Buscar

06 Variações individuais, estilo de aprendizagem, personalidade e temperamento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PSICOLOGIA DA 
EDUCAÇÃO
Carla Flores Carvalho
Variações individuais: 
estilos de aprendizagem, 
personalidade e 
temperamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Explicar os diversos estilos de aprendizagem e pensamento.
 � Definir os conceitos de personalidade e temperamento.
 � Listar três tipos de temperamento infantil e avaliar estratégias de 
ensino para cada um deles.
Introdução
Neste capítulo, estudaremos os diversos estilos de aprendizagem e pen-
samento, os conceitos de personalidade e temperamento, bem como 
os tipos de temperamento infantil e as formas de avaliar as estratégias 
de ensino para eles.
As principais teorias da aprendizagem são: o behaviorismo de Skinner, 
o construtivismo de Piaget e o humanismo de Rogers. Cada pessoa tem 
o seu estilo de aprender e pensar, bem como apresenta personalidade 
e temperamento diferentes, variações individuais que podem ser perce-
bidas em diferentes estilos de aprendizagem.
Estilos de aprendizagem e pensamento
Estilos de aprendizagem e pensamento não são capacidades, mas, sim, maneiras 
preferidas de utilização das capacidades (STERNBERG, 1997). Dessa forma, 
podemos aprender e pensar por meio de diversas maneiras.
Aprender é construir “[...] seus conhecimentos e sua afetividade na 
interação [...]” com outros sujeitos e “[...] por meio de influências recíprocas 
que vão estabelecendo cada sujeito constrói o seu conhecimento de mundo 
e o conhecimento de si mesmo como sujeito histórico [...]” (LOPES, 1996, 
p. 111).
Cada pessoa apresenta diferenças individuais, sendo assim, a sua história 
de vida irá influenciará no modo pelo qual ela organizará e processará as 
informações recebidas pelo meio.
É inegável que cada pessoa apresente interesses, valores, motivações, 
cultura, aspirações diferentes umas das outras, pois a forma como assimila os 
dados recebidos do meio onde está inserida é percebida de maneira diferente, 
ou seja, individual.
Os estudos sobre os estilos cognitivos foram desenvolvidos com base 
em interesses nas diferenças individuais da capacidade de pensar, perceber, 
lembrar de fatos e situações e resolver problemas. Santos, Bariani e Cerqueira 
(2000) afirmam que, desde o século IX, estudiosos já tinham interesse 
pelas variações individuais nos modos de pensamento, porém a expressão 
“estilo cognitivo” foi usada pela primeira vez por Allport, em 1937. Esse 
autor considerava que todas as pessoas tinham tendências ou predisposições 
cognitivas e afetivas, que seriam os modos básicos para atuar e pensar e 
determinariam as percepções e os julgamentos, sendo denominados de estilos 
cognitivos (ALLPORT, 1973).
Bariani (1998) destaca que os estilos cognitivos, além de serem carac-
terísticas da estrutura cognitiva do indivíduo, também são modificados 
direta ou indiretamente pela influência de novos eventos, como os fatores 
biológicos, a própria cultura e as experiências de vida. Para o autor, os 
estilos são estruturas relativamente estáveis e podem sofrer impacto de 
experiências vividas durante os anos de escolaridade, inclusive na etapa 
do ensino superior.
Santos, Bariani e Cerqueira (2000) estudaram os estilos cognitivos por 
meio de seus fatores psicológicos, adotando quatro dimensões. Veja, a seguir.
Campo dependente versus campo independente
Campo dependente: este estilo cognitivo caracteriza indivíduos que re-
querem reforçamento extrínseco em suas atividades e têm como base uma 
estrutura externa de referência; assim, optam por conteúdos e sequências 
preestabelecidos. Preferem trabalhar em grupo e atribuem importância a uma 
Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento2
interação informal no ambiente escolar (relação professor-aluno); no entanto, 
apresentam dificuldades em fazer avaliações críticas. Quando nos referimos 
que o indivíduo requer um reforço extrínseco, estamos dizendo que ele precisa 
de um apoio externo.
Campo independente: característica própria de indivíduos que tomam como 
base estruturas internas de referência e, por isso, optam por participar da 
organização de conteúdos e sequências. Preferem trabalhar individualmente 
e importam-se mais com o conteúdo do que com a interação professor-aluno. 
Não apresentam dificuldades em fazer análises críticas referentes às outras 
pessoas.
