estágio pupal (KULMA et al., 2020). 
A nutrição altera o tamanho do corpo ao afetar as 
taxas de crescimento e, também, ao modificar a duração do 
período juvenil; nessa etapa, é importante a qualidade da 
dieta consumida pelo inseto. Em insetos hemimetábolos, 
o período juvenil termina quando a ninfa de último instar muda 
para um adulto, marcando, assim, a cessação do crescimento. 
Em insetos holometabolous, o período juvenil termina no início 
da metamorfose quando a alimentação para e a diferenciação 
do corpo adulto começa. Em ambos os casos, a duração do 
período ninfal ou larval determina a duração do período de 
crescimento (KOMAYA; MIRTH, 2018). 
Dentre alguns estágios dos insetos, chama a atenção a 
diapause que apresenta vários desafios interessantes para o 
armazenamento e utilização de nutrientes. Comumente, duram 
de 9 a 10 meses, e a maioria dos insetos que passam pela 
diapausa não se alimentam durante esse processo. Isso 
implica que o inseto deve sequestrar reservas suficientes no 
período prévio para atender às suas necessidades metabólicas 
e, ainda, ter reservas suficientes restantes, no final, para 
completar o desenvolvimento e retomar a atividade. Um dos 
fatores desta fase é a depressão do metabolismo, e uma forma 
de reserva de nutriente mais importante é o lipídeo, que atende 
35 
à demanda energética durante a diapausa. Ou seja, não há 
uma cessação completa do desenvolvimento, ocorrem trocas 
gasosas, metabolismo de nutrientes, resistência ao estresse e 
expressão do gene; os insetos diapausadores passam por 
uma série graduada de estágios de desenvolvimento 
fisiologicamente distintos, incluindo indução, preparação, 
iniciação, manutenção, rescisão, e, às vezes, quiescência 
pós-diapausa; essas atividades durante esse período são 
sustentadas pelas reservas energéticas adquiridas antes deste 
processo (HAHN; DENLINGER, 2007). 
Algumas espécies, quando na fase adulta, precisam 
ingerir nutrientes para manter suas capacidades reprodutivas; 
para outras, que não supriram suas necessidades em uma 
fase imatura, como, por exemplo, fontes de aminoácidos e 
carboidratos, é essencial a obtenção desses nutrientes para o 
desenvolvimento completo do inseto. Os insetos sofrem 
muitas mudanças morfológicas e anatômicas que estão, 
frequentemente, relacionados com mudanças nos hábitos 
alimentares durante o desenvolvimento (KULMA et al., 2020). 
Os insetos são conhecidos por sua capacidade de se 
especializarem em uma ampla diversidade de dietas, muitas 
das quais são pobres em nutrientes ou desequilibradas 
nutricionalmente. São inúmeras as fontes nutricionais de 
diversos insetos durante o ciclo de vida e podem utilizar como 
alimentos compostos presentes na madeira, no sangue de 
vertebrado, na seiva de plantas e entre outras dietas, algumas 
até extremas, com deficiências em vitaminas, esteróis e 
aminoácidos essenciais. Alguns deles conseguem se 
desenvolver devido à presença de microrganismos simbióticos 
que auxiliam na produção dos nutrientes limitantes da dieta 
(BOVERA et al., 2018). 
Em alguns países, somente alguns tipos de resíduos 
selecionados de origem vegetal são permitidos para produção 
de insetos, levando a algumas preocupações com a 
sustentabilidade, uma vez que produtos que podem ser 
usados como ração animal ou alimento humano terão maior 
impacto ambiental do que quando se utiliza rejeitos orgânicos 
(GASCO; BIANCAROSA; LILAND, 2020). Destaca-se a alta 
36 
eficiência de conversão alimentar dos insetos, uma vez que 
a utilizaçãode subprodutos orgânicos de baixo valor 
nutricional agregado é metabolizado, convertendo em 
proteínas de alto valor presentes na composição do inseto. 
Devido a essa característica, são componentes valiosos de 
uma economia circular, podendo ser cultivados com resíduos 
alimentares ou na indústria de alimentos, convertendo 
resíduos em produtos proteicos de alto valor (BARTON, et al., 
2019, DICKE, 2019). 
Dada a ampla variedade de espécies de insetos 
comestíveis, o valor nutricional dos insetos é altamente 
variável e dependem de muitos fatores, como a espécie, 
tecnologia de criação, a composição da ração fornecida, 
a origem dos insetos e sexo. Mesmo dentro do mesmo grupo 
de espécies, o valor nutricional pode variar, dependendo do 
estágio metamórfico do inseto e seu habitat (ZIELIŃSKA et al., 
2015, KULMA et al., 2020). 
 
