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ANÁLISE DO FUNDO ESPECIAL DE ASSINTÊNCIA FINANCEIRA AOS PARTIDOS POLÍTICOS

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ANAMÁRCIA NASCIMENTO DANTAS
ESTER ALMEIDA NOLASCO XAVIER
LUAN DAVIDSON BORGES RIBEIRO
RAÍSSA SPÓSITO PAIM
RENATA DE SENA LACERDA VEIGA 
VIRGÍLIO RIBEIRO MARTINS NETO
ANÁLISE DO FUNDO ESPECIAL DE ASSINTÊNCIA FINANCEIRA AOS PARTIDOS POLÍTICOS 
VITÓRIA DA CONQUISTA
2020
ANAMÁRCIA NASCIMENTO DANTAS
ESTER ALMEIDA NOLASCO XAVIER
LUAN DAVIDSON BORGES RIBEIRO
RAÍSSA SPÓSITO PAIM
RENATA DE SENA LACERDA VEIGA 
VIRGÍLIO RIBEIRO MARTINS NETO
ANÁLISE DO FUNDO ESPECIAL DE ASSINTÊNCIA FINANCEIRA AOS PARTIDOS POLÍTICOS 
Trabalho apresentado à disciplina de Direito Eleitoral, ministrada pelo docente Thaine Dutra , no curso de Direito da Faculdade de Tecnologia e Ciência – FTC, como requisito de avaliação parcial.
VITÓRIA DA CONQUISTA 
2020
FUNDO PARTIDÁRIO 
Introdução
O fundo partidário possui um nome técnico de Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos. Existente no Brasil desde 1965 e criada a partir de uma lei orgânica, o fundo partidário tem o intuito de custear a “sobrevivência” dos partidos como um todo, não restrito as campanhas eleitorais, e sim com a manutenção básica como o pagamento de água, luz e outras contas para o mantimento de uma sede e para fundações de pesquisa por exemplo.
	Este fundo exige que os partidos políticos, para serem beneficiados com a assistência, devem ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e que tenham suas prestações de contas regulares. É constituído de dotações da União, multas, penalidades, doações e até recursos particulares, tudo previsto em lei. Além disso, a distribuição do fundo é feita de forma mensal, sendo dividida em 2 fontes, a duodécimos (dotações mensais, sempre no mesmo valor), e as multas eleitorais (dependem do total arrecadado no mês anterior).
É importante destacar que o Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, não pode ser com
Fundida com o polêmico Fundo Especial de Financiamento de Campanha criado em 2017 pela Lei nº 13.487, uma vez que o segundo é distribuído aos partidos políticos para que estes possam financiar suas campanhas nas eleições, enquanto o fundo partidário é um financiamento mais amplo.
Contexto histórico do Fundo Partidário
O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos foi criado a primeira vez em 1965, durante a ditadura militar, no então governo do presidente Castello Branco. O Fundo Partidário estava previsto na Lei Orgânica dos Partidos Políticos – LOPP, Lei 4.740, publicada em 15 de julho de 1965. Seu objetivo seria garantir que os partidos tenham autonomia financeira, permitindo sua existência e criando espaço para a diversidade de ideias na nossa política. 
Em 21 de julho de 1971, a Lei nº 5.682 substituiu a primeira Lei Orgânica dos Partidos Políticos, mas manteve em seu conteúdo o Fundo Partidário. Na Constituição 
Brasileira de 1988, em seu art. 17, § 3º, estabelece que os partidos políticos terão direito a recursos dele provenientes. E em dia 19 de setembro de 1995, a Lei dos Partidos Políticos em vigor, Lei nº 9.096, foi publicada. Regulamento o Fundo Partidário em seu Capítulo II, Art. 38.
Como Fundo Partidário Funciona 
	Através do sistema partidário eleitoral, como prevê a legislação, os recursos do fundo advêm do orçamento da União. Para que possam receber esses recursos, os partidos devem estar em dia com o TSE, e deve fazer prestação de contas de forma anual.
