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Dos delitos e das penas de Cesare Beccaria - Resumo com opiniões e comparativo com a legislação atual

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APS – Crimes em Espécie
Carolina Pedroso Alvarenga da Silva
Atividade:
No caso desta disciplina será prevista como tal atividade a leitura do livro Dos Delitos e das Penas, de Cesare Beccaria (http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/delitosB.pdf), e a entrega de um artigo no qual sejam comparados os delitos descritos pelo autor com aqueles já estudados em classe na disciplina Crimes em espécie, bem como as sugestões do autor para prevenção de crimes e sua aplicabilidade em nosso ordenamento. 
A familiarização com o texto será realizada em horário não presencial pelos alunos, seguido da elaboração pelo aluno de texto descritivo que será postado no ambiente virtual (Blackboard).
· Introdução
O livro Dos Delitos e Das Penas de Cesare Beccaria é considerado até hoje como o precursor na defesa dos direitos humanos dentro do Direito Penal. A oposição imposta por Beccaria na obra, modificou a forma como a aplicação das penas eram impostas aos agentes criminosos. Questionando concepções como a pena de morte e a tortura, muito utilizadas na época. O livro se propôs a dar mais direitos ao condenado, para que este fosse tratado como ser humano e usufruísse dos direitos desse. 
Beccaria acreditava a reestruturação do delinquente fosse a melhor maneira de evitar crimes advindos das condutas delituosas. Sua análise de pareceres dos jurisconsultos, põe-se a criticar e examinar os abusos cometidos à época. O exemplar nos deixa claro a intenção do autor, que era colocar a moral acima de todos os outros elementos que faziam que tais barbáries fossem cometidas. Acreditava que a convenção social era a mais importante das fontes da moral, dando espaço para as leis naturais e divinas. 
As vantagens que a sociedade possuía na época, eram divididas entre a menor porcentagem dela, ou seja, os mais afortunados possuíam mais vantagens, e os menos, consequentemente, possuíam menos. Por isso para Beccaria, essas vantagens deveriam ser distribuídas de forma igualitária entre todos os membros da sociedade, para o pleno funcionamento dela. Ele acreditava que as leis eram as únicas que poderiam resolver este problema, mas precisavam ser criadas. 
Ao longo da história podemos vislumbrar que as leis nasceram daquele pedacinho da sociedade que comandava o pedaço maior. Servindo para punir e não para reeducar, sendo o contrário do que a obra nos propõe. Beccaria sugeriu então a aplicação de princípios gerais dos delitos para assim evitar o abuso de poder ao qual os magistrados, soberanos, monarcas e etc, possuíam àquela geração.
Todavia, nos tempos atuais, apesar de muito mais evoluídos que aquele ao qual Beccaria queria modificar, as leis ainda não acabaram com toda a injustiça, miséria, e quaisquer outros males que podem acometer a sociedade. Todo dia podemos observar fatos contundentes com a desarmonia que atormenta a coletividade.
· Origem das penas e do direito de punir
Os homens eram originalmente independentes e isolados, a partir das leis que tiveram sua reunião, condições estas que formaram a sociedade. As incertezas da vida solitária fizeram que fosse necessário a criação de nações, porém essa criação dependia de leis para a segurança dos próprios cidadãos delas. O homem não é e não era um ser altruísta, que colocava as necessidades dos outros acima das dele. O autor menciona em sua obra: 
“Ninguém faz gratuitamente o sacrifício de uma porção de sua liberdade visando unicamente ao bem público. Tais quimeras só se encontram nos romances. ”
A passagem mencionada nos deixa claro o egoísmo do ser humano, sendo necessário a criação de leis, mesmo as mais brutais, para o controle da sociedade. Isto é, se aqueles que viviam solitariamente queriam usufruir dos benefícios de viver em agrupamento deveriam se submeter às leis criadas para o bom convívio social. E assim começava a era da soberania.
· Consequência desses princípios
A obra nos faz refletir sobre possíveis consequência advindas da aplicação dos citados princípios. Sendo referido por Beccaria, três consequências deles. 
