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CONTROLE CONCENTRADO

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CONTROLE CONCENTRADO
Da família do “civil law” europeu, surgiu em 1920, na Áustria, por obra de Hans Kelsen que, ao contrariar a família do “judicial review” americano – realizado por todos os juízes e tribunais (controle difuso) – criou a modalidade de controle concentrado de constitucionalidade, como forma de supremacia da Constituição, tendo sido posteriormente adotado por vários países europeus. 
Essa modalidade de controle judicial de constitucionalidade chegou ao Brasil em 1965 (EC 16 a Constituição de 1946) e, desde então, até o advento da Constituição Federal de 1988 havia apenas um legitimado, a PGR. E recebia o nome de representação de inconstitucionalidade, não de controle como atualmente.
EXPANSÃO DE LEGITIMADOS
Com o advento da Constituição federal de 1988 (art. 103/CF/88) ocorreu um alargamento (democratização) dos legitimados a participarem da organização do Estado. É a famosa sociedade aberta de intérpretes (Peter Harberle). Ou seja, por ser a Constituição o documento mais importante de um Estado, a discussão a seu respeito não pode restar estrita aos membros do STF e ao PGR, devendo a sociedade civil como um todo, por meio de seus representantes legitimados, também participar dessa discussão. 
Objetivo 
É por meio desse controle que se busca (se objetiva) obter a declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, em tese (em abstrato), ou seja, independentemente da existência de um caso concreto, da existência de uma lide. Isso, com o único intuito de invalidar lei ou ato normativo que, por ação ou omissão, estejam trazendo insegurança às relações jurídicas. 
É interessante entender que a Lei é uma norma jurídica abstrata e geral, expressa por escrito pelo Estado e que, desse modo, cria direito novo. Nesse sentido, a lei possui características como a abstração, o que quer dizer que a lei não se incorpora a toda e qualquer pessoa, apesar de escrita e publicada no Diário Oficial. Ou seja, a lei deve atingir a esfera jurídica pessoal de uma pessoa para revelar sua concretude. O que, independentemente dessa ocorrência, a lei vai continuar aplicável e vigente. 
A generalidade é característica que significa dizer que a Lei é uma norma jurídica geral, pois ela liga a consequência jurídica à condição de fato de modo geral, distinguindo-se, por exemplo, de uma sentença, que liga a consequência jurídica à condição de fato de modo particular e concreto. É a dita subsunção do fato à norma, que ocorre no momento em que o ato praticado no mundo concreto se encaixa à letra da lei, trazendo à tona uma determinada consequência.
Desse modo, no controle concentrado, não se busca um direito subjetivo. Ou seja, pode ser instaurado o processo independentemente de um interesse jurídico específico. Pois, o que se busca é garantir, preservar a ordem jurídica constitucional, visto que é esta que se visa tutelar por meio desse controle.
Outro fato a ser lembrado é que concentrado, ainda que na maioria das vezes seja para combater “lei em tese”, não é sinônimo de abstrato, pois na ação direta de inconstitucionalidade interventiva, de acordo com o que será visto mais adiante, há a presença de controle concentrado concreto, em razão da ocorrência da violação de fato ocorrida relativamente aos princípios constitucionais sensíveis. 
QUÓRUM
Para o resultado do pedido, o Supremo tribunal Federal (Art. 102, I, a, CF/88) deverá obter a votação da maioria absoluta de votos (06 votos) de seu órgão pleno. Lembrando que só existirá sessão se o quórum for de, pelo menos, 08 (oito) ministros presentes. No caso de o placar ficar em 5x3 deverá ser finalizada a votação da inconstitucionalidade na próxima sessão a ser realizada.
Assim, no controle concentrado de constitucionalidade temos as seguintes ações:
· Ação direta de inconstitucionalidade (ADI ou ADI genérica);
· Ação direta de inconstitucionalidade por omissão;
· Ação declaratória de constitucionalidade;
· Ação direta de inconstitucionalidade interventiva (concreta);
· Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF).
1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE GENÉRICA (Lei nº 9868/99 - (ADI)) 
COMPETÊNCIA E OBJETO DO CONTROLE DA ADI GENÉRICA
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a (...);
Competência
Quem pode conhecer e julgar a ADI genérica?
O Autor da ação fará requerimento ao STF, para que seja examinada a lei ou ato normativo federal ou estadual em tese, na finalidade de que seja declarada sua invalidação. 
Objeto de controle
O Autor da ação fará requerimento ao STF, para que seja examinada a lei ou ato normativo federal ou estadual em tese, na finalidade de que seja declarada sua invalidação. 
Logo, poderá ser objeto de controle, a Lei ou o Ato Normativo Federal, Estadual ou Distrital. Este último, quando no exercício de competência equivalente a dos Estados. 
Critério Temporal
Como critério temporal a edição desses atos posteriormente à promulgação da Constituição de 1988 e que estejam ainda em vigor. Pois, caso não esteja em vigor o ato, ocasionará a perda de objeto da ação. Em relação aos anteriores, o fenômeno que ocorre é o da recepção ou não recepção, não sendo alvo de ação direta de inconstitucionalidade.
LEI MUNICIPAL
Devendo, ainda, ser lembrado que a lei municipal não pode ser objeto de controle concentrado no STF por meio de ADI genérica. Também a lei federal não poderá ser objeto de controle na ADI genérica estadual.
Conceito de leis e atos normativos
O que é Lei e Ato Normativo?
A palavra lei do artigo 102, I, a, da CF/1988 está em sentido genérico. Logo, serão todas as espécies normativas previstas no artigo 59, da CF/88, dotadas de generalidade e abstração.
Logo:
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
Institutos restritos ao controle concentrado de constitucionalidade (NÃO PODEM SER OBJETO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE). 
1. Decretos Regulamentares e Decretos Autônomos.
Além das Leis, acima descritas nos incisos, do artigo 59, da Constituição Da República de 1988, resta englobada a possibilidade de controle de todo e quaisquer atos que sejam revestidos de indiscutível conteúdo normativo. Ou seja, o controle de constitucionalidade serve, outrossim, para controlar os atos normativos. Estes, que são aqueles atos de competência exclusiva do Poder Executivo e possuem como finalidade a aplicação da lei. 
