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Propriedades da água favoráveis à manutenção da vida Características físico-químicas da água polar, onde o lado (+) positivo (H) atrai das outras moléculas o lado (-) negativo (O), formando as “pontes de hidrogênio”, que são fracas, portanto, facilmente quebradas e remodeladas. Para se quebrar as pontes de hidrogênio são necessários 7 kcal para 1 mol de água no estado líquido e nessa quantidade para se quebrar as ligações covalentes da molécula são necessários 110 kcal. Pontes de Hidrogênio = ligações fracas Relação entre a temperatura e a densidade da água A diminuição da temperatura diminui a agitação das moléculas, aumentando as pontes de hidrogênio Redução da distância média entre as moléculas com um consequente aumento na densidade (que é a relação entre massa e volume que ela ocupa) ⇒ até aproximadamente 4ºC. Em temperaturas abaixo de 4ºC, agregados de moléculas adquirem uma estrutura mais fixa e simétrica (1 átomo de oxigênio ligado a 4 de hidrogênio, e cada hidrogênio a 2 de oxigênio) ⇒ em temperaturas mais baixas, arranjo menos denso, com largos espaços separando-as. A água no estado sólido apresenta menor densidade. Densidade da água Densidade de uma substância é a relação entre massa e volume que ela ocupa. A 4º C, a água tem densidade padrão de 1,000g/cm3. Fatores que influenciam a densidade da água: ✓Salinidade (densidade aumenta com a elevação da concentração de sais). ✓Temperatura (a água alcança seu máximo valor de densidade a 4º C, abaixo ou acima desta temperatura ela diminui). ✓Pressão (interfere na temperatura, reduzindo esta 0,1º C a cada 100 metros de profundidade). Alto calor específico Quantidade de energia necessária para elevar em 1ºC a temperatura de 1 kg de água a 14,5ºC (1 kcal) (valor alto). Menor apenas que: amônia líquida (1,23 kcal) hidrogênio líquido (3,4 kcal) A água pode absorver grandes quantidades de calor sem sofrer grandes alterações de sua temperatura, garantindo, assim, mudanças térmicas somente gradativas. A água conduz calor rapidamente, o que tende a espalhá-lo uniformemente através de um corpo d’água (alta condutividade térmica). Grande estabilidade térmica dos ecossistemas aquáticos. Ex.: em regiões temperadas a variação térmica superficial da água dos lagos pode variar de 0ºC no inverno a 22ºC no verão, enquanto que nos ecossistemas terrestres podem variar de –40ºC a + 40º C. Alto calor de vaporização A água precisa de grande quantidade de calor para evaporar. Portanto, aproximadamente um terço da energia solar que chega à superfície da Terra é dissipado pela água dos rios, lagos e oceanos. aproximadamente um terço da energia solar que chega à superfície da Terra é dissipado pela água dos rios, lagos e oceanos.. A tensão superficial decresce com o aumento da temperatura e com a quantidade de substâncias orgânicas dissolvidas (excretadas por algas, macrófitas aquáticas ou ainda por detergentes e sabões em pó). Capilaridade Capacidade de penetrar em espaços reduzidos, o que permite à água percorrer os microporos do solo, tornando-se acessível às raízes das plantas. Viscosidade da água É a capacidade da água oferecer resistência ao movimento dos organismos e das partículas presentes. Aumenta com: ✓Diminuição da temperatura: A viscosidade de uma massa de água a 30ºC é quase a metade de uma a 5ºC. A 30ºC um organismo planctônico afunda 2x mais rápido que a 5ºC. ✓Aumento do teor de sais dissolvidos. Alta transparência Possibilita a penetração de luz solar até determinadas profundidades, o que favorece a realização da reação de fotossíntese pelos organismos vegetais dotados de clorofila. Capacidade Solvente Característica polar das moléculas atrai partes polares de outras substâncias ou íons de moléculas que foram quebradas. As propriedades solventes da água são responsáveis pela maioria dos minerais nas correntes, rios, lagos e oceanos. A água na maioria dos lagos e rios possuem 0,01-0,02% de minerais dissolvidos. O oceano concentra minerais à medida que a água com depósitos minerais chega através das correntes e rios e a água pura evapora da superfície. Na água do mar: 96,5% é água e 3,5% são substâncias dissolvidas, ou seja, uma salinidade de: 35 ups, 35‰ ou apenas 35. Nas águas continentais a variabilidade dos sais dissolvidos é bem maior, pois depende das características minerais da: •Bacia de drenagem; •Bacia de acomodação; •Características climáticas locais. O CONAMA classifica as águas do território brasileiro de acordo com a salinidade, assim: ✓Água doce (salinidade inferior ou igual a 0,5‰); ✓Água salobra (salinidade entre 0,5‰ e 30‰); ✓Salina (salinidade superior a 30‰). Nutrientes dissolvidos A vida aquática exige muitos elementos minerais: principalmente nitrogênio e fósforo (aminoácidos, ácidos nucléicos...). Nitrogênio entra com facilidade em corpos de água doce, escoamento superficial dos ecossistemas terrestres do entorno. Já o Fósforo em água doce geralmente está em menores concentrações, podendo ser limitante para o crescimento das plantas mais do que o nitrogênio. Nos oceanos as concentrações de fósforo são mais altas que as de nitrogênio. Porém outros compostos também podem dificultar a produção primária nos oceanos abertos: Ex: Ferro; Sílica. pH – Potencial Hidrogeniônico O pH da água pura é perto de 7, ou seja, pH neutro. A variação normal nas águas é entre 6 e 9. Pequenos lagos e correntes e regiões com chuva ácida podem chegar a pH igual a 4. As mudanças climáticas estão acidificando os oceanos. Carbonato de cálcio Íons cálcio em abundância com pH alcalino: Água dura. Pouco cálcio: Água mole. O cálcio é importante para os seres vivos (conchas), portanto os moluscos tendem a serem menos abundantes em águas moles. Gases dissolvidos Dos gases dissolvidos na água o oxigênio é o que possui maior importância metabólica. As principais fontes de oxigênio para a água são: ✓Atmosfera. ✓Fotossíntese. As perdas são o consumo pela: ✓Decomposição da matéria orgânica (oxidação). ✓Perdas para atmosfera. ✓Respiração de organismos aquáticos. ✓Oxidação por íons metálicos (ex: Fe e Mn). Pressão (mm Hg) Umidade relativa (%) Temperatura (OC) Oxigênio solubilizado (mg/l) 760 100 0 14,60 760 100 30 7,59 Portanto, fica claro que os organismos aquáticos tropicais têm, em princípio, menos oxigênio disponível que os de águas temperadas. Principais ecossistemas aquáticos marinhos - I O Sistema Marinho-Costeiro fornece uma série de “serviços ecossistêmicos” aos seres humanos 70% da pop. brasileira está a até 100 km da costa, e cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo Precisamos de Alfabetização Oceânica!!!! Ecossistemas Aquáticos Marinhos ✓ Ecossistemas Oceânicos; ✓ Ecossistemas Costeiros. Geografia e geomorfologia dos oceanos Os oceanos cobrem 71% da superfície terrestre. Em torno de 61% do Hemisfério Norte e 81% do Hemisfério Sul. Os oceanos foram separados