2.5 TENDÊNCIAS E DESEMPENHOS DAS DIETAS 
 
Apesar de alguns países apresentarem uma legislação 
mais rigorosa no fornecimento de dietas para insetos, tem 
havido uma busca contínua por fontes de nutrientes mais 
baratas e confiáveis. Assim, a cultura de microrganismos 
aplicados em substratos apropriados, como grãos de cereais, 
grãos residuais das indústrias cervejeiras e resíduos agrícolas 
resultou em biomassas com alto teor de proteína e demais 
nutrientes, próprios para uso como ingrediente na dieta de 
insetos. Porém, há custos adicionais subsequentes no 
processamento, como a secagem após uma fermentação 
úmida. Uma alternativa mais acessível é a utilização dos 
grãos de cereais atacados e destruídos por pragas de insetos. 
Pois, quando armazenados, alguns insetos utilizam como 
alimento e se reproduzem em grande número. Assim, com a 
consequência da deterioração dos grãos, esses insetos 
poderiam ser introduzidos como proteína adicionada além da 
que contém no grão e processados juntos, tornando 
um processo menos custoso e enriquecido naturalmente 
(ABASIEKONG, 1998, ZIELIŃSKA et al., 2015). 
37 
Deve-se ressaltar que as tecnologias usadas para 
produzir insetos, ainda, estão em processo de modernização, 
e há um grande espaço para melhorias, tanto em relação ao 
tipo de substrato usado para cultivar insetos quanto à 
tecnologia envolvida em uma produção eficiente em larga 
escala. Existem vários estudos mostrando como é possível 
ser inovador com relação ao uso de resíduos locais, usando 
resíduos de alimentos de restaurantes, de frutas e vegetais ou 
substrato de resíduos de cozinha ou, até mesmo, de resíduos 
agroindustriais para produzir insetos. As concentrações em 
proteínas e outros nutrientes em todo o inseto é afetado pelo 
crescimento geral dos insetos em um determinado meio. 
É essencial conhecer a composição ideal da dieta das 
espécies de insetos selecionadas, pois uma dieta pobre em 
quantidade e qualidade de nutrientes pode levar a um tempo 
de produção prolongado e a uma retenção menos eficiente de 
nutrientes (GASCO; BIANCAROSA; LILAND, 2020). 
Entre os ingredientes usados para produzir dietas 
para insetos, os ricos em proteínas constituem a parte mais 
importante e cara da dieta, cujo alguns insetos possuem 
exigências nutricionais que acabam tornando inviáveis a 
aplicação para a sua criação massal. No entanto, uma 
tendência geral observada é que a dieta proteica em si 
não será afetada em sua qualidade corporal, embora a 
quantidade ou proporção de proteína/gordura possa variar, 
ou seja, a fração proteica dos insetos permanecerá as 
mesmas, independentemente do substrato em que crescem, 
enquanto grandes alterações são observadas na fração 
lipídica (perfil de ácidos graxos), refletindo, principalmente, 
a composição lipídica do substrato (GASCO; BIANCAROSA; 
LILAND, 2020). Isso não impede que outros compostos 
como minerais, vitaminas, bioativos e demais nutrientes não 
alterem. Por exemplo, alguns estudos mostram que uma 
maior disponibilidade de Ca, na dieta, pode aumentar a 
matéria seca em 18 vezes de alguns insetos (WILLIAMS 
et al., 2016). Cabe salientar que uma dieta enriquecida de 
nutrientes gera resultados notáveis quanto ao aprimoramento 
do crescimento, fisiologia entre outras características 
38 
importantes para avaliar o desempenho e influência da dieta 
nos insetos gerados. 
 
