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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS DIREITO ASHLEY DE PAULA RAIS 1298339 CRISTIANE PEREIRA DE SOUZA 1259590 MARIA CLARA SANTOS VIEIRA 1317175 VINICIUS DE SOUZA TAKAYAMA 3304840 DIREITO AO NOME E RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL EM FAVOR DE TRANSEXUAL E TRANSGÊNERO SEM CIRURGIA DE TRANSGENITALIZAÇÃO SÃO PAULO – SP 2019 ADALGISA PIRES FALCÃO TAHAN DIREITO AO NOME E RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL EM FAVOR DE TRANSEXUAL E TRANSGÊNERO SEM CIRURGIA DE TRANSGENITALIZAÇÃO Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de Direito, do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, dedicado à matéria de Direito Civil. SÃO PAULO – SP 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................04 2. PEDIDO..................................................................................................05 3. RESPOSTA............................................................................................07 4 INTRODUÇÃO O conceito de transexual se refere aos indivíduos que não aceitam o seu gênero, havendo um descompasso entre o seu sexo biológico e o psicológico. O presente trabalho tem por objetivo analisar a discussão envolvendo o nome da pessoa transexual e a alteração do registro público, considerando o nome como uma forma de designação social e fator de proteção à dignidade da pessoa humana. Utilizou-se o método de abordagem indutivo e bem como o método de pesquisa monográfico. Analisa-se o teor das jurisprudências e os condicionamentos impostos à alteração, com destaque à Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 4275. Ressalta-se que a adequação da aparência física do transexual ao seu gênero nem sempre é obtida por meio da cirurgia de transgenitalização, visto que esse processo de adequação também pode se dar por meio do uso de hormônios e outras intervenções somáticas a depender da realidade e necessidade de cada indivíduo. Após a realização do estudo, conclui-se que se trata de tema de relevância social e que a decisão da Suprema Corte sedimentou seu entendimento com valorização da dignidade da pessoa humana. 5 DIREITO AO NOME E RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL EM FAVOR DE TRANSEXUAL E TRANSGÊNERO SEM CIRURGIA DE TRANSGENITALIZAÇÃO PEDIDO MODELO REQUERIMENTO ATUAL OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO I - REQUERENTE: Anderson Xx Xxxxx Xxxx, brasileiro, paulista, nascido em 21 de Março de 2000 em São Paulo- SP, solteiro, operador, RG XXXXXXXX-X, CPF XXXXXXXXXXX, Rua Platina, 60, 0119XXXX-XXXX, xxxx@gmail.com. II - REQUERIMENTO: Visto que o gênero que consta em meu registro de nascimento não coincide com minha identidade auto percebida e vivida, solicito que seja averbada a alteração do sexo para feminino, bem como seja alterado o prenome para Adrian. III - DECLARAÇÕES SOB AS PENAS DA LEI Declaro que não possuo passaporte, identificação civil nacional (ICN) ou registro geral de identidade (RG) emitido em outra unidade da Federação. 6 Estou ciente de que não será admitida outra alteração de sexo e prenome por este procedimento diretamente no registro civil, resguardada a via administrativa perante o juiz corregedor permanente. Estou ciente de que deverei providenciar a alteração nos demais registros que digam respeito, direta ou indiretamente, a minha pessoa e nos documentos pessoais. IV - FUNDAMENTO JURÍDICO O presente requerimento está fundamentado no princípio da dignidade da pessoa humana, no art. 58 da Lei n. 6.015/1973, interpretado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI n. 4.275, e no Provimento CN-CNJ n. 73/2018. Por ser verdade, firmo o presente termo. São Paulo, 28 de OUTUBRO de 2019 7 RESPOSTA Atendo ao pedido, que solicita alteração de prenome e gênero, atribuído essencialmente à personalidade e, com efeito à vida civil. Considerando, para a apreciação deste requerimento, jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Direta de Constitucionalidade( ADI) 4275, que,- apesar de ter havido divergências em certos pontos quanto como se dará essa troca-, por unanimidade dos ministros, entendeu que não se faz necessário a realização de cirurgia de redesignação para retificação das referidas designações. Fundamentando-se nos direitos e garantias fundamentais- pontualmente no direitos à personalidade, à liberdade e na dignidade-, inerentes a todo e qualquer ser humano, no que estabelece a Constituição Federal de 1988, bem como o Pacto de São Jose da Costa Rica. Os direitos à personalidade são irrenunciáveis e intransmissíveis (Art.11, CC). São inatos à condição humana, e protegem a integridade física e moral dos indivíduos. Visto isso, entende-se que o nome, como principal atributo da personalidade, revela a identidade e consequentemente a forma como se se é visto e tratado na esfera privada e na esfera pública. A Pessoa Natural, tida como unidade jurídica-social, exerce sua liberdade individual, em consonância com a lei, pois, como principal fundamento da Republica, possui a dignidade, isto é: é um fim em si mesma. Dotada de um valor próprio que lhe é intrínseco. Tem capacidade de autodeterminação, agindo de acordo com sua razão e entendimento; sendo vedado, portanto, qualquer ato que a objetifique ou fira sua integridade. Na esteira desses vetores que regem o ordenamento jurídico, o STF, à luz do caso concreto-, no qual a manutenção do sexo jurídico no registro civil em desconformidade com o prenome e identidade de gênero ocasionaria constrangimento e promulgação de situações vexatórias para o indivíduo; o que ensejaria maior discriminação, restrição e dificuldade para o exercício pleno dos atos de sua vida civil-, avaliou que independente do sexo biológico, o registro civil deve representar a autodeterminação, ou seja, a identidade de 8 gênero da pessoa transgenera; sendo inconstitucional condicionar a alteração à realização da cirurgia de transgenitalização, pois, consequentemente, se condicionaria também o gozo de um direito fundamental garantido pela Carta Magna. Quanto à interpretação dos fatos reais, enalteço a necessidade de que a atividade jurisdicional esteja alinhada aos valores da sociedade. Estes, por sua vez, em constante mudança, o que reflete na quebra de paradigmas e na consolidação de uma ordem jurídica genuinamente inclusiva e sem discriminações. Nesse sentido, a Corte vedou qualquer tratamento patologizante quanto a pauta ajuizada, o que implica no respeito às diferenças. Foi decidido, então, com base nos princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da liberdade, e nos direitos da personalidade – englobando a honra, a imagem, a privacidade e a intimidade etc. -, que para alterar nome e gênero no registro civil não é necessário cirurgia de redesignação nem ação judicial, podendo ser requerida por via administrativa, valendo-se apenas da livre manifestação da vontade do indivíduo; lhe garantindo, assim, disposições mínimas para exercer uma vida digna, resguardando sua individualidade e autonomia perante a interferência de terceiros- incluindo o Estado. Declaro procedente o pedido de alteração de prenome e genêro atuais , para as designações requeridas, conforme entendimento de jurisprudência do STF no julgamento da ADI 4275/DF no dia 1.3.2018, para dar interpretação conforme a Constituição e o Pactode São José da Costa Rica ao art. 58 da Lei 6.015/73, de modo a reconhecer aos transgêneros que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, o direito à substituição de prenome e sexo diretamente no registro civil. São Paulo, 28 de OUTUBRO de 2019 OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
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