A primeira consequência é a de que somente as leis podem fixar as penas para cada tipo de delito cometido. Todavia, o direito de estabelecer tais penas é do legislador e de ninguém mais. Já o magistrado, aquele que tem o poder de decidir qual sanção aplicar, não poderá, em hipótese alguma, justapor pena não prevista em lei. Além do mais, o magistrado deverá decidir quem está correto no caso concreto. 
A segunda delas é que o soberano, apesar de fazer as leis, não poderá julgar. Pois a imparcialidade não acompanhará a decisão onde o Estado, com seu soberano, se põe de um lado e o réu se põe ao outro lado. Por causa dessa imparcialidade que se necessitada na hora de efetuar um julgamento, que se denota a necessidade de uma terceira parte no processo, que nesse caso será o magistrado. 
E por último, mas não menos importante, se destaca a terceira consequência imposta pelos princípios gerais dos delitos qual seja a inutilidade dos castigos, consideradas nas palavras de Beccaria como “[…] odiosa, revoltante, contrária a toda justiça e à própria natureza do contrato social. ”
· Da interpretação das leis
Apesar das consequências referidas anteriormente, podemos afirmar que dos princípios ainda precede o resultado de que os juízes, não sendo legisladores, não podem, portanto, interpretar leis como tal. Mantendo uma proteção à sociedade, contra injustiças passíveis de serem cometidas.
Beccaria se questiona quem então seria o interprete das leis, ao que conclui que seria o soberano, aquele que tem depositado em si a vontade do povo. A função do juiz então é aplicar a lei àquele que a infringiu e nada mais, devendo este se fixar à letra da lei para a sua correta aplicabilidade. Isso evitaria a imparcialidade nos julgamentos pelo magistrado.
· Da obscuridade das leis
O feito nos demonstra algo que hoje já fora parcialmente sanado, as leis não podem ser escritas de modo que não sejam todos os cidadãos que a consigam interpretar. Isso dá essa obscuridade referida no tópico, pois quando apenas alguns entendem, os demais podem desrespeitá-la, pois os mesmos não têm como compreendê-la. Nas palavras do escritor, as leis deveriam ser escritas na “linguagem vulgar”, àquela que todos conseguirão entender, interpretar e respeitar.
Grande parte da disseminação das leis, de forma que o povo pode compreender, se dá pela imprensa, fazendo com que as condutas criminosas diminuíssem em aspecto considerável. O autor nos demonstra com o exemplo do ocorrido na Europa. 
· Da prisão
É a sanção determinada pela lei que deverá ser aplicada pelo magistrado. Como podemos observar, a prisão é uma pena prevista desde os tempos idos e aplicada como forma de punição ao infrator. Esta prisão deverá ser fixada na norma e conter o motivo para a sua aplicação.
Diferente do que ocorre agora, no passado haviam diversos motivos para o culpado ser preso, e, conforme previsto por Beccaria, com o decorrer do tempo, e amansamento da sociedade em questões penais, a condenação poderia ter um abrandamento, contribuindo para o tratamento de forma mais humanitária daquele condenado.
· Dos indícios do delito e da forma dos julgamentos
O literato nos exprime a ideia de que haviam dois tipos de provas, as que independem uma da outra e as que se correlacionam entre si, tornando-se dependentes uma da outra, servindo ambos os tipos, para a elucidação do crime. Destarte, a quantidade de provas, independentes uma da outra, deixa cada vez mais clara e concreta a culpa do agente.
Quando a lei torna-se clara e exata de um modo perfeito, diminuem-se consideravelmente a inocência do indivíduo, cabendo ao magistrado julgá-lo e condená-lo. Mas Beccaria acreditava que o melhor seria um julgamento entre iguais, para que não houvesse aquela desigualdade social que existe desde sempre.