Impulsividade de resposta versus reflexividade
Impulsividade de resposta: característica comum às pessoas que costumam 
responder sem uma prévia reflexão. Não dão importância à ponderação e à 
organização que precede a ação.
Reflexividade de resposta: diz respeito às pessoas que se atêm mais às pon-
derações e organizações que antecedem uma resposta. Seus pensamentos são 
mais ordenados e contínuos.
A dimensão impulsividade/reflexividade de resposta está ligada à organi-
zação da atenção. A impulsividade tende a dar respostas imediatas e, conse-
quentemente, muitas vezes, imprecisas, com pouca ponderação e organização 
prévia. Já a reflexividade se refere a uma tendência para analisar e diferenciar 
estímulos complexos.
Convergência de pensamento versus divergência
Convergência de pensamento: constitui um aspecto que identifica indivíduos, 
cujo pensamento obedece ao raciocínio lógico, que têm habilidades para lidar 
com questões que exigem uma solução determinada a partir das informações 
fornecidas. Têm mais facilidade em trabalhar com tarefas mais convencionais 
e estruturadas, que requerem lógica. São pessoas disciplinadas, acomodadas 
e conservadoras.
Há uma identificação do pensamento convergente com o pensamento lógico 
e o raciocínio. Indivíduos com essa dimensão acentuada são hábeis em lidar 
3Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento
com problemas que requerem uma clara resposta convencional (uma solução 
correta), com base nas informações fornecidas. São inibidos emocionalmente 
e identificados como mais conformistas, disciplinados e conservadores (BA-
RIANI, 1998; BARIANI; SISTO; SANTOS, 2000).
Divergência de pensamento: é relativo à imaginação, criatividade, origina-
lidade e fluência. São indivíduos que apresentam pouca sociabilidade e traba-
lham melhor com problemas menos estruturados, que requerem quantidade, 
variedade, originalidade e generalidade das respostas.
O pensamento divergente é associado à criatividade, a respostas imagina-
tivas, originais e fluentes. Os indivíduos com essa predominância preferem 
problemas informais, sendo hábeis em tratar de problemas que demandam 
a generalização de várias respostas igualmente aceitáveis. Socialmente, são 
considerados irritadiços, disruptivos e até ameaçadores (BARIANI, 1998; 
BARIANI; SISTO; SANTOS, 2000).
Holista versus serialista
Holista: caracteriza aqueles que analisam uma tarefa sob o ponto de vista 
global, tentando estabelecer relações entre suas partes com a elaboração de 
hipóteses complexas. Indivíduos com pensamento holista dão maior ênfase 
ao contexto global desde o início de uma tarefa, preferem examinar uma 
grande quantidade de dados, buscando padrões e relações entre eles. Usam 
hipóteses mais complexas, às quais combinam diversos dados (RIDING; 
WHEELER, 1995; SANTOS; BARIANI; CERQUEIRA, 2000; BARIANI; 
SISTO; SANTOS, 2000; ZHANG, 2002).
Serialista: são os indivíduos que trabalham com um problema, partindo de 
aspectos específicos e separados, que posteriormente serão integrados para 
a confirmação ou refutação de hipóteses simples, as quais, “passo a passo”, 
possibilitarão a resolução de um problema.
Os serialistas dão maior ênfase a tópicos separados e em sequências lógicas, 
buscando padrões e relações somente mais tarde no processo, para confirmar ou 
não suas hipóteses, as quais são mais simples, além de uma abordagem lógico-
-linear (RIDING; WHEELER, 1995; SANTOS; BARIANI; CERQUEIRA, 
2000; BARIANI; SISTO; SANTOS, 2000; ZHANG, 2002).
Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento4
Salienta-se que o estilo cognitivo indica a tendênciada pessoa a se 
comportar de determinada maneira, o que, por exemplo, influencia nas 
suas atitudes. Sendo assim, eles representam o modo preferido da pessoa 
processar a informação e descrevem o modo de ela pensar, relembrar ou 
resolver problemas.
Percebe-se a importância dos estilos cognitivos para o desenvolvimento da 
aprendizagem, pois eles possibilitam a valorização das características de cada 
indivíduo, oferecendo a oportunidade de se adaptarem as diversas exigências 
do mundo contemporâneo.
Para saber mais sobre as teorias de aprendizagem, leia o livro Teorias de aprendizagem, 
escrito por Marco Antonio Moreira, 2. ed. (2011).