Nesse sentido, são espécies de atos normativos os Decretos regulamentares e os regimentos, bem como as resoluções, deliberações e portarias. Sendo, estes, os atos que decorrem da competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo. E Trazem, em si, a ideia de dever ser ou de subordinação que lhes são inerentes. De modo, que poderão ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade. 
Dando continuidade, ainda em relação aos Decretos, é de suma importância que estejamos atentos àqueles que possuem como finalidade a regulamentação das Leis. Isso, pois o decreto regulamentar, que se faz presente na segunda parte do inciso IV, do artigo 84, da CF/1988, tem seu conteúdo e limite definido em lei. Segue a sua inteligência:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Assim, caso o decreto em voga, do Poder Executivo, exorbite os termos da lei, ultrapassando o seu poder regulamentar, poderá o mesmo ser sustado pelo Congresso Nacional, nos termos do art. 49, V, da CF/1988. Isso, pelo fato de que se acaso não houver disposição legal anterior a ser regulamentada, o assunto deve ser adotado por leiformal e não por Decreto. Visto que a função desse Decreto é regulamentar uma determinada lei já existente, não a de criar uma nova Lei. Por ser, esta última, a criação de Lei, competência do Congresso Nacional, não do Chefe do Poder Executivo, que se resume em enviar àquele os Projetos de Lei.
Assim, no presente caso, o Decreto Regulamentar que não cumpriu o seu papel de regulamentação legal seria nulo, não por ilegalidade, mas sim por estarmos diante de uma inconstitucionalidade decorrente do fato de o Decreto Regulamentar ter suprido a Lei, desobedecendo a uma exigência constitucional para a sua finalidade, qual seja a de regulamentar Lei e não a de criar Lei. 
Assim, os Decretos Regulamentares (Art. 84, IV, CF/88) desafiam a legalidade, podendo gerar ilegalidade nos casos em que estejam em seu exercício regulamentador da lei e o extrapole. Contudo, caso este mesmo Decreto, denominado como Regulamentar, crie Lei nova, não regulamentando uma lei anterior, estará incorrendo em desobediência ao mandamento constitucional, incorrendo em inconstitucionalidade conforme demonstrado no caso anteriormente explicado. 
Assim, os decretos regulamentares, que estão dispostos no artigo 84, IV, da Constituição, servem apenas para minudenciar uma lei já existente. Pois, tais decretos não criam, modificam ou extinguem direitos, possuem cunho apenas regulamentar, ou seja, devem tratar dos moldes de como a lei pré-existente será fruída por aqueles que sejam aos seus mandamentos submetidos, de modo a encontrar fundamento de sua existência. Enfim, encontram fundamento de validade na lei que o mesmo regulamenta, não na Constituição Federal de 1988. Assim, decretos e regulamentos revelam a mesma realidade jurídica, eis que o legislador constitucional quis demonstrar que através desta espécie normativa o chefe do executivo regulamenta uma lei já existente, ao passo que o decreto regulamentar se revela como ato normativo secundário, logo possui seu fundamento de validade amparado na lei. 
Não obstante ao anteriormente dito, existem os decretos que são de cunho não regulamentar, ou seja, são os denominados Decretos Autônomos, e seu fundamento de validade repousa diretamente na Constituição de 1988 (inciso VI, art. 84, CF/88). Pois, segundo sua inteligência:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Os decretos autônomos (inciso VI, art. 84, CF/88) podem ser alvo de ação direta de inconstitucionalidade, pois sua irregularidade desafia diretamente a Constituição Federal de 1988, não a Lei. Isso, pois, deve-se ter em mente a ideia de que, quando o ato do Chefe do Poder Executivo que implicar em aumento de despesa, criar ou extinguir órgãos públicos, bem como funções ou cargos públicos, quando estes estejam vagos, não é função que decorra de Decretos Autônomos, mas da Lei. Visto que a criação daqueles também foi realizada por Lei e, somente por documento legislativo igual é que podem ser revogados.
Para finalizar é importante saber que o Supremo Tribunal Federal admite o controle, por via de ação direta de inconstitucionalidade, do decreto autônomo, revestido de conteúdo normativo, mas não o admite quando se tratar de decreto de regulamentação da lei, quando este desafia a legalidade, não a inconstitucionalidade.
2. Normas originárias
Uma norma constitucional pode ser inconstitucional?
Uma norma constitucional não pode ser inconstitucional, pois ambas decorrem do poder constituinte originário. Nem mesmo quando essa norma tenha sido alvo de emenda constitucional. Para tanto, não pode ter sido substancialmente alterada, pois se ocorrida alteração substancial poderá, sim, ser alvo do controle. Isso, pelo fato de o Brasil não ter adotado a tese alemã de normas constitucionais inconstitucionais.
3. Emenda Constitucional
Agora, uma Emenda à Constituição pode ser inconstitucional em face das cláusulas pétreas (artigo 60, §4º), pois é obra do poder constituinte derivado. Logo, pode ser objeto de controle de constitucionalidade concentrado.
4. Leis promulgadas anteriores ao advento da Constituição Federal de 05 de outubro de 1988. As leis anteriores não podem ser objeto de controle concentrado, pois elas não seriam inconstitucionais, mas sim não recepcionadas pela Constituição Federal atual. Enquanto as Leis criadas posteriormente à CF/1988 podem, sim, serem alvos de controle de constitucionalidade, desde que ainda vigentes.
5. As súmulas não podem ser objetos de controle concentrado, muito menos as súmulas vinculantes, pois possuem um processo próprio de revisão (Reclamação no STF). Não apresentando, assim, as características de ato normativo. 
6. As leis ou atos normativos municipais, inclusive os do Distrito Federal com matéria de competência legislativa municipal.
7. Os Decretos, visto que estes desafiam a legalidade. Salvo os autônomos que são dotados de abstração e generalidade.
8. propostas de emendas à Constituição e ou projetos de leis. NÃO, pois estaríamos diante de controle preventivo de constitucionalidade e a ação direta de constitucionalidade é controle repressivo jurisdicional de constitucionalidade.
