Relato de Experiência - Estágio em complexo psiquiátrico com dependentes químicos

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CURSO DE PSICOLOGIA
Complexo psiquiátrico: A atuação de estagiárias de Psicologia frente a dependentes químicos.
Brunna Laryssa da Silva Naial
Kivia Maria Rodrigues 
Natalia da Silva Almeida
 
JOÃO PESSOA
2019
Complexo psiquiátrico: A atuação de estagiárias de Psicologia frente a dependentes químicos.
Psychiatric complex:The performance of Psychology interns front the drug addicts.
Complejo psiquiátrico: La actuación de los pasantes la psicología en relación con los dependientes químicos.
Brunna Laryssa da Silva Naial
Kivia Maria Rodrigues 
Natalia da Silva Almeida 
Resumo
Este relato é resultado de uma pesquisa qualitativa de campo que tem como objetivo apresentar algumas contribuições feitas em estágio por alunas do curso de Psicologia, no complexo Psiquiátrico Juliano Moreira; Onde foi executado uma série de atividades lúdicas com o objetivo de promover maior interação entre os integrantes, proporcionar o desafio de solucionar problemas e estimular a coordenação motora.
Palavras-chave: Psicologia. Atividades. Interação.
Summary
This report is the result of a qualitative field research that aims to present some internship contributions made by students of the psychology course, in the Juliano Moreira Psychiatric Complex; Where a series of playful activities was performed with the objective of promoting greater interaction among the members, offering the challenge of solving problems and stimulating motor coordination.
Keywords: Psychology. Activities. Interaction.
Resumen
Este informe es el resultado de una investigación de campo cualitativa que tiene como objetivo presentar algunas contribuciones hecho en escenario por los alumnos del curso de Psicología, en el complejo psiquiátrico Juliano Moreira; Donde se realizó una serie de actividades lúdicas para promover una mayor interacción entre los miembros, proporcionar el desafío de resolución de problemas y estimular la coordinación motora.
Palabras clave: Psicologia. Actividades. Interacción.
Introdução
O objetivo deste trabalho é apresentar o dependente químico na instituição psiquiátrica de forma que venha lhe propiciar um novo olhar compartilhando algumas contribuições que a atuação do psicólogo pode trazer para tais usuários e suas respostas correspondentes.
Considera-se contextualizar o campo de intervenção com o processo de inserção de psicologia nesse campo.
A luta pela mudança do Modelo de Atenção e Defesa de Direitos dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental constitui-se hoje na principal questão da Reforma Psiquiátrica Brasileira. O momento atual é marcado pela consolidação das políticas públicas em torno do modelo de atenção psicossocial de base comunitária, em contraposição ao modelo clássico da psiquiatria, que vê no hospital e no isolamento dos usuários, a principal estratégia de cuidado no campo da saúde mental. (Foucault, 2007)
Droga é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como sendo qualquer substância que altere o funcionamento do organismo e que não é produzida por ele próprio. Essas drogas, que têm a capacidade de alterar o funcionamento do organismo, são chamadas de drogas psicotrópicas. “Psicotrópico advém da junção de psico (mente) e trópico (atração por) desse modo, drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre nosso cérebro, alterando nossa maneira de sentir, de pensar e muitas vezes, de agir” (KREISCHE; SORDI; DIEMEN, 2012, p. 21).
O tratamento da dependência química em saúde mental envolve a desintoxicação do usuário, o fortalecimento de seus hábitos saudáveis e o desenvolvimento de suas habilidades pessoais e sociais para a reintegração à vida familiar e social. (Cassol, et al., 2011, p. 133)
Contextualização do campo de intervenção
O campo ao qual as estagiárias foram postas a atuar, foi um hospital psiquiátrico na ala de dependentes químicos, localizado no bairro chamado Torre na Cidade de João Pessoa – PB, hospital este chamado de Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira. Os encontros foram realizados durante uma semana do mês de outubro.
Inicialmente, o educador físico Rudney foi responsável por receber as estagiárias e se propôs a apresentar a ala em que iriam trabalhar. Relatou que no local há uma estimativa de 30 usuários sendo apenas duas deles mulheres.
Foi proposto aos usuários encontros em grupo duas vezes por semana (terça e quinta) chamado de AA (Alcoólatras anônimos) com o Psicólogo Aureliano onde é proporcionado uma terapia grupal aos participantes podendo expor seus sentimentos como desejado, criando vínculos e assim um ajudando o outro. Também na quinta-feira a tarde é dado o momento de socialização na praça “beija-flor” com direito a música que é indispensável para os internos.
A intervenção: Atividades realizadas
Foram executadas atividades de média complexidade de forma que fossem desafiados a trabalhar a coordenação motora; como também buscar interagir com outros integrantes do grupo para solucionar problemas.
“Passando o bambolê”, essa foi a primeira atividade com a finalidade de buscar dos participantes a competência cognitiva de solucionar o problema, no caso, a resolução de como o bambolê irá conseguir passar por todos integrantes sem soltar as mãos e de forma rápida. Todos participaram.
A segunda atividade foi o “nó humano” com o intuito de possibilitar um momento de vínculo afetivo pois essa atividade necessita de muita interação com os outros integrantes porque a resolução desse nó é desafiadora além de ser bem descontraída. Todos participaram.
LAPIERRE (1984) diz que a psicomotricidade tem por objetivo maior fazer do indivíduo; 1- Um ser de comunicação; 2- Um ser de criação; 3- Um ser de pensamento operativo, ou seja, a psicomotricidade leva em conta o aspecto comunicativo do ser humano, do corpo e da gestualidade.
Psicomotricidade é a ciência de síntese, que com a pluralidade de seus enfoques, procura elucidar os problemas, que afetam as inter relações harmônicas, que constituem a unidade do ser humano e sua convivência com os demais (COSTALLAT apud ISPE-GAE, 2007).
Por último o “twister” adaptado com TNT e EVA com o apoio de um dado personalizado com suas extremidades com cores várias e indicando mão direita/esquerda e pé direito/esquerdo buscando necessidade que ela dá de manter o equilíbrio em cima, como para a observação de algum comportamento desproporcional ou exposição de sentimentos diante dos desafios. Esta atividade foi executada com três mulheres.
Bartholo (2001, p.92), um dos estudiosos da área lúdica afirma:
O lúdico e o criativo são elementos constituintes do homem que conduzem o viver para formas mais plenas de realização; são, portanto, indispensáveis para uma vida produtiva e saudável, do ponto de vista da autoafirmação do homem como sujeito, ser único, singular, mas que prescinde dos outros homens para se realizar, como ser social e cultural, formas imanentes à vida humana.
(NICOLAU, Marcos. 2018) Nesse sentido, para Schiller, o jogo é vetor de harmonia, portanto de beleza e de equilíbrio, tanto para o físico quanto para o espiritual no homem. E, enquanto o exercício e o trabalho são disciplinares e analíticos, o jogo é síntese livre. Nas próprias palavras de Schiller citado por Duflo (1999, p. 75): “A beleza que existe na realidade equivale à tendência ao jogo que existe na realidade, mas do mesmo modo o ideal de beleza que a razão constrói impõe o ideal de uma tendência ao jogo que o homem deve ter presente na mente em todos seus jogos”.
Considerações finais
Compreende-se que o hospital psiquiátrico está cada vez mais humanizado. Se dedicando a proporcionar aos internos momentos de vínculo entre eles, com familiares, funcionários e estagiários com a finalidade de trazer para eles qualidade de vida e lhe trazendo melhores resultados. Os usuários voluntários apresentaram grande envolvimento nas atividades, relataram que gostaram das visitas e foi observamos que desejam realmente terem alta da internação consequentes dos vícios fazendo toda e qualquer terapia e atividade propostopelo hospital. No último dia das atividades foi comemorado o outubro rosa onde todos os estagiários e funcionários foram responsáveis por levar alimentos para o evento que foi composto por uma ornamentação festiva e música na praça com dois educadores físicos direcionando a forma da dança para todos que estavam presentes.
Registros
 