· Das testemunhas
Por sua vez, a obra discorre sobre a validade da testemunha, como por exemplo, a sua vontade de realmente contar, de forma verídica os fatos acontecidos. Para isso, não são aceitas determinadas pessoas da sociedade, por motivos,considerados hoje, um tanto fúteis, como por exemplo as mulheres, podemos concordar que muitas vezes, se não a maioria, elas são mais íntegras que os homens. 
De outro lado, Beccaria tenta expressar sua dúvida do porque não aceitar o depoimento de um condenado, pelo menos para sanar possíveis questionamentos que não foram à época da investigação. Nas próprias palavras do autor: “[…] determinar de maneira exata o grau de confiança que se deve dar às testemunhas […]”, verificamos que não basta uma testemunha para declarar culpado ou inocente o réu, mas mais que isso. Ainda, quanto mais hediondo o delito, mais necessidade de tem de testemunhas.
· Das acusações secretas
Podemos vislumbrar como acusações secretas àquelas feitas em sigilo, porém, também devemos analisar: como o réu poderá apresentar sua defesa se não sabe sobre as acusações? Vendo por esse ângulo, hoje se faz necessário o uso do princípio da publicidade, para que todos conheçam os crimes ao qual uma pessoa está sendo acusada.
Poderá advir desse conhecimento provas irrefutáveis que podem absolver ou incriminar o acusado. Referido no livro, Montesquieu nos diz: “as acusações públicas são conformes ao espirito do governo republicano, no qual o zelo do bem geral deve ser a primeira paixão dos cidadãos. […]”
· Dos interrogatórios sugestivos
Beccaria afirma em sua obra que os interrogatórios devem ser feitos para descobrir-se o acontecimento que acompanham o crime e o crime propriamente dito. Afirma ainda, que esse método é e deve ser utilizado para evitar que o réu consiga dar algum tipo de resposta que o salve da acusação e também para evitar acusação incorreta.
Outro ponto observado ao perceber sobre o assunto, qual seja que o interrogador também era o juiz, muito diferente do que acontece hoje, que o juiz é aquele quem julga, tendo entidades próprias para realizar a investigação e, consequentemente, o interrogatório.
· Dos juramentos
Podemos considerá-los como uma contradição, pois ninguém irá se acusar por livre e espontânea vontade, sabemos que por mais justa que a pessoa seja, sempre irá buscar uma forma de provar sua inocência, mesmo que esta não seja real. Nas palavras de Beccaria: “[…] Como se o homem pudesse jurar de boa-fé que vai contribuir para sua própria destruição! [...]”. Desta forma fica evidente a inutilidade do juramento.
· Da tortura
A tortura nada mais é que uma forma primitiva de arrancar a verdade do acusado, muitas vezes é ineficaz, pois a pessoa chega a um ponto tão extremo de sofrimento que prefere se acusar a levar isso à frente. O significado da palavra tortura já denota quão bárbara é esta técnica, senão vejamos: “dor violenta que se inflige a alguém, sobretudo para lhe arrancar alguma revelação; suplício”.
De toda a forma, por mais impensável que seja hoje, para uma cultura como a nossa, pensar que aplicar a técnica da tortura seja um extremo inultrapassável, culturas nos tempos idos acreditavam que era uma forma eficiente de se obter uma confissão ou uma verdade do culpado, ou daqueles que o protegiam. É destacável também que nem só culpados eram submetidos a esta estratégia.
· Da duração do processo e da sua prescrição
Segundo a obra, para crimes considerados hediondos não deverá haver prescrição em favor do criminoso. Deverá ser a lei a única que dirá o prazo de prescrição de cada crime e não as pessoas. Porém, ela também afirma que crimes, se menor grau ofensivo, devem sim ter sua prescrição reduzida, pois são mais fáceis de detectar e condenar. Tudo gira envolta do processo de investigação, e, por conseguinte, do processo que acarretará a absolvição ou condenação.
De outra forma, o tempo ou duração que ocorre o processo investigativo deveria ocorrer em mesmo tempo, para quaisquer dos possíveis crimes que venham a ocorrer na sociedade, nas palavras de Beccaria esse tempo, como também o da prescrição, não devem ser alterados por mais ou menos grave 	que venha a ser o crime.