em: Oceano Pacífico, Atlântico, Indico, Ártico e Austral ou Antártico. Existem ainda corpos d’água menores, que são chamados de mares (ex: Mediterrâneo, do Caribe, etc.) e possuem características oceanográficas distintas dos oceanos devido a uma circulação mais restrita. Os continentes formam as margens laterais das bacias oceânicas. Partindo da terra, as principais divisões geomorfológicas encontradas são: ✓Costa (Parte da terra firme em contato com o mar e modificada pela ação deste); ✓Plataforma continental (Área contígua à costa, possuindo uma inclinação pouco acentuada); ✓Talude continental (Inicia-se onde a plataforma continental sofre um aumento na inclinação); ✓Elevação continental ou Sopé continental (Segue-se ao talude, onde diminui novamente a inclinação); ✓ Fundo Abissal ou Planície abissal (A inclinação é mínima e podemos encontrar várias feições topográficas: Cordilheiras mesoceânicas, fossas oceânicas, montes submarinos, ilhas vulcânicas, vales e cânions). O ambiente marinho pode ser dividido em dois grandes domínios: • Bentônico, que compreende a totalidade do substrato oceânico, • Pelágico,que corresponde à massa d’ água total situada acima do leito submarino. Horizontalmente, o ambiente pelágico pode ser dividido em: ✓Nerítico (acima da Plataforma Continental). ✓Oceânico. Verticalmente, ele pode ser dividido quanto a penetração de luz: ✓Zona fótica, eufótica ou epipelágica (iluminada, onde ocorre fotossíntese). ✓Zona Afótica (sem luz suficiente para fotossíntese). A parte pelágica da zona afótica pode ser subdividido verticalmente: ✓Mesopelágica; ✓Batipelágica; ✓Abissopelágica; ✓Hadopelágica. No caso dos organismos bentônicos, estes podem viver nas zonas: ✓Entremarés ou Litoral; ✓Sublitoral (Plataforma Continental); ✓Batial; ✓Abissal; ✓Hadal. Produção Primária A produção primária é fundamental para a sustentação de todas as formas de vida na natureza e para a estruturação de todos os ecossistemas, pois através desse processo viabiliza-se fluxos de energia e matéria entre o mundo abiótico e os organismos vivos. No mar, a atividade fotossintética é realizada por diversos tipos de organismos, entre eles: ✓Fitoplâncton. ✓Cianobactérias. ✓Microalgas bentônicas. ✓Macroalgas. ✓Plantas vasculares. ✓Associações simbióticas envolvendo algas (zooxantelas, presentes nos corais). A produção primária anual média de águas costeiras é superior àquela observada em águas oceânicas, devido às maiores concentrações de nutrientes. As regiões costeiras contribuem com 90% do total da produção pesqueira mundial. Várias espécies de valor comercial estão sendo sobrexploradas!!! Ecossistemas Costeiros Entremarés (Região localizada entre o nível mais alto das marés até o mais baixo das marés, portanto, sujeito a ação das marés). Condições Ambientais do entremarés As marés afetam os organismos, pois parte do tempo ficam expostos ao ar e depois submersos, agindo sobre o relógio biológico dos organismos. As altas temperaturas podem causar dissecação dos organismos expostos ao sol. As ondas podem agir: ✓ Diretamente: efeito mecânico, spray salino. ✓ Indiretamente: aumenta o oxigênio dissolvido e diminui a penetração de luz. Salinidade pode variar bastante, devido a chuvas durante as marés baixas, nas poças de maré, etc. Adaptações dos organismos ao entremarés Resistência à perda de água Procuram microhabitats (fendas, buracos, etc.). Se cobrem com conchas, detritos. Fechando as conchas. Produzindo muco. Estresse Mecânico. Firmes no substrato. Conchas resistentes e com formato simples. Respiração Órgãos respiratórios em cavidades. Cavidade do manto funciona como pulmão. ✓Peixes do entremarés possuem guelras reduzidas e podem respirar pela pele (cutânea). Alimentação Geralmente se alimentam apenas na maré cheia, para não dessecarem. Reprodução Geralmente desova nas marés altas e larvas planctônicas. Principais ecossistemas aquáticos marinhos - II Costas arenosas e costas rochosas Costões Rochosos ou Costas Rochosas Os habitats costeiros bentônicos estão entre os ambientes marinhos mais produtivos do planeta. Dentre os ecossistemas presentes na região entremarés e habitats da zona costeira, os costões rochosos são importantes por conter uma alta riqueza de espécies de grande importância ecológica e econômica, tais como mexilhões, ostras, crustáceos e uma variedade de peixes. Por receber grande quantidade de nutrientes proveniente dos sistemas terrestres, estes ecossistemas apresentam uma grande biomassa e produção primária de microfitobentos e de macroalgas. Como conseqüência, os costões rochosos são locais de alimentação, crescimento e reprodução de um grande número de espécies. A grande variedade de organismos e o fácil acesso tornaram os costões rochosos uns dos mais populares e bem estudados ecossistemas marinhos. A grande diversidade de espécies presentes nos costões rochosos faz com que, neste ambiente, ocorram fortes interações biológicas, como consequência da limitação de substrato ao longo de um gradiente existente entre o habitat terrestre e o marinho. Zonação Vertical dos Organismos O aspecto mais notável quando se observa um costão rochoso pela primeira vez é a disposição dos organismos em faixas dispostas horizontalmente no costão, onde cada espécie é mais abundante dentro de uma zona onde as condições favorecem sua sobrevivência. Este padrão de zonação é comum nos costões rochosos do mundo inteiro. As espécies que ocorrem em cada zona podem variar em função das diferentes latitudes, níveis de maré e exposição ao ar, entre outros, porém mostram adaptações especiais para viverem nesta área, sendo a zonação, a estrutura básica reconhecida na maior parte dos ambientes de costões rochosos. Cada espécie é tipicamente mais abundante dentro de uma zona ótima particular, acima ou abaixo da qual sua abundância declina, seja pelo ambiente físico menos apropriado e/ou porque a espécie interage menos favoravelmente com outras. Espécie móveis podem migrar para micro habitats favoráveis e exibir limites “zonais” bem menos definidos. O limite superior do Supralitoral é o local em que não há presença de respingo (“splash”) de água salgada. Nos costões expostos a fortes ondas, sua influência pode ser observada a vários metros de altura, no costão. A região acima do supralitoral é caracterizada por coloração escura devido, principalmente, à presença de líquens ou por cianofíceas. As plantas e os animais do Médiolitoral estão sujeitos a períodos alternados de total imersão ou emersão. A zona do médiolitoral possui um grande número de animais bentônicos que obtêm seu alimento removendo partículas em suspensão e organismos planctônicos da água do mar. Esses incluem principalmente os crustáceos Cirrípedes “cracas” e os moluscos Bivalves. A zona do Infralitoral estende-se deste o limite do médiolitoral até o desaparecimento das algas. Em termos de profundidade, sua posição é bem variada. Em