2.6 COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DOS INSETOS 
 
Geralmente, os insetos são uma fonte disponível de 
proteínas, lipídios, carboidratos, vitaminas e minerais, como 
cálcio, ferro ou zinco. Esses compostos são inerentes à 
composição do animal, que serve de fonte de alimento 
promissora para ração animal. O conteúdo energético dos 
insetos é, em média, comparável ao da carne e, quanto ao 
conteúdo proteico, é melhor do que produtos alimentares 
comerciais enriquecidos com proteínas derivadas de 
leguminosas, termos de propriedades nutricionais por conter 
todos os aminoácidos essenciais. No entanto, faltam estudos 
explicando o efeito do processo térmico na digestibilidade de 
insetos e sua citotoxicidade (BOVERA et al., 2018). 
O seu conteúdo nutricional varia entre as espécies, 
mas, em geral, o conteúdo de proteínas é semelhante ao da 
carne convencional, enquanto os insetos contêm mais ácidos 
graxos insaturados. Além disso, o alto teor mineral. O teor 
de insetos, em comparação com a carne convencional, 
é particularmente interessante, considerando a prevalência 
mundial de deficiência de ferro e zinco. Alguns insetos já 
fazem parte de uma dieta natural para peixes, pássaros e 
alguns mamíferos; eles contêm altos níveis de proteínas e 
nutrientes essenciais, ideais para o crescimento animal 
(BOVERA et al., 2018, DICKE, 2019). E isso demonstra a 
tendência da adequação dos insetos como fonte de nutrientes 
de alta qualidade para a alimentação animal. 
Ao formular essa alimentação balanceada, 
a digestibilidade e o valor nutritivo dos ingredientes são de 
primordial importância para obter dietas capazes de atender 
às necessidades dos animais e otimizar desempenhos e 
custos. Ao usar ingredientes de insetos, é possível obter 
crescimento e desempenho animal comparáveis aos de outros 
ingredientes alimentares comumente usados. Há evidências 
substanciais de que o uso de dietas com refeições de 
insetos pode ter efeitos positivos no sistema imunológico 
39 
e na microbiota dos animais. No entanto, mais estudos devem 
ser realizados quanto à qualidade de produtos de animais, 
utilizando o inseto como alimento. O aumento da saúde 
intestinal se deu pela ingesta da quitina, cuja sua digestão é 
auxiliada por microrganimos que causam este efeito positivo, 
dentre eles, imunoestimulantes. Produtos derivados de 
insetos, também, demonstraram ter efeitos antimicrobianos 
(GASCO; BIANCAROSA; LILAND, 2020). 
 
2.7 CONCLUSÃO 
 
Relatórios recentes mostram que dietas fornecidas 
para insetos podem aprimorar sua composição nutricional. 
Dietas enriquecidas com macronutrientes, como carboidratos, 
lipídios e proteínas e micronutrientes, como vitaminas e 
minerais, possuem papel fundamental no enriquecimento 
estrutural e nutricional dos insetos. Além disso, contribui à 
segurança alimentar global, minimizando usos da terra e da 
água e usufruindo da sustentabilidade da criação, o que é, 
atualmente, uma tendência mundial. 
 
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42 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO III 
 
INSETOS NA ALIMENTAÇÃO DE AVES 
 
Juliana Machado Latorres* 
Carlos Prentice (in memoriam) 
 
 
3.1 INTRODUÇÃO 
 
A crescente demanda por produtos de origem animal 
está diretamente relacionada ao crescimento da população 
humana (CHIA et al., 2019). Estima-se que até 2050 ocorra 
um aumento de 60 a 70% no consumo de produtos de origem 
animal (MAKKAR et al., 2014). A carne de aves é apontada 
como uma fonte proteica animal capaz de suprir essa 
demanda, sendo o Brasil o principal exportador global dessa 
proteína (ALLEGRETTI et al., 2018). 
A indústria avícola tem se expandido ao longo 
das últimas décadas (VAN HUIS et al., 2013). Entretanto, 
um grande problema enfrentado por esse setor é o fornecimento 
de alimentos para esses animais, que devem conter todos 
os componentes necessários da dieta para que as aves 
cresçam de forma saudável, em um curto período de tempo 
(OYEGOKE; AKINTOLA; FASORANTI, 2006). O farelo de 
soja e a farinha de peixe são as fontes proteicas ofertadas nas 
rações para essas espécies. Entretanto, esses ingredientes 
são de alto custo para os produtores e, além disso, 
a disponibilidade global de terras para o cultivo de soja é 
limitada, e a superexploração marinha reduziu a abundância 
de pequenos peixes pelágicos forrageiros dos quais derivam 
 