· Dos crimes começados; dos cúmplices; da impunidade
A intenção de causar danos a outrem deveria ser punível, palavras vindas de Beccaria, porém, a sanção a ser aplicada em crimes de intenção deveria ser inferior àquela de crimes praticados, de qualquer forma, a lei não prevê este tipo de intenção. O mundo tem obras que mostram a realidade de aplicação de leis penais em crimes de intenção, ao passo que verificamos como é boa essa realidade, ela acaba sendo dura demais para a sociedade. 
Diferente da intenção, possuímos a tentativa, que são crimes não consumados, puníveis e previstos no nosso código penal atual. Desta forma não devem ser aplicadas sanções rígidas como àquele que fora consumado. 
Os cúmplices do crime devem ser tratados de forma igual aos criminosos, mas estes têm o benefício da dúvida quando por vontade própria entregam os demais participantes, com o privilégio da impunidade. Beccaria comenta que as penas devem ser feitas de modo igual, senão ninguém iria querer ser o executor, apenas o cúmplice. 
Porém esta impunidade aplicada pode denotar a fraqueza do tribunal que persegue o crime, confere dúvidas se realmente se conhece o que está acontecendo, ou se está buscando respostas para crimes. Também há o ponto positivo dessa impunidade, qual seja o incentivo referido anteriormente, o cúmplice se sente tentado a entregar os demais, para seu benefício próprio.
· Da moderação das penas
Devemos admitir que a função primordial da sanção é impedir o cometimento de futuros crimes dentro da comunidade. Todavia, ao longo da história temos leis cruéis com penas cruéis e povos cruéis, um bom exemplo disso foram as leis de Talião (“olho por olho, dente por dente”), tornando o povo bárbaro pela aplicação dessas barbáries. 
Com o tempo as penas foram afrouxando, e o povo foi ficando mais civilizado. O Brasil pode ser considerado como um exemplo quando se trata de leis mais flexíveis para os culpados, não possuindo leis como pena de morte ou qualquer tipo de tortura, possui também pena máximo de 40 anos para crimes extremamente hediondos, não que a sociedade brasileira seja o mais alto nível de civilização, mas é um ponto positivo que podemos correlacionar. 
· Da pena de morte
Considera-se que a pena de morte não tem apoio em nenhum direito de fato. Apenas na vontade da humanidade em aplicar uma sanção tão extrema que acaba com a vida de seu semelhante. Nada mais é que “[…] uma guerra declarada a um cidadão pela nação, que julga a destruição desse cidadão necessária ou útil. […]”. Qual o benefício então d apena de morte? Causa um último arrependimento no culpado, mas um arrependimento de medo e não do que cometera.
Eu posso afirmar que não acho a pena de morte injusta para a sociedade que vivemos, não que seja tão diferente do passado, mas o déficit da investigação abre muitas margens para erros e acusação de pessoas inocentes, enquanto o verdadeiro culpado se manterá vivo e pleno sem sofrer algum tipo de sanção. Uma pena tão drástica quanto essa deveria ser esquecida no passado.
· Do banimento e das confiscações
Afirma-se que o banimento do culpado vinha ou não acompanhado de confiscações, sendo estas de modo total ou parcial, a questão da confiscação era discutida a partir da pena aplicada. Segundo Beccaria “O culpado poderá perder todos os seus bens, se a lei que pronuncia o banimento declara rompidos todos os laços que o ligavam à sociedade; porque desde então o cidadão está morto, resta somente o homem; e, perante a sociedade, a morte política de um cidadão deve ter as mesmas consequências que a morte natural. ”
Desta forma discute-se a necessidade da confiscação de bens quando do banimento do transgressor, além do mais, os crimes por si só já causam infâmia a família, não se necessita passarem os inocentes por mais sofrimento que devem. Conforme já discutido anteriormente, as penas devem ser moderadas de forma a atingir o réu, e apenas ele.