regiões de águas costeiras com alta turbidez, esta zona pode ser totalmente ausente, enquanto que, em áreas com águas claras, pode-se estender até 268 metros. Contudo, normalmente considera-se que a região do infralitoral estende-se até 10-15 metros de profundidade. As algas coralináceas incrustantes são dominantes em várias zonas do infralitoral, especialmente em locais onde a herbivoria é intensa. A vegetação que ocorre na região do infralitoral é reduzida por herbívoros pertencentes a uma variedade de grupos taxonômicos, tais como ouriços-do-mar e peixes. Causas da zonação em costões rochosos Na verdade, mais do que somente um fator, a zonação dos organismos bentônicos num costão rochoso, reflete a interação de vários fatores físicos e biológicos estabelecendo limites precisos de distribuição. Cada costão possui características próprias que vão definir a importância relativa dos fatores abióticos e bióticos na estrutura das comunidades bentônicas dos costões rochosos. Nas regiões superiores os fatores físicos (altas temperaturas, mudanças de salinidade, embate de ondas, etc.) podem controlar o limite superior das espécies. Porém outros fatores também podem controlar a distribuição das espécies nestas regiões. Exemplos: Nos costões rochosos de Arraial do Cabo, fatores como a herbivoria pelo caranguejo Pachygrapsus transversus, controlando a ocorrência de algas efêmeras tais como as Ulvales e Ectocarpales. No caso de organismos filtradores como os Cirrípedes “cracas”, a sua ausência em determinadas zonas pode ser devida a uma redução da disponibilidade de alimento durante períodos de mar calmo pois estes não ficam submersos tempo bastante para se alimentarem, e não propriamente devido ao efeito da dessecação ou temperatura. Nas regiões inferiores as interações biológicas (herbivoria, predação e competição) são mais importantes, porém outros fatores também podem controlar o limite inferior de distribuição das espécies nos costões rochosos. Águas com alta turbidez podem, por exemplo, reduzir a presença de algas na região do infralitoral. Da mesma forma, o limite superior de algumas espécies que vivem sob outras algas, ou sob condições de sombra, pode ser alteradopor estas terem sua distribuição restringida pela alta intensidade luminosa. Costas Arenosas ou Praias Arenosas Ocorrem em todo tipo de costa, desde que exista a disponibilidade e um volume suficiente de sedimentos a serem depositados pelas ondas em uma região acima do nível do mar. Os limites do ambiente praial compreendem: •Uma porção marinha, que é determinada pela profundidade máxima onde há transporte efetivo de sedimentos pela ação das ondas ou marés. •Uma porção terrestre, que é delimitada pela linha de vegetação permanente, ou pelo início de uma feição fisiográfica, como dunas ou falésias. No entanto, este limites podem variar devido a mudanças no regime de ondas e no volume de sedimento transportado As praias têm a capacidade de absorver a energia das ondas e proteger o continente da ação direta do oceano. Nas praias ocorre uma constante movimentação dos sedimentos em direção ao continente e ao mar, de acordo com o ciclo das marés e entrada de frentes frias. Zonação geomorfológica de praias •Pós-praia Região compreendida entre o limite máximo do espraiamento, sob maré alta de sizígia, e o limite de dunas fixas ou outras feições fisiográficas. Inundado apenas por ondas de tempestades. •Estirâncio ou Entremarés Zona situada entre os níveis de maré alta e baixa de sizígia. •Face de praia Porção emersa da praia onde ocorre interação da onda com a linha de costa. •Antepraia Porção submersa do perfil praial, onde ocorre o maior transporte de sedimentos. •Zona de surfe Parte integrante da antepraia, estende-se da linha de arrebentação até o limite inferior da face de praia. O transporte de sedimentos nas praias é gerado pelas: •Ondas que incidem sobre as praias; O tamanho das ondas é proporcional a sua capacidade de transporte. •Correntes costeiras; Podem ser: •Correntes de deriva litorânea (ocorrem paralelamente a costa); •Correntes de retorno (ocorrem em direção ao mar). •Marés Transporte de sedimentos nas praias realizado pelas correntes de deriva litorânea e de retorno Sedimentos O ambiente praial pode receber sedimentos transportados por rios, erosão de rochedos, transporte eólico e por fontes biogênicas (conchas e esqueletos). A granulometria do sedimento (tamanho das partículas do sedimento) determina a porosidade, a permeabilidade e o grau de compactação do sedimento, que interferem na composição, abundância e distribuição da fauna bentônica. Gradiente de permeabilidade, porosidade e grau de compactação de sedimentos Praias de areia fina são capazes de reter uma maior quantidade de água no sedimento, protegendo os organismos contra dessecação e favorece a adsorção de matéria orgânica (maior quantidade de m.o.). Praias de areia grossa drenam a água com maior facilidade e retêm uma menor quantidade de matéria orgânica, portanto, são mais inóspitas para os seres bentônicos. A compactação do sedimento é um fator de seleção das comunidades bentônicas. •Quanto mais compacto, mais estável o sedimento é, favorecendo a fauna construtora de tocas e galerias. •Quanto menos compacto, mais instável será o sedimento, favorecendo uma fauna mais ágil, capaz de se enterrar rapidamente nas camadas mais superficiais. Podemos classificar as praias em estados morfodinâmicos: •Praias Dissipativas: Ondas pequenas/fracas; Areia fina; Pequena inclinação. •Praias Refletivas: Ondas grandes/fortes; Areia grossa; Grande inclinação. Flora A ausência de plantas macroscópicas residentes é uma das características que diferencia as praias dos demais ecossistemas costeiros. A flora de praias arenosas é constituído por: •Microalgas bentônicas: Mais abundantes em praias dissipativas; •Fitoplâncton: Mais abundantes em praias reflectivas. As diatomáceas compõem o grupo dominante em ambas as frações. Fauna A zonação dos organismos nas praias arenosas é muito menos perceptível, pois os organismos vivem enterrados e a maioria possui uma grande mobilidade de acordo com o movimento das marés. Várias propostas de zonação foram feitas, sendo que a mais aceita é: Adaptações da macrofauna Praias Refletivas (condições físicas mais extremas: forte ação de ondas, baixa umidade e baixa compactação do sedimento) •Rápido enterramento; •Boa atividade natatória e/ou deslocamento; •Minimizam a perda de água; •Otimizam trocas gasosas; •Otimizam obtenção de alimento. Praias Dissipativas (fraca ação de ondas, alta umidade e alta compactação do sedimento) •Escavam profundamente o sedimento; •Adaptados a falta de oxigênio nas camadas mais profundas; •Interações ecológicas mais evidentes. Meiofauna Praias Refletivas Localizados em camadas mais profundas (>60cm). Praias Dissipativas Localizados em camadas mais superficiais. Esta distribuição está relacionada