	São destinados 5% do valor para todas as siglas, divididas em partes iguais. Os outros 95% são distribuídos de maneira proporcional aos votos obtidos na última eleição para a câmara dos deputados.
Conforme a legislação, 20% do fundo é destinado para a criação e manutenção de um instituto de pesquisa ou fundação. Outros 5% tem como objetivo fomentar a participação das mulheres na política. O Fundo é utilizado também para a manutenção das sedes, pagamento de pessoal, campanhas institucionais, entre outros.
Financiamento Eleitoral no Brasil vantagens e desvantagens
No Brasil a Constituição Federal de 1988 não estipulou um modelo de financiamento específico, porém, criou, no entendimento de Daniel Sarmento, uma moldura que deve servir de orientação para essas regras. Esse direcionamento está exatamente no princípio democrático, republicano e no princípio da igualdade política.
É necessário se atentar a todos os aspectos que estão envolvidos para compreender o sistema de financiamento eleitoral. O financiamento de uma campanha engloba todos os recursos materiais que um candidato ou partido empregam com a finalidade de captar votos. Podendo esse financiamento ser público, privado ou de caráter misto, cada um com características específicas. 
 Financiamento público
A característica fundamental do financiamento público é a disponibilização de recursos financeiros pelo Estado, tendo como fonte um manancial de recursos públicos. No Brasil, o exemplo de recursos públicos para o financiamento político é o Fundo Partidário, regulamentado pela Lei 9.096/1995, composto de multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos da legislação eleitoral; recursos financeiros destinados por lei; doação de pessoa jurídica efetuada diretamente na conta do Fundo Partidário; dotações orçamentárias da União. Outra forma de financiamento público são as provisões direcionadas à propaganda eleitoral gratuita.
É importante salientar que o financiamento público não inclui doações financeiras de entidades ou governos estrangeiros. Ou seja, o partido ou candidato não podem receber de forma de direta ou indireta nenhum financiamento em dinheiro ou estimável em dinheiro dessas instituições.
Ficam também vedadas as doações por órgão da administração pública direta ou indireta ou fundação mantida com recursos provenientes do Poder Público; concessionário ou permissionário de serviço público; entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de disposição legal; entidade de utilidade pública; entidade de classe ou sindical; pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior; entidades beneficentes ou religiosas; entidades esportivas; organizações não-governamentais que recebam recursos públicos; organizações da sociedade civil de interesse público (art. 24 da Lei 9.504/1997).
A ideia subjacente à concessão de financiamento público é que este garanta um nível adequado de recursos para que a competição eleitoral contenha opções reais para as partes que disputam o acesso a posições de governo, ou espaços de representação parlamentar com base em oportunidades equitativas, e não em função de maiores ou menores recursos financeiros, que poderiam transformar os processos eleitorais em meros ritos democráticos, com ganhadores e perdedores pré-determinados. A intenção é conjurar, até onde seja possível, os riscos palpáveis que significa para a competição democrática o fato de que os partidos possam ser prisioneiros de grandes agentes do 
mercado, ou inclusive, de grupos de interesse que operam à margem da legalidade (WOLDENBERG, 2003, p. 20-21).
Conforme David Samuels, o financiamento público possui argumentos a seu favor, como o fato de ser altamente “democrático”, já que “garante um nível de financiamento para todos os partidos, independentemente de os seus eleitores serem ricos ou pobres’. (SAMUELS, 2003, P.384; 2006, P. 149). De acordo com Rubio, o financiamento público de partidos políticos e campanhas eleitorais produz os seguintes incentivos:
Gera condições de competição eleitoral equitativa a participação de partidos ou candidatos que carecem de recursos e não tem capacidade de arrecadação; evita a pressão direta ou indireta dos capitalistas e doadores sobre os atores políticos; diminui a necessidade de fundos dos partidos e candidatos; reduz o potencial de corrupção; contribui para a sustentação e o fortalecimento dos partidos com atores fundamentais para o funcionamento das democracias representativas. (RUBIO, 2005, p.8).