· Da infâmia
A infâmia não decorre de leis e sim da reprovação que o povo tem com sua pessoa, é uma quebra de confiança da sociedade com o réu. Pode atingir o culpado, como também àquelesque o rodeiam. Todavia, deve ser evitada a aplicação da pena de infâmia pelo povo, isso geraria castigos físicos aplicado pelos mais fanáticos e de modo não controlado pelo governo e pelo judiciário. Este é o tipo de sanção do povo que não deverá recair sobre muitos condenados, senão as condutas mais hediondas não teriam a mesma repercussão que as menos.
· Da publicidade e da presteza das penas
A presteza das penas se baseia na mais justa e útil aplicação delas a partir da lei que a conduta decorre, isso evita que inocentes, ou até mesmo culpados, sofram sanção mais pesarosas e cruéis que deveriam. 
Vislumbramos que a questão da prisão antes de condenação já era debatida nas eras passadas, sendo essa devidamente aceita quando se tinha o risco de fuga do réu. Além desse conceito, é importante destacar que a prisão deveria ser um marco de tempo para o julgamento, devendo esta ocorrer apenas para o tempo suficiente da instrução, ou seja, aquele réu que está preso a mais tempo deverá ser julgado antes. Hoje o nome que damos para esse tipo de cárcere cauteloso é prisão preventiva. 
Não menos importante que a presteza é o conceito da publicidade, hoje o direito brasileiro possui o princípio da publicidade, sendo este um princípio constitucional, onde os todos os atos processuais devem ser públicos, com restrições necessárias e algumas exceções de tipo processual. Ao ler a obra vislumbramos a importância da publicidade dos processos desde essa época.
· Da inevitabilidade das penas e das graças
O que impede o cometimento de crimes não é a lei ou norma que o proíba, e sim o temor pela aplicação de possível sanção barbara contra o acusado. Cita-se na obra: “O homem treme à ideia dos menores males quando vê a impossibilidade de evita-los […]”. A passagem pode ser tomada como certeira no pensamento deduzido anteriormente, pois qual homem em sã consciência irá querer se infringir o mal? Não obstante, o direito de punir não deve ser imposto aos cidadãos, mas aquele que detém o poder sobre isto.
A graça poderá ser imposta para sanar possíveis crimes, como o perdão dado de um partilhar ao réu de seu processo. O único que poderia aplicar isso seria o magistrado, ele quem define as penas e leis aplicáveis ao caso, da mesma forma que a graça aplicável ao caso. Igualmente como não é possível o cidadão aplicar a pena, a ele não deveria ser possível a aplicação da graça. 
· Dos asilos
Asilo é assemelhado a um abrigo que propicia a impunidade dos crimes que vieram a ser cometidos pelo acusado. Funciona como um asilo político, onde o crime deverá ser punido no local de origem dele. O conceito de asilo, ou direito de asilo, é uma antiga instituição jurídica que refugia aquele em um outro país. De toda a forma, Beccaria entende que é mínima a diferença entre impunidade e asilo.
· Do uso de pôr a cabeça a prêmio
Impende salientar de antemão que pôr a cabeça de outrem a prêmio nada mais é que um novo tipo penal, nesse caso, antigo. Seria nada mais que pedir para um terceiro cometer um crime pela sua pessoa contra uma vítima, pois esse não pode ou não consegue fazê-lo. Ou seja, é a configuração de um crime para prevenir ou vingar um outro crime.
Que as penas devem ser proporcionais aos delitos
Ao longo da dissertação viemos analisando que as penas devem, de fato, serem proporcionais ao delito cometido. Não adianta uma pessoa que roubou um pão para alimentar a si ou a sua família receber uma pena de morte, é totalmente incabível essa aplicação. A tese nos deduz a importância entre uma proporção de pena com crime. As leis devem fracionar essas sanções para que seja justa, e de forma mais humana, com o condenado.