principalmente pela quantidade de oxigênio dissolvido. Principais impactos antrópicos •Ocupação imobiliária; •Retirada de areia das praias; •Poluição; •Pisoteamento. Principais ecossistemas aquáticos marinhos - III Estuários Um estuário pode ser definido como: “Corpo de água semifechado, com uma livre ligação com o oceano aberto, no interior do qual a água do mar é mensuravelmente diluída pela água doce originada da drenagem continental”. Pritchard (1955) Características físicas dos estuários •Salinidade As marés altas quando penetram no estuário levam águas com salinidades altas e nas marés baixas estas salinidades recuam devido ao aporte de água doce continental. O substrato apresenta variações menores de salinidade quando comparado com a coluna d´água. Comparação da flutuação da salinidade na coluna d’água e no substrato de silte/argila. Variação no estuário do Rio Pocasset (EUA). •Substrato A baixa energia favorece a deposição de partículas finas (silte/argila). Estes substratos possuem uma grande quantidade de matéria orgânica, vindos tanto do continente como do mar. •Temperatura Varia mais que nas regiões adjacentes, por ser um volume de água menor e mais raso e pelo fato das águas dos rios variarem mais (sazonalmente) do que as águas do mar. Verticalmente os estuários também podem apresentar uma estratificação vertical de temperatura. •Ação de ondas e correntes (Hidrodinâmica) Por ser um local abrigado e raso, a ação das ondas é mínima. As correntes de maré e o fluxo dos rios são as principais correntes dos estuários. Nos canais internos dos estuários as correntes de maré (enchente e vazante) podem causar erosão ou deposição de sedimentos, influenciando desta forma a dinâmica sedimentar dos estuários. •Turbidez É grande nos estuários, devido a grande quantidade de material em suspensão, limitando a produção primária fitoplanctônica. •Oxigênio Na coluna d’água é abundante (ventos, profundidade rasa, fluxo dos rios, etc.), mas no substrato é limitada devido a alta quantidade de matéria orgânica e ação bacteriana (decomposição). •Composição Faunística Espécies marinhas, dulcícolas e estuarinas. Muitas espécies migram para os estuários procurando alimento, abrigo e área para reprodução. A diversidade é baixa devido as fortes variações ambientais, principalmente a salinidade, porém a biomassa é grande. •Organismos de água doce (oligohalinas) Não toleram salinidade superior a 5‰. Vivem nos compartimentos superiores dos estuários. •Organismos estuarinos Geralmente com distribuição entre 5-18‰. Vivem nas regiões intermediárias dos estuários. •Organismos marinhos eurihalinos Espécies marinhas que toleram salinidades abaixo de 25-30‰ e grande variabilidade de salinidade. •Organismos marinhos estenohalinos Espécies marinhas que não toleram salinidades abaixo de 25-30‰. •Organismos migradores Ocupam os estuários somente em um período do seu ciclo de vida. Composição Florística Constituída por: •Plantas superiores (árvores típicas de mangue e gramíneas); •Macroalgas; •Fitoplâncton. A produção primária dos estuários geralmente é mais influenciada pelas plantas superiores localizadas no entremarés do que pelo fitoplâncton. Adaptações fisiológicas da fauna Além de ajustarem suas concentrações corporaisde acordo com o ambiente, os organismos podem : •Eliminar e/ou reter água; •Eliminar e/ou reter solutos. Através dos tecidos mais permeáveis e/ou dos rins. Adaptações comportamentais da fauna Teias tróficas estuarinas As teias tróficas apresentam como características principais: •Baixa produção primária fitoplanctônica; •Poucos herbívoros; •Presença de grande quantidade de detritos. Portanto as teias tróficas estuarinas são baseadas principalmente em detritos. Ecossistema Manguezal Definição O manguezal é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés. É constituído de espécies vegetais típicas (mangues), além de micro e macroalgas, adaptadas à flutuação de salinidade e caracterizadas por colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, com baixos teores de oxigênio. Ocorre em regiões costeiras abrigadas e apresenta condições propícias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, sendo considerado importante transformador de nutrientes em matéria orgânica e gerador de bens e serviços. Ecossistema costeiro Sedimentos geralmente lodosos, com baixos teores de oxigênio Vegetação Típica de Mangue e espécies associadas Adaptações Sistema Radicial •Suporte mecânico (rizóforos e raízes radiais); •Trocas gasosas (lenticelas presentes no rizóforos e pneumatóforos). Pneumatóforos são raízes com geotropismo negativo •Exclusão de sais pelas raízes (R. mangle); •Excreção de sais pelas folhas Viviparidade A semente germina ainda dentro do fruto, formando desta forma um embrião (propágulo), que ao se soltar da árvore mãe, já está pronto para colonizar novos ambientes < Padrão de desenvolvimento do Propágulo de Rhizophora mangle e seus estágios de desenvolvimento. Fauna Associada Diversas espécies de animas marinhos, estuarinos, dulcícolas e terrestres utilizam o manguezal, para alimentação, repouso, reprodução e berçário. Produtividade do Ecossistema O manguezal é considerado um dos ecossistemas marinhos mais produtivos. Isto se deve principalmente pela grande entrada de nutrientes (rios e marés) e pelo subsídio das marés. Grande parte da matéria orgânica produzida nos manguezais é exportada para os ecossistemas adjacentes pelas marés. Recifes de Coral Comunidades construídas exclusivamente por atividade biológica de organismos que secretam carbonato de cálcio (corais, algas calcárias e outros). Embora os corais possam ser encontrados também em águas mais geladas é nos trópicos, entre as isotermas de 18oC, que eles conseguem se desenvolver melhor. Fonte: A Grande Aventura de Cousteau - Ediciones Altaya, S.A. Existem dois tipos de corais: • Zooxantelados ou Hermatípicos Corais que produzem recifes e são mais encontrados nos trópicos. • Azooxantelados ou Ahermatípicos Corais que não formam recifes, também são encontrados em áreas mais geladas. Fatores Limitantes •Temperatura A temperatura média anual ideal é entre 23–25oC; •Profundidade Acima de 50-70 m de profundidade, sendo que se desenvolvem melhor em profundidades acima de 25 m; •Luz Importante fator, pois as zooxantelas necessitam de luz para realizarem fotossíntese. •Salinidade Os corais não toleram salinidades muito baixas, o ideal é entre 32-35 (ups ou ‰). •Sedimentação Não toleram locais com alta turbidez, pois prejudica a fotossíntese e a captura de alimento. •Ação de ondas Se desenvolvem melhor em locais com ondas moderadas. As ondas trazem oxigênio, evita a sedimentação e renova o plâncton. •Exposição ao ar Não toleram muito tempo a exposição ao ar. Estrutura dos Corais Filo Cnidaria; Classe Anthozoa. A maioria é colonial, porém cada indivíduo é um pólipo. O esqueleto de carbonato de cálcio é externo. Podem