Os Tratados internacionais 
Estes podem ser objeto de controle de constitucionalidade.
O artigo 4º, I, da CF/88, fala sobre a independência nacional (soberania) que é a regra das relações do Estado brasileiro. Esta fundamenta o dualismo jurídico que significa a existência de duas ordens jurídicas, ou seja, uma ordem jurídica nacional e a internacional. Sendo que, esta última, só produzirá efeitos dentro de nosso território se for recepcionada de acordo com os comandos constitucionais. Pois, no Brasil não vigora o princípio da recepção automática.
Desse modo, o tratado internacional é recepcionado de três modos pela Constituição Federal de 1988.
1º - o Chefe de Estado deve assinar o tratado internacional (art. 84, VIII).
2º - o CN deve aprovar (referendar) o tratado internacional (art, 49, I) em regra através de um decreto legislativo. 
3º - o tratado internacional precisa ser promulgado por um decreto do Presidente da República, 
*Em regra, os tratados internacionais têm natureza jurídica de lei ordinária. Logo, poderá ser objeto de controle de constitucionalidade.
Após o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 (“reforma do judiciário”), todo aquele tratado internacional, que tenha como objeto os direitos humanos, deverá ser recepcionado com quórum de Emenda Constitucional. Logo, será equivalente à emenda constitucional, podendo ser objeto de controle concentrado, pois, em tese, ele pode ferir uma cláusula pétrea. Pois, sua inconstitucionalidade pode decorrer do ferimento a algumas ou alguma das cláusulas pétreas presentes no artigo 60, §4º[footnoteRef:1]. [1: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
(...)
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
(...)
] 
PARÂMETRO OU PARADIGMA DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE.
A Lei viola, ofende, é incompatível com o que?
Só poderão ser parâmetros ou paradigmas de controle normas constitucionais (normas regras e normas princípios – inclusive aqueles não expressos, ditos princípios implícitos).
Assim:
O preâmbulo não pode ser paradigma de controle porque não se encontra no campo jurídico, mas sim político. Não possui força de norma jurídica, em razão de decisão do STF, na ADI 2076/AC. E, sobre essa questão, colaciono parte de um artigo[footnoteRef:2] muito esclarecedor, para quem tiver a curiosidade de ler. [2: A Constituição de 1988 prefacia o corpo de suas normas com as palavras seguintes:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituirum Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Eis aí o preâmbulo da Constituição. Nele se reconhece o anúncio que assinala a opção política do Poder Constituinte, a externar valores, propostas, finalidades para o Estado de Direito brasileiro. São em tudo condizentes com as demais normas componentes do Direito Constitucional positivo, excetuando-se, é claro, a equivocada promulgação "sob a proteção de Deus", que vai de encontro ao caráter laico da organização estatal. 
Em pese sua coerência axiológica com o texto da Constituição de 1988, o STF entende que o preâmbulo é juridicamente irrelevante, situando-se no domínio da política. É o fundamento que se extrai de trecho do voto do relator, Min. Carlos Velloso, proferido quando do julgamento da ADI 2076/AC:
O preâmbulo, ressai das lições transcritas, não se situa no âmbito do direito, mas no domínio da política, refletindo posição ideológica do constituinte. É claro que uma constituição que consagra princípios democráticos, liberais, não poderia conter preâmbulo que proclamasse princípios diversos. Não contém o preâmbulo, portanto, relevância jurídica. O preâmbulo não constitui norma central da Constituição, de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro. O que acontece é que o preâmbulo contém, de regra, proclamação ou exortação no sentido dos princípios inscritos na Carta: princípio do Estado Democrático de Direito, princípio republicano, princípio dos direitos e garantias etc. Esses princípios, sim, inscritos na Constituição, constituem normas centrais de reprodução obrigatória, ou que não pode a Constituição do Estado-membro dispor de forma contrária, dado que, reproduzidos, ou não, na Constituição estadual, incidirão na ordem local. 
Argumentação similar pode ser encontrada em excerto do voto proferido pela Min. Carmen Lúcia, relatora da ADI 2649/DF (j. 08/05/2008, p. DJe 16/10/2008):
Devem ser postos em relevo os valores que norteiam a Constituição e que devem servir de orientação para a correta interpretação e aplicação das normas constitucionais e apreciação da subsunção, ou não, da Lei 8.899/1994 a elas. Vale, assim, uma palavra, ainda que brevíssima, ao Preâmbulo da Constituição, no qual se contém a explicitação dos valores que dominam a obra constitucional de 1988 (...). Não apenas o Estado haverá de ser convocado para formular as políticas públicas que podem conduzir ao bem-estar, à igualdade e à justiça, mas a sociedade haverá de se organizar segundo aqueles valores, a fim de que se firme como uma comunidade fraterna, pluralista e sem preconceitos (...). E, referindo-se, expressamente, ao Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988, escolia José Afonso da Silva que ‘O Estado Democrático de Direito destina-se a assegurar o exercício de determinados valores supremos. ‘Assegurar’, tem, no contexto, função de garantia dogmático-constitucional; não, porém, de garantia dos valores abstratamente considerados, mas do seu ‘exercício’. Este signo desempenha, aí, função pragmática, porque, com o objetivo de ‘assegurar’, tem o efeito imediato de prescrever ao Estado uma ação em favor da efetiva realização dos ditos valores em direção (função diretiva) de destinatários das normas constitucionais que dão a esses valores conteúdo específico’ (...). Na esteira destes valores supremos explicitados no Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988 é que se afirma, nas normas constitucionais vigentes, o princípio jurídico da solidariedade.
Daí se dizer que o preâmbulo não constitui norma central, de reprodução obrigatória nas constituições estaduais. Colaciono (grifos meus):
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. - Normas centrais da Constituição Federal: essas normas são de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro, mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). II. - Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa. III. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (STF, ADI 2076/AC, Tribunal Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 15/08/2002, p. DJ 08/08/2003).