· Da medida dos delitos
Mede-se o real delito conforme o prejuízo causado, efetivamente, à sociedade e ao patrimônio da pessoa humana. Segundo o qual já fora debatido neste, a intenção de cometimento não deve ser considerada uma circunstância do delito, pois afirma-se que pensar em cometer tal ato, não o configura.
· Divisão dos delitos
Os delitos são crimes que ofendem a lei estabelecida na sociedade, é um ato punível com sanção de tipos diversos, podemos citar como exemplo do código penal brasileiro o crime de homicídio, artigo 121: “Art. 121. Matar alguém:”. São condutas que lesionas o patrimônio da pessoa humana, ações que afetam a sociedade de modo a obrigar-lhes a aplicar sanção condizente. A divisão dos delitos visa a separação por tipo observando o bem social, em diversas esferas de direito.
· Dos crimes de lesa-majestade
São condutas impostas e consideradas como grandes, porém os crimes tidos com esse cognome apresentam naturezas diversificadas. Além do mais, sua sanção é de forma mais elevada, tendo uma contradição entre perna e conduta, ou seja, a conduta poderá ser leve, mas se inclusa neste tipo a sua punição será elevada. Beccaria afirma que deve ser observada a moral e o local do ato.
· Dos atentados contra a segurança dos particulares e principalmente das violências
Afirma-se que nos atentados contra a vida de particulares deve ser aplicada penalidade corporal ao condenado. Além deste delito, também podemos frisar como parte desses crimes o contra a honra e contra a propriedade. 
Por conseguinte, é informado na obra que independentemente da posição do culpado, seja a sociedade em comum ou os nobres, devem receber as mesmas penas previstas em lei, sendo injusto poder pagar para a sua não aplicação. Verificamos na sociedade atual uma grande semelhança com a antiga, pois hoje os mais afortunados possuem mais condição que os menos, destacando assim a grande separação advindas das condições econômicas de cada um.
· Das injúrias
É fundada na honra, e está é algo tão complexo, que feri-la acarreta em crime com sua respectiva sanção. Portanto, a injúria era punida pela infâmia, ou seja, tem sua força de punição advinda do povo, como também é possível ação daquelas de opinião pública. O código penal brasileiro prevê essa lei no art. 140, e seu fundamento, como no passado, é fundamentada pela honra da pessoa humana. 
· Dos duelos
O duelo nada mais é que uma disputa de combate entre duas pessoas, motivada por dissemelhanças, onde um ataca o outro até uma decisão final. Uma prática tão antiga e tão atual ao mesmo tempo, as diferenças estão trazendo tantos crimes à tona que acabam virando novamente um tipo penal. Contudo, Beccaria afirma que o culpado de causar o duelo é o que chama para ele e não àquele que o aceita, ou seja, quem incitou é o réu. 
· Do roubo
Desde os tempos idos eram feitas distinções entre roubo e furto, sendo o primeiro com a aplicação de violência e, consequentemente, a segunda sem o uso da violência. Aplicava-se então, para o roubo, a pena em dinheiro em conjunto com a escravidão, em alguns casos optava-se apenas pela escravidão, pois muitas das vezes o culpado não tinha condições de arcar com a pena pecuniária e assim evitava-se o castigo excessivo. Quanto o roubo, aplicava-se pena corporal.
O Brasil, com seu código penal, adota essas duas distinções, o furto, sem aplicação de violência pelo agente, e o roubo com a aplicação. O código penal prevê ambos, furto e roubo, da seguinte maneira: “Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.” “Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.”. Nesse ponto podemos vislumbrar que passado e futuro tem uma estreita relação em questões da sociedade.
· Do contrabando
Desde os primórdios o contrabando é uma conduta tipicamente condenável, lesando o ofendido. Beccaria afirma que este tipo de crime ofende o soberano como também a nação dele, pois nada mais é que um roubo. De toda a sorte, o ofendido não deverá sofrer a infâmia da população, somente daquele que teve seu patrimônio lesionado, pois não afeta de forma suficiente para causar indignação social. 