* Aluna de pós-doutorado na Escola de Química e Alimentos, Universidade 
Federal do Rio Grande – FURG; julatorres@yahoo.com.br 
43 
a farinha de peixe (MARONO et al., 2017; SÁNCHEZ-
MUROS; BARROSO; DE HARO, 2016). 
A agricultura de insetos é considerada como fonte 
alternativa para alimentação de aves (CUTRIGNELLI et al., 
2018). Em termos nutricionais, os insetos têm capacidade de 
garantir o fornecimento energético adequado, assegurando 
que esses animais cresçam de forma rápida e saudável 
(DOMINGUES et al., 2020). Com relação aos aspectos 
econômicos e ambientais, a criação de insetos apresenta baixos 
requisitos de terra e água, reduzido impacto ecológico, além de 
contribuir para a economia circular ao converter resíduos 
orgânicos em ingredientes alimentares (ABRO et al., 2020). 
Diante disso, este capítulo faz uma abordagem geral 
sobre os benefícios da utilização de insetos na alimentação 
de aves. 
 
3.2 BENEFÍCIOS NUTRICIONAIS DA INSERÇÃO DE 
INSETOS NA ALIMENTAÇÃO DE AVES 
 
As aves são espécies monogástricas e necessitam de 
uma dieta com alta qualidade e quantidade proteica. Do ponto 
de vista nutricional, as rações desses animais devem 
apresentar elevado teor proteico, um perfil adequado de 
aminoácidos, alta digestibilidade, boa palatabilidade e não 
devem apresentar fatores antinutricionais (SÁNCHEZ-MUROS; 
BARROSO; MANZANO-AGUGLIARO, 2014). 
Os insetos estão sendo considerados como uma boa 
fonte de nutrientes para a alimentação avícola, devido ao seu 
valor proteico, biológico e à composição balanceada de 
aminoácidos essenciais (WAITHANJI et al., 2019). Além 
disso, a utilização de insetos, na alimentação de aves, 
é apontada como uma alternativa particularmente adequada, 
porque sua dieta "natural", geralmente, inclui insetos 
(BOVERA et al., 2015). 
Muitas são as espécies de insetos que estão inseridas 
na alimentação de aves. As farinhas obtidas de larvas 
de diferentes espécies de insetos, principalmente de 
Tenebrio molitor e Hermetia illucens, são apontadas como 
importantes fontes proteicas para alimentação de aves, devido 
https://www-sciencedirect.ez40.periodicos.capes.gov.br/topics/agricultural-and-biological-sciences/tenebrio-molitor
https://www-sciencedirect.ez40.periodicos.capes.gov.br/topics/agricultural-and-biological-sciences/hermetia-illucens
44 
às respostas positivas sobre o crescimento desses animais, 
estado imunológico e qualidade da carne (BIASATO et al., 
2016; BOVERA et al., 2015; MARONO et al., 2017; 
OYEGOKE; AKINTOLA; FASORANTI, 2006). Ballitoc e 
Sangsoo (2013) estudaram o crescimento e as características 
de carcaça de frangos de corte quando alimentados com 
ração contendo diferentes concentrações (0, 0,5, 1, 2 e 10%) 
de T. molitor (larva-da-farinha), como substituição a ração 
comercial. Os autores concluíram que a suplementação com 
larvas do inseto contribuiu para o ganho de peso corporal dos 
frangos. Maurer et al. (2016) verificaram que o farelo de larvas 
de Hermetia illucens pode ser utilizado como a única fonte 
proteica da dieta de galinhas poedeiras, sem afetar a 
produção de ovos, o consumo de ração e a eficiência de 
conversão alimentar.O conteúdo proteico dos insetos vem sendo estudado, 
e os resultados apontam uma ampla variação entre 7,5 
e 91%, contendo, aproximadamente, 60% de proteína, 
em base seca, ou seja, desconsiderando o teor de umidade 
da composição (FINKE; OONINCX, 2014). Outro estudo 
aponta que os teores proteicos encontrados se assemelham 
aos teores proteicos da proteína vegetal (cerca de 36,5%), 
uma das fontes proteicas usuais na alimentação das aves 
(YI et al., 2013). 
Com relação aos aminoácidos essenciais, eles devem 
ser fornecidos na dieta das aves, porque as aves não podem 
sintetizá-los. De acordo com Veldkamp e Bosch (2015), 
algumas espécies de insetos, como a larva da farinha amarela 
(T. molitor), a mosca doméstica (Musca domestica) e a mosca 
soldado negra (Hermetia illucens) apresentam um perfil de 
aminoácidos semelhante ao perfil aminoacídico do farelo 
de soja, em termos de metionina ou metionina + cistina. 
A metionina é um aminoácido essencial, que desempenha 
papel fundamental para o desenvolvimento das aves, uma vez 
