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PRINCÍPIOS DO PROJETO E ANÁLISE SUPERPAVE DE MISTURAS ASFÁLTICAS TRADUÇÃO COMENTADA Laura Maria G. Motta - COPPE/UFRJ Ilonir Tonial - PETROBRAS/DEPIN Leni M. Leite - PETROBRAS/CENPES Rômulo S. Constantino - PETROBRAS/CENPES Prefácio ii. PREFÁCIO DA EDIÇÃO AMERICANA De outubro de 1987 até março de 1993, o Programa Estratégico de Pesquisa Rodoviário (SHRP - Strategic Highway Research Program), investiu US$ 50 milhões em uma grande pesquisa a fim de desenvolver uma nova forma de especificar, testar e dimensionar materiais asfálticos. Próximo ao fim do SHRP, o Federal Highway Administration (FHWA) assumiu o controle da implementação da pesquisa SHRP. Uma importante parte da estratégia de implementação do FWHA foi desenvolver um esforço de treinamento nacional em centros educacionais e pessoal técnico de indústrias na aplicação e uso dos produtos finais do SHRP, coletivamente denominado SuperpaveTM. Este projeto foi administrado pelo Escritório de Tecnologia do FWHA e designado de Projeto de Demonstração 101, o Centro Nacional de Treinamento em Asfalto (NATC). O NATC se localiza no Centro de Pesquisa do Instituto de Asfalto, em Lexington, Kentucky (EUA). Enquanto as atividades cotidianas do NATC são realizadas pelo corpo técnico do Instituto, o desenvolvimento de cursos, e direção técnica são tarefas compartilhadas pelo grupo de engenheiros do Instituto de Asfalto, Universidade Estadual da Pennsylvania, Universidade do Texas em Austin, NATC, Companhia de Petróleo Marathon e FHWA. O objetivo do programa educacional é o de treinar estudantes nas aplicações práticas dos produtos asfálticos SHRP. Isto é composto de duas partes: tecnologia Superpave de ligante asfáltico e dimensionamento e análise Superpave de misturas asfálticas. Esta apostila representa o livro texto para os estudantes usarem como referência durante as 40 horas de treinamento do dimensionamento e análise Superpave de misturas. Foram feitos esforços para as informações apresentadas serem as mais didáticas possíveis. Este material foi escrito para técnicos de laboratório e engenheiros sem nenhum treinamento prévio em Superpave, porém com conhecimento algum conhecimento em materiais asfálticos e dimensionamento de misturas. Outra fonte adicional de consulta são os métodos da AASHTO (quando disponíveis) e um texto explicativo sobre o compactador giratório Superpave. O programa de treinamento consiste de 40 horas de aula. Nestas 40 horas, os estudantes recebem 12 horas de aulas teóricas, 16 horas de aulas práticas e 12 horas de discussão em grupo sobre os resultados obtidos. No final do curso, os estudantes estarão familiarizados com os equipamentos e procedimentos de mistura asfáltica do Superpave. Este curso dá ênfase (mas não se limita) ao dimensionamento e análise Superpave Nível 1. O programa de treinamento e a apostila não apresenta nenhuma unidade no sistema Inglês. Os procedimentos de teste do Superpave foram desenvolvidos em unidades do Sistema Internacional ou métrico. A equipe do NATC acredita que seria contra producente, dificultando o aprendizado caso se desenvolvesse o material voltado para realidade dos EUA ao invés das unidades do SI ou métrica. Por exemplo, é mais fácil para um estudante entender e lembrar que a pressão de compactação usado no compactador giratório é de 600 kPa. Mostrar a conversão inglesa, tal como “600 kPa (86 psi)”, não tem utilidade, pois os estudantes não possuem experiência prévia destes valores nas unidades inglesas. A única exceção disto é que alguns programas de computador (software) baseados em testes de desempenho foram desenvolvidos (e permanecem) em unidades inglesas. A equipe do NATC não possui controle sobre estes produtos, mas incentiva aos programadores a desenvolverem produtos para a indústria e educação em unidades padronizadas (SI). Prefácio iii. Os leitores irão perceber que não foram feitas referências bibliográficas ao longo do texto. Isto é devido ao fato da publicação deste manual ter sido feito no final de 1993, quando muito pouco material sobre o SHRP havia sido impresso. Os autores puderam fornecer grande quantidade de informação verbalmente ou a partir de rascunhos, relativos a diversas áreas que o SHRP abordou. Os autores agradecem a várias colaboradores que partilharam seus conhecimentos durante o início de funcionamento do NATC. Os estudantes são incentivados a adquirirem e lerem as referências citadas na Bibliografia para maior entendimento e compreensão do Superpave. Quando esta edição foi preparada, o Superpave havia acabado de nascer. Muito dos procedimentos de teste da AASHTO estavam (e estão) em andamento. Adicionalmente, muitos dos equipamentos Superpave agora que se tornam disponíveis. Desta forma, algumas informações contidas aqui podem ainda mudar. Os estudantes deste material são encorajados a se manterem informados e atualizados sobre as novidades relativas aos resultados do SHRP. O NATC e o grupo de usuários Superpave são duas importantes fontes de informação. O Sr. John R. Bukowski do Escritório de Aplicações Tecnológicas do FHWA (EUA) é o representante técnico do NATC. Co-autores deste manual foram: Mr. Robert B. McGennis Diretor de Pesquisa e Serviços de Engenharia do Asphalt Institute (USA) Mr. R. Michael Anderson Engenheiro de Sistemas Asfálticos do Asphalt Institute (USA) Dr. Thomas W. Kennedy Prof. de Engenharia de Fundações da Engenharia Civil da University os Texas at Austin (USA) Dr. Mansour Solaimanian Engenheiro de Pesquisas da University os Texas at Austin (USA) Novembro de 1994 Lexington, KY (USA) SuperpaveTM é marca registrada do Startegic Highway Research Program Prefácio iv. PREFÁCIO DA EDIÇÃO BRASILEIRA Este material é uma tradução livre, comentada e ampliada do original: “Background of SUPERPAVE asphalt mixture design and analysis” - publicação n° FHWA-SA-95-003. O programa SHRP produziu muitos documentos de trabalho e textos de divulgação. Mas, pelo didatismo e por não ter restrições à divulgação e cópia, foi escolhido este volume para compor as notas de aula deste curso introdutório sobre o Superpave, que é o resultado do SHRP para a dosagem de misturas asfálticas tipo CBUQ. Procurou-se comentar, onde cabível, as semelhanças e diferenças entre o procedimento proposto e o usual no Brasil, além das especificações de materiais. Foi incluído um novo anexo (G), que tenta esclarecer as diferenças encontradas na conceituação das faixas granulométricas usuais no Brasil e as propostas pelo SHRP. Um exemplo brasileiro de dosagem é também mostrado neste anexo. Manteve-se a nomenclatura original e os símbolos em alguns procedimentos de cálculo, mas outros, que são de uso corrente no Brasil foram adaptados aos termos em português. O Superpave Nível 1 é um programa de dosagem volumétrica de misturas já disponível no mercado. Os estudos complementares que vão desenvolver as equações de desempenho aplicáveis ao Nível 2 e 3 de dosagem ainda estão em andamento, com o programa LTPP (Long Term Pavement Performance). Eventuais erros da edições brasileira são de responsabilidade dos professores do curso, responsáveis pela tradução. Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1996. Equipe Técnica Prefácio v. ÍNDICE CAPÍTULO I COMO AS MISTURAS ASFÁLTICAS SE COMPORTAM 1 COMPORTAMENTO DO LIGANTE ASFÁLTICO 1 COMPORTAMENTO DO AGREGADO MINERAL 2 COMPORTAMENTO DA MISTURA ASFÁLTICA 6 DeformaçãoPermanente 6 Trincamento por fadiga 9 Trincamento a baixa temperatura 12 MANEIRA ATUAL DE SELECIONAR CIMENTOS ASFÁLTICOS 12 PROJETO ATUAL DE MISTURAS ASFÁLTICAS 14 CAPÍTULO II A ALTERNATIVA SUPERPAVE 18 INTRODUÇÃO 18 LIGANTES ASFÁLTICOS 22 AGREGADOS MINERAIS 22 MISTURAS ASFÁLTICAS 24 COLOCANDO TUDO JUNTO 26 CAPÍTULO III SELEÇÃO DE MATERIAIS 27 INTRODUÇÃO 27 LIGANTES ASFÁLTICOS 27 Base de dados de clima SUPERPAVE 28 Confiabilidade 28 Comece com a temperatura do ar 28 Converta para temperatura do pavimento 29 Seleção do tipo de ligante 30 Efeito da velocidade de carregamento na seleção do ligante 31 Efeito do volume de tráfego sobre a seleção do ligante 31 AGREGADO MINERAL 31 Propriedades de consenso 31 Angularidade de agregados graúdos 32 Angularidade de agregados miúdos 32 Partículas chatas e alongadas (Lameralidade) 33 Teor de argila 34 Propriedades de origem 35 Dureza 36 Sanidade 36 Materiais deletérios 36 Granulometria 36 MISTURAS ASFÁLTICAS 39 Requisitos volumétricos da mistura 39 Teor de finos 40 Sensibilidade a água 40 CAPÍTULO IV MISTURA ASFÁLTICA VOLUMÉTRICA 42 INTRODUÇÃO 42 DIAGRAMA DE COMPONENTES 42 DENSIDADE REAL 44 CÁLCULOS - EXEMPLO 46 Prefácio vi. CAPÍTULO V COMPACTAÇÃO GIRATÓRIA SUPERPAVE 50 INTRODUÇÃO 50 EQUIPAMENTO 50 PREPARAÇÃO DO CORPO DE PROVA 52 PROCEDIMENTO 53 ANÁLISE DOS DADOS E APRESENTAÇÃO 54 CALIBRAÇÃO E NORMALIZAÇÃO 56 CAPÍTULO VI PROJETO DE MISTURA VOLUMÉTRICA 57 INTRODUÇÃO 57 SELEÇÃO DE MATERIAIS 58 Seleção do ligante 58 Seleção do agregado 60 Angularidade de agregados graúdos 60 Angularidade de agregados miúdos 61 Partículas chatas e alongadas (lameralidade) 61 Teor de argila (Equivalente de areia) 62 SELEÇÃO DO PROJETO ESTRUTURAL DO AGREGADO 62 SELEÇÃO DO TEOR DE LIGANTE ASFÁLTICO 82 AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE A ÁGUA 90 CAPÍTULO VII TESTES DE DESEMPENHO (NÍVEL 2 E 3 ) 92 INTRODUÇÃO 92 MODELOS DE DESEMPENHO 93 PARÂMETROS DE TESTE 94 Temperaturas de teste 94 Teor de ligante