se reproduzir assexuadamente por brotamento ou sexuadamente formando larvas planctônicas. Alimentação Os corais são carnívoros, usam seus tentáculos com nematocistos para capturar zooplâncton a noite, porém esta alimentação só corresponde a 5-10% do total, o restante é produzido fotossinteticamente pelas zooxantelas e transferido para os pólipos. Taxas de Crescimento • Corais de Morfologia Maciça Ex.: Porites sp. - de 8 à 14mm/ano. • Corais de Morfologia Ramificada Ex.: Acropora palmata – de 17 à 99mm/ano Tipos de Recifes Os mais comuns são: •Atóis Recifes em forma de anel que erguem-se de águas profundas, distantes da costa). •Barreira e Franja Recifes que ocorrem adjacentes a continentes, sendo que o de barreira apresenta um canal profundo entre o recife e o continente). Principais ecossistemas aquáticos continentais Ecossistemas Lacustres (Lagos, lagoas e lagunas) Ecossistemas aquáticos formados em depressões no terreno, geralmente com hidrodinâmica reduzida. Suas águas têm em geral baixo teor de íons dissolvidos, quando comparadas às águas oceânicas. Exceto os lagos localizados em regiões áridas, onde o teor de íons pode ser alto e as lagunas costeiras, que possuem contato com o mar. Origem dos ecossistemas lacustres Principais mecanismos de formação: ✓Tectônica Formados por movimentos da crosta terrestre. ✓Vulcânica Formação de depressões, ou concavidades não drenadas naturalmente, ou quando as lavas emitidas por um vulcão barram um rio. ✓Glaciação Formados pela ação de geleiras. ✓Lagos de solução Formados quando depósitos de rocha solúvel são gradualmente dissolvidas por água de percolação. Ex: dissolução de CaCO3 a partir de água ligeiramente ácida. ✓Lagos formados por atividade fluvial Os rios ao fluírem tem a capacidade obstrutiva (deposição de sedimentos) e erosiva (transporte de sedimentos). ✓Lagos formados pela ação de ventos Depressões formadas pela ação do vento ou bloqueadas por acúmulo de dunas. ✓Lagos formados por depósitos de origem orgânica O crescimento de plantas e detritos associados pode barrar rios e formar pequenas lagoas. ✓Deslizamentos Movimentos de rochas ou solos em grande escala podem produzir lagos por barramento de vales, geralmente são temporários. ✓Lagos, lagunas e lagoas costeiras Deposição de material na costa, em regiões onde existem baías ou reentrâncias. ✓Lagos de origem meteorítica Ação da queda de meteoritos. ✓Lagos formados por vários processos descritos anteriormente podem interagir formando lagos. ✓Represas artificiais Formadas pelo represamento de rios. Morfologia e morfometria de Lagos A origem do lago estabelece, portanto, algumas condições morfológicas e morfométricas básicas, que alteram-se com o tempo de acordo com uma série de fatores que ocorrem nas bacias hidrográficas. Principais características morfométricas: ✓Área (km2); ✓Comprimento máximo; ✓Largura máxima; ✓Profundidade; ✓Perímetro. Quanto a morfologia, os principais tipos são, segundo Hutchinson (1957): ✓Circular; ✓Subcircular; ✓Elíptico; ✓Alongado sub-retangular; ✓Dendrítico; ✓Triangular; ✓Irregular, ✓Forma de crescente (meia-lua). A identificação do perfil batimétrico de um lago também é importante, pois existe uma relação entre irregularidades e depressões e a circulação. Esta depressões podem apresentar diferenças térmicas e químicas durante o período de estratificação. Carta batimétrica (reduzida) do lago D. Helvécio. Em vermelho, o ponto mais profundo do lago (Bezerra-Neto & Pinto-Coelho, sub.) Principais compartimentos e comunidades Região Litorânea Compartimento que está em contato direto com o ecossistema terrestre adjacente (Ecótono de transição). Grande número de nichos ecológicos e cadeias alimentares (herbivoria e detritos). Possui produtores primários, consumidores e decompositores. Geralmente colonizado por macrófitas aquáticas. Comunidades: planctônica, nectônica e bentônica. Região Pelágica Compartimento da coluna d’água sem contato com as margens e onde ocorre penetração de luz. Apenas macrófitas flutuantes. Encontramos as comunidades: Planctônica; Nectônica (peixes), Bentônica (caso a luz alcance o fundo, ex: lagoas). Região ProfundaCompartimento da coluna d’água onde não ocorre mais a penetração da luz. Ausência de organismos fotoautotróficos. Região totalmente dependente da produção primária das regiões litorânea e pelágica. Comunidades: nectônica e bentônica (+ abundante). A diversidade e a densidade populacional bentônica depende da concentração de oxigênio e disponibilidade de alimento. Interface Água-Ar Habitada por duas comunidades: • Nêuston (organismos microscópicos como fungos, bactérias e algas), • Plêuston (plantas superiores e animais). Estes organismos conseguem viver neste ambiente devido a tensão superficial da água. Rios e riachos Ecossistemas aquáticos com movimentação horizontal e unidirecional das correntes e uma grande interação com sua bacia hidrográfica. As características físicas que interferem no volume de água e no transporte de materiais são: ✓Largura e profundidade do canal do rio; ✓Velocidade da corrente; ✓Rugosidade do sedimento; ✓Grau de sinuosidade do rio; ✓Principais tributários. Transporte de materiais O sedimento (inorgânico ou orgânico) transportado pelos rios deriva da: • Erosão das margens; • Erosão nas bacias hidrográficas. E deposita-se nas áreas de várzea, remanso e zonas de baixa velocidade. De modo geral os rios depositam material de maior tamanho a montante e material particulado (fino) a jusante. Classificação da rede de drenagem Rios e riachos nas bacias hidrográficas são classificados de acordo com a sua ordem. Os pequenos riacho e fontes de cabeceira são de primeira ordem. Quando dois riachos de primeira ordem se juntam, tornam-se um riacho de segunda ordem e assim sucessivamente. Flutuações de nível e Ciclos de descargas A variação do nível dos rios depende principalmente dos ciclos climatológicos da bacia hidrográfica em que está inserido (precipitação e evapotranspiração anual e sazonal). Descargas muito rápidas após intensas chuvas aumentam o transporte de material e organismos a jusante. O conceito do continuum do rio Baseada na ordem do rios, no tipo de matéria orgânica particulada e no tipo de invertebrados bentônicos presentes. Consiste nas alterações que ocorrem desde a cabeceira do rio até o seu desaguadouro em outro rio ou no estuário. Juntamente com as modificações físicas, também ocorre uma série de ajustes biológicos associados. A estrutura e a função das comunidades bentônicas, desde a nascente até a desembocadura, são asseguradas pelo gradiente de matéria orgânica alóctone a autóctone. ✓Riachos de ordem 1-3 Matéria orgânica particulada grossa (MOPG) alóctone. Base alimentar para cortadores (caranguejos e larvas de insetos). ✓Rios de ordem 4-7 Matéria orgânica particulada fina (MOPF) originada da atividade dor organismos rio acima. Coletores de sedimento ou filtradores (larvas