Com apoio no status meramente político do preâmbulo, a afastar sua força normativa, é que se pode concluir pela sua incapacidade de servir como parâmetro de controle nas ações diretas de constitucionalidade. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/28693/as-discrepancias-no-status-juridico-normativo-do-preambulo-e-do-adct-como-parametro-de-controle-nas-acoes-diretas-de-inconstitucionalidade. ] 
Os atos das disposições constitucionais transitórias poderão servir de parâmetros de controle desde que não tenha se exaurido. E, aqui, do mesmo modo que fiz em relação ao preâmbulo, colaciono texto[footnoteRef:3] esclarecedor do status que gozam os ADCT’S. [3: Enquanto elemento formal de aplicabilidade, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias fixa regras de manifesta transitoriedade. Volta-se, assim, a auxiliar a incidência pragmática dos dispositivos constitucionais consagrados no corpo do texto, a revelar um reconhecimento de fundo sociológico - ante o respeito conferido ao status quo a ser alterado pelas normatizações introduzidas na Constituição. A mudança, especialmente quando da passagem de um regime jurídico-constitucional para outro, acarreta repercussões sérias na vida prática das instituições (seu funcionamento, sua organização). O ADCT presta-se então a favorecer a transição. Disso decorre que o ADCT, diferentemente das normas contidas no corpo, há de apresentar frequentemente normas marcadas pela concretude e especificidade, inclusive muita vez datadas. Dessa forma, é compreensível que normas como a do art. 3º (previsão do prazo de cinco anos para a revisão constitucional), art. 4º (fixação do limite do mandato do presidente à época da promulgação da Carta), art. 13 (criação do Estado de Tocantins), art. 14 (transformação dos Territórios Federais de Roraima e do Amapá em Estados Federados) etc. tenham exaurido seus efeitos. Nada impede, contudo, que o Poder Constituído Derivado Reformador acrescente, no exercício do poder de emendabilidade, outras normas ao ADCT. Tal é o caso, exemplarmente, da Emenda Constitucional nº 73/2013, que incluiu o § 11 ao art. 27, ao criar quatro novos Tribunais Regionais Federais (6º, 7º, 8º e 9º Regiões). Mas, em que pese sua nomenclatura, a simples inscrição no ADCT no Título X da Constituição de 1988 não evitou que fossem suscitadas dúvidas acerca do seustatus jurídico-normativo. Assim, tal como sucedeu com o preâmbulo, o STF também se viu obrigado a aclarar a normatividade (ou não) do ADCT, conclusão essencial para que as normas transitórias também pudessem servir de parâmetro para o controle de constitucionalidade. A esse respeito, o acórdão paradigma na matéria foi lavrado pelo STF quando do julgamento do RE 160.486/SP. Colaciono (grifo meu): 
PRECATÓRIO - PAGAMENTO PARCELADO - ADCT, ART. 33 - NATUREZA JURÍDICA DAS NORMAS INTEGRANTES DO ADCT - RELAÇÕES ENTRE O ADCT E AS DISPOSIÇÕES PERMANENTES DA CONSTITUIÇÃO - ANTINOMIA APARENTE - A QUESTÃO DA COERÊNCIA DO ORDENAMENTO POSITIVO - RECURS O EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO . - Os postulados que informam a teoria do ordenamento jurídico e que lhe dão o necessário substrato doutrinário assentam-se na premissa fundamental de que o sistema de direito positivo, além de caracterizar uma unidade institucional, constitui um complexo de normas que devem manter entre si um vínculo deessencial coerência . - O Ato das Disposições Transitórias, promulgado em 1988 pelo legislador constituinte, qualifica-se, juridicamente, como um estatuto de índole constitucional. A estrutura normativa que nele se acha consubstanciada ostenta, em conseqüência, a rigidez peculiar às regras inscritas no texto básico da Lei Fundamental da República. Disso decorre o reconhecimento de que inexistem, entre as normas inscritas no ADCT e os preceitos constantes da Carta Política, quaisquer desníveis ou desigualdades quanto à intensidade de sua eficácia ou à prevalência de sua autoridade. Situam-se, ambos, no mais elevado grau de positividade jurídica, impondo-se, no plano do ordenamento estatal, enquanto categorias normativas subordinantes, à observância compulsória de todos, especialmente dos órgãos que integram o aparelho de Estado. - Inexiste qualquer relação de antinomia real ou insuperável entre a norma inscrita no art. 33 do ADCT e os postulados da isonomia, da justa indenização, do direito adquirido e do pagamento mediante precatórios, consagrados pelas disposições permanentes da Constituição da República, eis que todas essas cláusulas normativas, inclusive aquelas de índole transitória, ostentam grau idêntico de eficácia e de autoridade jurídicas. - O preceito consubstanciado no art. 33 do ADCT - somente inaplicável aos créditos de natureza alimentar - compreende todos os precatórios judiciais pendentes de pagamento em 05/10/88, inclusive aqueles relativos a valores decorrentes de desapropriações efetivadas pelo Poder Público. (STF, RE 160.486/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 11/10/1994, p. DJ 09/06/1995). 