Conceitos de personalidade e temperamento
Vários são os conceitos atribuídos à personalidade e ao temperamento. Para 
a Associação Americana de Psicologia - APA (AMERICAN PSYCHIATRIC 
ASSOCIATION, 2002, p. 771), a personalidade é constituída por “[...] padrões 
persistentes de perceber, se relacionar e pensar sobre o ambiente e sobre si 
mesmo [...]”. O senso comum utiliza o termo personalidade para referir uma 
característica marcante de uma pessoa, e esse apresenta muitas variações 
de significado, mas, em geral, dá uma noção da unidade que integra o ser 
humano.
Tavares (2006) diz que a personalidade pode ser conceituada como um 
conjunto de características que conferem uma identidade única a cada indi-
víduo, determinando os padrões de pensar, sentir e agir. Essas característi-
cas são moldadas pela interação entre disposições naturais do indivíduo e 
experiências ao longo da vida. Embora elas sejam relativamente estáveis ao 
longo do tempo, têm certa flexibilidade a fim de permitir um bom ajuste do 
indivíduo ao ambiente.
5Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento
Uma das formas de diferenciar um ser humano do outro é a personali-
dade, que se estrutura a partir das experiências e vivências concretas das 
pessoas no meio onde estão inseridas, considerando seus aspectos culturais, 
educacionais, seus hábitos, suas crenças, entre outros. Uma das teorias da 
personalidade mais conhecidas é a psicanálise, postulada por Sigmund Freud, 
em 1890, a qual afirma que a estrutura da personalidade já está formada 
aos quatro ou cinco anos de idade. A personalidade engloba assuntos como 
temperamento e caráter.
Delisle (1999) caracteriza a personalidade como um específico e relati-
vamente estável modo de organizar os componentes cognitivos, emotivos 
e comportamentais da própria experiência. O significado (cognitivo) que 
uma pessoa atribui aos eventos (de comportamento) e os sentimentos 
(emocional) que acompanham esses eventos permanecem relativamente 
estáveis ao longo do tempo e proporcionam um senso individual de identi-
dade. Personalidade é esse senso de identidade e o impacto que ele provoca 
nas outras pessoas.
Segundo Cloninger, Svrakic e Przybeck (1993), a personalidade é concebida 
como uma interação dinâmica entre dimensões de temperamento, componente 
constitucional herdado, e dimensões de caráter, que são características adqui-
ridas por meio do aprendizado e da experiência. O temperamento reflete 
diferenças individuais no aprendizado de hábitos por meio de recompensa e 
punição e é representado por quatro dimensões: busca de novidades, esquiva 
ao dano, dependência de gratificação e persistência.
De acordo com o modelo de Cloninger, Svrakic e Przybeck (1993), o caráter 
é desenvolvido a partir das relações do eu: eu - comigo, eu - com o outro e 
eu – com o meio, cujo objetivo é adaptar o indivíduo ao meio. As dimensões 
de caráter são:
 � Autodirecionamento (AD): diz respeito à relação do sujeito consigo
próprio e refere-se à força de vontade, autodeterminação, habilidade de
controle das situações, adaptação de comportamentos de acordo com as 
metas estabelecidas e os valores pessoais, ao adiamento de gratificação 
imediata, à aceitação de suas fraquezas e ao reconhecimento de suas 
qualidades.
Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento6
 � Cooperatividade (CO): representa a relação do indivíduo com o outro 
e envolve empatia, tolerância, aceitação social, prontidão para ajudar 
e amabilidade.
 � Autotranscendência (AT): refere-se à relação do indivíduo com o 
meio — isto é, sentir-se parte integrante da natureza, do universo — e 
envolve sentimentos de contemplação, meditação, aceitação espiritual 
e misticismo.
A personalidade é resultado da interação entre temperamento e caráter, que 
salientam e dão significado a toda experiência (CLONINGER; SVRAKIC; 
PRZYBECK, 1993).
Freud, em 1923, começa a escrever sobre as estruturas da personalidade, 
ou seja, sobre o id, ego e superego (Figura 1). Para Freud, o id é o reservatório 
inconsciente das pulsões, as quais estão sempre ativas, e é regido pelo prin-
cípio do prazer, exigindo satisfação imediata desses impulsos, sem levar em 
conta a possibilidade de consequências indesejáveis. Cabe lembrar que o id 
representa o nosso mundo interno, ou seja, a experiência subjetiva, não tendo 
conhecimento da realidade, que é a nossa experiência objetiva.