A sociedade atual vem sofrendo como contrabando de diversos tipos, desde objetos inanimados, até animais, para o puro proveito dos compradores. O Brasil hoje sofre com o contrabando de armas, o que causa dois efeitos que podem ser devidamente punidos, qual seja o contrabando e o porte ilegal de arma de fogo. O código civil prevê este crime no seu art. 334-A: “Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos. ”
· Das falências
As falências podem ser consideradas separas em dois grupos, aquelas de boa-fé e aquelas de má-fé. Os crimes mais graves advêm das falências de má-fé, cuja intenção do agente era desde o primórdio causar danos a outrem. Já às falências de boa-fé devem ser impostas sanções, porém estas de modo muito mais leve, pois não tiveram influências ou culpa do agente. Isso serve para a prevenção da sociedade contra a fraude. No direito brasileiro as falências têm uma legislação especifica, sendo ela a lei n° 11.101/05, onde contém todos os crimes possíveis desse tipo.
· Dos crimes que perturbam a tranquilidade pública
Esta espécie de crime compreende ações que causa perturbação e acabam com a tranquilidade do repouso público. Tudo relacionado com a harmonia social deve ser de cunho do governo, inclusive no que diz respeito à bonança da sociedade. De outra forma, os cidadãos são os mais responsáveis por praticar boas maneiras para preservar a harmonia social, sendo eles os causadores, eles serão os culpados também. Ainda hoje devemos preservar esses bons modos sociais para priorizar a simetria nossa com os demais. 
· Da ociosidade
Conforme o exemplo, não era admitida a ociosidade por parte do governo, quanto as questões que devem ser sanados por eles. Ao contrário da anterior, há um tipo de ociosidade bem-vinda, que é aquela que permite ao povo se expressar, essa não deverá ser considerada criminosa, nem mesmo culpável. A ociosidade é sinônimo de inatividade, e hoje o que mais temos no governo é isso, porém, diferente do passado, ninguém é condenado por demorar muito para fazer o seu trabalho. 
· Do suicídio
Nos tempos idos, o suicídio era um delito punível pela justiça. Beccaria considerou errado isso, só as divindades poderiam punir aquele que o cometeu ou tentou. Desde logo, vale ressaltar então, que as penas impostas a este delito são no mínimo inúteis, pois não alcançariam o culpado, além de serem penas injustas, pois a família do suicidado que recebia a sanção cabível. Nosso código penal não considera delito o suicídio. 
· De certos delitos difíceis de constatar
São aquelas condutas, que à época, eram considerados crimes, e, por conseguinte, eram difíceis de se constatar. Beccaria cita o adultério, a pederastia e o infanticídio, que podem ser incluídos nesse rol de difícil constatação, ambos com leis não fixadas. O adultério é tão comum que o código penal brasileiro não o considera mais crime, tendo sido revogado pela lei n° 11.106/05. A pederastia era a prática homossexual, que com a evolução a humanidade deixou de ser classificada como crime. Já o infanticídio é de mais fácil constatação atualmente, sendo um dos crimes dolosos mais hediondos do código penal, ele é previsto no art. 123: “Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. ”
· De uma espécie particular de delito
Beccaria afirma que sua obra menciona apenas àqueles crimes que fazem parte da natureza do homem, crimes estes que violam o contrato social, deixando de fora os que levam os homens a matarem seus iguais por diferenças, sejam elas religiosas ou de pensamento. Nesse contexto podemos entender que os crimes mencionados nesse capítulo e somente, podem ser descritos como àqueles que apoiavam a religião mais fanática, como a Inquisição. 
Na época da obra a Inquisição fora a maior barbárie cometida por ideais errados, a igreja queria punir todos que não concordavam com suas ideias a muito ultrapassadas, todavia após isso podemos citar que a maior de todas as injustiças cometidas pelo ser humano, por motivo fútil, foi a 2° Guerra Mundial. Esta dizimou povos em busca da supremacia de uma única raça.