Além disso, em tese, o financiamento público reduziria o impacto dos interesses
econômicos na política e fortaleceria os partidos políticos, pois eliminaria a busca desenfreada dos candidatos por dinheiro do interesse econômico privado e forçaria os partidos a adotar estratégias de campanhas voltadas para programas de políticas nacionais mais claras para o eleitorado. (SAMUELS, 2003, P.384; 2006, P. 149)
Portanto, o financiamento exclusivamente público poderia ser defendido tão somente como uma possível aposta para promover a autonomia dos partidos frente ao poder econômico, disputas mais equitativas e o combate à corrupção eleitoral, sem, no entanto, ignorar os poderosos inconvenientes aos quais está associado. 
Entretanto, pode se dizer que um ponto negativo desse modelo é um excesso de burocracia causado pela dependência exclusiva dos fundos públicos, o que pode, inclusive, causar uma diminuição da liberdade de atuação das organizações partidárias, uma vez que os competidores estariam inteiramente dependentes do Estado.
Outra posição contrária ao financiamento público exclusivo atenta, inicialmente 
ao fato de que o financiamento privado não é um problema quando feito em um volume razoável e com transparência. A possibilidade em alguma medida de financiamento privado possibilita um engajamento político maior da sociedade, exigindo que as propostas dos representantes estejam em sintonia com a sociedade. Ou seja, parte-se da premissa que o financiamento bom ou ruim não está na modalidade escolhida, mas na forma como ocorre. 
 Financiamento privado
O primeiro ponto positivo a se considerar sobre o financiamento privado é que este se constitui como uma fonte democrática de contribuição, sendo uma forma do cidadão exercer sua participação política. Assim, é uma maneira de relacionar o indivíduo e os partidos, como representantes oficiais da sociedade. Neste sentido, quando o cidadão decide fazer uma doação a determinado partido, interpreta-se que existe ali uma similaridade ideológica e que a agremiação o representará de maneira satisfatória. Ou seja, esse pode ser mais um meio que a sociedade tem de demonstrar seus anseios.
No entanto, temos que considerar toda a problemática que pode envolver o financiamento privado, como a dependência dos partidos de determinadas fontes de financiamento de empresas e pessoas físicas com alto poder aquisitivo, fazendo com que estes entes ganhem um poder de influência desmedido nas decisões das organizações partidárias. Assim como a busca para obter o maior volume de recursos financeiros sem que se considere a origem desses valores.
Em virtude dessa preocupação, no Brasil, as atividades políticas podem contar com as doações privadas. Porém, essa possibilidade se restringe, hoje, às pessoas físicas, pois na ADI 4650, sob a relatoria do Ministro Luiz Fux, ficaram vedadas as doações feitas por pessoas jurídicas, a partir das eleições de 2016.
Para pessoas físicas, o limite de doação pode ser até 10% do seu rendimento bruto do ano anterior ao da campanha (§ 1º do art. 23 da Lei 9.504/1997 atualizada pela Lei 13.165/2015). Além de doações em dinheiro dos cidadãos, pessoas físicas podem doar bens estimáveis em dinheiro relativas à utilização de bens móveis ou imóveis de propriedade do doador, desde que não ultrapasse o limite de R$ 80.000,00.
 Financiamento misto
O financiamento misto, aquele que pode ser feito por recursos públicos e privados, é apontado hoje como uma das melhores opções para construir um equilíbrio que responde às necessidades de um processo eleitoral saudável. Haja vista ser esse o maior desafio do financiamento partidário. Pois tanto no campo público ou privado, a utilização do dinheiro na política produz, automaticamente, uma má distribuição dos recursos.