de insetos). ✓Rios de ordem 8-12 Produção primária autóctone predomina (algas do microfitobentos e macrófitas aquáticas), com presença de MOPF e matéria orgânica dissolvida (MOD), utilizada por herbívoros e raspadores (moluscos e larvas de insetos). Áreas alagadas, pantanosas ou zonas úmidas (wetlands) Ecossistemas que, ou está permanentemente sob inundação em áreas rasas ou sofre inundações (periódicas ou não), com flutuações de nível e geralmente apresentam solo saturado de água. Porém é extremamente difícil uma definição precisa, pela diversidade de área alagadas e pela dificuldade de demarcação entre as área secas e alagadas. ✓ Embora, exista a dificuldade de definição destas áreas, elas compartilham de algumas características em comum: ✓ Presença de água e tipos especiais de solos que diferem daqueles de áreas secas mais elevadas; ✓ São sistemas intermediários entre ecossistemas terrestres e aquáticos que suportam uma vegetação (hidrófitas ou macrófitas aquáticas) adaptada ás condições de alagamento e flutuações periódicas do nível; ✓ A variação da flutuação do nível da água nas áreas alagadas é bem ampla, o que torna a definição mais complexa; ✓ Geralmente são áreas rasas; Ciclo hidrológico da áreas alagadas As condições hidrológicas determinam as mudanças nas condições físicas e químicas da água, tais como pH, disponibilidade de nutrientes e concentração de oxigênio dissolvido. O balanço de nutrientes causados pela entrada e saída da água, a intensidade dos fluxos de matéria e o ciclo de energia são determinados pelo ciclo hidrológico. As alterações hidrológicas produzem rápidas mudanças na diversidade de espécies e da biomassa. O ciclo hidrológico define o hidroperíodo, que representa o padrão estacional do nível de água. Cada área alagada apresenta um hidroperíodo característico, sendo resultado dos seguintes fatores: • Balanço entre entrada e saída de água; • Fisiografia da região, geologia, águas subterrâneas e solo da subsuperfície. Áreas alagadas são importantes sistemas de retenção (acúmulo) de nutrientes, substâncias diversas e metais pesados, podendo ser utilizadas para tratamento primário e inicial de esgotos. Porém esta capacidade é limitada!!! Outros serviços ecossistêmicos importantes: • Regulação do ciclo hidrológico; • Capacidade de controlar enchentes (retenção); • Áreas de reprodução de espécies animais; • Manutenção da biodiversidade Adaptações dos organismos aos ambientes aquáticos Equilíbrio osmótico O equilíbrio de água dos animais aquáticos está intimamente ligado às concentrações de sais e outros solutos em seus tecidos corporais e no ambiente. ✓Peixes de água doce: Possuem concentrações mais altas de sais do que a água circundante (hiperosmóticos) tendem a ganhar água do meio e perder solutos. ✓Peixes marinhos: Possuem concentrações mais baixas de sais do que a água circundante (hiposmóticos) tendem a ganhar solutos e perder água. Para resolver este problema os peixes usam mecanismos de transporte ativo para “bombear” íons numa direção ou outra através de suas superfícies corporais (pele, túbulos renais e brânquias), consumindo uma enorme quantidade de energia. Peixes de água doce ganham água por osmose através da superfície da boca e brânquias (permeáveis) e no alimento. Para balancear eliminam o excesso de água na urina. Os rins dos peixes de água doce retêm sais através da remoção ativa de íons da urina e inserindo-os de volta na corrente sangüínea. Brânquias também podem remover íons da água e liberá-los na corrente sangüínea. Os peixes marinhos perdem água para o mar e bebem água do mar para reposição. O sal da água do mar, do seu alimento e que entra por difusão corporal deve ser excretado a um grande custo metabólico das brânquias e dos rins. Os tubarões e raias retêm uréia na corrente sangüínea em vez de excretá-la pela urina. A uréia eleva o potencial osmótico do sangue até o nível da água do mar sem qualquer aumento na concentração de íons sódio e cloro. Os copépodes Tigriopus que vivem em poças altas ao longo de costões rochosos (onde a variação na salinidade é alta), administram o seu equilíbrio de água mudando o seu potencial osmótico: Quando a concentração de sais é alta, produzem aminoácidos alanina e prolina em grandes quantidades, aumentando o potencial osmótico dos fluidos corporais, porém a um alto custo energético (aumento na respiração). Em ambientes aquáticos com concentrações de sais maiores do que da água do mar, considerados hipersalinos, apenas poucos organismos conseguem viver, pois este excesso de sal secaria o corpo da maioria dos animais. No Mar Morto, ondea salinidade é de cerca de 230%o, apena so camarão salino Artemia consegue viver, pois excreta grandes quantidades de sal a um alto custo energético. Árvores de mangue (crescem em ambiente salino) têm altos níveis de aminoácidos prolina e glicina-betaína e o açúcar de seis carbonos sorbitol nas raízes e folhas para aumentar o potencial osmótico. Também possuem glândulas de sal nas folhas (Laguncularia racemosa e Avicennia schaueriana), que excretam sal por transporte ativo para a superfície exterior das folhas. Outras fazem uma exclusão de sais nas raízes (Rhizophora mangle). Para reduzir ainda maisa concentração de sais na planta, diminuem a transpiração de água das folhas (xerófitas). Folhas de Avicennia schaueriana, com detalhe das glândulas excretoras de sal localizdas na lâmina foliar Os organismos precisam lidar com extremos de temperatura Com exceção das aves e mamíferos, a maioria dos organismos não regula a temperatura de seus corpos, que acompanha a temperatura do seu entorno. A maioria dos processos vivos ocorre apenas dentro do intervalo de temperatura em que a água é líquida, de 0º a 100ºC na superfície terrestre. Substâncias dissolvidas que interferem na formação do gelo podem reduzir o ponto de congelamento. Assim os organismos utilizando esta propriedade conseguem tolerar as baixas temperaturas sem que suas células congelem. Os fluidos corporais de muitos organismos contêm altas concentrações de glicerol dissolvido, um álcool, ou de glicoproteínas, que reduzem o ponto de congelamento sem alterar a estrutura das moléculas. Sob determinadas circunstâncias, os fluidos corporais podem se resfriar abaixo do ponto de congelamento sem a formação de cristais de gelo. O gelo geralmente se forma em torno de algum objeto, chamado de semente, que pode ser um pequeno cristal de gelo ou uma partícula. As glicoproteínas no sangue desses animais adaptados ao frio impedem a formação de gelo ao recobrir cristais em formação, que de outro modo agiriam como sementes. Sistema contra-corrente Alguns organismos possuem um sistema de circulação, principalmente nas extremidades dos seus corpos, onde o sangue quente das artérias passa perto das veias que retorna com sangue frio, que está retornando da extremidade do corpo. Dessa forma, o calor é transferido