· De algumas fontes gerais de erros e de injustiças na legislação e, em primeiro lugar, das falsas ideias de utilidade
Os erros e injustiças cometidos em prol da sociedade são advindos da falsa ideia de observar mais as necessidades daqueles particulares do que da sociedade em si. Somos capazes de dizer então que é uma turva ideia de utilidade quando ocorre isso. Ao longo da dissertação avaliamos e constatamos que injustiças são parte do coletivo e não, de fato, da natureza humana. Beccaria nos faz refletir sobre a necessidade de sanção tão extremas e injustas, vejamos a passagem da obra: “Tais leis só servem para multiplicas os assassínios, entregam o cidadão sem defesa aos golpes do celerado, que fere com mais audácia um homem desarmado; favorecem o bandido que ataca, em detrimento do homem honesto que é atacado. ”. 
A referida menção feita acima serve para nos fazer ponderar sobre a evolução da sociedade, se verdadeiramente ela evolui ou mantem raízes nos antepassados cruéis que preferiam infringir dor e tortura à um homem inocente do que buscar a real e verdadeira verdade.
· Do espírito de família
A sociedade é um conglomerado de famílias, nada mais justo criar leis pensando desse modo, assim raciocinou o legislador, patriarca da família dos tempos passados. Mas o que ocorre verdadeiramente é que as leis devem ser para cada indivíduo no particular. Assim nascem as injustiças legislativas, quando o espírito monárquico penetra espírito da república.
· Do espírito do fisco
Anteriormente à Beccaria, buscava-se um culpado para os crimes cometidos e não a verdade. Isso acarretava em confiscações pecuniárias em prol do governo e contra o acusado. Todavia, muitas das vezes aquele que estava perdendo suas posses e sendo acusado, não era o verdadeiro culpado do crime. Segundo a obra “[…] Os crimes dos súditos eram para o príncipe uma espécie de patrimônio. […]”. Com o avanço do direito penal e criação de penas corporais, diminui-se essas confiscações, mas não a injustiça. 
Hoje em dia as penas pecuniárias observam as condições monetárias do condenado e também se observa a culpabilidade do agente, buscando indícios. Apesar de não ter evoluído a ponto de as investigações serem precisas quanto deveria, foi um avanço gigantesco em comparado com aquelas épocas.
· Dos meios de prevenir crimes
A prevenção aos crimes é muito mais importante que puní-los, propiciando qualidade de vida aos cidadãos da sociedade. Todavia, a realidade é bem diferente, e era bem diferente do que o ideal, então as punições existem como forma de coagir o povo a não cometer tais delitos. Conforme destacado na obra existem diversos métodos mais indicados para a prevenção dos crimes do que a punição.
Sabemos que a aplicação de sanções é mais fácil do que reorganizar todo um país para aplicar melhores condições de vida e normas condizentes com a realidade. Existem muitos países que podem ser citados como exemplo para a boa aplicação das normas e também outros muitos para a má aplicação. Afirmo que o Brasil não está entre os melhores, com leis de difícil compreensão para leigos e prisões abarrotadas de delinquentes.
· Conclusão 
Ao cabo, conseguimos ter uma nova compreensão do todo, quando se trata de crimes. Ainda notamos a importância de certos princípios que devem acompanhar os tipos penais, sendo de fácil observação os princípios da publicidade, da prontidão, do utilitarismo e, não menos importante, o da proporcionalidade.
Ainda, conseguimos ter uma outra visão da pessoa do acusado, sendo ele uma pessoa como nós, alguns que agem de má-fé, outros que necessitam adentrar nesse mundo do crime. Sendo extremamente necessário que os apenados recebam sanções condizentes com o crime cometido, sem pena corporal e com aplicação de dignidade.
Beccaria nos dá uma aula de direito penal, nos ensinando como deveria acontecer o direito penal à época e, consequentemente, o daatualidade. Denota as injustiças e terrorismos cometidos pelo judiciário, que não fazia com clareza suas investigações e culpava quem ele achava que era.

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