Momento de interação de estagiários e usuários voluntários Dinâmica Passando o bambolê
 
 “Nó humano” Estagiárias demonstrando Início da atividade registrada
 Twister, última atividade lúdica
Referências
Amarante, P. (1998). Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil (2a ed.). Rio de Janeiro: Fiocruz.
KREISCHER, Fernanda; SORDI, Anne O; DIEMEN, Lisia von. Conceitos básicos no transtorno de uso de crack, álcool e outras drogas. In: BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Tratamento da dependência de crack, álcool e outras drogas: aperfeiçoamento para profissionais de saúde e assistência social. Brasília: SENAD, 2012. p. 21-26.
CASSOL, Paulo B.; TERRA, Marlene G.; MOSTARDEIRO, Sadja Cristina T. S.; GONÇALVES, Marian O.; PINHEIRO, Ursula Maria S. Tratamento em um grupo operativo em saúde. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n1/a18v33n1.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2013.
BARTHOLO, Márcia Fernandes. O lazer numa perspectiva lúdica e criativa. In: Cinergis, Santa Cruz do Sul. V.2, n.1, p. 89-99, jan/jun, 2001.
NICOLAU, Marcos. Razão & criatividade: tópicos para uma pedagogia neurocientífica. João Pessoa: Ideia, 2007.