Como se vê, o STF entendeu nesse julgado que o ADCT tem, sim, força normativa. Dessa maneira, diferencia-se do preâmbulo, que só se sustenta no terreno das aspirações políticas. Para a Suprema Corte, o ADCT é dotado de normas constitucionais que ostentam o mesmo status jurídico atribuído às demais constantes do corpo. Até mesmo a rigidez é qualidade dessas normas, de tal arte que não se pode cogitar de acréscimo ao Título X senão por meio do Poder Constituído Reformador. Outro argumento relevante que se extrai desse precedente diz respeito à hierarquia normativa no ordenamento jurídico. Com efeito, segundo entendeu o STF no aresto, as normas do ADCT situam-se hierarquicamente em nível de igualdade com todas as outras previstas no texto principal. Logo, não é correto avaliar uma norma do corpo como se fosse superior a uma norma transitória. Ambas se equivalem do ponto de vista hierárquico. Em consequência disso, as regras do ADCT são de observância obrigatória, seja pelos cidadãos, seja pelo próprio Poder Público. Em julgado posterior, como que a afiançar o entendimento acima, o STF tornou a pronunciar-se sobre a questão derredor da natureza jurídica do ADCT. Na oportunidade, os argumentos favoráveis ao reconhecimento de sua força normativa foram reiterados. Eis a ementa do precedente (grifos meus): 
PRECATÓRIO - PAGAMENTO PARCELADO - ADCT, ART. 33 - NATUREZA JURÍDICA DAS NORMAS INTEGRANTES DO ADCT - RELAÇÕES ENTRE O ADCT E AS DISPOSIÇÕES PERMANENTES DA CONSTITUIÇÃO - ANTINOMIA APARENTE - A QUESTÃO DA COERÊNCIA DO ORDENAMENTO POSITIVO - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO . - Os postulados que informam a teoria do ordenamento jurídico e que lhe dão o necessário substrato doutrinário assentam-se na premissa fundamental de que o sistema de direito positivo, além de caracterizar uma unidade institucional, constitui um complexo normativo cujas partes integrantes devem manter, entre si, um vínculo de essencial coerência . - O Ato das Disposições Transitórias, promulgado em 1988 pelo legislador constituinte, qualifica-se, juridicamente, como estatuto de índole constitucional (RTJ 172/226-227). A estrutura normativa que nele se acha consubstanciada ostenta, em conseqüência, a rigidez peculiar às regras inscritas no texto básico da Lei Fundamental da República. Disso decorre o reconhecimento de que inexistem, entre as normas inscritas no ADCT e os preceitos constantes da Carta Política, quaisquer desníveis ou desigualdades quanto à intensidade de sua eficácia ou à prevalência de sua autoridade. Situam-se, ambos, no mais elevado grau de positividade jurídica, impondo-se, no plano do ordenamento estatal, enquanto categorias normativas subordinantes, à observância compulsória de todos, especialmente dos órgãos que integram o aparelho de Estado (RTJ 160/992-993) . - Inexiste qualquer relação de antinomia real ou insuperável entre a norma inscrita no art. 33 do ADCT e os postulados da isonomia, da justa indenização, do direito adquirido e do pagamento mediante precatórios, consagrados pelas disposições permanentes da Constituição da República, eis que todas essas cláusulas normativas, inclusive aquelas de índole transitória, ostentam grau idêntico de eficácia e de autoridade jurídicas (RTJ 161/341-342). - O preceito consubstanciado no art. 33 do ADCT - que não se estende aos créditos de natureza alimentar - compreende todos os precatórios judiciais pendentes de pagamento em 05/10/88, inclusive aqueles relativos a valores decorrentes de desapropriações efetivadas pelo Poder Público. Precedentes. (STF, RE 215.107/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 21/11/2006, p. DJ 02/02/2007). 
Portanto, evidencia-se que, segundo a jurisprudência do STF, o ADCT é dotado de status jurídico e hierárquico idêntico ao das demais normas constitucionais. Consequentemente, é lógico concluir que suas disposições podem servir como parâmetro para o controle nas ações diretas de inconstitucionalidade. Mas é preciso observar um detalhe importante: assim como ocorre em relação às normas constitucionais já revogadas, as normas do ADCT que tiveram sua eficácia exaurida não podem servir de parâmetro para a aferição da parametricidade constitucional. Em tais hipóteses, a incidência da norma implica o seu exaurimento eficacial. Ato contínuo, é correto dizer que, uma vez cumprida sua função no ordenamento, não se prestam mais como normas de referência para o controle. No tocante ao parâmetro na ADI, Bernardo Gonçalves Fernandes (2013, p. 1106-1107, grifos do autor) arremata o assunto:
[...] a relação de parametricidade no Brasil envolve as normas constitucionais expressas (art. 1º a 250 e ADCT) e implícitas na Constituição (formal). Certo é que nessas normas constitucionais, atualmente, podemos acrescentar os tratados internacionais que passaram pelo procedimento equivalente ao das emendas constitucionais nos moldes do art. 5º, § 3º, da CR/88 (introduzido pela EC nº 45/04).
Porém, temos ainda que salientar o que, definitivamente, não seráparâmetro (base) para a ADI, na perspectiva desenvolvida pelo STF. Certo é que não pode ser usado como paradigma para o controle de constitucionalidade: a) o preâmbulo da Constituição, pois o STF não admite sua força normativa; b) normas constitucionais já revogadas (visto que foram destituídas de normatividade) ou as normas constitucionais do ADCT que tiveram sua eficácia exaurida (por já terem cumprido sua função no ordenamento); c) normas das constituições anteriores, visto que não são dotadas de validade (a não ser que a nova constituição excepcionalmente determine de forma expressa) frente ao novo ordenamento constitucional, constituído a partir de 05.10.1988. 
Conclui-se, dessa feita, que as normas do ADCT, salvo quando exaurida sua eficácia, podem figurar perfeitamente como parâmetro de controle nas ações diretas de inconstitucionalidade. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/28693/as-discrepancias-no-status-juridico-normativo-do-preambulo-e-do-adct-como-parametro-de-controle-nas-acoes-diretas-de-inconstitucionalidade.] 
As Emendas Constitucionais, mesmo que existam artigos da emenda que não tenham se incorporado à Constituição. Quando poderá ser paradigma de controle.
No Brasil é adotado o denominado bloco de constitucionalidade restritivo. Significa dizer, que o Supremo entende que normas supraconstitucionais (justiça, equidade, por exemplo – seria a norma fundamentalhipotética), supra positivas não podem ser parâmetro ou paradigma de controle.
Tratados de Direitos Humanos como paradigma de controle: Controle de convencionalidade.
Controle de convencionalidade: É o tratado de direitos humanos como parâmetro, paradigma de controle de constitucionalidade concentrado. De modo, que teríamos duas espécies de controle da norma infraconstitucional, tendo estas como objeto (duplo controle). Primeiro, um controle em relação à constituição e, segundo, outro sobre os tratados internacionais sobre direitos humanos.
Para o STF os tratados internacionais que tenham por objeto direitos humanos podem ostentar duas naturezas:
a) não recepcionado com quórum de EC ele não será equivalente à emenda. Será uma norma supra legal (acima da lei, porém abaixo da Constituição).