que esse aminoácido contribui para o crescimento das penas, 
síntese e decomposição de proteínas, influencia no peso, 
tamanho e produção de ovos (FAGUNDES et al., 2020; 
FANATICO et al., 2018). 
45 
Além de constituir uma importante fonte de 
aminoácidos essenciais, os insetos são considerados uma 
importante fonte de gordura bruta (FINKE; OONINCX, 2014). 
A literatura sugere que essa matéria-prima pode ser uma 
alternativa para substituir o óleo de soja, comumente utilizado 
na elaboração das rações de aves. O óleo de soja é um dos 
ingredientes energéticos mais utilizados na dieta de aves, 
devido ao seu alto teor de energia metabolizável, bem como à 
sua digestibilidade (KIEROŃCZYK et al., 2018). Schiavone 
et al. (2018) avaliaram os efeitos da substituição parcial ou 
total do óleo de soja da dieta de frangos de corte por gordura 
de larva de mosca soldado negra (Hermethia illucens). 
Os resultados sugerem os experimentos realizados com a 
gordura do inseto não provocam efeitos adversos no 
desempenho de crescimento, características de carcaça, bem 
como na qualidade geral da carne dos frangos. Da mesma 
maneira, Kim et al. (2020) estudaram os efeitos do óleo de 
larva da mosca soldado negro como uma substituição parcial 
ou total do óleo de soja no desempenho do crescimento, perfil 
de ácidos graxos, e na qualidade da carne de frangos de 
corte, com idade entre 1 e 5 semanas. Os resultados 
encontrados indicam que a substituição do óleo de soja pelo 
óleo de inseto não apresentou efeito adverso no desempenho 
de crescimento e pode ser um ingrediente como fonte de 
gordura na dieta de frangos de corte, podendo ser um 
substituto promissor na dieta desses animais. 
Os insetos, também, apresentam níveis consideráveis 
de minerais. São considerados uma importante fonte de ferro, 
cobre, magnésio, manganês, fósforo, selênio, zinco (FINKE; 
OONINCX, 2014). São espécies que apresentam níveis ricos 
em cálcio e fósforo, minerais esses que contribuem para 
estrutura esquelética das aves quando consumidos 
(MARONO et al., 2017). 
Além dos benefícios nutricionais apontados, os insetos 
são capazes de produzir peptídeos antimicrobianos (PAMs) 
(JÓZEFIAK; ENGBERG, 2017). Os PAMs são pequenos 
peptídeos catiônicos que apresentam um amplo sistema de 
defesa contra micro-organismos, bactérias, fungos (ERICKSON 
46 
et al., 2004). Benzertiha et al. (2020) estudaram o efeito 
de rações contendo Tenebrio molitor e Zophobas morio 
sobre o desempenho do crescimento dos frangos de corte 
e as características do sistema imunológico. Os autores 
verificaram que a adição de 0,2 e 0,3% de T. molitor e Z. morio à 
dieta de frangos de corte pode melhorar o desempenho do 
crescimento e alterar as características sistema imunológico, 
como os níveis de imunoglobulinas. Da mesma maneira, 
a farinha de larvas de Hermetia illucens pode ser considerada 
uma fonte de proteína atrativa para alimentação de galinhas 
poedeiras, melhorando seu estado imunológico, além de 
contribuir para uma maior produção de ovos sem efeitos 
negativos sobre a saúde do animal (MARONO et al., 2017). 
Islam e Yang (2017), também, observaram que os níveis de 
imunoglobulina de frangos de corte aumentaram após a 
suplementação de 0,4% de probióticos T.molitor e Z. morio, que 
foram obtidos pela fermentação de farinhas de insetos com 
L. plantarum e S. cerevisiae. De acordo com Lumeij (2008), 
as imunoglobulinas atuam como anticorpos e são sintetizadas 
em resposta aos antígenos. 
Acredita-se que resposta imunológica das aves é 
afetada, positivamente, pela alimentação com insetos, devido 
aos consideráveis índices de quitina, um polissacarídeo presente 
no exoesqueleto dos artrópodes que estimula a resposta imune 
em vertebrados. Entretanto, é importante considerar que a 
quitina não é digerível por animais monogástricos, podendo 
afetar, negativamente, a digestibilidade da proteína (BOVERA 
et al., 2015; MARONO et al., 2017; (SÁNCHEZ-MUROS; 
BARROSO; MANZANO-AGUGLIARO, 2014). 
Os benefícios nutricionais da inserção de insetos, 
na avicultura, evidenciam que a agricultura de insetos surge 
como uma importante fonte de nutrientes para criação de aves. 
 