asfáltico 95 EQUIPAMENTO DE CISALHAMENTO SUPERPAVE (SST) 95 Aparelhagem de teste 96 Unidade de controle de teste 96 Câmara de controle ambiental 96 Sistema hidráulico 97 Preparação do corpo de prova e instrumentação 97 Procedimentos de teste 99 Teste volumétrico 99 Teste de deformação uniaxial 100 Teste de cisalhamento repetido a razão de tensão constante 101 Teste de cisalhamento repetido a altura constante 102 Teste de cisalhamento simples a altura constante 103 Teste de varredura de freqüência a altura constante 104 TESTE DE TRAÇÃO INDIRETA 105 Aparelhagem de teste 106 Sistema de Controle da Unidade e Aquisisção de Dados 106 Dispositivo de Medição de Carga 106 Camâra de Controle Ambiental 106 Preparação e Instrumentação do Corpo de Prova 106 Procedimentos de teste 107 Resistência e Creep IDT (análise de trincas a baixa temperatura) 107 Resistência IDT (análise de trincas por fadiga) 109 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 109 Prefácio vii. ANEXO A ESPECIFICAÇÃO SUPERPAVE POR DESEMPENHO PELO TIPO DE LIGANTE ASFÁLTICO 113 ANEXO B REQUISITOS SUPERPAVE DA GRANULOMETRIA DE MISTURA ASFÁLTICA 114 TAMANHO NOMINAL DE 37.5 MM 114 TAMANHO NOMINAL DE 25 MM 116 TAMANHO NOMINAL DE 12.5 MM 117 TAMANHO NOMINAL DE 9.5 MM 118 ANEXO C REQUISITOS DE CONSENSO DO AGREGADO SUPERPAVE 119 ANGULARIDADE DE AGREGADOS GRAÚDOS 119 ANGULARIDADE DE AGREGADOS MIÚDOS 119 PARTÍCULAS CHATAS E ALONGADAS (LAMERALIDADE) 120 TEOR DE ARGILA (EQUIVALENTE DE AREIA) 120 ANEXO D ANÁLISE VOLUMÉTRICA DO CBUQ COMPACTADO 121 DESCRIÇÃO DOS TERMOS 121 CONVENÇÕES PADRÕES 122 CÁLCULOS 122 ANEXO E LISTA DOS PASSOS DO PROJETO DE MISTURAS DO SUPERPAVE NÍVEL 1 125 I. SELEÇÃO DOS MATERIAIS 125 II. SELEÇÃO DO PROJETO ESTRUTURAL DO AGREGADO 125 III. SELEÇÃO DO TEOR DE LIGANTE ASFÁLTICO 126 IV. AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE A ÁGUA DA MISTURA ASFÁLTICA PROJE- TADA USANDO AASHTO T283 126 ANEXO F REQUISITOS DOS TESTES PARA SUPERPAVE 127 SUPERPAVE NÍVEL 1 127 SUPERPAVE NÍVEL 2 128 SUPERPAVE NÍVEL 3 129 ANEXO G COMPARAÇÃO COM AS ESPECIFICAÇÕES BRASILEIRAS 130 BIBLIOGRAFIA 148 Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 1 - CAPÍTULO I. COMO AS MISTURAS ASFÁLTICAS SE COMPORTAM O concreto asfáltico (algumas vezes chamado de “concreto betuminoso usinado a quente” ou simplesmente CBUQ) é um material de pavimentação constituído de ligante asfáltico e agregado mineral. O ligante asfáltico, que pode ser cimento asfáltico ou cimento asfáltico modificado, atua como um elemento de ligação, colando as partículas minerais, formando uma massa coesa. Como o ligante é insolúvel em água, também atua como um agente impermeabilizante da mistura. O esqueleto mineral, quando unido por um ligante asfáltico, forma um sistema resistente ao impacto e tenaz. Como o CBUQ contém tanto agregado mineral quanto ligante asfáltico, o comportamento da mistura é afetado tanto pelas propriedades de seus componentes individuais, quanto pela relação entre eles. COMPORTAMENTO DO LIGANTE ASFÁLTICO O ligante asfáltico por si só é um material de construção muito interessante de se trabalhar. Sua principal característica, a susceptibilidade à temperatura, é ao mesmo tempo, uma virtude e algumas vezes, sua fraqueza. Isto é, suas propriedades são muito dependentes da temperatura. Por isso, quase toda a caracterização, tanto do ligante quanto sua mistura com agregados deve estar acompanhada da temperatura em que foi realizada. Não especificar a temperatura de referência de um teste significa inviabilizar a sua interpretação. O cimento asfáltico também é dependente do tempo de carregamento. O asfalto exibe diferentes propriedades, quando uma mesma carga é aplicada em tempos diferentes. Da mesma forma que a temperatura, os testes com cimento asfáltico devem especificar a taxa de carregamento. Como o asfalto depende tanto da temperatura quanto do tempo de carregamento, estes dois fatores podem ser intercambiados (Figura I-1). Ou seja, um carregamento lento pode simular altas temperaturas, enquanto um carregamento rápido pode simular baixas temperaturas. Figura I.1. Dependência do Tempo-Temperatura do Cimento Asfáltico Freqüentemente o cimento asfáltico é chamado de viscoelástico, pois apresenta, ao mesmo tempo, características elásticas e viscosas (Figura I-2). Em altas temperaturas, o cimento asfáltico se comporta quase que totalmente como um fluido viscoso. Em Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 2 - outras palavras, quando aquecido a temperaturas suficientemente altas (p.ex. > 100°C), este apresenta a consistência de um óleo lubrificante automotivo. Em temperaturas muito baixas (p.ex. < 0°C), o cimento asfáltico se comporta quase como um sólido elástico. Isto é, este se comporta como um aro de borracha. Quando carregado, este estica ou se comprime, assumindo uma forma diferente. Quando descarregado, este retorna facilmentea sua posição original. Em temperaturas intermediárias, que é o que se espera que ocorra no pavimento, o cimento asfáltico possui tanto as características de um fluido quanto de um sólido elástico. Existe uma outra característica importante do cimento asfáltico. Como este é formado por moléculas orgânicas, este reage com o oxigênio do meio ambiente. Esta reação é chamada de “oxidação” e isto modifica a estrutura e composição das moléculas do asfalto. Quando o asfalto reage com o oxigênio, é formada uma estrutura mais dura e rígida, e esta é a origem do termo “endurecimento oxidativo” ou “endurecimento por envelhecimento”. A oxidação aumenta com o aumento da temperatura. Isto explica por que a oxidação é severa na usinagem (produção do CBUQ), quando o asfalto é aquecido para facilitar a mistura (com o agregado) e compactação. Este aspecto é muito importante na seleção e uso do asfalto em regiões quentes e clima desértico. Figura I.2. Propriedade Viscoelástica do Asfalto São produzidos ligantes asfálticos modificados objetivando alterar e melhorar as propriedades do asfalto, melhorando o desempenho a longo prazo dos pavimentos. Das diversas propriedades que os modificadores podem afetar, destacam-se a redução da dependência da temperatura (susceptibilidade térmica), do envelhecimento oxidativo do ligante asfáltico e da susceptibilidade à água das misturas asfálticas. COMPORTAMENTO DO AGREGADO MINERAL Tem-se utilizado uma larga gama de agregados minerais na produção do CBUQ. Alguns materiais são designados como agregados naturais, pois são simplesmente minerados de rios ou de depósitos glaciais e são usados sem processamentos adicionais. Agregrados processados podem incluir agregados naturais peneirados, Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 3 - lavados e moídos, ou qualquer outro tratamento a fim de melhorar certas propriedades do CBUQ. Entretanto, na maioria dos casos, os agregados são minerados, e o processamento principal consiste de britagem e peneiramento. Agregado sintético consiste de qualquer material que não é minerado ou extraído e, na maioria dos casos, representa um sub-produto industrial. Escória de alto forno é um exemplo. Ocasionamente, um agregado sintético é introduzido de modo a alterar uma determinada característica do CBUQ. Por exemplo, argilas expandidas de baixa densidade e xisto são usados como componentes para aumentar a resistência à derrapagem do CBUQ. Um pavimento existente pode ser removido (fresado) e reprocessado (reciclado) para produzir novo CBUQ. Revestimento fresado1 tem se tornado uma fonte importante de agragado mineral para pavimentos asfálticos. Gradativamente, tem-se aumentado o uso de rejeitos como filer em revestimentos asfálticos. Pneu moído e vidro são dois dos mais conhecidos rejeitos que foram, com algum sucesso, incorporados em revestimentos asfálticos. Em alguns casos, rejeitos podem ser usados para incrementar certas características desejáveis no CBUQ. Em outros casos, basta que o problema ambiental de despejo de rejeito esteja resolvido, não importando que haja ganho de propriedade no CBUQ. Entretanto, espera-se que não haja perda de propriedade pela simples necessidade de dar fim em um rejeito. Independentemente da fonte, método de processamento, ou mineralogia, espera-se que o agregado seja resistênte (duro e durável), e que o esqueleto mineral resista a aplicação de cargas repetidas. Agregados cúbicos, de textura áspera proporcionam um maior inter-travamento do que agregados lisos e redondos (seixos rolados) (Figura I-3.). Mesmo que um agregado cúbico e um agregado redondo possuam a mesma dureza intrínseca, agregados cúbicos tendem a travarem entre si, resultando em uma massa de material mais forte. Os agregados arredondados, ao invés de intertravarem- se, tendem a deslizar uns sobre os outros. Agregados Cúbicos Agregados Arredondados Figura I-3. Esqueleto de Agregados Pétreos Quando uma massa de agregados é carregada, pode ocorrer que uma camada de agregado começe a deslizar ou “cisalhar” uma em relação a outra (Figura I-4.), o que resulta em deformação permanente da massa. Neste, a tensão de cisalhamento excede a resistência ao cisalhamento da massa de agregado. A resistência ao cisalhamento do agregado é de importância crítica para o CBUQ. 1 RAP ou Reclaimed Asphalt Pavement Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 4 - Antes do Carregamento Figura I-4. Comportamento do Agregado Quanto ao Carregamento Cisalhante Examinando-se duas pilhas distintas de agregados (uma de agregados cúbicos e a outra de agregados arredondados), percebe-se facilmente a diferença. A pilha de agregados cúbicos é mais estável e possui um ângulo de repouso maior (inclinação da pilha), em relação a agregados arredondados ou não-britados (Figura I-5). Figura I-5. Comportamento das Pilhas de Agregados Cúbicos e Arredondados Os engenheiros descrevem o comportamento cisalhante de um agregado (e outros materias) através da teoria de Mohr-Coulomb. Esta teoria diz que a resistência ao cisalhamento de uma mistura de agregados particulados é dependente de como estas partículas se travam (frequentemente chamado de coesão), da tensão que os agregados desenvolvem e o atrito interno dos agregados. A equação de Mohr- Coulomb usada na descrição da resistência ao cisalhamento de um material é: τ σ φ= + ⋅c tg onde, τ = resistência ao cisalhamento, c = coesão do agregado, σ = tensão normal que o agregado está sujeito, φ = ângulo interno de fricção. A resistência ao cisalhamento de um material genérico é expressa pela envoltória de Mohr-Coulomb, apresentada na Figura I-6. Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 5 - Figura I-6. Teoria de Mohr-Coulomb Uma massa de agregado possui coesão relativamente baixa ou nenhuma. Desta forma, a resistência ao cisalhamento de um material granular e devida basicamente ao atrito interno, oriundo dos agregados. Adicionalmente, quando carregado, a massa de agregados tende a se tornar mais rígida pois, a tensão resultante tende a manter as partículas mais próximas umas das outras. Em outras palavras, a resistência ao cisalhamento é aumentada. O ângulo de atrito interno de fricção indica a habilidade do agregado em intertravar-se, e assim, criar um esqueleto de agregados que é quase tão forte quanto os agregados individualmente. Uma última consideração no entendimento das propriedades cisalhantes do agregado é o conceito de dilatância. Quando um esqueleto de agregados é sujeito a tensões cisalhantes, as partículas de agregados podem quebrar-se ou sobreporem-se umas sobre as outras, se existir liberdade de movimento. Este fenômeno é chamado de dilatação pois resulta em um aumento de volume da massa do agregado (Figura I-7). Materiais duros são mais compactados e possuem altos valores de coeficiente de atrito interno e tendem a dilatar mais do que materias frágeis. Antes do cisalhamento Durante o cisalhamento Figura I-7. Dilatância de duas Partículas de Agregado Quando Cisalhadas Para assegurar misturas de agregados resistentes para CBUQ, os técnicos tem especificado propriedades de agregados que aumentem o atrito interno. Normalmente Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 6 - isto é conseguido especificando uma certa porcentagem de faces britadas da porção grossa da mistura de agregados. Como a areia natural tende a ser arredondada, com atrito interno pequeno, a quantidade deste componente é frequentemente limitada. COMPORTAMENTO DA MISTURA ASFÁLTICA Enquanto as propriedades individuais dos componentes do CBUQ são importantes, o comportamento da mistura asfáltica é melhor explicado considerando queo ligante e agregado mineral atuam como um sistema. Uma forma de entender o comportamento da mistura é considerar o tipo primário de defeitos que os técnicos tentam evitar: deformação permanente, trinca por fadiga e trinca a baixa temperatura. Deformação Permanente A deformação permanente é um defeito caracterizado por uma seção transversal que não está em sua posição original. Ela é dita “permanente” pois esta representa uma acumulação de pequenas parcelas de deformação que ocorrem a cada carregamento. Esta deformação não pode ser recuperada e ocorre nos primeiros anos de vida do pavimento. O afundamento de trilha de roda é a forma mais comum de deformação permanente. Pode ter diversas causas (p.ex. camada inferior de CBUQ - Binder - enfraquecido pelo dano causado pela umidade, abrasão, densificação pelo tráfego), mas tem duas causas principais. Em um dos casos, o afundamento da trilha de roda é causada pela repetição de tensões aplicadas no subleito (solo original), sub-base, ou base abaixo da camada de base (Figura I-8), com contribuição relativa de cada uma destas camadas para a deformação permanente total. Embora materiais melhor compactados possam reduzir significativamente este tipo de afundamento, é consenso considerar este problema mais como estrutural do que um problema com materiais. Isto é resultado de seções de pavimento muito delgadas, onde a espessura do pavimento não consegue distribuir um carregamento compatível com a capacidade de carga do sub-leito, ocasionando uma deformação irrecuperável. Isto pode ser resultado da ação nociva da água que enfraquece o subleito. Neste caso, a acumulação de deformação ocorre muito mais em camadas de base, sub-base ou subleito do que nas camadas betuminosas. Figura I-8. Afundamento por Subleito Fraco Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 7 - Outro importante tipo de afundamento de trilha de roda (relativo ao assunto aqui tratado) resulta da acumulação de deformação nas camadas betuminosas. Este tipo de afundamento é causado por misturas que possuem pequena resistência ao cisalhamento, insuficiente para resistir a passarem as cargas repetidas que estão sujeitas (Figura I-9). Algumas vezes o afundamento ocorre em uma camada asfáltica superficial fraca. Figura I-9. Afundamento por Mistura Fraca Quando uma mistura asfáltica afunda, significa que esta possui baixa resistência ao cisalhamento. Cada vez que um caminhão pesado aplica carga, ocorre uma pequena, porém permanente, deformação cisalhante. Deformações cisalhantes são caracterizadas pelo afundamento e escorregamento lateral da mistura. O afundamento ocorre desde que seja aplicado uma carga suficiente. Um pavimento apresentando afundamento de trilha de roda representa perigo, pois pode acumular água, o que causa aquaplanagem (em climas frios, a presença de gelo) e aumento de irregularidade o que influi nos custos do usuário. O afundamento de trilha de roda em misturas betuminosas fracas é um fenômeno característico de altas temperaturas. Isto é, ocorre preferencialmente no verão, quando as temperaturas altas são evidentes. Embora isto possa sugerir que o afundamento seja um problema apenas do ligante asfáltico, é mais certo correlacioná-lo com o binômio agregado mineral-asfalto. De fato, a equação de Mohr-Coulomb anteriormente descrita (τ = c + σ ∗ tg φ) pode ser utilizada para ilustrar como ambos os materiais afetam o afundamento. Neste caso, τ é considerado a resistência ao cisalhamento da mistura. O termo ligado a coesão (c) pode ser considerado a contribuição global do cimento asfáltico sobre a resistência ao cisalhamento da mistura. Como o afundamento é a contribuição de pequenas deformações permanentes, uma forma de assegurar que o cimento asfáltico possua uma resistência ao cisalhamento “extra” é utilizar não só um asfalto mais duro, mas que se comporte como um sólido elástico a altas temperaturas de pavimento (Figura I-10). Desta forma, quando um carregamento é aplicado ao cimento asfáltico na mistura, ele tenda a se comportar mais como um elástico que retorne a sua posição original do que permaneça deformado. Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 8 - Figura I-10. Comparação entre Contribuições do Asfalto à Resistência ao Cisalhamento da Mistura Outra forma de aumentar a resistência ao cisalhamento de uma mistura é selecionar um agregado que possua alto valor de ângulo de atrito interno (φ). Isto é obtido selecionando-se um agregado cúbico, que possua superfície áspera e britada de modo a intensificar o contato partícula-partícula. A Figura I.11 apresenta uma comparação da contribuição do agregado a resistência ao cisalhamento da mistura. Quando um carregamento é aplicado a um agregado na mistura, os agregados se intertravam e agem não apenas como uma massa única de partículas individuais, mas como uma pedra maior, única e elástica. De forma semelhante ao asfalto, o agregado atuará como um corpo elástico e retornará a sua forma inicial, quando descarregado. Desta forma, deformações (permanentes) não se acumulam. A Tabela I.1 mostra exemplos de valores de c e φ obtidos para algumas misturas asfálticas, a título ilustrativo. Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 9 - Tabela I.1- Exemplo de Parâmetros de Resiliência ao Cisalhamento de Misturas Asfálticas Rocha Resist. Abrasão LA c φ Granito 27 85 52 Micro-granito 18 100 53 Gnaisse 24 75 49 Arenito 22 70 55 Figura I-11. Comparação entre Contribuições de Agregados à Resistência ao Cisalhamento da Mistura Apesar da maior parcela de importância da deformação permanente ser relativa ao agregado, a porção devida ao ligante é muito importante. Asfaltos que possuem características cisalhantes fracas devido a composição ou temperatura, reduzem a coesão, e de uma certa forma, reduzem a resistência ao cisalhamento. Assim, a mistura se comporta mais como uma massa de agregados desunida (sem ligante). Trincamento por Fadiga Da mesma forma que o afundamento de trilha de roda, o trincamento por fadiga é um problema que ocorre pela repetição da aplicação de cargas pesadas. Um primeiro sinal de fadiga consiste no aparecimento de trincas interrompidas longitudinais ao sentido do tráfego. A trinca por fadiga é um problema progressivo, porque, em um determinado instante, as trincas iniciais se unirão e, pela reação em cadeia, formarão mais trincas. Um estágio intermediario de trincas por fadiga é chamado de “couro de jacaré”, pois estas lembram a pele deste animal (Figura I-12). Em alguns casos extremos, o estágio final do processo de fadiga é a dterioração do pavimento com formação de “panelas”. As panelas se formam quando vários pedaços do revestimento são deslocados e removidos pela ação do tráfego. Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 10 - Figura I.12- Trinca por Fadiga tipo Couro de Jacaré. A muito se sabe que misturas asfálticas muito rígidas, não podem ser aplicadas a pavimento cuja estrutura apresenta deflexões elevadas. Materiais rígidos com pequena espessura, altas deflexões e altos níveis de tensão conduzem a pequena vida de fadiga. Enquanto o mecanismo de fadiga é de fácil entendimento, suas causas não o são. Não se pode relacionar apenas como sendo um problema dos materiais. A trinca por fadiga é causada por vários fatores que ocorrem simultaneamente. Claro que a repetição de cargas pesadas deve estar presente. Alguns engenheiros creem que problemas de drenagem do subleito, resultam em um pavimento muito deformável, de alta deflexão, sendo esta a principal causa da trinca por fadiga. Camadas de pavimento mau projetadas e/ou executadas estão propensas a altas deflexões quando carregadas, contribuindo assim, para o trincamento por fadiga. Assim, camadas finas e muito rígidasde pavimento, sujeitas a altas deflexões quando solicitadas repetidamente por carregamento pesado, são mais susceptíveis a fadiga. É preciso compatibilizar os materiais para fazer um projeto adequado de um pavimento e da mistura asfáltica a ser empregada no revestimento. Em alguns casos, as trincas por fadiga são apenas um sinal de que o pavimento já recebeu o número de aplicações de carga previstos no projeto. Consequentemente, é necessário uma reabilitação (planejada). Supondo que a ocorrência de trincas por fadiga coincidam aproximadamente com a vida útil de projeto, isto não deve ser considerado uma falha, mas um processo natural de degradação do pavimento, conforme proposto. Se trincas ocorrerem muito antes do fim da vida útil programada do pavimento, isto é sinal que o pavimento pode ter recebido um número de carregamentos maior antes do período esperado. Desta forma, as melhores maneiras de previnir o problema de trincamento por fadiga são: • Estimar adequadamente o número de carregamentos que vão solicitar o trecho durante a vida útil proposta, Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 11 - • manter o subleito seco, usando quaisquer meios disponíveis (de forma geral os subleitos brasileiros estão sempre abaixo da umidade ótima, quando o pavimento é bem constituído, com drenagem adequada), • compatibilizar espessura e rigidez dos materiais, • usar materiais pouco susceptíveis à umidade, • usar materiais de pavimentação que possuam suficiente resiliência para suportar as deflexões normais. Misturas asfálticas são impermeáveis e geralmente pouco ou nada afetadas pela umidade. Entretanto, em alguns casos extremos, o vapor d’água se mostra capaz de descolar a camada de cimento asfáltico da superfície do agregado. Embora a remoção de asfalto de uma camada betuminosa inferior (binder) possa se manifestar como trinca na camada asfáltica superior, isto não é normalmente considerado trinca por fadiga. Uma idéia melhor aceita sobre trinca por fadiga causada por uma base enfraquecida pela água, é que esta camada sem ligante possui muito particulado fino que impede a drenagem rápida da umidade. A seleção de bases sem ligantes devem ser feitas de modo a não reterem água. Apenas o último item, seleção de materiais adequadamente resilientes, pode ser feito estritamente sob o ponto de vista de seleção de materiais. Quando uma carga é aplicada, ocorrem tensões horizontais de tração na fibra inferior da camada asfáltica (Figura I-13). Fica evidente que o material das vizinhanças deve ser forte, com suficiente resistência a tração de modo a suportar a tensão aplicada. Entretanto, a fim de prevenir a trinca por fadiga, o material de vizinhança deve ser também resiliente. Neste contexto, resiliência significa que o material deve suportar várias aplicações de carga, em níveis de tensão menores que a sua resistência a tração estática, sem romper. Figura I-13. Tensões de Tração na Fibra Inferior do CBUQ. Assim, a fim de prevenir o trincamento por fadiga do ponto de vista de materiais, o CBUQ selecionado deve ser tal que se comporte como um sólido elástico maleável. Visto que o comportamento quanto à tração do CBUQ é fortemente influenciado pelo Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 12 - cimento asfáltico, deve-se selecionar um asfalto adequado, tendo em vista a situação estrutural onde a mistura irá ser empregada. Trincamento a Baixa Temperatura Como o nome indica, trincas a baixa temperatura é um problema que ocorre mais por condições ambientais adversas do que pela ação do tráfego. É caracterizado pelo aparecimento de trincas transversais (i.e. perpendiculares à direção do tráfego), que ocorrem com um espaçamento praticamente constante (Figura I-14). As trincas a baixa temperatura ocorrem quando uma camada betuminosa se contrai em clima frio. Quando o pavimento se contrai, tensões de tração se formam ao longo da camada. Em algum ponto ao longo do pavimento, a tensão de tração excede a resistência à tração e a camada asfáltica se rompe. Portanto, a trinca a baixas temperaturas ocorrem no primeiro ciclo de temperaturas baixas. Entretanto, alguns pesquisadores acreditam que isto é um fenômeno de fadiga, cujos efeitos vão se acumulando a cada ciclo de frio. Figura I-14. Trincas a baixa temperatura Ambos os grupos acreditam que o asfalto desempenha o papel principal neste fenômeno. Em geral, asfaltos duros são mais propensos a trincarem a baixas temperaturas do que asfaltos moles. Ligantes asfálticos que se oxidam excessivamente, tanto por característica própria ou por sua mistura conter alto teor de vazios após a construção, ou ambos, são mais susceptíveis a sofrerem trincas a baixas temperaturas. Desta forma, para prevenir o problema de trincas a baixas temperaturas, devem ser selecionados asfaltos moles, não facilmente oxidáveis e o controle de densidade em campo deve ser rigoroso, de modo a evitar a exposição excessiva do ligante ao ar. MANEIRA ATUAL DE SELECIONAR CIMENTOS ASFÁLTICOS A maneira atual de caracterizar a consistência de cimentos asfálticos é feita tanto pelos testes de penetração quanto viscosidade, conforme apresentado na Figura I-15. Ambos os testes são usados para medir o efeito da temperatura no comportamento do Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 13 - asfalto. Isto é feito medindo-se a viscosidade2 ou penetração a duas temperaturas e plotando-se os resultados como mostrado na Figura I-16. Neste exemplo, todos os asfaltos possuem o mesmo grau de viscosidade (p.ex. CAP 20), porque são relativos a temperatura fixa de 60°C. Enquanto os Asfaltos A e B apresentam a mesma dependência com a temperatura, eles possuem consistencias diferentes em toda a faixa de temperatura. Os Asfaltos A e C tem consistência semelhante a baixa temperatura, porém possuem consistência bastante distinta a alta temperatura. O Asfalto B possui a mesma consistência a 60°C, mas não possui qualquer outra semelhança com o Asfalto C. Como estes asfaltos são do mesmo grau de viscosidade, pode-se erroneamente esperar que estes apresentem as mesmas características durante a construção e desempenho em clima frio ou quente. Figura I-15. Testes de Penetração e Viscosidade Embora a viscosidade seja fundamental para a medição da fluidez, este parâmetro apenas provê informações sobre o comportamento viscoso a alta temperatura, nenhuma outra informação sobre o desempenho a média e a baixa temperatura é fornecida. A penetração apenas descreve a consistência a uma temperatura intermediária, 25°C. Nesta classificação não é medida nenhuma propriedade a baixa temperatura. Frequentemente, os testes de penetração ou viscosidade não são capazes de revelar possíveis vantagens ou desvantagens de alguns asfaltos modificados. 2 As especificações atuais de CAP do Brasil são apresentadas no Anexo G. Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 14 - Figura I-16. Susceptibilidade Térmica de Três Asfaltos Classificados por Viscosidade ou Penetração Devido a estas deficiências, muitos Departamentos de Transporte dos EUA tem incluido procedimentos ou especificações que sejam mais adequados às condições locais. Em algumas localidades, a proliferação de testes e/ou especificações tem trazido dificuldade para os fabricantes de asfaltos que desejam comercializar os mesmos produtos em diversos estados. Frequentemente, Estados com materiais e condições similares especificam asfaltos bastante diferentes. No método atual de especificação de asfalto, os testes são realizados em amostras não-envelhecidas (conforme fornecidas pelos fabricantes) e na amostra envelhecida no laboratório, simulando a usinagem. Entretanto, não é realizado nenhum teste quesimule o envelhecimento em campo e o desempenho do asfalto nesta situação. PROJETO ATUAL DE MISTURAS ASFÁLTICAS A maioria dos DOTs, firmas de consultoria e projeto e etc. utilizam o método de projeto de mistura Marshall. Este é, de longe, o método de dosagem de CBUQ mais largamente usado no mundo. Este método foi desenvolvido por Bruce Marshall do Departamento de Transporte do Estado do Mississipi (EUA), na década de 40. O Corpo de Engenheiros do Exército Americano refinou e acrescentou certas características a abordagem inicial proposta por Marshall e formalizou o método através do ASTM D 1559, Resistência à Deformação Plástica de Misturas Betuminosas Usando a Aparelhagem Marshall. O método Marshall se baseia em um experimento laboratorial destinado a dimensionar uma mistura asfáltica através da análise da estabilidade/fluência e densidade/vazios. Uma das virtudes do método Marshall é o seu cuidado com as propriedades densidade/vazios dos materiais asfálticos. A análise garante que as proporções volumétricas dos constituintes da mistura estão em um nível tal que se obtem um CBUQ durável. Outra vantagem do método Marshall é que o equipamento é relativamente barato e portátil, permitindo um controle de qualidade em campo. Infelizmente, acredita-se que a compactação usada em laboratório não simula a que Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 15 - ocorre, de fato, no campo. Além disso, o parâmetro de resistência usados nesta abordagem, a estabilidade Marshall (Figura I-17), não estima adequadamente a resistência ao cisalhamento do CBUQ. Estas duas situações podem resultar em misturas susceptíveis a formar afundamento. Consequentemente, existe um crescente sentimento entre os projetistas que o método Marshall já está ultrapassado como método de dosagem de misturas asfálticas modernas. Figura I.17. Estabilidade Marshall O procedimento de projeto de mistura Hveem foi desenvolvido por Francis Hveem, engenheiro de Materiais e Pesquisa do Departamento de Transporte (DOT) da California (EUA). Hveem e colaboradores desenvolveram um procedimento e o refinaram durante um longo período. O procedimento está descrito no ASTM D 1560, Resistência à Deformação e Coesão de Misturas Betuminosas Usando o Aparato de Hveem, e ASTM D 1561, Preparação de Corpos de Prova de Mistura Betuminosa Usando o Compactador Califórnia (Kneading). Seu uso está restrito aos Estados da costa oeste americana. O método Hveem realiza uma análise de densidade/vazios e estabilidade. Também é determinada a resistência da mistura ao inchamento em água. O método Hveem possui duas vantagens reais. Primeiramente, o método de compactação pulsante em laboratório é vista pelos técnicos como a melhor simulação do adensamento que ocorre com o CBUQ em campo. Segundo, o parâmetro de resistência, a estabilidade Hveem (Figura I-18), é uma medida direta dos componentes de atrito interno da resistência ao cisalhamento. Este mede a capacidade de um corpo de prova resistir a deformação lateral quando uma carga vertical é aplicada. Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 16 - Figura I-18. Estabilidade Hveem A desvantagem do procedimento Hveem é que o equipamento, particularmente o compactador e o estabilômetro Hveem, são mais caros que o equipamento Marshall além de serem pouco portáteis. Além disso, algumas importantes propriedades volumétricas de mistura, relacionadas a durabilidade, não são rotineiramente determinadas pelo procedimento Hveem. Alguns técnicos acreditam que o método de determinação do teor de asfalto é muito subjetivo e podem resultar em misturas não duráveis e um CBUQ com baixo teor de asfalto. Existem outros procedimentos de mistura comumente usados, além do Marshall e Hveem. Por exemplo, o método que utiliza o compactador giratório Texas, correntemente usado pelos DOTs do Texas, Oklahoma e Colorado. Este procedimento reúne os elementos de análise volumétrica do Marshall e determinação de estabilidade do método Hveem. Este procedimento se diferencia dos demais pelo método de compactação: utiliza o compactador giratório Texas, que segundo acreditam alguns, é um método adequado para simular a densificação pelo tráfego. O método de dimensionamento pelo compactador giratório Texas elimine algumas das desvantagens dos métodos Marshall e Hveem, embora alguns acreditam que o compactador careça de refinamentos de modo a se adequar a uma variedade maior de projetos. Os DOTs americanos tem adicionado a seus procedimentos de dosagem de mistura testes de resistência empíricos. Estes testes são ditos empíricos pois geram uma resposta do tipo aceito, não-aceito, baseados na experiência prática dos DOTs obtida a partir de testes calibrados em trechos reais. Um exemplo deste teste é o simulador de tráfego Georgia (Georgia Loaded Wheel Tester - GALWT). O GALWT submete uma vigota de CBUQ a aplicação de tensões pneumáticas repetidas de uma roda de carga que percorre uma mangueira pressurizada (Figura I-19). Após um número requerido de aplicações, o afundamento da vigota é determinado e a mistura é aceita ou rejeitada. Capítulo I. Como as Misturas Asfálticas se Comportam - 17 - Figura I-19. Principio do Simulador de Trágefo Georgia A vantagem dos testes empíricos de resistência é que os DOTs podem estabelecer critérios precisos de aceitação/rejeição, respaldados a partir de dados de pavimentos reais. Isto é também uma desvantagem, pois os DOTs tem que investir recursos consideráveis de modo a obter esta experiência. Além disso, esta experiência só é válida para as condições ambientais e de materiais testados Assim, como os resultados dos testes empíricos de resistência são do tipo aceita/rejeita e nenhum grau de desempenho é medido, estes são difíceis de usar em comparações econômicas de materiais alternativos. Capítulo II.A Alternativa do Superpave - 18 - CAPÍTULO II. A ALTERNATIVA DO SUPERPAVE INTRODUÇÃO Em 1987, o Programa Estratégico de Pesquisa Rodoviária - SHRP1 iniciou o desenvolvimento de um novo sistema de especificação de materiais asfálticos. O produto final do programa de pesquisa SHRP é o novo sistema denominado Superpave2. O programa de computador Superpave foi concebido para auxiliar os engenheiros na seleção de materiais e projeto de misturas. Entretanto, o termo “Superpave” significa mais do que apenas um programa de computador. Mais importante, este representa um sistema capaz de especificar materiais, projetar e analisar misturas asfálticas, e prever desempenho de pavimentos. O sistema inclui equipamento de teste, métodos e critérios. LIGANTES ASFÁLTICOS Uma parte do Superpave é a nova especificação de ligante asfáltico, com um conjunto novo de testes a serem realizados. O documento é chamado especificação de ligante pois este funciona tão bem com ligantes modificados quanto não modificados. Uma parte da especificação de ligante asfáltico é apresentado no Anexo A. O novo sistema de especificação de ligante asfáltico é o único que se baseia no desempenho do material. Este especifica ligante com base no clima e temperatura do pavimento aonde se pretende usar o ligante. Os requisitos quanto às propriedades físicas permanecem as mesmas, porém muda a temperatura em que o ligante deve atende-las. Por exemplo, a altas temperaturas, a rigidez de um ligante não envelhecido (G*/sen δ) deve ser de no mínimo 1,0 kPa. Mas este requisito deve ser obtido a temperaturas mais elevadas, caso se deseje usar este ligante em um clima mais quente que outro. O grau de desempenho (PG3) dos ligantes são denominados como, por exemplo, PG 64-22. O primeiro número, 64, é freqüentemente chamado de “grau a alta temperatura”. Isto significa que o ligante possui propriedades físicas adequadas até 64°C. Esta pode ser a temperaturamais elevada de pavimento, correspondente ao clima, que se espera que o ligante resista. Da mesma forma, o segundo número (-22) é freqüentemente chamado de “grau a baixa temperatura” e significa que o ligante possui propriedades físicas adequadas no pavimento até a temperatura de -22°C. São feitas considerações adicionais em termos de volume de tráfego (caminhões pesados) e tempo de aplicação de carga (autopistas, corredores de ônibus etc.), para se especificar adequadamente o ligante em cada caso. Outro ponto fundamental na avaliação do sistema Superpave é que propriedades físicas também são medidas em ligantes que sofreram envelhecimento em laboratório, de forma a simular o que ocorre no pavimento real. Algumas propriedades físicas são determinadas no ligante não-envelhecido. Outras propriedades físicas são realizadas em ligantes que sofreram envelhecimento em estufa de filme fino rotativo (RTFOT4), que simula o envelhecimento do ligante que ocorre durante a usinagem e 1 SHRP- Strategic Highway Research Program 2 SUperior PERformance Asphalt PAVements - Pavimentos Asfálticos de Desempenho Superior 3 PG - Performance Grade 4 RTFOT - Rolling Thin Film Oven Test Capítulo II.A Alternativa do Superpave - 19 - compactação da mistura. O vaso de envelhecimento sob pressão (PAV5) simula o endurecimento oxidativo que ocorre no ligante, ao longo da vida útil do pavimento (Figura II-1). Estufa de Filme Fino Rotativo (RTFOT) Vaso de Envelhecimento Pressurizado (PAV) Figura II-1. Estufas de Envelhecimento do SHRP As propriedades físicas do ligante são medidas com quatro aparelhos: • reômetro de cisalhamento dinâmico, • viscosímetro rotacional, • reômetro de fluência em viga, e • prensa de tração direta. O reômetro de cisalhamento dinâmico (DSR6) é usado para caracterizar as propriedades viscoelásticas do ligante. Este mede o módulo complexo de cisalhamento (G*) e