do sangue arterial para o venoso e transportado de volta para o corpo em vez de ser perdido no ambiente. Ex: Atum, aves marinhas, mamíferos marinhos, etc. Fundamentos básicos de ecologia aquática Dinâmica espacial e temporal de populações aquáticas Definição de População = Conjunto de indivíduos da mesma espécie (aptos a trocarem material genético) que ocupam determinada área. A distribuição de uma população é a sua abrangência geográfica. A presença ou ausência de habitats adequados frequentemente determina a extensão da distribuição de uma população, embora competidores, organismos patogênicos e barreiras a dispersão também tenham influencia. Populações apresentam um comportamento dinâmico (dinâmica populacional), em decorrência de: ✓Natalidade; ✓Mortalidade, ✓Dispersão dos indivíduos (emigração e imigração). Influenciados pelas interações entre os indivíduos e com o ambiente. Os estudos dessa dinâmica populacional ajudam a entender a estrutura da comunidade e a função do ecossistema: ✓Uma população persistirá num habitat? ✓Como ela afeta o fluxo de energia e contribui para a reciclagem de elementos num ecossistema? Sob a influência de fatores dependentes da densidade (alimento, espaço), as populações tendem a aumentar ou diminuir em direção a valores de equilíbrio. Estes valores de equilíbrio são determinados pela capacidade de suporte do ambiente. Entretanto as populações também variam naturalmente ao longo do tempo. Essas variações são causadas por 2 tipos de fatores: ✓Variações nas condições ambientais (temperatura, salinidade, etc.) que afetam a sobrevivência e reprodução dos indivíduos ou no fornecimento de recursos (nutrientes, alimento, etc.). ✓Variação resultante da dinâmica intrínseca daquela população (estabilidade inerente da população). Algumas populações tendem a permanecer relativamente estáveis por longos períodos de tempo. Outras populações de pequenos organismos de vida curta podem flutuar enormemente em pequenos intervalos de tempo. Ex.: A população de fitoplâncton pode aumentar e diminuir em poucos dias ou semanas, sendo que estas rápidas flutuações podem se sobrepor as variações sazonais. Variações de grande escala temporal (10 anos) na abundância do fitoplâncton Rhodomonas minuta no Lago Constance. A diferença entre populações de organismos pequenos e de vida curta e de organismos grandes e de vida longa é o tempo de resposta das populações. Algas unicelulares vivem somente alguns dias e portanto formam populações naturalmente instáveis que mudam rapidamente e sofrem todo o impacto das variações ambientes. A variação temporal afeta a estrutura etária das populações. Variações temporais afetam a dinâmica populacional e refletem o número de indivíduos de cada idade, afetando a taxa de crescimento populacional. A composição etária de amostras da captura de peixe branco comercial do Lago Erie, entre 1945 e 1951. Os dados mostraram que 1944 foi um ano excelente para a reprodução dos peixes, assim uma proporção grande atípica da população ocorreu nos anos seguintes, responsável pelas maiores pescas nos anos de 1947 a 49. O copépodo Heterocope saliens produz apenas uma nova geração por ano. Esquerda: Número de indivíduos nos meses do verão. Direita: Aparecimento de cada estágio larval ao longo dos meses de verão. Ecologia de comunidades aquáticas Definição de Comunidade = associação de populações que interagem. Estas interações: Governam o fluxo de energia e a reciclagem de alimentos dentro do ecossistema. Influenciam os processos populacionais, determinando a abundância das espécies. As interações mais importantes são tróficas (comer ou ser comido). Questões acerca de comunidades focalizam as origens evolutivas das propriedades das comunidades, as relações de organização e estabilidade comunitárias e a regulação das diversidades de espécies. As relações ecológicas e evolutivas entre as espécies intensificam as propriedades da comunidade, tal como a estabilidade do fluxo de energia e a reciclagem de nutrientes, tornando uma comunidade muito mais do que a soma das suas partes individuais. Teias Alimentares Quando uma comunidade é vista da perspectiva de um ecossistema, com foco no fluxo de energia, vê-se que as espécies ocorrem em grupos funcionais, onde os membros ocupam posições tróficas semelhantes (i.e. todas plantas podem ser agrupadas juntas como produtoras). Aplicando a perspectiva de teia alimentar à comunidade, enfatizamos as conexões entre as populações e reconhecemos, por exemplo, que nem todos os herbívoros consomem todos os produtores. As relações de alimentação podem também afetar a diversidade de espécies dentro de uma comunidade. Ex: Quando um predador controla a população de um competidor dominante, ele pode permitir que competidores inferiores persistam no ambiente. Portanto, a diversidade de um nível trófico específico dentro de uma teia alimentar pode depender da predação de níveis tróficos acima. Papel da predação sobre comunidade de um costão rochoso Paine (1974), estudando o entremarés de um costão rochoso na costa oeste dos EUA, demonstrou como a predação influencia e modela a comunidade biológica, regulando a diversidade biológica. A remoção da estrela-do-mar Pisaster ochraceus de áreas experimentais, causou um decréscimo de espécies de suas presas, pois o mexilhão Mytilus, na ausência de predação, ganhou na competição e excluiu outras espécies de presas. Paine mostrou que os mesmos princípios se aplicam à diversidade de produtores primários. A remoção do ouriço-do-mar herbívoro Strogylocentrotus, permitiu que poucas espécies de algas competitivamente superioras dominassem uma área, expulsando muitas outras espécies. Diminuindo desta forma a diversidade de produtores primários do ecossistema. Estes estudos comprovaram que ambas as espécies de consumidores estudados promovem a diversidade das comunidades. Tais espécies são chamadas de predadores-chaves, pois quando removidos causam um grande desequilíbrio nas suas comunidades. Pisaster sp. Strongylocentrotus sp. 21 Conceito de cascata trófica (Carpenter et al, 1985) ✓Top-down : Quando níveis tróficos mais altos determinam o tamanho dos níveis tróficos abaixo deles, essa situação é denominada controle top-down (“de cima para baixo). ✓Bottom-up : Quando o tamanho do nível trófico édeterminado pela taxa de produção de seu alimento, a situação é denominada de controle bottom-up (“de baixo para cima”). A biomassa do consumidor primário mostra os efeitos das influências bottom-up e top-down (a) Relação e biomassa de zooplâncton e densidade de fitoplâncton (controle bottom-up) (b) A introdução de peixes reduz as populações de zooplâncton e resulta num aumento da população de fitoplâncton (controle top-down) Sucessão ecológica das comunidades aquáticas O desenvolvimento do ecossistema ou a sucessão ecológica envolve mudanças ao longo do tempo na: ✓Estrutura de espécies ✓Processos