Isso é o que acontece, por exemplo, com o Pacto de São José da Costa Rica. Este, que, por ser supra legal poderá ser parâmetro ou paradigma de controle de constitucionalidade na forma do controle difuso, não no sistema concentrado, pois não está incorporado no sistema constitucional.
b) recepcionado com quórum de EC ele será equivalente à emenda. Sendo formal e materialmente constitucional podendo ser parâmetro, paradigma de controle difuso e concentrado.
MEDIDAS PROVISÓRIAS
Questão ora pacificada é a da análise da inconstitucionalidade das medidas provisórias por meio de controle concentrado de constitucionalidade. Pois, o instituto da medida provisória, como ato normativo com força de lei e, portanto, gozando de generalidade e abstração, é compreendido como norma jurídica primária, o que autoriza controle judicial de constitucionalidade para se verificar a sua compatibilização com a Carta Magna de 1988. No que não se pode deixar de lado, inclusive, o atendimento dos seus pressupostos de relevância e urgência. 
Nesse sentido, caberá ao Supremo Tribunal Federal, como guardião da Constituição, o desempenho do exercício da compatibilidade da medida provisória com a Constituição. De forma que o STF entende que as medidas provisórias são, sim, passíveis de controle de constitucionalidade por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade. Residindo a polêmica relativamente à possibilidade de aferição da inconstitucionalidade em relação aos requisitos formais de admissibilidade da medida provisória, quais sejam a urgência e a relevância.
Isso, pelo fato de que há autores que, com toda razão, entendem ser intrínsecos a esses pressupostos o caráter político, que seria, em teoria, de análise única e exclusiva do chefe do Poder Executivo, tendo caráter discricionário, portanto. Sendo, que esse possível apreciação pelo Poder Judiciário afetaria o princípio da tripartição dos Poderes. Enquanto, alguns outros autores, se valem do princípio da inafastabilidade da jurisdição, bem como no princípio da supremacia constitucional, defendendo a análise da inconstitucionalidade desses pressupostos de validade das medidas provisórias pelo Poder Judiciário no momento em que for provocado para tanto. O que seria correto no meu humilde entendimento. Pois, segundo o Ministro Celso de Mello, “O reconhecimento de imunidade jurisdicional, caso não contemplasse a apreciação judicial, implicaria, em favor do Presidente da República, numa ilimitada expansão de seu poder para editar medidas provisórias, sem qualquer possibilidade de controle, o que é incompatível com o sistema constitucional vigente hoje no Brasil”.
Desse modo, importante se faz trazer o voto da Ministra Ellen Gracie, como relatora no julgamento da ADI 2.527-9/DF, onde resta clara a ideia de que o Supremo Tribunal Federal entende que “o Poder Judiciário, quando provocado, tem legitimidade para analisar a extensão dos pressupostos de relevância e urgência na medida provisória apenas quando for evidente a sua ausência, caso em que se caracteriza a existência de abuso no poder de legislar pelo Poder Executivo”.
Concluindo, o Supremo Tribunal Federal tem como tendência a de aceitar que a certeza da urgência e relevância das medidas provisórias é de juízo discricionário do Presidente da República e que a posterior submissão da medida ao Congresso Nacional visa justamente analisar tais requisitos. De modo que, o pronunciamento da Corte Constitucional pátria pela inconstitucionalidade formal da medida provisória só se dará de forma excepcional, quando do flagrante desvio de finalidade ou abuso no poder de legislar por parte do Presidente.
Espécies de Legitimados
A Constituição não diferencia os legitimados, no entanto a jurisprudência do STF indica a existência de duas espécies de legitimados.
STF: Dentre os legitimados há duas espécies de legitimados (universais ou neutros e autores interessados ou autores especiais). A diferença é que os universais não necessitam demonstrar a pertinência temática. Enquanto os autores interessados ou especiais necessitam demonstrar a pertinência temática.
A Pertinência Temática: É a necessidade de comprovação do interesse na propositura da ação. Ou seja, deverá ser demonstrada a existência entre o objeto da ação e a sua finalidade para a ação. É nada mais nada menos que uma exigência de que o órgão que pretende discutir a constitucionalidade de uma lei demonstre claramente que a decisão final tenha ligação direta com o interesse e com a atividade desenvolvida pelo órgão ou ente. 
Legitimados:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:  
Universais ou neutros
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
Autores interessados ou autores especiais
IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 
V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
Universais ou neutros
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
Autores interessados ou autores especiais
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
*Todos possuem a capacidade postulatória para o ajuizamento da ADI? 
Não, apesar de a sua grande parte os legitimados possuem capacidade postulatória constitucional, os partidos políticos e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional necessitarão de constituir advogado para a ADI.
O partido político deverá ter, pelo menos, um deputado ou um senador no congresso nacional. Ou seja, é necessária a representação no CN para que os partidos políticos necessitem ajuizar a ADI.
*no caso de, no decorrer dessa ação, o representante do partido saia do congresso ou mude do partido a ação terá continuidade a ADI. 
Confederações Sindicais ou Entidades de Classe de Âmbito Nacional. O STF permite que associações das associações poderão ajuizar ADI.
PROCEDIMENTO DA ADI (rito).
Qual é o rito que segue a ação direta de inconstitucionalidade.
O PGR deve, obrigatoriamente, se manifestar na ADI;
O AGU deve, obrigatoriamente, fazer a defesa da presunção de constitucionalidade do objeto da ação, ou seja, da lei ato ou texto impugnado (Art. 103, §3º). Ainda que o ato impugnado seja lei estadual. Em Caso de lei municipal, esta não será objeto de ADI no STF.
Contudo, o STF, excepcionalmente, deixa que o AGU não faça a defesa do ato impugnado – quando o STF já tenha firmado entendimento de que a lei é inconstitucional. Quando o AGU não precisará defender o que não tem defesa.
	
Não existe prazo decadencial ou prescricional para ajuizar ADI. Ou seja, é uma ação que não se sujeita a prazos.
Não é possível a desistência da ação, por ser indisponível (Art. 5º, lei 9.868/2011).
AMICUS CURIAE (democratização do controle concentrado).