3.3 BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA INSERÇÃO DE 
INSETOS NA ALIMENTAÇÃO DE AVES 
 
Sob o ponto de vista econômico alimentação animal, é o 
eixo mais oneroso da cadeia produtiva do setor da avicultura 
(EBSA; HARPAL; NEGIA, 2019). Entre os ingredientes utilizados 
47 
na formulação das rações, a proteína animal é o ingrediente de 
maior custo das dietas avícolas em comparação com os 
demais constituintes da ração (SÁNCHEZ-MUROS; BARROSO; 
DE HARO, 2016). 
O farelo de soja e a farinha de peixe são os 
ingredientes mais convencionais utilizados para produzir a 
ração animal. Entretanto, o desequilíbrio entre demanda e 
oferta provocou um aumento nos preços desses insumos 
(VAN HUIS et al., 2013). De acordo com o Makkar et al. 
(2014), os preços globais do farelo de soja e da farinha de 
peixe sofreram um aumento substancial de mercado. 
Diante disso, a sustentabilidade dessa cadeia produtiva 
está se tornando crítica, principalmente, em alguns países em 
desenvolvimento. Isso deu origem à demanda por uma nova e 
mais sustentável fonte de proteína (VELDKAMP; BOSCH, 
2015). Alguns estudos mostraram a viabilidade econômica da 
utilização de insetos como uma alternativa útil ao farelo de soja 
e à farinha de peixe na nutrição animal (MAKKAR et al., 2014; 
SMETANA et al., 2016; THÉVENOT et al., 2018; VAN HUIS 
et al., 2013; ALLEGRETTI et al., 2019). Segundo Govorushko 
(2019), a criação de insetos é economicamente vantajosa, pois 
requer pouco investimento, não exige grandes tecnologias e, 
ainda, oferece oportunidades de subsistência para a população 
urbana e rural. 
Abro et al. (2020) avaliaram o potencial econômico da 
substituição das fontes proteicas de ração convencionais por 
larvas de mosca soldado negra para setor avícola. Os autores 
concluíram que a substituição de 5 a 50% pode gerar 
um benefício econômico de 69 a 687 milhões de dólares 
americanos e de 16 a159 milhões de dólares se todo o setor 
avícola adotasse a inserção de insetos na alimentação animal. 
Os autores ainda concluíram que essa substituição poderia 
reduzir a pobreza de, aproximadamente, 3,2 milhões de 
pessoas, aumentar o emprego de até 252000 pessoas e, por 
fim, seria possível reciclar até 18 milhões de toneladas de 
resíduos biológicos. 
Ijaya e Eko (2009) estudaram os efeitos da 
substituição da farinha de peixe por farinha de lagarta 
48 
do bicho-da-seda (Anaphe infracta) na dieta de frangos de 
corte, sob o ponto de vista nutricional, características de 
carcaça e viabilidade econômica. Os autores concluíram que 
o custo por kg de ração diminui gradualmente com o aumento 
dos níveis de inclusão de farinha de lagarta do bicho-da-seda, 
indicando maior benefício econômico. 
Brah, Houndonougbo e Issa (2018) avaliaram os 
aspectos econômicos da utilização de farinha de gafanhoto

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