o ângulo de fase (δ), submetendo uma pequena quantidade de ligante a tensões de cisalhamento oscilatórias, entre duas placas paralelas (Figura II- 2), Figura II.2 - Reômetro de Cisalhamento Dinâmico 5 PAV - Pressure Aging Vessel 6 DSR - Dinamic Shear Rheometer Capítulo II.A Alternativa do Superpave - 20 - A Figura II-3 apresenta os valores de G* e δ medidos pelo DSR via resposta a uma deformação cisalhante em torque constante de uma amostra. Nesta ilustração, a resposta à deformação cisalhante de uma amostra de ligante está “defasada” em relação a tensão aplicada por um certo intervalo de tempo ∆t. Este intervalo de tempo representa o atraso na deformação obtida. A fase em atraso é expressa em medida angular como o tempo de atraso (∆t) multiplicado pela freqüência angular (ω) para atingir o ângulo de fase (δ). Para materiais completamente elásticos, não existe atraso entre a tensão cisalhante aplicada e a deformação cisalhante obtida e δ é 0°. Para materias totalmente viscosos, a deformação obtida está completamente defasada e δ vale 90°. Materiais viscoelásticos, tais como ligantes asfálticos, possuem angulo de fase variando entre 0° e 90°, dependendo da temperatura. A altas temperaturas, δ tende a 90° e a baixas temperaturas δ tende a 0°. A especificação de ligante usa o parâmetro G*/sen δ para temperaturas altas (> 46°C), G* sen δ (= G”) para temperaturas intermediárias (entre 7°C e 34°C) como forma de controlar a rigidez do asfalto. Viscoelástico: 0 < δ < 90° Figura II-3. Cálculo do G* e δ Controlando a rigidez a altas temperaturas, a especificação de ligante assegura que o asfalto fornece resistência ao cisalhamento global da mistura em termos de elasticidade a altas temperaturas. Da mesma forma, a especificação assegura que o ligante não contribua para o trincamento por fadiga controlando sua rigidez a temperaturas intermediárias. O viscosímetro rotacional (RTV7) caracteriza a rigidez do asfalto a 135°C, onde ele age quase que inteiramente como um fluido viscoso. É um viscosímetro rotacional de cilindros coaxiais, que mede a viscosidade através do torque necessário para rodar um spindle imerso na amostra de asfalto quente (Figura II-4), à velocidade constante. A especificação de ligante requer que este tenha uma viscosidade inferior a 3 Pa.s (3000 cP) a 135°C. Isto assegura que o ligante pode ser bombeado e facilmente usinado. 7 RTV - Rotational Viscometer ou Viscosímetro Brookfield Capítulo II.A Alternativa do Superpave - 21 - Figura II-4. Viscosímetro Rotacional O reômetro de fluência em viga (BBR8) é usado na caracterização da rigidez do ligante a baixa temperatura. Este mede a rigidez estática (S) e o logaritmo do módulo de relaxação (m). Estas propriedades são determinadas a partir da resposta ao carregamento estático (creep) sobre uma vigota de ligante a baixas temperaturas (Figura II-5). Conhecendo-se a carga aplicada sobre a vigota e medindo-se a deflexão ao longo do teste, a rigidez estática pode ser determinada, usando-se os fundamentos da mecânica. A especificação de ligante estabelece limites para S e m em função do clima aonde o ligante será usado. Ligantes que possuam baixa rigidez estática não trincarão em clima frio. De igual forma, ligantes que possuam altos valores de m, são mais eficientes na dissipação das tensões formadas durante a contração do ligante, quando a temperatura do pavimento cai abruptamente, minimizando a formação de trincas e fissuras. Figura II-5. Reômetro de fluência em viga 8 BBR - Bending Beam Rheometer Capítulo II.A Alternativa do Superpave - 22 - Alguns ligantes, particularmente alguns modificados com polímero, podem exibir uma rigidez estática a baixa temperatura maior do que o desejado. Entretanto, estes podem não trincar devido a capacidade de deformar sem romper a baixa temperatura. Desta forma, a especificação permite que o ligante possua uma rigidez maior, desde que se comprove, através do teste de tração direta (DTT9), que este possui dutilidade suficiente a baixas temperaturas. A resposta do DTT é a tensão de deformação na fratura, que é medido a partir do estiramento de uma amostra, com formato de gravatinha, a baixa temperatura, até que esta rompa (Figura II-6). De modo semelhante ao BBR, o DTT assegura que a resistência a ruptura do ligante, a baixa temperatura, seja maximizada. Figura II-6. Teste de Tração Direta AGREGADOS MINERAIS Os pesquisadores do SHRP também concluíram que os agregados minerais possuem fundamental importância nas propriedades do CBUQ. Embora não tenham desenvolvido nenhum procedimento novo para a a avaliação dos agregados, os procedimentos atuais foram refinados de modo a se adequarem ao sistema Superpave. São especificados dois tipos de propriedades de agregados no sistema Superpave: propriedades de consenso e propriedades de origem. Propriedades de consenso são aquelas que os pesquisadores acreditaram serem críticas na obtenção de propriedades de alto desempenho no CBUQ. Estas propriedades devem ser atingidas em diversos níveis, dependendo do tráfego e estrutura do pavimento. Alto volume de tráfego e revestimentos de baixa espessura requerem valores mais restritos das propriedades de consenso. Muitos DERs já utilizam correntemente estas propriedades como requisito de qualidade dos agregados usados em seus CBUQs. Estas propriedades são10: • angularidade de agregados grossos, • angularidade de agregados finos, 9 DDT - Direct Tension Tester 10 No Brasil a maioriadestes requisitos faz parte das especificações, conforme indicado no Anexo G. A questão é que nem sempre são executados e cumpridos, lamentavelmente. Capítulo II.A Alternativa do Superpave - 23 - • partículas chatas e alongadas, e • teor de argila. Especificando-se a angularidade de agregados finos e grossos, os pesquisadores do SHRP estavam buscando obter CBUQs com alto valor de coeficiente interno de atrito e assim, alta resistência ao cisalhamento para resistir ao afundamento por trilha de roda. Limitando-se agregados longos evita-se que, durante a usinagem, compactação e passagem do tráfego, haja quebra de agregados presentes no CBUQ. Limitando-se o teor de argila nos agregados, a adesividade entre o ligante asfáltico e o agregado é reforçada ou pelo menos melhorada. Propriedades de origem são aquelas que os DOTs geralmente usam para qualificar as fontes de agregado. Os pesquisadores do SHRP acreditaram que estas propriedades são importantes, porém não especificaram valores limites, porque estas são muito dependentes da fonte. Estas propriedades são11: • dureza, • sanidade, e • materiais deletérios. A dureza é medida pelo ensaio abrasão Los Angeles. Sanidade é medida pelo ataque do agregado pelo sulfato de magnésio ou sódio. Materias deletérios são medidos pelos testes de materiais friáveis e torrões de argila. Estes testes são muito comuns em alguns DERs americanos. Para especificação da granulometria dos agregados (Anexo B), os pesquisadores do SHRP refinaram procedimentos existentes já usados em muitos DOTs. Optou-se pelo diagrama de potência 0,45 com limites de controle e zona restrita (Figura II-7) para o desenvolvimento do projeto de estrutura do agregado. Figura II-7. Limites Superpave de Granulometria de Mistura 12,5 mm 11 Nas especificações brasileiras também constam estes ensaios, conforme mostra o Anexo G. Da mesma forma, muitas vezes, infelizmente não são executadas. Capítulo II.A Alternativa do Superpave - 24 - Um projeto de esquelo de agregado pelo Superpave deve passar entre dois limites de controle, evitando a zona restrita, simultaneamente. A granulometria de densidade máxima é marcada a partir do agregado que passa 100% na peneira de tamanho máximo até a origem do gráfico. O tamanho máximo do agregado é definido como um tamanho maior do que o tamanho nominal máximo do agregado. O tamanho nominal máximo é definido como sendo um tamanho maior do que o primeiro tamanho de peneira que retém mais de 10%. A zona restrita é usada pelo Superpave a fim de evitar misturas que tenham uma alta proporção de areia fina em relação a areia total, que sigam a linha de potência 0,45, que geralmente não possuem teor adequado de vazios (VAM) no agregado mineral. De modo geral, a zona restrita desencoraja o uso de areia natural fina na mistura de agregado e aponta para o uso de areia limpa manufaturada. A abordagem de projeto da estrutura de agregado assegura que os agregados formarão um esqueleto mineral adequado, que possua forte resistência a deformação permanente, garantindo um teor de vazios tal que favoreça a durabilidade da mistura. MISTURAS ASFÁLTICAS As duas peças-chave do sistema Superpave são os teste de compactação laboratorial e o teste de desempenho. A compactação em laboratório é realizada com o auxílio do Compactador Giratório Superpave (SGC). Embora este equipamento guarde alguma semelhança com o compactador giratório Texas, este possui funcionamento e características operacionais inteiramente novas. Sua principal finalidade é produzir corpos de prova (CP). Contudo, através da aquisição de dados durante a compactação com o SGC, o projetista é capaz de apreender informações sobre a compatibilidade do CBUQ. O SGC pode ser usado para projetar misturas que não exibam característica de pós compactação pelo tráfego, que geram CBUQs perigosos, de baixo teor de vazios. As propriedades do CBUQ imediatamente após a conclusão da obra é influenciado pelas propriedades da mistura, resultantes da usinagem e compactação. Desta forma, o sistema Superpave incorporou um método de envelhecimento de curta duração. Assim, a mistura antes da compactação no SGC, é deixada em uma estufa a 135°C por 4 horas. Talvez o desenvolvimento mais importante obtido a partir do programa de pesquisa em asfalto SHRP foi desenvolver testes baseados em desempenho e modelos de predição de desempenho do CBUQ. A resposta destes testes podem ser usados na previsão detalhada do desempenho real do pavimento (Figura II-8). Em outras palavras, os procedimentos de teste e modelos de previsão de desempenho foram desenvolvidos de modo a permitir que o projetista estime a vida útil de um CBUQ hipotético em termos de número de passagens do eixo equivalente (ESALs12) ou o tempo necessário para atingir um certo nível de afundamento de trilha de roda, trincamento por fadiga ou trincamento a baixa temperatura. 