Apesar de não é possível a intervenção de terceiros, assistência jurídica em ADI (Art. 7º, lei 9.898/2011), pois o processo é objetivo. Admite-se, contudo, a presença do o amigo da corte, o colaborador do tribunal “amicus curiae”. E a sua natureza jurídica é de um terceiro especial, singular, sui generis. Devido o comentário acimarealizado, não se permite a intervenção de terceiros.
Significa o movimento de democratização do controle concentrado, ou seja, se permite o debate pela constitucionalidade por parte da sociedade (sociedade aberta de interpretes – Peter harberle).
Será o relator da ADI quem irá deferir ou indeferir em despacho irrecorrível.
O amigo da corte será possível em razão da relevância da matéria (células tronco) e tendo em vista a representatividade do postulante (OAB, cientistas, conferência nacional dos bispos do Brasil).
O STF permite que o colaborador (amigo da corte) pode fazer sustentação oral. Pois, essa será possível a admissão do amigo da corte até quando o relator peça pauta para o julgamento da ADI.
A decisão que reconhece a constitucionalidade ou inconstitucionalidade é irrecorrível cabendo somente embargos e não cabe ação rescisória em ADI.
EFEITOS DA DECISÃO NO MODELO CONCETRADO
A regra é que os efeitos sejam “erga omnes” (contra todos), vinculante (em relação aos órgãos da Adm. Pública e demais órgão do próprio Poder Judiciário) e “ex tunc” (incide na data posterior ao início da vigência da lei ou ato), ou seja, a decisão que reconhece a inconstitucionalidade declara a lei nula. Isso, pelo fato de que as decisões declaratórias reconhecem atos nulos, não o inexistente ou anulável. Sendo, a decisão declaratória, modalidade de decisão que retroage à data de promulgação da lei. De modo, que é importante o conhecimento do fato de que “A maioria dos doutrinadores pátrios entende que no nosso ordenamento a lei inconstitucional é nula”. Esse posicionamento é adotado pelo Supremo Tribunal Federal[footnoteRef:4]. [4: STF,RE-93173.] 
A previsão desses efeitos se encontra no parágrafo 2º, do artigo 102, da CF/1988.
Art. 102
(...)
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
O efeito “erga omnes” trata de eficácia contra todos, inclusive ao STF, impedindo que se ajuíze novo processo sobre a mesma matéria, com o intuito de que se declare a inconstitucionalidade ou atribuição de validade da norma. Fato este que, contudo, não impede que o Poder Legislativo edite lei posterior eivada do mesmo vício contido em outra norma declarada inconstitucional pelo STF. 
A eficácia contra todos impede, do ponto de vista processual, que a mesma questão seja outra vez submetida ao STF. Isso, pois há ausência no interesse de agir, em razão de não fazer sentido a declaração de inconstitucionalidade pelo mesmo órgão. 
*Fato, esse acima, que não ocorre com a norma declarada constitucional, por meio de ADC, quando se poderá ajuizar nova ação no sentido de se buscar a inconstitucionalidade. Sendo, uma das explicações, o fato de a ADC fazer coisa julgada formal, enquanto a ADI faz coisa julgada material. 
Nesse sentido, Rcl 4.374/PE. Nesta Reclamação, em razão de posteriores razões fáticas e jurídicas o STF aceitou revisar a declaração de constitucionalidade, no que declarou a inconstitucionalidade. 
Eficácia Temporal
“Ex tunc”. Ao contrário do efeito “erga omnes”, o efeito “ex tunc” não possui previsão constitucional. Sendo, porém, aceito por larga doutrina e jurisprudência pátrias. Assim, essa modalidade de efeito existe em razão de os atos inconstitucionais serem declarados nulos, por ADI ou ADC, quando terão efeitos retroativos, pois não mais possuem aptidão para produzir efeitos jurídicos válidos.
A decisão em ADI tem efeito dúplice: a ADI e a ADC são ações com sinais trocados, ambivalentes (art. 24, lei nº 9.868/2009 – regulamentou a ADI).
Julgada improcedente a ADI a lei será constitucional.
Julgada improcedente a ADCON a lei será inconstitucional.
O efeito vinculante é mais amplo que o efeito “erga omnes”, obrigando os demais órgãos do poder judiciário e do poder executivo, inclusive no que tange os fundamentos da decisão. É o denominado caráter transcendente da decisão. No caso de seu descumprimento por parte dos órgãos inferiores do Poder Judiciário é possível a provocação do STF por meio de Reclamação. Sendo, ainda, interessante dizer que essa possibilidade não existe nas ações que possuam efeitos somente “erga omnes”.
*Não deixando de lado a ideia de que o próprio STF pode mudar a sua orientação em relação à decisão.
O efeito vinculante não obriga o poder legislativo, de modo que o CN pode votar uma lei com o mesmo objeto (liberdade de conformação legislativa).
Repristinação
Desse modo, no presente caso, uma lei revogada pela lei nula, por meio de decisão declaratória de inconstitucionalidade, deverá sofrer a repristinação. Devendo atentar para o fato de que essa repristinação é o único caso no direito brasileiro, tendo em vista o fato de que a mesma não mais existe no ordenamento jurídico pátrio.
Obs. Aqui, não há a necessidade de remeter a decisão da inconstitucionalidade ao Senado para que seja suspensa a decisão, pois o art. 52, X, CF/88 só se aplica no sistema difuso de controle de constitucionalidade.
Princípio da Parcelaridade
Nesta espécie de controle, o concentrado, o STF pode reconhecer a inconstitucionalidade de uma expressão, ou seja, de uma palavra. O que se denominou chamar de princípio da parcelaridade. O que não ocorre, por exemplo, no veto parcial do chefe do executivo.
Princípio da Congruência (“decisão extra petita”).
A decisão no controle concentrado deve obediência ao princípio da congruência. Este, que se revela pela necessidade de o magistrado decidir a lide dentro dos limites objetivados, sendo defeso ao juiz proferir sentença de natureza diversa do objeto do pedido. 
Ex. a lei x ofende o artigo 200 da CF/88. Ou seja, o STF só poderá reconhecer a inconstitucionalidade daquilo que foi objeto do pedido, a lei que ofende o artigo 200, da CF/88.