Já o ego funciona geralmente a nível consciente e pré-consciente, embora 
também contenha elementos inconscientes, pois evoluiu do id. Ele é regido 
pelo princípio da realidade, buscando, assim, agir de maneira adequada frente 
às diversas situações apresentadas, reprimindo os impulsos do id. O ego se 
manifesta por meio da memória, dos sentimentos, pensamentos, ou seja, ele 
estrutura a personalidade do indivíduo.
O superego é a estrutura que serve como um sensor das funções do ego, 
sendo a fonte dos sentimentos de culpa e do medo de punição. Ele é a interna-
lização do julgamento moral e a percepção das normas e dos valores sociais 
e morais, que nos foram transmitidos quando crianças, bem como os nossos 
conceitos de certo e errado, sendo a arma moral da personalidade. Ele costuma 
nos controlar e nos punir, tendo como principais funções: inibir os impulsos 
do id e lutar pela perfeição.
O id, o ego e o superego são estruturas que não atuam com propósitos 
diferentes, pois trabalham juntas, interagindo entre si, sob a liderança do ego. 
É sempre bom lembrar que a personalidade funciona como uma unidade, 
sendo o id o seu componente biológico, o ego o seu componente psicológico 
e o superego o seu componente de personalidade.
7Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento
Figura 1. Demonstração da teoria de id, ego e superego.
Fonte: Adaptada de Crystal Eye Studio/Shutterstock.com.
Inconsciente
Consciente
Preconsciente
Para saber mais, assista ao filme Freud além da alma, que mostra todo o percurso que 
Freud fez, por meio de observações, estudos e tratamentos de pacientes até chegar 
à criação da psicanálise.
Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento8
Os três tipos de temperamento infantil e as 
estratégias de ensino para cada um deles
Segundo LaHaye (1997), não existe outra coisa, humanamente falando, que 
possa influenciar tanto a nossa vida quanto o temperamento ou a combinação 
deles. “O temperamento influencia tudo o que você faz – desde os hábitos de 
sono e de estudo, o estilo de alimentação, até a maneira que você se relaciona 
com outras pessoas [...]” (LAHAYE, 1997, p. 9).
Primeiramente, vamos conhecer as fases do desenvolvimento infantil, 
preconizadas por Freud e Piaget, para posteriormente compreendermos melhor 
os tipos de temperamento infantil e as estratégias de ensino que devem ser 
trabalhadas com elas.
Para Freud (1984), são cinco as fases do desenvolvimento infantil.
 � Fase oral (do nascimento aos 12-18 meses): fase importantíssima para o 
desenvolvimento da personalidade. Nesta fase, a exploração e a grati-
ficação são orais. Os lábios, a boca e a língua são os principais órgãos 
de prazer da criança. Seus desejos e suas satisfações se manifestam na 
oralidade, e ela começa a conhecer e explorar o próprio corpo.
 � Fase anal (12-18 meses aos 3 anos): fase importantíssimapara o desen-
volvimento da personalidade. A criança apresenta interesse nas relações 
familiares, aprende a controlar os seus esfíncteres, ou seja, suas fezes 
e urina, sua atenção se localiza no funcionamento anal. Dessa forma, 
a criança começa a controlar o ambiente.
 � Fase fálica (3 a 6 anos): fase importantíssima para o desenvolvimento
da personalidade. Nesta fase, dá-se o complexo de Édipo. A menina tem 
sua identificação com a mãe e ligação romântica com o pai, e o menino 
se identifica com o pai, e a ligação romântica é com a mãe. Apresentam 
interesse pelas diferenças anatômicas entre os sexos.
 � Fase de latência (6 anos até puberdade): o relacionamento se dá com
crianças do mesmo sexo, onde podemos citar o “clube da Luluzinha” e
o “clube do Bolinha”, fortalecendo, assim, a identidade sexual. Aqui, o 
complexo de Édipo é suspenso, e a criança se volta ao conhecimento do 
mundo e inicia o ensino fundamental, quando se inicia a aprendizagem 
dos valores e dos papéis culturalmente aceitos.
 � Fase genital (puberdade até fase adulta): inicia-se a adolescência e
ocorrem mudanças físicas, psicológicas e sociais. O desejo se volta para 
o objeto externo, ou seja, para o outro, desenvolvendo a consciência de
identidades sexuais distintas.
9Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento
Piaget, entre os anos de 1940 e 1945, escreveu, em seus livros, que o 
desenvolvimento infantil se dá por meio de quatro estágios.