Logo, o objetivo é que essa combinação entre as duas modalidades de financiamento possa constituir uma possibilidade que reduza os maiores danos de cada um. No Brasil o financiamento das eleições tem um caráter misto, divididos em fundo partidário e propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, e recursos de pessoas físicas e próprios dos candidatos. Pode-se encontrar a sua regulamentação na Lei 9.504/1997, conhecida como Lei das Eleições, e na Lei 9.096/1995, a chamada Lei Orgânica dos Partidos Políticos.
Conclusão 
Os partidos políticos são mantidos anualmente a mais de cinquenta anos pelo fundo partidário, onde os partidos e seus comitês devem prestar conta e cumprir regras estabelecidas em leis. E os recursos para manutenção dessa fonte advêm da união, e são distribuídos proporcionalmente de acordo os números de votos da última eleição para deputados. 
Os partidos devem utilizar dessa fonte como forma de quitar suas despesas, e financiar politicas que convidem a participação mais ativa da população, principalmente incluindo mais as mulheres nas decisões da sociedade.
O motivo do repasse dessa fonte é importante para que haja na sociedade uma participação mais equitativa por diversos partidos políticos nas eleições. Gerando o engajamento a possibilidade da participação de grupos políticos menores que não conseguem se manter exclusivamente dos seus recursos, e freando partidos maiores para que não usem do maior poder econômico e venha a se tornarem exclusivos na política.
Porém nada impede que esses partidos recebam doações privadas de pessoas físicas, é até um meio para que pessoas vejam a importância de participar ainda 
ativamente das decisões, e ajudar na construção da ideologia de determinado partido.
Porém na atualidade, pelo mau uso de determinados responsáveis por gerenciar esses recursos, usando de interesses que vão contra as ideias do fundo, levou o STF a decidir que pessoas jurídicas não devem participar na manutenção dos partidos políticos, assim tornando cada vez mais a importante a participação dos eleitores. Portando o fundo partidário do Brasil é misto, tornando assim um processo que busca um processo cada vez mais democrático nas eleições do país.
Referências Bibliográficas:
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NASSMACHER, Karl-Heinz. O financiamento de partidos na Alemanha posto à prova. In: SPECK, Bruno Wilhelm et all. Os custos da Corrupção. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 2000.
RUBIO, Delia F. Financiamento de partidos e campanhas fundos políticos versus fundo privados in Novo Estudo Cebrap, São Paulo, nº 73, nov, pp.5-15. 2005.
SAMUELS, David. “Financiamento de campanhas no Brasil e propostas de reforma” in SOARES, Gláucio A. O. &RENNÓ, Lucio R. (ongs). Reforma política lições da história recente. São Paulo: Editora FGV, pp. 133-153. 2006.
WOLDENBERG, J. Relevancia y actualidad de la contienda político-electoral. In: CARRILLO, M. et al. Dinero y contienda político-electoral. México: Fondo de Cultura Económica, 2003. 
Ferreira, Manoel Rodrigues. A evolução do sistema eleitoral brasileiro / Manuel Rodrigues Ferreira. – 2. ed., rev. e alt. – Brasília: TSE/SDI, 2005.
CHAIA, Vera Lucia M... Reformas do sistema partidário e o poder central no Brasil, em Revista São Paulo em Perspectiva, São Paulo: Fundação SEADE, vol.3, no. 01 – Jan/ Mar/1989.
Silva, Tiago. Eleições no Brasil antes da democracia: o Código Eleitoral de 1932 e os pleitos de 1933 e 1934 em Revista de Sociologia e Política, Rev. Sociol. Polit. vol.23 no.56 Curitiba dez. 2015
Moisés, José Álvaro. Eleições, participação e cultura política: mudanças e continuidades em Lua Nova: Revista de Cultura e Política, Lua Nova no.22 São Paulo Dec. 1990
GOMES, Angela de Castro e ABREU, Martha. A nova “Velha” República: um pouco de história e historiografia. Revista Tempo, n. 26, janeiro de 2009 
KINZO, Maria D’Alva Gil. Representação política: perspectivas e um exame da experiência brasileira. Dissertação de Mestrado. São Paulo: PUC-SP, 1978.

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