Esse princípio, o da congruência, é a regra, logo a exceção será a inconstitucionalidade por arrastamento ou consequencial. Ou seja, todos os demais artigos que dependam daquele artigo o qual fora pedida a inconstitucionalidade, o STF poderá dar como inconstitucional desses artigos por arrastamento, por consequência, inclusive o decreto que regulamentou esse ou esses artigos.
Cognição aberta no STF.
O que significa cognição aberta no controle concentrado. O pedido de inconstitucionalidade da lei é em relação a um determinado artigo da constituição, contudo o STF reconhece a inconstitucionalidade da lei em relação a outro artigo que não aquele utilizado no pedido autoral. Ou seja, o STF dá outro fundamento para a decisão.
Modulação ou manipulação dos efeitos da decisão
O Supremo Tribunal Federal proferiu, em várias oportunidades, decisões com modulações de seus efeitos com o intuito de dar interpretação conforme a constituição a certos dispositivos normativos. Com o advento da Lei 9.868, de 1999, essa questão foi, enfim, positivada. O artigo 27 da referida lei estabeleceu que: 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
Assim, é importante o entendimento de que a regra é “erga omnes”, “ex tunc” e vinculante, conforme já dito alhures. Contudo o STF pode modular ou manipular os efeitos da decisão, autorização que se encontra no art. 27, lei 9.868/99. Sendo, então, perceptível, que o legislador brasileiro optou por um modelo diferenciado, em que é possível, a depender do caso, a adoção de outras medidas que não somente a declaração de nulidade total da norma. 
Requisitos para tanto:
· Razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social;
· + Maioria qualificadade 2/3 dos ministros;
As Consequências disso:
O STF pode restringir os efeitos da decisão declaratória pode também reduzir a eficácia para “ex nunc”, ou seja, a partir de seu transito em julgado ou ainda pro futuro.
Exemplo desta última:
*O prazo da defensoria pública para recorrer poderá terminar após as defensorias serem todas implementadas.
Assim, no que diz respeito ao aspecto temporal, o artigo 27 da lei de n. 9.868/99 prevê que o Supremo Tribunal Federal terá a opção de declarar a inconstitucionalidade apenas a partir do trânsito em julgado da decisão (declaração de inconstitucionalidade ex nunc). Poderá, ainda, declarar a inconstitucionalidade, com a suspensão dos efeitos por algum tempo a ser fixado na sentença (declaração de inconstitucionalidade com efeito pro futuro). De forma que, nessa hipótese, por motivo de segurança jurídica ou de interesse social, a lei continuará sendo aplicada por um determinado prazo, a ser determinado pelo próprio Tribunal.
Pergunta:
Essa regra se aplica somente ao concentrado ou pode ser aplicada ao difuso?
A regra é a utilização da modulação somente no modelo concentrado, porém no STF já ocorreu no modelo difuso (julgamento do município de Mira Estrela – uma das características da abstrativização do sistema difuso).
A ADI cria, inaugura, o processo objetivo que é marcado pela generalidade abstração e impessoalidade. Ou seja, é um processo sem partes no sentido formal, não existindo uma lide concreta em questões individuais.
Inconstitucionalidade chapada? 
É expressão utilizada pelo Ministro Sepulvida Pertence e é uma inconstitucionalidade evidente.
PRAZO DECADENCIAL DA ADI
O seu ajuizamento não está sujeito a algum prazo decadencial ou prescricional, tendo em vista que os atos inconstitucionais não se convalidam com o decurso do tempo.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE
Em 1988, originariamente, não existia tendo sido introduzida pela EC 03/94, com a finalidade de afastar a insegurança jurídica ou a situação de incerteza que paire sobre a validade da Lei ou ato normativo federal para, ato contínuo, preservar a supremacia da ordem jurídica constitucional.
 
Ainda que sejam presumidos constitucionais, as Leis e os atos normativos, por vezes essa presunção vem atacada por se caracterizar, essa presunção, como relativa e não absoluta, como se poderia pensar. De modo que, não gozam da tranquilidade que gera a presunção absoluta. 
Em sendo assim, esta ação possui o objetivo de transformar a presunção relativa de constitucionalidade em presunção absoluta de constitucionalidade, em razão de seus efeitos vinculantes.
Logo, é em decorrência de uma insegurança jurídica ou da demora em relação a uma questão que pode trazer a insegurança jurídica ocasionada por decisões contraditórias sobre um mesmo tema. 
Legitimidade: Inicialmente eram apenas 04 (quatro) os legitimados – o presidente da república, mesa da câmara, mesa do Senado e PGR. Contudo em 2004 (EC/45) alastrou essa legitimidade para os mesmos do Art. 103, CF/88.
Competência: STF (Art. 102, I, a)
Objeto de controle: Lei ou ato normativo federal (art. 102, I, a).
Efeitos da decisão: “erga omnes” vinculante. Obriga os demais órgão do poder judiciário e as Administrações públicas federal, estadual e municipal. E “ex tunc”.
Obs. Aqui é possível a concessão do provimento cautelar, quando ficarão suspensos todos os processos até provimento final do Supremo Tribunal Federal a respeito do objeto do controle. Quando o STF deverá julgar a ação no prazo de 180 dias (§único, do artigo 21, da Lei 9.868/99.
Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.
A petição inicial deverá demonstrar a existência de controvérsia jurídica relevante, ou seja, se junta cópia das várias liminares ou finais contraditórias.
Procedimento:
· O PGR obrigatoriamente deve ser ouvido, em 15 (quinze) dias na qualidade de “custus legis”;
· O AGU não precisa ser citado (já se pede a constitucionalidade);
· Não existe intervenção de terceiros;
· A decisão é irrecorrível;
· Não cabe ação rescisória;
· Não se admite a desistência;
· Se houver advogado, deverá estar munido de instrumento procuratório;
· Inadmissibilidade de terceiros (não há sujeito passivo);
 
Obs. ADI e ADC são ações com sinais trocados (ambivalentes – decisões dúplices – art. 24, da lei 9.868/99).

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