 � Sensório-motor (do nascimento aos 2 anos): neste estágio, a criança 
começa a construir esquemas de ação para assimilar o meio e desenvolve 
noções de espaço e tempo, e a inteligência se dá de forma prática.
 � Pré-operatório (2 a 7/8 anos): a criança aqui está num estágio ego-
cêntrico, ou seja, centrada em si mesma, não sabe e não consegue se 
colocar no lugar do outro. Neste estágio ocorre o desenvolvimento da 
linguagem e do pensamento.
 � Operatório-concreto (8 a 11 anos): o desenvolvimento ocorre a partir 
do pensamento pré-lógico para as soluções de problemas concretos. 
A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, 
causalidade. Não se limita à representação imediata, mas ainda depende 
do mundo concreto para chegar à abstração. Inicia-se a capacidade do 
raciocínio do concreto para o abstrato.
 � Operatório-formal (11 anos a toda idade adulta): neste estágio, a criança 
começa a desenvolver soluções lógicas de todas as classes de problemas. 
O raciocínio passa a ser abstrato, e é possível formar esquemas con-
ceituais abstratos, como amor, fantasia, justiça. Com isso, ela adquire 
capacidade para criticar os valores sociais e propor novos códigos de 
conduta; discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios; 
torna-se capaz de aceitar suposições pelo gosto da discussão, é capaz 
de levantar hipóteses e testá-las.
No campo de estudo do temperamento, uma primeira abordagem adveio 
de um trabalho pioneiro realizado por Thomas e Chess, denominado Estudo 
Longitudinal de Nova Iorque (THOMAS et al., 1963 apud MURIS; OL-
LENDICK, 2005). Nela, o temperamento é entendido como uma categoria 
derivada de comportamentos exibidos em um determinado momento de vida, 
resultantes de todas as influências passadas e presentes, as quais os modelam 
e modificam em um processo constante e interativo.
Agora que você já conhece como se dá o desenvolvimento humano, vamos 
abordar as nove categorias de temperamento, segundo Muris e Ollendick (2005): 
nível de atividade, ritmo, aproximação ou retraimento, adaptabilidade, limiar 
de responsividade, intensidade de reação, qualidade de humor, distraibilidade 
e período de atenção e persistência.
Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento10
 � Nível de atividade é referente ao componente motor presente no funcio-
namento de uma criança e na proporção diurna de períodos de ativação 
e passividade.
 � Ritmo é direcionado à previsibilidade e/ou imprevisibilidade no tempo 
de qualquer função.
 � Aproximação ou retraimento estão ligados à resposta inicial a um 
estímulo novo, por exemplo, uma nova comida ou um novo brinquedo.
 � Adaptabilidade se refere à facilidade com que a criança modifica uma 
situação nova ou alterada na direção desejada.
 � Limiar de responsividade está voltada à intensidade do nível de esti-
mulação necessária para evocar uma resposta deliberada, independen-
temente da forma específica que esta pode assumir ou da modalidade 
sensorial afetada.
 � Intensidade de reação diz respeito ao nível de energia da resposta, 
independentemente da sua qualidade ou direção.
 � Qualidade de humor fala da quantidade de prazer, divertimento ou 
comportamento amistoso em comparação ao desprazer, choro e com-
portamento não amistoso.
 � Distraibilidade está direcionada à efetividade de um estímulo ambiental 
externo em interferir no comportamento vigente e alterar sua direção.
 � Período de atenção e persistência é referente, respectivamente, ao pe-
ríodo de tempo que uma atividade particular é realizada pela criança 
e à continuação de uma na presença de obstáculos para a manutenção 
da direção da atividade.
Segundo Rothbart et al. (2003), essas categorias deram origem às seguintes 
classificações de tipos de temperamento:
 � Temperamento fácil, que é caracterizado por regularidade nas funções 
biológicas, respostas de aproximação positiva a estímulos novos, alta 
adaptabilidade à mudança, assim como intensidade de humor de leve 
à moderada e preponderantemente positiva.
 � Temperamento difícil, e se caracteriza por sinais de irregularidade nas 
funções biológicas, respostas de retraimento negativo a novos estímulos, 
não adaptação ou adaptação lenta a mudanças e expressões de humor 
intensas, frequentemente negativas.
 � Temperamento lento para reagir, que é caracterizado pela combinação 
de respostas negativas a estímulos novos com adaptabilidade lenta após 
contatos repetidos.
11Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento
Podemos dizer, segundo as ideias de Rothbart et al. (2003), que as crianças 
de temperamento fácil têm a tendência de se adaptarem rapidamente a novas 
demandas do ambiente, enquanto as de temperamento difícil apresentam 
dificuldades de adaptação a novas situações e humor negativo. Já as crianças 
de temperamento lento apresentavam dificuldades moderadas de adaptação 
frente a novas demandas.
O artigo “Temperamento e desenvolvimento da criança: 
revisão sistemática da literatura”, de Vivian Caroline Klein 
e Maria Beatriz Martins Linhares, fala sobre os diferentes 
autores que trabalham o tema. Acesse o link a seguir ou 
o código ao lado.
https://goo.gl/9CTQzu
ALLPORT, G. W. Personalidade: padrões e desenvolvimento. São Paulo: EDUSP, 1973.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-IV-TR: manual diagnóstico e estatístico 
dos transtornos mentais. 4. ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2002.
BARIANI, I. C. D. Estilos cognitivos de universitários e iniciação científica. 1998. 170 f. Tese 
(Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de 
Campinas, Campinas, 1998.
BARIANI, I. C. D.; SISTO, F. F.; SANTOS, A. A. A. Construção de um instrumento de avalia-
ção de estilos cognitivos. In: SISTO, F. F.; SBARDELINI, E. T. B.; PRIMI, R. (Org.). Contextos 
e questões da avaliação psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
CLONINGER, C. R.; SVRAKIC, D. M.; PRZYBECK, T. R. A psychobiological model of tempe-
rament and character. Archives of General Psychiatry, v. 50, n. 12, p. 975-990, Dec. 1993.
DELISLE, G. Personality disorders: a gestalt-therapy perspective. Otawa: Sig Press, 1999.
LAHAYE, T. Porque agimos como agimos? –2. ed. São Paulo: Press Abba, 1997.
LOPES, A. O. Relação de interdependência entre ensino e aprendizagem. In: VEIGA, 
I. P. Alencastro (Org). Didática: o Ensino e suas relações. Campinas: Papirus, 1996.
Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento12
MURIS, P.; OLLENDICK, T. H. The role of temperamentin the etiology of child psycho-
pathology. Clinical Child and Family Psychology Review, v. 8, n. 4, p. 271-289, Dec. 2005.
RIDING, R. J.; WHEELER, H. H. Occupational stress and cognitive style in nurses: 1. 
British Journal of Nursing, v. 4, n. 2, p. 103-106, Jan. 1995.
ROTHBART, M. K. et al. Developing mechanisms of temperamental effortful control. 
Journal of Personality, v. 71, n. 6, p. 1113-1143, Dec. 2003.
SANTOS, A. A. A.; BARIANI, I. C. D.; CERQUEIRA, T. C. S.Estilos cognitivos e estilos de 
aprendizagem. In: SISTO, F. F.; OLIVEIRA, G. C.; FINI, L. D. T. Leituras de psicologia para 
formação de professores. Petrópolis: Vozes, 2000.
STERNBERG, R. J. Thinking styles. New York: Cambridge University Press, 1997.
TAVARES, H. Personalidade, temperamento e caráter. In: BUSATTO FILHO, G. (Ed.). 
Fisiopatologia dos transtornos psiquiátricos. São Paulo: Ateneu, 2006. p. 191-205.
ZHANG, L.-F. Thinking styles: their relationships with modes of thinking and academic 
performance. Educational Psychology, v. 22, n. 3, p. 331-348, 2002.
Freud, S. Resumo das Obras Completas. Rio de Janeiro. São Paulo. Livraria Atheneu, 
1984.
Leituras recomendadas
BARIANI, I. C. D. et al. Estilos cognitivos de estudantes de psicologia: impacto da 
experiência em iniciação científica. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v. 4, 
n. 2, p. 41-49, 2000.
KLEIN, V. C.; LINHARES, M. B. M. Temperamento e desenvolvimento da criança: revisão 
sistemática da literatura. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 4, p. 821-829, 
out./dez. 2010.
MOREIRA, M. A. Teorias de aprendizagem. 2. ed. São Paulo: EPU, 2011.
SANTROCK, J. W. Psicologia educacional. 3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2009.
THOMAS, A.; CHESS, S. Temperament and development. New York: Brunner/Mazel, 
1977.
13Variações individuais: estilos de aprendizagem, personalidade e temperamento

Continue navegando