da comunidade E resulta da modificação do ambiente físico pela comunidade e de interações de competição e coexistência em nível de população. ✓Sucessão Primária Organismos pioneiros colonizam uma nova área onde não havia organismos antes. Envolve modificações substanciais do ambiente. Para ocorrer este processo é requerido um longo período. ✓Sucessão Secundária Ocorre em comunidades preexistentes, após um distúrbio natural ou antrópico. A velocidade da recomposição depende do grau de perturbação ocorrido. Na ausência de fortes distúrbios, a sucessão eventualmente chega numa situação em que as condições ambientais mudam vagarosamente e novas espécies invasoras não são capazes de substituir as espécies existentes na comunidade. Neste ponto a comunidade alcança o clímax, ou seja, a comunidade está em equilíbrio com o ambiente físico. Porém em ecossistema aquáticos, o clímax dificilmente é alcançado, pois estes, geralmente sofrem constantes mudanças ambientais sazonais ou temporais. Populações e comunidades de água interiores estão submetidas a uma contínua interação, em razão das flutuações nos ecossistemas que controlam a reprodução e o desenvolvimento dos organismos aquáticos. Diferenças no ciclo hidrológico estacional, por exemplo, causam mudanças na composição de espécies, na estrutura das comunidades e nas proporções relativas de ovos, larvas e adultos. Sucessão nos ecossistemas lacustres rasos Em lagoas rasas, onde ocorre uma alta taxa de sedimentação de sedimentos e matéria orgânica pode desencadear sérias mudanças no ambiente, transformando estes ecossistemas aquáticos em zonas úmidas e na sequência em florestas. Estes processos ocorrem das margens em direção ao centro dos ecossistemas aquáticos. Sucessão nas comunidades planctônicas O padrão de sucessão em lagos pode ser considerado como as mudanças sazonais na biomassa e composição de espécies do plâncton. A escala de tempo que as mudanças ocorrem é pequena, comparado com os ecossistemas terrestres, porém envolve uma série de gerações de organismos e de estágios de crescimento (floração). Sucessão sazonal do fitoplâncton (acima) e do zooplâncton (abaixo), em lagos eutróficos (esquerda) e oligotróficos (direita). Espécies pequenas (cinza claro) e espécies grandes (cinza escuro). A linha preta horizontal indica a relativa importância dos fatores de seleção. Exemplo de estudo da sucessão primária em bosques de mangue no Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia-Iguape 1. A dinâmica sedimentar dentro do estuário forma regiões de erosão e de deposição sedimentar (sedimentação). 2. Nas áreas de sedimentação, a profundidade diminui, formando bancos de lama expostos durante a maré baixa. 3. Estes bancos de lama são colonizados primeiramente pela gramínea Spartina alterniflora (espécie pioneira). 4. A presença da Spartina alterniflora favorece ainda mais a sedimentação (reduz hidrodinâmica local). 5. As mudanças ocorridas favorecem a colonização de propágulos de Laguncularia racemosa (mangue-branco) e/ou Rhizophora mangle (mangue-vermelho). 6. O crescimento das plântulas de L. racemosa e/ou R. mangle sombreiam e excluem a S. alterniflora. 7. Avicennia schaueriana coloniza a área tardiamente, podendo formar bosques com as três espécies ou monoespecíficos. Complexo Estuarino-Lagunar Cananéia-Iguape Principais impactos em ecossistemas aquáticos relativos ao represamento de rios Impactos negativos da construção de represas em rios ✓Deslocamento das populações locais; ✓Problemas de saúde pela propagação de doenças hidricamente transmissíveis; ✓Perda de espécies nativas de peixes de rios; ✓Perda de terras férteis e de madeira; ✓Perda de várzeas e ecótonos (terra/água); ✓Perda de terrenos alagáveis e alterações em habitats de animais; ✓Perda de biodiversidade/deslocamento de espécies animais; ✓Perda de terras agrícolas cultivadas por gerações; ✓Excessiva imigração humana para a região do reservatório, com os consequentes problemas sociais, econômicos e de saúde; ✓Necessidade de compensação financeira a população atingida diretamente; ✓Degradação da qualidade hídrica local; ✓Redução das vazões a jusante do reservatório e aumento das suas variações; ✓Redução da temperatura e do material em suspensão nas vazões liberadas para jusante; ✓Redução do oxigênio no fundo e nas vazões liberadas (zero em alguns casos); ✓Aumento do CO2 e H2S no fundo e nas vazões liberadas; ✓Barreira a migração de peixes; ✓Perda de valiosos recursos hídricos e culturais; ✓Perda de valores estéticos; ✓Perda da biodiversidade terrestre, especialmente em represas da Amazônia; ✓Aumento da emissão de gases causadores do efeito estufa, onde a mata não foi previamente desmatada; ✓Introdução de espécies exóticas; ✓Impactos sobre a biodiversidade aquática. Como os reservatórios são utilizados para usos múltiplos, a determinação da qualidade da água, a avaliação dos futuros impactos e o monitoramento permanente são fundamentais. É importante também o gerenciamento correto dos conflitos gerados pelos diversos setores da sociedade quanto aos usos das águas do reservatório. Sucessão e evolução do reservatório durante o enchimento A diminuição do oxigênio dissolvido pode ser rápida e muito drástica, principalmente em reservatórios onde ocorre inundação de grandes massas de vegetação. Com base no oxigênio dissolvido, podemos distinguir as seguintes condições sucessivas na fase de enchimento do reservatório: Condições de rio: Concentrações de oxigênio dissolvido próximas às do rio e turbulência igualmente similar à do rio. Condições de transição: Em regiões onde já ocorre uma diminuição da corrente, queda acentuada no oxigênio dissolvido e decréscimo da turbulência. Condições lacustres: Em regiões de grande profundidade, onde se desenvolve uma estratificação térmica com um hipolímnio geralmente anóxico, em que não há turbulência. Processo de evolução e envelhecimento do reservatório Se a vegetação nativa não foi retirada o reservatório já se inicia com acúmulo de matéria orgânica, causando alterações no(a): ✓Funcionamento; ✓Biomassa de espécies; ✓Na colonização de espécies de peixes; ✓Na estrutura da rede trófica. Na fases mais avançadas da interação do reservatório com a bacia hidrográfica, pode ocorrer: ✓Aporte de matéria orgânica de origem doméstica (esgotos não tratados); ✓Aporte de fertilizantes (agricultura). Ambos aceleram o processo de eutrofização, como pode ser observado atualmente na represa Billings (SP). Grandes flutuações do nível do reservatório também afetam diretamente o seu funcionamento: ✓Períodos de nível baixo podem favorecer o crescimento de gramíneas nas margens, aumentando o aporte de matéria orgânica; ✓Descargas rápidas de saídas de fundo do reservatório podem alterar profundamente a composição química do sedimento, alterando a ciclagem de nutrientes no reservatório e a jusante.
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