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RECURSO ORDINÁRIO OBREIRO. DEDUÇÃO DOS VALORES E NÃO PERCENTUAIS PAGOS A TITULO DE ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. DEVIDA. É cediço que os adicionais de insalubridade e periculosidade têm bases de cálculos distintas; aquele tem como base de cálculo o valor do salário mínimo, enquanto este tem como base de cálculo o salário base, indevida a dedução quanto aos percentuais, sendo devida quanto aos valores pagos ao reclamante, sob pena de ocasionar prejuízo ao reclamante. Apelo provido em parte. Trata-se de recurso ordinário obreiro interposto em face da sentença de f. 243-8 que julgou procedentes em parte os pedidos contidos na reclamação trabalhista proposta por EDERSON SILVA DO NASCIMENTO em desfavor de FUNDAÇÃO HOSPITAL AGRO INDÚSTRIA DE AÇÚCAR E ÁLCOOL DE ALAGOAS ( HOSPITAL DO AÇÚCAR). Em suas razões de f. 250-3 pela reforma da sentença de piso para que seja deferido o adicional de periculosidade 30%, deduzindo-se os valores pagos a título de adicional de insalubridade 20%, conforme apurar-se nos recibos de pagamentos, com as integrações já albergada. Acrescer ao julgado a multa do art. 477 da CLT. Contrarrazões de f. 257-8 pelo desprovimento do apelo. Sem Parecer Ministerial à luz da Resolução Administrativa nº 05/2003. É o relatório. 1. ADMISSIBILIDADE. Preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos, conheço do apelo e das contrarrazões. 2. MÉRITO. DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Alega o recorrente que o Juiz de piso julgou procedente o pleito de adicional de periculosidade EMENTA VISTOS etc VOTO PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO RECORRENTE(s) EDERSON SILVA DO NASCIMENTO ADV RECORRENTE(s) FABIO ALVES SILVA RECORRIDO(s) FUNDACAO HOSPITAL DA AGROINDUSTRIA DO ACUCAR E DO ALCOOL DO ESTADO DE ADV RECORRIDO(s) FERNANDO JOSE GONCALVES PONTES 0122000-7.5.19.2009.0010 - RECURSO ORDINÁRIO(069)PROCESSO Nº: DESEMBARGADOR RELATOR: ANTÔNIO CATÃO Pagina 1 de 310/11/20 18:03 30% sobre o salário base do recorrente, no entanto ao deferir a compensação do adicional de insalubridade pago em grau médio (20%) deferiu apenas o percentual de 10% de adicional de periculosidade a partir de fevereiro de 2007. Aduz o obreiro que os referidos adicionais têm base de cálculos distintas, o adicional de insalubridade tem como base de cálculo o salário mínimo vigente, enquanto que o adicional de periculosidade tem como base de cálculo o salário base. Pede a reforma da decisão para reformando a sentença de mérito deferir o adicional de periculosidade 30%, deduzindo os valores pagos e não o percentual concedido a título de adicional de insalubridade. Razão lhe assiste. Noticiam os autos que ao reclamante foi concedido adicional de periculosidade em 30%, tendo em vista efetuar suas atividades em equipamentos elétricos estando sujeito aos efeitos das instalações elétricas, a teor do disposto no laudo pericial - f. 216-27. Consoante se observa dos recibos de pagamentos - f. 38-61, o reclamante recebia adicional de insalubridade em grau médio (20%). Como muito bem posto pelo Juiz Singular os referidos adicionais não podem ser cumulados, ante o disposto no art. 193, § 2º da CLT e assim o Magistrado de origem conferiu ao autor o adicional mais vantajoso (adicional de periculosidade). Todavia, quando da determinação de compensação dos valores porventura recebidos pelo obreiro, o Julgador de piso entendeu ser devido apenas a diferença de 10% a título de adicional de periculosidade. Merece reproche a sentença "a quo". De fato, os adicionais de insalubridade e periculosidade têm bases de cálculos distintas; aquele tem como base de cálculo o valor do salário mínimo, enquanto este tem como base de cálculo o salário base. Assim, não poderia o Magistrado Singular determinar a dedução quanto aos percentuais, mas sim quanto aos valores pagos ao reclamante, sob pena de ocasionar prejuízo ao obreiro. Citemos como exemplo o mês de junho/2009. O salário mínimo era R$ 465,00, onde o adicional de insalubridade era R$ 93,00. À época o salário base era R$ 704,43, onde o adicional de periculosidade correspondia a R$ 211,32 (30%). Sendo deferido somente 10% de adicional de periculosidade, como disposto no Julgado de piso, receberia o reclamante apenas R$ 70,44. O correto seria deduzir dos R$ 211,32 os 20% do adicional de insalubridade (R$ 93,00), recebendo o autor o valor de R$ 118,32. Destarte, defere-se 30% de adicional de periculosidade, determinando-se que sejam deduzidos os valores pagos a título de adicional de insalubridade em 20%, conforme recibos de pagamentos constantes dos autos, bem com as integrações no aviso prévio, 13º salários, férias + 1/3, FGTS + 40% e RSR. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT. Pleiteia a recorrente o deferimento da multa do artigo 477, parágrafo 8º, da CLT, ante a não- comprovação do pagamento das verbas rescisórias no prazo prescrito em lei. Alega que por determinação da empresa, o recorrente cumpriu em casa o período de aviso prévio, porém a reclamada não pagou as verbas rescisórias no prazo legal, contrariando a OJ nº. 14 do C.TST. Sem razão. Com efeito, o reclamante não conseguiu provar o cumprimento do aviso prévio em casa. Consta, inclusive, nos autos - f. 76, "carta aviso prévio de demissão", na qual em 31/07/2009 a empresa comunica a dispensa do obreiro a partir do dia 31/08/2009; a comunicação faz Pagina 2 de 310/11/20 18:03 ACORDAM os Desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da Décima Nona Região, por maioria, dar provimento ao recurso para deferir 30% de adicional de periculosidade, deduzindo-se os valores pagos a título de adicional de insalubridade em 20%, conforme recibos de pagamentos constantes dos autos, bem como as integrações no aviso prévio, 13º salários, férias + 1/3, FGTS + 40% e RSR, contra o voto, em parte, do Exmº Sr. Juiz Convocado Alonso Filho, que não deferia a dedução. O Exmº Sr. Juiz Convocado Alonso Filho pediu justificativa de voto. referência, ainda, à faculdade atribuída ao trabalhador de reduzir 02 horas de sua jornada, consoante disposto no art. 488 da CLT, no que resta evidente que o aviso prévio do obreiro foi trabalhado e não indenizado, como alega o recorrente. Desta forma, a reclamada teria 30 dias para pagamento das verbas rescisórias, o que foi cumprido pela demandada, pois consta do TRCT - f. 14 a data do aviso prévio em 31/07/2009 e afastamento do obreiro em 31/08/2009. Nesta última data houve o recebimento das verbas rescisórias com homologação do Sindicato competente, não há, pois, que se falar em adimplemento das verbas rescisórias fora prazo legal, incabível à multa do § 8º do art. 477 da CLT. 3. ANTE O EXPOSTO, conheço do apelo e dou provimento para deferir 30% de adicional de periculosidade, deduzindo-se os valores pagos a título de adicional de insalubridade em 20%, conforme recibos de pagamentos constantes dos autos, bem como as integrações no aviso prévio, 13º salários, férias + 1/3, FGTS + 40% e RSR. ANTÔNIO CATÃO Desembargador Relator Maceió, 05 de outubro de 2010. CONCLUSÃO Pagina 3 de 310/11/20 18:03
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