12 ESALs - Equivalent Axle Loads Capítulo II.A Alternativa do Superpave - 25 - Figura II-8. Previsão de desempenho de pavimentos Superpave Foram desenvolvidos dois novos procedimentos baseados no desempenho, o Equipamento de Cisalhamento Superpave (SST13) e o Equipamento de Tração Indireta (IDT14). O resultado destes ensaios é o ponto de partida dos modelos de previsão de desempenho real do pavimento do Superpave (p.ex. milímetros de afundamento). O SST é um equipamento que realiza seis ensaios no CBUQ, a saber: • teste volumétrico, • teste de deformação uniaxial, • teste de cisalhamento simples a altura constante, • teste de cisalhamento repetido a tensão constante, • teste de varredura de freqüência a altura constante, e • teste de cisalhamento repetido a altura constante (opcional). Os dois primeiros ensaios envolvem teste do CP sob pressão confinante. Para conseguir isto, o SST possui uma câmara pressurizada a ar comprimido. A temperatura da câmara também é cuidadosamente controlada. O SST possui atuadores horizontais e axiais acompanhados de transdutores diferenciais de variação linear (LVDT15), que medem a resposta do CP ao carregamento. Os testes são realizados em sistema fechado de retroalimentação. Isto significa que a resposta de um CP ao carregamento de um atuador é medido por um LVDT. O outro atuador usa o sinal deste LVDT para responder quando solicitado. Por exemplo, no teste de cisalhamento simples a altura constante, uma tensão de cisalhamento é aplicada ao CP pelo atuador horizontal. Quando o CP é cisalhado, este tende a dilatar-se. O LVDT vertical detecta esta dilatação e interpreta como aumento na altura do CP e um sinal é enviado ao atuador vertical que aplica uma sobrecarga vertical de modo a compensar este aumento de altura do CP. Desta forma a dilatação é combatida. São realizados testes com o SST a várias temperaturas, simulando a condição real do pavimento. Embora uma parte dos testes auxiliem na prevenção de trincas por fadiga, a maior utilidade do SST é no projeto de misturas resistentes a deformação permanente. O IDT é usado na determinação da fluência estática (creep compliance) e resistência a tração do CBUQ. Este teste usa apenas um atuador para carregar um CP em seu plano diametral. É usado no projeto de CBUQ resistentes a fadiga e trincas a baixa temperatura. 13 SST- Superpave Shear Tester 14 IDT - Indirect Tensile Tester 15 LVDT - Linear Variable Differential Transducers Capítulo II.A Alternativa do Superpave - 26 - No sistema Superpave, as respostas dos testes SST e IDT são dados de entrada dos modelos preditivos de desempenho.Usando estes modelos, os projetistas podem estimar o efeito combinado dos ligantes asfálticos, agregados, e traço da mistura. Os modelos levam em conta a estrutura, condição e propriedades de um pavimento existente (se aplicável) e o volume de tráfego que se espera que o pavimento esteja sujeito durante a vida útil deste. A saída dos modelos preditivos de desempenho são milímetros de afundamento, porcentagem de área trincada e espaçamento (em metros) de trincas a baixa temperatura. Através desta abordagem, o sistema Superpave, diferente de qualquer outro procedimento de projeto, estima a interação entre as propriedades dos materiais, propriedades estruturais do pavimento visando prever propriedades de desempenho de pavimentos. Assim, o benefício (ou malefício) de novos materiais, diferentes projetos de mistura, modificadores de asfalto, e qualquer outro produto podem ser quantificados em termos de custo comparado ao desempenho previsto. COLOCANDO TUDO JUNTO Como o sistema Superpave é mais complexo que os demais métodos atualmente em uso, sua aplicação depende do volume de tráfego ou outra classificação funcional do pavimento que se pretenda usar. Desta forma, foram desenvolvidos três níveis de projeto de mistura. A Tabela II-1 apresenta a aplicabilidade e requisitos de teste de cada nível. Tráfego, ESALs Nível do projeto Testes requeridos1 ESALs ≤ 106 1 projeto volumétrico 106 < ESALs ≤ 107 2 projeto volumétrico + testes de predição de desempenho ESALs > 107 3 projeto volumétrico + testes de predição de desempenho estendidos 1 Em todos os casos, é testada a susceptibilidade à umidade usado o teste AASHTO T283 Embora muitos recursos do SHRP tenham sido investidos no desenvolvimento dos ensaios SST e IDT, bem como em seus procedimentos e modelos preditivos, o projeto volumétrico de mistura ocupa papel chave no Sistema Superpave. O projeto volumétrico, único requisito do Nível 1, engloba a moldagem dos CPs usando o SGC, a seleção do teor de ligante com base no teor de vazios, vazios do agregado mineral (VAM), vazios preenchidos com asfalto (RBV), e razão filer/asfalto para o teor efetivo de asfalto. Devem ser determinadas as propriedades de consenso e de origem. Um projeto de mistura Nível 2 usa o projeto volumétrico como ponto de partida. Uma bateria de testes SST e IDT é realizada para determinar uma série de predições de desempenho tipo aceita/rejeita. Um projeto de mistura Nível 3 engloba muito dos passos dos Níveis 1 e 2. São realizados testes adicionais SST e IDT em uma faixa mais ampla de temperatura. O projeto de mistura Nível 3 é o único que especifica testes SST com CP confinado. O Nível 3 oferece uma previsão de desempenho mais confiável pois parte de um grupo maior de testes e resultados. Capítulo III. Seleção de Materiais - 27 - CAPÍTULO III. SELEÇÃO DE MATERIAIS INTRODUÇÃO O Superpave utiliza um sistema inteiramente novo de testes, especificação e seleção de ligantes asfálticos. Embora nenhum novo ensaio de agregado tenha sido desenvolvido, métodos atuais de seleção e especificação de agregado foram aperfeiçoados e incorporados no sistema de projeto de mistura Superpave. Os requisitos de mistura asfáltica Superpave foram estabelecidos a partir de critérios correntemente usados. LIGANTES ASFÁLTICOS A nova especificação de ligantes asfálticos SHRP (uma parte deste é apresentado no Anexo A) é a única que se baseia em desempenho, selecionado a partir do clima onde se intensiona aplicá-lo. Os requisitos das propriedades físicas (tais como rigidez estática, G*/sen δ etc.) são constante para todos os ligantes. O que difere entre os diversos tipos de ligantes é a temperatura em que estes requisitos passam. Por exemplo, um ligante classificado como PG 64-22, significa que suas propriedades físicas de alta temperatura são aceitáveis até 64°C e suas propriedades físicas de baixa temperatura são aceitáveis até -22°C. A Tabela III-1 mostra os tipos correntes de ligantes da especificação SHRP. Nesta tabela, os tipos PG 76 e 82 são necessários em climas muito quentes ou em locais de carregamento lento ou estático ou ainda tráfego excessivo de caminhões pesados. Tabela III-1 Tipos de Ligante Superpave Classificação a alta temperatura Classificação a baixa temperatura PG 46- 34, 40, 46 PG 52- 10, 16, 22, 28, 34, 40, 46 PG 58- 16, 22, 28, 34, 40 PG 64- 10, 16, 22, 28, 34, 40 PG 70- 10, 16, 22, 28, 34, 40 PG 76- 10, 16, 22, 28, 3, PG 82- 10, 16, 22, 28, 34 Existe um módulo no programa Superpave que auxilia os usuários na seleção do tipo de ligante. O Superpave possui três métodos que o usuário pode usar para selecionar um ligante: • por área geográfica: um DER pode desenvolver um mapa mostrando o tipo de ligante a ser usado pelo projetista baseado no clima e/ou em normas e orientações. • por temperatura de pavimento: o projetista pode necessitar conhecer a temperatura de projeto que atuarão no pavimento. • por temperatura do ar: o projetista determina a temperatura de projeto do ar da região, que pode ser convertido em temperatura de projeto de pavimento. Banco de Dados de Clima Superpave Capítulo III. Seleção de Materiais - 28 - O programa Superpave possui um banco de dados de clima com informação relativa a 6500 estações meteorológicas dos Estados Unidos e Canadá, que permite aos usuários americanos selecionarem o tipo de ligante mais apropriado ao clima em função da localização do projeto. Foi determinado o período mais quente de 7 dias consecutivos e a temperatura média das máximas do ar destes 7 dias consecutivos, para cada estação meteorológica. Foram determinados a média e desvio padrão anual de todas as estações (com mais de 20 anos de uso). De igual forma, foi determinada a temperatura mais baixa e calculada a média e desvio padrão. Confiabilidade Confiabilidade, conforme definido no Superpave, é a probabilidade percentual que, em um determinado ano, a temperatura real não exceda a temperatura de projeto. A seleção de ligante do SHRP é bastante flexível, de modo que diferentes níveis de confiabilidade podem ser utilizados para selecionar ligantes pelos tipos a alta ou baixa temperatura. Por exemplo, considere a temperatura do ar no verão em Topeka, Kansas, EUA, que possui uma temperatura máxima de ar consecutiva de 7 dias de 36°C e um desvio padrão (σ) de 2°C. A Figura III-2 apresenta a distribuição dos dados. Na média do ano, existe 50% de chance da temperatura máxima de ar consecutiva de 7 dias exceder a 36°C. Porém, existe apenas 2% de chance desta temperatura ser superior a 40°C. Assim, a temperatura de projeto do ar de 40°C representa um nível de confiabilidade de 98%. Figura III-1. Distribuição anual da média máxima de temperatura de 7 dias consecutivos em Topeka, KS, EUA. Comece com a Temperatura do Ar Será apresentado um exemplo prático se seleção de ligante tomando o caso de Topeka. A Figura III-2 mostra a distribuição de temperaturas altas e baixas do ar de projeto. Em um verão típico, a média da temperatura máxima de 7 dias consecutivos é de 36°C com σ=2°C. Em um inverno típico, a temperatura média mais baixa é de - 31°C com σ=4°C. Capítulo III. Seleção de Materiais - 29 - Figura III-2. Distribuição das Temperaturas Altas e Baixas do Ar de Projeto Converta para Temperatura do Pavimento O programa Superpave calcula a temperatura máxima do pavimento 20 mm abaixo da superfície e a temperatura mínima na superfície do pavimento. Para um revestimento superficial aberta em Topeka, as temperaturas do pavimento são 56°C e -23°C para um nível de confiabilidade de 50% e 60°C (56°C + 2σ) e -31°C para um nível de confiabilidade de 98% (Figura III-3). Figura III-3. Distribuição dasTemperaturas Altas e Baixas do Pavimento de Projeto No Superpave, a temperatura mais alta de pavimento de projeto à 20 mm de profundidade é calculada pela seguinte equação: T20mm = 0,9545 (Tar - 0,0061 lat2 + 0,2289 lat + 42,2) - 17,78 onde, T20mm = temperatura do pavimento à 20 mm de profundidade em °C, Tar = média da temperatura máxima de 7 dias consecutivos em °C, lat = latitude de projeto em graus. Existe dois modos de determinar a temperatura inferior de pavimento no Superpave. A primeira é admitir que a temperatura do pavimento é igual a temperatura do mínima ar. Este foi o modo originalmente recomendado pelo SHRP. Esta é uma recomendação bastante conservativa, pois geralmente a temperatura do pavimento é superior a do ar. Capítulo III. Seleção de Materiais - 30 - Esta recomendação foi adotada no exemplo de Topeka. O segundo modo utiliza a seguinte fórmula desenvolvida por pesquisadores canadenses do SHRP: Tmin = 0,859 Tar + 1,7° onde, Tmin = temperatura mínima de pavimento de projeto em °C, Tar = temperatura mínima do ar em um ano típico em °C. Usando esta abordagem no exemplo de Topeka, a temperatura mínima de pavimento de projeto passa a ser de -18°C. O segundo modo de cálculo da temperatura inferior de pavimento tem ganho adeptos entre a comunidade de asfalto americana. Entretanto, o primeiro método ainda é o adotado pelo Superpave. Seleção do Tipo de Ligante Considerando o nível de confiabilidade de 50%, o grau superior de ligante para Topeka deveria ser PG 58. Na verdade a seleção do PG 58 para Topeka garante um nível de confiabilidade de 85%, devido aos arredondamentos (para cima) envolvidos no cálculo do PG. O PG anterior (PG 52) está abaixo do nível de confiabilidade de 50%. O grau a baixa temperatura deve ser um PG XX-28. De igual modo para altas temperaturas, o arredondamento do grau a baixas temperaturas representa quase 90% de confiabilidade. Para o nível de 98% de confiabilidade, é necessário um PG 64 para a alta temperatura. O grau a baixa temperatura deveria ser um PG XX-34. Ambos os critérios utilizam o cálculo segundo o critério Superpave de temperatura do ar igual a temperatura do pavimento, a baixas temperaturas. Utilizando-se o procedimento alternativo, o grau selecionado seria PG 58-28 para 50% de confiabilidade e PG 64-34 para 98% de confiabilidade. O método de converter temperatura mínima ar igual a temperatura do pavimento tem um profundo efeito sobre o processo de seleção do ligante1. Figura III-4. Diferentes Tipos de Ligante para Topeka, KS, EUA. O projetista não deve se preocupar com a manipulação de distribuição de freqüências de temperatura. O programa Superpave realiza todos os cálculos. Para qualquer estado americano, o usuário pode entrar com a confiabilidade mínima e o Superpave calculará o tipo de ligante asfáltico requerido. Alternativamente, o usuário pode especificar um tipo de ligante e o programa irá calcular qual o grau de confiabilidade daquele tipo, para aquela região específica. 1 No caso do Brasil esta consideração não é tão relevante já que não temos problemas de temperaturas tão baixas quanto as necessárias para induzir trincas térmicas. Capítulo III. Seleção de Materiais - 31 - Efeito da Velocidade de Carregamento na Seleção do Ligante A seleção do ligante SHRP por clima admite que o ligante está sujeito a carregamento de caminhões a velocidades altas. A velocidade de carregamento no DSR é de 10 rad/s, que corresponde a um tráfego aproximadamente de 90 km/h. Em determinados locais, tais como paradas de ônibus, pedágios, estacionamentos etc. a velocidade de carregamento é muito mais lenta. Nestes casos, o ligante deve exibir uma rigidez maior para suportar estas baixas velocidades de carregamento. Para compatibilizar estas situações, o Superpave requer que o grau a alta temperatura seja elevado de 1 a 2 PGs. Por exemplo, se o ligante selecionado foi o PG 64-22, para acomodar baixas velocidades de carregamento, o projetista poderia subir um grau, chegando ao PG 70-22. Se está previsto carregamento estacionário, o projetista poderia selecionar o PG 76-22. A velocidade de carregamento não possui efeito sobre o grau a baixa temperatura. Os tipos PG 76 e 82 não correspondem a nenhuma condição climática dos Estados Unidos. Eles existem quando a rigidez do PG 70 (máxima seleção em função do clima) não suporta as solicitações de carregamento existentes2. Efeito do Volume de Tráfego sobre a Seleção do Ligante O Superpave recomenda que o volume de tráfego seja levado em consideração na seleção do ligante. Quando o volume de tráfego exceder a 10 milhões de ESALs, o projetista é encorajado a considerar o aumento de 1 PG no grau a quente. Quando o volume de tráfego exceder a 30 milhões de ESALs, o projetista deverá aumentar de 1 PG no grau quente. Não há nenhum efeito sobre o grau a baixa temperatura, do mesmo modo que na velocidade de carregamento. Para o exemplo de Topeka, que a seleção por clima indicou um PG 58-28, um projeto em que o tráfego seja muito intenso requer utilização de um PG 64-28. Agregado Mineral Durante o SHRP, os especialistas em pavimento foram consultados acerca das propriedades mais importantes dos agregados. Houve um consenso geral que as propriedades dos agregados influenciam diretamente na deformação permanente. O trincamento por fadiga e trincas a baixa temperatura são menos influenciadas pelas características do agregado mineral. Os pesquisadores do SHRP identificaram duas categorias de propriedades do agregado que foram incorporadas ao sistema Superpave: as propriedades de consenso e as propriedades de origem. Adicionalmente, foi desenvolvida uma nova forma de especificar granulometria dos agregados. É chamado de projeto de estrutura do agregado (esqueleto mineral). Propriedades de Consenso Foi consenso entre os especialistas de pavimentação que certas propriedades dos agregados são críticas e devem ser atendidas em todos os casos a fim de gerar CBUQs de desempenho satisfatório. Estas propriedades são ditas de “consenso” pois foram resultado de um amplo entendimento entre seu uso e valores de especificação. Estas propriedades são: • angularidade do agregado graúdo, 2 Talvez estes valores devam ser ampliados para o Brasil, que no caso tem temperaturas máximas maiores. Capítulo III. Seleção de Materiais - 32 - • angularidade do agregado miúdo, • partículas planas e alongadas, e • teor de argila. Existem padrões para estas propriedades dos agregados minerais. Os padrões de consenso não são uniformes. Estes são baseados em volume de tráfego e posição (da camada) em relação à estrutura do pavimento. Os requisitos dos materiais colocados junto à superfície do pavimento requerem especificações mais restritivas. Há uma tendência de usar as especificações mais em mistura de agregados do que como componentes individuais. Entretanto, muitos DOTs atualmente aplicam estes requisitos em agregados individuais, de tal sorte que tais componentes indesejáveis possam ser identificados. Angularidade de Agregados Graúdos3 Esta propriedade assegura que exista um alto grau de atrito interno no agregado e resistência à deformação. É definido como a porcentagem em peso de agregado maior que 4,75 mm que tenha uma ou mais faces fraturadas. Muitos DOTs possuem normas em relação a angularidade de agregados graúdos. Estas geralmente envolvem contagem manual de partículas a fim de determinar as faces fraturadas. Uma face fraturada é definida como sendo qualquer superfície fraturada que ocupe mais do que 25% da área do agregado visível nesta orientação. Um exemplo
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